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2/3 Super Esportes • Brasília, sexta-feira, 25 de novembro de 2011 • CORREIO BRAZILIENSE Um jogador com mais de 10 anos de atividade merece atenção especial na preparação e não consegue o mesmo ritmo. Os músculos não aguentam” Flávio de Oliveira, preparador físico do Cruzeiro CAMPEONATO BRASILEIRO É preciso tempo para respirar Levantamento do Correio aponta que a maioria dos clubes no Nacional cai de produção quando joga duas vezes por semana. Fluminense vai na contramão e dispara em meio à maratona de partidas » BRAITNER MOREIRA ESPECIAL PARA O C CO OR RR RE EI IO O » ANTONIO MELANE E m um calendário apertado como o brasileiro, ter uma semana inteira para treina- mentos tornou-se um luxo para muitas equipes. Dos 360 jogos realizados até agora na Série A, 100 foram disputados na quarta ou na quinta-feira — comprometendo, também, os duelos imediatamente posteriores a eles. Como isso inter- fere na rotina do clubes? Quais su- portam melhor a maratona de jo- gos e quais têm uma queda acen- tuada de rendimento com o exces- so de compromissos? O Fluminen- se, por exemplo, gosta de adrenali- na e viu o aproveitamento disparar com a maior quantidade de parti- das (de 41,2% para 71,9%), en- quanto o Cruzeiro despencou de produção nas mesmas condições (de 53,7% para 18,5%). Levantamento realizado pelo Correio (veja quadro) comprova que a realização de rodadas no meio e no fim de semana compro- mete o rendimento da maioria dos clubes no Brasileirão. Dos 20 parti- cipantes da atual edição, 14 conse- guiram menos pontos quando ti- veram apenas dois ou três dias de preparação. Somente seis clubes — além do Flu, Internacional, Grê- mio, Botafogo, Palmeiras e Atléti- co-PR — foram na contramão e melhoraram o aproveitamento com menos tempo de descanso. O atual preparador físico do Cruzeiro, Flávio de Oliveira, con- firma que a equipe não respon- deu bem à série de jogos sem re- pouso necessário para recuperar as energias — ele chegou ao clube com o técnico Vágner Mancini, em outubro. “Quando nos acerta- mos para enfrentar o Internacio- nal, mesmo com alguns jogado- res voltando de contusão, enfren- tamos um desgaste físico e emo- cional muito grande, o que nos impediu de manter o ritmo nos 90 minutos contra Avaí e Atlético- PR”, analisa. Flávio observa que o Cruzeiro tem alguns jogadores acima dos 30 anos, que, devido à importân- cia dentro do grupo, acabam sen- do muito exigidos. “E todos sa- bem que um jogador com mais de 10 anos de atividade merece aten- ção especial na preparação e não consegue o mesmo ritmo. Os músculos não aguentam.” Nesse caso, estão o goleiro Fábio, os vo- lantes Marquinhos Paraná e Lean- dro Guerreiro, e o armador Roger. O Coritiba é outro exemplo de perda de fôlego pelo grande núme- ro de jogos. Quando os paranaen- ses tiveram a semana livre antes de jogar pelo Brasileirão, conseguiram resultados melhores do que o do Corinthians, líder do campeonato. O alviverde perdeu apenas um dos 15 jogos que realizou nessa condi- ção.“Ter a semana livre para traba- lhar é o desejo de todo treinador”, confirma ao Correio Marcelo Oli- veira, técnico do time alviverde. “Fazemos treinos de finalizações, posicionamento e outras repeti- ções mais específicas.” Libertadores Vivo na luta por uma vaga na Libertadores, o Coritiba tem, ao la- do do Vasco, o melhor aproveita- mento em compromissos com um bom tempo de preparação: 66,7%. Para Oliveira, a má campanha quando a equipe fez dois jogos por semana (38,1%) poderia ser con- tornada se o calendário fosse me- nos inchado — a equipe terminará o ano com 72 jogos. “O acúmulo de partidas prejudicou o time, que sentiu um pouco essa maratona. Isso reflete no plano técnico e também nas lesões”, lamenta. Entre os rivais do Coxa na briga por uma vaga no G5, São Paulo e Flamengo também têm se acerta- do quando conseguem se preparar idealmente. “O certo seria que nos- so calendário tivesse jogos só no fim de semana, porque isso daria às comissões técnicas o tempo ne- cessário para recuperar os jogado- res e efetuar treinamentos”, analisa Alcir Braga Sanches, professor da Faculdade de Educação Física da Universidade de Brasília (UnB). O tricolor paulista tem apro- veitamento de campeão (64,3%) quando teve mais tempo para treinar. O Flamengo também coleciona bons resultados quando joga apenas no fim de semana: 61,5%. Prova disso fo- ram as vitórias, em casa, contra Atlético-MG (4 x 1), Fluminense (3 x 2) e Cruzeiro (5 x 1). Rodrigo Clemente/Esp. EM/D.A Press - 16/10/11 O Cruzeiro, do argentino Montillo, é um dos times que mais sofreram com a maratona de jogos do fim do ano: 18,5% de aproveitamento em semanas cheias Número de jogos do Brasileirão realizados nas quartas e quintas-feiras, dos 360 disputados até agora 100 EXPEDIENTE: Diretor de Redação: Josemar Gimenez ([email protected]), Editora-chefe: Ana Dubeux ([email protected]), Editor executivo: Carlos Alexandre ([email protected]), Editor de Esportes: Alexandre Botão ([email protected]), Editor de Arte: João Bosco Almeida ([email protected]), Editor de Fotografia: Luís Tajes ([email protected]) E-mail: [email protected]Tel.: 3214-1176 / Fax: 3214-1155 Últimas rodadas Para disputar as duas últimas rodadas do Campeonato Brasileiro, todas as equipes terão folga no calendário — exceto o Vasco, semifinalista da Copa Sul-Americana. Além do título, os últimos jogos vão definir as duas vagas restantes na Libertadores e mais dois rebaixados para a Série B.

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2/3 • Super Esportes • Brasília, sexta-feira, 25 de novembro de 2011 • CORREIO BRAZILIENSE

Um jogador commais de 10 anos deatividademereceatenção especial napreparação e nãoconsegue omesmoritmo.Osmúsculosnão aguentam”Flávio de Oliveira,preparador físico do Cruzeiro

CAMPEONATOBRASILEIRO

É precisotempo pararespirarLevantamento do Correio aponta que a maioriados clubes no Nacional cai de produção quando jogaduas vezes por semana. Fluminense vai na contramãoe dispara em meio à maratona de partidas

» BRAITNER MOREIRAESPECIAL PARA O CCOORRRREEIIOO

» ANTONIO MELANE

Em um calendário apertadocomo o brasileiro, ter umasemana inteira para treina-mentos tornou-se um luxo

para muitas equipes. Dos 360 jogosrealizados até agora na Série A, 100foram disputados na quarta ou naquinta-feira — comprometendo,também, os duelos imediatamenteposteriores a eles. Como isso inter-fere na rotina do clubes? Quais su-portam melhor a maratona de jo-gos e quais têm uma queda acen-tuada de rendimento com o exces-so de compromissos? O Fluminen-se, por exemplo, gosta de adrenali-na e viu o aproveitamento dispararcom a maior quantidade de parti-das (de 41,2% para 71,9%), en-quanto o Cruzeiro despencou deprodução nas mesmas condições(de 53,7% para 18,5%).

Levantamento realizado peloCorreio (veja quadro) comprovaque a realização de rodadas nomeio e no fim de semana compro-mete o rendimento da maioria dosclubes no Brasileirão. Dos 20 parti-cipantes da atual edição, 14 conse-guiram menos pontos quando ti-veram apenas dois ou três dias depreparação. Somente seis clubes— além do Flu, Internacional, Grê-mio, Botafogo, Palmeiras e Atléti-co-PR — foram na contramão emelhoraram o aproveitamentocom menos tempo de descanso.

O atual preparador físico doCruzeiro, Flávio de Oliveira, con-firma que a equipe não respon-deu bem à série de jogos sem re-pouso necessário para recuperaras energias — ele chegou ao clubecom o técnico Vágner Mancini,em outubro. “Quando nos acerta-

mos para enfrentar o Internacio-nal, mesmo com alguns jogado-res voltando de contusão, enfren-tamos um desgaste físico e emo-cional muito grande, o que nosimpediu de manter o ritmo nos90 minutos contra Avaí e Atlético-PR”, analisa.

Flávio observa que o Cruzeirotem alguns jogadores acima dos30 anos, que, devido à importân-cia dentro do grupo, acabam sen-do muito exigidos. “E todos sa-bem que um jogador com mais de10 anos de atividade merece aten-ção especial na preparação e nãoconsegue o mesmo ritmo. Osmúsculos não aguentam.” Nessecaso, estão o goleiro Fábio, os vo-lantes Marquinhos Paraná e Lean-dro Guerreiro, e o armador Roger.

O Coritiba é outro exemplo deperda de fôlego pelo grande núme-ro de jogos. Quando os paranaen-ses tiveram a semana livre antes dejogar pelo Brasileirão, conseguiramresultados melhores do que o doCorinthians, líder do campeonato.O alviverde perdeu apenas um dos

15 jogos que realizou nessa condi-ção. “Ter a semana livre para traba-lhar é o desejo de todo treinador”,confirma ao Correio Marcelo Oli-veira, técnico do time alviverde.“Fazemos treinos de finalizações,posicionamento e outras repeti-ções mais específicas.”

LibertadoresVivo na luta por uma vaga na

Libertadores, o Coritiba tem, ao la-do do Vasco, o melhor aproveita-mento em compromissos com umbom tempo de preparação: 66,7%.Para Oliveira, a má campanhaquando a equipe fez dois jogos porsemana (38,1%) poderia ser con-tornada se o calendário fosse me-nos inchado — a equipe terminaráo ano com 72 jogos. “O acúmulode partidas prejudicou o time, quesentiu um pouco essa maratona.Isso reflete no plano técnico etambém nas lesões”, lamenta.

Entre os rivais do Coxa na brigapor uma vaga no G5, São Paulo eFlamengo também têm se acerta-do quando conseguem se prepararidealmente. “O certo seria que nos-so calendário tivesse jogos só nofim de semana, porque isso dariaàs comissões técnicas o tempo ne-cessário para recuperar os jogado-res e efetuar treinamentos”, analisaAlcir Braga Sanches, professor daFaculdade de Educação Física daUniversidade de Brasília (UnB).

O tricolor paulista tem apro-veitamento de campeão (64,3%)quando teve mais tempo paratreinar. O Flamengo tambémcoleciona bons resultadosquando joga apenas no fim desemana: 61,5%. Prova disso fo-ram as vitórias, em casa, contraAtlético-MG (4 x 1), Fluminense(3 x 2) e Cruzeiro (5 x 1).

Rodrigo Clemente/Esp. EM/D.A Press - 16/10/11

OCruzeiro, do argentinoMontillo,é umdos times quemais sofreramcomamaratona de jogos do fimdo ano: 18,5%deaproveitamento

emsemanas cheias

Número de jogos do Brasileirãorealizados nas quartas equintas-feiras, dos 360disputados até agora