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Ano X - Edição 120 - Novembro 2017 Distribuição Gratuita “Até ontem, a nossa missão era fundar a república; hoje, o nosso supremo dever perante a pátria e o mundo é conservá-la e engrandecê-la”. Marechal Deodoro da Fonseca No próximo dia 15 de novembro o Brasil comemo- rará os 117 anos em que foi pro- clamada a Repúbli- ca em nossa nação. Foi em um dia 15 da prima- vera daquele ano que um grupo de militares e civis decretaram o fim da monarquia no Brasil e a im- plantação de um governo republi- cano, democrático e renovável ao final de cada perío- do de mandato. Apesar de ter sido um movimento militar em sua con- clusão o pro- cesso teve articula- ção e protago- nismo da sociedade civil e nos dois segmentos havia participação efetiva de integrantes da Ordem Maçônica. Esse protagonismo ficou esquecido por muito tempo em virtude da discrição que foi imposta para não provocar maiores reações, principalmente por parte de defensores da restauração da monarquia. Nesta foto o que se vê nitidamente é a ausência do Povo , mas a Elite estava bem representada! Dia da língua portuguesa no Brasil Comemora-se no dia 05 de novem- bro o dia da língua portuguesa no Brasil. A escolha desta data é uma homenagem ao escritor e político brasileiro Ruy Barbosa, que nasceu em 5 de novembro de 1849, e é considerado um grande estudioso da língua portuguesa. Essa data é comemorada desde 2006 no Brasil. Página 3 O Dia Internacional da Tolerância é comemoradoanualmente em 16 de Novembro. A data tem o objetivo de promover o bem estar, o progresso e a liberdade de todos os cidadãos, assim como fomentar a tolerância, o respeito, o diálogo e cooperação entre diferentes culturas, religiões, povos e civilizações. Página 10 A primeira dificuldade para ser negro no Brasil é viver A cada 23 minutos, um jovem ne- gro é morto no País. Página 11 Editorial Página 2 CULTURAonline BRASIL - Boa música Brasileira - Cultura - Educação - Cidadania - Sustentabilidade Social Agora também no seu Baixe o aplicativo IOS NO SITE www.culturaonlinebr.org A única possibilidade de nos eternizamos nessa frágil vida, é plantando boas sementes. É a melhor herança que deixamos! Alfabetização no Brasil Página 4 Grandes figuras da música ocidental VII - Bizet Página 7 CORRUPÇÂO Página 8 www.culturaonlinebrasil.net /// CULTURAonline BRASIL /// www.culturaonlinebr.org

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Ano X - Edição 120 - Novembro 2017 Distribuição Gratuita

“Até ontem, a nossa missão era fundar a república; hoje, o nosso supremo dever perante a pátria e o mundo é conservá-la e engrandecê-la”.

Marechal Deodoro da Fonseca

No próximo dia 15 de novembro o Brasil comemo- rará os 117 anos em que foi pro- clamada a Repúbli-ca em nossa nação. Foi em um dia 15 da prima- vera daquele ano que um grupo de militares e civis decretaram o fim da monarquia no Brasil e a im- plantação de um governo republi- cano, democrático e renovável ao final de cada perío-do de mandato. Apesar de ter sido um movimento militar em sua con-clusão o pro- cesso teve articula-ção e protago- nismo da sociedade civil e nos dois segmentos havia participação efetiva de integrantes da Ordem Maçônica. Esse protagonismo ficou esquecido por muito tempo em virtude da discrição que foi imposta para não provocar maiores reações, principalmente por parte de defensores da restauração da monarquia.

Nesta foto o que se vê nitidamente é a ausência do Povo , mas a Elite estava bem representada!

Dia da língua portuguesa no Brasil

Comemora-se no dia 05 de novem-bro o dia da língua portuguesa no Brasil. A escolha desta data é uma homenagem ao escritor e político brasileiro Ruy Barbosa, que nasceu em 5 de novembro de 1849, e é considerado um grande estudioso da língua portuguesa. Essa data é comemorada desde 2006 no Brasil.

Página 3

O Dia Internacional da Tolerância

é comemoradoanualmente em 16 de Novembro. A data tem o objetivo de promover o bem

estar, o progresso e a liberdade de todos os

cidadãos, assim como fomentar a tolerância, o respeito, o diálogo

e cooperação entre diferentes culturas, religiões, povos e

civilizações.

Página 10

A primeira dificuldade para ser

negro no Brasil é viver

A cada 23 minutos, um jovem ne-gro é morto no País.

Página 11

Editorial Página 2 CULTURAonline BRASIL - Boa música Brasileira - Cultura - Educação - Cidadania - Sustentabilidade Social

Agora também no seu

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A única possibilidade de nos eternizamos nessa frágil vida, é plantando boas sementes. É a melhor herança que deixamos!

Alfabetização no Brasil

Página 4

Grandes figuras da música ocidental VII - Bizet

Página 7

CORRUPÇÂO

Página 8

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Novembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 2

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"Uma questão judicial hoje pode converter-se em política amanhã. Um problema, agora

político, pode ser amanhã judicial." Rui Barbosa

Nas lides forenses, há uma inerente paixão de parte a parte. De fato, quando a pretensão é resis-tida, e resistida ao ponto de ser levada para que outrem a decida estamos diante de um ânimo aquecido. Por isso, diz-se que o magistrado é equidistante e deve primar pela serenidade. Como é humano, tem suas falibilidades, mas deve sempre procurar esse lugar sobranceiro. Feito este nariz-de-cera, é bem o momento de dizer que ontem o ministro Gilmar Mendes atravessou o Ru-bicão.

Afora o cerne jurídico do processo - no qual discutiu-se extemporaneamente alguns temas -, S. Exa. se olvidou a temperança e fez acusações e insinuações a torto e a direito. Pode vir a estar certo? Pode. Mas não é assim que se faz. Afora a deselegância, o pior é o exemplo que passa ao juiz que acaba de ingressar na carreira. Pensará o novel magistrado que é assim que deve se portar um juiz. Mas evidentemente não é.

Citando metáforas literárias, como já o fez em outras ocasiões, o erudito ministro comparou o ex-procurador-Geral ao personagem Simão Bacamarte, dono da casa de Orates de Itaguaí, na clás-sica obra "O Alienista". No conto, o médico vai revendo aqui e ali suas ideias acerca da sanidade.

Mas quem é que, quando o governo era outro, aplaudia o parquet?

Quem é que votou pela prisão a partir da 2a instância e agora sinaliza mudança de posição?

Enfim, o rico aspecto psicológico da obra machadiana nos faz lembrar o pai da psicanálise, para quem, quando Pedro fala de Paulo, mais sei de Pedro do que de Paulo. Por tudo isso, é hora de tentarmos pôr um fim no fla-flu que tomou conta do país. E o STF tem um papel importantíssimo para que isso aconteça. Ninguém está querendo exterminar opiniões contrárias, porque a contra-dição é o combustível da humanidade.

Mas é necessário aplacar o contraproducente maniqueísmo. A propósito, essa é a deixa para lembrar outro conto do Bruxo do Cosme Velho: "A Igreja do Diabo". No enredo, o Diabo quer fun-dar uma igreja. Embora ele já ganhasse algum dinheiro, ele se sentia humilhado com o papel a-vulso que exercia desde séculos, sem organização, sem regras, sem cânones, sem ritual, sem nada. Comunicado a Deus o intento, ele funda seu templo. Na igreja do Diabo, a venalidade tinha lugar de destaque e com uma conveniente noção de disponibilidade, se abstraindo assim toda a noção de ética. De fato, o cão-tinhoso observava que se se pode vender a casa, o chapéu, as coi-sas que estão fora de nós, "como é que não podes vender a tua opinião, o teu voto, a tua palavra, a tua fé, coisas que são mais do que tuas porque são a tua própria consciência, isto é, tu mesmo?

Fonte: http://www.migalhas.com.br/informativo/4200

Mais vale um pássaro na mão que

dois voando

Significa que é melhor ter pouco que am-

bicionar muito e perder tudo. É tradição

de antigos caçadores. Eles achavam me-

lhor apanhar logo a ave que tinham atin-

gido de raspão, antes que ela fugisse, do

que tentar atirar nas que estavam voan-

do e errar o alvo.

Apressado come cru

Quando não existia o forno microondas,

era preciso muito tempo para a comida

ficar pronta, ou então comê-la crua. Nes-

sa época, a culinária japonesa ainda não

estava na moda e comida crua era vista

com maus olhos. Assim, a expressão

passou a ser usada para significar afoba-

mento, precipitação.

Chorar as pitangas

Pitangas são deliciosas frutinhas cultiva-

das e apreciadas em todo o país, especi-

almente nas regiões norte e nordeste do

país. A palavra deriva de pyrang, que,

em tupi-guarani, significa vermelho. Sen-

do assim, a provável relação da fruta

com lágrimas, vem do fato de os olhos

ficarem vermelhos, parecendo duas pi-

tangas, quando se chora muito.

Farinha do mesmo saco

“Homines sunt ejusdem farinae” esta fra-

se em latim (homens da mesma farinha)

é a origem dessa expressão, utilizada

para generalizar um comportamento re-

provável. Como a farinha boa é posta em

sacos diferentes da farinha ruim, faz-se

essa comparação para insinuar que os

bons andam com os bons enquanto os

maus preferem os maus.

Fila indiana

Tem origem na forma de caminhar dos

índios americanos, que, desse modo,

encobriam as pegadas dos que iam na

frente.

Como você já deve ter reparado, apresentamos um novo espaço no site da Gazeta Valeparaibana.

Um dos objetivos da reformulação é tornar o site ainda mais cola-borativo e, assim, fazer jus ao lema de ser “o ponto de encontro da educação”.

Tendo em mente essa missão, de se tornar uma verdadeira comunidade virtual que une todos os profissio-nais e temas relacionados à educação, cultura e sustentabilidade Social, investiu na plataforma que se propõe a veicular trabalhos científicos da área.

É o ‘GV - Ciência’. Espaço 100% colaborativo e GRATUITO! A proposta surge para ser o meio em que trabalhos científicos sejam veiculados na imprensa, dano a eles o devido destaque.

Todo internauta do Portal Comunique-se pode fazer uso do ‘C-SE Acadêmico’, basta seguir dois passos...

1º - ENVIAR o trabalho para: [email protected] (em Word sem formatação com letra Arial 11). NÃO ESQUECER de enviar todos os seus dados: Nome Completo, Documento de Identidade, Nome do Curso, Faculdade.

2º - Depois de analisado, será publicado no espaço “GV - ciência” do site e na edição do mês subsequen-te no Jornal Digital.

Novembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 3

Crônica do mês

Dia da língua portuguesa no Brasil Comemora-se no dia 05 de novembro o dia da língua portuguesa no Brasil. A escolha desta data é uma homenagem ao escritor e político brasileiro Ruy Barbosa, que nasceu em 5 de novembro de 1849, e é considerado um grande estudioso da língua portuguesa. Essa data é comemorada desde 2006 no Brasil. Uma comemoração justa e importante. A língua portuguesa é falada por mais de 250 milhões de pessoas no mundo. Está presente em 9 países como língua oficial (Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor leste) é um dos idiomas mais falado no mundo, e está presente em várias diásporas mundo afora.

Segundo o dicionário língua é “ Sistema de comunicação comum a uma comunidade linguística.”Conjunto dos elementos que constituem a linguagem falada ou escrita peculiar a uma coletividade; idioma: a língua portuguesa.”

Desde 1986 o português é uma das línguas oficiais da Europa. Faz parte da União Africana, das organizações Ibero-Americanas, das agências e organismos das Nações Unidas e de várias organizações internacionais. É a língua falada por portugueses, brasileiros, alguns países africanos e até na Ásia. A língua oficial do Mercosul. É herança que une comunidades espalhadas pelo mundo. Pela importância da língua ela é tida como disciplina escolar obrigatória nos países do Mercosul, fora os lugares em que ela é falada de forma não oficial. Existe um dia em que a língua portuguesa é comemorada por todos os países falantes do português que é dia 5 de maio, e existe o Dia em que o português é comemorado no Brasil. Essa data serve para mostrar a importância da nossa língua e nos fazer ver que existe uma história, um legado cultural que inclui vários outros países. È importante homenagearmos a língua e darmos projeção ao seu significado, afinal ela é a principal forma de nos comunicarmos e de nos expressarmos seja de forma falada ou escrita.

A língua é o meio de comunicação de um grupo de pessoas, que pode ser desde uma comunidade até uma nação. Expressa a identidade de um povo. A nossa língua portuguesa é formada por uma diversidade linguística grande, percebemos isso nos diferentes sotaques existentes entre as várias regiões do país. A própria linguagem falada contém palavras que são peculiares a cada estado, emprestando assim uma identidade cultural própria a cada região.

A linguagem faz parte das causas que determinam a vida em sociedade, ligando a forma como nos relacionamos com o outro, possui um forte apelo comportamental e cultural, que vai variar conforme o lugar em que se vive, o sexo, a idade, a classe social que se está inserido etc. . É um forte elemento de união de um povo, compõe a identidade de uma nação. FIORIN (1997) diz que: A língua pode ser considerada uma manifestação de uma cultura. A língua nos une a todos. É um patrimônio que deve ser preservado e valorizado, é uma língua mundial ,está presente em todos os continentes ,e a mais falada no hemisfério sul. Vemos a cada dia crescer o interesse global pelo aprendizado do português.

Através da língua expressamos nossas emoções, sentimentos, desejo, aflições. A nossa língua faz parte do que somos, da nossa maneira de ver e de sentir a vida. Temos mesmo é que comemorar a língua Portuguesa e a sua importância histórica e cultural. A língua de Camões se torna cada vez mais importante e mais falada no mundo. A importância de datas como essa serve para reforçar o valor e as discussões sobre a língua, nos levando a refletir sobre sua importância no mundo, nas nossas vidas e na nossa história.

Mariene Hildebrando e-mail: [email protected]

Calendário

Algumas datas comemorativas

02 - Finados 05 - Dia Nacional da Língua Portuguesa 12 - Dia do Diretor de Escola 14 - Dia do Bandeirante 14 - Dia Nacional da Alfabetização 15 - Proclamação da República 16 - Dia Internacional da Tolerância 17 - Dia da Criatividade 17 - Dia Internacional dos Estudantes 19 - Dia Internacional do Homem 20 - Dia Nacional da Consciência Negra 27 - Dia Nacional de Combate ao Câncer

Ver mais sobre na Página 12

REPÚBLICA

O termo "república" remonta à antiguida-de grega romana, e a moderna ideologia re-publicana tomou formas ligeiramente diferen-tes, dependendo se ela foi desenvolvida nos Estados Unidos, França ou Irlanda.

Na versão ocidental, desenvolvida especial-mente a partir dos escritos de Rousseau, de-fendeu o princípio da soberania popular e da participação popular. No entanto, no meio do século XX, inclui uma perspectiva individua-lista, isto é, assume-se que os indivíduos procuram a sua felicidade em si mesmo ao invés de uma participação política.

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PAÍSES LUSÓFONOS [ Países que adotaram a Língua Portuguesa como Língua Oficial ] O que é Lusofonia? É o conjunto daqueles que falam o português como língua materna ou não. conjunto de países que têm o português como língua oficial ou dominante [A lusofonia abrange, a-lém de Portugal, os países de colonização portuguesa, a saber: Brasil, Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe; abrange ainda as variedades faladas por parte da po-pulação de Goa, Damão e Macau na Ásia, e tb. a variedade do Timor na Oceania.].

Novembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 4

Alfabetização no Brasil

Hoje, considera-se que conhecer a história dos métodos ajuda o professor a resgatar al-guns princípios permanentes e a construir u-ma metodologia eficaz para a alfabetização.

Muitos professores, em toda a história do "ensino das primeiras letras", buscaram o me-lhor método para alfabetizar. Nos dias de ho-je, essa busca continua presente, mas muitos educadores se "arrepiam" com o tema, pois consideram essa discussão um retrocesso. Isso acontece em grande parte, de acordo com Magda Soares, pesquisadora do Ceale e professora emérita e titular da Faculdade de Educação da UFMG, em razão da idéia restri-tiva que se tem de método, considerado como escolha de um caminho único e de um só ma-terial didático, percurso com controle excessi-vo que não leva em conta o processo de aqui-sição da língua e o conhecimento que os alu-nos já possuem sobre ela.

No entanto, é preciso ter em mente que não é possível alfabetizar sem método. O que muda é que o conceito toma forma mais ampla e complexa, deixando de envolver a uniformiza-ção de procedimentos em todas as turmas e em todos os momentos do ensino. Conhecer a história dos métodos de alfabetização pode levar o professor a identificar permanências e princípios norteadores que vão ajudá-lo a alfa-betizar, levando em conta a situação específi-ca da sala de aula, os conteúdos a ensinar, os processos cognitivos dos alunos e suas difi-culdades e facilidades em adquirir certas habi-lidades.

As primeiras cartilhas e os métodos sintéticos

Até 1808, quando éramos colônia de Portugal, era proibido publicar no Brasil. Nessa época, segundo a professora da Faculdade de Edu-cação da UFMG e pesquisadora do Ceale, Francisca Pereira Maciel, os professores con-feccionavam materiais para alfabetizar e tam-bém usavam cartilhas portuguesas. O exposi-tor português foi uma das primeiras, seguida pela Cartilha Maternal, do poeta português João de Deus. O método João de Deus foi mais difundido no Brasil na década de 1880,

período em que surgiram, con-traditoriamente, as primeiras car-tilhas nacionais.

Os primeiros métodos presentes nas cartilhas brasileiras eram sintéticos, isto é, métodos que partem de unidades menores da língua para partes maiores. Se a unidade escolhida como ponto de partida é a letra, trata-se do método alfabético ou de soletra-ção, em que primeiro se ensi-nam os nomes e as formas das letras, na sequencia alfabética e

também salteada, para depois trabalhar com as sílabas e, em seguida, com as palavras, frases, para, finalmente, chegar a textos intei-ros. Se o início da aprendizagem começa pe-las sílabas, o método é o silábico. São apre-sentadas sílabas em diferentes estruturas, em geral associadas a uma palavra ilustrada.

Surgem os métodos analíticos Com a Proclamação da República, houve um processo de expansão do ensino no Brasil: os primeiros grupos escolares surgem em São Paulo, em 1892, e depois em todo o país. Ins-titui-se, nesses grupos, a divisão em séries, o que gera, então, a necessidade de materiais específicos para cada turma. O ideário repu-blicano, nacionalista, traz a preocupação em produzir materiais "mais brasileiros", deixando de lado os termos tipicamente portugueses e os conteúdos voltados para a história de Por-tugal. De acordo com Francisca Maciel, ocorre aí uma mudança no emprego dos métodos: cer-to rompimento com os sintéticos e progressiva difusão dos analíticos (globais), que partem de unidades significativas da língua, como pa-lavras, sentenças ou histórias, focalizando pri-meiro o sentido e a memorização, para depois partir para a análise das sílabas e fonemas.

Os métodos globais são classificados em: de palavração, de sentenciação, de historietas e de contos. Como o próprio nome indica, o mé-todo da palavração toma como unidade inicial as palavras, que são memorizadas por meio de repetitiva visualização. Só depois a aten-ção é dirigida às sílabas, letras e sons. Se-gundo os defensores desse método, a vanta-gem de começar pela palavra é que ela é con-siderada, ao mesmo tempo, unidade da língua e do pensamento. O método da sentenciação segue uma lógica parecida, mas começa a análise pela frase. Já o método de historietas utiliza como ponto de partida pequenas histó-rias, com sentido completo em si mesmas. No caso do método de contos, os materiais didá-ticos trazem uma seqüência de contos, com sentidos complementares, para serem traba-lhadas ao longo do ano. Ambos os métodos

têm como principais objetivos desenvolver no aluno a capacidade de compreensão, além de treiná-lo na habilidade de antecipar e seguir sequencias de ideias, relacioná-las entre si e memorizá- las. Com histórias e contos, a leitu-ra é estimulada como fonte de informação e de prazer. Posteriormente, o texto é analisado nas unidades linguísticas menores. A principal desvantagem apontada é que, muitas vezes, a aplicação dos métodos analíticos negligen-cia o desenvolvimento da capacidade de ler palavras novas e deixa em segundo plano a exploração de textos diferentes dos utilizados durante o processo de alfabetização.

Reformas educacionais Na década de 1920, ocorreram reformas edu-cacionais em vários estados brasileiros, bus-cando consolidar o ideário republicano. As re-formas colocaram o aluno no centro do pro-cesso de educação, defenderam a utilização de materiais concretos e jogos na sala de au-la. Em Minas Gerais, essa mudança ficou co-nhecida como Reforma Francisco Campos - nome do então secretário de interior, respon-sável pela educação - e aconteceu em 1927. Segundo Francisca Maciel, "a Reforma é um marco porque instituiu a adesão oficial aos métodos analíticos". No bojo da Reforma, Francisco Campos idealizou a Escola de A-perfeiçoamento, com o objetivo de difundir o método global e o ideário da Escola Nova na educação primária em Minas. O escolanovis-mo preconizava a função socializadora da es-cola, a centralidade do indivíduo no processo de aprendizagem, a educação para a vida, o caráter científico da educação, com contribui-ções da Psicologia, da Sociologia, dentre ou-tras. Lúcia Casasanta, responsável por ensi-nar os métodos de alfabetização às professo-ras na Escola de Aperfeiçoamento, era uma das maiores defensoras do método global de contos. A implantação do método global foi influenciada pelas pesquisas realizadas na Psicologia e pelos trabalhos de Decroly, que defendia um período preparatório para a alfa-betização, com uso de jogos pedagógicos que possibilitassem às crianças a passagem do concreto ao abstrato e o desenvolvimento das discriminações auditiva, visual e tátil. Entre as décadas de 1960 e 1980, o caráter concreto dos jogos decrolyanos foi distorcido pelas es-colas brasileiras, que os transformaram em exercícios escritos como, por exemplo, a ativi-dade de levar o coelhinho até a cenoura por meio de uma linha pontilhada. Francisca Ma-ciel explica, ainda, que "Emília Ferreiro se contrapôs à idéia do período preparatório da alfabetização e mostrou o caminho que o alu-no percorre para aprender a ler e escrever na teoria do Construtivismo"

Fonte: ceale.fae.ufmg.br

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Novembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 5

Refletindo MORADA FINAL

Enquanto vivos, os homens trabalham para comprar casa e, da mesma forma, incenti-vam os filhos a conquistarem um espaço para viverem e, terem ao menos sua pró-pria casa.

Alguns conseguem, a “duras penas”. Ou-tros herdam de quem penou para isso. Os que não conseguem adquirir a sua própria, agarram-se avidamente ao emprego que lhes possa garantir o aluguel de um teto.

Há pessoas que possuem vários imóveis e outras, nenhum. Algumas se estabelecem em mansões, outras em pequenos aparta-mentos, mas, pior são os que perdem suas moradias com as enchentes, com o fogo, com o descaso que gera o desemprego e que os obriga a morar nas ruas...

Observando o ciclo de vida deste planeta, é admirável a competência do homem em construir e edificar o mundo com prédios, mas, sem edificar as relações humanas...

No entanto, por ironia do destino e para to-dos, o final de cada história se dará no es-paço que os mortos ocuparão e onde será determinado seu desaparecimento num gradativo esquecimento.

Uns terão como homenagem fotos, meda-lhas, mármores com seus nomes escritos, inscrições ou apenas orações.

Alguns terão sua morada final preservada com flores frescas e, de acordo com sua religião, as devidas homenagens. A outros,

uma vida com poucos recursos pode ser seguida com morte com pobres homena-gens: flores de plástico, uma vela. Os que sobreviverem lidarão com a perda cada qual à sua maneira.

Eis que chega o Dia dos Finados, “dia de visitas aos mortos” com oferendas, lágrimas saudosas e outras homenagens. Do lado de fora dos cemitérios, o comércio de flores e artigos religiosos permite que os comerci-antes faturem um bom quinhão que poderá ser destinado ao pagamento de suas ca-sas.

Não importa se corpos estejam em suntuo-sas moradas finais, lápides impecáveis e monumentos suntuosos, ou em simples se-pulturas que o desgaste do cimento tornou anônimas. Não importa quanto esforço e suor de vidas inteiras. Nos cemitérios todos são nivelados, sem dó nem piedade: será pó.

A grande dúvida dos seres humanos: e do pó, para onde iremos?

Teremos opções sexuais, religiosas ou de status?

Seremos julgados ou haverá delação pre-miada?

Propinas para escolher o Paraíso ou o In-ferno?

Será que por lá haverá o livre arbítrio que aqui houve e que tantos não souberam u-sar?

Ou serão limitados ao Limbo até que apren-dam que, acima de tudo, existe algo muito maior e melhor, algo que foi esquecido u-sando muito mal o presente que lhes foi da-do gratuitamente que é o amor, a bondade e a solidariedade em nome de um Deus, seja lá qual for. E que com certeza, é esco-lha nossa, de cada um de nós.

Haverá quem, entre os homens, não aceite que no fim do túnel, todos estarão e serão iguais?

Genha Auga Jornalista MTB: 15.320

Porque precisamos fazer a Reforma Política Popular no Brasil?

Seus impostos merecem boa administração. Bons políticos não vem do nada. Para que existam bons políticos para admi-

nistrar o país, toda a sociedade precisa colaborar para que eles possam nascer e terem sucesso. É preciso um sistema eleitoral moderno para melhorar a qualidade da política. Os políticos "tradicionais" tem horror à reforma política, porque ela pode mudar a situa-ção atual onde eles usam e manipulam o eleitor e são pouco cobrados !

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FRASES SOBRE

POVO

François Guizot: “A música oferece à alma u-ma verdadeira cultura íntima e deve fazer parte da educação do povo”.

Rui Barbosa: “A degeneração de um povo, de uma nação ou raça, começa pelo desvirtuamen-to da própria língua”.

Simone de Beauvoir: “É preciso erguer o povo à altura da cultura e não rebaixar a cultura ao nível do povo”.

George Sand: “Os ricos só fazem o mal porque o povo lhes estende o pescoço”.

Raul Seixas: “O povo brasileiro não tem tempo pra ler, anda muito ocupado para poder pen-sar”.

Patativa do Assaré: “Eu sou de uma terra que o povo padece mas não esmorece e procura vencer”.

José Saramago: “Os políticos são a mentira legitimada pela vontade do povo”.

Ludwig Börne: “Os governos são as velas, o povo é o vento, o Estado é o barco, e o tempo é o mar”.

Ditado popular: “Um povo de cordeiros sempre terá um governo de lobos”.

John Lennon: “Eles me criticaram por cantar ‘Poder para o Povo’, dizendo que nenhuma fac-ção pode deter o poder. Bobagem. O povo não é uma facção. Povo significa todas as pessoas”.

Eduardo Galeano: “Na luta do bem contra o mal, é sempre o povo que morre”.

Pablo Neruda: “Ninguém sabe onde enterra-ram os assassinos estes corpos, / porém sairão da terra / para cobrar o sangue derramado / na ressurreição do povo”.

Gustave Le Bon: “Dominam-se mais facilmen-te os povos excitando as suas paixões do que cuidando dos seus interesses”.

Rousseau: “O povo, por ele próprio, quer sem-pre o bem, mas, por ele próprio, nem sempre o conhece”.

Gilberto Gil: “O povo sabe o que quer, mas também quer o que não sabe”

Mês que vem tem mais.

Contos e Poemas da Genha

Novembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 6

TULIPAS & GRILOS

Vejo uma nuvem densa e branquinha!

Parece uma bola de algodão arrepiada, ilumina-da pela luz sutil do sol que ameaça voltar para alegrar o verão.

Peço ao vento que a sopre levemente e a leve até o “Quartel Pedagógico” de minha companheira para avisá-la de que temos uma missão e que venha me ajudar.

E assim se foi...

A nuvem pairou disfarçadamente sobre a “Rampa do Ditado”, transformou-se numa car-ruagem feita de sonhos e desejos, onde guar-damos nossos doces segredos de aventuras e transmitiu minha mensagem:

- Encontre-me no intervalo das aulas, sei que é breve, mas a carruagem é mágica, pode-remos passar minutos como se fossem horas cumprindo mais uma alegre e divertida mis-são...

Em pouco tempo a carruagem retornou, e sugou-me pela janela. Lilás, decorada com flores e luzes discretas, belos cavalos imponen-tes e fortes, forrada com seda prateada, almo-fadas macias de nuvens rosadas, perfume de verbena, veloz como um raio que dispara sobre a terra num dia chuvoso, porém quente.

Sentei-me ao seu lado de minha compa-nheira, ela toda vestida de felicidade e arte e eu de transgressora do tempo e libertadora dos momentos sérios do dia de uma criança. Viva a alma pura e inocente! Viva a alma velha e so-nhadora!

Par perfeito, seguimos adiante com a or-dem do dia: visitar as hospedeiras dos grilos encrenqueiros.

Voando rapidamente pelo céu azul em solavancos macios, passando por caroços assi-métricos de nuvens, pairamos sobre tulipas e-normes e falantes das mais variadas cores. Corri por entre as amarelas para um selfie com-binando com o dourado do sol, e minha parcei-ra preferiu as roxas, cujo destaque era devido ao seu aroma e sua cor. Andamos entre elas cumprimentando-as felizes por aquele lugar en-cantado e fomos encontrar as “Tulipas Charmo-sas”, indignadas que estavam com as encren-cas que ocorriam por lá, esperançosas de so-corro da dupla de humanas, mas que tinham autorização da natureza para intervir nessas pequenas causas, de forma a evitar qualquer desequilíbrio que pudesse desviar a atenção do curso natural de um belo dia.

Eis o problema: grilos gostam de pular por entre flores deliciando-se com seus cheiros, mas ultimamente, descobriram algo particular às tulipas: além de belas e aromáticas, possu-em um caule forte que dá a eles impulso para saltos muito maiores do que os normais, tor-nando bem mais divertido exercitar suas pernas pulantes. No entanto, as tulipas se sentem abu-sadas por esse atletismo, e muitas vezes as pobrezinhas ficam vergadas pela dor, sem falar que os grilos às vezes esbarram nas coitadi-nhas, deixando-as despetaladas. Insetos sem compostura e gritantes, deixam-nas suscetíveis e caídas, pois não se detêm, invadidos que são pela euforia de tantas proezas que ali realizam.

A líder, “Tuliposa”, reclamante em nome

da classe, não obteve sucesso em suas falas e já pronta para estabelecer um plano de ataque contra os “saltitantes”, resolveu apelar à dupla de amigas a fim de polidamente salvar a classe das flores, visto não quererem se expor a co-mentários deselegantes que lhes denegririam o status de charme.

Juntas, ouvimos a reclamação e nos pu-semos a observar a ação dos réus em questão. O primeiro grilo grita em brados retumbantes, como se fosse proclamar a liberdade “grilante” e salta avidamente em cima do talo de uma flor, que se enverga como um escravo frente a seu senhor, alvoroçando as pétalas. Outro pulo no voo frenético até a próxima Tulipa que, deses-perada, tenta desviar-se para o lado, mas o sal-to quase mortal a atinge fazendo-a tremer como vareta de bambu ao vento. Essa brincadeira “grilante” chega a atrair uma quantidade muito grande desses impetuosos da natureza, que não se dão conta da fragilidade das plantinhas, embora o caule lhes pareça ser uma fortaleza.

Acontece que a alegria e a gritaria são tantas que ninguém ouve os lamentos das flo-res nem o grito reclamante da líder aclamada para dar uma solução.

Bem, não poderíamos agir a não ser com cautela para não prejudicar nenhum dos lados, mas também sabíamos que aqueles ruidosos grilos falantes, gritantes e encrenqueiros, tam-bém não nos ouviriam. Todavia, tínhamos uma arma nas “mangas”...

Lembramo-nos de que num passeio a Florianópolis, conhecemos um caçador de gri-los que os pegava apenas para maltratar os po-brezinhos e prendê-los numa caixa, com o intui-to de divertir-se e fazer corridas de saltos com eles, até a exaustão que muitas vezes os aleija-va ou os fazia sucumbir. Descobrimos então, um apito do caçador, cuja sonoridade só era ouvida por grilos, que assim eram atraídos co-mo caça. Roubamos o apito, conseguimos li-bertar os reféns dessa crueldade, e nunca mais eles foram feitos prisioneiros.

Eis que, estando o apito bem guardado numa caixa secreta em nosso poder, voltamos rapidamente para casa, retornando no tempo mágico de nossa carruagem, sopramos forte-mente o apito, atraindo fervorosamente todos os grilos, que se colocaram a postos em frente às charmosíssimas vítimas florais. Foi quando pudemos discutir a situação, sensibilizando a todos, fazendo aflorar lágrimas, mostrando as dores sentidas pelas delicadas criaturas florais. Os algozes aquietados reconheceram o estra-go, desculparam-se pelo ocorrido, mostrando que não havia má intenção, e foram buscar di-vertimentos bem longe dali.

Felizes, as flores nos agradeceram com delicadeza orquestrada pela liderança da Tuli-posa. No ritmo do vento fresco e leve, balança-ram-se num vai e vem, exalando seu perfume, envolvendo-nos num arco-íris de “muito obriga-da”.

Parti para minha casa.

E minha amiga foi para o “quartel” termi-nar sua tarefa menos divertida: copiar a lição de casa...

Genha Auga

jornalista MTB:15.320

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SINTONIA DO AMOR Genha Auga

NÃO TE ESQUEÇO EM NENHUM MOMENTO

TUDO QUE FAÇO,

TODOS OS MEUS PASSOS

E TODA MINHA ALEGRIA,

SÃO MOTIVADOS PELO AMOR.

SINTONIA DE DOIS AMANTES

E DUAS ALMAS NUM MESMO ESPAÇO,

DURANTE O DIA, SEPARADOS,

A NOITE, UNIDOS NUM ETERNO DESEJO,

EM LENÇÓIS PERFUMADOS,

ENTRELAÇADOS POR ABRAÇOS.

O AMOR MANTÉM O ESPECTRO

DE MINHA ALMA,

LEVA-ME PARA JUNTO DE TI TODOS OS DIAS,

ENVOLVE MEU SER JUNTO AO TEU CORPO,

MOSTRA-ME QUE SOU E SEREI SEMPRE SUA.

ÉS MINHA VIDA E ASSIM ME MANTENHO

NA TUA ETERNA SINTONIA.

O poeta é um fingidor. Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente.

Fernando Pessoa

Musica

Grandes figuras da música ocidental

VII - Bizet

Falamos de ópera em alguns artigos passa-dos, sobre Verdi, Wagner, Puccini, Mozart, italianos e austro-germânicos, mas a ópera não ficou restrita a essas duas linhas. Há ópe-ra francesa e muito boa. Um dos maiores re-presentantes dessa região é Georges Bizet (25/10/1838 3/6/1875).

Carmen, foi sua última ópera, e é uma das mais executadas no mundo até hoje!

Suas árias e melodias já foram rearranjadas e executadas por diversos artistas de vários gê-neros!

Bizet teve uma vida muito curta e bem típica do romantismo do século XIX, artista talento-so e com capacidade quase zero de lidar com seu talento e de administrar sua vida pessoal.

Era um excelente pianista mas nunca se apro-veitou dessa habilidade para ganhar a vida.

Bizet ganhou o famoso Grand Prix de Roma, um prêmio que era dado pelo governo francês aos jovens artistas promissores em vários se-tores artísticos inclusive o de música. Os ven-cedores eram custeados pelo governo pelo período de 3 a 5 anos para ficarem em Roma aperfeiçoando sua técnica.

Ele foi premiado em 1857, e depois do perío-do de estudos em Roma, retornou a Paris. Mas na época os compositores novos não e-ram muito prestigiados. Isso quase o fez de-sistir da carreira.

Tinha uma capacidade incrível de criar melo-dias que simplesmente nos emocionam já da primeira vez que ouvimos. Ele adorava o pal-co, as histórias, o teatro, a ópera e sempre sonhou em ter uma vida dedicada a isso, che-gou a fazer algum sucesso em vida, muito menor do que o sucesso póstumo.

Sua ópera mais famosa, Carmen, foi precedi-da de um outro título que faz grande sucesso hoje em dia: Les pêcheurs de perles (Os pes-

cadores de pérolas), uma história linda sobre um voto de amizade entre dois homens que é abalado pelo amor a uma mesma mulher. Es-sa mulher que também tem sua crise entre se entregar a um amor terreno e seguir seus vo-tos de sacerdotisa. Uma história muito sensí-vel e com melodias incríveis. Na época os crí-ticos menosprezaram a obra a despeito do sucesso entre o público que a assistiu. Bizet tinha apenas 25 anos quando a compôs. Ela acabou não sendo mais encenada durante a vida do compositor. Hoje em dia ela é coloca-da entre os grandes títulos universais tanto pela crítica quanto pelo público. Está sendo encenada este ano entre 30/10 e 6/11 no Theatro Municipal de SP.

Alguns trechos: famosos.

O famoso dueto da amizade:

https://youtu.be/p2MwnHpLV48

A aria do protagonista:

https://youtu.be/bNwhHwFl_JE - aqui cantada por um dos principais cantores líricos dos a-nos 60 a 80 - Alfredo Kraus

Essa última melodia foi largamente arranjada por músicos populares. Aqui dois exemplos:

David Gilmour do grupo de rock inglês Pink Floyd: https://youtu.be/VqBxtvWp7Ps

Alison Moyet, também inglesa:

https://youtu.be/DoJu9EYZxSQ

Aqui o final da ópera:

https://youtu.be/35viKGmT22Q

Aqui a ópera completa:

https://youtu.be/73yG59EE654

Bizet levou mais de dez anos até compor e estrear sua última ópera, Carmen, uma ópera ousada, e que muito provavelmente foi a cau-sa da morte prematura de Georges.

Baseada em um romance de P. Mérrimée, conta uma história trágica. A decadência de um soldado com carreira promissora depois que ele é seduzido por Carmen, uma cigana linda e sedutora que trabalhava numa fábrica de cigarros. Don José, transferido de sua ci-dade natal para a cidade onde Carmen residi-a, abandona o amor de Micaëla, uma moça de família tradicional da sua região, por causa da sedutora cigana. Carmen por sua vez se diverte com a sedução e acaba o abandonan-do por se encantar pelo toureiro Escamillo. Don José enlouquecido de ciúme acaba por duelar com Escamillo e ao fim mata Carmen num acesso de loucura.

A história que tinha como heroína uma jovem sedutora e “devassa" segundo os costumes da época provocou uma reação negativa da crítica especializada. O público também a re-cebeu friamente.

Hoje especula-se que a montagem original mal feita foi a causa do fracasso.

Esse insucesso trouxe uma depressão profun-da para Bizet. Três meses depois dessa es-treia ele teve um ataque cardíaco e faleceu com apenas 37 anos de idade. A ópera então começou a estourar primeiramente fora de Paris e se transformou em um sucesso abso-luto. Bizet não chegou a conhecer esse triun-fo.

Carmen hoje é uma das óperas mais executa-das no mundo todo e muitas de suas árias também foram transcritas para diversas ou-tras formas de expressão musical.

A quantidade de melodias intensas e emocio-nantes que essa ópera contém quase me im-pede de escolher os “melhores" trechos. Vale a pena conhecê-la inteira! Mas, vamos lá

A abertura instrumental: https://youtu.be/PQI5LtRtrb0

A Habanera - https://youtu.be/K2snTkaD64U - Talvez a mais conhecida de todos os trechos

A aria de paixão do tenor

- https://youtu.be/R8rNEuiyQ70

A famosa aria do Toureiro:

- https://youtu.be/aFr8Q_PIMhc

A aria linda da namoradinha do protagonista que é traída por ele por causa de Carmen: https://youtu.be/EwvDzT6vfO0

A aria das cartas, cena onde Carmen prevê sua morte nas cartas:

https://youtu.be/B9RLIRTxBro

A cena final dueto e morte de Carmen:

https://youtu.be/Gt0jUXJk2dU

A ópera completa:

https://youtu.be/46JIeRbVlRA

Bizet, é mais um caso triste na história da arte de incompreensão em vida e consagração ab-soluta após a morte!

Sorte a nossa podermos ainda nos emocionar com a música envolvente que ele compôs e apenas imaginar o que ele teria feito caso não tivesse nos deixado prematuramente!

Saudações Musicais

Mto. Luís Gustavo Petri

Novembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 7

Rádio web

CULTURAonline Brasil

NOVOS HORÁRIOS e NOVOS PROGRAMAS

Prestigie, divulgue, acesse, junte-se a nós !

A Rádio web CULTURAonline Brasil, prioriza a Educação, a boa Música Nacional e programas de interesse geral sobre sustentabilidade social, cidadania nas temáticas: Educação, Escola, Professor , Família e Sociedade.

Uma rádio onde o professor é valorizado e tem voz e, onde a Educação se discute num debate aberto, crítico e livre. Mas com responsabilidade!

Acessível no link: www.culturaonlinebrasil.net

Novembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 8

Cidadania Cidadãos lobistas podem vir a ser a solução contra

o populismo?

Nota-se que o mundo tem dado uma guinada ao populismo de direita. Donald Trump nos EUA, a popularidade do Jair Bolsonaro no Brasil, o partido AfD na Ale-manha, a Marine Le Pen na França, há populistas em diversos países no mundo. Vamos esclarecer os termos.

O que é Populismo? É o modo como um governante usa de estratégias que tem como objetivo angariar a confiança do povo, principalmente das classes mais desfavorecidas, baseando-se num discurso simples, carismático, direto e pesso-al, um apelo ao cidadão “comum" em oposição às oligarquias ou aos estrangei-ros. Ou seja, é quando um político candidato à presidente ou à primeiro-ministro tem discurso messiânico, promete ser o salvador da pátria.

Há populismo tanto de esquerda quanto de direita. O populismo de esquerda é antielitista, anticapitalista, tem sentimento antiamericano, ideais de igualitarismo social, fazendo promessas aos menos favorecidos de solução de problemas sem sacrifícios por parte da sociedade. O populismo de direita é etnocêntrico, anti-imigração, protecionista, chauvinista, se inspira em valores conservadores e tradi-cionalistas e defende a religião tradicional da nação.

O que é Lobby e o que é lobista? Lobby é uma palavra da língua inglesa que é usada no meio político significando influência na tomada de decisões políticas para atender à um interesse, na maioria dos casos, interesses econômicos e fi-nanceiros. Há o Lobby das armas, o Lobby da agricultura, o Lobby da indústria de veículos automotores, há o Lobby da mídia, há uma diversidade de Lobbies. O lobista é a pessoa que, a serviço de um Lobby, manipula as negociações na Câ-mara dos Deputados Federais, no Senado, na Assembleia Legislativa estadual ou na Câmara dos Vereadores, de forma a conseguir que uma determinada lei seja aprovada ou vetada.

A ideia dos cidadãos lobistas não é minha, mas eu a apoio. Tudo bem, eu reco-nheço que a humanidade ainda necessita do Poder Legislativo representativo, e também dos partidos políticos. Só que o cidadão comum ser lobista de sua comu-nidade é a prática da Democracia Participativa junto com a Democracia Repre-sentativa. O cidadão comum tem que aprender a interagir mais com os parlamen-tares eleitos, com os legisladores representantes dos eleitores. Porque, se os e-leitores começarem a interagir mais, vão aprender mais e ter mais noções de Processo Legislativo e Controle de Constitucionalidade das leis, e não vão cair na conversa de populistas irresponsáveis, supostos salvadores da pátria, sejam eles de esquerda ou de direita. O povo é enganado e confundido porque não tem es-clarecimento, não tem noção do funcionamento do sistema. Aí os mal-intencionados têm vantagens gigantes quando o eleitorado é desinformado, é “leigo” no assunto. E a melhor forma de aprendizado é a prática cotidiana. Enfim, eu sou a favor que o cidadão eleitor se torne um lobista de sua comunidade, de sua família, de seus parentes, amigos e entes queridos de forma geral. E você? O que acha disso?

João Paulo E. Barros

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CAPITALISMO E CORRUPÇÂO

Nem campo democrático-popular, nem a burguesia e o Estado: os trabalhadores devem se organizar de maneira independente econô-mica e politicamente.

Não devemos confundir corrup-ção, isto é, mecanismos ilícitos de favorecimento das empresas na

sua relação com o Estado, com atos que os trabalhado-res realizam para tentar burlar regras as quais os prejudi-cam (não pagar impostos ou não pagar passagem no ô-nibus, por exemplo). A primeira movimenta bilhões, os outros são apenas tentativas individuais e inócuas de a-tentar uma ordem que não lhe favorece. Aliás, tais atitu-des, longe de resolverem o problema, muitas vezes po-dem prejudicar outros trabalhadores.

Isto posto, devemos entender que – parafraseando Pe-dro Henrique Pedreira Campos (2015) – as irregularida-des envolvendo empresários e Estado não são um desvi-o anômalo, mas sim mecanismos de que dispõem os ca-pitalistas na acumulação de capital. Esses mecanismos podem servir tanto para “elevar as margens de lucro, neutralizar a concorrência”, quanto para repartir a mais-valia entre os agentes (públicos e privados) que auxilia-ram nas condições para extraí-la.

Entendida sob a lógica da reprodução do capital, a cor-rupção não deixará de existir sob o capitalismo, por mais democrático que ele seja.

No entanto, vemos que, a depender do Estado-nacional, a forma predominante de relação das grandes empresas com os políticos dos altos escalões muda: com predomí-nio do ilícito ou do lícito, mais ou menos regulamentada. Em outras palavras, corrupção mais ou menos sofistica-da. Ao olharmos para a Lava-Jato e o processo político em curso, tais nuances nos são muito importantes.

Em um artigo para o VALOR, em 17 de dezembro de 2015, o professor na Escola de Economia de São Paulo da FGV e ex- Secretário de Política Econômica do Minis-tério da Fazenda, Márcio Holland, se propõe a explicar os ganhos institucionais da Lava-Jato e as vantagens do “combate à corrupção”. O professor Holland defende a tese do economista ganhador do prêmio Nobel, Douglass North, de que o crescimento econômico (leia-se o desen-volvimento capitalista) é expressão direta de melhores instituições.

Tal contradição demonstra que o autor, ao não levar em conta o desenvolvimento histórico do Estado em cada país, a forma pela qual se estabeleceram e avançaram as relações capitalistas e a história particular da luta de classes em cada Estado-nação, não consegue explicar as diferenças superestruturais entre Brasil, países da A-mérica Central e da África. Ou seja, não são instituições “melhores” que favorecem o desenvolvimento do capital, mas é o próprio desenvolvimento do capital que exige instituições apropriadas a suas necessidades.

Mesmo não analisando a relação entre superestrutura e infraestrutura econômica corretamente, o autor percebe um fenômeno interessante da realidade, qual seja: a par-tir do avanço das relações capitalistas nos diferentes paí-ses, isto é, a presença de monopólios internacionais e nacionais atuando em seu território e exportando capi-tais, a superestrutura precisa se desenvolver e arranjar a melhor maneira pela qual as diferentes empresas irão se relacionar com o Estado, pois se isso não ocorrer, pode haver um entrave ao pleno avanço do capital e às dispu-tas entre as grandes empresas.

Ora, a este ponto chegou o Brasil.

Lucas Carlini e Daniel Lage

LOBI NA POLÍTICA

Lobby se caracteriza como uma atividade de exercer pressão sobre algum poder da esfera política para influ-enciar na tomada de decisões do poder público em prol de alguma causa ou apoio .

No Brasil, devido à não regulamentação e falta de transparência, o termo lobby é comumente atrelado à corrupção, o que não caracteriza a sua concepção origi-nal. Trata-se de uma atividade lícita que pode ser exercida por qualquer cidadão, desde que dentro da legalidade.

O problema seria que alguns lobistas, a fim de conseguir apoio a algum interesse específico em nome de terceiros, vão além da persuasão e se utilizam de propina ou suborno a fim de almejarem os resultados que desejam, agindo secretamente sem o conhecimento público.

Diversos escândalos de corrupção no Brasil envolvem lobistas, daí encontra-se a origem da associação do termo com a corrupção.

Novembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 9

Educação Os desafios da educação superior

no Brasil O relatório “Education at a Glance” de 2017, da OCDE, suscita a oportunidade para uma reflexão sobre os de-safios do Ensino Superior no Brasil. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é uma organização internacional de 35 países que aceitam os princípios da democracia re-presentativa e da economia de livre mercado, que pro-cura fornecer uma plataforma para comparar políticas econômicas, solucionar problemas comuns e coordenar políticas domésticas e internacionais. A maioria dos membros da OCDE é composta por economias com um elevado PIB per capita e Índice de Desenvolvimento Humano e são considerados países desenvolvidos. Teve origem em 1948 como a Organização para a Coo-peração Econômica (OECE), liderada por Robert Marjo-lin da França, para ajudar a gerir o Plano Marshall para a reconstrução da Europa após a Segunda Guerra Mun-dial. Posteriormente, a sua filiação foi estendida a esta-dos não-europeus. Em 1961, a Convenção sobre a Or-ganização para a Cooperação e Desenvolvimento Eco-nômico reformou a OECE e deu lugar à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. A sede da OCDE é localizada no Château de la Muette em Paris, França. O Relatório “Education at a Glance” de 2017, da OCDE, suscita a oportunidade para uma reflexão sobre os de-safios do Ensino Superior no Brasil. O primeiro deles é entender a missão do Ensino Superi-or. No Brasil, ele é principalmente um instrumento de formação profissional. O modelo possivelmente foi ade-quado para a primeira metade do século XX, mas já não corresponde ao avanço das economias e tecnologias. A tendência, nos países mais avançados, é dividir o Ensino Superior em duas partes. A primeira é de forma-ção geral, onde as pessoas aprendem a pensar com profundidade. Quanto mais rigorosos, mais “generalistas” e menos aplicados, mais importantes se tornam esses cursos em uma sociedade em que não sabemos como serão os empregos do futuro. Cabe re-gistar que uma pequena parcela do ensino superior, em países desenvolvidos, está voltada para a formação de tecnólogos, em cursos de curta duração. Na segunda parte do Ensino Superior é que os alunos buscam uma profissionalização de nível mais alto ou se preparam para iniciar uma carreira acadêmica. No Brasil, como as profissões são hiper-regulamentadas, os currículos ficam “amarrados”, com uma infinidade de disciplinas e cursos obrigatórios. Ou seja, privilegia-se a quantidade em detrimento da quali-dade. Nesse item, estamos na contramão dos países mais avançados. O segundo desafio é o da qualidade. Na maioria dos países desenvolvidos, cerca de 30% dos concluintes do Ensino Médio ingressam em algum curso superior, e isso tem aumentado nas últimas décadas. Em pouquís-simos países, como os Estados Unidos, esse número é superior a 50%. Na maioria dos países europeus, o a-cesso ao Ensino Superior ainda é bastante restrito e seletivo, e as instituições – quase sempre só públicas – geralmente mantêm padrões bastante similares entre si. No Brasil, temos diferentes realidades – algumas uni-versidades e cursos são seletivos, mas a grande maiori-a não é. De acordo com os dados do Pisa, menos de 10% dos alunos brasileiros teriam condições de acesso a um curso superior em países europeus e muito menos de 1% teria condições de concorrer às universidades norte-americanas de elite. Os dados do ENEM também confirmam essa situação. Ou seja, o desafio da qualida-de do Ensino Superior só começará a ser resolvido quando o País produzir egressos do Ensino Médio com um nível de aprendizagem adequado. O terceiro desafio é institucional. O marco legal do Ensi-no Superior no Brasil é baseado na ideia de uma “Universidade de Ensino, Pesquisa e Extensão”, modelo inicialmente implementado na Alemanha no Século XIX. Nem todas as instituições de Ensino Superior realizam essas três atividades, o que cria um extraordinário custo para que se cumpra o modelo – ou se burle a legisla-ção. O sistema de gestão das universidades públicas não oferece estímulos para que sejam eficientes. A ges-tão das instituições privadas é sujeita a um emaranhado regulatório de altíssimo custo e que em nada contribui

para aumentar a competição, reduzir custos ou melho-rar a qualidade. Temos enormes barreiras de entrada para professores estrangeiros, reduzindo a pressão so-bre os nossos. E oferecemos pouquíssimos atrativos para bons alunos de graduação de outros países. O Relatório “Education at a Glance” de 2017 da OCDE disponibiliza estudo que analisou sistemas de ensino de 45 países, o estudo descreve que o Brasil investe em universitários mais do que o triplo do que é gasto com estudantes do ensino fundamental e médio. O Brasil é um dos países que menos gastam com alu-nos do ensino fundamental e médio, mas as despesas com estudantes universitários se assemelham às de países europeus, segundo a Organização para a Coo-peração e Desenvolvimento Econômico (OCDE). No estudo "Um Olhar sobre a Educação" a entidade analisa os sistemas educativos dos 35 países membros da organização, a grande maioria desenvolvidos, e de dez outras economias, como Brasil, Argentina, China e África do Sul. O Relatório expõe contradições da educação no Brasil, metade dos brasileiros adultos não conclui o ensino mé-dio e os salários dos professores continua baixo, um dos dados que chamaram mais atenção foi a informa-ção de que, em 2015, mais da metade dos adultos entre 25 e 64 anos não concluíram o Ensino Médio - outros 17% não concluíram o Ensino Fundamental. Tais índi-ces estão abaixo da média observada nos outros países analisados pela OCDE, na qual 22% dos adultos não chegaram ao Médio e 2% não concluíram as etapas do Ensino Fundamental. Outro avanço observado, por outro lado, foi o aumento do percentual de adultos (25 a 34 anos) que completou a última etapa da Educação Básica de 53% em 2010 para 64% em 2015. O Brasil gasta anualmente US$ 3,8 mil (R$ 11,7 mil) por aluno do primeiro ciclo do ensino fundamental (até a 5ª série), informa o documento. O valor em dólar é calcula-do com base na Paridade do Poder de Compra (PPC) para comparação internacional. A cifra representa menos da metade da quantia média desembolsada por ano com cada estudante nessa fase escolar pelos países da OCDE, que é de US$ 8,7 mil. Luxemburgo, primeiro da lista, gasta US$ 21,2 mil. Entre os países analisados no estudo, apenas seis gas-tam menos com alunos na faixa de dez anos de idade do que o Brasil, entre eles a Argentina (U$ 3,4 mil), o México (US$ 2,9 mil) e a Colômbia (U$ 2,5 mil). A Indo-nésia é o país lanterna, com gastos de apenas US$ 1,5 mil. Nos anos finais do ensino fundamental e no médio a situação não é diferente. O Brasil gasta anualmente a mesma soma de US$ 3,8 mil por aluno desses ciclos e também está entre os últimos na lista dos 39 países que forneceram dados a respeito. A média nos países da OCDE nos últimos anos do ensi-no fundamental e no médio é de US$ 10,5 mil por aluno, o que representa 176% a mais do que o Brasil. Apenas 15% dos estudantes brasileiros entre 25 e 34 anos estão no ensino superior, face a 37% na OCDE, 21% na Argentina e a 22% no Chile e na Colômbia. No entanto, se comparado aos países dos Brics (bloco for-mado pelo Brasil, a Rússia, Índia, China e África do Sul), o Brasil está melhor – a China tem 10%, a Índia, 11%, e a África do Sul, 12%. No Brasil, cerca de 37% das graduações em 2015 eram feitas nas áreas de negócios, administração e direito, índice semelhante ao da maioria dos outros países pes-quisados. Em seguida, a preferência dos brasileiros, na época, era por pedagogia, com 20% das matrículas – uma das ta-xas mais altas entre todos os países. O relatório mostra inclusive, que apenas a Costa Rica e a Indonésia têm taxas mais altas de opção por pedagogia (22% e 28%, respectivamente). Somente 15% dos estudantes brasileiros optavam por cursos de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, uma das taxas mais baixas, mas semelhante à de paí-ses vizinhos como a Argentina (14%) e a Colômbia (13%). Entre os países da OCDE, o percentual ficou em 23%. Em relação à desigualdade no acesso ao ensino superi-or, no Brasil a disparidade entre os estados é a maior observada na pesquisa. Enquanto 35% dos jovens de 25 a 34 anos no Distrito Federal frequentam a universi-dade, no Maranhão a taxa é cinco vezes menor (7%).

Apesar de o relatório reconhecer que o Brasil é uma nação muito grande e diversa, se comparada a outras grandes como os Estados Unidos e a Rússia, a desi-gualdade é muito mais dramática por aqui, apresentan-do variações de até cinco vezes nos percentuais, contra menos de três vezes de disparidade em outros países. Um dado que contrapõe isso, porém, é que quase 75% dos estudantes brasileiros no ensino superior estão em instituições privadas, contra cerca de 33% da média dos países da OCDE. O relatório alerta, no entanto, que, nesse caso, a falta de mecanismos de financiamento estudantil pode ser um obstáculo e programas como o Fies podem ter aju-dado a colocar os brasileiros na faculdade por aqui. A situação no Brasil muda em relação aos gastos com estudantes universitários: a quantia passa para quase US$ 11,7 mil (R$ 36 mil), mais do que o triplo das des-pesas no ensino fundamental e médio. Com esse montante, o Brasil se aproxima de alguns países europeus, como Portugal, Estônia e Espanha, com despesas, respectivamente, por aluno universitário, de US$ 11,8 mil, US$ 12,3 mil e US$ 12,5 mil, e até ultrapassa países como a Itália (US$ 11,5 mil), Repúbli-ca Checa (US$ 10,5 mil) ou Polônia (U$ 9,7 mil). A média nos países da OCDE é de US$ 16,1 mil, puxa-da por despesas mais elevadas de países como os Es-tados Unidos, Noruega, Luxemburgo e Reino Unido. Os gastos no Brasil com alunos universitários também superam os da Coreia do Sul, de U$ 9,6 mil. O país asiático, que gasta um pouco mais com o ensino fundamental (U$ 9,7 mil), está entre os primeiros do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) da OCDE. O teste mede conhecimentos de estudantes na faixa de 15 anos nas áreas de ciências, matemáticas e compreensão escrita. Já o Brasil está entre os últimos no teste do PISA e ape-nas 17% dos jovens entre 25 e 34 anos têm diploma universitário, um dos índices mais baixos entre os paí-ses do estudo. Em média, os membros da OCDE gastam quase meta-de a mais por estudante do ensino universitário do que com os do primário, diz o documento, "enquanto Brasil e México gastam três vezes mais". A OCDE vem destacando nos últimos estudos que hou-ve aumento dos investimentos públicos em educação no Brasil. Em porcentagem do PIB, o Brasil está próxi-mo da média dos países da organização. Os gastos com educação totalizaram 4,9% do PIB brasi-leiro (último dado disponível no estudo). A média dos países da OCDE é de 5,2% do PIB. Ao mesmo tempo, a OCDE vem afirmando que é preci-so aumentar os gastos por aluno do ensino fundamental e médio, considerados bem abaixo do montante consi-derado adequado pela organização. Apesar da melhora no nível de investimentos em educa-ção no Brasil, o Brasil continua entre os últimos do ran-king dos testes de avaliação do PISA. Na avaliação da organização, isso ocorre porque houve maior acesso à educação no país, com a inclusão no sistema de ensino de alunos desfavorecidos e com atra-sos de aprendizagem, o que acaba puxando o desem-penho geral dos estudantes brasileiros para baixo. O Brasil tem desafios gigantescos para acertar o seu Ensino Superior. Há ilhas de excelência aqui e ali – mas são ilhas nas quais as instituições, professores e pes-quisadores pagam um preço alto para não sucumbir à mediocridade generalizada. O progresso de uma nação depende em grande parte da quantidade e da qualidade de suas elites, e isso está diretamente relacionado à qualidade do Ensino Superior. Os adultos com educação universitária também são menos propensos a sofrer de depressão do que aqueles que não chegaram ao ensino superior. Os jovens adul-tos estão cada vez mais dispostos a obter uma educa-ção no Brasil que aumente suas habilidades, em vez de entrar no mercado de trabalho diretamente após a con-clusão do ensino obrigatório. Entre 2000 e 2016, o per-centual de jovens de 20 a 24 anos que continuaram a estudar aumentou 10%, em comparação com uma dimi-nuição de 9% daqueles que trabalham.

Benigno Núñez

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Novembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 10

Tolerância O Dia Internacional da Tolerância

é comemoradoanualmente em 16 de Novembro. A data tem o objetivo de

promover o bem estar, o progresso e a liberdade de todos os

cidadãos, assim como fomentar a tolerância, o respeito, o diálogo e

cooperação entre diferentes culturas, religiões, povos e civilizações.

A data tem o objetivo de promover o bem estar, o progresso e a liberdade de todos os cidadãos, assim como fomentar a tolerância, o respeito, o diálogo e cooperação entre diferentes culturas, religiões, povos e civilizações. Ser mais tolerante é fundamental.

A Gazeta Valeparaibana aproveita o dia 16 de novembro para lembrar a importância de ser mais tolerante na vida e o bem isso faz para nosso bem-estar – sobretudo, em tempos tão conflituosos.

Com a globalização, a pluralidade cultural que existe no mundo se tornou ainda mais interligada, exigindo uma maior compreensão das pessoas em respeitar os diferentes modos de viver de cada cidadão. Isso, no entanto, não significa que devemos aceitar as ideias ou doutrinas de todas as sociedades, mas apenas aprender a respeitá-las e conviver com as diferenças.

Olhar e interagir com o mundo à nossa volta com mais tolerância pode nos encher de prazer e paz. É bom lembrar que, ao sermos tolerantes com fatos externos, estamos sendo, primeiro, com nós mesmos. Estamos nos dando chance de agir de forma sensata e calma. E a sensação que advém disso é sempre muito boa.

Muitas pessoas se irritam com facilidade, vivendo em estado de tensão e levando as pessoas que lhes cercam a se irritarem também. Não é difícil observar isso no ambiente familiar.

Às vezes, essa é a forma encontrada para manter laços, fazer contato, mesmo que destrutivos. Tudo é motivo para discordar, reclamar, ou brigar. São pessoas que não conseguem se comunicar de forma afetiva. Ao agir dessa forma, elas estão se distanciando não apenas do outro ou outros, mas de si mesmas.

Para ser tolerante é importante compreendermos que não há necessidade de estar sempre em primeiro plano e que, realmente, não estamos nem precisamos disso; que o outro tem total direito de pensar e agir diversamente do que acreditamos ou gostaríamos, sem com isso nos sentirmos ofendidos ou diminuídos; que o tempo é mesmo relativo e, portanto, tenha calma se o computador leva mais do que trinta segundos para abrir ou se o garçom demora um pouco para atender a sua mesa, afinal, se você estiver entretido numa boa conversa ou em bons pensamentos, nem vai perceber o tempo passar.

Ser tolerante, exige autoconhecimento, disciplina, atenção e, principalmente, respeito, consideração e amor por si próprio. A pessoa tolerante tem autoestima alta.

Todos nós podemos ser mais tolerantes. Mas, para tanto, é necessário um pouco de esforço, mudanças de pensamentos e atitudes. Algumas atividades podem ser de grande ajuda, por propiciarem a quebra de paradigmas e novas possibilidades, como a meditação, yoga, taichi, terapias, enfim, o que possa dar um tempo para nós mesmos, colocando-nos em contato com a nossa essência e, assim, trazendo à tona o que temos de melhor.

Os atentados terroristas simultâneos e coordenados na capital francesa deixaram mais de 120 pessoas mortas, 300 feridas e milhares chocadas e indignadas pelo mundo.

Depois que o Estado Islâmico assumiu a autoria dos ataques, o tema intolerância religiosa ganhou os noticiários e as redes sociais - campo fértil para embates não menos intolerantes. O

Dia Internacional da Tolerância, Instituído pela ONU como reconhecimento à Declaração de Princípios sobre a Tolerância da Unesco, feita em Paris, em 1995.

O documento, que é considerado uma

referência internacional sobre o tema, afirma que tolerância não é aceitação, condescendência ou indulgência.

“A tolerância é, antes de tudo, uma atitude ativa fundada no reconhecimento dos direitos universais da pessoa humana e das liberdades fundamentais do outro.” E vai além, ao afirmar que “é uma virtude que torna a paz possível e contribui para substituir uma cultura de guerra por uma cultura de paz”. Conheça a íntegra da Declaração.

A data tem o objetivo de promover o bem estar, o progresso e a liberdade de todos os cidadãos, assim como fomentar a tolerância, o respeito, o diálogo e cooperação entre diferentes culturas, religiões, povos e civilizações. No Brasil, comemora-se no dia 21 de janeiro o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, data que também possui o significado de conscientizar à população a respeitar as diferenças religiosas que existem no país.

ATENTADOS - Lembremos também os 72 anos da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

A diretora-geral do órgão, Irina Bokova, expressou nesse fim de semana solidariedade com a França na sequência dos atentados em Paris e condenou os ataques, sem precedentes na história do país. “Em nome da UNESCO e em meu próprio nome, eu apresento minhas mais sentidas condolências ao povo da França e a todas as famílias de luto tão terrivelmente desoladas por esses bárbaros atos. Esse crime afeta a todos nós. Representa um ataque contra toda a humanidade".

Durante a reunião do G20 em 2015 — fórum internacional das 20 maiores economias do mundo — na Turquia, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon também lembrou que o terrorismo é uma ameaça para toda a humanidade.

“Como temos visto ao longo dos anos com regularidade desagradável, nenhum país, nenhuma cidade e ninguém está imune”, disse.

Tem alguma dúvida sobre o tema?

Participe, mande sugestões sobre temas a serem debatidos.

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Tolerância é um termo que vem do latim tolerare que significa"suportar" ou "aceitar". A tolerância é o ato de agir com condescendência e a-ceitação perante algo que não se quer ou que não se pode impedir.

A tolerância é uma atitude fundamental para quem vive em sociedade. Uma pessoa tolerante normalmente aceita opiniões ou comportamen-tos diferentes daqueles estabelecidos pelo seu meio social. Este tipo de tolerância é denominada "tolerância social".

A expressão "tolerância zero" é utilizada para definir o grau de tolerância a uma determinada lei, procedimento ou regra, de forma a impedir a aceitação de alguma conduta que possa desviar o que foi previamente estabelecido. Por exemplo, "tolerância zero a motoristas embriaga-dos".

AJUDE-NOS a manter estes projetos de educação (Rádio e Jornal)- www.culturaonlinebr.org/apoiadores.htm

Novembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 11

A primeira dificuldade

para ser negro no Brasil é

viver

A cada 23 minutos, um jovem negro é morto no País.

O movimento negro é, de modo simplificado, a luta contra o racismo e a busca pela sua su-peração de forma estrutural e institucional na sociedade. Esta é uma base comum, mas há diferentes vertentes dentro do mesmo objeti-vo, modos diferentes de se posicionar e de lutar.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada em 2014 pelo IB-GE, 53% dos brasileiros se declararam como negros e pardos, um aumento de 5 pontos porcentuais em relação à mesma pesquisa realizada há dez anos.

Artur Santoro, 19 anos, estudante, é militante negro LGBT e passou por este processo de assumir sua cor. "Eu sou negro de pele clara e por muito tempo não me entendia como ne-gro, mas como branco. Sempre falo que saí do armário duas vezes: uma enquanto gay, outra enquanto negro", diz. "É muito como a-qui no Brasil pessoas negras que se auto de-claram brancas, porque a miscigenação aqui se deu com o objetivo de embranquecimento da nossa população".

A aproximação do estudante com o movimen-to negro se deu no contexto das manifesta-ções de julho de 2013, quando começou a se envolver com a política e com a militância por amigos. "Passei a compreender diversas situ-ações que passei na minha vida com racistas. Sempre ouvi na escola piadas e xingamentos sobre o meu cabelo crespo", afirma Artur que, antes de ser militante, achava que se tratava de bullying.

O mesmo aconteceu com Juliana Lourenço: "comecei a buscar e me buscar e me envolver mais nas questões de militância quando me assumi negra. Como grande parte das pesso-as negras no Brasil, nós passamos boa parte da vida negando nossa origem e condição". O processo aconteceu com a jornalista recente-mente, há menos de um ano.

Representatividade e racismo. "O Brasil é o país com a maior população negra fora do continente africano, metade da população brasileira é negra, porém vemos poucas pes-soas negras ocupando os espaços", diz Julia-na e propõe a reflexão que fez para si mes-ma: quantos dentistas negros você conhece?

"Quando eu fiz estágio eu era a única negra do setor e uma das poucas da empresa, mas ao entrar nos banheiros ou na área de limpe-

za, eu vi que 90% das mulheres que passa-vam o dia mantendo os locais limpos eram negras. O Brasil é um país racista, a diferença é que as pessoas têm o chamado 'racismo/preconceito velado'", relata Juliana.

O racismo é sentido pelos negros de diferen-tes formas em seus cotidianos. Artur, por e-xemplo, afirma que, por ser gay, o racismo o atinge de formas diferentes. "Os maus olhares e xingamentos são uma constante. conseguir sair na rua sem ouvir uma risada ou sem ser agredido ao menos verbalmente se tornou u-ma raridade".

Há as formas indiretas, como chama Artur, de se sentir agredido, como a ausência de pes-soas negras nos espaços que frequenta. "Na USP, onde eu estudo, apenas 0,09% dos pro-fessores são negros", afirma.

Além das ofensas que Juliana se acostumou a ouvir por toda a vida, ela afirma que já per-deu as contas de quantas vezes perguntaram se ela era adotada, pois sua mãe é branca. "Inclusive, quando eu era criança, cheguei a acreditar realmente que eu era adotada. Na minha visão, a infância e adolescência são as piores fases para uma pessoa negra, princi-palmente no âmbito escolar. Já no 'prézinho' eu e meus colegas de turma negros sofríamos racismo, que vão desde ser chamada de pio-lhenta até não ter par para dançar quadrilha, a última vez que participei de festas juninas eu estava na quinta série", relata.

Principais pautas. De acordo com Artur, os temas mais fortes dentro do movimento negro são o genocídio da população negra, o fim da polícia militar, o fim da guerra às drogas, as cotas raciais e as políticas de permanência em todas as universidades, oposição à redu-ção da maioridade penal e outras.

"Nossas pautas - infelizmente - ainda se refe-rem a direitos básicos, como o direito de viver, de não ser assassinado pela polícia militar por estar com um saco de pipoca", diz o estudan-te, em referência a confusão do saco com um pacote de drogas.

O relatório final da CPI do Senado sobre o As-sassinato de Jovens aponta que 23.100 jo-vens negros de 15 a 29 anos são assassina-dos: 63 por dia, um a cada 23 minutos.

"Todos os meus amigos já levaram enquadro da polícia sem mais nem menos, e quanto mais escura sua pele for, mais racismo você irá sofrer, infelizmente", lamenta Juliana.

Negra e mulher. Juliana, além de ser militante do movimento negro, também é engajada no movimento feminista e comenta como ser mu-lher e ser negra atinge a ela e a várias brasi-leiras: "somos preteridas desde sempre, so-mos hiperssexualizadas, somos estereotipa-das, somos vistas apenas como mulheres pa-ra sexo, mas não para formar uma família".

Mundo acadêmico. A falta dos negros da área acadêmica é um ponto abordado tanto por Ar-tur quanto por Juliana. Quando ela estava na universidade, em sua sala de 60 pessoas, a-penas três eram negros, sendo dois bolsistas. Artur, por sua vez, questiona: "quantos teóri-cos, acadêmicos negros vocês conhecem? Quantos professores negros nas universida-des?".

O tema é importante para Artur porque voz é poder. "Historicamente, as vozes negras são silenciadas pelo racismo e abafadas em fun-ção da branquitude", afirma. "Nós já conhece-mos o que pessoas brancas falam sobre ra-cismo, porque elas sempre puderam e sem-pre irão poder falar sobre. Pessoas negras não", por isso, para ele, é importante que os negros tenham voz e representatividade.

No dia 6 de julho, um relato de Mirna Moreira, negra e estudante de medicina da Universida-de Estadual no Rio de Janeiro chamou aten-ção nas redes sociais. Divulgada pela página Boca de Favela, a história que ela conta é so-bre um dia em que foi fazer uma ação sobre sexualidade em uma escola pública: "No dia dessa ação na escola eu voltei no mesmo ôni-bus que uma aluna, e quando eu desci no mesmo ponto que ela aqui no Complexo, ela perguntou: o que você tá fazendo aqui?

Ela não esperava que eu descesse aqui na favela. Eu chorei muito. Isso me marcou de-mais, até porque eu nunca tive uma represen-tação física e próxima que eu pudesse me es-pelhar nesse campo profissional, essa mulher, negra, médica. Sabe?"

Envolvimento branco.

Artur e Juliana pensam da mesma maneira quanto ao envolvimento de pessoas brancas na causa negra: o primeiro passo é reconhe-cer que sua cor dá privilégios e que o racismo é um problema latente na sociedade brasilei-ra.

Mesmo com a opinião de que o movimento negro deve ser sempre protagonizado por pessoas negras, Artur acredita que os bran-cos têm de se posicionar e colaborar com a luta. "Existe um abismo entre ser contra o ra-cismo e lutar contra o racismo. Ser simples-mente contra não é suficiente para mudanças concretas", opina o jovem. "Pessoas brancas devem agir em utilizar seus privilégios para ecoar as vozes de pessoas negras na luta an-tirracista."

"Racismo não é mimimi, ele afeta diretamente em nossas vidas e de nossas famílias. Levar o discurso aos meios onde estamos inseridos é importante e necessário, desde a academia até a rodinha no bar com os nossos amigos e também em nossos lares", diz Juliana.

ANITA E FRAIM

ESPECIAL PARA O ESTADO DE S. PAULO

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Consciência Negra

Novembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 12

Algumas datas comemorativas 02 - Finados 17 - Dia da Criatividade

A celebração de Finados é bastante importante para algumas religi-ões, principalmente para a Igreja Católica, que considera esta data como um momento especial de homenagem a todos os entes queri-dos que já morreram.

Nesta data, o movimento nos cemitérios é intenso, pois muitas pesso-as vão deixar flores e fazer orações nos túmulos de familiares ou ami-gos.

A religião protestante não reconhece o feriado do Dia de Finados co-mo uma celebração, pois alegam que a data não está presente na Bí-blia, consequentemente eles não têm motivos para comemorar ou ho-menagear.

Em inglês, o Dia de Finados é traduzido para All Soul's Day ("Dia de Todas as Almas", na tradução literal para o português).

O Dia de Finados é antecedido pelo Dia de Todos os Santos (1º de novembro), outra data que se dedica a homenagear a alma de todas as “pessoas santas” e mártires anônimos ao redor do mundo.

Esta data celebra o profissional responsável em gerir e administrar as decisões da escola, colaborando para construir um bom ambiente pa-ra os professores, alunos e demais colaboradores dos colégios.

Em alguns estados brasileiros, o Dia do Diretor Escolar é comemora-do em 18 de outubro. Em São Paulo, por exemplo, a Lei nº 10.927, de 11 de outubro de 2001, declara o dia 18 de outubro como o dia oficial do Diretor de Escola no estado.

Em outros estados do país, como o Paraná, Maranhão e Pernambu-co, a data é celebrada em 12 de novembro.

A data homenageia os personagens responsáveis por desbravar e a-judar a conquistar e proteger grande parte do território brasileiro du-rante o período da colonização portuguesa: os bandeirantes.

Bandeirantes eram chamados os exploradores que saiam do litoral em direção ao interior do Brasil, uma região até então inexplorada, em busca de ouro e pedras preciosas. Foram responsáveis pela expan-são do território nacional, mas ao mesmo tempo, um dos principais inimigos dos indígenas da época.

Os bandeirantes caçavam os índios e negros e os escravizavam du-rante as expedições. Foram um dos grandes protagonistas do sistema escravocrata no período do Brasil Colonial.

As expedições organizadas por grupos particulares (senhores do en-genho, fazendeiros, comerciantes) eram chamadas de Bandeiras, já os grupos de desbravadores enviados pelo governo recebiam o nome de Entradas.

A Proclamação da República do Brasil foi decretada em 15 de novem-bro de 1889, sendo este o momento em que o regime republicano foi instalado no país, derrubando a monarquia constitucional parlamenta-rista do Império e acabando com a soberania de Dom Pedro II, impe-rador do Brasil naquele tempo.

A Proclamação da República aconteceu no Rio de Janeiro, a antiga capital do país, por um grupo de militares liderado pelo Marechal Deo-doro da Fonseca, que deu um golpe de estado no Império.

Marechal Deodoro da Fonseca instituiu uma república provisória e se consagrou o primeiro presidente do Brasil. A partir desse momento, a população poderia eleger os seus governantes, através de voto direto.

O Brasil era considerado o único país independente do continente a-mericano que ainda era governado por um imperador. A independên-cia do país já havia sido conquistada em 7 de setembro de 1822, atra-vés do decreto de D. Pedro I.

A criatividade é considerada como uma aptidão para inventar ou criar coisas novas. Uma pessoa criativa é uma pessoa inovadora, que tem ideias originais.

Esta característica pode se revelar em várias áreas diferentes, como a música, poesia, pintura, etc. Em algumas profissões a criatividade é um elemento essencial, como nas agências de publicidade e design.

Além disso, a criatividade também pode estar relacionadas com áreas como a engenharia (nas suas várias vertentes). Isto porque a criativi-dade é uma atitude de alguém que cria soluções para resolver um de-terminado problema.

A criatividade está relacionada com a capacidade de fazer perguntas e procurar respostas para essas perguntas, usando para isso a capa-cidade de imaginação.

Uma pessoa criativa é uma pessoa pioneira, que tenta fazer coisas que nunca foram feitas antes. A criatividade faz o mundo avançar, o pensamento criativo do ser humano foi o motor que capacitou grandes invenções e descobertas.

No Dia da Criatividade comprometa-se a ser criativo no trabalho, na escola ou em casa. Faça as coisas de modo diferente, desde as refei-ções ao desporto que pratique. Aponte as suas ideias. Faça um vídeo, componha uma música ou escreva um texto para partilhar com os a-migos ou para guardar para si mesmo.

A data tem o objetivo de alertar a sociedade sobre os casos de violên-cia e maus tratos contra as mulheres. A violência física, psicológica e o assédio sexual são alguns exemplos desses maus tratos.

De acordo com as estatísticas, uma em cada três mulheres sofre de violência doméstica. A violência contra a mulher é uma questão social e de saúde pública, não distingue cor, classe econômica ou social, está presente em todo o mundo. A Organização das Nações Unidas (ONU), desde 1999, reconhece o dia 25 de novembro como o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres.

A data surgiu em decorrência do Dia Latino-americano de Não Violên-cia Contra a Mulher, que foi criada durante o Primeiro Encontro Femi-nista Latino-Americano e Caribenho de 1981, realizado em Bogotá, Colômbia, comemorado em 25 de novembro, em homenagem às ir-mãs Pátria, Maria Tereza e Minerva Maribal, que foram violentamente torturadas e assassinadas nesta mesma data, em 1960, a mando do ditador da República Dominicana Rafael Trujillo.

As irmãs eram conhecidas por "Las Mariposas" e lutavam por solu-ções para os diversos problemas sociais de seu país, a República Do-minicana.

O principal objetivo desta data é alertar a população brasileira sobre os diferentes tipos de tratamentos e, principalmente, como evitar esta doença, considerada a segunda que mais mata no Brasil e no mundo.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde – OMS, a-proximadamente 30% das mortes provocadas pelo câncer poderiam ter sido evitadas, caso o paciente tivesse feito o diagnóstico prematu-ramente, ou com ações preventivas para garantir hábitos mais saudá-veis.

No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) é o órgão responsá-vel pela coordenação e desenvolvimento de campanhas e estudos relacionados com esta doença, em parceria com o Ministério da Saú-de.

Fonte:

12 - Dia do Diretor de Escola

25 - Dia Intern. Elim. da Violência Contra as Mulheres

27 - Dia Nacional de Combate ao Câncer

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14 - Dia do Bandeirante

15 - Proclamação da República

Novembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 13

Meritocracia

CONTOS E CURIOSIDADES

“Vintém poupado, vintém ganho”, dizem certos ricos que “não abrem a mão nem pra dar bom dia”, ou que “parece que têm es-corpião no bolso”.

São geralmente avarentos, agiotas. Muitos sinônimos identificam as pessoas obceca-das por acumular dinheiro. Um cara desses diz que é “econômico” ou “seguro”, mas os outros usam outras palavras. Por exemplo: pão-duro, fominha, filárgiro, munheca, mão de vaca, ridico (corruptela de ridículo), vina-gre, casca, socranca, somítico, gaveteiro, sovina, forra-gaitas, muquirana, mofino, usureiro, morrinha, avaro, cobiçoso, unha de fome, miserável, mão fechada, mesqui-nho, sórdido, munheca de samambaia, so-velão, resmelengo, fuinha, morto de fome, tacanho, sovina, unhaca, tranca, mão-de-vaca…

Lembro-me de um sujeito desses que mora-va numa pequena cidade do litoral paulista.

Na época, existia o hábito de um dia por semana os mendigos irem de porta em por-ta pedindo esmola. Pulavam a casa dele, porque sabiam que dali não sairia nada.

Um dia, apareceu lá um mendigo de fora, que não sabia da fama do dito cujo. Bateu na porta da casa dele e o sujeito gritou lá de dentro:

― Quem é?

O mendigo falou com voz sofrida:

― Esmola…

A resposta que veio lá de dentro:

― Pode colocar por baixo da porta.

S e -gundo um ditado brasileiro, se ferradura desse sorte burro não puxava carroça. Mas muita gente poderosa acreditava nos pode-res dela. O presidente Harry Truman tinha uma em cima da porta de seu gabinete, e o almirante Lord Nelson mandou pregar uma no alto do mastro de sua nau capitânia.

O candomblé era “vigiado” pela polícia na Bahia, os terreiros tinham que ter registro policial. Só em 15 de janeiro de 1976 é que acabou a exigência de registro.

Mês que vem tem mais

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Meritocracia, neologismo cunhado pelo so-

ciólogo britânico Michael Young nos anos

1950, é uma palavra híbrida, formada pelo

latim mereo e pelo grego antigo κράτος,

transl. krátos que estabelece uma ligação

direta entre mérito e poder.

No texto introdutório sobre a meritocracia, defi-nimos este conceito que é largamente aplicado nas sociedades democráticas ocidentais. A justiça meritocrática, baseada na capacidade e esforço de cada um, é um princípio que ori-enta o sistema educacional dessas socieda-des, incluindo a brasileira. Dissemos que a meritocracia na educação de-pende da igualdade de oportunidades. Oportu-nidades iguais, por sua vez, supõem igualdade de acesso, segundo análise do sociólogo fran-cês François Dubet (2004). No Brasil, a univer-salização do acesso ao ensino caminhou a lar-gos passos a partir da década de 40 do século passado. Hoje, quase 100% das crianças em idade escolar acessam ao ensino fundamental. Em etapas posteriores, como o ensino médio e principalmente o ensino superior, a realidade é outra. É evidente que a ampliação do acesso ao ensi-no deve ser comemorada, mas ainda é uma meta limitada se estamos procurando uma e-ducação justa – isto é, que não perpetue injus-tiças e desigualdades – e de qualidade. Pois, em resposta à escola que se expandiu, Dubet afirma que “essa escola não se tornou mais justa porque reduziu a diferença quanto aos resultados favoráveis entre as categorias soci-ais e sim porque permitiu que todos os alunos entrassem na mesma competição”(2004, p. 541). Há de se pensar que uma concepção pura-mente meritocrática da justiça escolar traz i-mensas dificuldades. Antes de procurarmos modificar esse princípio, é necessário entender que dificuldades são essas. Dubet (2004) des-taca cinco: – Os alunos apresentam base e formação dis-tintas, decorrentes das condições sociais dos pais e das suas possibilidades e capacidades em acompanhar a educação dos filhos. Aqui há dois problemas: as desigualdades entre pesso-as, pois mesmo nos alunos de camadas soci-ais semelhantes o desempenho escolar pode variar bastante; e as desigualdades entre as classes, pois as desigualdades sociais pesam muito nas desigualdades escolares. As “bagagens” distintas desses alunos fazem com que uns tenham vantagens sobre os outros na escola. Valorizar essa diferença significa repro-duzir desigualdades; – A oferta do ensino é desigual, pois não só as famílias e os alunos são diferentes, como ainda o sistema educacional não é homogêneo entre si, sobretudo em países de dimensões conti-nentais como o Brasil. Escolas de bairros peri-

féricos geralmente sofrem mais dos problemas existentes naquela comunidade. Tem-se uma menor estabilidade do corpo docente, maiores entraves etc; tampouco as famílias são escola-rizadas a ponto de engajarem-se em mudan-ças na escola. Logo, a competição que serve de pressuposto à meritocracia não é perfeita-mente justa e tende a valorizar estudantes e escolas de meios mais favorecidos; – O modelo meritocrático apresenta cer-ta crueldade, à medida que os “vencidos”, os alunos que fracassam, não são mais vistos co-mo vítimas de uma injustiça social e sim como responsáveis pelo seu fracasso, uma vez que a escola lhes deu, a priori, todas as chances de obter sucesso. A justiça meritocrática, dessa forma, reduz a escola a uma competição na qual boa parte do alunado é excluída. Alunos responsabilizados pelo seu fracasso tendem a construir uma imagem de “maus alunos”, sofre-rem de baixa autoestima, desmotivação e vio-lência. Quando o fracasso é visto não mais co-mo um produto da condição social e sim como fruto de uma competição justa entre os indiví-duos, estamos diante da legitimação das desi-gualdades sociais. – O modelo de igualdade de oportunidades a-carreta sérios problemas pedagógicos. Se for pressuposto que todos os alunos estejam en-volvidos na mesma competição e sejam sub-metidos às mesmas provas, as diferenças se aprofundam rapidamente. Em pouco tempo, nota-se que alguns alunos são incapazes de competir. Mas a competição continua. Gradati-vamente cria-se um abismo entre os “alunos bons” e os “alunos ruins”. Ao assumirmos que essa desigualdade é produto de toda e qual-quer competição – que se deu sob as mesmas condições, logo, justa –, admitimos a falência da escola na educação de todos. – Finalmente, podemos questionar a própria noção do mérito. Ao darmos relevo àqueles poucos alunos de melhor desempenho, visto que há a necessidade de se premiar os melho-res, justificamos a maior produção de “vencidos” que de “vencedores”. É válido pen-sar: o que é o mérito? Mérito é transformar he-rança em virtude? Mérito é legitimar desigual-dades e o poder dos dirigentes? Mérito existe e pode ser medido? Se não somos responsáveis por nosso nascimento, como sê-lo por nossas aptidões? As dificuldades de uma noção de justiça pauta-da pelo mérito são tantas que fica evidente a importância de se procurar outros conceitos de justiça. Enquanto as sociedades democráticas liberais fazem uso da meritocracia como um pilar fundamental, vemos que uma escola pura-mente meritocrática atua na contramão de um sistema justo e democrático. Fonte: ensaiosdegenero.wordpress.com

Novembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 14

Cultura simbólica

"A FAMÍLIA REAL BRASILEIRA NÃO TEM O DIREITO DE DIZER QUEM SERÁ O REI"

Loryel Rocha

É consabido que o sistema político brasileiro é um caos porque assentado em quadrilhas que se revezam no poder. Na busca de soluções a essa questão, tem sido aventada a possibilida-de do retorno da monarquia, uma possibilidade a considerar desde que não seja uma monar-quia parlamentarista. Explico.

O título deste artigo foi extraído de uma entre-vista do Príncipe D. João ao Jornal Gazeta do Povo e cujo link encontra-se no fim deste. A frase, vinda de um membro da Família Imperial brasileira, expressa um anacronismo estratos-férico por parte de D. João, evidenciando, en-tre outras coisas, que o que ele entende por Monarquia deve ser o modelo que Napoleão implantou na França, uma vez que para ele a sucessão dinástica é mera figura de retórica que pode ser jogada no limbo da história. Se-gundo ele, o parlamento pode e deve escolher o Monarca. Assim, Lula ou FHC ou João Dória poderiam ser Monarcas do Brasil. Portanto, D. João apregoa uma Monarquia não hereditária, mas, política. Os brasileiros são realmente in-ventivos!

Esqueceu-se (?!) na sua preleção de conside-rar que nas Casas monárquicas verdadeiras a Família Real é uma Instituição e como tal seus membros são educados e formados para a função e o cargo que ocuparão. Por conse-guinte, o que ele chama de "Monarca", na au-sência desta Instituição e desta educação ori-unda de uma tradição familiar Real, é um mero títere de forças políticas, ou seja, um indivíduo qualquer, despreparado e que sequer sabe distinguir entre duas instituições completamen-te distintas: a COROA e o MONARCA. Como esse despreparado "Monarca" vai reinar é coi-sa que somente o Capeta poderia explicar. O

Príncipe parece desconhecer, desprezar ou confundir (?!) por completo o que são estas duas instituições completamente distintas, a COROA e o MONARCA. A sequência da en-trevista é uma bizarrice sem fim que culmina exemplificando que o melhor modelo de Mo-narquia para o Brasil é a parlamentarista im-plantada por toda a Europa e que FHC e Frei Betto são figuras excelentes.

Está na moda no Brasil falar de implantar essa estultice de monarquia parlamentarista segun-do os moldes europeus. Oras, pois foi precisa-mente esse modelo de monarquia que permitiu que o projeto globalista da Nova Ordem Mundi-al se implantasse na Europa entregando-a nas mãos do conglomerado de Bilderberg o que levou a Europa a total destruição, como se po-de constatar. As monarquias atuais da Europa são fabricadas, são falsas. Um breve estudo da origem delas após a II Guerra deslinda a trama por detrás da sua "eleição". Mas, é pre-cisamente esse modelo que a própria Família Imperial vem apregoando como o ideal para ser implantado no Brasil, como se não existis-se outros modelos de monarquias.

Não é só D. João que parece confundir a Coro-a com o cargo de Monarca. A propaganda pró-monárquica brasileira tem confundido (?!) deli-beradamente as duas instituições da Coroa e do Monarca ao ponto de submeter a primeira (Coroa) ao Monarca, como se o Monarca fosse mais importante e vital do que a Cora. Usam, por exemplo, indiscriminadamente a pessoa de D. Pedro II (a instituição Monarca) como mode-lo de Coroa. É evidente que ou isso é uma fraude de proporções homéricas ou trata-se do mais absoluto caso de ignorância já praticado por membros e prosélitos da família Imperial, e neste caso, sem fatos que os possam abonar ou atenuar dado que se trata de família que pretende ser alçada de volta à Realeza e por conseguinte tem a obrigação de ter PERFEITA

ciência daquilo que reinvindicam e da Tradição da qual se dizem herdeiros e partícipes legíti-mos.

Não há que botar panos quentes nisso. O Im-pério do Brasil instaurado em 1822 é um proje-to maçônico. Nele a instituição da Coroa não é uma Coroa de fato, trata-se de um simulacro institucional. Este modelo governativo privilegi-ou o cargo do Monarca em detrimento da insti-tuição da Coroa, ou seja, inverteu um papel institucional que de modo algum poderia ser invertido. A Coroa do Império era Constitucio-nal. O que isso significa? Que a Coroa é, por essência, materialista. Oras, o que significa o fato da instituição da Coroa ser contrária à Deus, ao modo de vida da Cultura Ocidental cristã? Significa que o Estado e a Cultura po-dem ser materialistas. Este é 1 (há muitos ou-tros) dos problemas do Império do Brasil forja-do como golpe de Estado em 1822. O fato de ter permanecido a mesma dinastia no governo brasileiro ( no caso os Braganças) dá a impres-são de que a instituição da Coroa permanece intacta. Ledo engano. Essa estratégia foi uma manobra proposital do movimento revolucioná-rio cujos objetivos inconfessos escondem-se por trás de outros cenários obscuros respeitan-tes à suposta Independência, jamais revelados ao público sob pena de deixar à mostra o mal-dito projeto revolucionário cujo objetivo era destruir a Cultura Ocidental e Cristã.

Qualquer que seja o modelo de governo e de sistema político a ser implementado no Brasil ele deve primar pela decência e pela VERDA-DE de seus propósitos. O Brasil precisa ser REFUNDADO e que o seja com ÉTICA e na VERDADE, doa a quem doer, custe o que cus-tar. Basta de engodos!

Link: http://www.gazetadopovo.com.br/politica/republica/a-

familia-real-nao-tem-o-direito-de-dizer-quem-sera-o-rei-diz-dom-joao-de-orleans-e-braganca-

Numa sociedade movida à dinheiro e hipocrisia, encontramos pessoas propensas aos mais diversos rumos incluindo-se a devassidão. Cuidado com quem andas, pois tua companhia sumariza quem és. Não tenha medo de lutar pelo que acredita, apenas seja você mesmo nos mais diver-gentes momentos que possam surgir. Fazendo isto, certamente afetará os que estão à tua volta que não gostam do que veem. Saberão fazer a triagem do joio e do trigo. Só tome cuidado com o lado com que ficará, pois uma escolha errada pode te afetar drasticamente. Pense no seu futuro. Sua escolha hoje, será o seu futuro amanhã. Seja feliz, haja com honestidade sempre. Mas acima de tudo, cuidado com o que te tornarás!

Filipe de Sousa

BRASIL IMPÉRIO Chama-se de Brasil Império o período histórico do nosso país que se iniciou em 07 de setembro de 1822 (Independência) e 15 de novembro de 1889 (Proclamação da República), durando quase 68 anos. Nesse período, ou em boa parte dele, o Brasil era governado por Monarcas, que nada mais eram do que os Imperadores. Um parlamento ha-via sido formado com o intuito de discutir e aprovar leis e era composto por deputados e senadores. Foi assim, então, que o Brasil passou a ter a sua Constituição e por isso também nomeiam esse feito de Monarquia Parlamentar Constitucio-nal. Nesse resumo do Brasil Império acrescentamos que ele foi dividido entre primeiro e segundo reinado. O Primeiro Reinado se iniciou quando o país se tornou independente de Portugal, em 1822, permanecendo ainda como uma Monarquia. O primeiro imperador dessa nova era foi D. Pedro que governou até 1831, antes de abdicar do trono e retornar a Portugal. Antes mesmo da Independência, em meados de 1822, D. Pedro I havia convocado uma Assembleia Constituinte, tendo seus deputados es-colhidos através do voto do povo.

Novembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 15

EUROPA hoje e ontem (artigo continuado)

Por: Michael Löwy

Sociólogo, é nascido no Brasil, formado em Ciências Sociais na Universidade de São Paulo, e

vive em Paris desde 1969. Diretor emérito de pesquisas do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS). Homenageado, em 1994, com a medalha de prata do CNRS em Ciências Sociais, é autor de Walter Benjamin: aviso de

incêndio (2005), Lucien Goldmann ou a dialética da totalidade (2009), A teoria da revolução no

jovem Marx (2012) e organizador de Revoluções (2009) e Capitalismo como religião (2013), de

Walter Benjamin

Capitalismo e democracia na Europa

PARTE XXIII

É porque os fundos e bancos europeus estão seriamente afetados pela crise grega que os abutres concordaram com um novo resgate por valor de 85 bilhões de euros, que o FMI considera insuficiente, para pagar esses credores, em primeiro lugar os credores dos bancos gregos. O resgate do Estado e da banca da Grécia será pago pelos trabalhadores da Grécia e de toda a Eurozona.

Duas Manifestações sobre a Crise Grega

Declaração de 109 (de um total de 201) membros do Comitê Central de Syriza: “A 12 de julho em Bruxelas teve lugar um golpe que demonstra que o objetivo dos dirigentes europeus era aplicar um castigo exemplar a um povo que ousara aspirar a outro caminho, diferente do modelo neoliberal de austeridade extrema. É um golpe dirigido contra qualquer noção de democracia e de soberania popular. O acordo firmado com as “instituições” é o resultado de ameaças de estrangulamento econômico imediato, e representa um novo Memorando que impõe condiciones humilhantes e odiosas de tutela, destrutivas para nosso país e nosso povo.

“Somos conscientes das pressões asfixiantes que se exerceram sobre a representação grega, mas consideramos que o orgulhoso NÃO do povo trabalhador grego no referendo não permite ao governo ceder diante da pressão dos credores. Esse acordo não é compatível com as ideias e os princípios da esquerda e, por cima de tudo, não é compatível com as necessidades das classes trabalhadoras. Esta proposta não é aceitável por parte dos membros e quadros de Syriza Chamamos à convocatória imediata do Comitê Central e fazemos um chamado aos militantes, quadros e deputados de Syriza para preservar a unidade do partido sobre a base de nossas decisões congressuais e nossos compromissos programáticos”. Atenas, 15 de julho de 2015

Declaração de solidariedade com o povo grego contra o novo terceiro pacote de auster idade imposto pe la t ro ïka: “Denunciamos o novo e bárbaro “programa de

resgate” de canibalismo social imposto à Grécia pela troïka da UE, o Banco Central Europeu e o FMI. Depois de cinco anos de “austeridade” draconiana para salvar os bancos com o sangue e as lágrimas do povo grego, os dois anteriores “programas de resgate” fracassaram totalmente em resolver a crise, tornando-a muito pior. A população da Grécia está condenada à miséria permanente, com 40% da mesma sobrevivendo sob a linha de pobreza. A 12 de julho de 2015, uma nova “listagem de horrores” (na expressão da revista alemã Der Spiegel) exigida pela troïka, foi finalmente aceita pelo governo Tsipras.

“O povo grego não pode nem poderá aceitar os ditames de Bruxelas, Berlim e Washington. Saudamos a contínua resistência heroica dos trabalhadores gregos e dos setores empobrecidos, sobretudo da geração jovem, manifestada poderosamente na massiva mobilização de 3 de julho e na vitória do NÃO / OXI com 62% dos votos no referendo de 5 de julho contra a chantagem das “instituições” imperialistas, continuadas agora com as mobilizações populares de 15 e 22 de julho contra o novo Memorando. Condenamos sem equívocos a traição à vontade popular expressa democraticamente na vitória do NÃO / OXI. A honestidade intelectual e política demanda chamar o pão, pão, e a capitulação, capitulação. A coalizão do governo Tsipras, Syriza e ANEL, capitulou ao firmar um “programa de austeridade” pior do que o rejeitado no referendo. Entra agora em rota de colisão com os setores populares mais prejudicados, que tinham investido suas esperanças em Syriza para dar fim à tortura eterna da austeridade.

“Estamos com a classe operária e as forças populares, dentro e fora de Syriza, na sua rejeição do pacto vergonhoso de entrega aos mafiosos do capital global, que converte Grécia em um protetorado da EU, com um governo de “boa vontade” expurgado de toda oposição de esquerda, antidemocrático e refém das forças da reação burguesa, no interior e no exterior do país. Convocamos internacionalmente àqueles que sentem na própria carne a ignomínia do terceiro pacote de austeridade imposto ao povo grego, aos seus trabalhadores e à sua juventude precarizada, a se somar em solidariedade a esta declaração, difundindo-a por todos os meios.

Só uma massiva resposta internacional dos explorados, manifestada militante e publicamente nas ruas, nos locais de trabalho, nos meios alternativos e redes sociais, pode derrotar a pretensão imperial europeia de transformar Grécia em sua colônia. Fazer isso hoje por Grécia, buscando a vitória, significa impedir que os planes imperiais de canibalismo social sejam implementados no restante do mundo”.

Mediante a imposição de um ajuste selvagem à Grécia, a burguesia imperialista alemã, apoiada pela poderosa socialdemocracia de seu país, conseguiu tornar mais agudas as rivalidades interimperialistas dentro e fora da

Europa. Isto se expressou no conflito entre o FMI e a UE – entre os Estados Unidos e a Alemanha – sobre a sustentabilidade da dívida grega e a necessidade de sua redução. Os “redutores” (o FMI) reclamam, porém, inclusive com mais força do que os EUA, a mais draconiana austeridade na Grécia. O governo Obama não ocultou seu temor de que o Grexit implicasse na criação de um “risco sistêmico global”, como o manifestou Jack Lew, Secretário do Tesouro dos EUA, preocupado com a situação precária da economia norte-americana, que se prepara para um aumento das taxas de juros.

O eixo franco-germano da integração c a p i t a l i s t a e u r o p e i a r o m p e u - s e progressivamente; França está afundada no sobre-endividamento, na desindustrialização e no descontentamento social. François Hollande e seu governo “socialista”, que alimentaram as ilusões de Syriza, foram mais um instrumento da pressão e chantagem sobre a Grécia, mas foram obrigados a tomar alguma distância da literal tortura da delegação negociadora grega imposta por Schäuble, e chegaram a pedir um “Grexit temporal”: “A maratona de negociações que manteve a Grécia na zona do euro, com enorme custo para a soberania política do país, definiu um novo cenário político para o continente. Ao forçar o governo Tsipras a uma rendição abjeta – ignorando os pedidos de alguns de seus vizinhos, em particular a França – Alemanha exerceu com estrondo, talvez pela primeira vez após a reunificação, seu poder no palco europeu”.

Duas crises ficaram escancaradas: a da UE, que pode conduzi-la à sua explosão, e a das relações UE/Alemanha-EUA, e tudo a partir de um elo menor da corrente, a Grécia. No capitalismo “global”, o rabo abana o cachorro.

A estratégia política (largamente improvisada) de Syriza, por sua vez, chegou a um ponto final, o que põe sobre o tapete a questão do programa e da direção política na Grécia. Como constatou Stathis Kouvelakis: “O cenário do “bom euro” pressupunha a existência de aliados de algum significado ao nível dos governos e/ou instituições (a referência aqui não é o apoio dos movimentos sociais ou outras forças de esquerda).

Os governos da França e da Itália, os socialdemocratas alemães, e, finalmente, em um verdadeiro frenesi de fantasia, o próprio Mario Draghi eram de vez em quando invocados como tais potenciais aliados. Tudo isso veio por água abaixo em poucos dias. As expressões “redução” da dívida e até mesmo o famigerado “corte de cabelo” foram rejeitadas da forma mais categórica possível, por credores que ficam enfurecidos só de ouvi-las… Raramente foi uma estratégia refutada tão inequívoca e tão rapidamente”.

EEK, Partido Revolucionário dos Trabalhadores, na rua.

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ÚLTIMA PARTE

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Mas como o senhor pôde fazer isso?

Nestes dias, por acaso, encontrei um artigo no site da DW Brasil de um jornalista alemão chamado Thomas Fischermann que é corres-pondente na América do Sul. E o artigo me chamou à atenção. Na coluna “Pé na praia”, o título do artigo é “Entre falsos bávaros”, data de 18 de outubro de 2017, no qual o autor cri-tica os descendentes de imigrantes alemães no Sul do Brasil, que no ponto de vista dele, vivem presos em uma nostalgia, congelados em uma cultura do passado, ao invés de se atreverem a renovar e, critica também a Okto-berfest de Blumenau, uma cidade fundada por imigrantes alemães de Baden, Braunschweig, Holstein, Hanôver, Pomerânia, Prússia, Saxô-nia e tem uma festa típica da Bavieira. Ou se-ja, para ele, a Oktoberfest em Blumenau é u-ma incoerência por não ter descendente de bávaros lá. Eu pessoalmente acho agradável a Oktoberfest em Blumenau, é rentável para aquele município. Apoio a Oktoberfest catari-nense. Mas eu sou brasileiro e o colunista que escreveu o artigo é alemão, não vamos ver a Oktoberfest catarinense da mesma forma.

Mas a parte do artigo que realmente me chamou a atenção, apesar de ser a opinião pessoal dele e não de todos os alemães, que fique claro, é ele ter dito que os germânicos do sul do Brasil “vivem presos em uma nostal-gia, congelados em uma cultura do passado, ao invés de se atreverem a renovar”. Ele se restringiu aos descendentes de alemães, mas eu observo a sociedade brasileira de forma muito mais ampla e já percebi faz tempo que, no Brasil, muita gente tem resistência à mo-

dernização, à evolução, às mudanças. O jor-nalista foi rude, grosseiro com os blumenau-enses, é o jeito dos norte-europeus, ser seco, sincero demais doa a quem doer, e custe o que custar, não fingir só para não desagradar as pessoas, são diferenças culturais, ele ma-nifestou a opinião dele sobre o assunto. Quanto ao que eu percebo, por exemplo, no Brasil existe uma combinação de resistência e falta de dinheiro para investir, no Brasil há u-ma resistência a investir em educação escolar boa, a investir muito em pesquisas científicas, em inovação. No mundo do século 21, um pa-ís ser desenvolvido significa ter IDH elevado, renda per capta elevada, a maioria da popula-ção do país ser bem alfabetizada, e no Brasil há uma crença no mito do PIB elevado ser o que conta. É muito difícil de se pôr em prática no Brasil um projeto que beneficie os menos favorecidos com a finalidade de reduzir as de-sigualdades sociais sem que haja furiosa re-sistência por uma boa parcela da própria soci-edade civil. É como se o Brasil tivesse parado na 2.ª Revolução Industrial, seguisse parâme-tros ultrapassados de progresso.

O jornalista alemão autor do artigo, cida-dão de uma Alemanha do início do século 21, enxergou as colônias alemãs do sul do Brasil, região considerada mais próspera que a mai-or parte do Brasil, como “Alemanha do passa-do”. É uma típica crítica desagradável, um golpe no ego. Já eu tenho a informação que Blumenau é uma das melhores cidades do país. Não sou catarinense, não sou descen-dente de alemães mas, sou brasileiro e me questiono se a sociedade civil do meu país

realmente tem tendências provincianas, ou se eu é que sou exigente, crítico demais, insatis-feito demais. Porque eu gosto de modernida-de, de tecnologia avançada, de evolução, to-davia o Brasil não tem a obrigação de ser co-mo a Europa Ocidental ou os Estados Unidos e Canadá, o Brasil tem o direito de ter a sua própria identidade, os seus costumes.

Quando um estrangeiro faz críticas ao Brasil, ou à um pedaço do Brasil, muitos bra-sileiros revoltam, ficam indignados, se enfure-cem, alguns chegam a destilar xenofobia. Mas como o senhor jornalista alemão pôde fazer isso, falar mal dos seus anfitriões que lhe re-ceberam com tanta consideração e que tanto amam as suas origens teutônicas? Mas, será que vale a pena nos incomodarmos tanto com a opinião de pessoas de outros países quan-do elas nos reprovam? E mais importante do que isso, será que já não passou da hora de a nossa sociedade civil rever conceitos e parâ-metros? Abrir mais as mentes? Será que a nossa sociedade não prejudica a si mesma tendo a maneira que tem de enxergar e en-tender o mundo e as relações sociais? Entre nós brasileiros, em benefício da nossa socie-dade. Não seria bom refletirmos? Será que a nossa sociedade realmente é anacrônica? Ou, será que estamos no caminho certo? Ca-da um de nós pode se perguntar, refletindo, será que a situação atual nos beneficia a to-dos? É assim que as coisas realmente têm que ser? Não seria melhor para nós mudar-mos em alguns aspectos?

João Paulo E. Barros

Edição 120 - Novembro 2017 - Última página

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Um político incomum ao perfil do seu país?

Eu estou surpreso com o político britânico Je-remy Corbyn no que se refere a ideias sobre política externa. Eu já li na internet e até vi em filmes e seriados, britânicos que não gostam de norte-americanos e nem dos EUA, que in-sultam, fazem sarcasmos, mas um político bri-tânico odiar os Estados Unidos, querer o Rei-no Unido fora da OTAN, simpatizar aberta-mente com Chavez, é novidade para mim. E ele tem chances de ser o próximo primeiro-ministro britânico. A dez anos atrás, em 2007, eu estava fazendo um cursinho preparatório para con-cursos públicos e tinha uma disciplina de “Atualidades”, que incluía Geopolítica. Con-versando à sós com o professor, eu falei para ele que, ao invadir o Iraque em 2003, o presi-dente americano George W. Bush semeou a

decadência dos Estados Unidos como super-potência hegemônica mundial, e que na déca-da seguinte, quem vivesse veria os Estados Unidos perdendo influência no mundo para outras potências emergentes como a China. No entanto, eu acreditava que seria na Alema-nha, na França e na Itália que iriam aparecer governantes rebeldes aos EUA que se alinha-riam à Rússia para libertar a Europa da influ-ência norte-americana. Eu já acreditei a anos atrás que até o Japão iria ter, no futuro, um primeiro-ministro rebelde aos EUA. Mas sem-pre cri que todo governante inglês pós-Segunda Guerra Mundial fosse sempre leal à Washington D.C. e, li na internet a informação de que Jeremy Corbyn odeia os EUA. Apesar do Partido Trabalhista britânico, a Grã-Bretanha é onde começou a Revolução Indus-trial, e junto com os Estados Unidos, é territó-rio-base do capitalismo global. Para Jeremy Corbyn, a União Europeia é um clube exclusi-vo de neoliberais ricos, ele provavelmente não

vai parar o processo do Brexit, se for eleito. Hoje já há governantes de países tradi-cionalmente aliados dos EUA que viraram às costas para Washington D.C. como o turco Edorgan e o filipino Duterte, e até a Arábia Saudita demonstrou interesse em se aproxi-mar da Rússia. A hegemonia global dos EUA está enfraquecendo. Imagine um primeiro-ministro ideologicamente socialista na Grã-Bretanha e um presidente como Donald Trump nos EUA? As relações diplomáticas entre os dois países anglo-saxões azedariam muito. Se bem que o presidente não é dono dos EUA e nem o primeiro-ministro é dono da Grã-Bretanha. Ambos os países têm três po-deres estatais, o Congresso americano e o Parlamento britânico têm peso na política des-ses países. Ninguém pode fazer tudo o que quer só porque governa nesses dois países. Mas, seria um cenário geopolítico incomum e curioso.

João Paulo E. Barros