11º Ano Maias Análise Do Episódio Do Jantar No Hotel Central

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  • 7/26/2019 11 Ano Maias Anlise Do Episdio Do Jantar No Hotel Central

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    AASSMMAARRCCAASSDDAAPPOOCCAANNOOEEPPIISSDDIIOO

    Este episdio favorece, de certo modo a obra, pois, Ea d uma radiografia dasituao do nosso pas naquela altura, podendo assim apresentar a sua visocrtica de acerca da literatura e de alguns problemas sociais, histricos, polticose financeiros do pas e a mentalidade limitada e retrgrada dos portugueses.

    Desta forma, neste episdio so discutidos alguns temas que nos permitem teruma perceo clara da poca que a obra retrata.

    Que temas so esses?

    1. a Literatura(a crtica literria)

    2.

    asfinanas3. a histria e poltica de Portugal,

    Esses temas so abordados e discutidos por alguns senhores, tais como,Joo da Ega (promotor da homenagem no jantar e representante doRealismo / Naturalismo); Jacob Cohen (o homenageado, representante dasaltas Finanas); Toms de Alencar (o poeta ultra-romntico);DmasoSalcede (o novo-rico, simboliza os vcios do novo-riquismo burgus, acatedral dos vcios) e Craft (o britnico, simboliza a cultura artstica e

    britnica, o rbitro das elegncias).

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    Marcas da poca a nvel Literrio:

    Alencarrevela ser opositor do Realismo / Naturalismoe defensor dacrtica literria da natureza acadmica, Esse mundo de fadistas, de faias,

    parecia a Carlos merecer um estudo, um romance... Isto levou logo a falar-

    se do Assomoir, de Zola e do realismo: - e o Alencar imediatamente,limpando os bigodes dos pingos de sopa, suplicou que se no discutisse, hora asseada do jantar, essa literatura latrinaria. Ali todos eram homensde asseio, de sala, hein? Ento, que se no mencionasse o excremento! |

    Pobre Alencar! O naturalismo; esses livros poderosos e vivazes, tirados amilhares de edies

    Designa o realismo/naturalismo como: literatura latrinria;excremento; pstula, pus;

    Culpabilizao naturalismo de publicar rudes anlises que se apoderam

    da Igreja, da Burocracia, da Finana, de todas as coisas santas dissecando-as brutalmente e mostrando-lhes a leso(pg. 162), e deste modo destri avelhice de romnticos com ele;

    Acusao naturalismo de ser uma ameaa ao pudor social (pg.163);

    Criticaos verso de Craveiro e acusa-o de plgio, pois numa simplesestrofe dois erros de gramtica, um verso errado, e uma imagem roubada deBaudelaire!(pg.172/174).

    Esta personagem revela-se incoerente, pois condena no presente o que

    defendera no passado em relao ao estudo dos vcios da sociedade, mostraque um falso moralista, uma vez que se refugia na moral, por no ter outraarma de defesa, considerando o Realismo/ Naturalismo imoral. umdesfasado do seu tempo, defende a crtica literria de natureza acadmica.(Mostra uma sociedade dominada por valores tradicionais, que se ope auma nova gerao, a gerao de 70 representada por Ega).

    Este ope-se a Joo da Ega, defensor da escola realista/naturalista.Egaexagera e defende o cientificismo na literatura. No distingue cincia eliteratura.

    O naturalismo, com as suas aluvies de obscenidade, ameaava corromper o pudor

    social? Pois bem. Ele, Alencar, seria o paladino da Moral, o gendarme dos bonscostumes., mostra estar desfasado do seu tempo e muito preocupado com aspectos

    formais em detrimento da dimenso temtica e com o plgio. Em contrapartida, Egadefende o Realismo/ Naturalismo, exagera demasiado ao defender o cientificismo naliteratura e revela ignorncia nas diferenas entre Cincia e Literatura. Em relao aCarlos e Craft, estes recusam o ultra-romantismo de Alencar e o exagero de Ega, Carlosconsidera inadmissveis os ares cientficos do realismo e defende que os caracteres semanifestam pela ao, Ega trovejou: justamente o fraco do realismo estava em ser

    ainda pouco cientfico, inventar enredos, criar dramas, abandonar-se fantasia literria!A forma pura da arte naturalista devia ser a monografia, o estudo seco dum tipo, dumvcio, duma paixo, tal qual como se se tratasse dum caso patolgico, sem pitoresco e sem

    estilo!... | - Isso absurdo, dizia Carlos, os caracteres s se podem manifestar pela ao...|E a obra de arte, acrescentou Craft, vive apenas pela forma... | Alencar interrompeu-os, exclamando que no eram necessrias tantas filosofias.

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    Nesta discusso entram tambm, Carlos e Craft, recusandosimultaneamente o ultra- romantismo de Alencar e o exagero de Ega.Carlos da Maia considera que o mais intolervel no realismo era os seusgrandes ares cientficos (pg.164) e Ega apesar de defender o realismo

    concordava com esta crtica;

    Craft defende a arte como idealizao do que de melhor h na natureza,defende a arte pela arte.Craftno admitia tambm o naturalismo, a realidade feiadas coisas e da sociedade estatelada nua num livro. A arte era uma idealizao! .

    No entanto, nesta discusso sobre crtica literria, Ea d voz ao narrador,tendo este, uma posio contra o ultra-romantismo de Alencar e contra adistoro do naturalismo contido nas afirmaes de Ega, afirmando umaesttica prxima da de Craft, estilos, to preciosos e to dcteis.

    De referir que estas discusses quase terminam em agresses fsicas, donde

    se pode concluir que das atitudes dos senhores, anteriormente mencionados,revela a falta de cultura e de civismo que dominava as classes mais distintasdesta poca, salvo Carlos e Craft.

    Marcas da poca a nvel das Finanas:

    Um outro tema era relacionado com finanas. A este respeito, a bancarrota um dos assuntos polmicos, que critica de forma irnica o pas(pg.165,166).

    Identificmos como principais interveniente e que geram uma maiordesordem (neste assunto), Joo da Ega e Cohen.

    Este assunto espelha a crise financeira que o pas passava nesta poca(sc.XII).

    Ea descreve-o de forma irnica atravs de Cohen, o representante dasFinanas ao afirmar que os emprstimos em Portugal constituam uma das

    fontes de receita, to regular, to indispensvel, to sabida como o

    imposto, alis era cobrar o imposto e fazer o emprstimo a nicaocupao dos ministrios (pg.165).

    Desta forma concordavam que assim o pas iria alegremente e lindamente

    para a bancarrota. No entanto, Ega no aceitara baixar os braos e logo

    dera a soluo revolucionria para o problema de finanas que o pasatravessavaa invaso espanhola!

    De toda a discusso, chega-se concluso que o pas tinha uma absoluta

    necessidade dos emprstimos do estrangeiro e que Cohen era um calculistacnico, pois, tendo responsabilidades pelo cargo que exercia, lavava as

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    mos e afirmava alegremente, que o pas ia direitinho para a bancarrota, OCohen colocou uma pitada de sal beira do prato, e respondeu, com autoridade, que oemprstimo tinha de se realizar absolutamente. Os emprestamos em Portugal constituamhoje uma das fontes de receita, to regular, to indispensvel, to sabida como o imposto.

    A nica ocupao mesmo dos ministrios era estacobrar o imposto e fazer oemprstimo. E assim se havia de continuar... Carlos no entendia de finanas: mas

    parecia-lhe que, desse modo, o pas ia alegremente e lindamente para a bancarrota. | -Num galopezinho muito seguro e muito a direito, disse o Cohen, sorrindo. Ah, sobre isso,ningum tem iluses, meu caro senhor. Nem os prprios ministros da fazenda!... Abancarrota inevitvel: como quem faz uma soma....

    Marcas da poca a nvel da Histria e da poltica:

    A histria e a poltica foram outros temas abordados no jantar. Ega a principalpersonagem que satiriza a histria poltica daquela poca.

    Joo da Ega delira com a bancarrota como fundamental para agitao

    revolucionria e pretende varrer a monarquia e o crasso pessoal doconstitucionalismo.

    Defende a invaso espanhola e o afastamento violento da Monarquia.

    Ento Ega protestou com veemncia. Como no convinha a ningum? Ora essa! Erajustamente o que convinha a todos! bancarrota seguia-se uma revoluo, evidentemente.Um pas que vive da inscrio, em no lha pagando, agarra no cacete; e procedendo por

    principio, ou procedendo apenas por vinganao primeiro cuidado que tem varrer amonarquia que lhe representa o calote, e com ela o crasso pessoal do constitucionalismo.

    E passada a crise, Portugal livre da velha divida, da velha gente, dessa coleo grotescade bestas

    Aplaude a instalao da Repblica e considera a raa portuguesa comosendo a mais cobarde e miservel da Europa,Lisboa Portugal! Fora de Lisboano h nada..

    Provocando Sousa Neto, Ega percebe que este nada sabe do socialismo, otpico de Proudhon. E no capaz de um dilogo consequente.

    Contudo, Toms de Alencar teme a invaso espanhola, diz ser um perigo para aindependncia nacional, defende o romantismo poltico, a paz dos povos e esquece oadormecimento geral do pas.

    J Jacob Cohen diz queh gente sria nas camadas polticas dirigentes e afirmaque Ega um exagerado, Cohen, com aquele sorriso indulgente de homem superior que lhemostrava os bonitos dentes, viu ali apenas um dos paradoxos do nosso Ega. .

    Dmaso Salcede demonstraser cobarde quando assegura que se acontecesseinvaso espanhola, ele raspava-se para Paris e que toda a gente fugiria como umalebre, Dmaso disse, com um ar de bom senso e de finura: | - Se as coisas chegassem a esse

    ponto, se pusessem assim feias, eu c, cautela, ia-me raspando para Paris... |Meninos, aoprimeiro soldado espanhol que aparea fronteira, o pas em massa foge como uma lebre! Vai seruma debandada nica na histria!.

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    CONCLUSO

    Caricaturando, de certa forma, o ponto de vista das classes de alta burguesiaatravs do modo diletante como se pronunciam sobre as diversas questes,Ea, com esta reunio com elementos fulcrais da sociedade, retrata uma

    Lisboa que se esfora para ser civilizada, mas que no resiste e acaba pormostrar a sua falta de cultura. O verniz das aparncias estala, quando Egae Alencar, depois de terminarem a sua lista de argumentos possveis,

    partem para agresso pessoal e fsica mostrando o tipo de educao dasclasses altas da sociedade portuguesa, que mesmo tentando parecer digna erequintada, no deixa de ser uma sociedade grosseira e inculta:

    Ento Ega, que bebera um sobre outro dois clices de cognac, tornou-se muitoprovocante, muito pessoal Cohen e Dmaso, assustados, agarraram-no. Carlos puxaralogo para o vo da janela o Alencar que se debatia, com os olhos chamejantes, a gravata

    solta. Tinha cado uma cadeira; a correcta sala, com os seus divs de marroquim, os seusramos de camlias, tomava um ar de taverna, numa bulha de faias, entre a fumaraa decigarros..

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    INFORMAO COMPLEMENTAR

    O QUE O REALISMO?

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    O QUE O NATURALISMO?