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  • DE VILO A HERI NAS CANES DO MUSICAL ARENA

    CONTA ZUMBI

    SAMILLA AKEMI NAGASAKI1

    ORIENTADORA: PROFA. DRA. ELZIMAR FERNANDA NUNES RIBEIRO2

    RESUMO: Aliando imaginrio histrico, teatro de vanguarda e crtica Ditadura

    Militar, a pea Arena conta Zumbi tem como proposta discutir um episdio da Histria

    do Brasil a partir de um olhar contestador, desconstruindo convenes tradicionais, pois

    na perspectiva do texto teatral do Arena, Zumbi foi considerado um heri, bem ao

    contrrio do que foi consagrado pela verso histrica oficial.

    PALAVRAS-CHAVE: Imaginrio histrico, Teatro moderno, cano popular brasileira, arqutipos do heri, Ditadura Militar. ABSTRACT: Combining historical imaginary, avant-garde drama and critique of the

    Military Dictatorship, the play Arena conta Zumbi aims to discuss an episode in the

    History of Brazil from a challenging point of view, deconstructing traditional

    conventions, once in the perspective of the theatrical text of Arena, Zumbi was

    considered a hero, differently from what was considered by the official historical

    version.

    KEYWORDS: Historical imagination, Modern drama, Brazilian popular song, archetypes of the hero, Military Dictatorship.

    1 Instituto de Letras e Lingstica/Universidade Federal de Uberlndia; Endereo: Avenida Joo Naves de vila, 2121, Uberlndia, CEP. 38400-902. E-mail: [email protected] 2 Instituto de Letras e Lingstica/Universidade Federal de Uberlndia; Endereo: Avenida Joo Naves de vila, 2121, Uberlndia, CEP. 38400-902.. E-mail:[email protected]

  • 2 1. INTRODUO

    O presente artigo pretende dar conta de um trabalho que vem sendo

    elaborado durante um perodo de um ano de pesquisa, indagaes e discusses acerca da

    possibilidade de compararmos e aliarmos texto teatral, anlises de canes, Ditadura

    Militar e imaginrio histrico. No caso especificamente, tratamos da pea Arena conta

    Zumbi, considerada a mais importante do perodo 1956-1960 por ser a primeira e,

    talvez, a melhor de uma srie revolucionria, que ficou conhecida como Arena

    conta.

    A pea surgiu em um momento conturbado, da histria brasileira, a Ditadura

    Militar, como uma proposta da companhia denominada Teatro Arena, que se mostrou

    interessada em renovar o teatro brasileiro. Em seu livro Teatro do oprimido e outras

    poticas polticas (1977), Augusto Boal, um dos mentores do Arena, analisa a histria

    da companhia desde 1956 at o fim dos anos de 1970. A companhia queria aproximar o

    teatro da populao, assim o objetivo era valorizar temticas nacionais, adequando

    clssicos do teatro realidade do Brasil para, consequentemente, discutir as

    necessidades sociais locais, construindo uma dramaturgia capaz de modificar a

    realidade histrica.

    Os principais autores do Arena, Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri,

    produziram textos muito diferentes do que teatro brasileiro da poca estava acostumado,

    pois queriam inovar a nossa dramaturgia, aproximando-a da realidade scio-poltica

    brasileira. Para isso, envolviam a platia mais ativamente com a encenao, colocando

    os espectadores mais perto dos atores, abandonando o palco em forma de tablado e

    utilizando a arena. Ainda segundo Boal (1977), a prpria forma do palco revelava a

    inteno de fazer um teatro mais engajado, encorajando a proximidade entre atores e

    pblico, que podia ento visualizar todos os detalhes de um cenrio que se apresentava

    inteiro platia. Alm disso, o processo barateava os custos de produo para uma

    companhia que no possua grandes fontes de financiamento.

    Seguindo estas premissas, nasceu Arena conta Zumbi que ficou em cartaz por

    mais de dois anos, foi encenada pela primeira vez no dia 1 de maio de 1965, no Teatro

    Arena em So Paulo. A pea era uma vasta produo musical, que tratava a Histria do

  • 3 Brasil em uma perspectiva mais acessvel, isto , levando a platia a se envolver mais

    intensamente com o debate sobre nosso passado. Arena conta Zumbi levava o

    espectador a perceber que a histria pode ser contada de vrias formas, dependendo dos

    interesses de quem est narrando.

    A pea trazia discusso uma figura histrica de grande relevncia para a

    histria dos movimentos afro-brasileiros. Zumbi, um dos maiores lderes da resistncia

    escravido no Brasil, liderou a criao do Quilombo dos Palmares, caracterizado como

    uma comunidade auto-sustentvel, formada por escravos que haviam escapado das

    fazendas, prises e senzalas. O enredo do musical discorre sobre o percurso das

    geraes de Zumbi, ou Zambi, desde a trajetria e chegada ao Brasil at seus momentos

    finais. Aborda tambm o cotidiano da vida no Quilombo dos Palmares.

    A msica foi um recurso extremante importante para a pea. Compostas por

    Edu Lobo, as canes de Arena conta Zumbi tinham como objetivo preparar

    ludicamente a plateia para compreender determinadas ideias e conceitos. Sabe-se que a

    cano tem um papel fundamental como linguagem na comunicao coletiva e, naquele

    contexto histrico particular, teve o poder de levar o pblico a refletir acerca do

    momento poltico vivenciado.

    A trilha musical tornou-se um disco com dezesseis faixas, que contribuiu para

    divulgar ainda mais a mensagem de Arena conta Zumbi. Eram canes que mesclavam

    denncias contra a opresso da Ditadura Militar e contra o perodo histrico da

    escravido, fundindo dois momentos de violncia da sociedade brasileira; de modo que

    quando soam os coros que clamam pela liberdade, eles se referem tanto opresso dos

    escravos quanto opresso dos cidados pelo regime de 1964.

    2. MTODO E MATERIAL

    A proposta e o mtodo apresentado nesse estudo justamente analisar as canes

    da pea, observando como elas so adequadas estrutura da pea, caracterizao e

    expresso dos personagens e, principalmente, mensagem questionadora, dando nfase

    questo do imaginrio e ao arqutipo do negro, sendo de extrema relevncia a figura

    de Zumbi, que pode ser visto como vilo, numa percepo negativa de Zumbi dos

  • 4 Palmares, mas tambm pode ser visto como heri, um homem valente que morreu

    lutando pelos seus ideais. Por isso, ele uma figura relevante, que mostra a

    heterogeneidade e enfatiza a diversidade de personagens histricos, que, dependendo da

    poca, ganham determinados valores.

    A anlise mostra, nas canes, mensagens que mesclam a presena do

    contexto de opresso da Ditadura Militar e o perodo de escravido, momento em que

    tambm se remete violncia historicamente presente na sociedade brasileira,

    juntamente com vozes que clamam por liberdade, podendo tanto referir-se escravido

    quanto poltica.

    A seguir sero descritas as atividades desenvolvidas, indicadas no cronograma

    anteriormente estabelecido. Como previsto, leituras foram feitas para auxiliar na

    compreenso dos sentidos do mito e da trajetria do heri, que so os objetos de estudo

    da pesquisa, contextualizando tais conceitos com o perodo histrico em que Arena

    conta Zumbi foi escrita, levando a uma compreenso mais profunda da obra, para assim

    ser possvel analisar mais cuidadosamente as canes. Faz-se ainda necessrio observar

    que o presente trabalho precisou se basear no texto digital da pea Arena conta Zumbi,

    pois a obra est com a edio esgotada, o que justifica a ausncia de nmeros de pginas

    nas citaes de trechos da pea.

    Serviram de principal suporte para esta pesquisa as seguintes obras: Teatro do

    oprimido e outras poticas polticas, de Augusto Boal; O teatro brasileiro moderno, de

    Dcio Almeida Prado; Teatro: A cena dividida, de Gerd A. Bornheim; A hora do teatro

    pico no Brasil, de In Camargo Costa; As estruturas antropolgicas do imaginrio, de

    Gilbert Durand; O heri de mil faces de Joseph Campbell; A ditadura Militar no Brasil:

    represso e pretenso de legitimidade, de Maria Jos de Rezende; Mito e realidade de

    Mircea Eliade; O pai de famlia e outros estudos de Roberto Schwarz; O regime de

    1964: discurso e ideologia, de Jos Luiz Fiorin, todas elas constantes da referncia

    bibliogrfica.

  • 5 3. RESULTADOS E DISCUSSO Esta pesquisa nos levou aos seguintes questionamentos: Quais as funes

    desempenhadas pelas canes e de que modo elas se referem ao perodo da Ditadura

    Militar? Como o tema do heri abordado pela pea? Como as canes operam a

    transformao de Zumbi e dos quilombolas de viles em heris?

    No desenvolvimento deste trabalho tentaremos responder a estas questes.

    Pode-se observar que o texto de Arena conta Zumbi trabalha com a temtica da

    liberdade, dando nfase inverso do imaginrio do negro como rebelde. A pea

    caracteriza os africanos e seus descendentes principalmente como um povo virtuoso,

    que luta por um grande ideal, enquanto os colonizadores brancos tm seus defeitos

    destacados, por isso a imagem do negro bem positiva, como aponta Dcio de Almeida

    Prado em O teatro brasileiro moderno:

    [...] os negros do quilombo de palmares tm unicamente virtudes- vigor fsico, sexualidade exuberante, apego s mulheres e aos filhos, amor ao trabalho, disciplina guerreira- e os brancos unicamente defeitos: ou so senis, como D. Pedro, ou de comportamento cnico o mais repugnante possvel( Domingos Jorge Velho), ou fresqussimos todos afetados, artificiais( os figurantes em geral). (PRADO, 1996, p. 71)

    Assim, uma possibilidade de leitura da pea Arena conta Zumbi a proposta da

    valorizao do negro e dos ideais que sustentou Palmares, mostrando a populao da

    dcada de 50, que os esquerdistas, os jovens e os que faziam parte do movimento contra

    a ditadura eram dotados de virtudes, assim como os negros de palmares. J os

    governantes de direita apresentavam somente defeitos.

    Assim, as canes utilizam do discurso ficcional e histrico, e podem trazer

    nas entrelinhas aluses ao perodo de represso e violncia que se comparam ao

    momento da escravido e ao regime militar. Isso ocorre porque o teatro engajado do

    grupo Arena deu nfase a uma dramaturgia poltica, que se opunha ao regime e buscava

    uma maneira possvel de criticar o momento de violncia vivido, interpretando um

    momento passado tambm violento.

    A primeira cano que passamos a analisar em detalhes Zambi no aoite:

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    Zambi no aoite, ei, ei Zambi Chega de sofrer Eh! Zambi gritou Sangue a correr a mesma cor o mesmo adeus E a mesma dor Zambi se armando, ei, ei Zambi Zambi lutando, ei, ei, Zambi Chega de viver Na escravido Ganga-Zumba ei, ei, vai fugir Vai lutar tui, tui, tui, tui, com Zambi E Zambi gritou ei, ei, meu irmo Vem filho meu, meu capito Ganga-Zumba liberdade, liberdade Ganga-Zumba vem meu irmo Zambi lutando, lutador Faca cortando, talho sem dor[...] (BOAL, GUARNIERI, LOBO, 1964)

    Enquanto o tempo de libertao no chega, a cano denuncia a realidade do

    cativeiro e da crueldade nele existente: Chega de sofrer/ Eh! Zambi Gritou/ Sangue a

    correr. A imagem constante do aoite destaca as marcas cruis da escravido, pois esse

    objeto degrada e animaliza o homem aprisionado e surrado como um bicho e tratado

    como uma mercadoria que no era chamado de homem e mulher, mas de macho e

    fmea como dizia o mercador:

    [...] olha o nego recm-chegado. Magote novo, macho e fmea em perfeito estado de conservao. S vendo moo e com foras. Para servio de menos empenho tenho os mais fracos e combalido, pela metade do cobrado. Quinze mil ris o so, sete mil e quinhentos os estropiados. Escravo angolano purinho. Olham o escravo recm-chegado, magote novo, macho e fmea cantador. (BOAL, GUARNIERI, LOBO, 1964)

    O cativeiro criado para sustentar a explorao colonialista submeteu pessoas a

    um tratamento que no condiz com a condio humana plena. O aoite tambm uma

    referncia prtica da tortura. Zambi no aoite uma cano que mostra a postura

    nefasta do homem que priva o outro de sua liberdade por meio de torturas e prises,

    remetendo, assim, a qualquer contexto em que o direito de ser liberdade se d pelo

  • 7 terror, represso e perseguio; assim os pores da Ditadura Militar podem ser

    comparados com as senzalas e os troncos da escravido colonial.

    Na essncia, o homem negro nada tem de diferente do homem branco, mas a

    diferena da cor da pele e a ambio de superioridade dos colonizadores europeus

    levaram animalizao dos povos de pele negra, porm a cano nega a lgica da

    discriminao: o mesmo cu, o mesmo cho, o mesmo amor. A imagem do aoite

    pode ser melhor entendida luz da teoria de Gilbert Durand, que dentre as imagens

    terrificantes do Regime Diurno, ressalta o arqutipo do fio, do lao e dos seres atadores.

    Segundo o estudioso do imaginrio, esses arqutipos representam a priso, o limite, o

    elemento que prende e ata o homem ao mundo mortal, animal, em que o fio que liga

    tambm o fim que corta a ligao.

    [...] o fio j o smbolo do destino humano. Tal micnico, Eliade aproxima certamente o fio do labirinto, conjunto metafsico-ritual que contm a idia de dificuldade, de perigo e morte. O elemento que liga a imagem direta das ligaes temporais, da condio humana ligada conscincia do tempo da maldio da morte. (DURAND, 2002, p.107).

    No caso especfico de Arena conta Zumbi, este lao ou fio aparece na imagem

    do aoite, dos instrumentos de tortura, das correntes, sendo estas as marcas da

    escravido. Existe um aspecto de degradao do ser humano neste aparato de elementos

    que aprisionam: uma animalizao do homem ser preso assim, como um bicho e

    tratado como mercadoria ou uma pea qualquer, como poder ser percebido no trecho

    seguinte:

    Os senhores do Brasil perdiam seus escravos dia a dia, hora a hora, a cada instante. Cada pea em bom estado de sade custava vinte mil ris. Dois ou trs milhes de cruzeiros de hoje em dia, mais de mil dlares na cotao de ontem. (BOAL, GUARNIERI, LOBO, 1964)

    Segundo Durand, os seres que atam ou aprisionam so demonacos, malficos.

    Ento, ao aprisionar outros homens, os dominadores animalizam o negro e se

    demonizam a si mesmos: em decorrncia disso, senhores ou escravos, todos os

    envolvidos no processo de escravizao so desumanizados. No incio do primeiro ato,

  • 8 os atores descrevem os objetos de tortura e como seriam usados como exemplificam

    alguns tipos de castigos:

    Se desagradava ao branco Tronco Pescoo, ps e mos imobilizados entre dois de ferro que prendia ps e mos do escravo forando-o a uma posio incmoda grandes pedaos de madeira retangular. Se houvesse ofensa mais grave. Viramundo Pequeno instrumento durante vrios dias. Se fugisse. Libambo. Argola de ferro que rodeava o pescoo do negro com uma haste terminada por um chocalho. Ou ento a gargalheira. Ou golilha. - sistema de correntes de ferros que impedia os movimentos. (BOAL, GUARNIERI, LOBO, 1964)

    H referncias a outras inmeras torturas que na pea so comparadas cruz e a

    paixo de Cristo, os atores concluem ironicamente que foi por meio desses engenhosos

    instrumentos que se persuadiu o negro a colaborar na criao das riquezas do Brasil. O

    nico meio de no colaborar mais para o progresso do pas seria fugir, como bem

    descreve o narrador:

    Negros de todos os lugares procuravam as matas fugindo desesperados. Horror a chibata, ao tronco, s torturas. Buscavam no desconhecido um, futuro sem senhor. Enfrentavam todo o perigo. Fome, sede, veneno, flecha dos ndios, capites do mato. Agonia pela liberdade. Idia de ser livre. (BOAL, GUARNIERI, LOBO, 1964)

    Pode-se dizer que o escravo no foge por causa da averso ao trabalho, mas

    porque ele quer trabalhar livre e construir com as prprias mos seguindo seu prprio

    rumo, como diz Zambi:

    Pois que Zambi rei, Zambi: vai dar as ordens. no trabalho que um da gente pega o sol com a mo. no trabalho que se faz o mundo mais de jeito. Em cada coisa que a mo livre do negro encostar, novas coisas vo nascer. No vamos viver s das coisas j nascidas, das coisas que Deus deu. Vamos fazer o mundo mais de nosso jeito. (BOAL, GUARNIERI, LOBO, 1964)

    A cano A mo livre do negro descreve com preciso o desejo por

    liberdade:

  • 9

    Se a mo livre do negro tocar na argila o que que vai nascer? Vai nascer pote pra gente beber nasce panela pra gente comer nasce vasilha, nasce parede nasce estatuinha bonita de se ver Se a mo livre do negro tocar na ona o que que vai nascer? Vai nascer pele pra cobrir nossas vergonhas nasce tapete pra cobrir o nosso cho nasce caminha pra se ter nossa Ial e atabaque pra se ter onde bater Se a mo livre do negro tocar na palmeira o que que vai nascer. Nasce choupana pra gente morar e nascem as redes pra gente se embalar nascem as esteiras pra gente deitar nascem os abanos pra gente se abanar oi que pra gente abanar pra gente abanar. (BOAL, GUARNIERI, LOBO, 1964)

    Na pea, Zambi define liberdade na cano A mo livre do negro: Ser livre

    no encostar o corpo. Ser livre poder trabalhar, vigiar, poder continuar sendo senhor

    de si. Quem procura na vida s o que doce, no vai ter nem doce e nem fel e sem

    rezina, homem perdido pra vida, escravo no fato e na verdade. Alcanar a liberdade

    seria uma maneira de conquistar inmeras realizaes, mesmo sendo as mais simples e

    bsicas, como o direito de construir seu prprio meio de sobrevivncia ou de conseguir

    ser dono do prprio rumo.

    este o motivo que justifica a luta, nem que a consequncia desta opo seja a

    morte; fosse no tempo colonial onde vigorava a escravatura, fosse no tempo do Regime

    Militar, onde os questionadores se deparavam como a censura e a represso.

    De acordo com Durand, o gesto postural bsico que alicera as imagens da

    ascenso no imaginrio humano vem da postura do homem que se ergue sobre seus ps,

    que anda ereto de mo livre. Esta postura nica do homem e por isso o instinto de se

    colocar em p to intensamente marcado na mente humana desde que somos bebs.

    Gilbert Durand, no captulo em que trata dos smbolos ascensionais comenta: Existe,

    assim, no homem uma constante ortogonal que ordena a percepo puramente visual.

  • 10 o que implica a reao dominante do recm-nascido, que responde passagem brusca

    da vertical horizontal, ou vice-versa [...] (DURAND, 2002 p. 128).

    Essa conscincia bsica de vontade e independncia pode ser bem observada

    na cano Upa Neguinho, em que o menino escravo ser esfora para comear a andar,

    porm de imediato ele j comea apanhar:

    Upa, neguinho na estrada Upa, pra l e pra c Virge, que coisa mais linda! Upa, neguinho comeando a and Comeando a and, comeando a and E j comea a apanh Cresce, neguinho e me abraa Cresce e me ensina a cant Eu vim de tanta desgraa Mas muito te posso ensina Capoeira, posso ensin Ziquizira, posso tir Valentia, posso emprest Mas liberdade s posso esper [...] (BOAL, GUARNIERI, LOBO, 1964)

    O ato de andar pode ser entendido como um instinto humano de ascenso e

    domnio, mas a surra que lhe aplicada revela a tentativa alheia de rebaix-lo,

    submetendo-o e reduzindo suas ambies, as quais no convm aos escravocratas.

    Entretanto, de acordo com os trechos da cano ainda se tem a esperana de

    liberdade por meio do menino escravo: Upa neguinho/ Comeando a andar/ E j

    comea a apanhar/ Cresce, neguinho/ E me abraa/ Cresce e me ensinar cantar/ Eu vim

    de tanta desgraa/ Mas muito te posso ensinar. O menino "cresce" e at "abraa" tendo

    como resultado as mos altas e livres permitindo o afeto, a empatia, o congraamento e

    at a conciliao. Mesmo com o sofrimento h espao para o abrao e tambm para a

    possibilidade de convivncia pacfica entre as raas, desde que haja os mesmos valores

    de liberdade para todos.

    Alm disso, existe a esperana, pois a criana pode ser o smbolo de

    perseverana, apesar de nascer condenado mesma vida dos pais pode ser liberto. Mas

    isso uma questo que exige apenas espera. E a criana mesmo sendo escrava

    recebida com celebrao, pois pode ser o futuro rei, por isso ela receber todos os

    ensinamentos para que possa um dia liderar mais uma gerao de gangas.

  • 11 Como se pode perceber, as canes da pea indiciam que a luta para conseguir a

    ascenso s poder ocorrer se a mo do homem estiver livre tema marcante na j

    comentada A mo livre do negro, em que se v a exaltao da capacidade humana de

    se sobrepor natureza e control-la por sua fora e inteligncia. A mo livre smbolo

    do que no atado, algo que se solta das prises e se coloca como superior ao mundo

    animal.

    A mo livre smbolo de humanidade plena, o oposto da humanidade degradada

    que os escravocratas e outros poderes repressivos tentam impor. Por isso, esta mo livre

    tem poder e transforma a natureza sua volta em elemento cultural (de barro em pote,

    por exemplo). Ou seja, escravizado o homem pouco mais que um animal, mas liberto

    o homem ser superior, elevado, ascensional, to criador e poderoso quanto os deuses.

    A liberdade e luta se revelam de diferentes modos, mas so elas os elementos que

    unem a histria passada e o momento poltico na criao da pea Arena conta Zumbi,

    pois as crticas subentendidas ao regime militar so primordiais para compreender esta

    relao entre passado e presente no texto teatral. A liberdade apresentada como valor

    maior na vida do ser humano, que sempre anseia por ela, seja lutando contra a

    escravizao, seja na busca pelo direito de expressar seus pensamentos e ideais.

    Arena conta Zumbi canta e conta essas questes destacando o negro em luta pela

    liberdade, e no mais o vilo perigoso ou o escravo submisso. A histria de Zumbi foi

    reescrita na pea teatral, transformando o que era smbolo de revolta em smbolo de

    herosmo, existindo a transfigurao de Zumbi de vilo a heri.

    3.1 A Figura do Heri

    No musical, h a finalidade de mostrar ao pblico o lado herico de Zumbi; essa

    inverso do imaginrio histrico e a defesa da liberdade so as principais propostas da

    pea. Encontram-se elementos que caracterizam este herosmo especialmente nos

    personagens de Zumbi e dos seus Gangas ancestrais, que aparecem como figuras

    masculinas patriarcais, dotadas de realeza, de bravura e coragem, que podem ser

    relacionadas aos smbolos ascensionais do heri, que Durand coloca como integrante do

    Regime Diurno da imagem. E tambm como Campbell bem descreve: O heri, por

    conseguinte o homem ou mulher que conseguiu vencer suas limitaes histricas

  • 12 pessoais e locais e alcanou formas normalmente vlidas, humana (CAMPBELL,

    2007, p.339).

    Assim, a pea recorre principalmente ao mito do heri, confirmando o

    conceito de Campbell, segundo o qual todo heri comea como uma espcie de rebelde,

    j que ele rompe com a ordem estabelecida com o objetivo de alcanar a independncia.

    Para Campbell, o heri aquele que consegue dar continuidade ao ciclo de geraes de

    outros heris: O heri de ao o agente do ciclo; ele d continuidade, no momento

    vivo, ao impulso que primeiro colocou o mundo em movimento. (CAMPBELL, 2007,

    p.331). Pode-se exemplificar a ancestralidade e as inmeras geraes hericas de

    Gangas na cano Zambi no aoite:

    Zambi no aoite, ei, ei Zambi Zambi, tui, tui, tui, tui Zambi Zambi na noite, ei, ei, Zambi Zambi, tui, tui, tui, tui, Zambi Vem filho meu, meu capito Ganga Zumba, liberdade, liberdade, Ganga Zumba, vem meu irmo. Zambi morrendo, ei, ei, Zambi Zambi, tui, tui, tui, tui, Zambi Ganga Zumba, ei, ei, ei, vem a Ganga Zumba, tui, tui, tui, Zambi (BOAL, GUARNIERI, LOBO, 1964)

    A cano mostra a alternncia de geraes da dinastia dos reis africanos, os

    Gangas, existindo sempre um rei masculino que gera um novo rei masculino, at

    culminar em Zumbi que faz a fuso dos Gangas Zumba e Zambi para dar continuidade

    ao processo de resistncia. Forma-se assim um novo rei, um guerreiro que demonstrar

    ao seu povo a coragem, a bravura e o esprito de luta de seus antepassados.

    Esse heri masculino marcado por algum smbolo de seu poder flico e

    ascencional (coroas, cetro, espada, lana). Este mximo ganga, que Zumbi, refere ao

    que diz Campbell em O heri de mil faces, quando o estudioso qualifica como heri

    aquele que consegue dar continuidade ao ciclo das futuras geraes: Toda vida do

    heri apresentada como grandiosa sucesso de prodgios da qual a grande aventura

    central o ponto culminante. (CAMPBELL, 2007, p.311).

  • 13 Na pea, percebe-se que para seu povo, esta marca de poder masculino guerreiro e

    superior aparece especialmente nas armas de fogo, pois os negros precisavam de algum

    tipo de defesa contra a fora blica dos escravizadores e assim as armas de Zumbi e dos

    gangas tm funo de proteo, o que a marca caracterstica do pai, do rei-patricarca.

    Branco comprando negro vendendo, branco trocando negro se armando Pra cada pote de argila pra cada cana vendida, se compra uma espingarda pra defender nossa vida. Negro vende e branco compra branco vende e negro compra, branco d e negro d, um danado de trocar. (BOAL, GUARNIERI, LOBO, 1964)

    As marcas de Zumbi como heri continuam a surgir nos smbolos que Durand

    chama de diairticos, isto imagens que representam a separao, a segmentao, o

    corte. Estes smbolos so ligados ao heri, pois ele detentor de armas e instrumentos

    cortantes. Enquanto as foras demonacas so relacionadas ao fio que ata, o heri

    geralmente associado espada que desprende.

    O puro heri, o heri exemplar, continua a ser o matador de drages. Apesar desse compromisso do gldio com o fio, este ltimo, mesmo que enfraquecido em metfora jurdica, permanece essencialmente o instrumento das divindades da morte e do tempo, das fiandeiras, dos demnios como Yama e Nirrti. Todo o apelo ao soberano celeste faz-se contra o que prende, todo o batismo ou iluminao consiste para o homem em desligar o que prende e rasgar os vus de irrealidade, e, como escreve Eliade, a situao temporal e a misria do homem exprimem-se por palavras-chaves que contm a idia de atar, de acorrentamento, de ligao. O complexo do prender no passa ,assim, de uma espcie de arqutipo da prpria situao do homem no mundo. (DURAND, 2001, p.168).

    No caso de Zumbi, ele visto na pea especialmente como um heri que desata e

    corta o fio, que quebra as correntes, que simbolizam justamente a escravido. Ou seja,

    as imagens ao redor de Zumbi o colocam na posio de um heri libertador e no de um

  • 14 rebelde demonaco como por muito tempo foi mostrado pelo discurso histrico oficial

    brasileiro. Esta luta bem identificada na fala de Ganga Zumba:

    Quilombolas! Tudo esto fazendo pra acab com nis e nis resiste. Nossa esperana lut. Lut sem descanso at no pod mais. To usando de tudo. At mesmo a doena de nossa gente to usando contra nis. Mas ns resiste. o que fica pra negro escravizado. Quilombo em luta, fao chamada de apelo! Meu irmo Ganga de Quiloange! (BOAL, GUARNIERI, LOBO, 1964).

    Assim, na perspectiva do texto teatral do Arena, Zumbi foi considerado um

    heri, bem ao contrrio do que foi consagrado pela Histria oficial. Trata-se de uma

    perspectiva que inverte o discurso histrico e gera

    uma possibilidade de analogia com a Ditadura Militar, pois coloca aqueles que lutam

    contra o regime como fortes e virtuosos, ao contrrio daquele que foram favorveis ou

    complacentes com o regime, visto a partir da como submissos ou covardes que no

    lutam por seus ideais.

    3.2 Zumbi: Smbolo da Luta Negra

    Zumbi dos Palmares colocado como smbolo da luta negra, o que confirma a

    inteno questionadora e inovadora do Arena, que, ao valorizar o negro, inverte e cria

    uma verso diferente da Histria oficial, pois para a verso oficial o negro era mal-visto,

    colocado como inferior ao branco, pouco valorizado, e que em nada contribuiu para o

    desenvolvimento do Brasil. O que pode ser justificado em Gilbert Durand, no livro As

    estruturas antropolgicas do imaginrio, sobre a cor negra como negativo: Desta

    solidez das ligaes isomrficas resulta que a negrura sempre valorizada

    negativamente. O diabo quase sempre negro ou contm negror. (DURAND, 2001, p.

    92).

    Por esta tica, a ao dos quilombolas comandados por Zumbi era vista somente

    como um ato de rebelio contra os brancos, e no como uma luta justificada pelo direito

    liberdade. Arena conta Zumbi ressalta este episdio verdico de opresso, falta de

    liberdade e autoritarismo (que foi o uso da mo de obra escrava de povos africanos),

    para questionar o discurso oficial da Ditadura Militar. Assim, como bem coloca, In

    Camargo Costa em A hora do teatro pico no Brasil: O golpe de estado de 1964, a

  • 15 trajetria que acompanhamos ficou interrompida. Como era inevitvel, o teatro em parte

    reagiu, em parte se ajustou, e em parte se ajustou reagindo. (COSTA, 1996, p.15).

    O interesse do Arena conta Zumbi era revelar elementos da violncia social

    brasileira mascarados pela histria oficial e Zumbi colocado como um emblema da

    resistncia aos poderes de controle e represso do Estado, seja na poca da escravido,

    seja no momento do ps-golpe. Entretanto, preciso notar que o desfecho das duas

    situaes diferente, pois o quilombo de Palmares foi derrotado depois de 100 anos de

    muita luta e resistncia.

    Encontram-se elementos que caracterizam esta luta especialmente nos

    personagens de Zumbi e dos Gangas ancestrais, que aparecem como figuras masculinas

    patriarcais, frteis e dotadas de realeza, de bravura e coragem. O negro lder Zumbi, um

    guerreiro que lutou at a morte para seguir seus ideais. Por isso, os negros so

    caracterizados como dotados de inmeras qualidades e virtudes, enquanto os brancos

    seriam principalmente dotados de falhas morais. A partir disso possvel inverter a

    condio de Zumbi a ponto de torn-lo um heri contestador capaz de ser admirado

    tambm pela juventude branca e classe mdia de meados do sculo XX, que contestou

    seus pais e se ps a questionar a tradio de injustia social no Brasil:

    [...] Zumbi em alguma medida tambm expresso do movimento intelectual de reviso da histria do pas, ocorrido em sintonia com o ascenso das lutas populares desde os anos de 50: no se podem desprezar, como dado significativo para explicar o interesse do Arena pelo problema da escravido, os fortes laos que uniam o grupo a estudantes [...]. (COSTA, 1996, p.112)

    4. CONCLUSO

    Ao longo do musical Arena conta Zumbi, podemos acompanhar o modo pelo

    qual a pea promove a transfigurao de Zumbi de vilo a heri. Essa inverso do

    imaginrio histrico e a defesa da liberdade so os temas centrais do texto de Guarnieri

    e Boal. Isso porque na perspectiva da histria oficial, eram exaltados heris ligados s

    revoltas da elite colonial (caso de Tiradentes, apresentado mrtir da violncia e da

    injustia da Coroa portuguesa), enquanto personagens ligados s revoltas populares

  • 16 eram colocados como viles, de maneira que se escondia ou disfarava as injustias

    sociais do passado brasileiro, e tambm do presente.

    Ao fazer um recorte da histria do Brasil colonial, justamente no contexto da

    Ditadura Militar, Guarnieri e Augusto Boal distanciaram-se do teatro tradicional

    praticado no Brasil at ento, por dar espao e mrito a episdios nacionais. Eles

    ousaram ao colocar de maneira diferente a histria de Zumbi, um homem poca

    oficialmente tido como rebelde e influenciador de rebelies, do mesmo modo como os

    lderes do regime militar consideravam rebeldes e agitadores os cidados brasileiros que

    se revoltavam e no aceitavam o que era imposto pelo Estado ditatorial.

    O trecho da primeira cano do musical mostra esta ambigidade do

    julgamento histrico, destacando a relatividade das noes de mentira e de verdade, de

    lenda e de histria, pois cada verso do passado depende do que se quer enfatizar no

    presente, assim o discurso oficial pode transformar mentira em verdade ou vice-versa:

    H lenda e h mais lenda h verdade e h mentira de tudo usamos um pouco mas de forma que servira a entender nos dias de hoje quem est com a verdade, quem est com a verdade, quem est com a mentira. (BOAL, GUARNIERI, LOBO, 1964)

    Assim, por meio das canes, a pea Arena conta Zumbi tenta persuadir e

    conduzir a plateia, levando-a a entender a juno de dois momentos histricos distintos,

    mas que tinham a mesma essncia de represso e perseguio. V-se a a inteno de

    levar o pblico a refletir de maneira crtica sobre ambos, instigando ao questionamento

    e mudana de comportamento. Tambm se nota a proposta de denunciar um regime de

    governo que se sustentava por meio de uma poltica do medo, que submetia as pessoas a

    condies animalizadas, colocando-as em prises e infligindo-lhe torturas para obter

    uma aceitao imposta, que garantisse sua legitimao.

    Ao disponibilizar para o pblico um ideal de liberdade, reescrevendo a histria

    de Zumbi, um negro sem medo de lutar e de fugir da condio animalesca a que era

    submetido, o teatro Arena ampliou e destacou a discusso sobre nosso passado,

  • 17 desmistificando as vises oficiais e invertendo os valores da narrativa histrica

    tradicional. A figura de Zumbi transformada de vilo a heri por meio da utilizao de

    imagens que alteram seus status de rebelde perigoso em herico defensor da liberdade.

    Dessa forma, a pea mostra Zumbi lutando at o fim para conseguir de certo modo a

    independncia, opondo-se escravizao e injustia social.

    A reescrita da histria de Zumbi traz tona um passado de violncia, que era

    possvel de ser articulado com o contexto contemporneo da produo da pea; pode-se

    dizer ento que o grupo Arena conseguiu atingir, ao menos em parte, seu ideal de um

    teatro que fosse capaz de modificar da realidade brasileira, incentivando uma importante

    mudana de pensamento, que certamente contribuiu na luta contra a discriminao

    racial no Brasil, pois at ento eram pouco divulgadas as vises de Zumbi como um

    heri que representaria a luta dos afro-descendentes contra a explorao e a degradao

    s quais foram submetidos ao longo do processo histrico de formao do Brasil.

    Portanto, Arena conta Zumbi uma obra dramatrgica que rediscute um

    episdio da Histria nacional, utilizando um olhar moderno, ao mesmo tempo em que

    rompe com as convenes tradicionais do teatro. E tudo isso sem perder de vista o

    contexto da falta de liberdade prprio do momento em que a pea foi composta.

    Assim, lutar por determinados ideais um trao caracterizador de resistncia e de

    sobrevivncia perante um regime social opressor; a qual, para dominar buscou legitimar

    atos como mentir, torturar, deturpar e matar. A pea um apelo contra governos que

    tentam se afirmar matando pessoas que somente querem ser livres para construir sua

    prpria identidade e viver sem medo, em um tempo sem guerra, ou sofrimento.

    5. AGRADECIMENTOS

    professora Elzimar Fernanda Nunes Freitas Ribeiro, pela ajuda, dedicao e

    empenho na pesquisa, me dando orientaes que foram muito importantes para

    concluso desse trabalho. Agradeo tambm pela a oportunidade de poder conviver e

    vivenciar o trabalho de uma excelente profissional, que pode me proporcionar a honra

    de investigar e pesquisar uma obra que pouco fora estudada ou pesquisada. Assim me

  • 18 sinto honrada de concluir esse trabalho sabendo que foi muito enriquecedor para minha

    trajetria acadmica.

    FAPEMIG (Fundao de Amparo a Pesquisa de Minas Gerais), pelo apoio

    financeiro durante a realizao desta pesquisa.

    Agradeo imensamente a minha famlia e amigos por todos os momentos

    felizes, pelo amor e carinho e principalmente por sempre acreditar e confiar em mim.

    Agradeo ainda ao Grupo de Pesquisa Poticas e Imaginrio (POEIMA),

    cadastrado junto CNPq da Universidade Federal de Uberlndia que acrescentou e

    contribuiu para o desenvolvimento da pesquisa com leituras feitas para os encontros do

    grupo de pesquisa dos quais participamos.

    6. REFERNCIAS

    AZEVEDO, Clia Maria Marinho de. Onda negra, medo branco: o medo no imaginrio

    das elites sculo XIX. 2. ed. So Paulo: Annablume, 2004.

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