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  • ManualDe

    Sobrevivncia

    Editado para uso de civis e militares

    Baseado no mais qualificado manual de sobrevivncia das ForasArmadas dos Estados Unidos

    PRIMEIROS SOCORROS DETERMINAO DE RUMOS

    LEITURA E ORIENTAO ATRAVS DE CARTAS GEOGRFICAS TRAVESSIA DE TERRENO PERIGOSO PROCURA DE ALIMENTOS E GUA

    COMO CONSTRUIR ABRIGOS E FAZER FOGO CONHECIMENTOS BSICOS DE SOBREVIVNCIA NA FLORESTA, NO MAR, EM

    CLIMAS FRIOS, TRPICOS E DESERTO TCNICAS DE SALVAMENTO

    SOBREVIVNCIA EM SITUAES EXTREMAS: CATSTROFE E GUERRA

  • Titulo original: The U. S. Armed Forces Survival Manual

    Traduo de Loureiro Cadete

    1980 by John Boswell

    Edio electrnica de Pedro J.B. Nunes

  • NDICE

    Prefcio 1

    Captulo I A psicologia da sobrevivncia 2

    A vontade de sobreviver 2Onde o esprito comanda 2Preparao 2Pnico e medo 3Sobrevivncia 3Solido e aborrecimento 4Sobrevivncia cm grupo 4

    Captulo II Orientao com carta e bssola 6Leitura de cartas 6A bssola 17

    Captulo III Orientao sem carta ou bssola 20

    Orientao durante o dia 20Orientao durante a noite 24Estimativas 26

    Captulo IV Em marcha 28

    Velocidade de marcha 28Orientao a todo o terreno 28Tipos de terreno 29Travessia de massas de gua 31Sinalizao 37

    Captulo V Primeiros socorros 40

    Higiene bsica 40Indisposio e doena 42Medidas bsicas de primeiros socorros - I: falta de oxignio 45Medidas bsicas de primeiros socorros - II: hemorragias 52Medidas bsicas de primeiros socorros - III: o choque 56Administrao de primeiros socorros 56Colocao da vitima em posio 58Pensos e ligaduras 58Ferimentos graves 63Queimaduras graves 64Fracturas 65Primeiros socorros para emergncias comuns 70Transporte de feridos 73

  • Captulo VI Conhecimentos bsicos de sobrevivncia 82

    Aces imediatas 82Abrigo 83Clima 84Perigos 88gua 90Fazer fogo 94Cozinhar 97Caar 105Armadilhar 107Pescar 110Plantas comestveis 114Vesturio 124

    Captulo VII Sobrevivncia nos Trpicos 127

    0 terreno 127Consideraes preliminares 127Marcha 127Abrigo 128Perigos ambientais 129Perigos para a sade 132gua 134Alimentos 134Como fazer fogo 152Vesturio 152

    Captulo VIII Sobrevivncia em reas desrticas 154

    0 terreno 154Consideraes preliminares 154Marcha 154Abrigo 155Perigos ambientais 155Perigos para a sade 158Alimentos 159Fazer fogo 161Vesturio 163

    Captulo IX Sobrevivncia em climas frios 165

    0 terreno 165Consideraes preliminares 165Marcha 165Abrigo 167Perigos ambientais 170Perigos para a sade 171gua 175Alimentos 176Fazer fogo 184

  • Vesturio 189Nativos 189

    Captulo X Sobrevivncia no mar e nas costas 190

    Sobrevivncia no mar: consideraes preliminares 190Marcha e abrigo 191Perigos ambientais 193Perigos para a sade 201gua 201Alimentos 202Sobrevivncia nas costas: terreno e consideraes preliminares 205Marcha 205Abrigo 205Perigos ambientais 205Perigos para a sade 206gua 207Alimentos 207

    Captulo XI Sobrevivncia em condies invulgares 214

    Procedimentos de emergncia para aterragens foradas 214Ataque nuclear 216Desastres naturais 220

    Apndice I Cobras venenosas de todo o mundo 226Apndice II Equipamento de sobrevivncia (lista recomendada) 242Apndice III Equipamento de primeiros socorros 243Apndice IV Armas para a sobrevivncia 245Apndice V Tabela e diagramas de orientao 249

    Curiosidades 258

  • 1PREFCIO

    H sculos que os Americanos tm grande orgulho na sua auto-suficincia. Este umdos valores fundamentais que tm feito este pas prosperar.

    Mas a tecnologia do sculo XX tem feito que a auto-suficincia seja cada vez maisdifcil de obter. Nesta era de especializao, extremamente fcil encontrar um especialistaque nos faa o servio. Consequentemente, tornmo-nos cada vez menos capazes de tomarconta de ns mesmos.

    Com isto em mente, os editores decidiram reunir a mais recente informao disponvelsobre tcnicas e conceitos de sobrevivncia. Com fins de pesquisa, muito raro que algumpossa ir recolher a informao pretendida nica fonte autorizada. Este livro uma excepo regra. No h no mundo maior autoridade em assuntos de sobrevivncia que os quatroramos das foras armadas dos Estados Unidos - Exrcito, Marinha, Fora Area e Marines.

    A maior parte do material contido neste volume foi recolhido e seleccionado a partir deuma grande quantidade de brochuras, folhetos e artigos publicados pelo Government PrintingOffice para uso do pessoal militar americano em todo o mundo. Trata-se do mesmo materialfacultado s nossas foras de terra e as forcas especiais durante a segunda guerra mundial,aos marines na Coreia, aos Boinas Verdes e s unidades de Navy Seal 1 no Vietname. material regularmente actualizado e revisto a partir de informao fornecida por soldados emarinheiros que tiveram necessidade de o usar. material prtico e especfico que representao pensamento mais moderno e corrente sobre tcnica de sobrevivncia pronta a ser utilizada.

    A tarefa dos editores consistiu, portanto, em coligir, condensar e ordenar este materialnum volume acessvel, correcto, claro e coerente que fosse adequado quer para civis. quer paramilitares. Hoje - quando as viagens areas internacionais fizeram do voo sobre reas remotas eisoladas uma ocorrncia trivial, quando as marchas e acampamentos em reas silvestres somais populares que nunca, quando a posse de veculos de recreio todo o terreno, barcos eavies privados atinge um ponto alto -, este o tipo de informao que todos devem ter mo.

    Os editores, John Boswell e George Reiger, ambos antigos oficiais da Armada, estoqualificados pela U. S. Navys SERE (Survival, Evasion, Resistance and Escape) School.Boswell escritor, editor e agente literrio, trabalhando h nove anos no ramo editorial.Reiger, condecorado com a medalha de honra das forcas armadas vietnamitas, foi um dosprimeiros conselheiros militares no Vietname e, posteriormente, serviu como tradutor oficialnas conversaes de paz em Paris. antigo editor da Popular Mechanics, redactor-chefe deField and Stream e autor de nove livros sobre questes relativas vida ao ar livre e natureza.

    Os editores desejam expressar o seu apreo e os seus agradecem-tosa: The Government Printing Office, Gabinete do Ajudante-Geral (Responsvel militar porassuntos de pessoal) do Departamento da Armada, comando do Corpo de Fuzileiros Navais dosEUA e Directoria de Administrao do Departamento da Forca Area pelas facilidadesconcedidas na pesquisa do material contido em The U. S. Armed Forces Survival Manual[Manual de Sobrevivncia das Forcas Armadas dos EUA

    1 Unidades da Marinha dos EUA treinadas para a execuo de operaes especiais.

  • 2CAPTULO I

    A PSICOLOGIA DA SOBREVIVNCIA

    Ningum consegue estar sempre completamente preparado para uma situao de sobrevivncia. Setiver sorte, poder ter acesso a um equipamento de sobrevivncia, a uma espingarda ou a um machado. Se foresperto, ser j muito versado nos conhecimentos e tcnicas que sero descritos neste manual. Mas,independentemente da sorte e dos conhecimentos que possa ter, encontrar-se subitamente isolado numa readesolada do mundo um choque para o sistema humano como um todo - no s emocional e mentalmente,mas tambm fisicamente. importante compreender a psicologia da sobrevivncia, bem como as suas tcnicas.

    A vontade de sobreviver

    Os corredores de fundo e meio-fundo falam de O Urso que os obceca. Aps ter percorridoescassas centenas de metros, o corredor perde a passada, abandona a posio tpica de corredor e comea aabrandar de maneira evidente. Dominado pela dor, ou pelas cibras, ou pela fadiga, perdeu a vontade devencer.

    Em situaes de sobrevivncia sucede muitas vezes o mesmo fenmeno, s que neste caso a questo muito mais importante que ganhar ou perder uma prova de atletismo. H casos registados de pessoas queforam recuperadas e tratadas de todas as doenas e que, depois, morreram no hospital. Tinham perdido avontade de viver. As experincias de centenas de militares isolados em combate na segunda guerra mundial,na Coreia e no Vietname demonstram que a sobrevivncia , fundamentalmente, uma questo de perspectivamental. A vontade de sobreviver o factor mais importante. Quer esteja integrado num grupo ou sozinho,experimentar problemas emocionais derivados do choque, do medo, do desespero e da solido. Para almdestes perigos mentais, a leso e a dor, a fadiga, a fome ou a sede pesam na vontade de viver. Se no estivermentalmente preparado para vencer todos os obstculos e esperar o pior, as hipteses de sair com vida sograndemente reduzidas.

    Onde o esprito comanda

    Entrevistas com milhares de sobreviventes dos campos de concentrao alemes da segunda guerramundial demonstraram a extraordinria capacidade de resistncia do corpo humano quando guiado peloesprito. Os nossos corpos so mquinas muito complexas, mas, mesmo quando submetidos s mais confusase degradantes condies, a vontade de viver pode sustentar o processo da vida. As necessidades do corpo emenergia proveniente dos alimentos podem ser reduzidas praticamente a zero durante um dado perodo detempo. Sobreviventes dos campos de concentrao alemes referiram que a vida, mesmo sob condiesinumanas, valia a pena ser vivida. Em muitos casos, apenas este esprito lhes garantiu a sobrevivncia.

    Preparao

    Uma preparao adequada pode dar vtima uma forte proteco psicolgica tendo em vista aultrapassagem da sua situao de sobrevivncia. Embora no se espere vir a estar numa tal situao, podemprever-se certas condies que aumentam, dramaticamente, a sua possibilidade. Se est a preparar-se para iracampar, dar um longo passeio a p ou dar uma volta num pequeno avio ou barco, as probabilidades de vira colocar a sua vida numa situao in extremis esto aumentadas.

    Os tpicos que se seguem no so apenas bons conselhos, porquanto, se forem seguidos, oferecemum forte apoio psicolgico em condies de sobrevivncia:

    1) Prepare um equipamento de sobrevivncia (ver apndice II) e leve-o consigo em qualquer viagemque oferea, mesmo que remotamente, a possibilidade de ficar encalhado ou isolado.2) Se proprietrio ou viaja regularmente num pequeno avio, barco ou veculo de recreio, conserveuma cpia deste manual no compartimento das luvas ou na caixa das ferramentas.3) Se costuma fazer longas caminhadas ou acampar, leve uma cpia deste manual na mochila.4) Meta na cabea tanta informao deste manual quanta conseguir. 0 conhecimento das tcnicas desobrevivncia d confiana e esta lev-lo- a controlar o ambiente de sobrevivncia.

  • 3Pnico e medo

    Quase todos os que se viram perdidos, isolados e separados da civilizao experimentaram medo -medo do desconhecido, medo da dor e do desconforto, medo das suas prprias fraquezas. Em tais condies,o medo no apenas normal, tambm saudvel. 0 medo agua-nos os sentidos e leva-nos a potenciar osperigos e os riscos. 0 medo o aumento natural da adrenalina existente em todos os mamferos e que actuacomo um mecanismo de defesa contra o que hostil ou desconhecido.

    Mas o medo tem de ser dominado e convenientemente orientado, ou pode levar ao pnico. 0 pnico a resposta mais destrutiva a uma situao de sobrevivncia. Dissipam-se energias, a racionalidade enfraquecida ou mesmo destruda e torna-se impossvel dar qualquer passo positivo no sentido da nossaprpria sobrevivncia. 0 pnico pode levar ao desespero, o qual pode comear por quebrar a nossa vontadede sobreviver.

    Podem ser dados, mentalmente, vrios passos para fazerem do medo um aliado e tornarem o pnicouma impossibilidade. Como j referimos, a preparao e o conhecimento das tcnicas de sobrevivnciainstilam confiana e levam no s ao autocontrole, mas tambm ao controlo do ambiente que nos rodeia.Alm disso, importante ocupar imediatamente o seu esprito com a anlise da situao e com as tarefasimediatas de sobrevivncia.

    Sobrevivncia

    Situao. - Estou ferido? Quais as medidas de primeiros socorros de emergncia que sou obrigadoa tomar? Qual a situao dos outros membros do meu grupo quanto a ferimentos? Quais so os perigosimediatos? H algo da situao anterior actual que me diga onde estou e qual a melhor maneira desobreviver? Estou perto de gua? Comida? Quais as condies meteorolgicas e de terreno? Que que h minha volta que me possa ajudar a sobreviver?

    Urgncia indevida desperdcio. - No se apresse sem objectivo ou direco. Sem estarcompletamente inteirado da situao, importante conservar as energias. Em condies de sobrevivncia, aenergia mais preciosa que o tempo (excepto em emergncia mdica). No se empenhe em actividadesfsicas at ter um plano e tarefas especficas a realizar. As actividades inteis podem criar uma sensao dedesamparo que poder conduzir, posteriormente, ao pnico.

    Reconhea o local onde se encontra. - Muito provavelmente, ter de forragear e deslocar-se aalguma distancia da sua posio inicial. A familiarizao d segurana, e nada h mais prejudicial numasituao de sobrevivncia que perder o seu ponto inicial ou acampamento. Tome nota das imediaes, dascaractersticas topogrficas fora de comum, etc., e fotografe-as na memria. Quando sair do acampamento,assinale o trilho para poder regressar pelos seus prprios passos. Por mais desamparado e isolado que possaestar, h-de estar em algum sitio. Saber onde est, mesmo que apenas em referencia s imediaes,aumentar as suas hipteses de ser recolhido.

    Vena o medo e o pnico. - A recordao consciente da forca debilitante do medo ou do pnicopode diminuir-lhes o perigo. Adopte uma atitude de pausa e, objectivamente, analise os resultados.

    Improvise. - Qualquer que seja o local onde possa vir a encontrar-se, haver algo, provavlmentemuita coisa, no seu raio de aco imediato que o auxiliar a sobreviver. Quanto mais inventivo e criativo for,tanto mais confortvel se tornar a sua situao. 0 seu quadro de referencias tem de ser alterado. Uma rvoredeixa de ser uma rvore e transforma-se numa fonte potencial de comida, de combustvel, de abrigo e devesturio.

    Familiarize-se com as imediaes. Tal como numa iluso de ptica, o espirito transformarmilagrosamente os objectos naturais em instrumentos de sobrevivncia.

    Valorize o viver - 0 instinto de sobrevivncia bsico no homem e no animal e tem constitudo abase da maior parte das revolues culturais e tecnolgicas atravs da histria. Em condies extremas, avontade de sobreviver pode ser posta duramente prova. Se perder a vontade de viver, todo o conhecimentosobre tcnicas de sobrevivncia ser intil.

    No corra riscos desnecessrios. Voc a chave da sua prpria sobrevivncia, e atitudes loucas dolugar a ferimentos ou a algum tipo de incapacidade que lhe limitaro a eficincia.

    Actue como os nativos. - Pode encontrar gente em muitas reas do mundo afastadas dacivilizao. Normalmente, os grupos tribais e de nativos primitivos no so hostis; contudo, aproxime-sedeles com cautela. Eles conhecem o territrio: onde encontrar gua, zonas de abrigo, alimentao, o caminhopara a civilizao. Tenha cuidado para no os ofender. Eles podem salvar-lhe a vida. Para conseguir auxiliodos nativos, siga a seguinte orientao:

  • 41) Deixe que sejam os nativos a fazer o contacto inicial. Entenda-se com o chefe reconhecido paraobter o que for necessrio.2) Mostre amizade, cortesia e pacincia. No se assuste; no exiba armas.3) Respeite os usos e costumes locais.4) Respeite-lhes a propriedade pessoal.5) Na maior parte das culturas tribais, o homem dominante. Como regra geral, procure evitar ocontacto ou a comunicao directa com os membros femininos da tribo.6) Aprenda com os nativos a usar a floresta e a obter comida e bebida. Pea-lhes conselho sobre osperigos locais.7) Evite o contacto fsico, a menos que lhe dem a impresso de que o deve fazer.8) Normalmente, o papel-moeda no tem valor, mas as moedas - bem como fsforos, tabaco, sal,laminas de barbear, embalagens vazias ou vesturio- podem ser artigos de troca valiosos.9) Deixe boa impresso. Outros podem vir a ter necessidade deste auxlio.

    Lembre-se das tcnicas de sobrevivncia. - Este volume diz-lhe como executar as tcnicasbsicas. Mas aprender fazer. Quanto mais vezes repetir as tarefas e as tcnicas bsicas, tanto mais exmioser ao execut-las.

    A sobrevivncia uma atitude mental positiva para consigo e para com o seu ambiente. Depois daanlise dos tpicos indicados anteriormente, ter j estabelecido uma orientao para as suas aces desobrevivncia e para algumas tarefas que valem a pena ser executadas.

    Solido e aborrecimento

    A solido e o aborrecimento so os meios-irmos do medo e do pnico. Ao contrrio deste ltimo,no surgem sbita e furiosamente, mas lenta e desapercebidamente, normalmente depois de se teremexecutado todas as tarefas bsicas de sobrevivncia e de as necessidades bsicas - gua, comida, abrigo evesturio - terem sido satisfeitas. A solido e o aborrecimento podem conduzir depresso e minarem avontade de sobreviver.

    0 antdoto psicolgico para a solido e para o aborrecimento o mesmo que para o medo e o pnico:manter o espirito ocupado. Estabelea prioridades e tarefas que minimizem o desconforto, melhorem aspossibilidades de recolha e preparem a sobrevivncia para um extenso perodo de tempo. Considere asemergncias inesperadas, embora possveis, como operaes de contingncia e conceba planos e tarefas paralhes fazer frente.

    Estabelea um programa. Um programa no apenas uma forma de segurana; ocupa o esprito comas tarefas a executar. Fixe tarefas de longa durao, tais como a construo de um abrigo permanente eoutras que tm de ser repetidas todos os dias, tal como escrever um dirio.

    A solido e o aborrecimento apenas podem existir na ausncia de um pensamento e aco positivos.Numa situao de sobrevivncia h sempre imenso trabalho que precisa de ser executado.

    Sobrevivncia em grupo

    A dinmica de grupo pode ser quer uma ajuda, quer um risco para a sobrevivncia individual.Obviamente, h mais mos para executarem as tarefas necessrias e o contacto com outros seres humanospode ser um apoio psicolgico. Contudo, uma corrente to forte quanto o seu elo mais fraco e asdificuldades de sobrevivncia podem ser multiplicadas pelo nmero de pessoas que se encontra mergulhadonelas. A sobrevivncia do grupo tambm introduz um factor adicional potencialmente destrutivo: a discrdia.A discrdia tem de ser evitada a todo o custo.

    Tal como as reaces individuais as situaes de sobrevivncia se tornam automticas, tambm omesmo tem de suceder com as do grupo. 0s grupos (tais como seces e pelotes) que trabalham emconjunto e possuem chefes que assumem as suas responsabilidades tm melhores possibilidades desobreviver. Se no houver chefe designado, elejam um. Se o seu grupo tomar em considerao os pontos aseguir indicados, as possibilidades de regresso ao seio dos elementos amigos sero grandemente aumentadas:

    1) Organizem as actividades de sobrevivncia do grupo.2) Reconheam um chefe. 0 chefe deve atribuir misses individuais e manter o grupo informadosobre as actividades globais para a sobrevivncia.3) Desenvolvam no seio do grupo um sentimento de mtua dependncia.4) Sempre que possvel, o grupo deve tomar decises sob a direco do chefe. De qualquer modo,qualquer que seja a situao, o chefe tem de decidir e as suas ordens tm de ser acatadas.

  • 5Finalmente, saiba que o grande teste sua vontade e perseverana ocorrer depois de estar quaserecolhido - quando vir o avio ou o navio mas ningum a bordo der por si. Sentir ento um baque dedepresso e de desespero. Mas no sucumba. Onde h um avio h mais. Se ele estiver a voar segundo umplano de busca, isso significar que algum anda sua procura. Agora o tempo que orienta a sua energia eas tcnicas de sobrevivncia no sentido de ser visto na prxima vez. E haver uma prxima vez.0 lema da sobrevivncia : Nunca desistir.

  • 6CAPTULO II

    ORIENTAO COM CARTA E BSSOLA

    0 primeiro passo no sentido duma sobrevivncia com xito saber ou determinar ondenos encontramos. Todos os anos h pessoas que se perdem - e algumas morrem - porque nodispunham de um mapa ou foram incapazes de utilizar eficazmente os que possuam.

    A forma mais simples de evitar este risco saber onde se encontra em cada instante dasua viagem. Embora o mais provvel seja no dispor de mapas cobrindo todo o terreno de todasas viagens que faca - especialmente viagens ao estrangeiro, onde, por vezes, difcil obter mapasde confiana-, poder permanecer orientado de forma geral conhecendo a direco que seguia e opas (ou regio) sobre o qual se deslocava.

    Se est a abandonar um navio ou um avio no mar e o tempo o permite, procure saber assuas latitude e longitude, a diferena angular entre os nortes verdadeiro e magntico1, a direcomais curta para terra, a direco dos ventos predominantes, a corrente predominante das guas (sehouver alguma) e a direco e distncia para as rotas de navegao mais prximas.

    Se for passageiro numa linha comercial (area ou ocenica), o capito e a tripulaotomaro automaticamente o comando das operaes de sobrevivncia. Eles podem sentir quevoc no se deve preocupar com uma informao deste tipo. Chame-lhes a ateno para o factode que lhes pode acontecer alguma coisa e de que quanto maior for o nmero de pessoas queestejam na posse de informao essencial respeitante localizao e a possveis pistas de recolha,tanto mais provvel ser a cada um sobreviver.

    Se estiver numa viagem de grupo ou safari com um guia, pea-lhe que o mantenhainformado acerca do lugar onde se encontra e para onde ir. Estude com ele os mapas, tendo emateno o seu deslocamento dirio; pode suceder alguma coisa ao guia que o deixe a si privado doseu conhecimento especial sobre a regio.

    Leitura de cartas

    Se a maior parte das pessoas exigissem saber ler uma carta, estariam totalmente certas. que uma carta pode fornecer ao leitor uma grande quantidade de informao que no imediatamente visvel a olhos no industriados. De facto, a leitura de cartas pode ser, muitasvezes, um difcil e fascinante campo de estudo demasiado complexo para ser aqui abordado emgrande pormenor. 0 que aqui apresenta-mos uma explicao bsica sobre cartas; a relao entreas cartas e as coordenadas geogrficas ou linhas de latitude e longitude e o uso simples de umacarta associada a uma bssola.

    0 Exrcito e a Armada ministram cursos de leitura de cartas ao seu pessoal (alguns duramoito semanas, uma indicao sobre o quanto pode ser complexo este assunto aparentementesimples). A maior parte dos textos utilizados nestes cursos esto disposio do pblico2.

    1 A esta diferena se d, em topografia, a designao de declinao magntica de um lugar, definidacomo o ngulo que a direco indicada pela agulha magntica forma com a direco norte-sul geogrfica.

    2 Entre ns encontra-se publicada a obra Topografia, lvaro Parreira, Col. Tcnica,Editora Prtico, Lisboa.

  • 7 O que uma carta?

    A finalidade de uma carta permitir-lhe visualizar uma poro da superfcie da Terra talcomo uma ave voando sobre ela v o terreno (ver a fig. 2-1). Evidentemente, devido variao dengulos e distncias, nem mesmo uma ave v todas as caractersticas do terreno nas suas devidaspropores e formas. Por isso, o cartgrafo tem de se concentrar nos pormenores que respondamaos interesses especiais do utente da carta.

    Por exemplo, um condutor de camio no tem interesse nenhum em possuir uma cartacom pormenores tais como edifcios individualizados ou profundidades dos vrios rios queatravesse. Se as estradas da sua carta parecem muitas vezes mais largas que as cidades queatravessam, o condutor aceita tal distoro porque assim ela serve melhor as suas necessidades.

    Cartas itinerrias. - Mais correctamente designadas por cartas planimtricas, so maisteis para nos deslocarmos do ponto A para o ponto B ao longo de um caminho ou estrada. Numasituao de sobrevivncia, porm, elas so, certamente, melhores que nada. As cartas itinerriasorientam-se pela bssola, a qual o pode ajudar a determinar a direco para a rea habitada ou deabastecimento de gua mais prxima. Usando uma escala de distncias ou um compasso, podetambm estimar a que distancia est o ponto que deseja alcanar. Mas, mais importante ainda,pode determinar a direco e a distancia para o caminho ou estrada mais prxima, aumentando-lhe assim as hipteses de ser recolhido. Se estiver perdido, procure um cruzamento de estradas ouentroncamento, o que lhe duplicar as probabilidades de encontrar um carro ou camio.

    Cartas hidrogrficas3. - So cartas de navegao indicando profundidades dasguas, localizao de canais, balizas e outros pormenores. Uma vez que quase no incluempormenores de terra, no tm aplicao numa expedio terrestre, mas so de importncia vitalem viagens atravs do mar ou ao longo das costas.

    Os pilotos de avio usam uma espcie diferente de cartas; estas assinalam a localizaodos aeroportos, as reas interditas aos voos e as coordenadas Loran4. Embora essencial para astarefas especficas do piloto, esta informao de pouca utilidade para o sobrevivente.

    Cartas topogrficas5. - Estas cartas mostram todos os pormenores das cartasplanimtricas mais as formas e elevaes do terreno. So o tipo mais til de cartas que se devepossuir numa situao de sobrevivncia.

    Informao marginal

    Ningum tentaria reunir os componentes de um mvel sem primeiro ler as instrues. As cartastambm possuem um conjunto de instrues. Estas instrues, designadas por informaromarginal, encontram-se inseridas em todas as cartas topogrficas. A informao marginal explicaos sinais convencionais, indica distncias e fornece uma escala para converso das distnciascartogrficas em distncias horizontais no terreno (ver a fig. 2-2). A informao adquirida atravsdestas notas marginais pode ser uma ferramenta para a sua sobrevivncia.

    3 As cartas hidrogrficas indicam tambm os portos, os cursos de gua, as baas, ancoradouros, etc.

    4 Abreviatura de Long-range navigation, um sistema de navegao a longa distncia em que dois pares deestaes rdio emitem sinais que o navegador utiliza para determinar a posio do navio ou avio.

    5 Estas cartas, que tm por fim a representao em pormenor de uma pequena superfcie terrestre, fornecemno s informaes planimtricas, mas tambm altimtricas. Caso considerem uma extenso muito limitada deterreno, tomam a designao de plantas.

  • 8Fig. 2-1 - Vista a partir de uma elevao e carta da mesma rea

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  • 10

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    Fig. 2-2 Sinais convencionais

    Para facilitar a identificao dos pormenores da carta, dando-lhes uma aparncia e umcontraste mais naturais, os sinais convencionais so tambm normalmente impressos em coresdiferentes, cada cor identificando uma classe de pormenores. As cores variam com os tipos de

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    cartas, mas numa carta topogrfica normalizada de escala grande6 as cores usadas e ospormenores que cada uma representa so:

    Preto - Casas, estradas, caminhos, muros, vias frreas, limites, etc.Azul - Para a representao dos pormenores relacionados com a gua (rios, ribeiros,lagos, lagoas, etc.).Verde - Vegetao.Spia - Relevo (curvas de nvel, etc.).Encarnado - Tambm para casas, estradas, caminhos, etc.

    As elevaes so indicadas com curvas de nvel a spia. A altitude encontra-se seguindo-se uma das curvas de nvel mais carregadas (designadas por curvas mestras) at se dar com umnmero que lhe interrompe a continuidade. Esse nmero est expresso em ps ou metros e todosos pontos da mesma curva esto mesma distancia vertical acima do nvel do mar, isto , tm amesma altitude7. As curvas mestras aparecem, por norma, de cinco em cinco curvas de nvel. Aofundo de cada carta h uma anotao indicando se o nmero est em ps ou em metros e qual adistancia vertical entre curvas de nvel consecutivas, designada por equidistncia natural.

    Ao fundo de cada carta topogrfica aparece uma escala grfica (barra) (ver a fig.2-3).Esta informao d ao utente uma definio de escala para todos os pormenores naturais maisimportantes. Por exemplo, se a carta indicar que a escala 1:50 000, isto significar que umaunidade de medida na carta, em ps, jardas ou metros, igual a 50 000 unidades no terreno.Para alm disto, a escala grfica costuma ter, normalmente, barras graduadas em jardas, milhas emetros, de tal maneira que, se medirmos a distancia entre dois pontos na carta com uma simplestira de papel e a compararmos com uma das barras da escala grfica, poderemos determinardirectamente a correspondente distncia horizontal no terreno entre esses dois pontos. Paradistncias curtas, a escala inclui habitualmente subdivises para a esquerda do zero, parte a que sed o nome de talo.

    Talo da escala Escala principal

    Fig. 2-3 - Escala grfica de barras

    6As escalas so tanto maiores quanto menores forem os respectivos denominadores, o que significa que quantomenor for o denominador de uma escala tanto maior ser a exactido da representao do terreno.

    7 Esta distancia designada por cota e pode ser positiva (elevao) ou negativa (depresso).

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    Em Portugal podem adquirir-se cartas topogrficas no servio cartogrfico do Exrcito(1:25 000) e nos Servios Geogrficos e Cadastrais. Enquanto os pases de lngua inglesa baseiamas suas coordenadas geogrficas num meridiano de referncia que passa por Greenwich, naInglaterra, outros podem utilizar o meridiano das suas capitais ou do local onde se situe umobservatrio astronmico importante. Antes de darmos alguns exemplos, vamos explicar como concebido o sistema de coordenadas geogrficas.

    Coordenadas geogrficas

    Se desenharmos um conjunto de anis volta da Terra, paralelos ao equador, e um outroconjunto norte-sul cruzando o equador segundo ngulos rectos e convergindo nos Plos, formar-se- uma malha de linhas de referncia que permitir localizar qualquer ponto da superfcie doglobo.

    distncia de um ponto ao equador, quer esteja a norte, quer a sul deste, d-se o nome delatitude. Aos crculos volta da Terra paralelos ao equador d-se o nome de paralelos.

    X=39oN 95oW

    Fig. 2-4 - Latitude e longitude

    Os principiantes na leitura de cartas ficam, por vezes, confundidos por as linhas dalatitude correrem de leste para oeste, enquanto as distncias norte-sul so medidas entre elas. 0segundo conjunto de crculos em volta do globo formando ngulos rectos com as linhas delatitude e passando pelos Plos o dos meridianos de longitude, ou, simplesmente, meridianos.De igual modo, as linhas de longitude correm no sentido norte-sul, mas as distancias leste-oestemedem-se entre meridianos.

  • 14

    As coordenadas geogrficas expressam-se em unidades angulares. Cada crculo estdividido em 360 graus. Cada grau est dividido em 60 minutos e cada minuto em 60 segundos. 0grau representado por , o minuto por e o segundo por . Comeando com 0 no equador, osparalelos so numerados at 90, quer para norte, quer para sul. As extremidades so o PloNorte, a 90 de latitude norte, e o Plo Sul, a 90 de latitude sul.

    A latitude pode ter o mesmo valor numrico quer a norte, quer a sul do equador, mas aindicao N ou S tem de ser sempre dada. Comeando com 0 no meridiano de referencia, alongitude mede-se, quer para leste, quer para oeste, volta do mundo. As linhas a leste domeridiano de referncia so numeradas at 180 e identificadas como longitude leste; as linhas aoeste daquele meridiano so numeradas at 180 e referidas como longitude oeste. A indicao Lou W tem de ser sempre dada. A linha diametralmente, oposta ao meridiano de referncia, 180,pode ser designada como longitude leste ou oeste. Por exemplo, o x da fig. 2-4 representa umponto situado a 39 de latitude norte e a 95 de longitude oeste. Convencionalmente, a latitudeescreve-se primeiro; por isso, a posio do ponto x devera ler-se 39 N 95 W.

    Embora os valores das coordenadas geogrficas sejam dados em unidades angulares,tero maior significado se forem comparados com unidades de medida com as quais estejamosmais familiarizados. Em qualquer ponto da Terra, a distancia no terreno coberta por 1 de latitude aproximadamente igual a 111 km (69 milhas); 1 segundo corresponde aproximadamente a 30m(100 ps). A distancia no terreno coberta por l de longitude no equador tambm de 111 kmaproximadamente, mas este valor decresce medida que nos deslocamos para norte ou para sul,at se tornar igual a zero nos Plos. Por exemplo, 1 de longitude representa cerca de 30m noequador, mas a latitude de Washington, D. C., 1 de longitude aproximadamente igual a 24m(78 ps).

    Como j foi indicado, as cartas produzidas por alguns pases no tm os valores daslongitudes referidos ao meridiano de Greenwich, na Inglaterra. A seguir apresentam-se osmeridianos de referencia usados por outros pases. Quando estas cartas so produzidas nosEstados Unidos, aparece por norma uma nota na informao marginal indicando a diferena entreo meridiano de Greenwich e o que for usado na carta. Para converter as cartas desses pases aomeridiano de Greenwich, some ou subtraia (conforme estiver a leste ou a oeste do meridianode Greenwich) os seguintes valores:

    Amsterdo, Holanda____________________ 4 53 01 EAtenas. Grcia________________________23 42 59 EJacarta. Indonsia_____________________ 06 48 28 EBerna. Sua__________________________ 7 26 22 EBruxelas, Blgica_______________________4 22 06 ECopenhaga, Dinamarca_________________ 12 34 30 EFerro. Canrias_______________________ 17 39 46 WHelsnquia, Finlndia___________________24 57 17 EIstambul. Turquia_____________________ 28 58 50 ELisboa, Portugal_______________________ 9 07 55 WMadrid. Espanha_______________________ 3 41 15 WOslo, Noruega_________________________10 43 23 EParis. Frana___________________________2 20 14 EPulcovo, URSS________________________30 19 39 ERoma, Itlia__________________________ 12 27 08 EEstocolmo, Sucia_____________________ 18 03 30 ETirana. Albnia_______________________ 19 46 45 E

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    Orientao de cartas

    Para saber na carta onde se encontra, estude cuidadosamente o terreno circundante. Halgumas colinas ou picos, ribeiros ou rios, estruturas feitas pelo homem, tais como celeiros, torresou linhas de caminho-de-ferro, nas redondezas? Escolha dois destes pormenores proeminentes edepois relacione-os com a carta. Embora todas as cartas se segurem de tal modo que possam serlidas com o lado norte virado para cima, rode-a at que fique em correspondncia com o terreno.A direco para onde estamos virados ou para onde queremos ir pode agora ser determinada pelascoordenadas geogrficas da carta. A isto se chama orientar a carta.

    Direces

    Na vida quotidiana, as direces so expressas em termos como direita, esquerda,em frente, etc., mas uma pergunta se impe: Para a direita de qu? Os utentes das cartasprecisam de um mtodo para indicarem uma direco que seja precisa, adaptvel a qualquer reado mundo e tenha uma unidade de medida comum. As direces expressam-se em unidadesangulares, existindo vrios sistemas em uso. A unidade angular mais commumente utilizada,contudo, o grau, com as suas subdivises em minutos e segundos.

    0 grado uma unidade angular que se encontra em algumas cartas estrangeiras. Acircunferncia tem 400 grados (um ngulo recto - 90 - equivale a 100 grados). 0 grado divide-seem 100 minutos e o minuto em 100 segundos. Esta unidade usa-se com o sistema mtrico.

    Para se medir qualquer coisa, tem de haver sempre um ponto de partida ou zero. Para seexpressar uma direco atravs de uma unidade angular, tem de haver um ponto de partida ouzero e um ponto de referencia. Estes dois pontos definem a base ou linha de referencia. H trslinhas-base: o norte geogrfico ou verdadeiro, o norte magntico e o norte cartogrfico ou daquadrcula. Os mais commumente utilizados so o magntico e o cartogrfico; o magnticoquando trabalhamos com a bssola e o cartogrfico quando usamos uma carta militar.

    O norte geogrfico o ponto de interseco de todos os meridianos ao norte do equador.0 norte geogrfico habitualmente representado por uma estrela8.

    0 norte magntico a direco do plo norte magntico, indicada pela agulha magntica. normalmente representado pela metade da ponta de uma seta9.

    0 norte cartogrfico definido pelas linhas verticais da quadrcula das cartas. Pode sersimbolizado pelas iniciais GN10 ou pela letra y.

    0 mtodo mais comum de expressar uma direco o dos azimutes. Define-se azimute deuma dada direco como senda o ngulo horizontal que essa direco faz com a linha norte-sulcontado a partir do norte e sempre no sentido do movimento dos ponteiros do relgio. Quando sepretende o azimute da direco definida por dois pontos na carta, unem-se os pontos por meio deuma linha recta e com um transferidor mede-se o ngulo formado pela linha norte-sul cartogrficae a linha desenhada entre aqueles dois pontos. A origem dos azimutes o centro do crculo deazimutes.

    8 Em algumas edies menos recentes de carta portuguesas, nomeadamente a Carta Militar de Portugal, 1:25 000,aparece representado por uma linha cheia com as iniciais NG.

    9 Tambm pode aparecer representado por uma linha tracejada com as iniciais NM em cartas portuguesasmenos recentes.

    10 Em cartas portuguesas pode aparecer representado por uma linha cheia carregada e com as iniciais NC. Asiniciais GN significam Grid north, norte da quadrcula.

  • 16

    Os azimutes tomam o nome da linha-base a partir da qual so medidos: azimutesverdadeiros ou geogrficos a partir do norte geogrfico, azimutes magnticos a partir do nortemagntico e azimutes cartogrficos a partir do norte cartogrfico ou da quadrcula. Assim,qualquer direco dada pode ser expressa de trs formas diferentes: um azimute cartogrfico semedido numa carta topogrfica, um azimute magntico se medido com uma bssola ou umazimute verdadeiro (geogrfico) se medido a partir de um meridiano.

    Um azimute inverso o reverso da direco de um azimute. comparvel ao fazer meiavolta. Para obter o azimute inverso de uma dada direco, some 180 ao azimute dado se este forinferior ou igual a 180 , ou subtraia 180 se aquele for superior ou igual a 180. 0 azimuteinverso de 180 pode ser 0 ou 360.

    A maior parte das cartas de escala grande apresentam um diagrama de declinaesdestinado a habilitar o utente a orient-la correctamente. 0 diagrama mostra a relao entre osnortes magntico, cartogrfico e geogrfico. Nas cartas de escala mdia, a informao sobre adeclinao apresentada em nota margem. Declinao de um lugar a diferena angular entre onorte geogrfico e os nortes magntico ou cartogrfico.

    Bssola militar ou prismtica

    Bssola slyva ou de orientao

    Fig. 2-5 - A bssola

  • 17

    A bssola

    A bssola porttil o instrumento mais simples e mais commumente utilizado paradeterminar e medir direces e ngulos. Aparece nos mais variados estilos, desde simplesmodelos de pulso ou de bolso aos mais complexos modelos de limbo mvel (Slyva) ouprismticos. Todos os modelos so teis para navegao bsica e todos devem estarequipados com algum tipo de estojo para proteco das lentes.

    0 modelo Slyva est embutido numa placa rectangular de plstico transparente, a qualapresenta escalas gravadas nos bordos e. uma grande seta (a chamada seta da direco deprogresso) impressa.

    A bssola prismtica tem uma pea metlica articulada equipada com uma lenteamplificadora que permite, ler as pequenas marcas dos graus quando se determinam rumos. Acobertura de proteco desta bssola possui uma ranhura de mira para apontar a referncia noterreno.

    Para leitura e orientao bsica de cartas, qualquer bssola serve, desde que seja precisa eusada longe de objectos de ao ou ferro, ou fora de reas com depsitos conhecidos demagnetite, um tipo de minrio de ferro.

    Dado que todas as bssolas apontam o norte magntico e no o norte geogrfico, todas ascartas trazem, no centro, uma indicao sobre o valor da declinao magntica, a qual varia delugar para lugar atravs do mundo 11.

    Por exemplo, nos Estados Unidos, a direco do norte verdadeiro sobrepe-se direcodo norte magntico segundo uma linha que corre para sul sensivelmente desde a pennsulasuperior do Michigan, atravs de Chicago, at ao extremo sul da Florida. Em qualquer ponto aleste ou a oeste desta linha passa-se a um azimute geogrfico somando ou subtraindo o necessrionmero de graus indicado na carta.

    Embora estas correces no sejam necessrias para pequenos deslocamentos, no caso deuma explorao prolongada, digamos, no Noroeste do Pacfico (onde a declinao magnticachega aos 20 leste) estas correces entre a carta e a bssola so cruciais.

    Usar uma carta e uma bssola simples, dado que no lhe exige mais que manter adireco definida pelo ponto onde esta e aquele que pretende atingir. Mesmo que a rota estejaobstruda por um paul ou pntano no indicado claramente na carta, basta fazer um desvio comtrs ngulos rectos em volta do obstculo para se encontrar no s do outro lado desta, mastambm na rota certa para o objectivo pr seleccionado.

    Ser pouco provvel que s aps um longo deslocamento encontre distncia algumacidente de terreno que coincida com um dos pontos da carta. Apenas em bosques cerrados oufloresta difcil usar pontos de referncia. Por isso, pode ser necessrio trepar s rvores maisaltas para identificar distncia as linhas de alturas ou outros acidentes do terreno.Ocasionalmente, at mesmo do alto da calote verde da floresta difcil destrinar os rios e osribeiros da selva circundante, devido uniformidade das alturas e densidade florestal. Por estarazo e muitas outras, logo que localize um rio na selva, agarre-se a ele como origem de gua,alimentos e orientao elementar.

    11 A declinao sofre variaes de ordem geogrfica, peridica (secular, anual e diurna) e acidental (em tempo eem espao). Em 1969, a declinao magntica na regio de Tomar era de 852 e a variao mdia anual de -7.5.

  • 18

    Fig. 2-6 - Determinao da posio por triangulao

  • 19

    A triangulao apenas uma forma de determinar a sua posio na carta com a ajuda dedois pontos de referncia, no caso de no estar prximo ou num desses pontos. Com uma bssoladetermine o azimute para o ponto A e depois para o ponto B. Transfira estes azimutes para a cartaconforme se indica na figura 2-6 e o ponto onde as duas linhas se cruzam o ponto onde seencontra 12.

    A nica vez que a coordenao estreita entre a bssola e a carta crucial quando estivera tratar uma rota em ziguezague atravs de terreno acidentado. Nesta circunstncia, necessrioconverter em passos a distancia de cada troo medida na carta, partindo do principio de que o seupasso mdio vale cerca de 76cm. A escala grfica na parte inferior da carta ajud-lo- asimplificar a converso em jardas, metros ou milhas das distancias medidas na carta. Contudo,antes de prosseguir noutra direco, ter de determinar a sua posio com a maior aproximaopossvel.

    No caso de o seu objectivo ser um acidente de terreno de grandes dimenses, tal comouma estrada transversal, a sua direco geral de progresso, no se torna essencial uma precisopontual. Mas, se procura atingir uma cabana num bosque profundo ou uma determinada cumeadaentre vrias, qualquer erro de poucos metros no princpio poder afast-lo milhares de metros doobjectivo. Por isso, determine cada uma das direces com a maior preciso possvel.

    No seja lisonjeiro na avaliao da sua progresso em terreno acidentado. Embora possaser capar de trotar 1600 m em oito minutos ou and-los em quinze minutos, ser j muito bomque consiga faz-los, em mdia, numa hora se transportar s costas algo pesado ou se se deslocarem montanha e onde haja rvores cadas. Esta outra razo para usar a carta e a bssola e fazer acontagem dos passos 13. Muita gente costuma sair do acampamento de manh apenas pararegressar, exausta, tarde. Podem ter-se aproximado correctamente do acampamento, masfizeram meia volta apenas a escassas centenas de metros da clareira convencidos de que j tinhamandado de mais.

    12 Os azimutes transferidos para a carta so os azimutes inversos dos que foram determinados para os pontos Ae B. No exemplo da figura 2-6, os 325 e 40 determinados (imagem 2) convertem-se em 325 - 180 = 145 e em40 + 180 = 220 marcados a partir dos pontos identificados na carta (Imagem 3).

    13 Um mtodo prtico para controlar a distncia percorrida consiste em dar ns num cordel por cada cempassos, por exemplo. Caso o deslocamento seja feito em grupo, conveniente que pelo menos trs indivduoscontem e registem os passos. Assim se conseguir maior rigor e segurana no clculo da distncia percorrida.

  • 20

    CAPITULO III

    ORIENTAO SEM CARTA OU BSSOLA

    Pode suceder que no disponha nem de carta, nem de bssola, ou se encontre numaregio rica em minrio de ferro ou prxima dos Plos, onde usar a bssola pode ser pior que noo fazer. Se estiver acima dos 60 de latitude do hemisfrio norte, a menos que saiba onde est eesteja absolutamente seguro de que descendo ao longo de um curso de gua que corra nasimediaes atingir uma aldeia amiga, os Departamentos da Defesa dos EUA e do Canadaaconselham veementemente todas as pessoas em situao de sobrevivncia a ficar onde esto e aaguardar por socorros. A presena e localizao de todas as aeronaves e grupos de pessoas emterra nas regies polares cuidadosamente registada e transmitida por uma multiplicidade deagncias governamentais, quer americanas, quer de outros pases, e quaisquer anomalias oupedidos de socorro so rapidamente convertidos em misses de busca e salvamento.

    Contudo, noutras circunstncias ou em outras partes do mundo, pode querer tentarregressar civilizao em vez de aguardar que esta venha ter consigo. 0 importante neste esforo evitar perder-se umasegunda vez, isto , saber como voltar ao ponto de partida e como deslocar-se com preciso edeterminao segundo a direco que pretende seguir. No prximo captulo oferecemos algunsconselhos teis para a travessia de terreno difcil e para a manuteno da direco. Antes dapartida (e a intervalos regulares durante o trajecto) tem de determinar primeiro a direco. 0 passofundamental para se determinar a direco localizar os quatro pontos cardeais no terreno. Hvrios mtodos para o fazer sem bssola.

    Orientao durante o dia

    Pelo Sol

    0 Sol nasce para leste (mas raramente a leste) e pe-se para oeste (mas raramente aoeste). 0 Sol nasce ligeiramente a su1 do Leste e pe-se ligeiramente a norte do Oeste e adeclinao ou ngulo de variabilidade varia com a estao do ano. Contudo, lembre-se de que adireco funo do nosso propsito. Se for obrigado a atingir um ponto ou local especficos, foroso que alinhe a direco pretendida com o norte ou o su1 magnticos ou geogrficos. Mas seapenas pretende manter uma direco, a trajectria do Sol o melhor ponto de refernciapermanente. Procure verificar a direco pelo menos uma vez por dia, usando os seguintesmtodos:

    MTODO DA SOMBRA DA VARA

    1) Crave uma vara no cho em local onde se possa projectar uma sombra distinta. Marqueo local onde a sombra da ponta da vara bater no solo.2) Aguarde que a sombra da vara se desloque alguns centmetros. Se a vara tiver cerca de1 m, bastam quinze minutos. Quanto mais comprida for a vara, tanto mais rapidamente sedeslocar a sombra. Marque a nova posio da sombra da ponta da vara.3) Trace uma linha recta passando pelas duas marcas referidas, obtendo,aproximadamente, a linha leste-oeste. A primeira marca fica sempre para oeste; asegunda marca fica sempre para leste - a qualquer hora do dia e em qualquer lugar daTerra.4) Qualquer linha perpendicular anterior indicar aproximadamente, a direco norte-sul, a qual o ajudar a orientar-se para qualquer direco de marcha.

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    Fig. 3-1 - Orientao e hora do dia: mtodo da sombra da vara

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    A inclinao da vara no prejudica o rigor deste mtodo. Portanto, um viajante emterreno inclinado ou em terreno muito florestado no precisa de perder tempo a procura de umarea de dimenses apreciveis. Uma simples nesga de terreno, mesmo suja, do tamanho da mo, quanto basta para este mtodo, e a base da vara tanto pode ficar acima como abaixo do nvel doterreno circundante. Qualquer objecto estacionrio (a ponta de um ramo ou a juno de doisramos) serve to bem como uma vara cravada no solo, porquanto apenas a sombra da ponta seassinala.

    DETERMINAO DA HORA PELO MTODO DA SOMBRA DA VARA.Ser capaz de determinar a hora do dia importante para fins tais como comparecer a um

    encontro, efectuar aces pr-planeadas e concorrentes entre varias pessoas ou grupos separados,estimar a durao da luz do dia remanescente, etc. Ao meio-dia, a hora dada por este relgio desol est prxima da hora dos relgios convencionais e o espaamento das outras horas,comparado com o das horas convencionais, varia um pouco com o local e a data1.

    Para saber as horas do dia, crave a estaca verticalmente na interseco das linhas leste-oeste e norte-sul. A ponta oeste da linha leste-oeste indica as 6 horas e a ponta leste as 18 horas,em qualquer ponto da Terra.

    A linha norte-sul fica assim transformada na linha do meio-dia. A sombra da vara oponteiro das horas deste relgio de sol e com ela pode estimar as horas usando a linha do meio-dia e a linha das 6-18 horas como referencias. A sombra pode deslocar-se quer no sentido domovimento dos ponteiros do relgio, quer no sentido contrario, conforme a localizao e aestao do ano, mas este facto no altera a maneira de ler este relgio de sol.

    0 relgio de sol no um relgio em sentido comum. Nele o dia tem doze horas desiguaise lem-se sempre 6 horas ao nascer do Sol e 18 horas ao pr do Sol. , contudo, um meiosatisfatrio de indicar as horas quando no se dispe de um relgio.

    Se tiver um relgio, poder usar o relgio de sol para fixar a direco obtida pelomtodo da sombra da vara. Basta que acerte o relgio pela hora dada pelo relgio de sol e o usede acordo com o mtodo do relgio, que se descreve seguidamente. Poupam-se os dez a quinzeminutos de espera necessrios para completar uma leitura pelo mtodo da sombra da vara e,consequentemente, permite efectuar tantas leituras instantneas quantas as necessrias para evitarandar em circulo. Aps ter andado durante cerca de uma hora, confirme a direco atravs domtodo da sombra da vara e acerte o relgio, se for necessrio. A direco obtida por este mtodomodificado do relgio a mesma que se obtm pelo vulgar mtodo da sombra da vara. Isto , ograu de rigor de cada um dos mtodos idntico.

    Mtodo do relgioPode usar-se o relgio para determinar, aproximadamente, quer o norte quer o sul

    verdadeiros, conforme se mostra na figura 3-2. Apenas na zona temperada do norte o ponteiro dashoras apontado para o Sol. A meia distancia entre o ponteiro das horas e as 12 horas do relgiocorre uma linha que aponta o sul. Para poupar tempo e luz do dia, a linha norte-sul pode serdeterminada a meia distncia entre o ponteiro das horas e a 1 hora. Se tiver duvidas acerca dequal das extremidades da linha aponta o norte, basta recordar que o Sol est a leste antes do meio-dia e a oeste da parte da tarde.

    0 relgio tambm pode ser usado para orientao na zona temperada do sul; porm, omtodo diferente. Aponta-se a marca das 12 e o ponteiro das horas do relgio para o Sol e ameia distncia entre as 12 e o ponteiro das horas estar a linha que indica o norte. luz do dia,e para poupar tempo, esta linha pode ser determinada a meia distncia entre o ponteiro das horas eo 1. As zonas temperadas em ambos os hemisfrios ficam compreendidas entre os 23,5O e os66,5O de latitude.1 H que ter em conta o adiantamento da hora legal relativamente hora solar, o qual no nosso pais de cercade 36 minutos no Inverno e de 1 hora e 36 minutos no Vero.

  • 23

    Fig. 3-2 - Orientao pelo mtodo do relgio

    0 mtodo do relgio pode originar erros, especialmente nas latitudes mais baixas, e podefazer andar em crculo. Para evitar isto, faa um relgio de sol e acerte a hora pela que esteindicar. Depois de ter andado durante uma hora, faa outra leitura num relgio de sol. Senecessrio, volte a acertar o seu relgio.

    Mtodo das sombras iguais

    Esta variante do mtodo da sombra da vara (ver fig. 3-3) mais rigorosa e pode ser usadaem todas as latitudes abaixo dos 66O e durante todo o ano.

    1) Crave uma vara ou ramo verticalmente em local apropriado para se obter uma sombrantida com, pelo menos, 30cm de comprimento. Marque a sombra do topo da vara comuma pedra, cavaco ou qualquer outra coisa. Esta operao tem de ser feita cinco a dezminutos antes do meio-dia (hora solar).2) Trace um arco cujo raio seja o comprimento da sombra anteriormente marcada e cujacentro seja a base da vara. Para fazer isto, pode usar um cordel, os atacadores dos sapatosou uma outra vara.3) medida que o meio-dia se for aproximando, a sombra ir encurtando. Aps o meio-dia, o comprimento da sombra ira aumentando at cruzar o arco. Mal a sombra da pontada vara tocar o arco pela segunda vez, marque o stio.4) Risque uma linha recta que passe pelas duas marcas para obter a linha leste-oeste.

  • 24

    Embora esta seja a verso mais rigorosa do mtodo da sombra da vara:

    - Tem de ser efectuada prximo do meio-dia.- Para se completar o processo, o observador tem de estar atento sombra e executar o

    passo 3 no instante em que a ponta da sombra tocar o arco.

    Fig. 3-3 Orientao: mtodo das sombras iguais

    Orientao durante a noite

    noite podemos usar as estrelas para, determinar o norte do hemisfrio norte ou o sul nohemisfrio sul. Para encontrar a Estreia Polar, localize a Ursa Maior. As duas estrelas daextremidade da caarola2 so normalmente designadas por guardas. A Estrela Polar fica noprolongamento da linha que une as guardas (cerca de cinco vezes a distncia que as une)3. A UrsaMaior roda lentamente em torno da Estrela Polar e nem sempre aparece na mesma posio.

    A constelao da Cassiopeia tambm pode ser usada. Este grupo de cinco estrelasbrilhantes apresenta-se como um M cambado (ou como um W, quando est prxima da linhado horizonte). A Estrela Polar fica exactamente em frente da estrela do centro a cerca de meiocaminho entre a Cassiopeia e a Ursa Maior. A Cassiopeia tambm roda lentamente em torno daEstrela Polar e localiza-se sempre em posio quase diametralmente oposta da Ursa Maior. Estaposio constitui um auxiliar valioso quando a Ursa Maior se encontra baixa ou fora da vistadevido a vegetao ou ao terreno elevado.

    2 So as mais brilhantes desta constelao e do pelo nome de Duble e Markab.3 Esta linha tem de ser prolongada para o lado de convexidade da cauda.

  • 25

    Hemisfrio Norte

    Hemisfrio Sul

    Fig. 3-4 Orientao noite

    A sul do equador, a constelao do Cruzeiro do Sul ajud-lo- a localizar a direco geraldo sul e, a partir desta base, qualquer outra direco. Este grupo de quatro estrelas brilhantes tema forma de uma cruz, e dai o seu nome. As duas estrelas que formam o eixo maior do Cruzeiroso designadas por pontas. Prolongue o eixo maior da cruz, na direco do seu p, quatro vezes emeia a distancia que separa as duas pontas e obter um ponto imaginrio. Este ponto assinala adireco geral do sul. Deste ponto, olhe perpendicularmente a linha do horizonte e escolha umareferncia no terreno.

  • 26

    Estimativas

    Numa situao de sobrevivncia, e antes de se deslocar do local onde se encontrar, deveter presente que o facto de dispor de um registo do tempo de deslocamento to importante comomanter uma dada direco. Uma caderneta ou dirio pormenorizado essencial no apenas parafazer estimativas de navegao com xito, mas tambm para a sobrevivncia em geral. Desde hsculos que os marinheiros os utilizam estimativas para navegarem sem terra vista ou durante omau tempo, processo que tem aplicao na navegao em terra.

    Os deslocamentos em terra tm de ser cuidadosamente planeados. Os pontos de partida ede chegada devem ser conhecidos, pelo menos aproximadamente, e - se houver uma carta -cuidadosamente marcados juntamente com os pontos importantes conhecidos ao longo dotrajecto. Estes pontos intermdios, se claramente identificveis no terreno, servem comoinestimveis pontos de referncia. Se no houver uma carta, a marcao faz-se numa folha depapel. A escala escolhida deve permitir representar toda a extenso do trajecto numa s folha.Marca-se claramente a direco norte. Depois marcam-se os pontos de partida e de destino emrigorosa relao um com o outro.

    Se o terreno o permitir, o trajecto ideal ser uma linha recta do ponto de partida ao dedestino. Raramente isto ser possvel ou praticvel. 0 trajecto consiste, habitualmente, numconjunto de troos, com um azimute ou ngulo em graus, iniciado no ponto de partida e ligadosuns aos outros. A medio das distncias comea partida e continua ao longo do primeiro trooat se fazer uma mudana de direco. Determina-se o novo azimute para o segundo troco e adistncia mede-se at segunda mudana de direco, e assim por diante. Registam-se todos oselementos e marcam-se todas as posies.

    0 passo a melhor unidade de medida para se medirem distncias em terra. 0 passo igual a um passo natural, cerca de 76cm 4. Por norma, contam-se as centenas, e estas podem serregistadas de vrias maneiras: anote-as num bloco-notas; conte-as pelos dedos; coloque pequenosobjectos, tais como seixos, num bolso ou saco vazio; d ns num cordel ou use um contadormecnico manual. As distncias medidas desta maneira so apenas aproximadas, mas com aprtica podem vir a ser bastante rigorosas. importante que qualquer pessoa que possa vir aencontrar-se numa situao de sobrevivncia predetermine o comprimento mdio do seu passo.Isto pode fazer-se medindo o comprimento mdio de dez passos e dividindo esse comprimentopor dez. No campo, o passo mdio tem muitas vezes de ser aferido devido s seguintes condies:

    Encostas. - 0 passo alarga nas descidas e encurta nas subidas.Vento. - 0 vento de frente encurta o passo, enquanto o vento de cauda o alarga.Superfcies. - Areia, cascalho, lama e outras superfcies similares tendem a encurtar opasso.Elementos. - Neve, chuva ou gelo fazem encurtar o passo.Vesturio. - 0 vesturio pesado encurta o passo; o tipo do calado afecta o andamentoe, consequentemente. o comprimento do passo.Vigor. - A fadiga afecta o comprimento do passo.

    Pontos de referncia

    Um ponto de referencia qualquer objecto bem definido no terreno e na direco dodeslocamento, para o qual um navegador se pode dirigir. mais fcil seguir estes pontos dereferncia que navegar constantemente bssola.

    4 aconselhvel que cada um determine o valor mdio do seu passo.

  • 27

    PONTOS DE REFERNCIA DIURNOS. - Os pontos de referncia so mais fceis deseguir durante as marchas diurnas, naturalmente. Arvores isoladas ou edifcios, orlas de matas erecortes no horizonte so bons exemplos de pontos de referncia. At mesmo uma formaonebulosa ou direco do vento podem ser usadas se confirmadas periodicamente por qualquer dosprocessos de orientao j descritos.

    PONTOS DE REFERNCIA NOCTURNOS. - Durante a noite, normalmente, os nicospontos de referncia so as estrelas. Devido rotao da Terra, a posio das estrelas mudaconstantemente, tomando-se necessrio confirmaes pela bssola. 0 intervalo entreconfirmaes depende da estrela escolhida. Uma estrela prxima do horizonte norte serve durantecerca de meia hora. A Estrela Polar um ponto de referncia ideal, pois est a menos de 1o donorte verdadeiro, mas acima dos 70 de latitude fica demasiado alta para ser til. Quando nosdeslocamos para sul, devemos fazer confirmaes de quinze em quinze minutos, por razes desegurana. Quando em marcha para leste ou oeste, a dificuldade em manter a direco provocada, mais provavelmente, pela subida da estrela ou por a deixarmos para trs do horizontea oeste que pela mudana de direco do ngulo da estrela. Em todos os casos acimamencionados, necessrio mudar para outra estrela quando a primeira deixa de ser til. A sul doequador invertem-se as instrues gerais acima indicadas para a utilizao das estrelas do norte edo sul.

    Orientao pelo Orion

  • 28

    CAPTULO IV

    EM MARCHA

    Se, como se disse no captulo anterior, der por si subitamente perdido, isolado ou vtimade uma aterragem forada, melhor ficar no local.

    Se porm, certas condies (ver cap. VI) indicarem ser mais avisado deslocar-se ou se forforado a abandonar o seu acampamento para procurar comida e gua, h todo o interesse quesaiba como se deslocar atravs dos campos.

    A escolha do itinerrio depende da situao das necessidades, das condiesmeteorolgicas e da natureza do terreno. Quer escolha uma linha de cumeada, um regato, vale,floresta cerrada ou uma cadeia de montanhas, tenha a certeza de que o caminho mais seguro, eno apenas o mais fcil.

    Velocidade de marcha

    Planeie e execute cada dia de marcha de forma que fique com tempo e energia suficientespara montar um local de pernoita seguro e satisfatrio. Repousar e dormir extremamenteimportante durante a marcha.

    A velocidade de marcha ser determinada em funo de um certo nmero de factores,incluindo: condies do tempo, por exemplo, temperatura, sol, vento, chuva, neve, etc., condiofsica; terreno (declives e tipo do piso); exigncias de tempo e distncia (um determinado localtem de ser atingido num espao de tempo determinado?); a carga a transportar (carregue apenas oessencial); as necessidades em alimentos e gua. Cae e recolha alimentos durante odeslocamento. Procedendo desta maneira, poder reduzir a necessidade de efectuardeslocamentos especificamente para satisfazer as suas necessidades alimentares.

    Orientao a todo o terreno

    A menos que esteja a deslocar-se atravs de floresta cerrada ou no mar alto, poder porvezes usar as serras distncia como orientao e guia. Um pico saliente pode servir como pontode referncia durante uma semana. Contudo, esteja precavido contra a iluso de estar a ver umpico e a seguir ainda na direco pretendida quando, na realidade, j est a deambular segundouma tangente sua direco e a afastar-se da salvao. Siga uma linha recta, o que lhe permitesempre voltar atrs, alinhando duas referncias - rvores ou rochas - e depois alinhando umaterceira referncia para l da segunda. Marque as referncias - com entalhes nas rvores ou pilhasde pedras que no se prestem a confuses- enquanto for progredindo, escolhendo sempre outrareferncia em linha recta medida que se for aproximando do ltimo ponto de referncia.

    Siga segundo uma linha paralela a uma linha de alturas, mas imediatamente abaixo dela.Nas linhas de alturas frequente encontrarem-se trilhos de animais que podem ser utilizadoscomo itinerrios. A vegetao mais rala e os pontos dominantes permitem localizar referncias.

    A utilizao de uma linha de gua como itinerrio ou referncia de particular interesseem territrio desconhecido, dado constituir um caminho razoavelmente definido e, normalmente,conduzir a reas povoadas; uma fonte potencial de gua e alimentao, bem como uma via parase viajar de barco ou de jangada. Esteja, porm, preparado para vadear a linha de gua, desviar-seou atravessar a espessa vegetao das margens. Se seguir um curso de gua num territriomontanhoso, escolha quedas-dgua, penhascos e confluncias como pontos de referencia. Emterritrio plano, os cursos de gua descrevem, normalmente, meandros, so bordejados porterrenos alagadios e esto tapados com matagal. Viajar por eles d poucas oportunidades paralocalizar referncias.

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    Uma linha de costa um caminho longo e cheio de desvios; mas uma linha de costa uma boa rea de referencia para obter apoio e tambm uma provvel origem de alimentos.

    Tipos de terreno

    Marcha atravs de vegetao cerrada

    Com a prtica, o movimento atravs de matagal cerrado e selva pode fazer-se comeficcia afastando cautelosamente a vegetao. As mangas compridas descidas ajudaro a evitarcortes e arranhes.

    Evite os arranhes, equimoses e a perda da direco e da confiana adaptando o olhar selva. No se preocupe com a configurao das rvores e dos arbustos directamente sua frente.Foque a vista para alm do que se encontra imediatamente sua frente e, em vez de olhar para afloresta, olhe atravs dela. Pare e agache-se ocasionalmente e examine o solo da selva.

    Mantenha-se alerta movendo-se lenta mas firmemente numa floresta cerrada ou selva,mas pare periodicamente para escutar e para se orientar. Use uma catana para abrir caminhoatravs da vegetao cerrada, mas no faa cortes desnecessrios. 0 rudo propaga-se a grandesdistncias atravs das matas, mas pode ser atenuado golpeando de baixo para cima quando secortam trepadeiras e mato. Para afastar a vegetao e reduzir a possibilidade de desalojarformigas mordedoras, aranhas e cobras, pode usar-se um pau ou basto. NO se agarre ao matoou a trepadeiras para trepar; podem ter picos irritantes ou espinhos afiados.

    Muitos dos animais da selva ou da floresta seguem trilhos de caa bem definidos. Estestrilhos serpenteiam e entrecruzam-se, mas, frequentemente, conduzem gua ou a clareiras.Assegure-se de que os trilhos conduzem na direco de marcha desejada, fazendo confirmaesfrequentes.

    Em muitos pases h linhas elctricas e telefnicas correndo durante quilmetros atravsde reas escassamente habitadas. Habitualmente, o terreno est suficientemente limpo parapermitir um deslocamento fcil. Quando nos deslocamos ao longo destas linhas, temos de tercuidado na aproximao a postos de transformao e transferncia, pois podem estar protegidospor guardas hostis.

    Marcha atravs de terreno montanhoso

    Pode ser perigoso e confuso marchar em territrios montanhosos ou acidentados, a menosque conhea alguns truques. 0 que distncia parece uma linha de alturas poder ser uma srie delinhas de alturas e de vales. Em montanhas extremamente altas, um campo de neve ou glaciar queparece ser continuo e fcil de atravessar poder esconder uma fenda alcantilada com centenas demetros. Em montanhas florestadas, as rvores que crescem nos vales formados por ribeirosatingem alturas e as suas copas ficam quase ao mesmo nvel das copas das arvores que crescemnas encostas e no topo das colinas onde a gua escasseia; este facto d origem a uma linha dearvores que, distncia, aparece nivelada e contnua. A marcha em montanha consome muitasenergias e deve ser evitada sempre que haja alternativas adequadas.

    Siga os vales ou as linhas de cumeada em terreno montanhoso. Para poupar tempo eenergia, mantenha o peso do corpo directamente sobre os ps colocando as plantas dos ps dechapa sobre o terreno. Se der passos curtos e andar devagar mas uniformemente, no ser difcil.

    0 deslocamento pode ser a subir ou a descer encostas inclinadas ou penhascos. Antes decomear, escolha o itinerrio cuidadosamente, assegurando-se de que tem locais para colocar asmos e os ps desde o topo at ao fundo. Experimente todos os salientes antes de se apoiar nelesem peso e mantenha o peso do corpo uniformemente distribudo. Preste ateno aos seguintesconselhos:

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    1) A menos que seja necessrio, nunca trepe a rochas soltas.2) Desloque-se continuamente usando as pernas para elevar o seu peso e as mos paramanter o equilibro. Tente manter trs pontos de apoio; mova apenas uma mo ou um pde cada vez.3) Mantenha-se numa posio que lhe permita deslocar-se em qualquer direco e aqualquer momento sem perigo.4) Desa de costas para a encosta enquanto for possvel. Esta a melhor posio para seescolherem itinerrios e pontos de apoio.5) Quando no existirem itinerrios mais fceis para descer encostas muito ngremes,faca rappel 1

    EQUIPAMENTO PARA DESCER ENCOSTAS . - Quando tiver de se deslocar emterritrio montanhoso ou sobre neve ou gelo, procure adquirir ou improvise uma corda robusta eum machado para gelo. A descida de encostas ngremes ser difcil, ou at mesmo impossvel,sem estes artigos. Se disponvel. use cordes de pra-quedas e arranje uma vara robusta parasubstituir o machado para gelo.

    RAPPEL EXPEDITO . - Passe a corda em volta de uma rvore ou rocha, deixando aspontas pender com o mesmo tamanho. Ligeiramente de lado em face do ponto de fixao dacorda, passe-a pelas costas e debaixo dos braos. A mo mais prxima do ponto de fixao dacorda a mo-guia, funcionando a outra como travo. Para parar, desloque esta mo para a frentedo corpo, segurando a corda com firmeza. Simultaneamente, coloque-se de frente para o ponto defixao. Aps ter atingido o sop, puxe por uma das pontas da corda para a recolher. Use estamodalidade de rappel apenas em distncias moderadas ou em encostas extensas mas de declivesuave. A maior vantagem est na rapidez e facilidade da sua utilizao, especialmente quando acorda est molhada.

    Marcha em campos de neve e glaciares

    A maneira mais rpida de descer um campo de neve ngreme escorregar de p, usandoum machado para gelo ou uma vara resistente com cerca de 1,5m como travador e para escavar aneve para parar qualquer queda. 0 machado ou a vara tambm podem ser usados para tactear procura de fendas (falhas no gelo).

    As fendas aparecem, em regra, perpendicularmente direco do deslocamento doglaciar. Normalmente, possvel contorn-las, dado que raramente atravessam completamente oglaciar. Se existir neve, devem tomar-se as maiores precaues e todos os membros do grupodevem ir ligados por uma corda. Sempre que possvel, evite zonas com fendas e glaciares.

    Subir ou atravessar uma encosta ngreme coberta de neve ser mais fcil se escavaremdegraus e se progredir em diagonal. Mas esteja atento s avalanchas, especialmente durante umdegelo da Primavera ou aps a queda de neve. Quando em deslocamento em zonas com risco deavalancha, mantenha-se afastado dos vales, do sop das encostas, e, se tiver de progredir ao longodas encostas, faa-o o mais acima possvel. As encostas, trepe-as em linha recta. Se for apanhadopor uma avalancha, nade para se manter na crista.

    As projeces suspensas formadas pela neve soprada do lado da linha de alturas expostoao vento so outros perigos adicionais para quem se desloca em montanha coberta de neve. Estasprojeces, ou cornijas, no aguentam o seu peso. Podem ser referenciadas de sotavento 2, mas debarlavento apenas se v a linha de crista coberta de neve suavemente arredondada. Siga a linha dealturas por barlavento bem abaixo da linha da cornija.

    1 Tcnica de descida que consiste em escorregar ao longo de uma corda apropriada, rpida e controladamente.2 Lado protegido do vento.

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    Fig. 4-1 Rappel expedito

    Travessia de massas de gua

    Excepto nos deslocamentos no deserto, h uma grande possibilidade de ter de atravessarum ribeiro ou um rio. 0 obstculo lquido pode ir de um pequeno regato com gua pelo artelho

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    que corre ao longo de um vale transversal a um rio torrencial alimentado pela neve ou pelo gelo.Quem souber como atravessar um obstculo deste tipo pode tirar partido das mais tempestuosasmassas de gua. Antes, porm de entrar na gua verifique a temperatura. Se estiver extremamentefria e no se encontrar um vau baixo, no aconselhvel tentar a passagem a vau. As guas friaspodem provocar facilmente o estado de choque, o qual pode causar paralisia temporria. Nestecaso, tente improvisar; uma ponte, derrubando uma rvore sobre a corrente ou ento construa umajangada simples.

    Antes de tentar a passagem a vau, desloque-se para terreno elevado e examine o rio embusca de:

    1) Troos planos onde o rio se divida em vrios canais.2) Obstculos na outra margem que possam entravar o deslocamento. Escolha um pontona outra margem onde o deslocamento seja mais fcil e seguro.3) Um banco de rochas que atravesse o rio, indicando a presena de rpidos oudesfiladeiros.4) Qualquer arborizao cerrada. Esta indica onde o canal mais profundo.

    Quando escolher um vau, tenha em considerao os seguintes pontos:

    1) Sempre que possvel, escolha um trajecto que atravesse a corrente a cerca de 45O paramontante.2) Nunca tente vadear uma corrente imediatamente acima ou prximo de rpidos, quedas-dgua ou pegos.3) Passe sempre onde possa ser arrastado para um baixio ou banco de areia se perder op.4) Tente evitar locais rochosos, pois uma queda pode provocar ferimentos graves;contudo, uma rocha que quebre a corrente e d apoio pode ajudar.

    Mtodos de travessia

    VADEAR. - Antes de entrar na gua, tire as meias e volte a calar os sapatos. No searrisque a cortar os ps nas rochas afiadas e nos paus espetados. Use uma vara resistente para seamparar. Firme-a a montante para o ajudar a vencer a corrente. A vara pode tambm ser usadapara tactear o fundo procura de pegos.

    NADAR. - Use os estilos bruos, costas ou de lado. So menos cansativos que outrosestilos e permitir-lhe-o transportar pequenos atados de roupa e equipamento enquanto nada. Sepossvel, dispa-se, e liberte-se do equipamento e leve-o a flutuar atravs do rio. Siga a vau at quea gua lhe chegue ao peito antes de comear a nadar. Se a gua for demasiado profunda paravadear, desa lentamente para minimizar a possibilidade de bater em troncos ou cair devido aobstculos escondidos debaixo de gua. Em guas profundas e rpidas, nade em diagonalrelativamente corrente.

    Nadar em rpidos ou em guas rpidas no um problema to grande como poderiaesperar-se. Em rpidos baixos, ponha-se de costas com os ps para jusante; mantenha o corpohorizontal e as mos ao longo das ancas. Utilize as mos tal como uma foca usa as barbatanas.Em rpidos fundos, nada de bruos e procure alcanar a margem quando possvel. Evite correntesconvergentes; pode ser chupado e mantido submerso pelo efeito da confluncia.

    AUXILIARES DE NATACO . - Se no for capaz de nadar, poder atravessar um riousando certos auxiliares de natao, nos quais se incluem:

    Vesturio. - Qualquer destes mtodos d um par de flutuadores teis:

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    1) Se j est na gua, dispa as calas; d um n em cada perna e abotoe a braguilha.Agarre-as por um dos lados do cs e agite-as sobre a cabea, de trs para diante, demaneira que a abertura das calas bata na superfcie da gua com fora. 0 ar fica retidoem cada uma das pernas das calas.2) Se est fora da gua, dispa as calas; d um n em cada perna e abotoe a braguilha.Segure as calas sua frente e salte para a gua (aps se ter assegurado de que a gua suficientemente funda para no se magoar). De novo o ar fica retido em cada perna dascalas.

    Fig. 4-2 Flutuador feito com as calas

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    Latas, bides e caixas vazias. - Amarre-as solidamente em conjunto como umabia. mas use-a apenas quando atravessar guas calmas.

    Troncos e tbuas. - Antes de decidir usar um tronco ou jangada, experimente a suacapacidade para flutuar. Isto particularmente importante nos trpicos, porquanto muitas rvorestropicais, nomeadamente as palmeiras, afundam-se at mesmo quando a madeira est morta.

    Jangadas. - Andar de jangada num rio e uma das mais antigas formas de deslocamentoe muitas vezes o mtodo mais seguro e rpido para atravessar um obstculo aqutico - uma vezconstruda a jangada. Construir uma jangada em condies de sobrevivncia , porm, cansativo edemorado, at mesmo quando se dispe de ferramenta apropriada e ajuda. Se absolutamentenecessria ou se planeia levar a jangada pelo rio abaixo, construa-a. Pode ser a sua modalidade deaco mais eficaz. Com os abetos que se encontram nas regies polares e subpolares construem-se as melhores jangadas. Contudo, qualquer madeira seca ou o bambu nos trpicos servir. Antesde incorporar um tronco numa jangada, role-o dentro de gua para confirmar que flutua. Podeconstruir-se uma jangada sem pregos e sem corda se tiver um machado e uma navalha. Considereque uma jangada adequada para trs homens tem 3,7 m de comprimento por 1,8 m de largura.

    CONSTRUCO DE UMA JANGADA EMALHETADA

    1) Construa a jangada sobre dois apoios colocados de maneira que possam deslizar pelamargem abaixo. (Pode ser capaz de manusear um tronco de cada vez, mas no ser capazde arrastar uma jangada pronta.) Aplaine os troncos de apoio com um machado para queos troncos da jangada fiquem regularmente colocados sobre eles.2) Abra quatro malhetes invertidos, dois na face superior e dois na inferior dos troncos,cada um deles prximo de cada um dos topos. Faca os malhetes mais largos na base que face dos troncos.3) Para unir os troncos da jangada, enfie uma pea de madeira de seco triangular, e commais 30 cm de comprimento que a jangada, atravs dos malhetes. Una primeiro todos osmalhetes de um dos lados antes de unir os do outro.4) Ate firmemente, duas a duas, as pontas salientes das travessas para dar maisconsistncia jangada. Quando a jangada entrar na gua, as travessas incharo, ligandofirmemente os toros uns aos outros.5) Se as travessas ficarem demasiado folgadas, trave-as com pequenas cunhas de madeiraseca. Estas cunhas incham, apertando e reforando as travessas.

    OUTROS TIPOS DE JANGADAS . - Mesmo com um machado, o tipo de trabalhonecessrio na construo do tipo de jangada descrito exige muito tempo e muita habilidade. Ummtodo mais simples e rpido o que utiliza toros de presso, amarrados firmemente em cadaextremo, para manterem os troncos unidos:

    1) Com um encerado, um pano de tenda ou qualquer outro material prova de gua podeconstruir uma excelente jangada usando mato como estrutura e material de enchimento.2) Nas regies nrdicas, durante o Inverno, os rios podem estar abertos no centro devido rapidez da corrente. Atravesse um rio destes sobre uma jangada feita de um bloco degelo, que pode ser cortado nas margens geladas com o auxilio de um machado ou mesmode uma vara (se houver uma fenda no gelo). A jangada deve ter 1,8 m por 2,7 m e aespessura do gelo deve ser de 30,5 cm, pelo menos. Usa-se uma vara para deslocar ajangada de gelo atravs da parte aberta do rio.

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    Jangada de malhetes

    Jangada com barrotes de presso

    Fig. 4-3 Tipos de jangadas de troncos

    COMO ATRAVESSAR UM RIO. - Pode atravessar-se um rio de guas profundas erpidas sobre uma jangada, utilizando o movimento pendular das guas de superfcie numa curvado rio. Este mtodo til quando h vrios homens para o atravessarem. Contudo, necessrioobservar os seguintes pontos:

    1) A jangada tem de ser alinhada com a direco da corrente.2) A corda, a partir do ponto de amarrao, tem de ser sete a oito vezes mais compridaque a largura do rio.3) A ligao da corda jangada tem de ser ajustvel, para permitir a modificao dongulo de derivao de modo a possibilitar o retorno da jangada ao ponto de partida.

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    Fig. 4-4 Travessia de um rio pelo mtodo do pndulo

    COMO DETERMINAR A LARGURA DE UM RIO. - Antes de se atravessar umamassa de gua, pode ser til conhecer a distncia margem oposta. Esta distancia pode serfacilmente determinada estudando-se a figura 4-5 e seguindo-se estas instrues simples:

    1) Escolha uma rocha, rvore ou outro objecto na margem oposta e coloque-sedirectamente em frente dele.2) Estime aproximadamente metade da largura do rio e marque-a em passos ao longo damargem, perpendicularmente linha de mira citada no nmero anterior.3) Marque este ponto com uma pedra ou estaca e continue andando ao longo da margem.4) Aps ter andado o mesmo nmero de passos do n.o 2, pare. Marque este segundo pontocom uma pedra ou estaca.5) Desloque-se perpendicularmente linha marcada at que o objecto na margem opostae a primeira marca estejam no mesmo alinhamento quando olhados por cima do ombro.Pare.6) A distncia entre a segunda marca e a sua nova posio igual a largura do rio

    3 No se torna necessrio estimar qualquer distncia. Basta apenas que BC seja igual a AB, sendo AB umadistncia qualquer. Sobre avaliao de larguras e alturas por processos expeditos, aconselha-se a obra de lvaroPereira j citada.

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    Fig. 4-5 Determinao da largura de um rio

    Travessia de areias movedias, pauis e lodaais

    Estes obstculos encontram-se com maior frequncia nos pntanos tropicais ousemitropicais. As lagoas de lodo so desprovidas de vegetao visvel e, habitualmente, noaguentam o peso de uma pedra. Se no puder contornar estes obstculos, tente pass-los usandotroncos, ramos ou folhagem. Se nada disto estiver mo, atravesse o obstculo de bruos, com osbraos abertos. Comece a nadar ou a puxar o corpo, mantendo-o horizontal. Use o mesmoprocesso para atravessar areias movedias:

    Sinalizao

    0 Cdigo Internacional de Sinais

    H sempre a possibilidade de se ser salvo pelo ar, mas um homem - ou um grupo - no facilmente referencivel do ar, especialmente quando a visibilidade limitada.Consequentemente, esteja preparado para dar a conhecer a sua posio e as suas necessidades aossalvadores.

    Desenhe letras caminhando sobre a neve ou utilize ramos para soletrar uma mensagem.Numa praia, use grandes pedras ou algas. Escolha materiais cuja cor contraste com a do terreno.

    Use o Cdigo Internacional de Sinais, abaixo apresentado:

    Peo mdico, ferimentos graves

    Peo medicamentos

    No posso prosseguir XPeo alimentos e gua FPeo armas de fogo e munies

    Peo carta e bssola

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    Peo rdio e lanterna de sinais com pilhas

    Indique a direco a seguir

    Estou a deslocar-me nesta direco

    Tentarei descolar

    Aeronave com avaria grave

    Provavelmente, seguro aterrar aqui

    Peo combustvel e lubrificante

    Tudo bem

    Negativo NAfirmativo YNo entendido

    Peo mecnico WOutros mtodos de sinalizar

    1) Faa fumo acendendo uma grande fogueira e empilhando sobre ela suficientevegetao hmida para a abafar.2) Faa sinais agitando a camisola interior, os cales ou as calas, ou espalhando estaspeas num terreno contrastante.3) Com um espelho ou outro material reflector, faa cintilar um raio de luz. Improvise umespelho com uma lata de conservas ou fivela de cinto. Faa um orifcio no centro doreflector. Com o espelho, faa reflectir a luz do Sol para um ponto prximo; lentamente,aproxime-o do nvel dos olhos e olhe atravs do orifcio. Pode ver-se uma mancha de luzbrilhante no alvo. Continue a varrer o horizonte mesmo que no sejam avistados nemnavios nem aeronaves. Os reflexos do espelho podem ser avistados a quilmetros dedistncia, mesmo em dias enevoados.4) Se for possvel o salvamento pelo ar, conhea o cdigo de sinais terra-ar feito com ocorpo (ver fig. 4.6).5) Use um archote de abetos para fazer sinais durante a noite. Escolha uma rvore comfolhagem cerrada. Coloque madeira seca nos ramos inferiores para incendiar a rvore.Mantenha o fogo sob controlo para no fazer perigar a sua segurana e a de outros.

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    Fig. 4-6 - Sinais terra-ar feitos com o corpo

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    CAPTULO V

    PRIMEIROS SOCORROS

    Mal-estar, doena e ferimento so preocupao imediata e corrente para qualquer pessoaem situao de sobrevivncia. Este capitulo fala das medidas de primeiros socorros para tratareficazmente as doenas e ferimentos que, normalmente, podem contrair-se em reas remotas eisoladas do mundo. Nos captulos VI e X encontra-se informao sobre as doenas relacionadascom, as condies meteorolgicas.

    Higiene bsica

    A proteco contra a doena e a indisposio exige a prtica de hbitos muito simplesque podem designar-se, genericamente, por boa higiene pessoal. A imunizao costuma ajudar-nos a proteger contra algumas das doenas mais graves a que podemos estar expostos - varola,febre tifide, ttano (trismo) 1, tifo, difteria, clera, peste e febre-amarela. No costuma protegercontra as doenas bastante mais comuns, tais como a diarreia, a disenteria, as constipaes e amalria. Os nicos processos de prevenir estas doenas so manuteno da boa forma fsica eimpedir que os grmenes das doenas penetrem no corpo. A aplicao das regras que se seguempermitir-lhe- manter-se em forma durante muito tempo.

    Mantenha-se limpo

    A limpeza do corpo a primeira defesa contra as doenas provocadas por grmenes. 0ideal um duche dirio com gua quente e sabo. Se isto for impossvel, mantenha as mos tolimpas quanto possvel, limpe as unhas e lave a cara, as axilas, as virilhas e os ps, pelo menosuma vez por dia.

    Mantenha a roupa, especialmente a interior e as meias, to limpa e seca quanto possvel.Se for impossvel a lavagem da roupa, sacuda-a e exponha-a ao sol e ao ar todos os dias.

    Lave os dentes com regularidade. 0 sabo ou o sal de mesa e o bicarbonato de sdio sobons substitutos da pasta dentfrica; um pequeno graveto verde, mastigado at ficar polpudo numadas extremidades, servir como escova de dentes. Outro mtodo consiste em esfregar com umdedo lavado. Este mtodo tambm permite massajar as gengivas. Depois de comer, enxage aboca com gua potvel, se houver.

    Previna-se contra as doenas intestinais

    A diarreia comum, a intoxicao alimentar e outras doenas intestinais so as doenasmais comuns e, muitas vezes, as mais graves contra as quais nos temos de proteger. Soprovocadas pela ingesto de alimentos, gua e outras bebidas contaminadas. Para prevenir estasdoenas:

    1) Mantenha o corpo limpo, em particular as mos. No meta os dedos na boca. Evitemexer com as mos na comida.2) Assegure-se da potabilidade da gua para beber, usando comprimidos para a tratar oufervendo-a durante um minuto.3) Lave e descasque a fruta.4) Aps a preparao, no conserve os alimentos durante longos perodos.5) Esterilize os utenslios com que come, de preferencia fervendo-os.

    1 Constrio das maxilas, um dos sintomas do ttano.

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    6) Mantenha os alimentos e as bebidas protegidas dos insectos e de outros grmenes.Mantenha o acampamento limpo.7) Adopte medidas rigorosas para se desfazer dos dejectos humanos e do lixo.

    VMITOS. - Podem ser provocados por azia, indigesto, gastrite (irritao da paredeinterna do estmago), lcera, intoxicao alimentar e alergia gastrintestinal (ingesto de umdeterminado alimento que o organismo rejeita).

    Em situao de sobrevivncia, a intoxicao alimentar e o desarranjo gastrintestinaldevem ser considerados como causas provveis dos vmitos.

    Se suspeitar de intoxicao, beba grandes quantidades de gua (gua quente, se possvel)e depois provoque o vmito.

    DIARREIA . - a manifestao primria de uma doena intestinal. A diarreia podetornar-se grave, at mesmo fatal, se ficar desidratado. Se a diarreia for acompanhada por febre,ps ou sangue. Poder significar uma infeco por bactrias ou parasitas, em vez de virose, e.nesse caso, ser muito mais grave. As infeces por bactrias e parasitas podem ser evitadas poruma boa higiene pessoal.

    Em caso de vmitos ou de diarreia, descanse e suspenda a ingesto de alimentos slidosat os sintomas abrandarem. Ingira lquidos, em especial gua potvel, em pequenas quantidadese com frequncia. Logo que tolerados, volte a ingerir alimentos meio slidos. Deve ser mantida aingesto da dose normal de sal.

    Os alimentos e a gua ingeridos imediatamente antes dos vmitos e da diarreia devem serconsiderados a sua causa provvel. Aqueles devem ser evitados no futuro.

    Previna-se contra os golpes de calor

    Em climas quentes, bronzeie-se, expondo-se gradualmente ao sol. A exposioprolongada ao sol pode provocar um golpe de calor. A doena mais benigna causada pelo calorpode ser prevenida pela ingesto de lquidos potveis em quantidade e de sal para repor as perdaspor transpirao. Evite o sobreaquecimento, que tambm pode provocar leses. Para os perigosespecficos do calor, consulte os captulos VII (Sobrevivncia nos trpicos) e VIII(Sobrevivncia em reas desrticas).

    Previna-se contra os golpes de frio

    Conserve a todo o custo o calor do corpo quando exposto a frio rigoroso. Tenha especialcuidado com os ps, mos e reas expostas do corpo. Mantenha as meias secas e utilize qualquermaterial disponvel - trapo, papel, erva e folhas- para improvisar uma cobertura protectora. Paraos perigos especficos do frio, consulte o captulo IX (Sobrevivncia cm climas frios).

    Cuide dos ps

    Meias sujas ou hmidas provocaro leses nos ps. Se no tiver um par de meias lavadasa mais, lave as que tiver caladas. Se tiver um par a mais, coloque o par lavado dentro dacamisola, junto ao corpo. Assim, secaro mais depressa. Se possvel, calce meias de l dado queabsorvem a transpirao. As meias devem ser esticadas e depois batidas para largarem a sujidade,transpirao, sais e humidade.

    As bolhas so perigosas porque podem infectar. Tais infeces podem limitar odeslocamento ou levar a imobilizao, se a infeco se agravar. Se o calado for medida e osecar aps atravessar solo hmido, se mudar de meias com frequncia, usar p para os ps (se otiver) e massajar ou esfregar suavemente os ps, ter poucos problemas com as bolhas.

    Se lhe aparecer uma bolha, lave frequentemente o sitio com gua para evitar infeco. Sea bolha estiver em vias de rebentar, poder fur-la perto da base com um alfinete ou agulha

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    esterilizada e pression-la para expulsar o liquido. Se a bolha no estiver em risco de rebentar,no a fure. Almofade a zona para reduzir a presso e o atrito. Pode usar um pedao de tecidoesterilizado para almofadar.

    Indisposio e doena

    A doena pode ser o seu pior inimigo na luta pela sobrevivncia. Embora no sejanecessrio saber-se muito sobre doenas, preciso conhecer a sua presena em certas reas, comoso transmitidas e como preveni-las.

    A maior parte das doenas so provocadas ou transmitidas por plantas ou organismosanimais, tais como carraas e caros, que entram em contacto com o corpo, se multiplicam eprovocam uma srie de distrbios. Se conhecer o vector responsvel por uma determinadadoena, ficar em melhores condies para evitar contrai-la, mantendo o seu agente transmissorafastado do corpo.

    As mais pequenas formas de vida

    Formas de vida, tais como insectos, podem ser mais perigosas e incomodativas que aprpria escassez de alimentos e gua; contudo, o seu maior perigo reside na capacidade paratransmitirem doenas debilitantes e muitas vezes fatais atravs das picadas.

    Os agentes transmissores de doenas exigem