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ENTREVISTA Roni dos Santos Burlina 1 CONTO No moinho – Eça de Queirós 3 1453 JORNAL ETAPA – 2013 • DE 23/05 A 05/06 Jornal do Vestibulando ENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA ENTREVISTA “Medicina era um desafio que eu queria vencer” Roni dos Santos Burlina Em 2012: Etapa Em 2013: Medicina – USP/Pinheiros Roni dos Santos Burlina fez o Ensino Médio em escola técnica. Descobriu Medicina quando estava no cursinho. Sentindo que faltava base para entrar nessa concorrida opção, dedicou-se aos estudos intensamente. Foi aprovado em seu primeiro vestibular para Medicina da USP e também da Unifesp. SERVIÇO DE VESTIBULAR Inscrições 7 ENTRE PARÊNTESIS Do baile 7 JV – Quando você decidiu seguir Medicina? Roni – Fiz juntos o Ensino Médio e curso técnico em Química na Etec Getúlio Var- gas, no Ipiranga. No final do 3º ano prestei Fuvest para Engenharia Química. Consegui ir para a 2ª fase, mas não passei. Vim para o Etapa, comecei a pesquisar e achei que Medicina tinha mais a ver comigo. Além da Fuvest, quais vestibulares você prestou? Só Unifesp. Fui aprovado em ambos. O que trouxe você para o Etapa? Conhecia o Etapa desde o 2º ano do En- sino Médio, quando vinha fazer simula- dos. Depois, no 3º ano, tinha amigos que estudavam aqui e contavam que o cursi- nho ensinava todo o conteúdo do Ensino Médio, até mais do que os vestibulares exigem. Vim por isso. Você começou no cursinho com que expec- tativa? Comecei animado. Medicina era um de- safio que coloquei para mim e eu queria vencer. Era minha meta estudar até con- seguir. No primeiro simulado que fiz, do Enem, consegui C mais. Fiquei meio ba- lançado, mas pensei que muita matéria eu não tinha aprendido no Ensino Médio e ainda dava para crescer bastante. An- tes, quando estava no 2º, 3º ano e fazia os simulados, sempre ficava nas faixas C menos e D. Com as aulas que eu tive aqui, no primeiro simulado Fuvest che- guei ao A. Durante o ano, quais foram seus resultados nos simulados? Nos simulados de testes da Fuvest, duran- te o ano inteiro eu ficava com A e B. Tirei quatro A e dois B. No RPM, onde estavam meus concorrentes de verdade, eu ficava no C mais. Uma vez só tirei B. Via que tinha de estudar para não ficar para trás. Como era seu método de estudos? Estudava todo dia. Vinha às aulas do Exten- sivo de manhã. Em casa, estudava das qua- tro da tarde até dez da noite. Onde você estudava? Sempre em casa. Raras vezes eu ficava aqui para tirar dúvidas, porque a maioria eu tirava no Plantão Virtual. Geralmente pegava a matéria que aprendia na sema- na. Alternava as matérias para não pesar muito. Lia os resumos, minhas anota- ções feitas em aula e focava muito em exercícios. Geralmente, nos exercícios de média dificuldade. Os que eram muito difíceis eu tentava fazer um ou outro. Que matérias exigiram mais estudo no ano passado? Na minha escola eu vi um pouco mais da metade das coisas que vi no cursinho. Muita coisa eu tive pela primeira vez aqui. Tive de me dedicar muito à Matemática. Mas como não era minha matéria priori- tária na 2ª fase da Fuvest, no fim do ano foquei mais em Biologia, Física e Química. Procurava também estudar bastante Portu- guês e fazer redações. No ano passado fiz umas 25 redações, uma a cada 15 dias. Pe- dia a meus amigos que as lessem para ver se estavam boas ou não. E levava todas ao Plantão de Dúvidas, que tinha alguns plan- tonistas muito bons. Procurava alguns que já estavam acostumados comigo. Redação sempre dá para melhorar um pouco. No domingo, você estudava? No primeiro semestre eu estudava só à tar- de. No segundo semestre estudava o dia inteiro. Quando eu estava tendo dificulda- de com algum exercício, tirava dúvida com meus amigos. Se eles não soubessem, eu entrava no Plantão Virtual. E se não resol- vesse, vinha para o plantão aqui. ARTIGO Prejuízo ao país com enchentes em São Paulo ultrapassa R$ 762 milhões por ano 6 SOBRE AS PALAVRAS Ficar a ver navios 7 POIS É, POESIA Luís Vaz de Camões 8

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ENTREVISTA

Roni dos Santos Burlina 1

CONTO

No moinho – Eça de Queirós 3

1453

JORNAL ETAPA – 2013 • DE 23/05 A 05/06

Jornal do VestibulandoENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA

ENTREVISTA

“Medicina era um desafio que eu queria vencer”

Roni dos Santos Burlina

Em 2012: Etapa

Em 2013: Medicina – USP/Pinheiros

Roni dos Santos Burlina fez o Ensino Médio em escola técnica.

Descobriu Medicina quando estava no cursinho. Sentindo que

faltava base para entrar nessa concorrida opção, dedicou-se

aos estudos intensamente. Foi aprovado em seu primeiro

vestibular para Medicina da USP e também da Unifesp.

SERVIÇO DE VESTIBULAR

Inscrições 7ENTRE PARÊNTESIS

Do baile 7

JV – Quando você decidiu seguir Medicina?

Roni – Fiz juntos o Ensino Médio e curso

técnico em Química na Etec Getúlio Var-

gas, no Ipiranga. No final do 3º ano prestei

Fuvest para Engenharia Química. Consegui

ir para a 2ª fase, mas não passei. Vim para

o Etapa, comecei a pesquisar e achei que

Medicina tinha mais a ver comigo.

Além da Fuvest, quais vestibulares você prestou?

Só Unifesp. Fui aprovado em ambos.

O que trouxe você para o Etapa?

Conhecia o Etapa desde o 2º ano do En-

sino Médio, quando vinha fazer simula-

dos. Depois, no 3º ano, tinha amigos que

estudavam aqui e contavam que o cursi-

nho ensinava todo o conteúdo do Ensino

Médio, até mais do que os vestibulares

exigem. Vim por isso.

Você começou no cursinho com que expec-tativa?

Comecei animado. Medicina era um de-

safio que coloquei para mim e eu queria

vencer. Era minha meta estudar até con-

seguir. No primeiro simulado que fiz, do

Enem, consegui C mais. Fiquei meio ba-

lançado, mas pensei que muita matéria

eu não tinha aprendido no Ensino Médio

e ainda dava para crescer bastante. An-

tes, quando estava no 2º, 3º ano e fazia

os simulados, sempre ficava nas faixas

C menos e D. Com as aulas que eu tive

aqui, no primeiro simulado Fuvest che-

guei ao A.

Durante o ano, quais foram seus resultados nos simulados?

Nos simulados de testes da Fuvest, duran-

te o ano inteiro eu ficava com A e B. Tirei

quatro A e dois B. No RPM, onde estavam

meus concorrentes de verdade, eu ficava

no C mais. Uma vez só tirei B. Via que tinha

de estudar para não ficar para trás.

Como era seu método de estudos?

Estudava todo dia. Vinha às aulas do Exten-

sivo de manhã. Em casa, estudava das qua-

tro da tarde até dez da noite.

Onde você estudava?

Sempre em casa. Raras vezes eu ficava

aqui para tirar dúvidas, porque a maioria

eu tirava no Plantão Virtual. Geralmente

pegava a matéria que aprendia na sema-

na. Alternava as matérias para não pesar

muito. Lia os resumos, minhas anota-

ções feitas em aula e focava muito em

exercícios. Geralmente, nos exercícios

de média dificuldade. Os que eram muito

difíceis eu tentava fazer um ou outro.

Que matérias exigiram mais estudo no ano passado?

Na minha escola eu vi um pouco mais da

metade das coisas que vi no cursinho.

Muita coisa eu tive pela primeira vez aqui.

Tive de me dedicar muito à Matemática.

Mas como não era minha matéria priori-

tária na 2ª fase da Fuvest, no fim do ano

foquei mais em Biologia, Física e Química.

Procurava também estudar bastante Portu-

guês e fazer redações. No ano passado fiz

umas 25 redações, uma a cada 15 dias. Pe-

dia a meus amigos que as lessem para ver

se estavam boas ou não. E levava todas ao

Plantão de Dúvidas, que tinha alguns plan-

tonistas muito bons. Procurava alguns que

já estavam acostumados comigo. Redação

sempre dá para melhorar um pouco.

No domingo, você estudava?

No primeiro semestre eu estudava só à tar-

de. No segundo semestre estudava o dia

inteiro. Quando eu estava tendo dificulda-

de com algum exercício, tirava dúvida com

meus amigos. Se eles não soubessem, eu

entrava no Plantão Virtual. E se não resol-

vesse, vinha para o plantão aqui.

ARTIGOPrejuízo ao país com enchentes em São Paulo ultrapassa R$ 762 milhões por ano 6

SOBRE AS PALAVRAS

Ficar a ver navios 7POIS É, POESIA

Luís Vaz de Camões 8

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ENTREVISTA2

Jornal ETAPA, editado por Etapa Ensino e Cultura

REDAÇÃO: Rua Vergueiro, 1 987 – CEP 04101-000 – Paraíso – São Paulo – SP

JORNALISTA RESPONSÁVEL: Egle M. Gallian – M.T. 15343Jornal do Vestibulando

Em que matérias você recorria ao plantão?

O Plantão Virtual eu usei muito para Mate-mática. Física também. Com os plantonis-tas, em todas as matérias, mas a maioria era para Redação, Matemática e Física.

Você assistiu às palestras sobre as obras lite-rárias indicadas pela Fuvest? Leu os livros?

Assisti a todas as palestras. Não li Capitães

da Areia, de Jorge Amado, Viagens na minha terra, de Almeida Garrett, O cortiço, de Aluísio Azevedo. Li duas vezes os resumos de todas as obras. Lia o resumo quando tinha palestra, assistia à palestra, fazia as questões. Depois, em dezembro, li os resumos de novo.

Qual a importância das palestras em rela-ção aos livros que tinha lido?

Os que eu li deu para fixar mais nas pales-tras. O professor colocava muito contexto histórico, dava para ver o que o vestibular queria que a gente interpretasse.

Você prestou Fuvest e Unifesp. Qual era sua preferência?

Fuvest, Pinheiros. As duas são muito boas e ficam aqui em São Paulo.

Em qual você achava que tinha mais chan-ce de entrar?

Para mim, a prova da Fuvest tinha mais a ver comigo. Só que fui melhor na prova da Unifesp.

Você achava que tinha mais chance na Pi-nheiros e foi melhor na Unifesp?

É. No começo do ano, no cursinho, eu pensa-va: “Tenho de conseguir”. Mas era um desafio enorme. Na Fuvest, para Medicina, a nota de corte é a mais alta, tem de dar seu sangue para entrar. Está todo mundo ali querendo, pessoal que faz dois, três anos de cursinho. “Será que a gente que faz um ano vai ter chance? Vou conseguir?”. Mas a Fuvest não é um bicho de sete cabeças. Se você estudar vai ver que o que cai na prova é o que entra nos simulados do Etapa. Tudo que você viu na aula vai cair lá, de uma maneira ou outra.

Durante o ano você tinha mais preocupa-ção com a 1ª fase ou com a 2ª?

Com a 1ª fase. Para chegar à 2ª fase eu tinha de passar na 1ª. O ano inteiro eu fazia as questões escritas, mas me concentrava mais nos testes. Perto da 1ª fase eu fazia muito mais testes para ganhar agilidade.

Na 1ª fase da Fuvest, quanto pontos você fez?

Acertei 75. Com o bônus, 81. No ano ante-rior eu tinha feito 62.

O corte foi 73, você ficou oito pontos acima. Foi de acordo com o que você esperava tirar?

Sim, porque mesmo sem bônus eu teria ido para a 2ª fase.

E na 2ª fase, quais foram suas notas?

No primeiro dia tirei 67,5 na Redação e 52,5 nas questões. Fiquei com 60. No segundo dia minha nota foi 71,88. No terceiro dia, 83,33.

O que achou de suas notas? Alguma sur-presa?

A nota de Português, no primeiro dia, eu achei meio baixa, mas depois vi no gráfico de desempenho que era a média mesmo do pessoal. Na verdade, a média da Pinhei-ros era um pouco maior, 65, 66, mas deu para ver que o pessoal tem mais dificulda-de no primeiro dia. No segundo dia dava para ter ido melhor. Errei muitas questões por bobeira. No terceiro dia achei que foi uma nota coerente, já esperava ficar mais ou menos nessa faixa, eram matérias a que eu tinha me dedicado bastante.

Na escala de zero a 1 000, qual foi sua pon-tuação?

806 e alguns quebrados. Já com bônus.

Na carreira, como você se classificou?

60º lugar.

Como soube de suas aprovações na Unifesp e na Fuvest?

A lista da Unifesp saiu primeiro. Eu estava em casa, fiquei bem feliz, mas continuei ansioso porque o que eu mais queria era a Pinheiros. No dia da lista da Fuvest, fui cedo para o computador e fiquei esperando. Mi-nha mãe, meu irmão, meu tio, todo mundo acompanhando. Quando vi meu nome, foi uma sensação que não dá para explicar. É uma felicidade, um alívio, você não acredita. Minha mãe começou a chorar, ficou muito feliz, meus irmãos também. Todo mundo da minha família começou a ligar, meus amigos também, me dando parabéns. Foi assim. Aí eu vim para o Etapa, para a festa que ia ter e para conhecer o pessoal da Pinheiros que estaria aqui esperando os calouros.

Você já conhecia a Pinheiros?

Conheci no dia da matrícula.

Como foi esse primeiro contato?

Fui sozinho fazer a matrícula. Já gostei muito. O pessoal do 2º ano que recebeu a gente foi muito receptivo e nos mostrou projetos que existem na escola. Foi mui-to bacana esse primeiro olhar na faculda-de, a primeira impressão. Depois teve um churrasco muito bom, deu para conhecer mais pessoas, conversar.

Quais são as matérias da Medicina neste primeiro semestre?

Tenho Bioquímica, Fisiologia de Membra-nas, Introdução a Medicina e Suas Espe-cialidades, Atenção Primária à Saúde, Bio-

logia Molecular, Biologia Celular. A matéria em que o pessoal sente mais dificuldade é Biologia Celular, é muito conteúdo.

De qual matéria você está gostando mais?

Na verdade, gosto de partes de todas as matérias. Eu estou gostando de Introdução a Medicina e Suas Especialidades, em que a gente tem a prática de Enfermagem. Tam-bém Atenção Primária à Saúde, em que a gente vai começar a ir para as UBS [Unidades Básicas de Saúde], parece que vai ficar bem bacana.

Na Pinheiros tem diversas atividades ex-tracurriculares. Você já se interessou por alguma?

Me inscrevi para a EMA, Extensão Médi-ca Acadêmica. Vou participar também do recital da Medicina da USP. Tem o coral e tem o pessoal que toca instrumentos. Vou fazer o violino.

Até agora, do que você gostou mais na Pinheiros?

Da dedicação do pessoal lá, que se esforça bastante para manter a faculdade com o nome que ela tem. Eles também estão fa-zendo parcerias com instituições no exte-rior, para mandar a gente para intercâmbio em escolas muito boas, como a Universi-dade de Harvard. E a biblioteca da faculda-de é muito moderna, com tablets para a gente acessar qualquer livro.

O que você diria a quem vai prestar vesti-bular este ano, para aproveitar da melhor maneira possível o Etapa?

Para entrar na Pinheiros, por exemplo, não precisa de nenhum milagre. Não precisa ser o mais inteligente, o mais aquilo, não precisa fi-car só na faixa A ou na faixa B. Acho que você tem de ver como está indo, se está apren-dendo mesmo. E se focar. Acima de tudo, acreditar em você.

Como fica marcado o ano passado?

Muitas lembranças boas, dos meus ami-gos, das aulas muito bacanas.

Você acha que, hoje, está diferente de quando começou o cursinho?

Eu batalhei e consegui com muito estu-do enfrentar o desafio que coloquei para mim. Isso marca bastante. No cursinho você aprende muita coisa, não só para o vestibular, mas para a vida mesmo.

Você quer dizer mais alguma coisa para nossos alunos atuais?

Sim. Aproveite essa oportunidade de estar no cursinho. Aproveite as aulas, os profes-sores, foque-se em sua meta e pense: “Eu sou capaz, vou conseguir”. E vá em frente.