14stres

7
Psicossociologia do Trabalho [email protected] 1 FMH - Psicossociologia do trabalho STRESS OCUPACIONAL Link: The American Institute of Stress http://www.stress.org STRESS Sumário Bases históricas do estudo do stress Definições de stress Os factores de stress (causas) Efeitos do stress (consequências) Gestão do stress Bases históricas do estudo do stress Cannon, 1935 - Postula a importância do equilíbrio e estabilidade nos sistemas orgânicos (homeostasia). Contudo, essa estabilidade e equilíbrio por vezes é perturbada por factores externos (stress). Selye 1950 - Usa a palavra stress para se referir à quebra geral que o corpo sofre em consequência dos usos e costumes da vida moderna. Há agentes ambientais stressantes (stressors), que provocam no organismo a resposta de stress. 3 fases – Selye 1. Fase de alarme. 2. Fase de resistência. 3. Fase de exaustão. Síndrome geral de adaptação 1. Fase de alarme. Reacção do corpo a uma ameaça do meio. O alarme ouve-se e quase todos os órgãos do corpo estão prontos para “fugir ou lutar”. Em muitos casos esta fase é de curta duração. 2. Fase de resistência. Quando o factor stressante é mais persistente e resulta numa mudança fisiológica ou mental. A pessoa adapta-se ao stressor , e o sintoma usualmente desaparece. 3. Fase de exaustão. Ocorre quando os recursos físicos e psicológicos se esgotam. A exposição prolongada aos stressores pode sobrepor-se à capacidade adaptativa e terem como resultado manifestações físicas como a fadiga, doença, incapacidade e até a morte. Durante esta fase as consequências adversas do stress tornam-se visíveis em termos de produtividade e bem estar físico e psicológico.

Transcript of 14stres

Page 1: 14stres

Psicossociologia do Trabalho

[email protected] 1

FMH - Psicossociologia do trabalho

STRESS OCUPACIONAL

Link: The American Institute of Stress http://www.stress.org

STRESS Sumário

Bases históricas do estudo do stress

Definições de stress

Os factores de stress (causas)

Efeitos do stress (consequências)

Gestão do stress

Bases históricas do estudo do stress

Cannon, 1935 - Postula a importância do equilíbrio e estabilidade nos sistemas orgânicos (homeostasia). Contudo, essa estabilidade e equilíbrio por vezes é perturbada por factores externos (stress).

Selye 1950 - Usa a palavra stress para se referir à quebra geral que o corpo sofre em consequência dos usos e costumes da vida moderna. Há agentes ambientais stressantes (stressors), que provocam no organismo a resposta de stress.

3 fases – Selye

1. Fase de alarme.

2. Fase de resistência.

3. Fase de exaustão.

Síndrome geral de adaptação 1.  Fase de alarme. Reacção do corpo a uma ameaça do meio. O

alarme ouve-se e quase todos os órgãos do corpo estão prontos para “fugir ou lutar”. Em muitos casos esta fase é de curta duração.

2. Fase de resistência. Quando o factor stressante é mais persistente e resulta numa mudança fisiológica ou mental. A pessoa adapta-se ao stressor , e o sintoma usualmente desaparece.

3. Fase de exaustão. Ocorre quando os recursos físicos e psicológicos se esgotam. A exposição prolongada aos stressores pode sobrepor-se à capacidade adaptativa e terem como resultado manifestações físicas como a fadiga, doença, incapacidade e até a morte. Durante esta fase as consequências adversas do stress tornam-se visíveis em termos de produtividade e bem estar físico e psicológico.

Page 2: 14stres

Psicossociologia do Trabalho

[email protected] 2

O que é o stress...

Algumas definições....

Stress Ocupacional Uma condição dinâmica em que o indivíduo é confronta- do com uma oportunidade, constrangimento ou exigên- cia relacionada com aquilo que deseja e cujo resultado é percepcionado como sendo simultaneamente importante e incerto (Robbins 1996)

ESCOLHA E INCERTEZA DE RESULTADOS

Stress Ocupacional

Resposta adaptativa , mediada pelas diferenças individuais ou processos psicológicos, consequência de acções externas (ambientais), situações ou acontecimentos que colocam demasiadas exigências físicas ou psicológicas à pessoa (Ivancevich & Mateteson in Luthans 1995)

ACÇÕES EXTERNAS

Stress Ocupacional

Condição que surge na interacção entre a pessoa e o trabalho, caracterizada por uma mudança na pessoa que a força desviar-se do seu funcionamento normal (Beehr & Newman in Luthan 1995)

FUNCIONAMENTO NORMAL

Stress Ocupacional

Resposta adaptativa a uma situação externa que resulta em desvios físicos, psicológicos e/ou comportamentais para os participantes das organizações (Luthans 1995)

RESPOSTA ADAPTATIVA = DESVIOS

Page 3: 14stres

Psicossociologia do Trabalho

[email protected] 3

Que factores originam o stress OCUPACIONAL?

Os factores de stress

Stress ocupacional

Factores individuais

Factores de grupo

Factores organizacionais

Factores extra-organizacionais

Factores extra-organizacionais

Factores que advêm de se ver a organização como um sistema aberto, ou seja o stress ocupacional não é fruto apenas da vivência dentro da organização, diversos exemplos ilustram as influências externas:

•  Mudanças societais e tecnológicas

•  Acontecimentos na família

•  Condições económicas e financeiras

•  Género sexual e raça(minorias) •  Condições residenciais e da comunidade

Factores organizacionais Estratégias e políticas administrativas

Estrutura e planeamento organizacional

Processo organizacional

Condições de trabalho

STRESS

OCUPACIONAL

Downsizing; Pressões competitivas; Planos de pagamento por mérito; Rotatividade dos turnos de trabalho; Regras burocráticas; Tecnologias avançadas

Centralização e formalização; Especialização; Ambiguidade de papeis e conflitos; Inexistência de oportunidades de promoção; Cultura restritiva e de pouca confiança

Controles apertados; Existência apenas de comunicação descendente; Pouca informação de feedback relativo ao desempenho; Tomada de decisão centralizada; Sistemas de recompensa punitivos

Área de trabalho com muita gente; Ruído, calor ou frio; Ar poluído; Odores fortes; Condições perigosas e inseguras; Iluminação forte; Esforços físicos ou mentais; Químicos tóxicos ou radiações

Factores organizacionais Exemplos S

TRESS

OCUPACIONAL

•  Downsizing

Factores de grupo 1. Falta de coesão de grupo. Com especial relevo para os

níveis mais baixos da organização, a falta de coesão, quer imposta ou devido ao tipo da tarefa é provocadora de stress

2. Falta de suporte social. Os empregados são muito afectados pelo suporte dado por um ou mais membros dum grupo. A falta de partilha dos problemas e alegrias com outros, é stressante.

3. Conflitos intraindividuais, intragrupo e intergrupos. Há uma ligação de proximidade entre o stress e o conflito. O conflito associa-se com incompatibilidades entre dimensões individuais como objectivos pessoais e valores/necessidades motivacionais, entre indivíduos num grupo e entre grupos.

Page 4: 14stres

Psicossociologia do Trabalho

[email protected] 4

Factores individuais

•  1 - Papéis

•  2 - Personalidade tipo A

•  3 - Controle pessoal e desamparo

aprendido

•  4 - Auto-eficácia

•  5 - Resistência psicológica

Factores individuais

1- Papéis

a) Conflito de papéis – Advém dos múltiplos papéis que um indivíduo possui (família, trabalho, lazer, etc).

b) Ambiguidade de papel – Existência de ambiguidade relativamente aos papéis que as pessoas devem desempenhar, ou por falta de conhecimento, formação ou má comunicação (distorção/filtração) por parte de outros.

c) Sobrecarga de papel – Existe quando as expectativas relativamente ao papel de uma pessoa são demasiadas

2 - Personalidade tipo A

“Envolvimento agressivo numa luta crónica e incessante, para obter mais e mais em menos e menos tempo, e se necessário contra os esforços contraditórios de outras pessoas e coisas”

Personalidade tipo A

Personalidade tipo A

Estudos de cardiologistas (Friedman & Rosenman in Luthans 1995) Tipo A - Perfil altamente correlacionado com níveis elevados de stress e consequências físicas perigosas (Dobro de ataques cardíacos)

3 - Controle pessoal e desamparo aprendido a) Controle pessoal

Grau em que o indivíduo percebe que tem ou não capacidade para controlar a situação. Se se percebe que não há controle sobre o ambiente de trabalho e o sobre o trabalho em si, o nível de stress será mais elevado.

b) Desamparo aprendido

Tendência para a inacção relativamente ao evitamento dos factores stressantes, mesmo quando é possível ter sobre eles controle. (Exps de Seligman)

Page 5: 14stres

Psicossociologia do Trabalho

[email protected] 5

4 - Auto-eficácia Auto percepção de quão bem a pessoa consegue enfrentar as situações que vão aparecendo. Há estudos que demonstram que as pessoas com níveis de auto-eficácia elevada, podem lidar mais facilmente com

situações de

stress.

5 - Resistência psicológica

Grau de resistência aos factores stressantes, ou, características psicológicas que amortecem as reacções das pessoas a acontecimentos potencialmente stressantes. As pessoas mais resistentes têm as seguintes “forças psicológicas”:

1. Desafio. Estão abertas à mudança e consideram-na um desafio em vez de uma ameaça

2. Empenhamento. Envolvem-se profundamente no que quer que façam, considerando-o interessante e importante (oposto da alienação)

3. Controle. Têm o sentido de controle sobre os acontecimentos

Efeitos negativos do stress ocupacional

Problemas fisiológicos

•  Dores de cabeça

•  Pressão sanguínea elevada

•  (Subida do colesterol)

•  Doenças de coração

Efeitos negativos do stress ocupacional

Problemas psicológicos

• Ansiedade

• Depressão

• Diminuição dos níveis de satisfação no trabalho

Efeitos negativos do stress ocupacional

Problemas comportamentais

•  Sinais da presença de stress

Ausência de reacção ou sobre reacção

Sonolência

Aumento de consumo de substâncias (tabaco, álcool, estupefacientes)

•  Implicações

Ao nível da produtividade, absentismo e turnover.

Gestão do stress 1. Reconhecimento do stress Pistas que indicam existência de stress (padrão de comportamentos com alguma continuidade)

1. Maior nervosismo. As pessoas podem ter maior dificuldade em concentrarem-se e parecerem mais distraídas.

2. Atrasos e absentismo. Aumento de conflito, mais discussões, menos cooperação e colaboração

3. Dificuldades interpessoais. Aumento de conflito, mais discussões, menos cooperação e colaboração

4. Diminuições de desempenho. Maior falta de cuidados, mais erros como esquecimentos de passos a serem executados ou de pessoas a serem contactadas, incapacidade de tomar decisões

5. Evidência de abuso de substâncias. A pessoa pode estar a fumar mais, beber mais café, prolongar os almoços cheirar a alcool

Page 6: 14stres

Psicossociologia do Trabalho

[email protected] 6

2. Tratamento dos sintomas

1. Uso de medicamentos.

2. Comportamentais.

3. Formas físicas.

“O tratamento dos sintomas, no entanto, não remove a causa do problema e a pessoa não é modificada de

nenhuma forma fundamental”

Gestão do stress 2. Tratamento dos sintomas 1. Uso de medicamentos, para descer a pressão sanguínea, para diminuir ansiedade depressão, para dormir, etc.

2. Comportamentais. Por exemplo, relativamente aos atrasos pode-se pensar num esquema de recompensas que premeie o chegar a horas. Também as terapias comportamentais podem servir para resolver problemas de ansiedades, alcoolismo, depressão, etc.

3. Formas físicas. Por exemplo formas de relaxamento como massagens ou sauna.

“O tratamento dos sintomas, no entanto, não remove a causa do problema e a pessoa não é modificada de nenhuma forma fundamental”

Gestão do stress

3. Mudança das pessoas

Técnicas que ensinam às pessoas formas para as ajudar a responder de forma diferente aos factores stressantes:

1. Biofeedback;

2. Treino de relaxamento;

3. Estratégias interpessoais;

4. Mudanças físicas

(c.f. Mitchell e Larson 1987, p 209-210)

Gestão do stress 4. Métodos organizacionais para reduzir stress

1. Estrutura

2. Papéis

3. Relações interpessoais

4. Mudança

5. Factores stressantes do trabalho

6. Ambiente físico

Gestão do stress

1 - Estrutura

Variáveis da estrutura que são importantes na gestão do stress, Expºs:

Centralização - Expº. Quantidade de participação na tomada de decisão.- quanto maior for maior a satisfação.

Políticas de avaliação de desempenho, de colocação das tarefas e de promoções - A clareza na comunicação de políticas de avaliação de desempenho, de colocação e de promoções parecem reduzir os níveis de stress.

Em termos gerais estas estratégias reduzem a ambiguidade e incerteza enquanto aumentam a satisfação e envolvimento da pessoa.

2 - Papéis

Os conflitos de“papéis”, ambiguidade e sobrecarga podem ser reduzidos em reuniões nas quais os indivíduos discutem as expectativas para os trabalhos específicos, aí devem referir:

1- O que pensam que é esperado deles

2- O que esperam dos outros

3- O que eles pensam que os outros pensam acerca deles

Page 7: 14stres

Psicossociologia do Trabalho

[email protected] 7

3 - Relações interpessoais

Problemas geralmente devido a diferentes objectivos, má comunicação. A gestão deve clarificar quais os objectivos. Também podem ser desenhados planos de formação para melhorar a comunicação.

4 - Mudança Discussão aberta e franca dos problemas em primeira mão pode ajudar pessoas a enfrentar e ajudar à mudança.

Durante a mudança: devem existir canais de comunicação abertos, solicitação de “inputs”, sensibilidade às queixas, estar a par das reacções das pessoas. Ou seja, em termos gerais estar a monitorizar a mudança.

5 - Factores stressantes do trabalho

O aumento da variedade da tarefa, o dar feedback e autonomia, ou seja aumentar o sentido da tarefa, pode diminuir alguns factores stressantes através do aumento da motivação. Factores esses normalmente associados à tecnologia e tipo de tarefa.

6 - Ambiente físico

Relativamente às condições aversivas (ex. ruído, poluição, calor, etc) os passos lógicos (se possíveis) são:

1º Eliminar a condição aversiva

2º Diminuir a sua intensidade

3º Diminuir a exposição