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O MAIORPORTUGUS DE

SEMPRE?

INFORMAO IMPORTANTE

O texto que se segue uma reproduo escrita,com pequenas adaptaes e esclarecimentos, do


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Salazar: O Maior Portugus de Sempre?

documentrio exibido pela Rdio e Televiso dePortugal, O Maior Portugus de Sempre Antniode Oliveira Salazar, integrado no programa

Grandes Portugueses, de 2006-2007.Como tal, cumpre-me esclarecer que toda a

informao constante deste documento foiapresentada pelo Prof. Dr. Jaime Nogueira Pinto,aquando da exibio do documentrio referido.

Resta-me recordar, em ltimo lugar, que o Prof.Dr. Jaime Nogueira Pinto defendeu o estadistaportugus Antnio de Oliveira Salazar, vencedor dodito concurso.

Introduo do documentrio:18 de Julho de 1936. Com o levantamento das tropas de Marrocos,seguido pelas guarnies das principais cidades da Pennsula,comea a Guerra Civil Espanhola.

Aqui, neste bastio do forte de Santa Luzia, em Elvas, passa a linhainvisvel da fronteira com Espanha. fcil de perceber a grandepreocupao da poltica externa de Salazar: defender a

Discutir Salazar Pgina 2


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independncia do rectngulo nacional portugus, numapennsula desde os finais do sculo XV dominada por Castela1.

Salazar , na ocasio, o homem forte do Regime criado h 10 anos

pelo movimento militar de 28 de Maio de 19262

.A sua tomada deposio na Guerra Civil Espanhola o seu primeiro grandegesto de poltica externa. Uma tomada de posio em quese joga a independncia de Portugal. uma independnciaantiga, mas constantemente em risco. Salazar foi, nesta hora crticada Histria Europeia e da Histria da Pennsula Ibrica, como vaiser noutras, o grande defensor de Portugal e dos interessesportugueses. Por isso, esta figura polmica da Histria recente dePortugal foi um Grande Portugus.

(genrico do programa)

Reflexo do autor acerca do convite para

defender Salazar:A pessoa que me convidou para defender Salazar neste programausou comigo daquele tom de cumplicidade embaraada que, nalgunsfilmes de aco, tm os chefes operacionais que vo enviar os seuscolaboradores ou subordinados para misses impossveis.Algumasreaces que verifiquei depois de ter aceite, publicamente,tal incumbncia, reaces de perplexidade, de surpresa, deagressividade e at de hostilidade levaram-me a pensar

que a misso, se no era impossvel, era pelo menos difcil.Ora, devo confessar que basta o facto desta dificuldade, o facto de

1O Reino de Castela foi um dos antigos reinos da Pennsula Ibrica formados durante aReconquista Crist. O seu territrio faz, actualmente, parte de Espanha (Fonte: Wikipdia)

2A Revoluo de 28 de Maio de 1926 ou Movimento do 28 de Maio foi umpronunciamento militar de cariz nacionalista e antiparlamentar que ps termo PrimeiraRepblica Portuguesa, levando implantao da auto-denominada Ditadura Nacional, depoistransformada, aps a aprovao da Constituio de 1933, em Estado Novo, regime que semanteve no poder em Portugal at Revoluo dos Cravos de 25 de Abril de 1974. (Fonte:Wikipdia)



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uma personalidade que desapareceu h 40 anos da vida portuguesacontinuar a suscitar tanta polmica, bastaria esse facto e bastou essefacto para que a tivesse aceite.

A poltica externa de Salazar

Salazar esteve frente dos destinos de Portugal de 1932 a 1968, ouseja, durante quase 40 anos. Durante todo esse tempo, a suamxima preocupao foi defender e manter aindependncia de Portugal. Hoje, no princpio do sculo XXI,membros da NATO3 e da Unio Europeia, os riscos de tal

independncia podem-nos parecer longnquos, mas nos conturbadosanos 30, eles estavam aqui ao nosso lado. ramos mesmo vizinhosda catstrofe!

Para um pas pequeno, de recursos limitados, sado de um perodode instabilidade e com as Foras Armadas em reorganizao, oconflito em Espanha colocava graves problemas. E Salazar sabia-omelhor do que ningum. Nesse Vero quente e longo de 1936,Espanha est dividida em duas: de um lado, o governo da Frente

Popular, uma coligao de esquerdas e, do outro, os militareschefiados por Franco4, apoiado por uma coligao de direitaspolticas. Estas duas Espanhas lutam sem quartel.

3AOrganizao do Tratado do Atlntico Norte (NATO ou OTAN, em portugus) umaorganizao internacional de colaborao militar estabelecida em 1949 em suporte do Tratadodo Atlntico Norte assinado em Washington a 4 de Abril de 1949. (Fonte: Wikipdia)

4Francisco Franco foi um militar, chefe-de-estado, ditador espanhol e Regente do Reino deEspanha desde Outubro de 1936 at sua morte, em 1975. (Fonte: Wikipdia)



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A Guerra Civil uma ameaa para Portugal. Que fazer? Salazar temque encontrar resposta. Rapidamente e de forma decisiva e certa.Podia deixar a situao da Espanha deteriorar-se, transformar-senuma imensa anarquia, em que cada regio e partido lutassem pelosseus interesses, criando focos de permanente instabilidade poltica e

social. Mas Salazar decide apoiar os nacionalistas desde aprimeira hora. Estes usam Portugal como base logstica. PorPortugal, vo passando as suas armas e suprimentos. Para Salazar,a razo de Estado da nao portuguesa, isto , o interessenacional portugus , e h-de ser sempre, o grandecondutor da sua poltica e da sua estratgia.

Ora, neste caso do conflito espanhol, uma vitria das esquerdas,uma vitria da Frente Popular, em Madrid, dominada peloscomunistas, significaria, tambm, o regresso ao centro da poltica de


Figura 1 A diviso da Espanha em duas zonas


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Madrid da ideia de unio ibrica, isto , de uma unio entre Portugale Espanha, de que, evidente, a Espanha seria o principal

beneficirio e poder dominante.

Mas quem , afinal, este homem que defende to energicamentea identidade e a independncia portuguesas? um polticorealista que sabe que sem liberdade de Portugal, no h liberdadedos portugueses. um poltico de formao crist, por isso sabeque a poltica , tambm, um Reino do Mal, mas que tambm arealidade, o dia-a-dia e que, nesta, h que unir os amigos e osaliados e dividir e neutralizar os inimigos. Salazar escolheapoiar Franco, com todos os meios sua disposio:

diplomaticamente, logisticamente e com voluntrios osViriatos5. Franco ganha a Guerra Civil a 1 de Abril de 1939 e ficar,para sempre, devedor e grato a Salazar.

A Segunda Guerra Mundial outro grande cenrio daactuao desta poltica externa de Salazar. Mais uma vez, aequao complexa: de um lado, est a Alemanha deHitler, do outro lado esto os Aliados6 liderados pela Gr-Bretanha. Para Salazar, a discusso no se pe. Portugal

no pode deixar de ser aliado da Gr-Bretanha, porqueesta controla o acesso ao Imprio. Senhora dos Mares,cortar-nos- o contacto com as colnias, no caso de a

5Viriatos foi o nome dado ao grupo de voluntrios portugueses do Trcio da LegioPortuguesa (fundada em 1936) que participaram na Guerra Civil de Espanha (1936-1939), porafinidade com o lusitano Viriato, guerreiro que no sculo II a. C. resistiu ocupao dosromanos. Chegaram a atingir a cifra de 20 000 homens. (Fonte: Infopdia)

6O grupo dos Aliados era constitudo pela Gr-Bretanha, Frana, Estados Unidos da Amrica eUnio Sovitica.


Figura 2 Cenrio de Unio Ibrica em que prevalece a vontade espanhola


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termos como inimiga. Por isso, a escolha est feita: a geopolticacomanda a poltica.

A situao no era fcil. No Vero de 1940, a Alemanha nazi estava

no auge do seu poder. Depois da derrota da Frana em seis semanas,Hitler s precisava de vencer a Gr-Bretanha para acabar a Guerravitorioso. Franco, por seu lado, tem a presso dos pases do Eixo(Alemanha e Itlia), seus aliados militares e ideolgicos na GuerraCivil. Salazar e Franco assumem a estratgia comum desalvaguardar a neutralidade da Pennsula. Franco vaiempatando Hitler: se por um lado, no quer hostilizar a Alemanha ea Itlia, por outro no quer entrar na Guerra. Encontra-se comHitler em Hendaye, na fronteira franco-espanhola, em Outubro de1940. Num ambiente tenso, Franco desfia as dificuldades da entradade Espanha na Guerra. O galego astuto enfrenta o senhor da Guerragermnica. Investe numa estratgia de adiamento, relativamente aoenvolvimento espanhol no conflito, limitando-se a enviar a Diviso

Azul7 para a campanha da Rssia.

No meio de tudo isto, o que faz Salazar? Salazar explica aos Aliados ojogo de Franco e garante, junto destes, o desejo de neutralidade deMadrid. Na realidade, a Inglaterra, pas beligerante, e os EstadosUnidos da Amrica, a potncia que a ajuda a sobreviver, desconfiamde Madrid. A criao de um clima de confiana entre

7Diviso Azul foi uma unidade de voluntrios espanhis que serviu a partir de 1941 (e

oficialmente at 1943) no lado alemo durante a Segunda Guerra Mundial, principalmente nafrente oriental contra a Unio Sovitica. (Fonte: Wikipdia)


Figura 3 Franco e Hitler juntos em Hendaye


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Espanha e as democracias anglo-saxnicas vai serassegurada por Portugal. Salazar quem desenha aponte entre todos. E Salazar v a sua estratgia triunfarem toda a linha. A Pennsula ficou neutra e Portugal

guardou o seu Imprio. Tudo o que sempre quis.

Mas a histria do homem que conduz Portugal no grande jogo dapoltica mundial comeou muito antes. Salazar nasceu nafreguesia de Santa Comba Do, em Abril de 1889, h 79anos.

Tambm disponvel em:

http://www.youtube.com/watch?v=CDBtgA-81D4

( RTP 2007 Todos os direitos reservados)

As origens e formao de Salazar nesta casa que nasce Antnio de Oliveira Salazar, em 28 de Abrilde 1889. Nasce numa famlia modestssima de agricultores.Pobre, filho de pobres, e devo Providncia a graa deser pobre so expresses em que mais tarde se vai rever.Estamos na aldeia de Vimieiro, em Santa Comba Do, entre ascordilheiras da Estrela e do Caramulo e o mar.

(Jaime Nogueira Pinto visita a casa de Salazar)

Bom, tinha a ideia que isto estava bastante abandonado, masconfesso que no pensei que estivesse to abandonado e degradado.E eu estava a pensar, olhando para tudo isto, quando a gentecompara com os palcios doutros governantes, autoritrios e comtodo o estado, digamos, de grande pompa e ostentao e luxo, dascontas dos exlios, com as fortunas acumuladas, de facto, enfim, semnenhuma espcie de demagogia, acho que se pode dizer que

http://www.youtube.com/watch?v=CDBtgA-81D4http://www.youtube.com/watch?v=CDBtgA-81D4


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Salazar foi um homem de uma honestidade e de umaprobidade extraordinria.

Nesse ano de 1889, o mundo em Portugal era bem diferente do de

hoje. Portugal, em Angola e Moambique, reembarcava na aventuraafricana. Nascia uma nova gerao de heris do Imprio, osafricanos. E Portugal vivia, habitualmente, na memria do grandepoder que fora no sculo XVI, no contraste do pequeno pas, naponta ocidental da Europa. Todos estes factores marcaro, parasempre, Salazar. A paisagem bela e agreste das Beiras, de Coimbra a

Viseu, a religiosidade, a modstia, as razes na gente docampo, a percepo desconfiada das hierarquias do nascimento edo dinheiro e da humilhao que podem trazer aos pobres. Quandoconfrontado pela Histria e os seus riscos, este homem, educadona sabedoria rural e no seu senso comum, sabe tomardecises, sabe enfrentar os riscos, sabe correr os perigos.Na verdade, ele que ops, em certo sentido, o viver habitualmente aofamosssimo viver perigosamente do filsofo alemo8, tambm elesabe viver perigosamente, quando esto em jogo osinteresses nacionais ou convices e valores que ele peacima de tudo. E, nesses momentos, capaz de ser grandecomo os maiores.

Filho de camponeses, o acadmico de Coimbra, reservado, de fatoescuro e modos protocolares, sente-se, na sua modstia tmida, oguardio desse legado de grandeza histrica. O legado dosgrandes portugueses que construram e defenderam aindependncia da nao. De todos, Salazar se sente o sucessor,por direito e por misso: do Rei fundador, D. Afonso

Henriques, guerreiro incansvel, poltico voluntarioso e lcido, doInfante D. Henrique, solitrio criador das naus do novo Imprio eprincipal responsvel da Expanso9, de D. Nuno lvares10, ocavaleiro mstico e idealista que, em Aljubarrota, salvou a

8Friedrich Nietzsche (1844-1900), influente filsofo alemo do sculo XIX.

9Expanso portuguesa dos sculos XV e XVI Descobrimentos

10D. Nuno lvares Pereira, tambm conhecido como Santo Contestvel, foi um nobre eum guerreiro portugus do sculo XIV que desempenhou um papel fundamental na crise de

1383-1385, onde Portugal jogou a sua independncia contra Castela. So Nuno foi canonizadopelo Papa Bento XVI em 26 de Abril de 2009. (Fonte: Wikipdia)



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independncia de Portugal, de D. Joo II, o Prncipe Perfeito11,unificador do poder do Estado, o estratega nacional que sacrificou osprprios familiares por razo de Estado.

, em 1899, que Salazar vai a Viseu para fazer o exame de instruoprimria, ingressando, no ano seguinte, no Seminrio12, para osestudos secundrios, Um seminarista igual a tantos portugueses, nocomeo do sculo XX, que viam no servio da Igreja tambm umaporta para os pobres ascenderem neste mundo, dignidade, numasociedade fechada e socialmente estratificada.

Em 1910, est inscrito no curso de Direito da Universidade deCoimbra, no incio da Repblica. Foi este destino singular que o

trouxe do Vimeiro e de Viseu, aqui, para Coimbra. E , tambm aqui,em Coimbra, no CADC (Centro Acadmico de Democracia Crist13)que ele vai, de certo modo, encontrar e consolidar as suas razesdoutrinrias.

Desde a proclamao do Liberalismo, em Portugal, em 183414,podemos dizer que os catlicos tinham sido um bombo da festa eum bode expiatrio da Revoluo e dos revolucionrios. Mas, com aRepblica democrtica, em 1910, tornaram-se mesmo cidados de

segunda classe. Logo no 5 de Outubro, houve sacerdotesassassinados. Mais tarde, seguiram-se as expulses das ordensreligiosas, perseguies, vexames e humilhaes sem conta contra os

bispos, contra os padres e contra os prprios catlicos. Salazar vaireflectindo sobre tudo isto. Mas o seu grande choque doquotidiano da 1. Repblica a ditadura da rua. A nvelpoltico, fora das ruas, os governos duravam pouco tempo ereinavam as quarteladas sucessivas e a fraude eleitoral.

11Prncipe Perfeito o seu cognome.

12Seminrio o nome que dado, na Igreja Catlica aos centros de formao dos seusministros sagrados: subdiconos, diconos e presbteros, vulgarmente chamados padres.(Fonte: Wikipdia)

13O Centro Acadmico da Democracia Crist uma associao de inspirao crist,pertencente Diocese de Coimbra, que d apoio aos estudantes universitrios, que seencontram a estudar em Coimbra. (Fonte: Wikipdia)

14Com a assinatura da Conveno de vora-Monte, acordo assinado entre liberais emiguelistas.



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Para Salazar, a grande prioridade era criar um Estadoordeiro, monrquico ou republicano no importava muito, masque estivesse acima das divises dos partidos, que fossepessoa de bem, que mantivesse a ordem e a lei,

defendesse as colnias que, numa palavra, defendesse oprestgio nacional e impusesse o nome de Portugal noMundo. As sucessivas crises governamentais criaram, em meadosdos anos 20, um clima de crise permanente, gerador de enormeinstabilidade social.

Salazar torna-se professor da Faculdade de Direito, em 1916. Osseus principais estudos concentram-se, entretanto, na reada Economia e das Finanas. A, vai publicar a QuestoCerealfera e, mais tarde, o gio do Ouro. Em 1917, Doutor emDireito, pela Faculdade de Coimbra.

A sua primeira experincia poltica concreta aconteceu em 1921.Quando foi eleito deputado pelo Centro Catlico15, vai a Lisboa, entrano Parlamento, mas fica s um dia, segundo reza a lenda. A vidaparlamentar no o seduz. A influncia da tradioantiparlamentarista bvia em Salazar. Diz-se que

confidenciara ao cardeal Cerejeira16

ver a situao ideal do exercciodo poder ser primeiro-ministro de um rei absoluto. No se vcomo origem do poder, mas como executor de um desgniosuperior.

15O Centro Catlico Portugus (CCP) foi fundado num congresso realizado em Braga em 8de Agosto de 1917.

16Cardeal Dom Manuel Gonalves Cerejeira (1888 - 1977), foi o dcimo-quarto Patriarcade Lisboa (nomeado em 18 de Novembro de 1929). Foi o Patriarca que dirigiu a Igreja CatlicaPortuguesa durante o Estado Novo; ntimo de Salazar (conheceram-se no Centro Acadmico daDemocracia Crist e foram vizinhos cerca de 11 anos), procurou salvaguardar e restaurar osprivilgios que o Catolicismo perdera durante o regime republicano (I Repblica). Como tal, e afim de apaziguar as tensas relaes entre o Estado e a Igreja, foi um dos principais concorrentes

e apoiantes para a assinatura da Concordata com a Santa S em 1940 (Concordata entre a SantaS e Portugal, em 1940). (Fonte: Wikipdia)



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Tambm disponvel em:

http://www.youtube.com/watch?v=vIJiReHLaeE


Este o primeiro volume dos Anuais da Revoluo Nacional, umaobra, hoje, bastante rara. Eu tinha-a, aqui, em casa, veio de um tio

meu e uma obra muito interessante, porque tem contados eilustrados os vinte primeiros anos do Estado Novo, onde se v aaco e o papel de Salazar e explica tambm, enfim, a forma comoele vai conseguir depois dominar a partir do momento em que entrano Governo (est, aqui, penso que a primeira vinda dele a Lisboa).Os militares tomam conta do poder em Maio de 1926. Quando eles

vo convidar Salazar, a Coimbra, eles sabem que ele um dosgrandes financeiros do pas, um professor de Finanas

Pblicas, um homem que no poltico, no est envolvido napoltica. Portanto, eles convidam-no para o Governo, alis Salazarmais tarde dir, determinantemente: Eu no vim para aPoltica, eu vim para o Governo.

E vem para Lisboa como Ministro das Finanas, com dois outrosprofessores de Coimbra Mendes dos Remdios17 e Manuel

17Joaquim Mendes dos Remdios (1867 1932) foi um professor universitrio, poltico e

escritor portugus que, entre outras funes, foi reitor da Universidade de Coimbra e Ministroda Instruo Pblica. (Fonte: Wikipdia)


Figura 4 Salazar e o Cardeal Cerejeira
http://www.youtube.com/watch?v=vIJiReHLaeEhttp://www.youtube.com/watch?v=vIJiReHLaeE


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Rodrigues18. O poder entre os militares est longe de estar definido,e Gomes da Costa19 entra em conflito com Mendes Cabeadas20.Perante a confuso, os catedrticos retiram-se com uma nota breve eseca, dirigida a Gomes da Costa:

"Os ministros civis foram chamados a exercer uma determinadaaco administrativa e essa aco s se lhes afigura possvel depoisde resolvido o problema poltico. Ora este problema, nos termos quefoi posto, no a eles que compete resolv-lo. Nestes termos, osdestinatrios depem nas mos de V. Exa. os lugares que lhesconfiaram, aguardando a soluo definitiva do problema poltico".

Salazar esteve 5 dias no governo. Volta a Coimbra e s suas rotinas.Mas tudo mudara. Vai seguir, de perto, o problema das Finanas,tornando pblico o seu pensamento atravs de artigos colocados em

jornais, como Novidades21 e O Sculo. E , ao mais tempo, oPresidente da Comisso que procede reviso das Contribuies eImpostos.

Nos finais de Abril de 1928, o chefe de Governo, o coronel Vicente deFreitas, convida Salazar para Ministro das Finanas. Agora, definido

o poder poltico, o problema do Estado fixava-se volta das

18Manuel Rodrigues Jnior (1889 1946) foi um professor universitrio de Direito epoltico portugus que se destacou como Ministro da Justia do Estado Novo. Para alm deministro, foi deputado Assembleia Nacional e fez parte da Unio Nacional, da CmaraCorporativa, do Conselho Poltico Nacional, do Conselho de Estado e da comisso encarregadade organizar a Unio Nacional Republicana, como partido de apoio Ditadura Nacional. (Fonte:Wikipdia)

19Manuel de Oliveira Gomes da Costa (1863 1929) foi um militar e poltico portugus,dcimo presidente da Repblica Portuguesa e o segundo da Ditadura Nacional. (Fonte:

Wikipdia)

20Jos Mendes Cabeadas Jnior (1883 1965) foi um oficial da Armada Portuguesa,maom e poltico republicano convicto, que teve um papel decisivo na preparao dosmovimentos revolucionrios que conduziram criao e extino da Primeira RepblicaPortuguesa: a Revoluo de 5 de Outubro de 1910 e o Golpe de 28 de Maio de 1926. Exerceu ocargo de 9. Presidente da Repblica Portuguesa (o 1. da Ditadura Nacional) e de Presidente doConselho de Ministros no breve perodo entre 31 de Maio de 1926 e 16 de Junho do mesmo ano.Afastado do poder pela estabilizao do regime direita e pelo salazarismo, transformou-senum feroz opositor da autocracia de scar Carmona e de Oliveira Salazar, conspirando em, pelomenos, duas tentativas insurreccionais (1946 e 1947). Como derradeiro gesto poltico,subscreveu o Programa para a Democratizao da Repblica (1961).

21rgo da hierarquia catlica que apoiava o Centro Catlico Portugus.



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Finanas, o domnio especial de Salazar. Vai para Lisboa, ajusta-secom Vicente de Freitas e toma posse a 27 de Abril. O discurso22 que,ento, pronuncia um clssico de um estilo que durante muitosanos o pas vai admirar conhecer.

Dirigindo-se a Vicente de Freitas diz:"No tem que agradecer-me ter aceitado o encargo, porquerepresenta para mim to grande sacrifcio que por favor ouamabilidade o no faria a ningum. Fao-o ao meu Pas comodever de conscincia, friamente, serenamente cumprido".

E, mais adiante, quase a finalizar, proferir outra frase que ficar

clebre:"Sei muito bem o que quero e para onde vou, mas no seme exija que chegue ao fim em poucos meses. No mais, queo Pas estude, represente, reclame, discuta, mas queobedea quando chegar a altura de mandar".

Salazar, desta vez, tem o apoio firme dos militares; tem oapoio dos catlicos e da Igreja; tem o apoio dosrepublicanos conservadores, da maior parte dosmonrquicos, dos sidonistas; tem o apoio das classes altase mdias das cidades e tem, sobretudo, o apoio do campoconservador, patriota, catlico. Para os seus partidrios,tornou-se o homem providencial, aquele que pode

22Discurso disponvel, na ntegra, emhttp://www.arqnet.pt/portal/discursos/abril01.html.


Figura 5 Salazar explica as condies da reforma financeira
http://www.arqnet.pt/portal/discursos/abril01.htmlhttp://www.arqnet.pt/portal/discursos/abril01.htmlhttp://www.arqnet.pt/portal/discursos/abril01.htmlhttp://www.arqnet.pt/portal/discursos/abril01.htmlhttp://www.arqnet.pt/portal/discursos/abril01.html


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harmonizar as instituies com os interesses do pas. isto que querem as Foras Armadas, isto que querem aselites, isto que quer o pas e a populao em geral cada

vez simpatiza mais com o novo dirigente, porque este, para

alm de mais, mantm estvel o preo do po, o crticopreo do po.

Tambm disponvel em:

http://www.youtube.com/watch?v=msczUEWGKbY


Para entender o apoio que Salazar e o Estado Novo23 vo ter entre osportugueses, preciso, para alm da reaco ditadurademocrtica da 1. Repblica, conhecer tambm o clima polticoeuropeu e internacional.

A revoluo comunista de 191724, que depois da guerra civil25 e darepresso sanguinria tomara o poder na Rssia, foi vista pelasclasses mdias e altas da Europa como uma grande e prximaameaa. Os nascentes partidos comunistas propunham-se repetir,

23Estado Novo o nome do regime poltico autoritrio e corporativista de Estado que vigorouem Portugal durante 41 anos sem interrupo, desde 1933, com a aprovao de uma novaConstituio, at 1974, quando foi derrubado pela Revoluo do 25 de Abril. (Fonte: Wikipdia)

24A Revoluo Russa de 1917 foi uma srie de eventos polticos na Rssia, que, aps aeliminao da autocracia russa, e depois do Governo Provisrio (Duma), resultou noestabelecimento do poder sovitico sob o controle do partido bolchevique. O resultado desseprocesso foi a criao da Unio Sovitica, que durou at 1991. (Fonte: Wikipdia)

25A Guerra Civil russa ops o Exrcito Branco (aristocrtico-burgus, apoiado pelosmoderados e pelos j referidos pases) ao Exrcito Vermelho, defensor da Revoluo. nestemomento que Lenine, perante a delicadeza da situao, aprova medidas polticas de rigor a quese deu o nome de "comunismo de guerra": probe os partidos polticos, com excepo do PartidoBolchevique; reprime os inimigos da revoluo, criando uma polcia poltica, a Tcheka, embriodo futuro KGB. ainda para resolver a guerra interna que os comunistas abandonamoficialmente o conflito mundial assinando uma paz desvantajosa com a Alemanha - Tratado deBrest-Litovsk, Maro de 1918 -, pela qual reconheciam a independncia da Ucrnia erenunciavam a territrios da Polnia, Pases Blticos e Finlndia. O facto que estas medidaspermitiram uma recuperao de posies e o fortalecimento das foras comunistas que,habilmente dirigidas por Trotsky, derrotam o Exrcito Branco em toda a linha. A guerra civilchegava ao fim com a rendio total dos contra-revolucionrios em 1920. Dois anos depois a

Rssia mudava oficialmente de nome, passando a chamar-se Unio das Repblicas SocialistasSoviticas. (Fonte: Infopdia)

http://www.youtube.com/watch?v=msczUEWGKbYhttp://www.youtube.com/watch?v=msczUEWGKbY


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por toda a Europa, o modelo sovitico. O terror dos bolcheviquespairava sobre o continente, a esquerda revolucionria, a partir deLenine26 e da Internacional Comunista27, escolhera a violncia comoforma principal de conquista de poder. E o terror como forma de o

manter. Concluem muitos que, s pela violncia, podia ser parada.Chegado ao Governo, Salazar ataca o problema financeirocom um controlo rigoroso da despesa e a melhoria dacolecta da receita. E conta com a confiana poltica que lheinspira para fazer voltar os capitais emigrantes. Finanasem primeiro lugar. Salazar conhecia bem a histria poltica efinanceira de Portugal do sculo XIX para saber que a dvida e odficit28 eram o grande problema do Estado em Portugal. Por isso,logo que chega ao Governo, a sua primeira preocupao

vai ser exigir um total controlo das despesas de todos osministrios. O ritmo de amortizao quanto Dvida PblicaExterna, avaliada em percentagem do PIB29, rpido. Ela vai passarde 44% do PIB em 1926, para 32% em 1930; em 1935 19%; em1940, estabiliza em 5%. A partir do momento em que hrecursos financeiros, podem comear as polticas defomento e de obras pblicas; antes, na dcada de 30,Salazar dedica-se a desenvolver a produo agrcolaalimentar para baixar as importaes, mantendo os preos

dos produtos base. Seguir-se-o os grandes planos de

26Lenine (1870 1924) foi um revolucionrio russo, responsvel em grande parte pelaexecuo da Revoluo Russa de 1917, lder do Partido Comunista, e primeiro presidente doConselho dos Comissrios do Povo da Unio Sovitica. Influenciou teoricamente os partidoscomunistas de todo o mundo, e suas contribuies resultaram na criao de uma correnteterica denominada leninismo. (Fonte: Wikipdia)

27Organismo coordenador das organizaes socialistas e das classes trabalhadoras, foi fundadoem 1864, em Londres, com a designao de Associao Internacional de Trabalhadores. AIIIInternacional (Komintern) foi criada por Lenine e Trotsky, pelo Congresso de Moscovo, em

1919. Reunia todos os partidos comunistas, funcionando como um rgo de controlo sovitico.O Komintern seria dissolvido por Estaline, em 1943, e substitudo pelo Kominform (1947-1956),criado na Polnia, criado para servir de organismo coordenador dos partidos comunistas.(Fonte: Infopdia)

28Dficit ou Dfice um termo contabilstico de origem latina, que se caracteriza por umsaldo negativo resultante de, num oramento, ter mais gastos, ou despesas do que ganhos, oureceitas. Tal oramento chamado de deficitrio. (Fonte: Wikipdia)

29O Produto Interno Bruto (PIB) representa a soma (em valores monetrios) de todos osbens e servios finais produzidos numa determinada regio (quer seja, pases, estados, cidades),durante um perodo determinado (ms, trimestre, ano, etc.). O PIB um dos indicadores mais

utilizados na macroeconomia com o objectivo de mensurar a actividade econmica de umaregio. (Fonte: Wikipdia)



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electrificao e do fomento hidroelctrico, da construo ereconstruo das infra-estruturas rodovirias, porturiase ferrovirias, algumas das quais vinham ainda daRegenerao. E h um grande investimento em obras

pblicas e construes sociais em Lisboa e no resto dopas, sob a gide do ministro Duarte Pacheco30. Assim estolanadas as bases materiais para as polticas a jusante ligadas industrializao que entretanto ficam paragrupos privados industriais e financeiros.

Muitas vezes, os crticos e os adversrios de Salazaracusam-no de ter atrasado economicamente o pas. Eupenso que esta crtica tem que ser vista luz de algumas outrasrealidades: nomeadamente, tem que se fazer uma comparaohistrica e relativa, quer dizer, hoje as pessoas vivem,evidentemente, melhor hoje do que h 50 anos, mas vivem emPortugal, na Alemanha, na Itlia, na Gr-Bretanha. Houve umgrande crescimento econmico em todo este perodo. Por outro lado,Portugal tambm foi sempre um pas atrasado economicamente,independentemente dos regimes polticos, em relao a estas reasda Europa Ocidental e Central, onde a industrializao foi mais cedo.

O que tambm importante, que nos 40 anos de governo

de Salazar, o Rendimento Nacional cresceu, em termosreais, cerca de oito vezes: quase duplicou entre 1926 e 1939,estagnou e retraiu-se durante os anos de Guerra (1939-1945), mas, apartir dos anos 50, beneficiando da conjuntura internacional, mastambm das polticas internas de fomento e obras pblicas, cresceuaceleradamente, para, nos ltimos anos do anterior regime, alcanaras taxas asiticas de 7% a 8% de crescimento real ao ano.A mdiafoi altssima e o pas aproximou-se, em termos relativos,dos nveis europeus.

A imagem essencial na poltica contempornea e Salazardava de si prprio uma excelente imagem, imagem deausteridade, de aplicao, de estudo, de capacidade dedeciso. Portanto, estava nos antpodas daquilo que era a imagem

30Ministro das Obras Pblicas de Salazar, Duarte Pacheco modernizou o Pas. Hbil a fintaros esquemas asfixiantes do regime, reestruturou os servios dos correios e telecomunicaes erevolucionou o sistema rodovirio. Executou obras essenciais na cidade de Lisboa, como oParque de Monsanto e o Aeroporto. Falar de Duarte Pacheco falar, ainda, de uma nova polticade habitao, planos de urbanizao, ensino, cultura. o exemplo de como a modernidade sempre factor de progresso. Uma obra de actualidade desconcertante, diz Maria de AssunoJdice, bibliotecria da Cmara Municipal de Cascais. (Fonte: Stio na Internet do programaGrandes Portugueses da RTP)



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que a populao portuguesa tinha do poltico mdio da 1.Repblica. Ora, isto reforou muito a sua capacidade de agir e a suacapacidade de guiar o pas. E temos, aqui, um exemplo interessantedisso, at pela sua raridade, que uma manifestao de regozijo,

de afecto e de agradecimento ao Ministro das Finanas.Normalmente, os ministros das Finanas no so alvo deste tipo demanifestaes, deste tipo de popularidade.

Assim, Salazar agarrou o pas, como j agarrara osmilitares e as elites. E criou o mito.Graas confiana doexrcito e ao instrumento oramental, tem o controlo daclasse poltica. Agora, vai adaptar a Portugal uma doutrina o nacionalismo autoritrio e conservador para resolvera crise do Estado e levantar a nao.

(Salazar disse: No discutimos Deus e a virtude; nodiscutimos a Ptria e a sua Histria; no discutimos a

autoridade e o seu prestgio; no discutimos a famlia e a

sua moral; no discutimos a glria do trabalho e o seu

dever. Assim, se assentaram os grandes pilares do

edifcio e se construiu a paz, a ordem, a unio dos

portugueses, o Estado forte, a autoridade prestigiada, aadministrao honesta, o revigoramento da economia, o

sentimento patritico, a organizao corporativa e o

Imprio Colonial.)

Os historiadores dividem-se bastante, at por razesideolgicas, quanto caracterizao poltica deste regimecriado e institucionalizado por Salazar. Alguns inclinam-separa lhe chamar um Fascismo31, uma forma portuguesa de

Fascismo, outros dizem que essencialmente era arealizao da famosssima democracia orgnica dos Papassociais. Sem dvida, que o regime foi nacionalista,autoritrio, conservador, tendo uma economia demercado, embora com um certo dirigismo, ou seja, umacerta autoridade poltica sobre a economia. Eu,pessoalmente, sempre achei que o regime no tinha

31O Fascismo uma doutrina totalitria desenvolvida por Benito Mussolini na Itlia, a partirde 1919 e durante seu governo (1922 1943 e 1943 1945). (Fonte: Wikipdia)



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caractersticas essenciais ao Fascismo: no erarevolucionrio, no pretendia usar o Estado, a Polticapara mudar a sociedade. O professor Borges de Macedo32,que considero uma autoridade nesta matria, costumava

dizer que o regime, essencialmente, era a reproduo, ainstitucionalizao do pensamento poltico de Salazar.

A trilogia Deus, Ptria, Famlia33 reflectia esse iderio,que ainda , para o bem e para o mal, o da direita portuguesa, crist,patritica, solidarista, s vezes mesmo desconfiada do capitalismoliberal.

32Jorge Borges de Macedo (1921 - 1996) foi professor catedrtico de Histria Moderna naFaculdade de Letras da Universidade de Lisboa e historiador de reconhecido mrito. (Fonte:Wikipdia)

33Para assinalar os dez anos de governo de Salazar, editada, em 1938, uma srie de setecartazes intitulada A Lio de Salazar, distribuda por todas as escolas primrias do pas. Estescartazes faziam parte de uma estratgia de inculcao de valores por parte do Estado Novo,destinando-se a glorificar a obra feita at ento pelo ditador, desde o campo econmico-financeiro s obras pblicas. Durante muitos anos, estes cartazes didcticos foram utilizadoscomo forma de transmitir uma ideia central: a superioridade de um Estado forte e autoritriosobre os regimes demoliberais. O ltimo cartaz da srie, Deus, Ptria, Famlia: a Trilogiada Educao Nacional uma esplndida sntese da pedagogia e moral salazaristas: aimagem revela o lar perfeito, rstico, humilde, analfabeto, patriarcal, cristo. a apologia dasaudvel e simples vida do campo, por oposio aos vcios gerados pela vida urbana. Larsimples, aconchegado, sem gua nem electricidade, sem um jornal ou aparelho de rdio, nadaque faa lembrar a indstria, a modernidade. A mulher que, submissa, cumpre a sua misso deesposa e me; o pai, chefe de famlia, que chega do campo onde labuta para angariar o sustentoda casa; o crucifixo, o po e o vinho sobre a mesa, fazendo lembrar o sacrifcio da missa; osfilhos que, reverentemente sadam o pai, ali o Chefe; ao fundo, o castelo com a bandeiranacional revela a gloriosa histria da ptria. o mundo perfeito, sem violncia, sem vcios, semprotestos, perfeitamente ordenado, traduzindo uma ordem econmica, poltica e social que o

Estado Novo considerava perfeitas. (Fonte: Stio na Internet da Escola Secundria Ferreira deCastro)



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Foieste esprito de solidariedade humana que inspiroutambm a poltica de refugiados na 2. Guerra Mundial. Da

Europa, devastada e ocupada, afluram a Portugal cerca deum 1 milho de refugiados, entre eles mais de 100 mil judeus, incluindo os que tinham recebido os vistos doconsulado de Bordus34. H repetidas provas do interesse deSalazar pelo acolhimento e condies de sade e bem-estar destaspessoas. E Lisboa foi, assim, nestes anos da Guerra Mundial, umosis de paz, uma miragem e um ponto de esperana no extremoocidental da Europa.

Tambm disponvel em:

34Recusando-se a seguir as ordens do Governo liderado por Salazar, Aristides de SousaMendes (1885-1954), diplomata portugus, concedeu vistos a refugiados de todas asnacionalidades que desejavam fugir da Frana em 1940, ano da invaso da Frana pelaAlemanha Nazi na Segunda Guerra Mundial. Aristides salvou dezenas de milhares de pessoas doHolocausto. A 8 de Julho de 1940, Aristides, de volta a Portugal, ser punido pelo governo deSalazar, que priva o diplomata de suas funes por um ano, diminuindo em metade o seusalrio, antes de o enviar para a reforma. Para alm disso, Sousa Mendes perde o direito de

exercer a profisso de advogado. A sua licena de conduo, emitida no estrangeiro, tambm lhe retirada.


Figura 6 A Lio de Salazar: Deus, Ptria, Famlia A Trilogia da Educao Nacional


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http://www.youtube.com/watch?v=ztqpjowYyCk


Foi daqui, deste edifcio (Residncia Oficial35 de S. Bento), suaresidncia como Primeiro-Ministro, que Salazar governou Portugal.O estilo e a forma de governo de Salazar coadunam-semuito com a sua personalidade. Era um estilo altamentecentralizador, muito organizado, com as decises

baseadas, geralmente, em informaes de colaboradoresde grande confiana. Lembra, em muitos aspectos, segundo umdos seus bigrafos, o estilo de Filipe II36, Rei de Espanha e quetambm foi Rei de Portugal. O despacho minucioso, a decisoponderada, o comando do Imprio sem emoes, pelomenos perceptveis aos seus prximos.

35Por desconhecimento ou mero lapso, confunde-se, no raras vezes, Palcio de S. Bento, sededo Parlamento Portugus, com Residncia Oficial de S. Bento, designao correcta doedifcio referido.

36Dcimo oitavo rei de Portugal, nasceu a 21 de Maio de 1527, em Valladolid, e faleceu a 13 de

Setembro de 1598, no Escorial. Rei de Portugal desde 1581 at 1598, era rei de Espanha desde1556. (Fonte: Infopdia)

http://www.youtube.com/watch?v=ztqpjowYyCkhttp://www.youtube.com/watch?v=ztqpjowYyCk


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O Padro das Descobertas37 , com outros monumentos da Foz doTejo, como a Torre de Belm38 e os Jernimos39, um dos grandessmbolos da Expanso Portuguesa. Salazar considerava o Infante D.Henrique e os seus companheiros das navegaes40 entre os grandes

heris de Portugal. Mas Salazar acreditava que Portugal, semUltramar, alm de perder grande parte da suaimportncia, corria o risco, num futuro de mdio a longoprazo, vir a ser absorvido na Pennsula Ibrica, deixandode existir como Estado independente. E que essa perda doEstado punha em questo a sobrevivncia da nao. Por isso, elelutou no seu tempo como pde e com todas as armas para defender oque considerava o legado dos grandes portugueses que o tinham

precedido. Mas ter um Imprio Ultramarino, at aos anos 50, eranormal na Europa. Tinham-no, muito maior, os ingleses e osfranceses. Mas precisamente nesses anos 50 que tudo vaicomear a mudar com os famosos ventos da mudanamencionados por Mack Miller. E, a, Portugal vai ficarmais isolado.

(Depois de nas ltimas semanas ter realizado uma poderosaconcentrao de foras, a Unio Indiana iniciou, hoje, a agressocontra o Estado Portugus na ndia )

37O Monumento aos Descobrimentos, popularmente conhecido como Padro dosDescobrimentos, localiza-se na freguesia de Belm, na cidade e Distrito de Lisboa. Emposio destacada na margem direita do rio Tejo, o monumento foi erguido para homenagear oselementos envolvidos no processo dos Descobrimentos Martimos Portugueses. (Fonte:Wikipdia)

38ATorre de Belm um dos monumentos mais expressivos da cidade de Lisboa. Localiza-sena margem direita do rio Tejo, onde existiu outrora a praia de Belm. Inicialmente cercada pelasguas em todo o seu permetro, progressivamente foi envolvida pela praia, at se incorporarhoje terra firme. Classificada como Patrimnio Mundial pela UNESCO, em 7 de Julho de 2007foi eleita como uma das Sete maravilhas de Portugal. (Fonte: Wikipdia)

39O Mosteiro dos Jernimos um mosteiro manuelino, testemunho monumental dariqueza dos Descobrimentos portugueses. Situa-se em Belm, Lisboa, entrada do Rio Tejo.Constitui o ponto mais alto da arquitectura manuelina e o mais notvel conjunto monstico dosculo XVI em Portugal e uma das principais igrejas-salo da Europa. Destacam-se o seuclaustro, completo em 1544, e a porta sul, de complexo desenho geomtrico, virada para o rioTejo. Os elementos decorativos so repletos de smbolos da arte da navegao e de esculturas deplantas e animais exticos. O monumento considerado patrimnio mundial pela UNESCO, e

em 7 de Julho de 2007 foi eleito como uma das sete maravilhas de Portugal. (Fonte: Wikipdia)40Nun'lvares Pereira, Vasco da Gama e Afonso de Albuquerque.



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1954, um ano antes da Conferncia de Bandung41, vai marcar o iniciodo movimento anti-colonial. As coisas comeam, tambm a mudar

para os portugueses. Na ndia, Nehru42

ordena o ataque aosenclaves de Dadr e Nagar Aveli43. E, em Dezembro de 1961, oexrcito indiano conquista a ndia Portuguesa.

(Mas, um dia, em Angola, foi-nos imposta a Guerra maiscruel. dios que no merecamos )

Em Luanda, a 4 de Fevereiro, vrios grupos armados demilitantes do MPLA (Movimento Popular de Libertao de

Angola)44 atacam cadeias, esquadras de polcia e outrosedifcios pblicos, causando grande perturbao e alarmeem toda a cidade. Comeara a Guerra de frica. Mas , a 15de Maro, que o grande ataque se abate sobre o Norte de Angola,quando milhares de seguidores da UPA45, de Holden Roberto46,

41Entre 18 e 24 de Abril de 1955, reuniram-se na Conferncia de Bandung, na Indonsia, oslderes de vinte e nove Estados asiticos, perfazendo uma populao total de 1 350 milhes dehabitantes. O patrocnio cabia Indonsia, ndia, Birmnia, Ceilo (Sri Lanka) e Paquisto. Oobjectivo era a promoo da cooperao econmica e cultural afro-asitica, como forma de

oposio ao que era considerado colonialismo ou neocolonialismo dos Estados Unidos daAmrica, da Unio Sovitica ou de outra nao considerada imperialista. (Fonte: Wikipdia)

42Jawaharlal Nehru (1889 1964), foi um lder da ala socialista no congresso nacionalindiano durante e aps o esforo da ndia para a independncia do imprio britnico. Tornou-seno primeiro-ministro da ndia na independncia, de 15 de Agosto de 1947 at sua morte. (Fonte:Wikipdia)

43Dadr e Nagar-Aveli so territrios da ndia. Dadr um enclave no Estado do Gujarat eNagar-Aveli fica na fronteira entre este e Maharashtra. Pertenceu, entre 1779 e 1954, ao ImprioPortugus, tendo sido a primeira colnia a desmembrar-se do Imprio pela ocupao da UnioIndiana. Fazia parte do antigo distrito de Damo.

44O MPLAou Movimento Popular de Libertao de Angola foi um movimento de lutapela independncia de Angola de inspirao comunista e apoiado pela URSS, que setransformou num partido poltico aps a Independncia. (Fonte: Wikipdia)

45AUnio dos Povos de Angola (ou apenas UPA), anteriormente designada de Unio dosPovos do Norte de Angola (UPNA), foi a designao dada a um dos movimentos delibertao da provncia ultramarina portuguesa de Angola sob o regime portugus desde 1484.(Fonte: Wikipdia)

46Holden Roberto (1923 2007) foi um dirigente nacionalista angolano durante a GuerraColonial portuguesa. Iniciou a sua actividade poltica em 1954 com a fundao da Unio dosPovos do Norte de Angola (UPNA), mais tarde designada UPA. Assina em 1960 um acordo com

o MPLA que no iria cumprir, para assumir sozinho a liderana na luta contra o colonialismoportugus. (Fonte: Wikipdia)



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atacam fazendas de caf e povoaes, assassinando milhares depessoas.

(Todos em fora para Angola, ordenou Salazar, e os soldados de

Portugal responderam Presente!.)Com as derrotas e desaires de franceses e ingleses, na Indochina, emSuez e na Arglia, confirmava-se o fim do mundo eurocntrico.Mudara o xadrez poltico mundial e chegava uma nova ordem

bipolar sovitica e americana. No Ocidente, acabara o ImprioBritnico e eram os Estados Unidos, agora, os novos donos dogrande jogo. E Salazar, apesar de contrariado, estava conscientedestas novas regras da ordem mundial. Tudo isto, conclua leva-

nos a pr em primeiro lugar a defesa e existncia portuguesa do nosso Ultramar e acima de tudo do

Ultramar africano, como a prpria razo de ser da

independncia nacional, sendo tudo o mais secundrio

em face dessa necessidade.

Para Salazar e para o seu Ministro dos Negcios

Estrangeiros, Franco Nogueira47

, a defesa militar doUltramar impunha-se, pois, sem a soberania poltica e sema ocupao poltico-administrativa dessas reas, ficariareduzido ao rectngulo europeu. E ao rectnguloeuropeu situado numa pennsula onde a Espanha eraforte, unida e desenvolvida. E numa Europa onde aInglaterra perdera muito do seu prestigio e da sua fora.

47 Alberto Marciano Gorjo Franco Nogueira (1918-1993) foi um poltico e diplomataportugus durante o Estado Novo. Em 16 de Abril de 1961 (apenas trs dias depois do fracassodo golpe de Botelho Moniz), o Presidente do Conselho rene-se com Nogueira, convencendoeste a aceitar o cargo de ministro dos Negcios Estrangeiros, no qual toma posse em 4 de Maio.At abandonar a pasta, em 5 de Outubro de 1969, Alberto Franco Nogueira enfrenta umaconjuntura marcada pela guerra em frica e pelo crescente isolamento internacional de Portugalque o conflito provoca. Interna e externamente, ataca as Naes Unidas e denuncia aquilo queconsidera como os interesses imperialistas das grandes potncias nas provncias ultramarinasportuguesas. Em numerosas visitas oficiais e presenas nas reunies da NATO, procura, comalgum sucesso, ganhar apoios internacionais, deslocando-se ainda a Angola (1964) eMoambique (1966). Colaborador prximo de Salazar e fiel seguidor da estratgia deste,Nogueira ganha peso no interior do regime.



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Mas, no plano diplomtico, Portugal estava longe de ser um lugarisolado, marginalizado, longe das naes civilizadas.Orgulhosamente ss! foi uma frmula lapidar, mas parauso interno. Na realidade, as relaes externas do pas, nos

anos 5o e 60, mantiveram-se normais. Portugal eramembro das Naes Unidas e das suas agncias: da NATO,da EFTA48, da OCDE49, do Banco Mundial50, do FundoMonetrio51.

A questo da defesa poltica, militar e diplomtica doImprio foi a grande batalha de Salazar e do Portugal queele governou. A sua ltima crise, o seu ltimo combate. Asituao militar em Angola recuperou-se e, a partir da,houve um extraordinrio perodo de desenvolvimentoeconmico e social, que s parou em 1974. Tambm emMoambique, apesar de condies econmicas e sociaismais difceis, a guerrilha da FRELIMO52 foi contida a nortedo Zambeze. A Guin foi sempre o mais difcil. Mas asForas Armadas cumpriram os seus objectivos defensivos.Quando veio o 25 de Abril de 1974, com a excepo do

48 Associao Europeia de Livre Comrcio AELC (em ingls, EFTA) u maorganizao europeia fundada em 1960 pelo Reino Unido, Portugal, ustria, Dinamarca,Noruega, Sucia e Sua, pases que no tinham aderido Comunidade Econmica Europeia(CEE). A Finlndia foi admitida em 1961, a Islndia em 1970 e o Liechtenstein em 1991. OTratado foi assinado em 4 de Janeiro, na cidade de Estocolmo. Hoje a EFTA apenasconstituda por quatro pases: Sua, Liechtenstein, Noruega e Islndia. (Fonte: Wikipdia)

49A Organizao de Cooperao e de Desenvolvimento Econmicos (OCDE)Organizao internacional fundada em 1961 com o objectivo de promover o desenvolvimentoeconmico e o comrcio internacional. A OCDE foi criada em 30 de Setembro de 1961,sucedendo Organizao para a Cooperao Econmica Europeia, criada em 16 de Abril de1948. Tambm chamada de "Grupo dos Ricos" porque os 30 pases participantes produzem

juntos mais da metade de toda a riqueza do mundo. A OCDE influencia a poltica econmica esocial de seus membros. (Fontes: Wikipdia e Infopdia)

50O Banco Mundial uma agncia do sistema das Naes Unidas, fundada a 1 de Julho de1944 por uma conferncia de representantes de 44 governos em Bretton Woods, NewHampshire, EUA. composto por 184 pases membros e a sua sede em Washington DC, EUA.A adeso de Portugal ocorreu em 29 de Maro de 1961. (Fonte: Wikipdia)

51O Fundo Monetrio Internacional foi criado em 1944, na Conferncia de BrettonWoods, e que se tornou operacional a partir de 1947. Tem como objectivo promover o bomfuncionamento do sistema financeiro mundial pelo controlo das taxas de cmbio e da balana depagamentos, atravs de assistncia tcnica e financeira. (Fontes: Wikipdia e Infopdia)

52AFRELIMO, acrnimo da Frente de Libertao de Moambique foi uma fora poltica

oficialmente fundada em 25 de Junho de 1962, com o objectivo de lutar pela independncia deMoambique do domnio colonial portugus. (Fonte: Wikipdia)



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Estado da ndia, Portugal mantinha o controlo territorialde todo o Imprio.

Tambm disponvel em:http://www.youtube.com/watch?v=IHOg_oSbrJw


http://www.youtube.com/watch?v=IHOg_oSbrJwhttp://www.youtube.com/watch?v=IHOg_oSbrJw


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Em Setembro de 1968, Salazar sofreu um grave acidente vascularcerebral e fica incapacitado de exercer funes. O presidente daRepblica, depois de ouvidos vrios especialistas e o Conselho deEstado, com alguma relutncia, decide substitu-lo pelo professor

Marcello Caetano53.

S podemos entender a "grandeza e os "grandes homens"historicamente, isto , no tempo que viveram, face aoscondicionalismos culturais e polticos, internos e externos, queencontraram.

Como patriota e como catlico, Salazar viveu e conheceu aRepblica Democrtica como um regime negativo para a

nao. Ele no era um democrata ou um liberal empoltica. Mas to pouco foi um totalitrio: o Estado Novoexerceu uma censura prvia em relao aos jornais e procedeu deteno preventiva de opositores, como fariam, alis, os governosprovisrios e o COPCON54, at ao Vero de 197555. Mas, entre 1936 e1954, centenas de presos polticos passaram pela Colnia Penal do

53Marcello Jos das Neves Alves Caetano nasceu em 1906. Respeitado professor dedireito, jornalista e historiador, iniciou-se na poltica seguindo a ideologia do Estado Novo,

tendo mesmo ocupado cargos de alta responsabilidade, a nvel partidrio (enquanto Presidenteda Comisso Executiva da Unio Nacional) e a nvel governamental (Ministro das Colnias eMinistro da Presidncia). Em 1968, por motivo de doena de Salazar, o Almirante AmricoThomaz, presidente da Repblica, escolheu-o para subir chefia do governo. Marcello Caetanointroduziu algumas alteraes a fim de efectuar uma "renovao na continuidade": extinguiu aPIDE e criou a Direco Geral de Segurana (DGS), apesar de as pessoas e dos mtodos noterem mudado; alterou o nome da Unio Nacional para Aco Nacional Popular (ANP);"aligeirou" a aco da censura, permitindo tambm o regresso de alguns exilados polticos. Foi achamada "Primavera Marcelista", onde Caetano tentou acalmar as diversas faces da sociedadeportuguesa: aos mais conservadores prometeu continuidade e aos mais liberais deu esperanade renovao. Aps o 25 de Abril de 1974 e com o fim do Estado Novo, Marcello Caetano seguiupara o exlio no Brasil, onde viria a falecer em 1980. (Fonte: Centro de Investigao paraTecnologias Interactivas CITI)

54O COPCON - Comando Operacional do Continente, foi uma estrutura de comandomilitar para Portugal continental (enquadrado no Estado-Maior General das Foras Armadas)criada pelo MFA no perodo que se seguiu revoluo de 25 de Abril de 1974 e extinto aps o 25de Novembro de 1975. Na prtica coincidiu tambm com o comando da Regio Militar deLisboa. O COPCON foi criado em 8 de Julho de 1974por decreto-lei assinado pelo Presidente daRepblica, Antnio de Spnola, com o objectivo de fazer cumprir as novas condies criadas pelaRevoluo dos Cravos. Era constitudo por foras especiais militares como os fuzileiros, pra-quedistas, comandos, polcia militar, Infantaria de Queluz e pelo Regimento de Artilharia deLisboa (RALIS). O seu comandante era o major Otelo Saraiva de Carvalho. (Fonte: Wikipdia)

55Perodo conturbado conhecido como Vero Quente de 1975, caracterizado por umacerta anarquia no Governo, Foras Armadas e sociedade. . Tiveram lugar uma srie de acesviolentas contra as sedes dos partidos e organizaes polticas de esquerda, sobretudo no norte e

centro do pas, violncia essa que justifica o surgimento de rumores acerca de uma possvelguerra civil. (Fonte: CITI)



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Tarrafal56, em Cabo Verde, onde vieram a morrer, de doena, cercade trs dezenas. Nos territrios africanos, sobretudo at s reformasde 1961, verificavam-se situaes graves, de explorao, de

brutalidade e at de supremacia racial, comuns s "situaes

coloniais, mesmo nos estados democrticos. No podemos nemdevemos dar por inexistentes ou menos significativos estes factos. E vivendo, hoje, num regime de liberdades, isto choca e compreensvel que choque, ainda mais, queles cujos familiares,amigos ou correligionrios passaram por elas.

Mas temos que entender poca e ao conjunto: estamos no perodoem que os comunistas na Unio Sovitica de Estaline57 prenderam e

massacraram milhes de famlias; em que em Espanha uma guerracivil matou meio milho de pessoas, muitas abatidas por listas na

56AColnia Penal do Tarrafal, que inclua o campo de concentrao, foi criada em 1936.At 1954, recebeu os presos polticos portugueses inimigos do regime de Salazar. Em 1961, pordecreto do ministro do Ultramar, reabriu e foi o destino de presos nacionalistas africanos. A 1 deMaio de 1974, saram os ltimos reclusos.

57Josef Estaline (1878 1953) foi secretrio-geral do Partido Comunista da Unio Sovitica edo Comit Central a partir de 1922 at a sua morte em 1953. Sob a liderana de Estaline, a UnioSovitica desempenhou um papel decisivo na derrota da Alemanha nazista na Segunda Guerra

Mundial (1939-1945) e passou a atingir o estatuto de superpotncia, e a expandir seu territrio,para um tamanho semelhante ao do Antigo Imprio Russo.


Figura 7 Colnia Penal do Tarrafal


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retaguarda; em que muitos milhes de civis na Europa, foram asvtimas colaterais das razes de Estado das potncias e das polticaseuropeias com a Guerra, a oposio, a resistncia e o genocdio 58.Quanto ao regime que fundara, Salazar no tinha grandes

iluses sobre a sua durao, uma vez ele desaparecido.Pessimista ou realista, resignara-se a no poder terinfluncia nem poder para alm da morte. Como quanto Ponte sobre o Tejo, "Ponte Salazar"59, teria tido um comentrio,desenganado na ocasio da sua inaugurao, de que o seu nome noficaria ali muito tempo. Previu e no proveu? Ou sabia que, paraalm da sua morte, a sua "vontade", essa vontade que o "atara aoleme" do pas, como nos versos de Pessoa, Bartolomeu fora atadopela vontade de "El-Rei D. Joo II", j no contaria nada.

Salazar no foi um poltico populista e nem sequer quis serum poltico popular. Tambm, na verdade, as circunstncias emque chegou ao poder e as circunstncias em que o exerceupermitiam-lhe, perfeitamente, dispensar a poltica espectculo e aretrica que lhe est ligada. Por isso, exerceu o seu poder deum modo, por vezes, distante, protocolar, sem grandesmanifestaes de simpatia ou de popularidade. O seu

valor, a sua misso, o seu fim nico era Portugal, a naoportuguesa, vista como um ser histrico, mas bem vivo,

uma comunidade no tempo e no espao, uma comunidadefeita de histria, de memria, de sonhos, de projectoscolectivos, na qual se considerava responsvel e primeiroservidor. E Portugal, para ele, valia e justificava tudo,inclusive as prticas, consequncias e custos de um regimeautoritrio e limitador das liberdades pblicas e quepodia, tambm, dar a nvel de execuo lugar aos abusos earbtrios do poder. Mas sendo rigoroso e at, s vezes,mesmo tudo, quando estava em jogo o interesse pblico,

Salazar nunca abusou do poder, nem nunca usou esseenorme poder que teve para caprichos pessoais ou

58Genocdio (por vezes designado por limpeza tnica, embora esta ltima designaotenha vindo a ser preterida devido conotao positiva da palavra "limpeza") tem sido definidocomo sendo o assassinato deliberado de pessoas motivado por diferenas tnicas, nacionais,raciais, religiosas e (por vezes) polticas. (Fonte: Wikipdia)

59No dia 6 de Agosto de 1966, decorreu a cerimnia de inaugurao da primeira travessia sobreo Tejo, na presena das mais altas individualidades portuguesas, das quais se destacam oPresidente da Repblica, Almirante Amrico de Deus Rodrigues Toms, o Presidente doGoverno, Antnio de Oliveira Salazar e o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonalves

Cerejeira, passando a ser chamada Ponte Salazar. Logo a seguir Revoluo de 25 de Abril de1974, o seu nome mudado para Ponte 25 de Abril.



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vinganas. E muito menos para a prtica de algum actomenos honesto, por ele ou por algum dos seus familiaresou amigos. Nisso era tambm inflexvel.

No h, at 1968, escndalos de alta corrupo em Portugal. Oargumento de que havia Censura, que os encobria, j no vinga aqui,pois, depois do 25 de Abril, tais escndalos teriam aparecido e bemque os procuraram.

Salazar est, aqui, sepultado, nesta campa rasa, do Cemitrio doVimieiro. Foi um patriota e um grande portugus que, parabem e para mal, a partir de um certo momento, decidiuno mudar.Preferiu resistir a adaptar-se ao mundo que orodeava. O seu lema podia ter sido o de Guilherme, o Taciturno60,Je maintiendrai: eu manterei, eu guardarei, eu conservarei. Foiisso que ele entendeu ser o melhor: manter e guardar Portugalcomo o tinha recebido. Foi isso que ele fez. O futuro, ele tinha aconscincia que j no pertencia a ele, mas a Deus e aos outrosportugueses.

60Guilherme, o Taciturno (1533 1584) foi o grande impulsionador da independncia dosPases Baixos.


Figura 8 Campa rasa onde se encontra sepultado Salazar


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Tambm disponvel em:

http://www.youtube.com/watch?v=J0xhdQPpdfI

http://www.youtube.com/watch?v=J0xhdQPpdfIhttp://www.youtube.com/watch?v=J0xhdQPpdfI

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