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A IMPORTNCIA DAS CORES PARA A QUALIFICAO DA PAISAGEM CULTURAL
WARPECHOWSKI, CAMILA. (1); MACHADO, NARA HELENA NAUMANN1. (2)
1. Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul. Faculdade de Arquitetura
Av. Ipiranga, 6681 - Prdio 9 Porto Alegre/RS [email protected]
2. Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul. Faculdade de Arquitetura
Av. Ipiranga, 6681 - Prdio 9 Porto Alegre/RS [email protected]
RESUMO
O trabalho tem como objetivo analisar a importncia do uso da cor para a valorizao da arquitetura que compe os centros histricos urbanos. Sero abordadas as cores de edificaes integrantes do Centro Histrico de Porto Alegre, e de que forma as intervenes de reabilitao qualificam a paisagem cultural, atravs de planos de cor para superfcies arquitetnicas. O estudo ir analisar a imagem urbana a partir de um estudo de caso, no Centro Histrico de Porto Alegre, que atualmente se encontra bastante descaracterizado. Para analisar de que maneira se pode buscar o equilbrio cromtico entre as edificaes novas e antigas, sero selecionados alguns imveis situados na Rua dos Andradas para elaborao de um diagnstico cromtico. A rua mais antiga da cidade tambm se encontra descaracterizada pelo forte apelo comercial e isso igualmente pode influenciar a escolha cromtica das edificaes.
Palavras-chave: Cor; Centro Histrico; Paisagem Cultural.
1 Professora Orientadora do trabalho no curso de Especializao em Restaurao e Reabilitao do
Patrimnio Edificado/PUC-RS.
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3 COLQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro
Introduo
O presente trabalho tem como objetivo central estudar as preferncias cromticas atuais e
antigas dos centros histricos urbanos. A anlise ter como eixo a imagem urbana do Centro
Histrico da cidade de Porto Alegre, atravs do diagnstico cromtico de edificaes que
compe o acervo preservado da Rua dos Andradas. Como objetivos especficos sero
estudadas diretrizes para o equilbrio cromtico entre as edificaes novas e antigas, no
centro histrico de Porto Alegre.
Salvo desconhecimento da autora, no existem pesquisas nessa rea a partir do acervo
preservado em Porto Alegre, e o centro da cidade est bastante descaracterizado em termos
cromticos, demonstrando a necessidade de pesquisas neste domnio, para possibilitar uma
adequada anlise cromtica dos centros histricos visando a qualificao da paisagem
urbana.
Entre as principais dificuldades encontradas para a elaborao do trabalho, destaco a restrita
bibliografia existente sobre o tema e poucos registros sobre os aspectos cromticos da
cidade. A dificuldade da realizao dessa pesquisa se deve tambm ao desenvolvimento da
cidade, pois seu rpido crescimento e as transformaes urbanas decorrentes ao longo do
tempo dificultam o registro de documentos existentes sobre as edificaes.
Tambm pode se considerar que as fontes documentais possuem registros de informaes
muitas vezes incompletas, assim o trabalho apresentado no esgota o assunto, podendo ser
visto como um estudo inicial bsico para a anlise cromtica do centro histrico de Porto
Alegre.
Para este estudo ser revisada a bibliografia existente sobre o tema e tambm sero
analisados os principais aspectos da Rua dos Andradas a partir de material iconogrfico da
rua objeto do estudo de caso. Tambm ser feito levantamento fotogrfico da situao atual
da Rua dos Andradas em termos cromticos, identificao de imveis tombados e
inventariados e o levantamento de suas atividades predominantes.
Para a anlise cromtica sero selecionados imveis de uso comercial e misto de propriedade
privada, visto que so os imveis mais propensos a alteraes cromticas indevidas, e que
faam parte do patrimnio a ser protegido na cidade, sendo ento selecionados somente
imveis tombados e inventariados. Os imveis pblicos foram excludos desta anlise,
sugerindo tambm a continuidade da pesquisa neste tema para um futuro trabalho.
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3 COLQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro
Cores e a paisagem cultural dos centros histricos
A cor a impresso produzida no olho pela luz, a aparncia dos corpos segundo o modo
como refletem ou absorvem a luz. A cor importante para a percepo do ambiente pelo ser
humano, pois cerca de 80% de toda informao que o ser humano recebe de natureza
ptica e compe-se simultaneamente de formas e cores. (KUPPERS, 1994 apud AGUIAR,
2005, p.145)
Como um conceito de paisagem podemos dizer que um espao de terreno que se abrange
com um lance de vista, panorama, representao ou descrio de uma vista panormica.
(LUFT, 1996, p. 460) O termo Paisagem Urbana um conceito que exprime a arte de tornar
coerente e organizado, visualmente, o emaranhado de edifcios, ruas e espaos que
constituem o ambiente urbano. (CULLEN, 1983) Contempla a sensao visual do ambiente
urbano com suas edificaes em diferentes estilos, texturas e cores que caracterizam a malha
urbana.
A cor permite criar diferentes espaos na paisagem, com efeitos de profundidade e
dinamismo, buscando o equilbrio ou o desequilbrio em um determinado espao. Tambm
considerada como caracterstica do estilo de vida de uma poca, com as tecnologias e
materiais utilizados naquele perodo.
certo que os revestimentos e a cor imitavam materiais nobres e
arquitecturas mais ricas em formas, mas faziam-no protegendo os edifcios
ao mesmo tempo em que garantiam o respeito pela linguagem e pela
gramtica da arquitectura, sublinhando o primado da ordem, marcando o
claro e o escuro, realando o cheio e o vazio, potenciando a capacidade
comunicacional das formas projectadas. (AGUIAR, 2002, p.02).
Centro histrico considerado o local mais antigo da cidade, onde a mesma teve o incio de
sua ocupao, testemunhando vrias pocas desse ncleo de origem. Neste local se
concentram elementos preservados da cidade, correspondendo ou no a uma rea central da
mesma. O centro histrico torna-se reconhecido como lugar onde vrios elementos materiais
e imateriais se integram, testemunhando como a sociedade e a cultura se relacionaram ao
longo dos anos. (NAOUMOVA, 2009, p. 5)
O conceito da preservao e conservao pode ser ampliado, em outros estudos cromticos,
para ncleos considerados histricos, visto que o patrimnio construdo das cidades no se
limita somente ao centro histrico. Os centros histricos das cidades possuem um papel muito
importante de contribuio para a memria da sociedade e as cores influenciam na percepo
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de autenticidade e de identidade cultural desses espaos, que deve ser transmitido, ensinado
e contado para as prximas geraes, como forma de assegurar a continuidade e
autenticidade da histria da cidade.
O incio da conservao da cidade histrica surge confrontando-se com o inevitvel processo
de urbanizao, ou seja, com a aplicao da cultura da cidade moderna ao desenho da
cidade com o objetivo de salvaguarda desse patrimnio. (AGUIAR, 2005, p. 81)
A partir de uma anlise das principais cartas patrimoniais podemos perceber a evoluo dos
conceitos de preservao ao longo do tempo. As cartas patrimoniais organizadas para o
estudo da conservao e elaborao de diretrizes para a prtica da conservao tratavam
inicialmente de monumentos. O conceito de preservao foi ampliado ao longo do tempo para
a proteo de conjuntos urbanos integrados na paisagem urbana, discutindo seus valores de
autenticidade no seu contexto cultural.
Em 2007 na cidade de Bag no Rio Grande do Sul, foi organizado um encontro que originou
um documento chamado Carta da Paisagem Cultural, onde:
A paisagem cultural inclui, dentre outros, stios de valor histrico,
pr-histrico, tnico, geolgico, paleontolgico, cientfico, artstico, literrio,
mtico, esotrico, legendrio, industrial, simblico, pareidlico, turstico,
econmico, religioso, de migrao e de fronteira, bem como reas contguas,
envoltrias ou associadas a um meio urbano. (Carta da Paisagem Cultural,
2007, Art. 11).
Na Carta de Nara em 1994 foi debatido o conceito de autenticidade, tendo como objetivo a
garantia da identidade cultural, no mundo onde a globalizao cada vez mais traz o risco de
homogeneizar as culturas. A autenticidade na conservao dos bens culturais uma maneira
de qualificar e garantir a identidade da diversidade cultural e da memria de cada
comunidade.
A importncia do estudo das superfcies arquitetnicas para a teoria e prtica da conservao
e restauro do patrimnio arquitetnico ainda recente, sendo reconhecida ento como parte
integrante e indissocivel da autenticidade material dos edifcios histricos (AGUIAR, 2005 p.
320). As cores que fazem parte da paisagem de um conjunto urbano so responsveis por
atribuir identidade a esses espaos, e muitas vezes so associadas aos materiais que existem
na regio, como fontes de pigmentao para essas cores.
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Tambm se deve considerar que os bens histricos possuem alm da funo de propiciar
saber e prazer disposio de todos, a funo de produtos culturais, fabricados,
empacotados e distribudos para serem consumidos (CHOAY, 2006, p.211). Por isso o
cuidado com a autenticidade dos bens e de seus revestimentos importante para a identidade
das edificaes, de forma que a difuso da cultura no acabe por transformar esses espaos
em cenrios que so iguais em qualquer lugar do mundo, mantendo assim a identidade de
cada regio.
A identidade das edificaes que compem o espao urbano formada pela histria e
evoluo dos materiais de revestimentos e pigmentos que os compem. Os condicionantes
sociais e culturais tambm compem a paisagem e fazem parte da sua histria, bem como de
diferentes perodos arquitetnicos em que as edificaes so construdas A moda e at
mesmo as preferncias cromticas influenciaram na arquitetura, e sua repintura era e ainda
uma forma de seguir tendncias e modismos de cada poca.
Os revestimentos possuem duas funes principais que so a de proteo e a funo esttica.
uma camada de proteo, pois resguarda as paredes e estruturas de umidade e agresses
fsicas do ambiente; e tambm de valor esttico, regularizando as superfcies e expressando
sua composio arquitetnica. (AGUIAR, 2005)
O reconhecimento do revestimento e pintura como forma de garantir a autenticidade das
edificaes recente no estudo da preservao arquitetnica. As pesquisas iniciaram na
Europa com a preservao dos revestimentos de edificaes histricas, buscando ento a
investigao sobre planos de cores para cidades histricas. Em pases como Itlia, Inglaterra,
ustria, Frana e Alemanha foram elaborados estudos com objetivo da preservao dos
revestimentos e acabamentos originais das edificaes histricas, originando Planos de Cor
para a preservao das superfcies. (AGUIAR, 2005)
No Brasil a preocupao com a qualificao dos centros histricos iniciou nas duas ltimas
dcadas do sculo XX, porm o tema da aparncia esttica mais recente. Os assuntos
cromticos so pouco abordados nos estudos do patrimnio arquitetnico urbano, e quando
abordados, so bastante pontuais apesar da sua importncia para a qualificao e
autenticidade dos centros histricos. (NAOUMOVA, 2009)
A publicao referente recuperao de imveis no Corredor Cultural do Rio de Janeiro
sugere algumas observaes para a pintura das fachadas que fazem parte do Corredor
Cultural. Recomenda-se avaliar o entorno no qual est inserido o imvel, de forma a
harmonizar ou destacar do conjunto no qual est inserido. A repetio de tonalidades e o
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destaque de um imvel com tom mais forte nas esquinas ou real-lo do seu contexto devem
ser analisados conforme a inteno da proposta. (RIOARTE, 1985)
No Rio Grande do Sul, o Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico do Estado (IPHAE),
possui uma publicao destinada a proprietrios, moradores e usurios de edifcios
considerados bens culturais com orientaes para sua preservao, que considera que as
cores originais das fachadas devem ser mantidas, recomendando o uso de tintas base de
cal e silicatos, e tinta a leo e esmalte para esquadrias e metais. Para as edificaes com
acabamento em cirex no indicada a pintura do revestimento, pois altera de maneira
irreversvel suas propriedades, caractersticas da arquitetura protomodernista. (IPHAE, 2004)
As cores so um aspecto importante que vem sendo considerado para a visibilidade e
legibilidade da paisagem urbana em Porto Alegre. Nesta cidade, a Secretaria Municipal de
Cultura atravs da Equipe de Patrimnio Histrico e Cultural (EPAHC) possui Diretrizes para
Intervenes no Conjunto Arquitetnico da Rua Joo Alfredo, que podem ser adotadas como
base para a definio de diretrizes para outros conjuntos arquitetnicos da urbe. Quanto ao
uso de cores diz que A escolha da cor para a pintura, alm de contribuir para destacar
particularidades e definir um ambiente urbano, acaba sendo uma forma de apropriao do
espao por parte dos usurios que deve ser respeitada. Sugere tambm que o uso de cores
no acarrete descaracterizao do conjunto, vedando cores escuras, ctricas ou
fosforescentes. (EPAHC, 2005, p. 8)
Percebe-se que a preocupao com a cromtica das edificaes de centros histricos com o
passar do tempo foi adquirindo especificidades conforme o local e revestimentos utilizados em
determinadas pocas.
Estudo de Caso: Rua dos Andradas
A escolha da Rua dos Andradas como eixo de anlise do estudo de caso se baseou no seu
prprio histrico e caractersticas. A rua se localiza no Centro Histrico de Porto Alegre e
uma das mais antigas da cidade, possuindo caractersticas marcantes e concentrando parte
significativa de seu comrcio desde sua origem at os dias atuais.
Caractersticas da Rua dos Andradas
Para descrever a situao atual da Rua dos Andradas, ela foi subdividida em trechos
conforme o Atlas Ambiental de Porto Alegre (MENEGAT, 2006).
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No primeiro trecho temos a concentrao de atividades de defesa, por se tratar do trecho mais
acessvel para quem chegava pelo lago Guaba. Seu uso atual residencial e institucional,
com poucas atividades de comrcio e uso misto. A maioria das edificaes recente, com
alguns exemplares importantes do sculo XIX e incio do sculo XX. Destaca-se o conjunto
das edificaes formadas pelo quarteiro da Igreja Nossa Senhora das Dores, com os
Quartis Generais e os Museus do Trabalho e Militar. Grande parte das edificaes
remanescentes de propriedade e uso pblico.
No segundo trecho se localizava uma rea mais comercial junto ao trapiche da Praa da
Alfndega e foram surgindo equipamentos de apoio. Do incio da rua at este trecho, a Rua
dos Andradas era chamada de Rua da Praia. As atividades atuais so mistas, e possui uma
amostra significativa de imveis protegidos. As edificaes residenciais vo perdendo seu
espao para o comrcio e uso misto. Destacam-se neste trecho a Casa de Cultura Mrio
Quintana, a Catedral da Santssima Trindade, o Museu de Comunicao Social, o Centro
Cultural da Caixa que est em execuo no prdio do antigo Cine Imperial, o Clube do
Comrcio, o antigo Cine Guarani e a antiga Farmcia Carvalho.
O terceiro trecho teve um uso comercial bastante intenso e sofisticado. A partir deste trecho
at o seu final, a Rua dos Andradas era chamada de Rua da Graa. Com a abertura da Borges
de Medeiros, surgem os edifcios com galerias e tambm edifcios mais altos. O uso comercial
e de servios intenso at os dias de hoje. Destacam-se o Centro Cultural CEEE rico
Verssimo, a antiga Livraria do Globo e edifcios comerciais e mistos como o Edifcio Santa
Cruz, a Galeria Chaves, Sulacap, Sul Amrica e o Edifcio Herrmann.
No quarto trecho o uso comercial se estende e a verticalizao bastante caracterstica,
modificando bastante a paisagem e possuindo poucos remanescentes de edificaes
histricas. O uso misto residencial e comercial tambm diminui e podemos destacar o edifcio
comercial da antiga Casa Bromberg e o edifcio Bastian Pinto.
Cada um desses trechos possui caractersticas diferentes desde a sua formao at hoje. A
atividade principal da Rua dos Andradas continua sendo comercial, tendo um uso mais
variado e com residncias nos dois primeiros trechos. Os dois ltimos trechos j se
configuram como comerciais, tendo poucos imveis de uso misto e residenciais.
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Figura 1 - Mapa Esquemtico dos Bens Integrantes do Patrimnio Cultural da Rua dos Andradas. Fonte: Desenho da autora com base no mapa aerofotogramtrico da Prefeitura Municipal de Porto
Alegre.
O Patrimnio Cultural da cidade identificado atravs de bens imveis, isolados ou em
conjunto, parques, praas, stios e paisagens, bens arqueolgicos e bens intangveis que
tenham valor significativo, bem como manifestaes culturais que conferem identidade a
esses espaos. Na Rua dos Andradas podemos identificar Edificaes Tombadas 2 , e
Inventariadas de Estruturao3 ou Inventariadas de Compatibilizao4.
A rua apresenta Imveis Tombados pelos diferentes rgos de preservao como o Instituto
do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (IPHAN), o IPHAE e pela Equipe do Patrimnio
Artstico, Histrico e Cultural, vinculada Secretaria de Cultura do Municpio.
2 Bens Tombados so os que constituem o Patrimnio Histrico-Cultural, Natural e Paisagstico do Municpio e o
conjunto de bens mveis e imveis e os espaos existentes em seu territrio e que, por sua vinculao a fatos
pretritos memorveis, a fatos atuais significativos por seu valor cultural ou natural, ou por sua expresso
paisagstica, seja de interesse pblico preservar e proteger contra aes destruidoras. (Art. 1 da LC 275/92)
3 Edificao Inventariada de Estruturao aquela que por seus valores atribui identidade ao espao, constituindo
elemento significativo na estruturao da paisagem onde se localiza. (Inciso I do Pargrafo nico do Art. 14 da LC
646/10)
4 Edificao Inventariada de Compatibilizao aquela que expressa relao significativa com a de Estruturao e
seu entorno, cuja volumetria e outros elementos de composio requerem tratamento especial. (Inciso II do
Pargrafo nico do Art. 14 da LC 646/10)
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Esses imveis preservados tanto pelo tombamento quanto pelo inventrio do Municpio
caracterizam o valor histrico, arquitetnico e cultural que a rua possui. So 91 imveis com
algum tipo de proteo que configuram o valor cultural da via, cerca de 40% dos imveis. O
Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Porto Alegre (PDDUA) identifica na
cidade reas de Interesse Cultural, entre elas setores que integram a Rua dos Andradas.
Essas reas de Interesse Cultural, bem como os bens que fazem parte do Inventrio do
Patrimnio Cultural, so identificadas conforme seu valor histrico, arqueolgico,
excepcionalidade, valores de representatividade, de referncia, arquitetnicos, simblicos,
prticas culturais, tradies e heranas, considerando tambm, as relaes fsicas e culturais
com o entorno. ( 4 do Art. 92 da LC 646/10)
A Rua dos Andradas encontra-se atualmente bastante descaracterizada e degradada. A rua
sempre teve caractersticas de uso comercial, porm esse uso intenso acabou agravando a
condio de descaracterizao, visto o apelo do comrcio em se destacar atravs da cor e da
comunicao visual.
Anlise Cromtica
Analisando a Rua dos Andradas hoje, considerando as edificaes protegidas e as
edificaes que compem seu entorno, atravs de fotografias de testada de quarteiro,
percebemos que as edificaes de uso pblico e privado possuem um controle diferenciado
na escolha das cores dos revestimentos.
A escolha da cor dos imveis privados pode ser uma manifestao espontnea dos
proprietrios, mas se no for uma deciso adequada, pode colocar em risco a leitura das
edificaes de forma coerente com a influncia arquitetnica da poca de sua concepo. Os
proprietrios dos imveis tm na cor um instrumento de individualizao e apropriao do
espao e as camadas cromticas encontradas nas edificaes evidenciam o costume de
repint-la vrias vezes, sendo tambm incentivados pelo lanamento de novas paletas de
cores de tintas e conforme novas tendncias.
Assim, para a anlise da preferncia cromtica dos imveis da Rua dos Andradas foram
selecionados os imveis Inventariados de Estruturao e Tombados, que so de propriedade
privada e tenham uso atual comercial ou misto, considerando que estes so os imveis mais
suscetveis a alteraes cromticas.
Como no foi possvel realizar prospeces pictricas nas edificaes selecionadas para a
anlise cromtica no centro de Porto Alegre, o assunto ser introduzido a partir de estudos
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cromticos realizados em cidades no interior do estado. Prospeces realizadas em
edificaes nas cidades de Pelotas, Piratini, Bag e Jaguaro no estado do Rio Grande do Sul
evidenciam a estreita relao entre os estilos arquitetnicos e a cor frequentemente utilizada
nas edificaes, a partir de pesquisas que obtm esses resultados. (NAOUMOVA, 2009)
As edificaes existentes preservadas na Rua dos Andradas so de diferentes perodos
histricos e de diversos estilos, influncias e tipologias arquitetnicas. Os estilos das fachadas
tambm so, no geral, bastante heterogneos, misturando influncias de vrios estilos em
uma mesma edificao. Os perodos arquitetnicos tambm foram acontecendo de maneira
concomitante, com alguns casos em que a edificao sofria uma atualizao estilstica para
se enquadrar nas influncias do momento.
O estilo colonial portugus ou arquitetura luso-brasileira se caracterizava pelo uso do
contraste nas cores do branco das paredes com o colorido das esquadrias. Com o passar do
tempo, ao longo do sculo XIX, houve ento um desprezo no Brasil pelas casas brancas
caiadas que eram consideradas casa caiadas de pobres, contrapondo ento com as casas
coloridas dos ricos. (NAOUMOVA, 2009, p.68 e 69)
O estilo ecltico, que se caracteriza pelo edifcio com estilos de diferentes influncias, foi
utilizado em Porto Alegre entre a segunda metade do sculo XIX e primeiras dcadas do
sculo XX. Em geral eram utilizadas cores contrastantes entre a parede de fundo e os
ornamentos e detalhes, que eram em tons mais claros ou brancos. Em alguns casos o trreo
era pintado com uma colorao mais escura. Tambm se utilizavam da cor para imitar
materiais mais nobres, geralmente no interior das edificaes.
Nas edificaes com influncias do protomodernismo, que foi um perodo de transio entre o
estilo ecltico e o moderno, se utilizavam cores mais neutras e discretas como bege ou cinza,
se assemelhando com os novos materiais que estavam sendo utilizados. Nessa poca se
utilizava bastante a argamassa sem proteo, tambm chamado de cirex, cimento aparente
ou cimento penteado. As fachadas eram pintadas somente com uma cor sem diferenciar os
ornamentos das paredes. As esquadrias eram geralmente pintadas de cinza ou marrom.
(NAOUMOVA, 2009)
No modernismo as edificaes eram geralmente revestidas com cirex ou reboco com pintura e
reboco tingido, com grandes vos envidraados, semelhantes tambm com os imveis
influenciados pela Escola de Chicago.
Entre as edificaes da amostra selecionada para o diagnstico cromtico da rua, foi
identificado predominantemente a influncia dos estilos ecltico, sendo alguns com
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caractersticas neoclssicas, protomodernistas, modernistas e alguns com caractersticas da
Escola de Chicago. Dentro do protomodernismo se inserem as edificaes que apresentam
fachadas com elementos de caractersticas Art Nouveau e Art Dco, poca em que para
sugerir a modernizao dessas edificaes, algumas eram pintadas com cores semelhantes
aos materiais mais modernos empregados na poca. Os padres cromticos das edificaes
foram evoluindo conforme o desenvolvimento dos estilos arquitetnicos. (NAOUMOVA,
2009).
Foram analisados 31 imveis com uso comercial e 5 imveis de uso misto comercial e
residencial, totalizando 36 imveis. So 34 imveis inventariados de estruturao e 2 imveis
tombados pelo municpio. Nestes imveis foram identificadas as principais caractersticas
arquitetnicas das fachadas e o perodo aproximado de sua construo, para separ-los por
suas influncias predominantes.
Grande parte das fachadas est preservada a partir do segundo pavimento da edificao, pois
o pavimento trreo muitas vezes no possui seus vos nem suas esquadrias originais, tendo
tambm um tratamento de revestimento diferente do restante do prdio, com revestimento de
granito ou madeira. Foram identificadas 18 edificaes que possuem suas esquadrias do
trreo substitudas por cortinas metlicas e algumas destas com cores diferentes do restante
da edificao. Foram analisadas as preferncias cromticas atuais das edificaes divididas
em base, paredes, detalhes e esquadrias.
Figura 2 Exemplo de perda da unidade da edificao atravs da pintura. Fonte: Fotografia da autora.(2014)
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A maioria das fachadas analisadas corresponde ao perodo ecltico. Das 15 edificaes da
amostra, 12 so pintadas com ornamentos mais claros que as paredes de fundo. Uma delas
est pintada com os ornamentos mais escuros que a parede de fundo e 2 esto com a mesma
cor nos ornamentos e parede. As cores mais utilizadas para as paredes so amarelo, rosa e
azul e naquelas que possuem a mesma cor nos ornamentos e parede foram utilizados tons de
bege.
Foi identificada uma edificao da amostra com revestimento em azulejo estilo portugus com
caractersticas neocoloniais. A situao atual da fachada conservada apesar do pavimento
trreo com revestimento de madeira estar bastante desconfigurado devido troca das
esquadrias existentes pela cortina metlica.
Duas das 5 edificaes com elementos Art Nouveau possuem a pintura semelhante a das
edificaes eclticas, com ornamento mais claro que a parede de fundo nas cores amarelo e
verde. Duas edificaes possuem os ornamentos mais escuros que a parede de fundo, nas
cores laranja e marrom claro. Em uma edificao foi utilizada a mesma cor para paredes e
ornamentos na cor bege.
Dos 10 exemplares de caractersticas Art Dco, 5 possuem revestimento em cirex e entre eles
4 possuem a mesma cor para revestimento e ornamentos um possui ornamentos mais
escuros que a parede de fundo. Tambm se identificaram 3 exemplares que possuem a
mesma cor para a pintura de toda edificao. Uma edificao com influncia Art Dco, possui
pintura que remete ao estilo ecltico em tons da logomarca da empresa que ocupa o imvel.
Duas edificaes possuem influncia da Escola de Chicago com semelhana no tratamento
de fachadas a caractersticas do protomodernismo.
As edificaes modernistas utilizam cores mais sbrias como bege e marrom, conforme
identificado em 3 exemplares, com revestimento de reboco tingido de bege e rosa, reboco
com pintura e revestimento sem proteo (cirex).
Os prdios com revestimento em cirex ocasionam a impresso do centro da cidade ser
bastante acinzentado, porm caracterstico da poca de construo das edificaes. Alguns
exemplares protomodernistas e modernistas do centro da cidade esto com seu revestimento
de cirex pintado como forma de renovao da fachada do imvel, o que pode ocasionar danos
ao revestimento original.
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Figura 3 Exemplo de edificao com caractersticas protomodernistas nas cores da logotipia da empresa. Fonte: Fotografia da autora (2014)
As cores predominantes das paredes dos edifcios em geral so na cor amarelo e bege
(18,75% cada), branco e marrom claro (9,38% cada) e amarelo ocre e rosa claro (6,25%).
Para a pintura da base 18,75% so de cor marrom, 12,50% na cor amarelo e 6,25% cada nas
cores branco, cinza claro, marrom claro, preto e rosa claro na maioria das edificaes. Os
detalhes so na sua maioria de cor branca (43,25%), marrom claro (15,63%), amarelo claro,
bege, bege escuro e marrom (6,25% cada). A maioria das esquadrias so brancas (46,88%),
cinza (21,88%) e marrom (15,63%).
To importante quanto o aspecto da cor na autenticidade das edificaes protegidas, o
entorno desses bens. Analisando os quarteires percebemos o quanto uma edificao com
excesso de comunicao visual e com pintura inadequada descaracteriza a paisagem urbana.
Figura 4- Paisagem de entorno de bens tombados.
Fonte: Fotomontagem Leandro de Lima Martins (2014)
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Apesar das dificuldades para a classificao das edificaes por estilos arquitetnicos
possvel perceber que algumas edificaes poderiam estar mais bem representadas e com
sua tipologia arquitetnica legvel caso estivesse pintada com suas cores originais.
Para a determinao da proposta cromtica a ser utilizada, temos no trabalho de Baldi et al.
apud Naoumova, as seguintes opes de decises cromticas:
1) manter a cor atualmente existente; 2) reconstituir a cor original, tal como
concebida pelo artfice); 3) adaptar a pintura do edifcio s cores dominantes
do ambiente histrico, do qual a arquitetura faz parte; 4) reconstruir qualquer
outra pintura em sequncia das camadas sobrepostas nas paredes da
edificao; e 5) adaptar a cor ao estado esttico otimizado da edificao ou
perodo historicamente mais significativo da apresentao daquela
arquitetura, quando a cor que caracterizava o edifcio tornou-se o referencial
histrico e foi memorizado na arquitetura da cidade, mesmo quando essa cor
no apresenta o conceito original. (NAOUMOVA, 2009, p. 11)
A partir do levantamento fotogrfico da situao atual das edificaes na Rua dos Andradas e
em comparao com fotografias, postais e documentos antigos, percebemos a necessidade
de um esclarecimento maior a proprietrios e arquitetos sobre a importncia da valorizao
das edificaes a partir da cromtica apresentada na paisagem de centros histricos.
Diretrizes Cromticas para Centros Histricos
A partir do estudo realizado, pode-se considerar que cada local deve ser analisado conforme
suas especificidades, porm possvel traar diretrizes que podem ser utilizadas para a
valorizao cromtica de ncleos histricos e viabilizar a autenticidade e identidade da
paisagem urbana.
Para instruir as decises sobre cores em edificaes com valores a serem preservados
necessrio pesquisar o mximo possvel de dados sobre o imvel. importante analisar o
material histrico e iconogrfico disponvel sobre a edificao. Tambm pode subsidiar essa
pesquisa, bibliografia com dados sobre a poca de sua construo, informaes sobre o autor
do projeto e suas obras.
necessrio fazer uma anlise das cores utilizadas na edificao em diferentes pocas
atravs de tcnica de prospeco pictrica. A prospeco pictrica consiste em retirar
cuidadosamente camada por camada de tinta sobrepostas ao longo dos anos de amostras
analisadas, registrando todas as cores identificadas. Esses pontos de prospeco devem ser
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escolhidos preferencialmente em locais protegidos de intempries e vandalismo, pois assim
possuem mais camadas de tinta preservadas.
Nessa anlise tambm se deve considerar a insolao incidente no imvel e o possvel
desbotamento que a cor original possa ter sofrido. Os pontos escolhidos para a prospeco
devem abranger diferentes locais e diferentes elementos da fachada, como embasamento,
ornamentos, frisos, elementos decorativos, paredes e esquadrias. preciso ter cautela para
verificar, na seleo de pontos de anlise, a ocorrncia de amostras de reboco que j foram
substitudas em reformas anteriores, para conduzir assim a uma possvel colorao original.
A tinta a ser escolhida tambm deve estar de acordo com o revestimento existente, pois
dependendo do tipo de material utilizado no revestimento e do tipo de fundao utilizada na
sua construo, a edificao poder apresentar patologias por no ter sido utilizada tinta
adequada, e trazer danos edificao por incompatibilidade dos materiais.
possvel tambm a elaborao de um estudo para a organizao de paletas de cores
conforme levantamento de prospeces feitas nos trabalhos de restauro dos imveis da
regio. Essa paleta de cores pode dar sugestes cromticas utilizadas conforme cada perodo
e a partir das influncias arquitetnicas da fachada da edificao, para subsidiar o trabalho de
arquitetos e proprietrios desses imveis.
O Gua para la aplicacin de color em inmuebles de barrio antiguo de Nuevo Len, no Mxico,
apresenta passos para a prospeco pictrica como:
...determinar la poca y estilo del edifcio; realizar calas en muros y elementos
ornamentales, capa por capa de color, para determinar el original; se
registrar fotogrficamente cada capa pictrica; determinar la calidad de la
pintura aplicada mediante anlisis qumico: si se aplic cal, cal con pigmento
natural, pintura de aceite o pintura vinlica; e finalmente, se respetar el color
original. (Fonte: http://www.nl.gob.mx/pics/pages/paletadecolores_barrio
antiguo_base/guiaaplicacioncolores.pdf)
Sugere tambm que os imveis de contexto ou de entorno do prdio preservado possuam
cores com igual ou menor saturao e luminosidade. As recomendaes de referem a
edificaes preservadas, do entorno e novas situadas no stio antigo da cidade.
A cidade de Puebla, tambm no Mxico, possui uma Carta de Colores para a rea de
monumentos que abrange diferentes paletas de cores, uma para os sculos XVI a XVIII, com
3 cores e 5 variaes de tonalidades com sugestes de combinaes entre elas; e outra
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paleta para os sculos XIX e XX, com 17 cores e 5 variaes de tonalidades, alm do uso da
cor branca para ambas. (Fonte: Carta de Colores, INAH PUEBLA)
Nesse caso percebe-se que houve uma preocupao com a manuteno das cores conforme
os pigmentos existentes em cada poca, aumentando a gama de cores nas edificaes
conforme a poca em que a disponibilidade de corantes era maior.
A elaborao de um plano de cor ou paleta de cores importante para servir de guia para
proprietrios e arquitetos ao escolher as cores para as fachadas dos imveis no Centro
Histrico da cidade. Assim, prevendo opes mais adequadas, conforme cada tipo e
caractersticas do imvel, seja de um imvel protegido ou de um imvel do entorno dessas
edificaes.
necessrio que esses estudos tenham o objetivo de qualificar a identidade do centro
histrico, atravs de um plano colorstico para a sua revitalizao. A comparao com outros
centros histricos serve como referncia de casos bem sucedidos, porm a cidade no pode
se tornar um cenrio com referncias sem autenticidade ou um pastiche.
Os imveis devem ser pintados de maneira coerente com a edificao, mantendo sua unidade
e evidenciando suas caractersticas histricas e arquitetnicas. A deciso cromtica pode ser
estabelecida a partir da definio da cor original do imvel. Como a definio da cor original
pode no ser conclusiva, tambm se pode optar pela reconstruo de outra camada pictrica
sobreposta, pesando valores estticos ou de um perodo histrico de maior importncia do
imvel.
Concluso
Tendo como base os dados obtidos por esta pesquisa conclui-se que o estudo da relao das
cores com a arquitetura precisa ser aprofundado em termos de esttica cromtica, bem como
deve considerar os dados histricos das edificaes e suas respectivas influncias
arquitetnicas para a adequada utilizao dos padres cromticos. Dessa forma a escolha
cromtica das edificaes deve ser uma deciso crtica, esttica e determinante para os
projetos de conservao patrimonial.
No se tem a inteno de defender o controle das decises cromticas de centros e ncleos
histricos, mas de possibilitar a discusso e difundir o conhecimento para que se possam
tomar decises a partir desse estudo. Afinal, conhecendo os valores patrimoniais e
divulgando-se esse conhecimento, promove-se uma maior e mais democrtica partilha das
decises de salvaguarda. (AGUIAR, 2008, p. 28)
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importante frisar que no se trata somente da escolha cromtica envolvendo cores de tintas,
mas tambm de texturas, acabamentos, materiais e tcnicas que envolvem a recuperao e
conservao de revestimentos assim como a cromtica de seus materiais. A preservao do
revestimento como um elemento importante para a leitura da edificao contribui para que
no se perca a identidade e a autenticidade do bem protegido.
A pesquisa sobre um estudo de cores para as edificaes que compem o entorno de bens
histricos importante para a qualificao da legibilidade do ambiente, a partir do controle e
articulao das edificaes novas e antigas. A adequao cromtica das edificaes
integrantes do centro histrico importante para buscar o conforto visual da paisagem e
manuteno de sua identidade. Busca-se assim incentivar a capacitao terica e crtica para
o desenvolvimento de projetos de conservao do patrimnio arquitetnico e de reabilitao
urbana com mais qualidade cromtica.
O presente trabalho deixa em aberto uma linha de investigao para explorar a cromtica de
centros histricos, pois o fomento da discusso importante, uma vez que quanto mais se
reconhece o valor das edificaes atravs de seus revestimentos, melhor ser a
determinao dos elementos de conservao e preservao. Tambm importante salientar
que sempre que possvel necessrio buscar intervir menos nos revestimentos originais das
edificaes, pois com a preservao desses revestimentos antigos se mantm a
autenticidade da paisagem dos centros histricos.
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