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    Meia Página - COR RS 350,00 ■P/B R$ 250,00

    O PÚBLICODE TEATROE/TÁ AQUI.

    ANUNCIE.  Camarim é uma revista destinada a atores, diretores e produtores de Teatro.

      lém disto, é distribuída gratuitamente para jornalistas, entidades e orgãos públicos voltados à Cultura.

    É um veiculo expressivo e direcionado.

      nunciando na Cam arim sua empresa estará vinculando

    sua marca ao que se produz

    de mais importante no Teatro em São Paulo.    n   a

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    I n d i c e  

    CAPA  ooperat ivae Sesc  realham II Mostra.

    8 ATOR0 trabalho de Cacá Carvalho. ,  

    O

    YOSHIOIDA Apresença do  grande ator.

    IMPRENSAOswaldo Mendes  e o papel da imprensa.

    COOPERATIVA 20 ANOS Grupo Movimento A r e o  

    Teatro para Crianças.ESTÉTICA

     Eduardo Tolentinolevanta questões sobre repertório.

    POLÍTICA CULTURALSebastião Milaré destaca o Teatro fa la do em Português.

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    k- ★★★camarim Aumento na Tiragem A partir desta edição, a a m a rim aumenta sua tiragem devido a diversos pedidos,  em sua maioria artistas interessados em recebê-la. Desde sua mudança editorial, mês a mês, sugestões quanto ao seu conteúdo e à sua fo rma tem sido estudados e efetivados.

    Neste número, as vinhetas que indicamcada seção estão mais claras, deixando aspáginas mais leves. O número de páginasaumentou de dezesseis para vinte.

     A capa destaca a II Mostra Brasileira de Te atro de Grupo, que ocupa quatropáginas da edição. E importante ressaltarque o evento, realizado pela Cooperativa em parceria com o Sesc Pompéia, acontecedentro do ano de comemorações dos vinteanos de nossa entidade, procurando dar

     valor à forma de produção e realização

    artística que é o Teatro feito em Grupo.Espetáculos de diversas partes do país seapresentam mostrando que a continuidadede uma pesquisa e de um repertóriosignificam com o tempo excelenteresultado de qualidade artística.

    E sobre repertório que colaboraEduardo Tolentino na coluna E stética 

    Teatral .  Sebastião Milaré fala sobre aintegração do Teatro de língua portuguesana coluna Política Cultural Y lts \0 lhando a   Imprensa, Oswaldo Mendes analisa o papelda imprensa em tempos de barbárie.

     A entrevista deste mês é com o atorCacá Carvalho, que dirigiu o espetáculo“Partido”, baseado na obra de ítaloCalvino, com o Grupo Galpão.

    O P e r f i l de E m pr es a   mostra como a Telemídia apoia espetáculos com seu paineleletrônico.

    Levando adiante a proposta de v iab iliz a r o trab alho de artis tasprofissionais através do debate e dareflexão, a Camarim procura representaro importante momento dos vinte anos de

     vida da Cooperativa, sempre aberta àparticipação de seus associados e de artistasde Teatro de todo o país.

    Segunda Mostra traz espetáculos de Rua.

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    PERGUNTA DO MÊS  A pergunta da edição de Junho foi:

    “Qual é principio que deve nortear umGrupo de Teatro para a escolha de umtexto para montar?”

     A resposta enviada por Daniel Ortega

    foi: “Fiquei pensando qual seriaexatamente o objetivo dos editores daCamarim. Talvez propiciar um debate ouensejar uma polêmica, mas respondê-lasnão é assim tão fácil, já que, a meu vei; apergunta de Maio era um tanto vaga. Adeste mês é por demais abrangente, poistrata dos próprios príncipios deconstituição de um grupo. A escolha do

    texto reflete a filosofia de trabalho dogrupo, sua opção estética, o público ao qualo trabalho se destina. A resposta a estapeigunta só pode ser dada por cada grupono debate entre seus integrantes sobre os

    rumos que o mesmo deve tomar, face àsdificuldades (ou facilidades) de produção,as possibilidades de retorno, objetivosartísticos e ideológicos. E uma perguntacuja resposta pode mudar sempre. E talvez

    deva mudar sempre sob o risco do grupoentrar num processo de estagnação, masesta já é outra questão”.

     Aproveitando a colpcação do Daniel,neste mês a questão proposta é: “Quaisdevem ser os princípios de constituição deum Grupo de Teatro?”

    Peiguntas e respostas, com no máximo10 linhas, sobre o processo criativo,

    interpretação de obras, trabalho de ator,enfim, sobre aspectos artísticos quepossam ser debatidos através deste espaço,devem ser encaminhadas àCoopertaiva aos cuidados da redação da Camarim.

    FR SEDOM iS

    % s dias atuais, o apelo publicitário transbordou da publicidade para se transformar  numa espécie de esperanto, em que todos se reconhecem. Da política à cultura, passando  pelojornalismo, o problema consiste em vender bem um produto. A mentira dapropaganda  

    tomou-se assim uma espéríe de diagrama da verdade da nossa época,que pede para ser decifrada.

    99 

    Fernando de Barros e Silva, em artigo publicado no TVFolha, suplemento da Folha de São Paulo, dia 13 de Junho.

    ♦ ♦ ♦ —   

    COOPERATIVA PAULISTA DE TEATRO

    R . Tre^e de Maio, 240 —Rela Vista - CEP 01327  —000 —São Pau/o —SP- Fone/ Fax : (011) 258 5361 e 258 7457  Diretoria: P r e s id e n t e -   Luiz Am orim; V i c e -P r e s id e n t e   - José Geraldo Rocha; S e c r e t á r i o  - Neto de O l iveira;S e g u n d o  S e c r e t á r i o -   AlexandreRo i t;Te s o u r e i r o  - José G eraldo P etean;S e g u n d a T e s o u r ei ra -   Déb oraDubois ; V o g a l -  CristianiZonzini . Conselho Fiscal: H ugo P ossolo ; Sérg io Sant i ago e Beto An dret ta . Suplentes do Conselho Fiscal:  Luciano D raet ta ; F láv io Faust inoni e Lu i s And ré C herubin i.

    CAMARIM (Ano II -Núm ero 10 - Julho)

    \Jma pu blica ção da C ooperativa P au lis ta de T eatro

    Redação: H u g o P o s s o lo ( c o o r d e n a ç ã o ) ; F l á v io F a u s t i n o n i ; C r is t ia n i Z o n z i n i e G a b r i e l G u i m a r d .Fotos da entrevis ta : N o r a P r a d o . C o l a b o r a d o r e s : S e b a s t iã o M i la r é ; E d u a r d o T o l e n t in o d e A r a ú joe O s w a l d o M e n d e s . P r o g r a m a ç ã o v is u a l:  A g e n t e m e s m o P r o d u ç õ e s G r á f ic a s . D i a g r a m a ç ã o : 

     A le x a n d r e R o it . F o t o l i t o e i m p r e s s ã o : E m p r e sa J o r n a l í s t i c a JP .  T ira g e m : 3 .0 0 0 e x e m p l a re s .Distr ibuição gratuita.

    Cartaspara a Cama timd evem ser enviadaspara a Co op era tiva ao s cuidados da redação, incluindo remetente e telefonepara contato. A publicação de cartas na íntegra está sujeita a espaço disponível.

    P róxim a R eu n ião d e Pau ta:Dia 13 de julho, Segunda-Feira, às 19:00 h. na sede da Co ope rativa .

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    KUUUÇÕIS 

    A Presença Marcante de Yoshi Por Cristiani Zonzini e Flávio Faustinoni

    Concentração. Esta é a palavra-chave que define o trabalho e a vida de Yoshi Oida.

    Foi também a tônica do evento promovido pe la ooperat ivae pelo SescPompéia.Durante sua estada no Brasil, entre a

    conferência, os espetáculos e as oficinas, oque se pode presenciar foi um grande atoi;com uma capacidade incr íve l decomunicação e uma paz digna de ummestre budista.

    Foi a soma entre as experiências do

    teatroKiogên, dança Kabuki, ainda no Japão,com a viagem da Companhia de PeterBrook à África e mais sua curiosidade pelareligião budista, que o tomaram ator emtoda sua expressão. Como ele mesmodeclarou na conferência realizada no dia 17de Junho, após a exibição de um vídeosobre sua vida profissional: “O palcotambém é minha vida e não existe

    diferença entre o teatro e a vida. A vida nãoé descobrir como ser um bom ator, masatuar é uma lição muito preciosa para que

     você aprenda como vivet Atuar é buscarum modo de vida.”

    O espetáculo “Interrogações”, reafirmaeste depoimento. Yoshi passa o tempo todoperguntando à platéia qual é o sentido da

     vida e cita parábolas que nos fazem pensarcom profundidade em repostas para o quequeremos da vida, a distância entre o quesomos e o que queremos ser realmente.

    “Interrogações” fez o público pensar,reagir e se manifestar, atitudes quaseescassas no teatro atual.

    Sobre seu trabalho, Yoshi acredita que“no palco é muito importante que o atorencontre a sua verdade como ser humano.Nada além disso. Que ele busque apenas oque é verdadeiro.” Para ele, “a relação comum outro ator tem que ser m uito

     verdadeira porque ela tem quechegar até o público. Eisso que eu buscotodos os dias.”

    CARTAS Para Camarim: Considerando que ocorreu um a inesp erada m udan ça de

    critério no processo de s eleção p ara o w o r k s h o p  com Yoshi Oida, solicito que

    seja publicada, uma m atéria dirigida ao público intem o (sócios) apresentandotoda a t r anspar ênc i a ( que , t enho conf i ança , acont eceu ) nos c r i t é r i osad o t ad o s , já q u e o n o v o p r o c e d im e n t o t o r n o u a e s c o l h a m u i to m a issubjetiva do que a pr im eira cond ição pretend ida (sorteio) .

    Pau/o D rum m ond - C i a. L úd i c a  Resposta: E m a t e n ç ão à s u a c a r t a , d e s d e j á a g r ad e c e m o s s u a

    partic ipação. Sempre t ivemos com o objet ivo oferecer para o co ope radouma oportun idade de aperfeiçoamento p rofiss ional . O evento foi umarealização em p arceria com o Sesc - Pomp éia. Ao trazer um profissionaldo gabar i to de Yoshi O ida , achamo s que ser i a m ai s é t ico d e nossapar te a tender aos cr i t érios r igorosam ente es tab e lec idos por e l e . A

    proposta inic ial, at ravés de sorteio nos pa recia a mais justa , porémna sua cheg ada esta form a de seleção n ão foi acei ta pelo atot ; nospegando de surpresa. As vagas foram preen chidas da segu inte forma :60 % para cooperados e 40 % para não coo perados (as inscrições foramfeitas separadamente) ; idade en tre 25 e 35 anos; 50 % sexo m ascul ino e50 % sexo feminino; currículo. Ten tamo s ser sem pre claros e justo s, mesm onão sendo po ssível atender a todos.

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    ENTRCVKTA

    C  aca  C  arvaukx  

    O Olhar  Do Ator Por Hugo Possolo

    0 ator, que acaba de dirigir o Grupo Galpão em “Partido”, baseado na obra de íta lo Calvino,fala de sua experiência como diretor e  de sua ligação com o Centro Per LaSperimentazione e  La Cerca Teatrale,

     ju nto a Roberto Bacci, em Pontedera, na Itália.

    Camarim - Como ator o que é maisinstigante em um período de ensaio emrelação a um encenador?

    Cacá - Eu sou ator Minha experiênciacomo diretor atende necessidades pessoaisdo artista que eu sou. Quando eu mecoloco a fazer alguns trabalhos deencenação é porque estou precisandoexercitar algumas coisas que eu gostaria decolocar em cena através de outras pessoas.Como ator eu trabalho pouco com outrosprojetos que não sejam meus. Não porqueeu não queria, mas porque me convidam

    pouco.Camarim - E o que te leva a fazer um

    trabalho onde você não participe dageração da idéia?

    Cacá-Trabalhar. E diferente quandoeu pego um projeto pessoal. Nestes outros,eu preciso saber me moldar para vestir acamisa deles, para virarem meus. Tem doislados. Quando é pessoal é porque eu

    preciso falar coisas. Quando fiz “Meu TioIauaretê”, um projeto pessoal, foi porqueeu precisava falar aquele texto. Eu estavanum momento da minha vida que euestava virando um bicho isolado dentro dopróprio Teatro. Então esta onça isolada no

    meio do mato tinha muito a ver. Falaraquele texto era fundamental. Estas razõespessoais fazem parte da minha necessidadeprimeira que, claro, nem precisa chegar nadivulgação. E uma razão íntima.

    Camarim - Na montagem de“Part ido”, além de evidente a suaconcepção de encenação, é visível ocuidado com a interpretação. De quemaneira sua formação de ator influênciasua visão de diretor?

    Cacá —No caso de “Partido”, com oGalpão, foi porque apareceu na minha

     vida, uma época, o íta lo Calvino, que mediz muita coisa. Jogar isto para o Galpão jáé me jogar. Eu gosto de assistir ator. E amaneira que eu, como atoi; gosto de sertrabalhado. Gosto da direção que vise aconstrução de um material para algumacoisa no futuro. No fundo, no fundo, o

    diretor não sabe nada. Nenhum diretorsabe nada, nem sabe o que quer. Nãoporque seja ignorante, mas porque ele nãotem a menor idéia daquilo que poderáaparecer quando o que pede vai para ocorpo e para a cabeça do atot

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    Camarim - Mas de que maneira odiretor deve conduzir o trabalho do atorneste caso?

    Cacá - O diretor precisa ter o discursocoerente e dar a ilusão do conhecimentopara que o ator siga seu comando, mas narealidade todos estão perdidos num marrevolto na esperança que mude o tempo eque apareça o Norte. Todos atravessandoesta situação, um se apoia no outro e criaum tipo de relação para que esta trajetóriaestranha e esta aventura necessária secomplete. E neste desespero maravilhosode criação onde você prec isa o tempointeiro, na função de diretor, dar aaparência da tranqüilidade. Em nenhummomento você pede parecer inquieto,ansioso ou intranqüilo.

    Camarim - A vaidade do ator sesobrepõe a idéia de trabalhar em conjuntoquando ele deixa um grupo e passa atrabalhar sozinho, em um monólogo porexemplo?

    Cacá —Foi quando fui convidado alevar “Meu Tio Iauaretê”, um monólogo,para a Itália, que eu recuperei o sentido degrupo que tinha na época em que comeceiem Belém do Pará ou mesmo do espíritocoletivo do “Macunaíma” com o Antunes.Desta vez, em Pontedera, resolvi manteruma relação diferenciada. Sei que ali temuma fonte onde eu bebo e me alimento decoisas fundamentais. E acredito que deixocoisas também, pois há uma relação detroca muito grande. Lá eu descobri aimportância do indivíduo para que ocoletivo possa existii; coisa que eu nãohavia conhecido antes, nem em Belém,nem com o Antunes naquela época.

    Camarim - Qual é o resultado maisimportante do que você vemdesenvolvendo em Pontedera?

    Cacá —Ainda não sei dizei; porqueainda está mexendo comigo. Eu sintoque o trabalho com o Roberto Bacciestá me trazendo um estímulo para queeu olhe mais. O encontro com ele me

    Cacá Com Celulari em “Donjuan”.

    abriu uma porta no sentido do auto-conhecimento. Me voltei a temas maisligados ao homem como: “Que sentidotem você estar vivendo? Pra quê você veio?

     A troco de quê o Teatro?” Questões queme desestruturam quando paro pra pensar

     A coisa que mais aprendi e que procuro

    exercitar é o olhar. Um olhar commaiúscula. Eu acho que se olha mal. Seolha com um olhar equivocado. A maioriadas coisas hoje em dia, também no Teatro,sofrem do problema de serem mal olhadas.Na sua grande maioria, os atores olhammal os seus personagens,conseqüentemente fazem mal. Diretoresolham mal o texto e os seus atores. Aimprensa olha mal o nosso trabalho. Edifícil olhar porque vêem só um lado, oude uma maneira utilitária, e não enxeigamo todo.

    Camarim - A popularidade conquistada através da novela influenciou dealguma forma seu processo de trabalho?

    Cacá - E diferente de quando trabalho,hoje em dia, com outro veículo, como nocaso da televisão. No Teatro tudo é muitomais autoral. Nele eu me escrevo mais, mefalo mais. E me escrevo através das açõesdo personagem. A popularidade com atelevisão é maluca. Tem um lado que dáprazer E de outro não é nada, porque sãopessoas que te admiram mas estão vendosó uma coisa. Estão com olhar equivocadoe claro que você não vai dizer que estãoerradas. Eu não posso ficar acreditando naditadura desta imagem que eles acreditamque eu sou e que não é verdade.

    i : A r q u i v o p e s s o a l d e C o c ó C a r v a l h o

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    ESPECIAL

    TEATRO DE GRUPO EhPor Flávio Faustinoni

    A I I M o s tra B r a s ile ir a d e T e atro d e G ru po integra as  

    comem orações dos vinte an os d  ̂ Cooperativa Paulista de Teatro.

     A Cooperativa em parceria com oSescrealiza este mês, em São Paulo, a II MostraBrasileira de Teatro de Grupo. Idealizadapor Luiz Amorim, presidente daCooperativa, essa mostra está marcadapela diversidade que o Teatro de Grupoproduz no país. Grupos de várias regiõesestarão se apresentando no Sesc Pompéiade 06 a 11 de Julho.

    Do RioGrande do Sulestão presentesa CompanhiaCômica deRepertório com

    o espetáculo“Se Meu PontoG Falasse”,onde sãoa b o r d a d o s ,entre outros,temas comosexua l i dade ,casamento, separação e medos. Também o

    Grupo Falos e Stercus, que é consideradoum dos mais ousados no cenário teatralgaúcho, apresentará “O Clã Destino” quenarra, pela perspectiva de um abortado,uma história surrealista, colocando num

    mesmo plano as fantasias, o consciente e oinconciente das personagens para penetrarna neurose familiar.

     Vindo de Belém o Grupo Gruta buscouem Antígone um pretexto para desenvolver

    uma discussão sobre o poder e a condiçãoda mulher como ser humano. A peça “A Vida, Que Sempre Morre, Que Perde EmQue Se Perca?” c uma recriação da tragédia

    de Sófocles, onde a crueza é quebradadeixando para os homens a tarefa deconduzir seus destinos.

    O Rio de Janeiro está presente na IIMostra com dois grupos, um deles é aCompanhia Atores de Laura, que traz a SãoPaulo sua quarta montagem, o espetáculo“Romeu e Isolda”. Nesta peça homens emulheres se encontram e desencontram nabusca cega e sem limites da sua outrametade. Foi dirigida por Daniel Herz e

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    ALTA•Suzana Kruger que ganharam o Prêmio

    Coca-Cola de Teatro Jovem pela melhordireção. A outra presença carioca é a Cia. do

    Público com “A Sua Melhor Companhia”,espetáculo de rua onde prevalecem a

    I

    comicidade, a música e as técnicascircenses. Para o trio de comediantes o que

    importa é o divertimento coletivo. A Bahia traz “Sonho dé Uma Noite de Verão”, de W illiam Shakespeare, namontagem de Márcio Meireles traduzidapor Barbara Heliodora e encenada peloBando de Teatro Olodum e Teatro dosNovos. A peça foi montada na íntegra, semcortes e tem duração de duas horas.“Chegamos à conclusão de que não

    tínhamos de cortar nada do que estava

    escrito. Nosso trabalho foi desvendar aforma de dizer aquelas frases, de maneiraa trazer o seu humor para o palco”, dizMeireles. O espetáculo conta com mais detrinta atores em cena.

    texto que teve sua estréia em 98 abrindo oFestival Recife do Teatro Nacional. “EssaII Mostra é muito interessante eestimulante por levar o teatro de grupopara São Paulo. Hoje em dia é difícil sair doRecife com toda a nossa

    estrutura,” conta Marcus Vinícius, um dos atores.“As Criadas”, de Jean

    Genet, ganha a interpretação da Cia. Acômicade Belo Horizonte.

    De Pernambuco a II Mostra conta coma Companhia Teatro de Seraphim queapresenta “Sobrados e Mocambos”, deHermilo Borba Filho baseado na obra deGilberto Freire. A peça conta, em cenascurtas, aspectos da formação e decadênciado patriarcado rural brasileiro, a partir da

    urbanização do século XIX. Esta é aprimeira montagem profissional deste

    O Grupo Harém, do Piauí, vem paramostrar “Auto do Lampião no Céu”. Comtexto inspirado nos romances de cordel apeça faz uma sátira burlesca onde

     Virgulino Ferreira, o Lampião, tentamostrar ao Satanás sua bravura e astúcia,mesmo depois de morto.

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    Retrata as irmãs Claire e So lange, duascriadas, que repetem sempre o mesmoritual. Toda vez que a Madame não está porperto, Claire passa a representá-la enquantoSolange assume o papel de Claire. Amontagem da Cia. Acômica busca asubversão do poeta maldito Jean Genet,

    eliminandoo palco italiano e incluindo oespectadorno espaçocênico.

    O TeatroPiol l in da

    Paraíba traz a famosa montagem “Vau daSarapalha”, uma adaptação do conto“Sarapalha”, de Guimarães Rosa, feita porLuís Carlos Vasconcelos, que tambémassina a direção.

    São Paulo também está representada

    pelos grupos Teatro PopularUnião e Olho

     Vivo e a Cia. LaMínima. O

     Teatro PopularUnião e Olho

     V iv o , com emora seus 32 anos de existência com oespetáculo “Us Juãos i Us Magalis” quesintetiza o resultado de uma década depesquisas. Conta a história de uma tentativade invasão estrangeira chefiada pelo jovem

     vis io nário gaúcho Sebastião M agali,ocorrida no início do século XX, no litoralsul da Bahia.

     Já a Cia. La Mínima, apresenta “LaMínima Companhia de Ballet”, a históriade uma grande companhia itinerante, comseus produtores, técnicos, diretores,coreógrafos, atores e atrizes, formadaexatamente por duas pessoas.

    T   e r ç a     Q   u a r t a     Q   u i n t a     S   e x t a  

    0 1 9 h - L a M í n im a C i a . d e 2 1 h - S e M e u P o n to G   1 9 h - A V i d a , Q u e N e m 1 8 h - 0 C l ã D e s t in o ( RS )B a l l e t ( S P ) F a la s s e ( R S ) S e m p r e M o r r e , Q u e S e P e r d e ,

    O E m Q u e S e P e r c a ? ( PA ) 1 9 h - R o m e u e I s o ld a (RJ)

    ft, 2 1 h -  A u t o d e L a m p i ã o n o 2 1 h - S o b r a d o s t v it q

    C é u ( P I ) M o c a m b o s (PE)

    1 0 à s 1 3 h - T e r a p ia d a V o z 9 à s 1 2 h — O fi c in a d e 9 à s 1 2 h - O f i c in a de

    - C o m E u d ó s ia A c u n a I n te r p re t aç ã o - C o m H é lio I n t e r p r e t a ç ã o - C o m H élioC í c e r o Cícero

    * 1 0 à s 1 3 h - T e r a p i a d a V o z - 1 0 à s 1 3 h - T e r a p i a d:N C o m E u d ó s ia A c u n a  V o z - C o m E u d ó s ia A c u n :

    S1 0 à s 1 3 h - D r a m a t u r g i a e 1 0 à s l 3 h - D r a m a t u r g i a e 1 0 à s l3 h - D r a m a t u r g i a e

    O) R e s s o n â n c i a L i te r á r i a - R e s so n â n c ia L i te rá r ia - C o m J o sé R e s s o n â n c i a L i t e rá r i a - CoitC o m J o s é A n t ô n io d e S o u s a  A n t ô n io d e S o u s a  J o s é A n t ô n i o d e S ousí

     v»tq 2 0 h - E n c o n t r o H is tó r ic o 1 6 h - V i n t e A n o s d e l 6 h — 0 A t o r n o G r u p o 1 6 h - D e b a t e S o b it

    d o s G r u p o s d e T e a t ro C o o p e r a t i v a P o lí t i c a C u l tu r í0 5 ( d é c ad a s 7 0 / 8 0 )

    Q

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    Um Jeito de Mostrar  O Teatro do BrosPor Luiz Amorim

    continuidade. A II Mostra não é um evento, mas um pro je to de 

     A Cooperativa vem se consolidandocomo uma entidade representativa ereal izadora, que vem despertandointeresses pelo Brasil afora. O que fazemosé apenas cumprir nossa função: cuidar doaperfeiçoamento profissional de seusassociados, viab ilizar seus trabalhos ecolocá-los no mercado.

    Esse ano estamos realizando um velho

    sonho: uma série de atividades marcandoos 20 anos de história da Cooperativa. Não poupamos energia. Uma sede comuma entidade oiganizada, a Oficinaria com5 Oficinas Integradas, a vinda de Yoshi

    r . = ]1 6 h - U s J u ã o s i U s M a g a l is  

    ( S P )

    1 9 h - A s C r ia d a s (B H )

    2 1 h - V a u d a S a r a p a l h a( P B )

    l 6 h - A S u a M e lh o r  C o m p a n h i a (R J )

    2 0 h - S o n h o d e U m a  N o i te d e V e r ã o ( B A )

    9 à s 1 2 h — O f ic in a d e  I n t e r p r e ta ç ã o - C o m H é l io  

    C í c e r o

    Oida aoBrasil, a IIMostra Brasileira de Teatro de Grupo e vemmais por aí...

    Hoje a-b r i g a m o s

    um total de627 profissionais associados, com123 Gruposque t rabalham de variadas formas.

     A M ostra

    fortalece umt r a b a l h ocom uma estética e linguagem próprias, de grupos que têmcontinuidade de trabalho de realizações epesquisas. Os grupos selecionados sãorepresen tativos na excelência de seustrabalhos e são a essência dos trabalhos das

    diversas regiões brasileiras. A II Mostra não é um evento, mas umprojeto de continuidade, como os gruposque a Cooperativa representa, e começa afazer parte do calendário cultural da cidadede São Paulo.

    Essas realizações só são possíveis graçasa parcerias como a que estamos fazendocom o Sesc-SP, através do Sesc Pompéia,

    que garante a qualidade de execuçãoalçando esses eventos ao patamarmerecido. Dessa forma, o Sesc vem provara sua importante part ic ipação naconstrução de uma política cultural para oBrasil.

    I I

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    T elemídia :

    Prestação de Serviço 

    Cultural à PopulaçãoPor Cristíani Zonzini

     ATelemídia, responsável pelo paineleletrônico localizado na Avenida Paulistacom a Brigadeiro Luís Antônio, existedesde Julho de 96. Hoje atende dezenas declientes, entre eles a Brastemp, Telefônica,Dumont e Motorola, que anunciam com aintenção de atingir o público que circulapela avenida diariamente.

     Além dos anúncios também veiculainformações através da agência Reuters  e, éclaro, colabora com os eventos da cidadeatravés da parceria cultural.

    Segundo, Eduardo Pinheiro, supervisor

    de produção e operação, a Telemídia“reserva um terço de sua programação paradivulgação de eventos e serviços. Somenteneste ano já foram apoiados mais dequarenta eventos incluindo teatro, música,dança, pintura, humor e literatura”.

    Pinheiro, que é responsável peloencaminhamento dos projetos, explica quenão há nenhum interesse financeiro nos

    apoios culturais. “Oferecemos esse serviçogratuito ao público que passa na AvenidaPaulista. Geralmente fazemos um contratode permuta e a nossa logomarca é incluídano material gráfico dos espetáculos. Istoalém de recebermos uma cota de convites,que são distr ibuídos entre nossosfuncionários e clientes”, complementa.

    Existe uma preocupação da Telemídia

    em analisar os projetos através de umrelease. Em geral, os espetáculos que estãosem patrocínio tem especial atenção. Entreos apoiados neste ano estão “A Falecida”,“Cacilda!”, “Turandot”, “A Lua é Minha”,“ Hipólito” e “ A Bolsinha Mágica de MarlyEmboaba”.

     A quantidade de pedidos é grande. Aconcessão do apoio compreende inserções10 segundos que passam várias vezes pordia, durante um período pré-determinado.São os técnicos da Telemídia que editam aschamadas a partir de fotos de boaqualidade ou filmagens em Beta fornecidaspela produção do espetáculo.

    Maiores informações-Tel.: 288- 4341 com Eduardo Pinheiro.

    Moçambique: Teatro de Língua Portuguesa.

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    POLÍTICA CUITURAI 

    O Teatro Que fala PortuguêsPor Sebastião Milaré

    “A língua é minha pátria”, falouCaetano. Isso comprovamos quando, porexemplo, circulamos pelo mercado deXipamanine, em Maputo, Moçambique.Podemos conversar com os comerciantescomo na feira do nosso bairro. Falam bomportuguês, confirmando o idioma como“língua oficial” do país. Em suas casas, emesmo com vizinhos do mercado, falamum dos 36 idiomas nacionais existentes nopaís. Porém, no plano das relaçõescomerciais ou sociais que ultrapassem a

     vizinhaça, onde poderiam tropeçar emalgumas das 35 outras línguas, falam emportuguês. Sorrindo, diz um jovem poetamoçambicano: “o português pensa que nosconquistou, mas nós conquistamos o

    português”.Não apenas o

    som das palavrastornam familiaresaque las cenas .Nem são familiaresapenas problemase necess idadessociais —que seassemelham aos detantos povos, inde

    pendente de idiomas —, mas a maneira do indivíduoresponder a essesestímulos. Aspectointerno e profundode onde aflora aalma da pátria.Dele emanam as

    palavras. No entanto, apesar dastantas semelhanças que nos unem, somospovos que se desconhecem.

    O sonho de abrir canais de comu

    nicação, através do teatro, entre os paísesque compõem a grande pátria da línguaportuguesa gerou a Cena Lusófona.

    Não se trata de simples instituição (járeconhecida em Portugal como Ong)sediada em Coimbra. Trata-se de uma idéiaque avança lenta e firmemente nos Paísesde Língua Oficial Portuguesa. Agoramesmo, ao longo de 1999, a CenaLusófona em parceria com companhias deteatro de Portugal e do Brasil instala oprojeto “Viagem ao Centro do Círculo”.Os trabalhos práticos aglutinam atores decinco países lusófonos, em w o r k s h o p s   realizados nesses países. Assim, estabelecesendas para o trânsito de idéias eexperiências.

    Comprova-se no curso dos workshops  oque foi discutido ano passado no

    “Encontro da Cena Lusófona”, realizadono Centro Cultural São Paulo dentro doevento “Navegar é Preciso... Portugal,Brasil, África”: são questionáveis ouinexistentes as políticas culturais quecontemplem o teatro. Aliás, apenas emPortugal e no Brasil existem políticasculturais estruturadas. Em Portugal elasfuncionam, no Brasil enguiçam. Nos países

    africanos de língua portuguesa, todos deindependência tão recente, parece esboçarde modo tímido preocupação do governocom o teatro, mas leis de estímulo na

     verdade inexistem.Sonho é coisa resistente, por isso a idéia

    da Cena Lusófona continuará: ela respondea uma necessidade de sobrevivênciacultural neste mundo globalizado. Mas a

    ausênc ia de po líticas culturais sérias eefetivas poderá ser um formidávelempecilho ao seu alastramento com auigência que temos.

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     SIRjlÇOOPIRAimjOANOS 

    O M o v i m e n t o   A r   e   o  

    T eatro   P  a r a   C rianças Por Gabriel Guimard

    Durante os anos 80 surge no panorama teatra l o Grupo Movimento Ar,que veio contribuir muito pa ra o aprofundamento e pesquisa da linguagem teatral dirigida ao público infanto-juvenil.

    O grupo nasceu dentro da companhiateatral Pasáigada, que sempre teve tambémcomo um dos seus objetivos atingir o

    público jovem. Do Grupo Pasáigada, cujahistória será contada na edição de número12 da Camarim, formou-se o núcleoinicial: Cibele Troiano, Valéria Santos, EberMingardi e o dramatuigo e diretor VladimirCapella.

    Para a realização do espetáculo “Antesde Ir ao Baile”, primeiro deste núcleo,foram convidados os atores: LizeteNegreiros, Aída Leinei; Reinaldo Renzo,

     José Puebla e Wanderley Piras.O nome do grupo vem de uma curiosa

    passagem. Todos se reuniram para decidiro nome do grupo e constataram que ossignos de cada um tinham a ver comelementos de fogo, água e terra. A falta doelemento ar levou ao nome na intenção dedar o equilíbrio perfeito entre os quatroelementos.

    Desde sua criação o Grupo pertenceuà Cooperativa Paulista de Teatro. Este

     vínculo com aCooperativa se estendia nafilosofia interna do grupo, que tinha ostrabalhos burocráticos e de produçãodivididos entre os atores, assim como asentradas de dinheiro eram partilhadas de

    forma igualitária entre todos oscomponentes.O cooperativismo sempre esteve

    presente no dia-a-dia do Movimento Arque se consolidou como um grupo deteatro especializado em trabalhos para ainfância e juventude. Um dos principais

    objetivos foi o de devolver ao teatroinfanto-juvenil o direito que sempre lhe foinegado, o de ser respeitado, visto e aceito

    prioritariamente como Arte.Foi o que aconteceu, através de um

    trabalho contínuo de propostas sérias e dequal idade, que contr ibuiu para oenriquecimento afe tivo, moral, ético epsicológico de crianças e adolescentes,tornando o Grupo uma reverência paraquem se dedica ao Teatro para esta faixaetária.

    Sua temática sempre se voltou aopanorama cultural brasileiro.

    Uma característica forte foi que oMovimento Ar nunca fez concessões nosentido de menosprezar a capacidadesensitiva e intelectual do público jovem. Aocontrário, seus espetáculos sempre foramcarregados de poesia , indagação e

    questionamentos relacionados com ouniverso infanto-juvenil. Como conta EberMingardi, muitas vezes esta posturaacarretou observações mal digeridas eprecipitadas da parte dos adultos, taiscomo: “Este espetáculo não é paracrianças!”. Segundo Vladimir Capella, “obom teatro atinge qualquer faixa etária”.

    Com o Movimento Ar, Capella deixou

    inscrito seu nome no teatro nacional pormeio de uma dramaturgia e criaçãoespecíficas, quebrando preconceitos.

    O maior sucesso do grupo foi “MariaBorralheira”. Foi o espetáculo maispremiado do teatro nacional na categoriateatro infanto-juvenil. Entre seus sucessos

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    não se pode deixar de citar “Panos eLendas”, que além de receber váriosprêmios, tomou-se um clássico do teatroinfanto-juvenil.

    Do fim do grupo, em 93, para cá, novosgrupos de teatro infanto-juvenil nasceram,outras se firmaram, criaram-se novosprêmios para esta categoria, a partir doimpulso dado pelo Movimento Ar.

     As questões levan tadas peloMovimento Ar sobre Teatro para criançascontinuam atuais. Por isso, publicamos aolado um texto que ajudou a fundamentara formação do grupo na década de 80.

    Espetáculos realizados  pelo Movimento Ar:

     Antes de Ir ao Baile -1896

    Maria Borralheira -1987

    O Dia de Alan - 1989

    Panos e Lendas -1991

    Como a Lua -1992

    Todos os espetáculos   fo ram escritos e dirigidos  

     p o r Vladimir Cappela.

    “OTeatm destinado ao público infanto-juven il   padece de um sem-número de males: opreço menor  dos ingressos , a quantidade reduzida de  apresentações semanais, o espaço do pa lco sujeito ao espetáculo noturno, os preços proibitivos dos  aluguéis e o descaso dos proprietár ios de casas de  espetáculo. A fa lta de críticos especializados na  imprensa, a escassa efa lha divulgação dos veículos  de comunicação e toda a sorte de preconceitos, inclusive na classe artística. Em virtude de tantas  

    dificuldades, é fá c i l concluir que o Teatro pa ra  crianças encontra-se num beco sem saída. Condição que tenderá a se eternizarpor causa do crescen te  desinteresse de bons e competentes atores, diretores  e dramaturgos, desenvolverem seus trabalhos numa  á rea que, além de n ecessita r conhecimen tos e  técnicas específicas, é tão pouco compensadora. ” 

    Grupo Movimento Ar

    “Antes de Ir Ao Baile”: premiada montagem do Movimento At

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    NOTICIAS 

    Treinamento de Núcleos Sobre Procedimentos Contábeis

     A Cooperativa está realizando, através da On Ti m e  

     Assessoria Contábil, o treinamento dos procedimentoscontábeis de seus núcleos. E fundamental que oscooperados participem, com pelo menos um integrantede cada núcleo, para que melhorem os procedimentosadministrativos dos grupos e da própria Cooperativa. O treinamento visa orientar a elaboração do livro-caixade cada grupo, o controle contábil dos recebimentos edespesas, chegando a indicar como cada cooperado devedeclarar seu imposto de renda. Será gratuito e com

    atendimento específico para cada núcleo. Marquehorário por telefone ou diretamente na sede daCooperativa

    Maiores Informações—Tel.: 258 7457 e 258 5361 com Jane.

    Últimos Dias para

    RecadastramentoO prazo para o recadastramento de cooperados

    termina no próximo dia 10. Os cooperados que aindanão se recadastraram devem comparecer à sede daCooperativa com cópias do CIC, RG, DRT,comprovante de endereço e uma foto. E importantelembrar que quem não comparecer até esta data poderá

    ser excluído do quadro de associados ou ter seu grupodesfiliado. Outra sanção será o bloqueio de valores queporventura o cooperado ou seu núcleo tiver a receber

     via Cooperativa.

    Bolsas para Projetos

    Estão abertas as inscrições para o Programa de Bolsas da Rio Arte de 99, da Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro. Serãoselecionados 25 projetos que sejam considerados importantes para

    a cidade, englobando as categorias de artes cênicas, música, artes visuais e arquitetura. Cada projeto selecionado receberá uma bolsade R$ 1.500,00 mensais, durante um ano. O prazo final para aentrega dos projetos é 20 de Agosto.

    Informações pelos telefones (021) 265-9960 e (021) 285-5344ou no site: www.rio.rj.gov.bn

    Facilidades

    Para benefício do cooperadoserá aberta para cada associado umaconta de recebimento no Banco doBrasil e todos os associados daCooperativa receberão seuspagamentos em conta bancária,agilizando e facilitando o processode recebimento dos cachês.

     Alfândega Cultural Desde Abril, está em vigor uma

    nova medida da Secretaria daReceita Federal, com força de Lei,específica para a entrada e saída debens culturais no País. O despachoaduaneiro de admissão temporáriados bens culturais passa a ter porbase a declaração Simplificada deImportação (DSI). Desta forma, aentrada e saída de cenários,figurinos e objetos de cena quesempre causaram dores-de-cabeçaa artistas e produtores, têm agoraum meio facilitado de circulaçãoentre o Brasil e outros países.

    Entontro de Dramaturgos

    Será realizado de 18 a 21deNovembro, na Cidade do México, o“Encontro Internacional de NovosDramaturgos” que pretendediscutir as funções e o significadoatual da profissão. Para participar énecessário ter entre 25 e 30 anos.

     A lé m d is to é ex ig id o que ointeressado tenha publicado ouestreado pelo menos três obras eserá dada preferência àqueles que ját enham receb ido a l gumapremiação.

    Maiores informações - Tel.: (011) 284-8421com Eudósia Acuna.

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    OLHANDO A IMPRENSA

    Imprensa e Teatro Em Tempos de BarbáriePor Oswaldo Mendes

     Antes se perguntava sobre o papel daimprensa, como ainda hoje se pergunta omesmo sobre o teatro, a poesia, a arteenfim. Bem, começa que, depois doadvento da informática, diminuiu muito oconsumo de papel nas redações e já nem sefala mais em imprensa mas em mídia. Comisso o papel se tornou artigo raro naimprensa —digo, na mídia. Logo, não cabemais indagar sobre o seu papel na vida, epor conseqüência na cultura do país.Quanto ao teatro, o seu papel continua ode sempre, de testemunha do seu tempo eresistente guardião do humanismo na lutacontra a barbárie. Foi assim desde os gregose, embora não seja tanto assim nos dias quecorrem, é esse o papel que vai lhe garantira sobrevida pelos séculos afora.

     A im prensa - desculpem, a mídia -dispensa ter um papel, além daqueleoutrora regiamente subsidiado pelo Estado(vocês sabiam?) e usado para imprimirletrinhas, fotos e gráficos. Aliás, ela adoragráficos, estatísticas e pesquisas “deopinião” (assim mesmo, com aspas),recursos que a desobrigam de pensar e teroutras responsabilidades além de vender

    fascículos, CDs, vídeos, panelas ebugigangas v á r i a s .(Como se

     vê, S ílv ioSantos fezescola como Baú da

    Oswaldo Mendes em cena de.“Voltaire”.

    Felicidade.) E como o leitor é antes de tudoum consumidoi; a imprensa —desculpem,a m íd ia - eventua lm ente o fereceinformações e idéias, até porque é precisomanter as aparências junto ao chamado“público qualificado” e a quem ofereceentão alguns produtos culturais, onde incluio teatro. Mas não se espere dela nada além

    disso. Há, aqui e ali, um editor mais sensívelque abre maior espaço às coisas do teatro —e temos que pedir aos deuses que esseeditor tenha vida longa e não seja vítima dealguma “política de redação” ou de algumdiretor de market ing. Estamos falando daimprensa - desculpem, da mídia - diáriamas há outras, algumas até mantidas porLeis de Incentivo à Cultura (sabiam?), queusam papel mais caro e de melhorqualidade. Mas dispensam outro papelalém daquele de servir ao mercadoeditorial, pois os seus compromissos coma Cultura se limitam aos resultados do seudepartamento financeiro.

    Conclusão: no obscurantismo reinanteda ditadura do marke t ing   cultural, o teatro

     —e tudo e todos que o cercam, incluindoa crítica como um exercício de reflexão

    necessário —tem que buscar outras mídias,outras pontes, outros canais deaproximação com o público. Porque aimprensa, sua fiel aliada de outros tempos,já não sabe o papel que lhe cabe diante dabarbárie institucionalizada. E, afinal, comodizia o velho Brecht, de que adian ta aliberdade de opinião (e o teatro é umamaneira de interferir na vida social) se os

    donos dos jornais, os que detém os veículosde comunicação de massa, não nos dão odireito de expressar essa opinião ou de,pelo menos, dizer que ela existe?

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    J S T É m  ____________  _______ ̂ ^ ^

    Teatro  cfe RepertórioPor Eduardo Tolentino

    Raras vezes no Brasil, um ator oudiretor tem no seu currículo umaquantidade de espetáculos equivalente aosanos de carreira. Se tiver a sorte de cairnum sucesso vai ficar empregado, mas comas limitações de criação impostas por umalonga temporada. Se sair de um fracassonão tem garantias da continuidade detrabalho. Como nossa formação é empírica,

    já que não temos boas escolas de teatro,isso é um problema sério.O trabalho em grupo soluciona em

    parte essa questão porque não só permiteuma preparação mais elaborada no períodode ensaio, como também uma perspectivade trabalho a longo prazo. No entanto, asprioridades do grupo nem sempre sãocompatíveis com a necessidades individuais

    dos seus integrantes e essa é uma dasmaiores dificuldades para a manutenção deum elenco fixo.

    Nesse sentido o teatro de repertóriolança outro ponto de vista sobre a relaçãodos atores com os grupos porque permiteuma variedade de experimentação num

    período de tempo mais concentrado. Alémde gerar um tipo de estímulo provocadopela circulação do conjunto de atores emdiversos tamanhos de papel, que implicanum fortalecimento na qualidade do todo.

    Há toda uma geração de grandes atoresbrasileiros que se formou no repertório dos

     Teleteattos no início da televisão, mas suatransposição para o palco sempre esbarrou

    na rigidez de um modelo de teatro baseadona figura do ator/empresário que remontaàs origens de sua formação. O protagonistaúnico não se encaixa numa companhia derepertório porque cria em tomo de si umaestrutura de hierarquia estratificada eacomodada.

    Outro aspecto interessante a serlevantado sobre a questão do repertório é

    o público. Quando as platéias gregas iamassistir as tragédias já sabiam do que setratava. O que fazia a diferença era amaneira de contá-las. O sucesso de umfilme como “Titanic” confirma a regra deque não só os gregos pensavam assim. Oteatro é uma arte que pode e deve encantar

    os iniciantes, mas quantomais se é iniciado mais se

    pode desfrutar das velhas enovas histórias e das possibilidades infinitas deserem contadas.

     A idéia de repertório,apesar de antiga, é um temanovo no teatro brasileiro.Em muitos aspectos ébastante questionável. Aquiforam alguns dos, seuspontos positivos para quemse interessar pela discussão.

    “Vestido de Noiva”: repertório do Grupo Tapa.

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    Duo C l o w n   

    Duo M a r c e F e r r a n   E n t e u d e T e a t r o  

     E s c o l a L i v r e  

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     E u r e k a  

     E x p r e s s o A r t  

    F á b r i c a C ê n i ca   

    F á b r i ca C ia . T e a t r o  

    F a r á n d o la T r o u p e   

    F i l h o s d e P r ó s p e r o  

    F o l i a s D r a m á t i c a s   F o r ç a T a r e fa   

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    L e t r a s e m C e n a   L i v r e d e T e a t r o  

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    L u a r n o a r   

    C i a. L ú d i ca   

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     M a m a ’e  

     M a n g a r á   M e g a m in i  

     M e t a m o r f a c e s  C ia . B r a s i l e i r a d e   

     M i s t é r i o s e N o v i d a d e s  

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     N a u d e Í c a r o s  

     N ú c l e o d o C a s t e l o  

    O m s t r a b   

    Os C h a r l e s   

    Os E x t r a d i v á r i o s   N ú c l e o d e P e s q u i s a  

    L a t in o A m e r i c a n a   

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    P  at ifes   & P  asp a lhões  

    P á

    P  erso na

    P ia F raus   T  eat ro  

    P ic   e  N i c 

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    R  a s o  da  C  atarina 

    R  a y L uar  

    R  eino das  

     Á guas   C laras  

    R  enata J  e si o n  

    S  ã o   G enésio  

    S obrevento S tudio A rte  V iva 

    S tultíferas   N  aves  

    T  ea tro  de   P  ap el  T  ea tro d o s   Q uinto 

    T  ea tro I  ntim o  T  ea tr o  S  em  N om e  

    T  ea troa o st ra g os  

    T  er ra  B rasileira 

    T ragédia P ouca  

     é B ocage 

    T reinart   “I  n  C o m p a ny  ”  

    T r e c o s    e  C  a ca re c os  

    T riptal  D e c is u s  T rupe  T ruz  

    T rupe   V  er me lh a 

    V  arieté   E tecetera 

    V ila  S  ésa m o  

    V