2006 Rbme Guto

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Rev Bras Med Esporte _ Vol. 12, Nº 6 – Nov/Dez, 2006 1 1. Mestre em Ciência da Nutrição, Departamento de Nutrição e Saúde, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, Brasil. 2. Professor Adjunto do Departamento de Nutrição e Saúde, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de Viçosa, Viço- sa, MG, Brasil. 3. Professor Adjunto do Departamento de Informática, Centro de Ciên- cias Exatas e Tecnológicas, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, Brasil. 4. Professor Adjunto do Departamento de Educação Física, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de Viçosa, Viço- sa, MG, Brasil. Recebido em 10/ 11/05. Versão final recebida em 27 / 4 / 06. Aceito em 10 / 6 / 06. Endereço para correspondência: Universidade Federal de Viçosa, De- partamento de Educação Física, Laboratório de Performance Humana – 36570-000 – Viçosa, MG, Brasil. Tels.: (31) 3899-2049/ (31) 3899-2076. E- mail: [email protected] Diagnóstico do estado nutricional dos atletas da Equipe Olímpica Permanente de Levantamento de Peso do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) Carlos Augusto Costa Cabral 1 , Gilberto Paixão Rosado 2 , Carlos Henrique Osório Silva 3 e João Carlos Bouzas Marins 4 ARTIGO ORIGINAL Palavras-chave: Nutrição esportiva. Atletas. Levantamento de peso. Composição corporal. Keywords: Sports nutrition. Athletes. Weight lifting. Body composition. Palabras-clave: Nutrición deportiva. Deportistas. Levantamiento de pesas. Com- posición corporal. RESUMO Objetivou-se neste estudo diagnosticar o estado nutricional da Equipe Olímpica Permanente de Levantamento de Peso do Comi- tê Olímpico Brasileiro (COB). A amostra foi composta por 24 atle- tas, na faixa etária entre 16 e 23 anos, sendo 12 do sexo masculi- no (19,7 ± 2,4 anos) e 12 do feminino (19,2 ± 1,8 ano). Realizou-se o seguinte procedimento para o diagnóstico do estado nutricional: análise da adequação da ingestão de energia e dos macronutrien- tes – carboidratos (CHO), lipídios (LIP) e proteínas (PRO) –, por meio dos métodos Recordatório de 24 horas e Questionário de Freqüência de Consumo Alimentar, além da caracterização do per- fil antropométrico. Os resultados da avaliação dietética indicaram que a distribuição energética entre os macronutrientes encontra- se adequada sendo de 54 ± 6,8% (CHO); 28,5 ± 5,9% (LIP); e 14,5 ± 3,4% (PRO) para os homens e 56,3 ± 4,7% (CHO); 28,6 ± 4,6% (LIP); e 13,7 ± 2,4% (PRO) para a equipe feminina. Entretanto, quanto ao consumo energético total, 83% dos atletas estavam com ingestão energética abaixo dos valores recomendados, con- siderando o alto nível de atividade física, promovendo deficiência calórica diária. O percentual de gordura corporal dos atletas do sexo masculino (3,6 ± 0,7%) indicou que todos estavam abaixo do padrão de referência, enquanto 58% dos esportistas do sexo feminino apresentavam excesso de gordura (17,9 ± 5,8%). Tem- se, como conclusão, que, apesar de os desportistas avaliados te- rem realizado distribuição energética adequada entre os macronu- trientes, esta ainda não foi suficiente para suprir as exigências energéticas da modalidade, necessitando assim de orientação nu- tricional. ABSTRACT Diagnosis of the nutritional status of the Weight Lifting Permanent Olympic Team athletes of the Brazilian Olympic Committee (COB) This study aimed to diagnose the nutritional status of the Wei- ght Lifting Permanent Olympic Team Athletes of the Brazilian Olympic Committee (COB). The sample was composed of 24 ath- letes, aged 16-23 yr, 12 males (19.7 ± 2.4 yr) and 12 females (19.2 ± 1.8 yr). The following procedure was applied to diagnose the nutritional status: analysis of the adequability of energy and ma- cronutrient intake – carbohydrates (CHO), lipids (LIP) and proteins (PRO) –, through the methods 24-hr diet records and the Food Consumption Frequency Questionnaire, besides anthropometri- cal profile characterization. The results obtained from the dietary evaluation showed that the energy distribution among the macro- nutrients was adequate, 54 ± 6.8% (CHO); 28,5 ± 5.9% (LIP); and 14.5 ± 3.4% (PRO) for the male team, and 56.3 ± 4.7% (CHO); 28.6 ± 4.6% (LIP); and 13.7 ± 2.4% (PRO) for the female team. However, regarding total energy intake, 83% of the athletes pre- sented energy intake below the recommended values, conside- ring the high level of physical activity, resulting in daily caloric de- ficiency. Body fat percentage of the male athletes (3.6 ± 0.7%) indicated that all of them were below the reference standard, while 58% of the female athletes had excess fat (17.9 ± 5.8%). It was concluded that although the athletes showed an adequate caloric distribution of macronutrients, it was still not sufficient to meet the energy requirements of their modality, thus these athle- tes should seek nutritional orientation. RESUMEN Diagnostico del estado nutricional de los deportistas del equipo olímpico nacional de levantamiento de pesas del Comité Olímpico Brasileño (COB) El objetivo de este estudio fue diagnosticar el estado nutricio- nal de los deportistas del equipo olímpico nacional de levantamiento de pesas del Comité Olímpico Brasileño (COB). La muestra estu- vo compuesta por 24 deportistas, con edades entre 16 y 23 años, siendo 12 hombres (19,7 ± 2,4 años) y 12 mujeres (19,2 ± 1,8 años). Para diagnosticar el estado nutricional se empleó: análisis de la adecuación del consumo energético de macronutrientes, car- bohidratos (CHO), lípidos (LIP) y proteínas (PRO), por medio de los métodos recordatorio de 24 horas y encuesta de frecuencia de

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    1. Mestre em Cincia da Nutrio, Departamento de Nutrio e Sade,Centro de Cincias Biolgicas e da Sade, Universidade Federal deViosa, Viosa, MG, Brasil.

    2. Professor Adjunto do Departamento de Nutrio e Sade, Centro deCincias Biolgicas e da Sade, Universidade Federal de Viosa, Vio-sa, MG, Brasil.

    3. Professor Adjunto do Departamento de Informtica, Centro de Cin-cias Exatas e Tecnolgicas, Universidade Federal de Viosa, Viosa,MG, Brasil.

    4. Professor Adjunto do Departamento de Educao Fsica, Centro deCincias Biolgicas e da Sade, Universidade Federal de Viosa, Vio-sa, MG, Brasil.

    Recebido em 10/11/05. Verso final recebida em 27/4/06. Aceito em 10/6/06.Endereo para correspondncia: Universidade Federal de Viosa, De-partamento de Educao Fsica, Laboratrio de Performance Humana 36570-000 Viosa, MG, Brasil. Tels.: (31) 3899-2049/ (31) 3899-2076. E-mail: [email protected]

    Diagnstico do estado nutricional dos atletas daEquipe Olmpica Permanente de Levantamentode Peso do Comit Olmpico Brasileiro (COB)Carlos Augusto Costa Cabral1, Gilberto Paixo Rosado2,Carlos Henrique Osrio Silva3 e Joo Carlos Bouzas Marins4

    ARTIGO ORIGINAL

    Palavras-chave: Nutrio esportiva. Atletas. Levantamento de peso. Composiocorporal.

    Keywords: Sports nutrition. Athletes. Weight lifting. Body composition.

    Palabras-clave: Nutricin deportiva. Deportistas. Levantamiento de pesas. Com-posicin corporal.

    RESUMO

    Objetivou-se neste estudo diagnosticar o estado nutricional daEquipe Olmpica Permanente de Levantamento de Peso do Comi-t Olmpico Brasileiro (COB). A amostra foi composta por 24 atle-tas, na faixa etria entre 16 e 23 anos, sendo 12 do sexo masculi-no (19,7 2,4 anos) e 12 do feminino (19,2 1,8 ano). Realizou-seo seguinte procedimento para o diagnstico do estado nutricional:anlise da adequao da ingesto de energia e dos macronutrien-tes carboidratos (CHO), lipdios (LIP) e protenas (PRO) , pormeio dos mtodos Recordatrio de 24 horas e Questionrio deFreqncia de Consumo Alimentar, alm da caracterizao do per-fil antropomtrico. Os resultados da avaliao diettica indicaramque a distribuio energtica entre os macronutrientes encontra-se adequada sendo de 54 6,8% (CHO); 28,5 5,9% (LIP); e 14,5 3,4% (PRO) para os homens e 56,3 4,7% (CHO); 28,6 4,6%(LIP); e 13,7 2,4% (PRO) para a equipe feminina. Entretanto,quanto ao consumo energtico total, 83% dos atletas estavamcom ingesto energtica abaixo dos valores recomendados, con-siderando o alto nvel de atividade fsica, promovendo deficinciacalrica diria. O percentual de gordura corporal dos atletas dosexo masculino (3,6 0,7%) indicou que todos estavam abaixodo padro de referncia, enquanto 58% dos esportistas do sexofeminino apresentavam excesso de gordura (17,9 5,8%). Tem-se, como concluso, que, apesar de os desportistas avaliados te-rem realizado distribuio energtica adequada entre os macronu-trientes, esta ainda no foi suficiente para suprir as exignciasenergticas da modalidade, necessitando assim de orientao nu-tricional.

    ABSTRACT

    Diagnosis of the nutritional status of the Weight LiftingPermanent Olympic Team athletes of the Brazilian OlympicCommittee (COB)

    This study aimed to diagnose the nutritional status of the Wei-ght Lifting Permanent Olympic Team Athletes of the BrazilianOlympic Committee (COB). The sample was composed of 24 ath-letes, aged 16-23 yr, 12 males (19.7 2.4 yr) and 12 females (19.2 1.8 yr). The following procedure was applied to diagnose thenutritional status: analysis of the adequability of energy and ma-cronutrient intake carbohydrates (CHO), lipids (LIP) and proteins(PRO) , through the methods 24-hr diet records and the FoodConsumption Frequency Questionnaire, besides anthropometri-cal profile characterization. The results obtained from the dietaryevaluation showed that the energy distribution among the macro-nutrients was adequate, 54 6.8% (CHO); 28,5 5.9% (LIP); and14.5 3.4% (PRO) for the male team, and 56.3 4.7% (CHO);28.6 4.6% (LIP); and 13.7 2.4% (PRO) for the female team.However, regarding total energy intake, 83% of the athletes pre-sented energy intake below the recommended values, conside-ring the high level of physical activity, resulting in daily caloric de-ficiency. Body fat percentage of the male athletes (3.6 0.7%)indicated that all of them were below the reference standard,while 58% of the female athletes had excess fat (17.9 5.8%).It was concluded that although the athletes showed an adequatecaloric distribution of macronutrients, it was still not sufficient tomeet the energy requirements of their modality, thus these athle-tes should seek nutritional orientation.

    RESUMEN

    Diagnostico del estado nutricional de los deportistas delequipo olmpico nacional de levantamiento de pesas delComit Olmpico Brasileo (COB)

    El objetivo de este estudio fue diagnosticar el estado nutricio-nal de los deportistas del equipo olmpico nacional de levantamientode pesas del Comit Olmpico Brasileo (COB). La muestra estu-vo compuesta por 24 deportistas, con edades entre 16 y 23 aos,siendo 12 hombres (19,7 2,4 aos) y 12 mujeres (19,2 1,8aos). Para diagnosticar el estado nutricional se emple: anlisisde la adecuacin del consumo energtico de macronutrientes, car-bohidratos (CHO), lpidos (LIP) y protenas (PRO), por medio de losmtodos recordatorio de 24 horas y encuesta de frecuencia de

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    consumo alimentar, adems de establecer el perfil antropomtri-co. Los resultados indican que la distribucin energtica entre losmacronutrientes esta adecuada, al registrarse 54 6,8% (CHO);28,5 5,9% (LIP); 14,5 3,4% (PRO) en los hombres y 56,3 4,7% (CHO); 28,6 4,6% (LIP); 13,7 2,4% (PRO) en las muje-res. Sin embargo, el consumo energtico total indica que 83% delos deportistas estaban con un consumo por debajo de los valoresrecomendados, considerando el alto nivel de actividad fsica, pro-duciendo as una deficiencia energtica diaria. El porcentaje degrasa corporal en los hombres (3,6 0,7%) indica que todos esta-ban debajo de los valores de referencia; por otra parte, 58% de lasmujeres presentaron exceso de grasa (17,9 5,8%). Se puedeconcluir que los deportistas evaluados, mismo realizando la distri-bucin energtica entre los macronutrientes adecuada, no estasiendo suficiente para atender las necesidades de los deportistas,necesitando as, de una orientacin nutricional.

    INTRODUO

    A alimentao pode delimitar o desempenho do desportista.Para um planejamento alimentar adequado, diversos fatores de-vem ser considerados, dentre eles a adequao energtica da die-ta, a distribuio dos macronutrientes e o fornecimento de quanti-dades adequadas de vitaminas e minerais. Alm disso, a dieta doatleta deve ser estabelecida de acordo com as necessidades indi-viduais, a freqncia, a intensidade e a durao do treinamento(1).

    Atletas de levantamento de peso de alto nvel dedicam entrequatro e seis horas dirias ao treinamento, promovendo gasto ener-gtico calculado de 6 METs(2) (taxa metablica de repouso), onde 1MET equivale a 3,5ml(kg.min)-1. Para suportar toda a carga de trei-namento exigida ao longo das sesses dirias e semanais, os des-portistas devem contar com a assessoria de profissionais qualifi-cados, como treinadores, mdicos, fisioterapeutas, psiclogos enutricionistas.

    Sabe-se que o elevado aumento do esforo fsico decorrentedo exerccio dirio e a inadequao diettica expem os pratican-tes de atividade fsica a problemas orgnicos. Tm-se registradocasos de anemia, perda mineral ssea, distrbios alimentares,relacionados a atletas de ambos os sexos, e amenorria como asprincipais disfunes que acometem os desportistas(3-6).

    No existe uniformidade de distrbios alimentares entre atle-tas de forma geral; o que ocorre um comportamento esperadode deficincias de acordo com a modalidade avaliada, com desta-que para lutas(7), ginstica olmpica(8) e maratona(9). Visando identi-ficar estas deficincias nutricionais, tem-se como uma das estra-tgias verificar o consumo energtico, sua forma de distribuio,alm da quantidade de micronutrientes consumidos, em especialo clcio e o ferro.

    O objetivo deste trabalho foi diagnosticar o estado nutricionaldos atletas da Equipe Olmpica de Levantamento de Peso, verifi-cando adequao energtica, distribuio e quantificao dos ma-cronutrientes.

    METODOLOGIA

    Participaram deste estudo 24 atletas, sendo 12 do sexo mascu-lino e 12 do feminino, em treinamento dirio na Universidade Fe-deral de Viosa, em Viosa, MG. Todos os atletas eram vinculados Confederao Brasileira de Levantamento de Peso (CBLP), filia-da Federao Internacional de Levantamento de Peso (Internatio-nal Weightlifting Federation IWF). As caractersticas da amostraesto apresentadas na tabela 1.

    Para a realizao desta pesquisa, foram adotados todos os pro-cedimentos ticos exigidos pela resoluo 196/96 do ConselhoNacional de Sade, sendo aprovado pelo Comit de tica da UFV.Os atletas assinaram um termo de consentimento em participardo estudo de forma voluntria.

    O estado nutricional dos atletas foi diagnosticado por meio deavaliao qualitativa e quantitativa dos alimentos ingeridos, recor-datrio de 24 horas e questionrio de freqncia de consumo ali-mentar.

    Os dados dietticos, obtidos com os recordatrios de 24 horase os questionrios de freqncia de consumo alimentar, foramtransformados em valores de energia e nutrientes por meio dosoftware Diet Pro, verso 4.0 (www.dietpro.com.br), utilizando-seos valores mdios coletados com os dois tipos de inquritos die-tticos.

    A adequao da ingesto de macronutrientes foi calculada combase nas ingestes dietticas de referncia (IDR)(10), que recomen-dam ingesto calrica entre 45 e 65%, proveniente de carboidra-tos; 10 e 35%, de protenas; e 20 e 35%, de lipdios.

    A taxa metablica basal (TMB) dos atletas foi calculada segun-do as frmulas propostas por FAO/WHO/UNU (1985)(11). A ade-quao da ingesto energtica foi calculada pela necessidade ener-gtica total (NET), que o produto da multiplicao da TMB peloNAF (NET = TMB x NAF), em que TMB = taxa de metabolismobasal e NAF = nvel de atividade fsica (coeficiente)(12).

    De acordo com os valores propostos por James e Schofield(1990)(13), para o nvel de atividade fsica (NAF) por sexo e ativida-de desejvel, o nvel de atividade fsica para atletas de levanta-mento de peso, que considerado atividade pesada, de 2,10para homens e 1,82 para mulheres.

    Realizou-se o levantamento antropomtrico, que visa estabele-cer a composio corporal, utilizando medidas de peso corporal,estatura e sete dobras cutneas de todos os atletas. Estas medi-das foram tomadas sempre antes do treinamento, no perodo datarde. O peso corpreo foi obtido usando-se uma balana da mar-ca Soehnle (Espanha), com sensibilidade de 100g e capacidadede 150kg. Para a medida de estatura, foi utilizado um estadime-tro, marca Asimed (Espanha), que apresenta escala em milme-tros. Para a avaliao das dobras cutneas nos homens (trceps,subescapular, supra-ilaca, peitoral, abdominal, axilar mdia e coxa)e nas mulheres (abdominal, supra-ilaca, tricipital e coxa), utilizou-se plicmetro, marca Cescorf (Brasil), com sensibilidade em mi-lmetros (tabela 1). Cada dobra cutnea foi medida trs vezes emforma de circuito, sendo considerada como valor final a mdia en-tre os trs registros. A coleta dos dados antropomtricos foi reali-zada no Laboratrio de Performance Humana (LAPEH) do Depar-tamento de Educao Fsica (DES), da Universidade Federal deViosa, por uma avaliadora especializada na rea de biometria.

    Os dados da avaliao antropomtrica foram utilizados em equa-es de predio especficas para esportistas, a fim de determi-nar a densidade corporal (DC) e o percentual de gordura corporal(% GC). Para o clculo da densidade corporal (DC), foi utilizada aequao de dobras cutneas (DOC), de Jackson e Pollock (1978)(14),que utiliza o somatrio de sete dobras (7 DOC) para estimar acomposio corporal de homens atletas. Para mulheres atletas,usou-se a equao de Jackson et al. (1980)(15), que emprega o so-matrio de quatro dobras (4 DOC).

    Para converter a densidade corporal (DC) em percentual de gor-dura corporal (% GC), foram utilizadas as frmulas especficas(16)

    para homens {% GC = [(4,95/DC) 4,50] x 100} e mulheres {% GC= [(5,01/DC) 4,57] x 100}.

    As anlises estatsticas e os demais clculos foram realizadoscom o auxlio do programa SAS (Statistical Analysis System, SASInstitute Inc., Cary, NC, EUA verso 8.0, 1999), licenciado para aUniversidade Federal de Viosa, 2005. As anlises estatsticas fo-ram essencialmente descritivas. Procurou-se resumir os dados deadequao nutricional dos atletas pela comparao com os valo-res de referncia. Os valores denominados percentual de adequa-o (%NET) foram calculados por %NET = (valor referncia) /referncia x 100%(12).

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    vam acima do valor-padro. Durante o treinamento de alta intensi-dade, deve ser ingerida quantidade adequada de energia para amanuteno do peso corporal, com o intuito de maximizar os efei-tos do treinamento e manter a sade. Baixa ingesto de energiapode resultar em perda de massa muscular, disfuno menstrual,aumento do risco de fadiga e, conseqentemente, comprometi-mento do rendimento atltico(2).

    Cabe destacar que mesmo com o clculo da estimativa da ne-cessidade energtica total (NET) apontar ser inadequado, os atle-tas brasileiros masculinos ainda apresentavam gasto calrico nolimiar inferior ao desejvel a esportistas de levantamento de pesode nvel internacional, previsto entre 3.000 e 10.000kcal /dia (Sto-ne e Kirksey, 2003)(17). Estes valores indicam que o volume detreino da equipe masculina brasileira ainda pode ser duplicado.Nestas condies, fundamental novo planejamento diettico,pois, caso estes desportistas no sejam adequados s deman-das, no tero condies de rendimento, podendo ainda produzircarncias nutricionais e prejuzos sade.

    Chen et al. (1989)(18) avaliaram 10 atletas de elite de levanta-mento de peso masculinos, com idade mdia de 21 anos, apon-tando consumo energtico dirio em 4.597kcal, valor este supe-rior em aproximadamente 1.500kcal por dia ao dos atletas daseleo olmpica brasileira. J Grandjean (1989)(19) acompanhou28 esportistas tambm de alto nvel de levantamento de peso,obtendo registro de 3.643kcal. Estes resultados evidenciam queo consumo energtico da equipe brasileira, em particular de gne-ro masculino, encontra-se inadequado, devendo ser aumentado.

    No levantamento de peso, assim como em outras modalidadescategorizadas pelo peso corporal, os atletas freqentemente limi-tam o consumo energtico para reduzir o peso corporal, no intuitode se adequarem categoria de peso inferior, tentando assim le-var vantagem sobre os adversrios(3). Avaliando os hbitos alimen-tares de um grupo de jqueis(20), foi observado que, independentedo sexo, a ingesto mdia diria estava inferior s necessidadesdirias, pois 72% da amostra ainda reduziam o consumo alimen-tar no dia da corrida. Em lutadores escolares(21), observou-se que24% dos atletas avaliados reduziam as calorias da dieta pelo me-nos uma vez por semana e 10% o faziam diariamente. Como es-tes esportistas dedicam grande parte de seu tempo aos treina-mentos e competies, o baixo consumo calrico poder resultarem problemas nutricionais, incompatveis com a sade e o timorendimento(3).

    O baixo consumo energtico pode estar ligado falta de orien-tao qualificada aos atletas. Burke (1995)(22) observou em seuestudo uma relao direta entre conhecimentos nutricionais e h-bitos dietticos inadequados em esportistas. J Cuspiti et al.(2002)(23) verificaram melhor adequao nutricional em atletas comrelao a indivduos normais, sugerindo influncia favorvel doesporte nos hbitos alimentares e no conhecimento nutricional.

    A composio corporal pode ser indicador indireto sobre o esta-do nutricional. Para a equipe masculina avaliada, os registros an-tropomtricos de percentual de gordura esto em sua totalidadeabaixo do proposto por Fleck (1983)(24). Isto implica duas hipte-ses: os atletas apresentam baixo percentual de gordura por cons-tituio natural; e o impacto negativo do equilbrio calrico dirio(tabela 2) est influenciando de forma decisiva na composio cor-poral. Considerando a segunda hiptese como verdadeira, inte-ressante buscar uma orientao nutricional que visa adequar ogasto energtico.

    A restrio calrica em esportes em que existe a classificaopor peso freqente. Contudo, a equipe masculina avaliada pos-sui nveis to baixos de percentual de gordura que tornam estetipo de estratgia invivel ou extremamente perigosa, tanto naquesto de rendimento fsico como na de sade.

    Considerando que o consumo energtico dos atletas, principal-mente o da equipe masculina, est abaixo de suas necessidadesdirias (tabela 2), torna-se necessrio aumento no consumo ener-

    TABELA 1Dados antropomtricos (peso e estatura) dos atletas daEquipe Olmpica Permanente de Levantamento de Peso

    N Sexo Idade (anos) Peso (kg) Estatura (cm) % de gordura

    12 M 19,75 2,42 68,27 08,89 171,83 8,37 03,60 0,7912 F 19,25 1,86 65,74 12,34 164,49 6,06 17,99 5,81

    Anlise descritiva, dados apresentados em mdia desvio-padro; M = Masculino; F = Feminino.

    TABELA 2Valores de IDE, TMB, NET e adequao energtica dos atletas

    da Equipe Olmpica Permanente de Levantamento de Peso

    N Sexo Energia TMB NET %NET

    12 M 2.985,30 667,54 1.744,83 151,39 3.664,49 317,27 81,22 15,9312 F 2.022,91 698,79 1.478,62 178,25 2.691,11 324,43 76,54 29,10

    Anlise descritiva, dados apresentados em mdia desvio-padro; (IDE) = ingesto diettica deenergia; TMB = taxa metablica basal; (NET) necessidade energtica total; %NET = percentual deadequao necessidade energtica total; M = Masculino; F = Feminino.

    TABELA 3Distribuio diettica percentual entre carboidratos, protenas e lipdiosdos atletas da Equipe Olmpica Permanente de Levantamento de Peso

    N Sexo Carboidratos Lipdios Protenas

    12 M 54,09 6,85% 28,57 5,99% 14,53 3,4%012 F 56,38 4,71% 28,63 4,69% 13,72 2,48%

    Anlise descritiva, dados apresentados em mdia desvio-padro; M = Masculino; F = Feminino.

    RESULTADOS

    Na tabela 1 so apresentados os valores mdios antropomtri-cos de peso, estatura e percentual de gordura dos atletas.

    Os dados apresentados na tabela 1 anterior apontam que osatletas avaliados, tanto do sexo masculino como de feminino, sojovens. Como destaque inicial tem-se o baixo percentual de gor-dura obtido nos homens.

    A adequao energtica

    Encontram-se na tabela 2 os valores mdios de ingesto diet-tica de energia (IDE), a taxa metablica basal (TMB), a necessida-de energtica total (NET) e o percentual de adequao necessi-dade energtica total (%NET).

    A tabela 2 aponta que ambos os grupos de atletas avaliadosencontram-se com um consumo energtico inferior ao considera-do como ideal para sustentar a carga de treino normalmente im-posta em atletas de levantamento de peso.

    A distribuio alimentar entre os macronutrientes apresenta-da na tabela 3.

    Como apresentado anteriormente na tabela 3, independente-mente do grupo avaliado, no se tm grandes diferenas na distri-buio percentual entre os nutrientes energticos. O consumo decarboidratos superior nas mulheres frente aos homens. Quantoao consumo de lipdios e protenas, os resultados indicam diferen-as mnimas entre os atletas masculinos e femininos.

    DISCUSSO

    De acordo com a tabela 2, os valores mdios de consumo ener-gtico dirio esto inadequados tanto para homens quanto paramulheres. Do total de atletas, 20 (83%) estavam com ingestoenergtica abaixo da recomendada e apenas quatro (17%) esta-

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    gtico dirio, seja atravs da densidade energtica das refeiesou do nmero de refeies dirias.

    De acordo com os dados apresentados na tabela 1, o percen-tual de gordura corporal dos atletas do sexo feminino estava ade-quado apenas para 25%; 58% estavam acima do recomendado; e17%, inferior ao recomendado, segundo os padres de refernciasugeridos por Heyward e Stolarczyk (2000)(16). Os valores extre-mos de percentual de gordura variaram entre 10 e 30% para asmulheres. Estes valores apontam que as atletas tambm necessi-tam de planejamento diettico e de treinamento, visando reduodo tecido adiposo, sem intervenes agudas, a fim de preservar amassa corporal magra e manter a qualidade do treino. Este proce-dimento provavelmente implicar modificao das faixas de cate-goria em que as atletas atualmente competem.

    Quando da anlise dos valores mdios para distribuio dosmacronutrientes (tabela 3), constatou-se que esto de acordo comas proposies das IDRs(10). A distribuio do percentual de con-sumo de CHO de 54,09 6,8% para a equipe masculina e 56,3 4,7% para a feminina representa uma faixa de consumo realizadapor outros desportistas como triatletas(25). Porm, este comporta-mento nem sempre observado, pois tm-se registros dietticoscom consumo de CHO por atletas abaixo do recomendado comoos de levantamento de peso de elite, em que foram registradosconsumos de 38% (Chen et al., 1989)(18) e 43% (Grandjean, 1989)(19),alm de nadadores gregos(5) com 41,8 6,5% e nadadores(26).

    Quando se considera o consumo de CHO por kg de peso corpo-ral, Sherman e Lamb (1988)(27) o preconizaram entre 7 e 10g/kg.Os resultados do presente estudo para os homens apontam con-sumo de 5,97g/kg de peso corporal, sendo para as mulheres ovalor mdio de 4,36g/kg. Em ambos os casos, os valores estoabaixo do recomendado(27). Considerando que os CHO so impor-tante fonte energtica durante o exerccio, necessrio imple-mentar o consumo deste nutriente, quando se considera o pesocorporal como referncia.

    Costill (1988)(28) props para gasto energtico dirio de at4.000kcal, caso especfico dos atletas avaliados (tabela 2), o con-sumo entre 400 e 600g dirios de CHO. O valor mdio obtido parao consumo energtico de CHO na equipe masculina foi de 407,1 115,3g/dia, sendo para a equipe feminina de 286 106g/dia.Estes valores apontaram que os atletas da equipe masculina es-to no limiar inferior ao proposto por Costill (1988)(28), enquanto asmulheres encontram-se com consumo insuficiente. Estas condi-es podem explicar em parte o dbito calrico observado na ta-bela 2.

    O consumo de carboidratos altamente recomendado antes,durante e depois do exerccio(29). Antes do exerccio, fontes decarboidratos simples s devem ser consumidas nos cinco minu-tos que antecedem as provas, evitando assim possvel quadro dehipoglicemia de rebote. Durante o exerccio, o consumo de car-boidratos poupa glicognio, adiando o aparecimento da fadiga(29),e resulta em menores nveis circulantes de citocinas pr-inflama-trias(30). Aps o exerccio, o consumo de bebida carboidratada fundamental para acelerar a ressntese do glicognio muscular eheptico(29).

    Especialmente em modalidades de alta intensidade, o metabo-lismo de carboidratos mais elevado. As restries no consumode carboidratos levaro reduo nos estoques de glicognio, oque prejudicar a capacidade de trabalho, levando-os fadiga(31).Considerando que o levantamento de peso tambm representauma atividade intermitente de alta intensidade, fica claro que oconsumo adequado de CHO importante para a realizao de umtreinamento de qualidade.

    Neste trabalho, foi possvel constatar que a ingesto de prote-nas na dieta dos atletas, quando se considera o percentual deconsumo (tabela 3), atendeu s necessidades deles. No entanto,foram registrados apenas dois casos, um masculino e um femini-no, em que a distribuio percentual estava abaixo da adequada.

    Existem resultados semelhantes aos desta pesquisa, quando seconsidera a distribuio percentual, como os de Nogueira e Costa(2004)(25), com triatletas, em que a ingesto protica foi considera-da adequada 16 5% (homens) e 15 4,3% (mulheres); Farajianet al. (2004)(5), com nadadores gregos, com 17,4 3,8%; e Chenet al. (1989)(18) e Grandjean (1989)(19), com registros de 22 e 18%respectivamente, em levantadores de peso de elite masculinos.

    Tradicionalmente, atletas, tcnicos e treinadores acreditam quealtos nveis de protena diettica so necessrios para um timodesempenho fsico. As protenas so importantes para a resistn-cia, o treinamento de fora e o reparo das fibras musculares e assuas necessidades so afetadas por fatores como sexo, idade,nvel prvio de ingesto, nvel de treinamento, tipo, durao e in-tensidade do exerccio(32).

    Muitos atletas acreditam que devem consumir mais protenasdo que a populao em geral. Entretanto, para que ocorra aumen-to na massa muscular necessrio ingerir quantidades adequa-das de energia e protenas(32). No estudo de Tarnopolski et al.(1992)(33), com atletas que realizavam treinamento de fora, obser-vou-se que o consumo dirio de 0,86g.kg-1.PC-1 resulta em manu-teno da massa magra; entretanto, o consumo mais elevado(1,4.kg-1.PC-1) resultou em maior sntese protica. No estudo atual,o consumo por kg de peso corporal foi de 1,56 0,32g para ho-mens e 1,11 0,6g para mulheres. Apesar de a ingesto de pro-tenas atender s necessidades preconizadas, quando se conside-ra o consumo percentual, tm-se indcios que no foi acompanhadada ingesto energtica ideal, quando se avalia considerando g/kg.

    As recomendaes para o consumo dirio dos atletas submeti-dos a um treinamento de fora esto entre 1,5 e 2,5g/kg de pesocorporal(34). Como visto anteriormente, os desportistas masculi-nos estavam no limiar inferior com registro de 1,54g/g. J as es-portistas da equipe feminina apresentaram consumo de 1,07g/g.Estes valores, principalmente no caso da equipe feminina, apon-tam para deficincia protica, que provavelmente ir implicar pre-juzo na capacidade de treinamento, principalmente quanto fasede recuperao.

    O excesso de protenas poder trazer, em longo prazo, conse-qncias sade, como hipercalciria, desidratao, aumento dotrabalho heptico e renal, alm de ter elevada ao dinmica es-pecfica, conseqentemente aumentando o consumo de oxig-nio(35). Este o caso de alguns atletas nadadores brasileiros(26) comregistro de 2,27 0,5g/kg de peso corporal. Nos atletas da Equi-pe Olmpica Permanente de Levantamento de Peso no foramregistrados consumos elevados de protenas, o que torna impro-vveis manifestaes clnicas provocadas pelo excesso.

    O consumo de lipdios dos atletas avaliados indicou, em termospercentuais da distribuio energtica, que trs atletas, dois ho-mens e uma mulher, representando 13% da amostra, estavamcom consumo abaixo do recomendado, e quatro tiveram consu-mo excessivo, um deles com consumo lipdico da ordem de 42,8%,demonstrando assim total desequilbrio energtico. Consideran-do os desvios de excesso ou deficincia no consumo de lipdios,tem-se no grupo estudado, 30% dos avaliados, que estes neces-sitam de orientao nutricional.

    Um consumo inadequado de lipdios tambm foi observado emoutros trabalhos, nos quais foi identificada prevalncia de exces-so, como nos de Chen et al. (1989)(18), com 40%; Grandjean(1989)(19), com 39%, ambos com atletas de levantamento de pesoconsiderados de elite; e, mais recentemente, com nadadores gre-gos(5) foram registrados 40 5.5% do consumo dirio em lipdios.

    J o baixo consumo, normalmente, est presente em esportis-tas de modalidades em que o controle de peso corporal extre-mamente rgido, como ginastas, integrantes de grupos de gins-tica rtmica, jqueis, danarinos, fisiculturistas e lutadores emgeral(36). Onywera et al. (2004)(4) apontaram corredores de resis-tncia quenianos com consumo de lipdios de somente 13% dadieta.

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    O aumento do consumo dos lipdios em detrimento do consu-mo de CHO est recomendado em casos em que a demanda ener-gtica superior a 6.000kcal (Leser, 2005)(37). Considerando o gru-po avaliado, a estimativa de gasto energtico de todos os atletasmostrou valores inferiores a este limiar (tabela 2), impondo assimque no deve haver aumento no consumo de lipdios alm do fai-xa considerada como normal.

    Os lipdios so importantes na produo de energia durante oexerccio. O catabolismo de lipdios durante o exerccio represen-ta vantagem metablica, pois maior oxidao dos cidos graxosresultar em economia dos estoques de glicognio(2). Em geral, oalto consumo de lipdios no indicado. Sugere-se que o seu con-sumo diettico seja limitado a 30% do total energtico, com oscidos graxos saturados contribuindo com menos de 10% do to-tal. Ingesto acima de 35% do total energtico dirio tem sidoassociada a problemas de sade, bem como reduo da capaci-dade fsica(38).

    Possivelmente, o baixo consumo calrico dos esportistas re-sultou em baixos percentuais de gordura corporal nos atletas dosexo masculino (tabela 1), que no devem manter percentual degordura inferior a 5%. A mdia encontrada na amostra foi de 3,6%,sendo inferior ao observado por outros estudos em atletas de eli-te de levantamento de peso(17). Este fato se mostra perigoso, poisdesportistas que mantm o percentual de gordura abaixo do reco-mendado correm risco de desenvolver desordens alimentares eoutros problemas de sade relacionados deficincia energticae ingesto de nutrientes(2).

    Os padres propostos por Fleck (1983)(24) foram usados comoreferncia para o percentual de gordura corporal para atletas le-vantadores de peso do sexo masculino (10 a 12%) e os de Heywarde Stolarczyk (2000)(16), para os do sexo feminino (12 a 16%). Entre-tanto, para Wilmore e Costill (2001)(39) as faixas de flutuao dacomposio corporal podero ser mais amplas, tanto para os atle-tas masculinos, variando entre 5 a 12%, quanto para os de sexofeminino, com amplitude de 10 a 18%. Pesquisa antropomtricade uma equipe de levantamento de peso de alto nvel do sexomasculino obteve 9,9 1,9% de gordura corporal(40). J Stone eKirksey (2003)(17) registraram nos homens com idade mdia de 26 4 anos um percentual de gordura de 11,7 5%, sendo entre as

    mulheres com idade mdia de 27 5 anos um percentual de 20,4 3,9%.

    Os valores apresentados anteriormente apontaram o percen-tual de gordura corporal para os homens entre 9,9 e 11,7%, valo-res estes bem superiores aos observados nos atletas da equipeolmpica brasileira. Para a equipe feminina, os resultados so su-periores aos propostos por Heyward e Stolarczyk (2000)(16), pormencontram-se abaixo de registros de uma seleo olmpica femi-nina de alto nvel (20,4 3,9%)(17).

    CONCLUSES

    Os resultados desta pesquisa indicaram que a ingesto energ-tica dos atletas mostrou-se inapropriada em comparao com anecessidade energtica total recomendada, sendo inadequada paraa manuteno do peso corporal e a prtica da modalidade. Estedesequilbrio foi determinante na ocorrncia de baixos percentuaisde gordura corporal, principalmente entre os esportistas do sexomasculino.

    Quando considerada a distribuio percentual dos macronutrien-tes energticos, a ingesto de carboidratos e protenas da dietaesteve adequada para a maioria dos atletas, em comparao coma ingesto diria de referncia de 2001. O consumo de lipdiosmostrou-se inadequado em 29% da equipe (17% em excesso e12% deficiente), razo pela qual se recomenda planejamento die-ttico.

    Os homens apresentaram percentual de gordura abaixo do es-perado para a modalidade, indicando assim deficincia nutricionalcrnica. J as mulheres mostraram resultado oposto, necessitan-do de melhor equilbrio nutricional.

    Os dados obtidos no presente estudo apontam para a necessi-dade de um suporte contnuo de profissionais de nutrio nos es-portes olmpicos, em especial no levantamento de peso, tendoem vista que comportamentos nutricionais inadequados, comoevidenciados neste estudo, podem influir negativamente nos re-sultados finais de desempenho.

    Todos os autores declararam no haver qualquer potencial confli-to de interesses referente a este artigo.

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