20080805 Adminstracao Rural

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APRESENTAÇÃO

Módulo I – Gerenciamento da empresa agrícola

Módulo II - Controles gerenciais

Módulo III – Custos de produção

Módulo IV – Análise de indicadores

Módulo V- Noções de contabilidade

Módulo VI- Introdução á engenharia econômica

Módulo VII- Planejamento agrícola

Módulo VIII- Orçamento agrícola

Módulo IX- Informática na agricultura

Este curso tem como objetivo transmitir a você diversos assuntos sobre administração

rural, gerenciamento da empresa agrícola, noções de contabilidade, introdução á

engenharia econômica e orçamento agrícola.

Você conhecerá a melhor forma de usar a informática no meio rural tendo praticidade

para contabilizar sua empresa agrícola.

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MÓDULO I – GERENCIAMENTO DA EMPRESA AGRÍCOLA

Quando a Embrapa foi criada, em 1.973, o Brasil colhia 35 milhões de toneladas de

grãos em 24 milhões de hectares. Hoje, a estimativa é de 120 milhões de toneladas de

grãos em 47 milhões de hectares, ou seja, enquanto a área plantada dobrou de

tamanho, a produção mais que triplicou.

Hoje, a pesquisa agropecuária ( www.embrapa.br ) tem um papel fundamental na

economia do Brasil. Com contínuos aumentos de produtividade, a pesquisa agrícola

tem colocado à disposição dos produtores, tecnologias que permitem melhorar a

qualidade dos produtos, cada vez mais com um custo menor.

Com sementes melhoradas, a cultura que era restrita a uma região, hoje é plantada

em boa parte do Brasil. O caso mais expressivo é o da soja, planta de clima

temperado que foi adaptada para regiões de baixa latitude. Na busca por “tropicalizar”

a planta, a Embrapa lançou mais de 200 novas variedades de soja.

Olá! Tudo bem? Nesse módulo você vai conhecer a posição da empresa rural como elo integrante de uma cadeia produtiva e seus respectivos envolvimentos com os

segmentos localizados antes e depois da produção.

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Para se ter uma idéia do avanço da biotecnologia ( www.biotecnologia.com.br ), hoje a área plantada com transgênicos gira em torno de 65 milhões de hectares, dos quais 70% nos países ricos. Esse avanço também gera grandes investimentos. Na americana Monsanto, ( www.monsanto.com.br ) a área de biotecnologia representa 60% da receita de US$ 4,5 bilhões. Empresas multinacionais de defensivos agrícolas, como a própria Monsanto e também outras como a alemã Bayer e a suíça Syngenta entraram nesse segmento pesado, pois a cada ano o mercado de agrotóxicos encolhe. No

Figura 1. Taxa de adoção mundial das principais culturas GM em 2002

De acordo com um estudo do BNDES, a produção brasileira de soja pode quase triplicar até 2.020, saltando de 51,5 milhões para 140 milhões de toneladas. Isso só é possível com sementes modificadas. É um caminho sem volta. Por mais protestos que aconteçam, esse tipo de pesquisa não tem mais retorno. Como alimentar no futuro, com técnicas tradicionais de agricultura, uma

população que cresce a cada dia? Figura 2. Adoção mundial de plantas geneticamente odificadas (GM)

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Cinco tecnologias estratégicas para o país

Elas foram fundamentais para aumentar a competitividade do agronegócio brasileiro.

1. Tropicalização da soja. Planta de clima

temperado, a soja

não se dava bem no

Brasil. Graças ao

programa de

melhoramento

genético da soja nos

trópicos, a cultura foi

adaptada a baixas

latitudes. Hoje o país

é o segundo maior

produtor mundial e

líder em exportação

desse grão.

2. Incorporação do cerrado. Um conjunto de

tecnologias, entre as

quais o manejo da

fertilidade do solo e o

plantio direto, permitiu

o desenvolvimento da

agricultura em larga

escala no cerrado, que

representa cerca de

25% do território

brasileiro e é a maior

área agricultável

disponível no planeta.

3. Seleção de plantas forrageiras. O desenvolvimento

de plantas

forrageiras

adaptadas às

condições

brasileiras

possibilitou uma

alimentação de

baixo custo do

rebanho bovino.

Com isso, o Brasil

pode aumentar a

oferta de carne e se

tornar o maior

exportador do

mundo.

4. Produção de álcool da cana. Nos últimos 30

anos, a

produtividade

média da cana no

Brasil aumentou de

48 para 79

toneladas por

hectare. O custo

de produção do

álcool nesse

período caiu de

850 para 200

dólares o metro

cúbico, o que

viabilizou seu uso

como combustível

alternativo ao

petróleo.

5. Produção de celulose de eucalipto. Originário da

Austrália, o

eucalipto chegou

ao Brasil no século

19. Graças a

técnicas

desenvolvidas

aqui, o país produz

madeira para

celulose em sete

anos, um terço do

tempo de nações

concorrentes. A

área plantada

brasileira é a maior

do mundo

Fonte: Anuário Exame 2006-2007

Você concorda comigo que não adianta ter uma genética perfeita se, na hora de plantar, a máquina não coloca a semente na posição certa ! Então lá vai!!! Uma outra linha de pesquisa diz respeito aos equipamentos usados no campo. São

máquinas e implementos cada vez mais sofisticados, utilizando com mais freqüência

sistemas informatizados.

Há dois anos, a idade média de tratores, plantadoras e colheitadeiras no Brasil andava

por volta dos 17 anos. Nos Estados Unidos, os agricultores trocam uma colheitadeira a

cada três anos, em média, e um trator a cada quatro anos.

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Qual é a razão disso? É muito simples.

Máquinas antigas acabam custando muito caro, ou seja, o custo com manutenção

aumenta muito. Calcula-se que no Brasil as colheitadeiras perdiam 10% de sua safra

na hora da colheita. Desenvolvidas para reduzir ao máximo o desperdício de grãos, de

tempo e de combustível, essa nova geração apresenta um índice de perda de apenas

1%.

A tecnologia de ponta é um traço presente em cada operação dessas supermáquinas.

Dotados de computador de bordo, câmbio eletrônico e cabine com ar-condicionado, os

novos modelos de trator regulam o sistema hidráulico de acordo com o esforço

requerido pelo terreno. O plantio tornou-se mais preciso, obedecendo a determinados

espaçamentos, profundidade das covas e quantidade de adubo aplicado. Tudo isso

acaba resultando em produtividade.

Das 500.000 máquinas em uso no Brasil, cerca de 100.000 já foram trocadas. Nos

últimos 13 anos, a área plantada cresceu apenas 12%, ao passo que a produção de

grãos produzidos nesse mesmo período mais do que dobrou. No início dos anos 90,

quando o país produzia 57,8 milhões de toneladas, a produtividade era de 1,5

tonelada por hectare cultivado. Hoje, com uma produção de 116,2 milhões de

toneladas, conseguem-se extrair 2,7 toneladas por hectare plantado, um avanço de

80%. De 2000 para cá, a produção de grãos aumentou 35%.

Quer ver essas máquinas e outras novidades de perto? Visite a Agrishow (www.agrishow.com.br ). Ali você vai ver o que tem de mais moderno em tecnologia agrícola. Administrar uma propriedade é bem diferente do que administrar uma empresa em

qualquer outro setor da economia. O equilíbrio entre a oferta e a demanda da

produção, numa situação que presenciamos queda de preços, não é retomado

simplesmente por uma decisão gerencial. O planejamento da produção, normalmente,

é realizado com meses de antecedência em relação à entrega dos produtos e, neste

período, as condições de mercado podem modificar-se, diminuindo a precisão entre os

objetivos traçados e a produção atingida.

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Vamos tomar como exemplo a cultura do café. Preste atenção... Entre o plantio, onde há o investimento, e a primeira colheita, existe um período. Você não planta café nesse ano e colhe no próximo. Certo? E também, com a produção dessa primeira colheita você não cobre todos custos de investimento, correto?

Em resumo, a preocupação com a produtividade é necessária, mas o setor rural

deverá voltar-se cada vez mais para o consumidor, promovendo mais intensamente a

passagem do conceito de produção para business.

O importante é saber para quem e o que produzir. O “como” produzir está, de certa

forma, resolvido.

A necessidade de sempre procurar fazer melhor a cada dia está no fato de que não

existe mais espaço para os incompetentes. O que se precisa são pessoas que tenham

o conhecimento para realizar as funções certas com as soluções exatas para cada

problema.

Ou seja, o produtor deve estar capitalizado, caso contrário não consegue suprir essa diferença de caixa. Nesse período, entre plantio e colheita, o mercado pode ter mudado e o preço já não estar tão atraente como na época do plantio. Além disso, os problemas climáticos, o grau de perecibilidade dos produtos agrícolas, as pragas e as doenças também contribuem para a instabilidade da produção, já que os recursos tecnológicos existentes não resolvem totalmente os problemas e não estão disponíveis para todos os produtores. As operações que ocorrem no interior de uma empresa rural são, normalmente, influenciadas por agentes localizados fora das porteiras das fazendas, como as decisões que acontecem no setor de insumos, de bens de produção agrícola e, principalmente, pela postura dos diversos agentes da comercialização. Estas decisões, muitas vezes, agravam os excedentes de produção, derrubam os preços e desmotivam os

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Empresário Rural

Você já deve ter presenciado a seguinte situação. Propriedades rurais bem sucedidas funcionando como uma verdadeira empresa,

enquanto outras, até geograficamente próximas, não conseguem acertar-se.

Como você explicaria o êxito de algumas empresas e o fracasso de outras? A resposta encontra-se muitas vezes na forma de administração, na maneira de

planejar e conduzir a atividade escolhida.

Os produtores enfrentam enormes problemas decorrentes da falta de uma política agrícola racional e coerente, principalmente no que se refere à política de financiamentos, preços e comercialização da safra; todavia, muitos outros problemas existentes podem ser contornados, ou mesmo evitados, através do emprego de algumas técnicas administrativas, como, por exemplo, um controle mais rígido de suas contas. Um bom gerenciamento da propriedade rural identifica os aspectos ineficientes da atividade ao mesmo tempo que proporciona condições de corrigi-los. Administrar é procurar obter o maior rendimento possível com os fatores de produção disponíveis. E esses objetivos deverão ser obtidos, justamente, por meio de formas de comando e controles da execução de planos e de diretrizes previamente traçadas. A principal função do administrador é analisar e interpretar as informações que possui em mãos para a correta tomada de decisões sobre o futuro da empresa. O empresário rural deve ser uma pessoal “antenada” com o mundo.

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Além de conhecer os processos de produção e as técnicas de gerenciamento, ele

precisa estar por dentro dos últimos desenvolvimentos tecnológicos, os recentes

lançamentos de sementes melhoradas, os defensivos químicos e biológicos mais

eficazes e mais seletivos, as vantagens da irrigação, a relação custo-benefício desse

sistema, etc.

É indispensável, antes de iniciar-se a produção, estabelecer uma estratégia de

comercialização, conhecer os mercados, os canais de distribuição, as tendências

futuras e como ele e sua produção poderão encaixar-se numa nova situação.

Além de tudo isso, cabe a ele uma tarefa que poucos conseguem realizar com

eficiência.

É identificar uma boa oportunidade de mercado, analisá-la e determinar o momento

certo de explorá-la.

Reconhece-se que não é nada fácil um produtor preencher todos esses requisitos, e

ainda por cima possuir um pensamento lógico e claro aliado à capacidade de agir com

rapidez quando essas situações aparecem; entretanto, são essas características que

fazem a diferença e indicam o caminho dos produtores bem-sucedidos.

Que qualificações você acredita que um empreendedor rural deve ter? Eu selecionei três qualificações que acredito são fundamentais para desempenhar

com êxito as suas funções:

Habilitação técnica: É aquela que envolve métodos de trabalho, processos,

manejos, procedimentos e técnicas. Por exemplo, é a capacidade de saber plantar

com a melhor técnica uma determinada lavoura ou criar um determinado animal da

melhor maneira possível.

Habilitação humana ou gerencial: É aquela que permite ao produtor

empreendedor trabalhar seu relacionamento com toda a sua equipe de trabalho. É

saber mandar, delegar, controlar, cobrar, convencer, ouvir ensinar as pessoas

relacionadas com a sua atividade.

Habilitação conceitual: É por meio dela que o empreendedor rural avalia as suas

atividades como um todo. É a que dá a capacidade de avaliar e decidir sobre as

técnicas, o pessoal e o valor investido na atividade. É a capacidade de realmente

gerenciar e analisar suas atividades produtivas.

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Não basta ser patrão. Quem será essa pessoa? Você !!! O Líder é aquele indivíduo que consegue influenciar positivamente os pensamentos e

atos dos outros, por meio de suas idéias, atitudes e comportamento. Ele é um exemplo

a ser seguido, por suas características talentosas e de sucesso.

A Liderança são as ações surgidas dentro de um grupo que são controladas e

dirigidas em nome do bem comum. A liderança é um processo de relacionamento

pessoal, no qual buscamos influenciar o comportamento dos outros para alcançar

alguns objetivos com sucesso.

Participando de treinamentos, você adquire as ferramentas necessárias onde pode

melhorar seu grau de influência sobre as pessoas.

Ser um líder e exercer boa liderança é extremamente importante para o administrador

rural, pois o sucesso da empresa depende, e muito do trabalho em grupo.

Veja agora quais são as principais funções e ações que o líder deve exercer:

Ter competência técnica Ser trabalhador

Saber o que está fazendo Garantir o que promete

Estar sempre atualizado Falar a verdade

Ser modesto e sincero Ser e parecer honesto

Ser prestativo Saber falar e ouvir

Ser acessível Saber orientar e instruir

Ser um exemplo

Para que possamos dar continuidade aos estudos, é importante que você aprenda

alguns conceitos básicos sobre agricultura e pecuária.

Você tem que influenciar, fazer o colaborador se envolver com o seu negócio, fazer com que ele tenha prazer no que está fazendo e não apenas pelo salário no final do mês. Para que isso aconteça, é importante ter alguém com capacidade de unir essas pessoas em torno de um ideal.

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AGRICULTURA

Podemos definir Agricultura como a arte de

cultivar a terra para a satisfação de suas

necessidades básicas.

Operações agrícolas

São as fases necessárias do processo produtivo,

de acordo com o tipo de cultura. Essa separação

traz diversos benefícios à administração, por

exemplo: na programação e distribuição de

tarefas do pessoal e máquinas; possibilita medir

o desempenho e comparar com outras áreas;

identificar os custos de cada operação de acordo com sua relevância em termos de

valor.

Podemos destacar, como etapas das operações agrícolas:

Preparo do solo – entende-se por destoca (desmatamento), limpeza, correção do

solo (aplicação de calcário), gradeação, subsolagem, aração, conservação,

sistematização de solo e drenagem.

Plantio – sulcação, adubação básica, coveamento, alinhamento, confecção de

canteiro, distribuição de mudas, seleção, desinfecção de mudas, plantio, replantio,

transporte de mudas e sementes.

Tratos Culturais – adubação de cova ou sulco, adubação de solo, adubo foliar e

cobertura, tratamento fitossanitário (controle de formiga, tratamento do solo, de

semente), Irrigação, cultivo manual

(coroamento, capina, roçada e limpeza),

Cultivo mecânico (gradeação, roçada

mecânica, aração e limpeza mecânica),

cultivo químico (aplicação de herbicidas).

Colheita – colheita, transporte até o

ponto de carga, embalagem

(saco/caixas/barbante), carregamento de

caminhão e transporte da produção até

os silos ou até a fábrica para os produtos perecíveis.

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CICLO DAS CULTURAS

O ciclo da cultura é a principal característica genealógica da planta, é o tempo de vida

produtiva, a contar da data em que se coloca a semente ou a muda no solo até a data

da última colheita em nível comercial. Com base no ciclo da cultura iremos definir a

fórmula de acumulação e apresentação dos custos, conseqüentemente o tratamento

contábil.

A ciência agronômica define três ciclos para as culturas: temporário, semipermanente

e permanente.

Culturas temporárias – são cultivos cujo ciclo é de no máximo um ano e se

caracteriza somente por uma colheita, por exemplo: soja, trigo, arroz.

Culturas semipermanentes – são cultivos cujo ciclo de produção e menor que 10

anos, entre o plantio e a última colheita, por exemplo: cana-de-açúcar.

Culturas permanentes – são cultivos cujo ciclo de produção é de longo prazo,

considerando o tempo necessário para a formação do viveiro, formação e manutenção

da planta e colheita. Por exemplo: café, laranja.

COEFICIENTES TÉCNICOS

Coeficientes técnicos são índices que determinam o tempo necessário para realizar

certa operação, em um hectare, expressa em hora-homem, hora-máquina, quantidade

de insumos, etc.

Quanto se trata de materiais, os índices são expressos em unidades, ou seja, quilos,

litros, metros, plantas por hectare, etc.

PECUÁRIA

Podemos definir Pecuária como a arte de criar e tratar o gado. A pecuária cuida de

animais geralmente criados no campo para abate, consumo doméstico, serviços na

lavoura, reprodução, leite, para fins industriais e comerciais.

SISTEMA DE PRODUÇÃO Podemos definir três sistemas de produção: a pecuária extensiva, a intensiva e a

semi-intensiva.

Na pecuária extensiva, os animais são mantidos em pastos nativos, sem alimentação

suplementar (ração, silagem, etc.). Esses animais ocupam grande área de terra, cujo

rendimento é normalmente baixo.

Na pecuária intensiva, os animais são criados em pequena área, com o objetivo de

conseguir bons rendimentos (ganho de peso) e maior rentabilidade, buscando o

aprimoramento técnico, e sua venda é realizada em período de escassez de mercado.

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O sistema semi-intensivo está sendo muito divulgado e aplicado. Por meio dele se

consegue alta produtividade por hectare e aumento da capacidade de cab/hectare,

mantendo o gado no pasto com elevado ganho de peso. A tecnologia usada para esse

sistema baseia-se na implantação de cerca elétrica e adubação constante do capim e

irrigação em período de seca.

CÁLCULO DE UNIDADE-PADRÃO ANIMAL A fim de facilitar o rateio dos custos indiretos, é preciso transformar os animais de

diferentes categorias em uma unidade-padrão.

Essas unidades podem variar de acordo com a região ou a raça do animal.

TABELA DE UNIDADE ANIMAL

Pecuária

Ovinos

Eqüinos

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Exemplo: transformar em unidade animal:

CLASSIFICAÇÃO DO REBANHO EM CATEGORIAS Para facilitar nosso trabalho, dividimos o rebanho nas seguintes categorias:

A) Bezerro - O recém-nascido da vaca. Para fins contábeis, considera-se bezerro de

zero a 12 meses de idade.

B) Novilha - Por ocasião do desmame, geralmente o até então bezerro passa a ser

denominado garrote, e a bezerra, novilha. Para fins contábeis, considera-se novilha de

13 meses até a primeira parição.

C) Garrote - Estágio do desmame ao abate. Para fins contábeis, considera-se garrote

de 13 meses até o abate.

D)Tourinho - Macho inteiro desde a desmama até a entrada na reprodução.

E) Vaca - Após a primeira parição, a novilha passa para a categoria de vaca.

F) Touro - A idade para início do trabalho (tourinho passa para a categoria de touro)

deve ser em torno de dois a três anos e recomenda-se que a permanência no rebanho

não ultrapasse a faixa de três a quatro anos. Para fins contábeis, considera-se que o

garrote, de 25 a 35 meses, em experimentação, apresentando bom desempenho,

passará para a categoria de touro.

G) Boi de trabalho - Bovino adulto, castro e manso, pode ser empregado nos serviços

agrícolas.

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ÍNDICE DE DESEMPENHO ANIMAL

Veja agora, alguns dos principais índices usados pelos pecuaristas.

Índice de Fertilidade

É a relação do número de fêmeas em cobertura que após determinado período

ficaram prenhas, ou seja:

Este cálculo só será possível quando se praticar o diagnóstico precoce da gestação.

Índice de Fecundidade Mede-se o resultado das fêmeas em cobertura, quantas conseguiram parir bezerros

vivos ou não.

Índice de Natalidade É a relação do número de bezerros nascidos num determinado período por matrizes

em produção. A unidade de produção, fazendo um bom manejo, poderá obter boas

taxas, podendo chegar até 80%. Para isso é necessário fazer a cobertura na época

certa, e através da sensibilidade do capataz na operação de “palpação”, perceber as

matrizes que não ficaram prenhas.

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Taxa de Mortalidade

É a relação dos animais mortos por acidentes e doenças sobre o total do plantel da

mesma raça.

Índice de Mortalidade Intra-Uterina

Representa o índice de perdas de animais que foram abortados, reabsorvidos ou

natimortos, ou seja:

Índice de Desmame

Representa os bezerros (as) nascidos vivos, quantos foram desmamados, ou seja:

Índice de Descartes

Este índice mostra o percentual de animais que foram descartados por motivos

diversos. Deixaram de ser matrizes (vaca) ou reprodutores (touro), ora selecionados

após os 12 meses até 8 anos de idade. Em seguida foram vendidos ou sacrificados.

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Índice de Rendimento

Total dos animais vendido (peso-vivo) em relação a carcaça (peso-morto), ou seja:

Taxa de Desfrute

Esse indicador mostra a capacidade do rebanho de gerar excedente para venda

(abate).

Densidade

É uma forma de avaliar o rendimento por unidade de área em relação aos animais

existentes no pasto, de acordo com a situação da pastagem.

A média do Estado de SP é de 1,2 cabeça/hectare (IEA).

Taxa de Crescimento Este índice identifica o aumento anual do rebanho.

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RECURSOS DE PRODUÇÃO

A empresa rural deve ser encarada como uma organização, que tem por finalidade

atingir seus objetivos, como por exemplo, a obtenção de lucro.

Para alcançar esses objetivos, a empresa utilizá-se de recursos, que no setor

agropecuário são basicamente terra, capital e trabalho.

A terra é um dos pontos básicos na produção agropecuária, porque é nela que se

desenvolve todo o processo biológico das culturas e criações. Assim, é fundamental o

conhecimento de suas qualidades químicas, físicas e biológicas.

O capital constitui o meio de pagamento para a obtenção de todos os demais recursos

ou fatores de produção (benfeitorias, máquinas, sementes, fertilizantes, etc.) que,

juntamente com a terra e o trabalho, permitirá a transformação desses recursos em

produtos.

O trabalho representa o esforço físico e/ou intelectual do homem sobre os demais

fatores de produção, possibilitando dessa forma que se atinjam os objetivos

empresariais.

Para a empresa sobreviver ela precisa produzir. Produzindo, ela deve distribuir seus

produtos aos consumidores, ou seja, ela precisa comercializar, só assim terá de volta

o capital investido na produção.

Para todo esse processo, a empresa utiliza uma série de estratégias, dando origem

dessa forma a quatro áreas funcionais bem distintas – produção, recursos humanos,

finanças e comercialização.

1) ÁREA DE PRODUÇÃO

Está relacionada a utilização de recursos físicos e podemos classificar esses recursos

em: de transformação e de utilização. Recursos de transformação são recursos que

participam do processo produtivo, mas não são incorporados ao produto final. Por

exemplo, terra, máquinas, equipamentos, instalações físicas e outros. Recursos de

utilização são aqueles aplicados ao processo produtivo e incorporados ao produto

final, tais como sementes, fertilizantes, corretivos, defensivos, alimentos,

medicamentos, serviços, etc.

Algumas considerações sobre os fatores de produção terra e capital serão feitas a

seguir, destacando suas características e alguns aspectos a serem observados pelo

empresário rural.

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A TERRA COMO FATOR DE PRODUÇÃO

A terra constitui um dos principais fatores de produção, pois é nela que se desenvolve

todo o processo natural de crescimento das plantas e agem os demais fatores de

produção (capital, trabalho) no sentido da obtenção de produtos. Além disso, é o

suporte para todas as atividades de produção animal. A terra precisa ser

cuidadosamente estudada em seus diversos aspectos, em especial nos seguintes

pontos:

CARACTERÍSTICAS GERAIS

Para se definir qual é a cultura mais apropriada ao solo, características como tipo de

solo, acidez, fertilidade, textura e profundidade devem ser bem conhecidas. Através de

uma boa analise de solo você terá todos esses dados para definir qual é o corretivo e

a adubação mais adequada.

DECLIVIDADE E EROSÃO

A erosão deve ser uma constante preocupação do empresário rural. É necessário

conhecer qual o grau de declividade da terra, pois, dependendo da inclinação do

terreno, a implantação de cultivos anuais favorece a erosão, provocando um rápido

desgaste do solo e inviabilizando-o para atividades agrícolas. As culturas anuais

devem ser limitadas, tanto quanto possível, às melhores áreas da empresa. As regiões

de maior declive e os pontos erodidos ou sujeitos à erosão devem ser mantidos com

pastagens, culturas permanentes ou matas. O uso intensivo do solo e o desrespeito às

normas conservacionistas provocam o processo de destruição, que pode levar à

criação de desertos, como já se vê em muitos locais. O uso adequado do solo,

portanto, é fundamental, pois controla a erosão, permite a obtenção de melhores

rendimentos e, conseqüentemente, de melhores resultados econômicos.

INSTALAÇÕES OU BENFEITORIAS

São todas as construções e melhoramentos existentes na empresa.As benfeitorias

representam um alto investimento e portanto precisam ser bem planejadas e

construídas. Uma vez instaladas, não podem ser deslocadas, e por isso seu local de

construção deve ser bem escolhido. Uma instalação rural mal localizada onera

consideravelmente os custos de produção, pois pode aumentar as despesas de

transporte, mão-de-obra, além de impossibilitar o aproveitamento de resíduos. Outro

aspecto relevante é a funcionalidade: a benfeitoria não precisa (e nem deve) ser

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luxuosa, mas tem de ser funcional, prática, de acordo com o propósito para o qual foi

construída. Com isso, elimina-se a necessidade de adaptação e, conseqüentemente,

de custos adicionais. Na escolha da área para a construção de qualquer benfeitoria ou

instalação, deve-se sempre prever uma eventual ampliação, pois a empresa que é

bem administrada apresenta grandes possibilidades de crescimento.

ANIMAIS DE PRODUÇÃO

São os rebanhos produtivos que fornecem tanto o bem final (leite, carne, ovos, etc.)

como as matérias-primas para o produto final (leite para fabricação de queijo, couro e

peles para a indústria, etc.)

O rendimento dos animais de produção relaciona-se basicamente a três aspectos

fundamentais: genético, de manejo e de alimentação – que precisam ser considerados

conjuntamente, pois um depende do outro. De nada adiantará, por exemplo, um bom

manejo e uma boa alimentação se a raça dos animais não for boa.

A produtividade também é responsável, na maioria das vezes, pelo valor atribuído aos

animais de produção. O empresário rural deve conhecer os índices técnicos desses

animais, para melhor identificar seus desempenhos e utilizá-los adequadamente no

planejamento da empresa. Alguns dos índices são: produtividade, taxa de mortalidade,

idade de abate, etc.

Assim, torna-se

necessária a adoção

de um sistema de

controle adaptado às

condições da empresa.

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

São instrumentos que facilitam o trabalho na empresa rural. E como freqüentemente

exigem altos investimentos, o empresário precisa estar atento a alguns pontos. Por

exemplo, adquirir a máquina certa para o serviço certo, ou seja, a máquina ou

equipamento deve estar de acordo com os serviços que serão realizados.

A máquina mais potente que o necessário, por ser cara, onera os custos, e a de menor

potência também, pois estará trabalhando acima de sua capacidade de produção,

aumentando os gastos de manutenção e, conseqüentemente, reduzindo seu período

de vida útil. É de grande utilidade, também, o planejamento do uso das máquinas e

equipamentos, bem como um controle das despesas. Esses controles são simples e,

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além de manter máquinas e equipamentos sempre prontos para o uso, ainda permitem

controlar seus operadores.

É sempre importante fazer uma análise entre comprar, substituir ou alugar uma

máquina ou implemento. Se os gastos para sua aquisição representarem custos mais

altos que os de aluguel, vale a pena alugar. Caso contrário, não.

Toda máquina exige que seu operador seja bem treinado, uma vez que o rendimento

dela está diretamente associado às possibilidades de seu condutor. Manutenção e

conservação são requisitos fundamentais na administração de máquinas e

equipamentos agrícolas. É necessário, portanto, que o operador saiba que seu

rendimento e, principalmente, sua durabilidade dependem desses itens. Devem ser

usadas fichas simples de controle e minuciosamente observados os manuais de

instrução.

INSUMOS

São bens materiais que podem ser adquiridos (sal mineral, vacinas, adubos, etc.) ou

produzidos na empresa (sementes, milho para ração, etc.). De um modo geral, os

insumos tem grande participação nos custos de produção, exigindo atenção especial

em seu planejamento e controle.

É necessário que se faça uma análise das vantagens de se armazenar ou não

insumos. A estocagem exige investimento em construções, muitas vezes caras, e,

dependendo do tipo de produto estocado, pode haver perdas provocadas por

apodrecimento, ataque de roedores, insetos, etc. Entretanto, a estocagem permite a

compra em maior volume, o que normalmente significa preços menores.

Deve-se levar em conta também o controle de estoques por meio de fichas próprias,

para se evitar a falta de insumos no momento de seu uso, compras apressadas, sem

consultas e pesquisas de preços, excesso de determinados insumos e inversões

desnecessárias de capital. Além do mais, essas fichas permitem verificar o custo dos

insumos usados, facilitando os cálculos para a análise dos custos de produção.

2) ÁREA DE RECURSOS HUMANOS

RECURSOS HUMANOS COMO FATOR DE PRODUÇÃO

Essa área está relacionada a todas as pessoas que ingressam, permanecem ou

participam da empresa e que promovem seu funcionamento, independentemente de

posições, cargos ou tarefas. Constitui a chamado recurso vivo e dinâmico da empresa,

dotado de uma vocação dirigida para o crescimento e desenvolvimento, e capaz de

manipular e colocar em ação os demais recursos, que são estáticos e inertes por si.

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Por exemplo, um moderno trator executará tarefas de baixa qualidade caso seja

operado por uma pessoa não capacitada.

Pode-se definir trabalho como esforço físico ou intelectual dispêndido pelo homem na

execução de uma determinada tarefa. A mão-de-obra, responsável pela execução das

tarefas, é o único fator de produção capaz de auto-evoluir e promover acréscimos

qualitativos e quantitativos às operações das empresas, sem se alterar

quantitativamente. As tarefas, no setor rural, são as mais variadas possíveis, e o

empresário precisa estar alerta para alguns aspectos relacionados aos recursos

humanos em sua empresa.

É necessário conhecer o número de trabalhadores disponíveis para executar todos os

serviços existentes na empresa rural, levando-se em conta pessoas da família,

empregados permanentes e temporários.

Deve-se conhecer a quantidade de mão-de-obra que vai ser utilizada por período de

tempo, determinando-se as épocas de maior ou menor demanda. Conhecendo-se

esses períodos, pode-se determinar os níveis de ociosidade da mão-de-obra. Isso

ocorre porque diferentes culturas tem fases de exigência de mão-de-obra que variam

durante o ano, em função de seu caráter biológico.

A qualidade da mão-de-obra é medida pelo conhecimento que o trabalhador dispõe

sobre as tarefas que lhe são atribuídas e pela sua habilidade em executá-las. Se os

trabalhadores não tem habilidades e conhecimentos sobre as tarefas, é importante

montar um programa de treinamento. A produção agropecuária exige, na maioria das

vezes, altos investimentos em máquinas e equipamentos e, para se obter maior

retorno, os operadores devem receber um treinamento adequado.

Para uma boa administração da área de pessoal, além dos pontos já levantados, é

necessário reafirmar e apontar alguns aspectos imprescindíveis que deverão ser

observados pelo empresário rural:

Planejamento da mão-de-obra – é a cuidadosa previsão das necessidades de

mão-de-obra relacionadas à rotina normal de trabalho e às metas de expansão da

empresa, de forma a se obter o pessoal disponível nas épocas e quantidades

solicitadas.

Seleção e recrutamento de pessoal – é a admissão de pessoas através de uma

seleção cuidadosa, baseada em exigências de qualificações bem determinadas, de

acordo com o tipo de trabalho e as habilidades necessárias para um bom

desempenho.

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23

Legislação de pessoal – é a observância da Legislação Trabalhista Rural, através

do registro do empregado, assinatura da Carteira de Trabalho, pagamento de todos os

direitos (salários, férias, 13O., horas extras, etc.), comprovados por recibo, de forma a

assegurar a necessária tranqüilidade à empresa quanto aos direitos e deveres do

empregado.

Controle de pessoal – é o constante acompanhamento e avaliação de

desempenho do pessoal, de forma a evidenciar seus pontos fortes e fracos e introduzir

correções que possam aumentar a eficiência, bem como das quantidades utilizadas

em cada atividade.

Administração de salários – é o estabelecimento de uma política salarial que

recompense as diferentes posições ou níveis dentro da empresa, que requerem menor

e maior julgamento, bom senso e responsabilidade, de forma a proporcionar uma

motivação significativa para melhorar as habilidades e os progressos de cada

trabalhador.

Treinamento e desenvolvimento – é o aprimoramento das habilidades do

trabalhador por meio de treinamento específico, a fim de se conseguir maior

desempenho.

Benefícios extra-salariais – é um dos principais aspectos para a motivação do

empregado. Estão representados por higiene e segurança do trabalho, benefícios

sociais, condições físicas de trabalho, o clima de relacionamento entre o individuo e

seu chefe, etc., de forma a fazer com que a satisfação no trabalho seja encontrada.

3) ÁREA DE FINANÇAS

Trata-se da previsão dos recursos monetários necessários à aquisição ou obtenção de

insumos, serviços, equipamentos e demais recursos ou fatores para a produção e

comercialização de produtos agropecuários, de forma a atender aos objetivos da

empresa.

A área de finanças da empresa rural diz respeito basicamente a receitas e despesas,

investimentos e financiamentos.

RECEITAS

São as entradas de dinheiros na empresa, durante um determinado período, oriundo

da venda de produtos agropecuários e de subprodutos das atividades (esterco, palhas,

etc.), da prestação de serviços (aluguel de máquinas e implementos), do

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arrendamento de terra e ainda da aplicação de recursos financeiros temporariamente

ociosos no mercado de capitais (receitas financeiras).

O total de receita apurado pela empresa durante o período estabelecido pode ser

utilizado como um indicador de seu desempenho quando comparado com empresas

semelhantes.

Devido ao caráter biológico e à sazonalidade (dependências das estações do ano)

inerente ao setor agropecuário, a maioria das atividades não permite que se obtenham

receitas contínuas no decorrer do ano, como ocorre com as explorações agrícolas de

um modo geral (milho, café, etc). Entretanto, outras atividades, como a pecuária

leiteira, produzem receitas contínuas. Dessa forma, é necessário que o empresário

rural faça uma criteriosa previsão de todas as receitas possíveis durante os diversos

meses do ano, que, conjugada com as necessidades de gastos do processo produtivo,

determinará as épocas de maior ou menor necessidade financeira.

DESPESAS São todos os gastos de recursos, durante um determinado período de tempo, para aquisição e obtenção dos fatores de produção e comercialização (insumos, serviços, embalagens, etc.) Ao contrário do que ocorre com as receitas, as despesas do setor agropecuário acontecem, via de regra, desde o início do processo produtivo até a comercialização do produto final. Na pecuária leiteira, por exemplo, são feitas despesas diariamente com serviços e insumos, enquanto na cultura de milho as despesas concentram-se apenas em um determinado período. Por constituírem componentes dos custos de produção, transportes, armazenamentos e comercialização, as despesas devem ser uma constante preocupação do empresário rural. A fim de permitir informações como quantidades físicas e valores dispendidos com os fatores de produção, deve ser adotado, nesse caso, um sistema de controle de gastos.

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INVESTIMENTO São gastos para a obtenção de recursos necessários as atividades agropecuárias cuja

utilização ultrapasse um ciclo produtivo, isto é, os recursos são utilizados por mais de

um período de produção. Como exemplos de investimentos, tem-se a aquisição de

máquinas, equipamentos, rebanhos produtivos e animais de trabalho; a construção de

estábulos, silos, galpões ou terreiros; a realização de melhoramentos (açudes, canais

de irrigação, sistemas de controle de erosão, instalações elétricas e hidráulicas); e a

implantação de novas atividades, como culturas permanentes, pastagens, etc.

Os recursos para investimentos poderão ser obtidos por intermédio de duas fontes:

recursos próprios, provenientes dos resultados favoráveis das atividades

agropecuárias, e de financiamentos, procedentes de fontes externas à empresa.

4) ÁREA DE COMERCIALIZAÇÃO E MARKETING Essa área está diretamente relacionada com o cliente ou o consumidor dos produtos

da empresa rural. Trata-se de um setor essencial, pois todas as ações das empresas

devem ter como propósito atingir o consumidor.

É necessário que se saiba como e onde colocar o produto, quais os melhores canais

de distribuição, bem como os pontos de venda.

Dois aspectos importantes nessa área devem ser observados pelo empresário rural: a

pesquisa e análise de mercado e os canais de comercialização.

PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO Consiste na busca constante de informações de preços de produtos nos principais

pontos de consumo do país e na própria região onde se localiza a empresa rural. Para

isso, o empresário conta com informes de instituições governamentais, bem como

informações diárias nos jornais, fornecidas por bolsas de mercadorias.

Dados como esses permitem observar as variações e tendências de preços de

diversos produtos agropecuários, facilitando as tomadas de decisões do empresário

no sentido de melhor comercializar sua produção.

CANAIS DE COMERCIALIZAÇÃO São os diversos caminhos que os produtos percorrem até atingir o consumidor. Certos

produtos, devido à sua maior perecibilidade, exigem mais agilidade de comercialização

ou devem ser armazenados convenientemente, o que quase sempre acarreta altos

investimentos. Todavia, alguns produtos menos perecíveis podem percorrer um

caminho mais longo entre a empresa e o consumidor final.

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O atacadista é aquele que adquire um volume maior de produção, muitas vezes

buscando-a na própria empresa e transferindo-a para os varejistas. Esses, por sua

vez, levam a produção ao consumidor final.

Ambos são considerados intermediários no processo de comercialização, às vezes

mal vistos pelo produtor, porém assumindo funções importantes no processo, como

transporte, armazenamento, seleção e classificação, beneficiamento e distribuição

durante todo o ano.

O preço pago pelo consumidor final acaba sendo maior que o preço recebido pelo

produtor em virtude das diversas funções exercidas pelos intermediários. Essa

diferença corresponde ao pagamento dessas atividades, o que muitas vezes pressiona

o preço do produtor para baixo e, no outro extremo, eleva o preço pago pelo

consumidor. A opção da empresa entre vender diretamente ao consumidor final ou

usar intermediários depende de uma análise de sua estrutura e dos recursos

disponíveis.

Uma das maneiras de a empresa rural se aproximar do consumidor final é o

associativismo com outros produtores, seja através de grupos informais (grupos de

compra e venda), seja através de cooperativas. A venda direta em feiras livres

também é uma alternativa de aproximação com o consumidor.

A boa comercialização é parte integrante do êxito da empresa. Entretanto, o

empresário rural deverá se preocupar igualmente com todas as áreas empresariais,

dando igual importância a cada uma delas, pois só se obtêm resultados satisfatórios

quando se administra a empresa como um todo.

Com um clima diversificado, chuvas regulares, energia solar abundante e quase 13%

de toda a água doce disponível no planeta, podemos dizer que o agronégocio

brasileiro (www.abag.com.br ) é uma atividade próspera, eficiente e competitiva.

Só para você ter uma idéia, hoje temos no Brasil mais de 380 milhões de hectares de

terras agricultáveis. Desse valor, 90 milhões de hectares ainda estão para ser

explorados. Podemos concluir que, o Brasil pode aumentar em, no mínimo, três vezes

sua atual produção de grãos, saltando dos atuais 123,2 milhões para 367,2 milhões de

toneladas.

O desempenho da agropecuária brasileira é incomparável. Nenhum outro país do

mundo teve um crescimento tão expressivo quanto o Brasil nos últimos anos. A safra

de grãos, por exemplo, saltou de 57,8 milhões de toneladas para 123,2 milhões de

toneladas entre as safras 1990/1991 e 2002/2003.

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Nesse período, a evolução da pecuária também foi invejável, com destaque para a

avicultura, cuja produção aumentou 234% - ou incríveis 16,7% ao ano -, passando de

2,3 milhões para 7,8 milhões de toneladas. Não é por acaso, portanto, que o setor,

dono de uma alta produtividade, excelente nível sanitário e alta tecnologia, tem atraído

cada vez mais investimentos internacionais nos últimos anos.

Hoje, o agronegócio é a principal locomotiva da economia brasileira. Responde por

33% do PIB (Produto Interno Bruto), 42% das exportações e 37% dos empregos

brasileiros.

Nos últimos anos, poucos países tiveram um crescimento tão expressivo no comércio

internacional do agronegócio quanto o Brasil. Os números comprovam: em 1993, as

exportações do setor eram de US$ 15,94 bilhões, com um superávit de US$ 11,7

bilhões. Em dez anos, o país dobrou o faturamento com as vendas externas de

produtos agropecuários e teve um crescimento superior a 100% no saldo comercial.

Analistas prevêem que na próxima década, o Brasil deverá ser o maior produtor

mundial de alimentos.

Entre os principais líderes mundiais na produção e exportação de vários produtos

agropecuários, podemos citar que é o primeiro produtor e exportador de café, açúcar,

álcool e sucos de frutas. Lidera o ranking das vendas externas de soja, carne bovina,

carne de frango, tabaco, couro e calçados de couro.

De acordo com projeções, o Brasil também deverá ser num curto espaço de tempo, o

principal pólo mundial de produção de algodão e biocombustíveis, feitos a partir de

cana-de-açúcar e óleos vegetais.

O bom desempenho das exportações do setor e a oferta crescente de empregos na

cadeia produtiva não podem ser atribuídos apenas à vocação agropecuária brasileira.

Como falamos no módulo passado, a pesquisa cientifica e a modernização das

máquinas contribuíram fundamentalmente nestes resultados.

É evidente, também, que o clima privilegiado, o solo fértil, a disponibilidade de água e

a inigualável biodiversidade, além da mão-de-obra qualificada, dão ao Brasil uma

condição singular para o desenvolvimento da agropecuária e de todas as demais

atividades relacionadas ao agronegócio.

Com uma população superior a 170 milhões, o Brasil tem um dos maiores mercados

consumidores do mundo. Hoje, cerca de 80% da produção brasileira de alimentos é

consumida internamente e apenas 20% são embarcados para mais de 209 países. Em

2003, o Brasil vendeu mais de 1.800 diferentes produtos para mercados estrangeiros.

Além dos importadores tradicionais, como Europa, Estados Unidos e os países do

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Mercosul (Argentina, Uruguai e Paraguai), o Brasil tem ampliado as vendas dos

produtos do seu agronegócio aos mercados da Ásia, Oriente Médio e África.

1- Numere a coluna á direita com os conceitos referentes aos substantivos da coluna

da esquerda.

1- Culturas temporárias

2- Culturas semipermanentes

3- Habilitação técnica

4- Habilitação humana ou gerencial

5- Habilitação conceitual

6- Tratos Culturais

7- Novilha

8- Garrote

9- Tourinho

Veja o Gabarito no final da Apostila

( ) São cultivos cujo ciclo é de no máximo um ano e se caracteriza somente por uma colheita, por exemplo: soja, trigo, arroz. ( ) Estágio do desmame ao abate. Para fins contábeis, considera-se garrote de 13 meses até o abate. ( ) É aquela que permite ao produtor empreendedor trabalhar seu relacionamento com toda a sua equipe de trabalho. ( ) São cultivos cujo ciclo de produção e menor que 10 anos, entre o plantio e a última colheita, por exemplo: cana-de-açúcar. ( ) Adubação de cova ou sulco, adubação de solo, adubo foliar e cobertura, tratamento fitossanitário, Irrigação, cultivo manual, Cultivo mecânico, cultivo químico. ( ) É a que dá a capacidade de avaliar e decidir sobre as técnicas, o pessoal e o valor investido na atividade. ( ) Para fins contábeis, considera-se novilha de 13 meses até a primeira parição. ( ) Macho inteiro desde a desmama até a entrada na reprodução. ( ) É aquela que envolve métodos de trabalho,

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MÓDULO II – CONTROLES GERENCIAIS

As dificuldades da agricultura resumem-se em dois grupos de problemas:

Externos - são aqueles que não dependem da atuação direta do administrador. Ex:

clima, pragas, política de preços, etc...

Internos: são aqueles fatores que dependem da ação direta do administrador. Ex:

metodologia de trabalho inadequada, controles ineficientes, baixos rendimentos

operacionais, custos elevados, etc...

É sobre os problemas internos que vamos falar agora.

Compete a administração buscar o máximo de eficiência, tendo como premissa o

aumento de produtividade e a redução de custos.

Atinge-se esta premissa, adotando tecnologia e administrando de forma eficaz.Para

administrar de forma eficaz torna-se necessário: planejar, supervisionar, controlar,

analisar e agir em tempo hábil, tornando-se fundamental conhecer os rendimentos

padrões e os obtidos por operação.

Somente através de um Sistema De Controle Operacional, simples e objetivo, o

administrador terá os rendimentos obtidos, permitindo assim realizar todas as etapas

que compreendem a administração.Deverá ainda determinar os rendimentos padrões

de cada operação e buscar esta meta.

Este Sistema De Controle Operacional, deve controlar diariamente por operação, local,

área ou no. de plantas e a quantidade de recursos utilizados (insumos, mão-de-obra e

horas-máquina). Se controlarmos bem a utilização destes recursos, comprando os

Muitas decisões são tomadas diariamente e, para isso, precisa-se de um bom sistema de controle. Neste módulo, vou apresentar para você esse sistema,que consiste em um conjunto de informações que possibilitarão decisões corretas, como qual cultura plantar, quais os custos de produção e rentabilidade das culturas. Você saberá como calcular a mão-de-obra, horas máquinas, controle de insumos, cálculo de adubação e calagem.

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mesmos por preços justos e obtendo o máximo de produtividade, certamente teremos

custos menores.

A base para um bom sistema de controle operacional deve ser:

Simples – fácil preenchimento de apontamento

Preciso – informe corretamente os resultados

Objetivo – permita a análise conclusiva

Você tomará a decisão correta, se os dados levantados no campo estiverem corretos.

De nada adianta ter todo um sistema sofisticado para apuração de custos se a base

de dados não for confiável.

Para que se tenha sucesso nessa tarefa, é fundamental que as pessoas nela

envolvidas estejam comprometidas com o processo e que sejam corretamente

treinadas e orientadas. Para atingir esse objetivo, comprometimento, treinamento e

orientação é fundamental.

Quando falamos em comprometimento, é necessário mostrar ao funcionário envolvido

a importância da tarefa que ele está executando e, principalmente, os benefícios

alcançados.

É interessante também, mostrar periodicamente, algum resultado do esforço que está

sendo feito como relatórios ou informações que possam ser abertas as todos.

O treinamento mostra, na prática, como realizar as tarefas de coleta de dados, com

várias repetições, até que você sinta que eles estão firmes e prontos. Lembre-se de

dar todo o treinamento possível para as pessoas que podem ser treinadas. Um

analfabeto não pode realizar um bom trabalho de coleta de dados. Pelo menos, não

sem antes ter sua formação básica terminada.

A Orientação gera ferramentas para conduzir esse trabalho da melhor forma possível

para o seu funcionário. Essas ferramentas devem agilizar, facilitar e tornar de melhor

qualidade o trabalho que será desenvolvido. Essas ferramentas podem ser desde

simples planilhas para coletas de dados a campo (impressas em papel) até

sofisticados coletores eletrônicos de dados. Lembre-se de que a ferramenta deverá

ser adequada ao tipo de controle efetuado. Assim, não devemos nunca complicar o

que são dados simples de serem coletados e nem simplificar aquilo que precisa de

precisão e detalhamento. Vamos a um pequeno exemplo: a coleta de informações

sobre uma atividade de pecuária de cria será simples e fácil; já a coleta de

informações sobre o trabalho de cada máquina e implemento em uma lavoura de alta

tecnologia será bem mais delicada e difícil para quem irá executá-la.

Dentro de uma fazenda existem três pilares básicos que devem ser controlados.

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Vamos conhecê-los?

mão-de-obra

mecanização

insumos (fertilizantes, defensivos, etc.).

A forma dos apontamentos é bastante simples e exige disciplina, além de nível básico

de alfabetização.

É preciso saber, todos os dias, qual a quantidade de mão-de-obra, horas de máquinas

e insumos que foram aplicadas nos diversos talhões da fazenda.

Se a propriedade tiver mais de uma cultura, o controle deve ser separado, para, no

final, poder apurar os custos de cada cultura.

Quando estamos tratando do assunto “Analise de Resultados”, sabemos que a

principal conseqüência deste trabalho serão as decisões gerenciais a serem tomadas,

no sentido de melhorar o negócio que está sendo avaliado. Por isso, este é um

trabalho de extrema responsabilidade, que deve ser realizado sobre uma base sólida

de informações.

Você deve considerar mão-de-obra direta as pessoas que prestam serviços de forma

direta e mensurável, e com gastos relevantes, nas operações agrícolas e no manejo

de animais. É possível, portanto, identificar quem executou o trabalho, a quantidade de

horas trabalhadas e o volume de tarefas executadas.

Você deve estar se perguntando: Como fazer isso?

A resposta é, por meio de um sistema de apontamento de horas por trabalhador, você

levanta o custo a ser alocado a cada tipo de produção, distinguindo-se inclusive as

horas improdutivas para obter a eficiência da mão-de-obra direta, para fins gerenciais.

No Brasil, em algumas culturas, o custo com mão-de-obra pode chegar a 50% do

custo total da produção. Se a maioria das operações é realizada de forma manual, é

necessário um rígido controle deste apontamento, a fim de melhor aproveitar o

pessoal com eficiência, minimizando os custos de produção, eliminando os

desperdícios e ociosidades.

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Você vai entender melhor com o exemplo do boletim de apontamento diário de mão -

de-obra direta. Vamos conferir?

No exemplo do boletim diário, você pode identificar o tipo de trabalho (capina)

Para facilitar os cálculos das horas, em uma calculadora, por exemplo, o ideal é

transformá-las em horas decimais.

Nas horas ociosas, 1,2 horas corresponde a 1,33 horas.

Para fazer isso, basta dividir os minutos por 60.

Exemplo: 1 hora = 1 hora 25 min = 0,42

30 min = 0,50 10 min = 0,16

20 min = 0,33 15 min = 0,25

Esse processo facilita na somatória das horas. Se você somar as horas normais numa

calculadora, verá que não dá certo. Somando horas decimais, quando totalizar as

horas, é só multiplicar os minutos por 60 novamente. Exemplo 15,33 horas = 15,20

horas

Com base nos apontamentos diários, no fechamento do mês, fazemos um resumo desses apontamentos, no qual teremos o total de horas para cada operação. Veja o exemplo ao lado:

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Com o total de horas fechado no mês, é só valorizar e teremos o relatório abaixo.

Podemos calcular a eficiência da mão-de-obra.

Horas Trabalhadas

Ef mão obra = --------------------------------------- x 100

Horas Pagas

Esse tipo de informação é muito útil para medirmos a ineficiência, dos meios de

produção, dada aos trabalhadores. Toda a perda de tempo decorrente de

deslocamentos, paradas por falhas em máquinas, falta de insumos para trabalhar ou

quaisquer problemas logísticos que impeçam que a mão-de-obra execute a função

para a qual foi destinada, será indicada nesse índice por valores baixos.

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Não basta apenas controlar a mão-de-obra, é necessário administrá-la, objetivando o

máximo de produtividade à empresa e o desenvolvimento do funcionário, cumprindo a

legislação trabalhista vigente.

O controle da mão-de-obra tem sua importância como instrumento de avaliação dos

resultados obtidos.

Sugiro que periodicamente a administração faça pesquisas salariais, com outros

produtores ou empresas agrícolas do mesmo porte, objetivando manter a

remuneração da mão-de-obra atualizada.

Recomendo também o cumprimento da legislação trabalhista e o arquivo contínuo da

documentação paga ao trabalhador, evitando futuras ações trabalhistas.

Uma máquina agrícola, independente do porte, é um equipamento que exige um

investimento elevado. Para isso, precisamos que os apontamentos, tanto de campo,

como da oficina mecânica, sejam individuais.

Nesse caso, você pode analisar o desempenho de cada máquina, ou seja, medir o

rendimento (horas trabalhadas x horas disponíveis),consumo de combustível

(litros/hora) e os controle de manutenção preventiva (trocas de óleo, pneus, etc.).

Cada máquina será controlada de modo que se possa responder à seguinte pergunta:

Vale ou não a pena tê-la? O que você acha? Vamos lá, pense um pouco.... Pois bem, é evidente que vale a pena. Muitas vezes, a manutenção de uma máquina

deficitária é necessária porque, na hora da utilização, não existe disponibilidade no

mercado de aluguel.

Mas, agora, você saberá com precisão quais são as máquinas para futuras

substituições e, além disso, poderá comparar máquinas de mesmo porte, num mesmo

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tipo de serviço e gastos diferentes, o que poderia indicar algum problema com o

tratorista.

Os custos totais são discriminados: combustível, recuperação, salário do operador,

etc. Também eventuais custos de financiamento e depreciação a preços de mercado

são incluídos para que se chegue ao custo operacional real da máquina. Dividindo-se

o total dos custos pelas horas trabalhadas, chega-se ao custo real da hora trabalhada.

Para a avaliação final do equipamento é preciso que você conheça o percentual de

utilização do mesmo. E, como fazer isso? É feito pela comparação das horas

trabalhadas com seu potencial de utilização. Custos, como juros e depreciação,

independem das horas trabalhadas, isto é, são fixos. Muitas vezes, uma máquina pode

apresentar prejuízos por ser pouco utilizada.

Ainda assim, às vezes, é necessário retê-la, porque, dependendo da localização da

fazenda, é preciso possuir uma colhedeira de cereais, ainda que pouco utilizada, por

falta de mercado de aluguel na hora da necessidade. Mas, o dimensionamento correto

do parque de máquinas pode ser feito com a utilização deste relatório. Se a ociosidade

geral é alta, pode haver redução de equipamentos.

A grande virtude é equilibrar a quantidade de máquinas, para que o serviço esteja

sempre em dia e o capital empatado seja o menor possível.

No fechamento do mês, você deve proceder ao resumo dos apontamentos de campo.

Será elaborado um custo de cada equipamento. Você vai entender melhor com o

exemplo a seguir:

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Observe a tabela abaixo:

No controle mensal de custos de máquinas agrícolas, você consegue saber quanto

custou cada equipamento. É preciso também saber, para cada cultura, quantas horas

foram utilizadas em determinadas operações.

Se, na cultura de laranja, foram 10 horas de grade leve, multiplicam-se 10 horas pelo

valor da hora máquina que você achou acima, R$ 9,58. Isso para cada operação.

Esse mesmo tipo de controle também deverá ser feito também para os implementos.

Aqui também podemos calcular a eficiência operacional das máquinas.

Veja um exemplo da aplicação desse indicador:

Entre a preparação da terra e a última pulverização realizada em uma lavoura de

milho, os três tratores utilizados para essas atividades estiveram disponíveis por 700

horas cada um. O trator A foi utilizado 150 horas, o trator B foi utilizado 280 horas e o

trator C foi utilizado por 400 horas. Nesses casos, a taxa de eficiência do trator A foi de

21,43%, a do trator B foi de 40% e a do trator C foi de 57,14%.

A utilização desses coeficientes exige do administrador rural treinamento e

organização própria e também de seus operadores de máquinas. A propriedade

deverá implantar a rotina de coleta de horas trabalhadas para cada máquina e isso

exige bastante esforço e empenho das partes envolvidas.

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O número total de horas que uma máquina pode ser operada poderá variar de

situação para situação, pois em um local que só tem operadores para oito horas você

não pode cobrar utilização de 24 horas diárias.

Dentro dos parâmetros estabelecidos, deve-se sempre buscar eficiência perto dos

100%, ou seja, de preferência as máquinas não devem parar nunca, com exceção dos

procedimentos de manutenção adequados. Baixos níveis de eficiência significam alto

valor de inventário imobilizado, altos custos de oportunidade sobre um capital que foi

dispêndido em meios de produção que não estão sendo utilizados.

ETAPAS DE ADMINISTRAÇÃO DO MAQUINÁRIO

O primeiro passo é saber a real necessidade de insumos a serem adquiridos,

mediante análise técnica, planejando assim a quantidade a ser consumida por produto

e a época de compra e utilização.

O segundo passo é comprar bem. Vou explicar melhor: Normalmente esses produtos

possuem um valor agregado alto e o correto é fazer uma cotação de preços com pelo

menos três fornecedores, levando em consideração sempre preço, prazo de

pagamento, qualidade do produto e pontualidade na entrega.

Finalizando, é necessário controlar os insumos.

Você deve evitar estoques excessivos. Além dos riscos de roubo, vencimento do

produto, deterioração, custos de estocagem, deve-se levar em consideração também

a remuneração do capital.

Após a decisão sobre os corretivos e fertilizantes a serem utilizados (mediante análise

de solo), é preciso calcular as quantidades a aplicar.

CONCEITOS DE ADUBAÇÃO E CALAGEM

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CALAGEM

A calagem requer informações sobre a cultura, calcário e faixa de saturação em bases

exigida pela cultura. Suponha-se, como exemplo, um solo com valores de T = 8,3

meq/100 cm3, V = 23%, e que exista um calcário disponível com PRNT (poder relativo

de neutralização total) de 76%, e a cultura seja a cana. A quantidade de calcário a

aplicar é dada pela expressão:

O valor desejado de V2 = 70. Obtém-se, pois, o resultado de:

ADUBAÇÃO

No caso de adubos simples (sulfato de amônia, uréia, etc.), a quantidade a aplicar é

calculada multiplicando-se a quantidade requerida do nutriente por 100 e dividindo-se

pelo teor do nutriente no adubo escolhido. Por exemplo, para aplicar 60 kg/ha de N, na

forma de sulfato de amônio (20% de N), a quantidade a aplicar será:

Na aplicação de fórmulas, o primeiro passo é estabelecer a relação de nutrientes

recomendada e procurar uma fórmula que a atenda, determinando a quantidade de

adubo necessária.

Atenção! A recomendação de 15-50-30 kg/ha, em termos de N-P2O5-K2O

(nitrogênio, fósforo e potássio), pode ser atendida de forma suficientemente precisa

por uma fórmula de relação 1-3-2. Para essa relação de nutrientes, a fórmula sugerida

é 05-15-10. A quantidade a ser adotada é encontrada multiplicando-se a soma dos

nutrientes a aplicar por 100 e dividindo-se pela soma dos nutrientes da fórmula. Veja o

exemplo:

sendo:NC = necessidade calcário T = 8,3 (capacidade de troca de cátions ou S + (H + Al) V1 = 23 (porcentagem de saturação de bases ) f = 100 / 76 (100/PRNT)

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A quantidade de 317 kg/ha da fórmula 5-15-10 levará à aplicação de 16-48-32 kg/ha

dos três nutrientes.

Você vai entender melhor com o exemplo a seguir:

Qual a porcentagem dos elementos puros da mistura?

Salitre do Chile com 15,5% do nitrogênio ....................300 kg

Superfosfato com 20% de P2O5 ..................................400 kg

Cloreto de potássio com 50% de K2O .........................300 kg

Solução:

300 x (15,5 / 100) = 46,5

Os 300 kg de Salitre do Chile dão 46,5 kg de nitrogênio por tonelada, ou seja, 4,65%;

isto significa que, na tonelada da mistura ajustada, existem 46,5 kg de nitrogênio ou

4,65% de nitrogênio.

400 x (20 / 100) = 80,0

Os 400 kg de Superfosfato dão 80 de P2O5, por tonelada ou seja, 8%; isto significa

que, na tonelada da mistura apontada, existem 80 kg de P2O5 ou 8% de P2O5.

300 x (50 / 100) = 150

Os 300 kg de cloreto de potássio dão 150 de K2O por tonelada, ou seja, 15%; isto

significa que, na mistura, acima existem 150 kg de K2O ou 15% de K2O.

Concluímos, então, que, na mistura tomada como exemplo, existem:

4,65% de N, 8% de P2O5 e 15% de K2O E se fosse o inverso, como seria?

Qual será o arranjo de uma mistura de salitre do Chile, superfosfato e cloreto de

potássio que tenha:

4,65% de N, 8% de P2O5 e 15% de K2O

Uma tonelada de mistura com as porcentagens

indicadas terá, de cada elemento puro, o seguinte:

46,5 kg de N

80,0 kg de P2O5

150,0 kg de K2O

Para achar quantos kg de cada adubo devem entrar

na mistura, multiplica-se

por 100 o número de kg dos elementos puros

encontrados em uma tonelada

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40

e dividem-se os resultados pela porcentagem de pureza de cada adubo

correspondente.

Assim teremos:

a) (46,5 x 100) / 15,5 = 300 kg de salitre

b) (80 x 100) / 20 = 400 kg de superfosfato

c) (150 x 100) / 50 = 300 kg de cloreto de potássio

Entendeu? Então, vamos continuar... Assim, em torno dos cálculos de uma mistura de adubos e das quantidades de

elementos nobres do mesmo, você pode aplicar as fórmulas abaixo:

é igual a: peso em kg do elemento nobre da mistura

é igual a: kg de adubo necessário para se ter a quantidade de elemento nobre

indicada na mistura.

Exemplo: Seja preparar 1.000 kg de uma mistura de adubo, da fórmula 4,65–8– 15,

usando-se os adubos:

salitre do Chile com 15,5% do nitrogênio

superfosfato com 20% de P2O5

cloreto de potássio com 50% de K2O

Solução: cálculo de N-P2O5-K2O, pela fórmula 1:

N = (1.000 x 4,65 ) / 100 = 4.650 / 100 = 46,5 kg

P2O5 = (1.000 x 8 ) / 100 = 8.000 / 100 = 80 kg

K2O = (1.000 x 15 ) / 100 = 15.000 / 100 = 150 kg

Solução: cálculo das quantidades de adubos pela fórmula 2

Salitre do Chile = (46,5 x 100) / 15,5 = 4.650 / 15,5 = 300 kg

Superfosfato = (80 x 100) / 20 = 8.000 / 20 = 400 kg

Cloreto de potássio = (150 x 100) / 50 = 15.000 / 50 = 300 kg

São cálculos simples, mas, de grande utilidade no dia-a-dia. Da mesma forma que

você controla a quantidade de mão-de-obra e as horas de máquinas, você deve ter

também o controle desses insumos e mais os defensivos (herbicidas, inseticidas) por

cultura, por hectare cultivado, por dia, mês.

Page 41: 20080805 Adminstracao Rural

41

De posse dessas quantidades, é só valorizar como fizemos com mão-de-obra e horas

de máquina. Os valores encontrados na nota fiscal de compra do produto.

ETAPAS DA ADMINISTRAÇÃO DOS INSUMOS

O sistema de controle operacional implantado, juntamente com os rendimentos

padrões estabelecidos, somente produzirão efeitos na Administração se forem

analisados e tomadas as medidas corretivas em tempo hábil.

Do contrário servirá apenas como apontamento e registro. É imprescindível que a

Administração utiliza o “controle” como instrumento aferidor de resultados, avaliando e

tomando medidas diárias que contribuam para maximizar produtividade e minimizar

custos.

Estes dados oferecidos pelo controle também serão úteis para elaboração do

planejamento das futuras operações.

A análise dos controles operacionais e ação gerencial consiste em:

analisar diariamente os rendimentos operacionais obtidos, comparando-os com os

rendimentos padrões

orientar, coordenar, supervisionar e analisar a qualidade das operações realizadas

em relação aos padrões técnicos adotados

analisar semanalmente as quantidades de operações realizadas em relação as

operações planejadas

analisar a produtividade obtida, comparando ao mercado e com as obtidas

anteriormente

analisar os custos obtidos em relação aos custos padrões

cada etapa de análise será conclusiva, sendo o resultado positivo deverá ser

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42

mantido e até incrementado. Sendo o resultado negativo, compete a Administração

tomar medidas corretivas e buscar alternativas.

Lembre-se “A diferença de resultados está na capacidade de administrar”

FLUXO DE UM SISTEMA DE CONTROLE OPERACIONAL

Atividade Chegamos ao final de mais um módulo. Vamos fazer mais uma atividade de fixação.

Se tiver alguma dúvida, volte as telas anteriores.

2 - Coloque as aplicações abaixo na ordem correta de se controlar os insumos para não ter prejuízo. Opções

1 2 3 4 5 6

( ) Calcular as quantidades a aplicar. ( ) Saber a real necessidade de insumos a serem adquiridos, mediante análise técnica, planejando assim a quantidade a ser consumida por produto e a época de compra e utilização. ( ) Evitar estoques excessivos. ( ) Necessário controlar os insumos. ( ) Comprar bem. Fazendo uma cotação de preços com pelo menos três fornecedores, levando em consideração sempre preço, prazo de pagamento, qualidade do produto e pontualidade na entrega. ( ) Verificar o estoque pois corre risco de roubo, vencimento do produto, deterioração, custos de estocagem, deve-se levar em consideração também a remuneração do capital.

Page 43: 20080805 Adminstracao Rural

43

MÓDULO III – CUSTOS DE PRODUÇÃO

Vamos entrar agora num assunto muito importante. Custos de Produção! Quanto custa produzir a produto A ou B? O que é um sistema de custos?

Podemos definir um Sistema de Custos como um conjunto de procedimentos

administrativos que registra, de forma sistemática e contínua, a efetiva remuneração

dos fatores de produção empregados nos serviços rurais.

E o que é um Custo?

É um sacrifício de recursos. Um custo representa um sacrifício de recursos. Em nosso

dia-a-dia, compramos muitas coisas diferentes: roupas, alimentos, livros, talvez até um

automóvel. O preço de cada item mede o sacrifício que precisamos fazer para adquiri-

lo. Independentemente de pagarmos imediatamente ou de pagarmos no futuro, o

custo do item é estabelecido pelo seu preço. A determinação dos custos de produção

torna-se importante, pois, confronta a realidade vivida pela empresa rural e o

planejamento estabelecido.

Muito embora existam vários modelos de planilhas de custos e teorias sobre a

composição dos custos, os produtores devem sempre adaptar essas planilhas para a

sua propriedade e em função de suas atividades.Sempre será assim. Você se baseia

num modelo padrão, mas com os números de sua propriedade.Normalmente, os

produtores rurais, só valorizam aqueles custos em que ocorrem desembolsos

(fertilizantes, sementes, rações, etc.), a mão-de-obra, a aquisição e a manutenção de

máquinas e implementos. Como na maioria das vezes, estes produtos são obtidos por

financiamento, o custo financeiro deste empréstimo, que se encontra embutido na

Estão gostando do curso?Espero que sim!!! Agora, o nosso objetivo é mostrar para você os custos de produção de uma empresa, pois estes são condições básicas para sua sobrevivência. Quanto mais sólida uma empresa, melhores serão os resultados encontrados. Neste módulo, você saberá como calcular uma série de custos: Fixos, Variáveis, custos de Oportunidade e depreciação.Deu para sentir a importância

Page 44: 20080805 Adminstracao Rural

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dívida, também é importante e não pode ser esquecido no momento do

planejamento.Entretanto, existem outros custos que também precisam ser

considerados, pois, ao longo do tempo, representam parcela significativa no cálculo do

custo total.A finalidade da apuração dos custos é auxiliar o produtor na administração

da escolha das culturas, criações e das práticas a serem utilizadas.

Custos Diretos

Exemplos:

Pagamento de mão-de-obra específica de determinada lavoura

Compra de vacinas, posteriormente aplicadas em um lote de animais para engorda

Pagamento de impostos sobre a receita obtida com serviço de secagem de grãos

Valor de arrendamento pago para a utilização de uma área para atividade de recria

de bezerros

As contas de energia elétrica utilizada nos equipamentos de irrigação de uma

lavoura de milho

Agora você vai conhecer vários tipos de custos. Acredito que este assunto seja muito importante para que você faça uma boa administração rural. Então, aproveite tudo, principalmente os exemplos

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Custos Indiretos

Exemplos:

Os valores de uma folha de pagamento única, não diferenciada por atividade

produtiva. Paga-se na mesma folha o pessoal das lavouras e da pecuária (após rateio,

os valores individualizados viram custos diretos das atividades);

Os custos de aquisição de um parque de máquinas de utilização comum. Os

mesmos tratores e implementos são utilizados nas lavouras e para implantação de

pastagens para a pecuária;

Os custos para edificação das construções e benfeitorias de utilização comum. A

casa dos peões que é utilizada por todo pessoal da fazenda.

Os custos de manutenção de máquinas de utilização comum

por várias atividades produtivas Custos administrativos gastos na

manutenção de um escritório dedicado a todos os negócios da

propriedade.

Custos de Oportunidade

Representam o valor que se deixa de ganhar por investir o capital na propriedade,

renunciando a um ganho que poderia ter no mercado financeiro, ou seja, o beneficio

que poderia ser obtido no melhor uso alternativo de um recurso Esse custo não é um

desembolso, é mais para mostrar o grau de eficiência produtiva das atividades que

estão sendo avaliadas por sua capacidade de remuneração do capital investido.

Preste atenção no exemplo a seguir:

Uma lavoura teve despesas totais no valor de R$ 80.000,00 para poder ser

desenvolvida. Se esse capital de R$ 80.000,00 tivesse como destino uma aplicação no

mercado financeiro, durante o ciclo de atividade e de acordo com o mesmo

cronograma de desembolso, teria rendimentos iguais a, por exemplo, R$ 10.000,00.

Esse valor, R$ 10.000,00, representa o custo de oportunidade do capital investido na

atividade, ou seja, o que o produtor rural deixou de ganhar por resolver desenvolver a

atividade produtiva, em vez de aplicar os recursos no mercado financeiro.

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46

Esse produtor poderá ser considerado eficiente se o seu lucro líquido na lavoura for

superior a R$ 10.000,00, que ele teria recebido se tivesse aplicado os recursos no

mercado financeiro.

DESPESAS ADMINSTRATIVAS: São custos que não estão relacionados a nenhuma

atividade produtiva, mas que são necessários ao desenvolvimento e manutenção de

todas elas. Devem ser rateados entre todas as atividades produtivas, de acordo com

critérios de rateios a serem determinados.Exemplo: honorários administrativos,

salários e encargos sociais do pessoal administrativo, materiais do escritório,

assinatura de jornais, etc.

DESPESAS VENDAS: Abrangem desde a promoção do produto até sua colocação

junto ao consumidor (comercialização e distribuição)

São despesas com o pessoal da área de vendas, comissões sobre vendas,

propaganda e publicidade, marketing, estimativa de perdas com duplicatas derivadas

de vendas à prazo (provisão para devedores duvidosos) etc.

DESPESAS FINANCEIRAS: São as remunerações aos capitais de terceiros, como:

juros pagos, taxas bancárias, correção monetária prefixada sobre empréstimo,

descontos concedidos, juros de mora pagos. Etc.As despesas financeiras deverão ser

compensadas com as receitas financeiras (conforme disposição legal), isto é, estas

receitas serão deduzidas daquelas despesas.

DESPESAS DE MANUTENÇÃO: São todos os custos e despesas relacionadas à

manutenção e conservação dos bens (tratores, implementos, galpões, cercas,

camionetas, etc.). Custos de manutenção são considerados como custos indiretos.

Sua importância é muito grande devido aos altos montantes que envolve.Exemplo:

conserto da porta do galpão que armazena o estoque de insumos da propriedade;

mão-de-obra para o conserto de uma máquina de moer milho, utilizada para a

preparação de ração para confinamento; manutenção de cercas e manutenção dos

veículos de uso geral da fazenda.

1) MÉTODOS DE CÁLCULOS DE DEPRECIAÇÃO

A depreciação é um conceito importante a ser usado pelas pessoas envolvidas no

processo de análise e tomada de decisão de investimento.

A depreciação de um bem físico pode ser definida como a perda de valor desse bem,

não recuperada pelo serviço de manutenção, no decorrer do tempo. Essa perda de

valor ocorre, principalmente, devido a dois fatores:

Desgaste físico => originado pela sua utilização, que gera, ao longo do tempo,

perda de eficiência e custos de operação e de manutenção maiores.

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47

Atraso tecnológico => tem sido, ao longo dos últimos anos, o principal motivo de

depreciação de máquinas e equipamentos das empresas. O principal motivo para a

desatualização desses ativos, que do ponto de vista físico ainda podem encontrar-se

em ótimas condições, é o extraordinário desenvolvimento da microeletrônica, que tem

revolucionado a concepção dos bens de produção, tornando-se muito mais eficientes

e mais úteis.

A depreciação ainda pode ser entendida sob dois pontos de vista: o contábil e o

econômico.

Contabilmente, a depreciação nada mais é do que uma parcela do custo de produção

devido ao desgaste do ativo; já, economicamente, a depreciação pode ser entendida

como uma origem de recursos para a empresa.

Para efeito da análise de viabilidade, a abordagem econômica é a mais relevante.

Existe uma série de métodos de depreciação; entretanto, o mais utilizado é o linear. Mas, que método é esse? Vamos ver agora. O método de depreciação linear é bastante simples e muito utilizado. No Brasil, é o

método permitido pela Receita Federal. A carga de depreciação é em função do valor

original do ativo, da vida útil estimada e do valor residual apresentado pelo ativo.

Pode ser obtida pela seguinte expressão:

em que:

d = carga anual de depreciação

Co = valor original do ativo

R = valor residual do ativo ao final de sua vida

n = vida útil esperada do ativo

Para ler e aprender:

Um equipamento foi comprado por R$ 100.000 e estima-se que, depois de cinco anos,

valerá R$ 40.000. Calcular a depreciação em cada um dos cinco anos adotando-se o

método linear.

Assim, deverão ser depreciados R$ 12.000 por ano.

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Vamos ver isso em culturas.

Toda cultura permanente que produzir frutos será alvo de depreciação. Por um lado, a

árvore produtora não é extraída do solo; seu produto final é o fruto e não a própria

árvore. Um cafeeiro produz grãos de café (frutos), mantendo-se a árvore intacta.

Um canavial, por outro lado, tem sua parte externa extraída (cortada), mantendo-se a

parte contida no solo para formar novas árvores.

Segundo esse raciocínio, sobre o cafeeiro incidirá depreciação e sobre o canavial,

exaustão.

Assim, cafeeiros, Laranjeiras, pereiras, videiras, castanheiras, macieiras,

jabuticabeiras, abacateiros, jaqueiras, etc. serão alvos de depreciação.

Na cultura de chá, o desbastamento das folhas é considerado depreciação, pois a

folha é o produto final e não a árvore, o caule. O mesmo acontece com a bananeira

que, após produzir o cacho de bananas, tem seu tronco cortado; daí a depreciação.

Uma pergunta natural que pode surgir neste momento é quanto à taxa de depreciação.

E ela só pode ser respondida por agrônomos, técnicos ou pelos próprios agricultores

que conhecem a vida útil ou o número de anos de produção da árvore, que varia não

só em função do tipo de solo, clima, manutenção, etc.., mas também em virtude da

qualidade ou tipo de árvore.

Assim, se uma videira produzir frutos, em média, durante 15 anos, a taxa de

depreciação média anual será de 6,67% (100 / 15 anos), considerando-se taxas

constantes (linha reta).

Pode-se também calcular a taxa de depreciação de acordo com a produção estimada

da cultura permanente. Admitindo-se colher 1.000.000 de caixas de uva-itália de

determinada videira, cuja produção do primeiro ano foi de 70.000 caixas, a

depreciação será de 7% (70.000/1.000.000) e variará anualmente. O uso desse

método oferece, por um lado, a vantagem de se ter menos custo de depreciação nos

anos de safras ruins (já que a taxa é calculada proporcionalmente à produção), de não

haver redução excessiva de lucro (ou prejuízo) e de evitar grandes oscilações nos

resultados no decorrer de vários anos. Por outro lado, no ano de maior produção a

depreciação será maior.

Todavia, fique bem definido que a depreciação passa a incidir sobre a cultura após

formada (nunca em formação), a partir da primeira colheita, inclusive.

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49

CULTURAS PERMANENTES

Outro critério mais simples é calcular a taxa de depreciação de acordo com a

produção total estimada.

Admitindo colher 1.000 toneladas de determinada cultura permanente, cuja produção

do 1o. ano é de 7 toneladas, a depreciação do 1o. ano será de 0,7% (7/1000 t). Esse

critério oferece a vantagem de se ter menos custo de depreciação nos anos de

produção baixa (já que a taxa é calculada proporcionalmente a produção total

estimada) e de evitar grandes oscilações nos resultados, no decorrer dos vários anos.

Quando houver maior produção, haverá maior custo de depreciação

Existe outra fórmula, mais simplificada ainda, porém não aconselhável, tendo em vista

a oscilação de produção no decorrer dos anos.

Por exemplo, o pomar de goiaba irá produzir durante 15 anos, a taxa de depreciação

média anual será de 6,67% (100/15 anos). Trata-se de taxas constantes. (linha reta)

PECUÁRIA

Também está sujeito à

depreciação o gado

reprodutor (touro e vacas),

animais de trabalho e

outros animais

contabilizados no Ativo

Permanente da empresa,

pois se trata de ativos que

possuem vida útil limitada,

uma vez que com o passar

dos anos eles perdem sua capacidade de produção ou trabalho; portanto, as

deduções dos valores são também caracterizadas como Depreciação.

O método mais utilizado para depreciar é o da linha reta, tendo em vista a dificuldade

de se estabelecer uma curva de eficiência do gado reprodutor, considerando-se que o

declínio de potencialidade de reprodução é acelerado no final de sua vida útil.

Entretanto, pela variabilidade de raças, do clima, da região, das condições de vida e

outros fatores, torna-se impossível estabelecer um número-padrão.

O mais usual nas empresas agropecuárias é:

Gado reprodutor mestiço = 5 anos

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Gado matriz mestiço = 7 anos

Gado reprodutor puro = 8 anos

Gado matriz puro = 10 anos

O mais indicado a estabelecer a vida útil dos animais é o veterinário ou zootecnista.

Por exemplo:

Cálculo de depreciação touro

Valor contábil R$ 2.000

(-) valor residual R$ 800

(=) valor depreciável R$ 1.200

taxa depreciação 13%

depreciação 1o. ano R$ 156

Ativo Permanente

Imobilizado

Touro R$ 2.000

(-) depr acum R$ 156

Valor liquido R$ 1.844

2) MÉTODOS DE CÁLCULOS PARA EXAUSTÃO

A empresa proprietária de determinada floresta destinada à corte para

comercialização, consumo ou industrialização deverá fazer correção do valor de

aquisição ou de formação e, de acordo com a extração ou corte, levará como custo de

exaustão o montante da parcela consumida.

O cálculo do valor da cota de exaustão apura-se da seguinte forma:

Quantidade de árvores extraídas durante o período-base em relação ao volume ou

quantidade de árvores no inicio do período. O percentual encontrado será aplicado

sobre o valor da floresta registrado no Ativo Permanente

Podemos concluir, portanto, que o custo de formação de vegetais de certas espécies,

que não se extinguem com o primeiro corte, mas voltam a produzir novos troncos ou

ramos e permitem o segundo ou até um terceiro corte, deve ser objeto de cotas de

exaustão, ao longo do período total da vida útil do empreendimento, calculando-se em

função do volume extraído em cada período, em confronto com a produção total

esperada que engloba os diversos cortes.

Por exemplo: Numa área de reflorestamento com 20.000 eucaliptos, cujo custo de formação foi de $

200.000, com previsão de 4 cortes, a cota de exaustão será de 25% ( 100/4) por corte.

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Suponhamos que no primeiro corte até o final do exercício social (ano-base) houve a

colheita de 9.600 árvores. Qual será o custo de exaustão?

Percentual = 9.600 árvores extraídas / 20.000 arvores floresta = 0,48 ou 48%

Cálculo de exaustão = 0,48/extraídas x 0,25 / exaustão x $ 200.000 = $ 24.000

Consideremos a exaustão para as culturas de cana, pastagens, eucaliptos, pinhos,

etc.

Cana-de-açúcar Consideram-se no Ativo Permanente para efeito de custos de formação os gastos

oriundos da “soca”, ou seja, o preparo do solo, as mudas e adubação básica. O

tratamento contábil dessas operações é: devem ser registrados na conta de estoques,

os quais se integrarão no custo do 1o. corte e assim sucessivamente. Os valores

acumulados no Ativo Permanente referentes ao custo de formação serão exauridos na

mesma proporção do número de cortes, os quais variam de acordo com a região ou

variedade da cana. Se forem 3 cortes, a baixa do Ativo Imobilizado será 33,33%

(100/3 cortes), se 4 cortes corresponde a 35%, ou seja, (100/4 cortes).

3) MÉTODOS DE CÁLCULOS DE AMORTIZAÇÀO

Refere-se à aquisição de direitos sobre os empreendimentos de propriedade de

terceiros. Por exemplo: direito de extração de madeira em propriedade de terceiros,

exploração de pomar por prazo determinado, a preço preestabelecido em contrato.

O critério a ser utilizado pode ser:

Proporcional à produção estimada anualmente

Amortização em forma de linha reta. Se o contrato for de 4 anos, a taxa será de

25% ao ano (100/4) e o valor do contrato deverá ser contabilizado no Ativo

Permanente.

Custos Fixos São aqueles que não variam com a quantidade produzida (juros sobre o capital

empatado, impostos fixos, seguros, arrendamento, etc.).

Você vai entender melhor com o exemplo a seguir:

Uma determinada empresa pode gastar, em um ano, R$ 15.000,00 em seguros e

aluguel de edifícios. Todos estes gastos são custos fixos, pois, no total, não variam em

relação à produção, ou seja, se você produz uma unidade, o custo fixo será de R$

15.000; se produz 100 unidades, os custos fixos também serão de R$ 15.000, porém,

tornam-se progressivamente menores à medida que a produção aumenta.

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Custo fixo médio – é a soma total dos custos fixos dividido pela quantidade total

produzida. Esse conceito deve ser aplicado a cada uma das atividades produtivas e

não à avaliação econômica da atividade como um todo. Por exemplo, de nada serve

uma informação desse tipo misturando dados da agricultura e da pecuária.

A depreciação de máquinas é considerada como custos fixos, enquanto que o

combustível que as move é considerado como custos variáveis.

Vamos ver um exemplo prático:

Uma determinada lavoura de soja tem custos fixos no valor de R$ 40.000,00 e uma

produção de 7.000 sacos. Então, para cada saco produzido, temos um CFM de R$

5,71.

O aumento de produtividade, com a mesma área e a mesma estrutura operacional,

leva a uma diminuição do custo fixo médio por unidade produzida.

No exemplo citado, produzindo entre 0 e 10.000 kg do produto, os custos fixos

ocorrerão na mesma intensidade.

A representação gráfica facilita a compreensão.

Este gráfico representa o comportamento do custo fixo. Em qualquer nível de atividade

entre 0 e 10.000 kg, o custo fixo não se altera.

Custos

É de se esperar que, quanto mais próximo do nível de produção, menor o custo por

unidade produzida, devido à economia de escala proporcionada. Graficamente, temos

a seguinte situação:

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53

CUSTOS VARIÁVEIS

São aqueles que variam de acordo com o nível de produção da empresa (adubos,

combustíveis, etc.).

Preste atenção no exemplo:

Se uma determinada indústria de laticínio gasta um tipo especial de embalagem para

cada litro de leite que embala e cada uma custa R$ 0,15, o custo total de embalagem

do leite preparado no mês seria R$ 0,15 n, em que n é o volume em litros de leite

embalado no mês.

Custo variável médio – é a soma total dos custos variáveis dividida pela quantidade total produzida.

Um exemplo prático para você: uma determinada lavoura de soja tem custos variáveis

no valor de R$ 48.000,00 e uma produção de 7.000 sacos. Então, para cada saco

produzido, temos um CVM de R$ 6,86. O custo variável médio é, para o administrador

rural, um dos índices mais fáceis de serem previstos e verificados na prática, pois

inclui itens como sementes, adubos e combustíveis, que podem ter seu nível de

utilização perfeitamente determinado antes mesmo do inicio das atividades. Por isso,

devem ser utilizados para a verificação constante dos objetivos traçados no

planejamento econômico de produção.

A representação gráfica dos custos variáveis é:

Com esse comportamento dos custos variáveis, é de se esperar que cada unidade

fabricada tenha exatamente o mesmo custo.

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54

CUSTO TOTAL MÉDIO

É a soma dos custos fixos e dos custos variáveis em relação à quantidade total

produzida.

Mais um exemplo prático, vamos dar uma olhadinha:

A soma dos custos fixos (CF) e dos custos variáveis (CV) relacionados a uma

determinada lavoura de soja é de R$ 88.000,00 e a produção foi de 7.000 sacos.

Logo, para cada saco de soja produzido, o CTM foi de R$ 12,57.

Conhecendo o custo total médio, o administrador saberá até onde poderá ir na

comercialização de seus produtos sem prejuízos ou perdas para a atividade.

Como o preço é ditado pelo mercado, cabe ao administrador preocupar-se, cada vez

mais, reduzir o chamado custo total médio por unidade produzida.

Graficamente, o custo total tem a seguinte representação:

Page 55: 20080805 Adminstracao Rural

55

1) ESTUDO DE CASO

A empresa analisada é especializada em café, com 100% de sua renda proveniente

dessa atividade. Possui 20 hectares de lavouras em formação e 53 hectares de

lavouras em produção, com produtividade média de 32 sacas por hectare e produção

total de 1.700 sacas. O valor atual das lavouras produtivas é de R$ 280.000,00. Os

números são meramente ilustrativos.

A descrição dos demais recursos fixos está relacionada nos quadros abaixo:

Veremos um estudo de caso de uma lavoura cafeeira. Faremos o cálculo de toda a propriedade até chegar no custo final de uma saca de café. V lá l l d

Page 56: 20080805 Adminstracao Rural

56

A descrição dos demais recursos fixos está relacionada nos quadros abaixo:

Os dispêndios, registrados diretamente para as lavouras em produção, no período

considerado, foram:

mão-de-obra: a soma de todas as despesas com mão-de-obra, envolvendo todas

as operações, atingiu R$ 73.293,00;

máquinas, equipamentos e veículos somaram R$ 19.745,00;

insumos: somaram R$ 55.851,00;

energia elétrica igual a R$ 3.453,00

juros, correção, taxas para custeio do café igual a R$ 8.708,00

ITR igual a R$ 295,00

despesas com conservação de benfeitorias igual a R$ 2.484,00

despesas gerais R$ 3.539,00

A produção obtida pela propriedade é 1.700 sacas de café beneficiado e uma

produtividade média de 32 sacas/ha. Com esses dados levantados, pode-se agora

determinar o custo de produção dessa atividade.

Como você já viu, o custo de produção é formado pelo custo fixo e pelo variável.Para

determinar o custo dos recursos fixos, utilizam-se a depreciação e o custo de

oportunidade.

Dessa forma, espera-se que a atividade, além de cobrir as depreciações, pague

também um retorno ao capital nela investido.A taxa de retorno aplicada nesse modelo

é de 12% ao ano. Para o recurso terra, no entanto, devido à subjetividade de seu

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57

valor, pode-se fixar, como custo de oportunidade, o valor de arrendamento regional,

que, no caso, é de R$ 150,00/ha por mês.Para a aplicação do modelo, vou recorrer a

um quadro nos qual os recursos fixos são relacionados por meio de seus valores e

vida útil prováveis e determinam-se as depreciações que, somadas aos respectivos

custos de oportunidade, indicam os custos de cada parcela.

O cálculo do custo de oportunidade baseia-se no preço do arrendamento:

R$ 150,00/ha x 12 meses x 20 ha, igual a R$ 36.000,00. A depreciação da lavoura é

de R$ 280.000,00 / 20 anos = R$ 14.000,00O seu custo de oportunidade é de R$

280.000,00 x 0,12 = R$ 33.600,00.O cálculo do custo variável está demonstrado no

quadro cálculo do custo variável total, representando a soma dos dispêndios efetuados

com os recursos variáveis, acrescida do custo de oportunidade.

Observe a tabela abaixo:

No quadro, o custo de oportunidade para os recursos variáveis deve ser considerado

sobre o capital médio investido, uma vez que a aplicação ocorre parceladamente

durante todo o período considerado. Ou, de outra forma, em vez de 12% sobre a

metade do capital, utiliza-se o retorno médio de 6%.

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O custo total (CT) é obtido com a soma do custo fixo total (CFT) e do custo variável

total (CVT). Assim, você tem:

CT = CFT + CVT

CT = 166.382 + 177.097

CT = 343.479

CM = 343.479 / 1700 sacas = R$ 202,05

CUSTO-PADRÃO

3 - Marque a opção errada. A) Sistema de Custos é um conjunto de procedimentos administrativos que registra, de

forma sistemática e contínua, a efetiva remuneração dos fatores de produção

empregados nos serviços rurais.

B) São todos os custos (despesas) capazes de serem diretamente apropriados,

ligados a uma determinada atividade produtiva, sem a necessidade de nenhum tipo de

processamento intermediário ou rateio de valores.

C) Um custo representa um sacrifício de recursos. Em nosso dia-a-dia,temos o

sacrifício ao compramos muitas coisas diferentes: roupas, alimentos, livros, talvez até

um automóvel. O modelo de cada item mede o sacrifício que precisamos fazer pois há

uma gama de variedade.

D)São todos os custos (despesas) com insumos ou serviços utilizados em mais de um

centro de custos, ou seja, o benefício gerado pelo custo será utilizado por mais de

uma atividade produtiva.

Veja o gabarito no final da apostila.

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MÓDULO IV – ANÁLISE DE INDICADORES

Esse módulo visa abordar um aspecto de grande importância em um sistema de gestão empresarial, os indicadores que devem orientar a tomada de decisão na organização. Vamos ver os principais? Então vamos lá! É determinada pela diferença entre a receita gerada em uma determinada atividade

produtiva (ou na empresa rural como um todo) e o total de desembolsos realizados

para o desenvolvimento da atividade. Lembre-se que os desembolsos englobam parte

dos custos fixos e todos os custos variáveis. Basicamente, não devem ser

considerados nessa equação os custos de: depreciação, custos de oportunidade de

terra própria e custos de oportunidade de capital.

Exemplo: com a venda dos 5.000 sacos de arroz, produzidos na safra 2003/2004,

foram captados R$ 57.500,00. Para todo o desenvolvimento da lavoura em questão

foram desembolsados R$ 37.500,00. Logo, a margem bruta dessa atividade produtiva

será de R$ 20.000.

Sugestão: o administrador deve ter muito cuidado com a avaliação dessa informação,

pois como apenas os desembolsos são levados em conta, sem os custos de

depreciações, por exemplo, esse valor não representa um resultado líquido final

seguro para a determinação de capacidades de investimento ou retiradas de capital

Você vai aprender nesse módulo como calcular os indicadores abaixo e utilizá-los na análise de decisões importantes da empresa. Depois, vamos falar de cada um, mostrando o que é qual a fórmula usada.Podemos começar? Então vamos lá ... Lucratividade Margem de comercialização, Taxa mínima de atratividade(TMA), Valor presente líquido(VPL), Taxa interna de retorno(TIR), Pay back.

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por parte do proprietário ou sócios. A análise da margem bruta de uma forma isolada

mostra a sobrevivência do negócio à curto prazo. As perspectivas para um futuro mais

longo (em geral mais de 3 anos) e a eficiência do negócio (na remuneração dos

capitais investidos), não é avaliada.

MARGEM BRUTA PERCENTUAL

É um índice que representa (em percentual) quanto do valor de venda de um produto

destina-se para cobrir os desembolsos, ou seja, quanto da renda gerada pela venda

de cada unidade de produto é comprometida para cobrir os desembolsos efetuados

para a produção do mesmo.

Exemplo: no exemplo da lavoura de arroz, citado no item anterior (margem bruta), m

margem bruta percentual será de 65,21%. Isso quer dizer que 65,21% da renda

gerada pela venda de cada unidade de produto será destinada a cobrir os

desembolsos de produção respectivos.

Com esse dado em mãos, o administrador saberá o quanto cada unidade de produto

consegue agregar (gerar) de valor, além do desembolsado, e o quanto vai sobrar

como resultado da atividade produtiva. Lembre-se que margem bruta é um índice

parcial, que não trata todos os itens que compõem os custos de produção. Portanto,

cuidado com falsas ilusões de lucros maiores do que eles realmente são.

Rentabilidade

A Rentabilidade é um indicador de atratividade do negócio, pois mostra a velocidade

com que o capital investido retornará. É obtido sob a forma de valor percentual por

unidade de tempo, e mostra qual a taxa de retorno do capital investido por unidade de

tempo (por exemplo, mês ou ano).

Exemplo: se uma empresa tem uma rentabilidade de 17% a.a., isso significa que 17% de tudo o que o empresário investiu no negócio retorna sob a forma de lucro por ano. A fórmula para cálculo da rentabilidade é a seguinte:

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Um confinamento de gado bovino, para ser implantado e desenvolvido, exigiu investimentos na ordem de R$ 400.000,00. Após entrar em funcionamento, esse confinamento apresentou o resultado líquido (após pagamento de todas despesas diretas e custos de depreciação) de R$ 100.000,00 por ano. A recuperação do capital investido foi estabelecida em seis parcelas anuais de R$ 81.350,00 (retorno do capital mais remuneração de 6% de juros ano). Logo, a rentabilidade dessa atividade produtiva, nos primeiros seis anos, foi de 28% sobre o capital total investido (R$ 18.650,00 de lucro ao ano). Falamos em lucro e lucratividade quase todos os dias, mas você sabe o que é? Preste

atenção,é fácil: é um índice que representa o quanto cada produto deixa de resultado,

após ser descontado o valor dos custos para sua elaboração:

Vamos prestar atenção no exemplo a seguir?

Em uma lavoura de café em que o total de custos fixos e variáveis representa R$

75.000 e a produção gerou uma receita de R$ 165.000, a lucratividade será de

54,55%.

Você não pode confundir lucratividade com rentabilidade.

Rentabilidade apresenta o quanto uma atividade poderá remunerar o capital que nele

foi investido e a lucratividade o quanto um produto deixa de resultado em relação a

seu preço de venda e seus custos de produção. Embora estejam interligados, uma

atividade poderá apresentar lucratividade, mas não ter uma boa rentabilidade, ou seja,

ela dá lucro, mas não remunera adequadamente o capital investido.

MARGEM DE COMERCIALIZAÇÃO

É a diferença de preço do produto em diferentes níveis de mercado, expressa em

porcentagem. Essa diferença é calculada entre os níveis superior (máximo) e inferior

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(mínimo). É calculada a partir do levantamento de preços e pode mudar de acordo

com a conjuntura do mercado com o qual se está trabalhando.

Exemplo: o custo total do saco de milho foi de R$ 7,50 e o preço de venda de uma

parte do total produzido foi de R$ 14,40 por saco; a margem de comercialização do

produto foi de 47,92%. O restante foi comercializado posteriormente, quando houve

uma queda dos valores do mercado, a R$ 13,50 por saco. A margem de

comercialização ficou, então, em 44,44%.

Esse índice mostra o quanto deu de lucro efetivo, a cada comercialização efetuada, os

produtos com os quais se trabalha. Sempre devemos trabalhar com valores positivos

para não haver prejuízos. Para realizarmos ganhos reais de capital, esse índice deve

sempre ser superior à remuneração de capital que se receberia, se houvesse

aplicação em mercado financeiro do equivalente aos recursos de produção, no ciclo

estabelecido para a cultura. Caso, nos custos totais, você já considere seus custos de

oportunidade, qualquer valor maior do que zero indicará ganhos reais e o indicativo de

alta eficiência na produção.

MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO

É a representação das margens (valores) que cada produto ou unidade de produto

vendido pode contribuir para cobrir o total dos custos fixos despendidos para a sua

produção. Para o cálculo desse valor, portanto, devemos descontar da receita a ser

auferida todos os custos variáveis de produção detectados. Como você verá a seguir,

os valores de margem de contribuição podem ser apresentados em valores absolutos

ou índices percentuais.

Exemplos: Receita bruta de R$ 10.000

Custos variáveis de R$ 6.500

Margem de contribuição será de R$ 3.500

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Isso significa que cada R$ 10.000 provenientes da venda do produto resulta em uma

margem que irá contribuir com R$ 3.500 para cobrir o total dos custos fixos da

atividade produtiva.

O índice de margem de contribuição será de 35%, ou seja, 35% do total vendido em

valores poderá ser utilizado para cobrir os custos fixos da atividade produtiva.

MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO

A margem de contribuição é um índice muito útil para atividades produtivas que não

estão sofrendo um controle de custos detalhado, capaz de identificar todos os itens

que compõem seus custos de produção. Nesses casos, na maioria das vezes, os

valores de custos variáveis (maioria de desembolsos) são controlados pelos

proprietários, ficando os custos fixos mais difíceis de serem apropriados. Assim, o

produtor poderá saber se seu produto está ou não deixando uma boa margem para

cobrir esses valores.

MARK-UP

É a margem absoluta colocada sobre os custos totais de produção dos produtos. É

utilizada para o cálculo do preço de venda, já se sabendo o que se quer obter de

retorno (lucro).

MARK-UP

Exemplo: sabendo que se quer obter um retorno de 25% de lucro líquido sobre um

determinado produto, que teve como custo de produção o valor total de R$ 8,00,

aplicando-se as fórmulas apresentadas, chega-se a um preço final de venda igual ou

superior a R$ 10,00.

A utilização desse índice somente poderá ser feita com sucesso em atividades rurais

que tenham um controle de custos de produção completo, incluindo desembolsos,

custos administrativos, depreciações, manutenções, custos de oportunidade, custos

financeiros, etc. Se o controle de custos não for correto, o índice de mark-up será

ilusório, e o que se pensa que é lucro está sendo gasto para cobrir custos não-

controlados ou mesmo não-detectados. A grande maioria dos produtores rurais que

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vende produtos não-beneficiados não terá como estabelecer níveis de mark-up, uma

vez que quem faz o preço é o mercado e os governos. Nesses casos, lembre-se que,

para aumentar o mark-up, somente resta reduzir custos.

PONTO DE EQUILÍBRIO

A seguir, você irá aprender a calcular o ponto de equilíbrio, que é outra ferramenta

básica no gerenciamento de sua empresa.

Para poder equilibrar-se na corda bamba, você precisa achar o ponto exato, onde o

equilíbrio o mantém no centro sem cair para a direita ou para a esquerda. Caso ele

tente se mover um pouco para qualquer um dos lados, certamente cairá. Podemos

afirmar que, para não cair, ele necessitou encontrar o seu ponto de equilíbrio.

Para a sua empresa o ponto de equilíbrio representa o ponto em que ela não terá

prejuízo nem lucro. Ou seja, as receitas de sua empresa cobrem todos os gastos, não

sobrando nada de lucro. Se a sua empresa vender uma unidade a menos, terá

prejuízo, pois estará abaixo do ponto de equilíbrio. Com certeza, essa não é uma

situação agradável para nenhuma empresa, e, caso ela continue por muito tempo

nessa situação, a falência é inevitável. Porém, toda a unidade que for vendida acima

do ponto de equilíbrio irá trazer lucro para a empresa, o que é muito positivo.

O Ponto de Equilíbrio é o nível de produção e vendas suficientes para igualar receitas

e custos. Se o nível de vendas está abaixo do Ponto de Equilíbrio, significa que o total

de receitas é insuficiente para cobrir todos os custos fixos e variáveis, ou seja, o custo

total.

Resumidamente, o ponto de equilíbrio significa o ponto a partir do qual as vendas

começam a dar lucro para a empresa.

A determinação do Ponto de Equilíbrio é muito importante. Para que você possa

determiná-lo é necessário identificar e classificar todas as receitas e custos do seu

negócio.

A análise de ponto de equilíbrio pode ser vista como uma análise de CVL (custo-

volume-lucro), em que a preocupação está voltada para determinar o volume de

produção na qual a receita operacional se iguala ao custo operacional, ou seja, o lucro

operacional é igual a zero.

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a)Objetivos da análise: Determinar o volume mínimo de produção / vendas suficiente para cobrir os custos totais (fixos e variáveis) e contribuir para a formação do lucro. Esse volume mínimo é o ponto em que a empresa não realiza lucro nem prejuízo, conhecido como ponto de equilíbrio;

Munir a administração da empresa de informações, com o propósito de alterar a composição da produção / vendas em função do mercado;

Servir de instrumento de decisão para determinação do lucro planejado por ocasião da elaboração dos planos orçamentários;

Dar solução a muitas perguntas que exigem respostas rápidas, tais como: - Quantas unidades devem ser produzidas / vendidas para atingir o ponto de equilíbrio? - Avaliação de desempenho através da análise de margem de contribuição de cada produto - Qual será o lucro líquido se dado volume de vendas for realizado? - O que acontecerá aos lucros se os preços aumentarem ou diminuírem? - O que acontecerá aos lucros se a produtividade ou ganho de peso aumentar ou diminuir? b) Condição para aplicação da análise:

• Custos fixos e variáveis rigorosamente separados

• Decomposição dos custos semifixos ou semivariáveis e seus componentes

fixos e variáveis através dos métodos dos pontos máximos e mínimos de

método estatístico dos mínimos quadrados

• A análise é desenvolvida segundo a hipótese de que é possível determinar

com precisão os custos fixos e variáveis

• Admitir o principio da linearidade dos custos através da equação:

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onde:

y = custo total

a = custo fixo total

b = custo variável total

x = volume de atividade

c) Fórmulas para determinação do ponto de equilíbrio Ponto de Equilíbrio em Volume

Ponto de Equilíbrio em Valor

Exemplo: Projeção do resultado para cultura de tomate industrial

Area (ha) 100,00

Produtividade (t/ha) 35,0

Preço unitário p/ kg $ 2,00

Produção total ton 3.500

ou

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Resultados no ponto de equilíbrio

a) % capacidade de produção: 1.451.378,8 kg / 3.500.000kg = 0,41 = 41%

b) produtividade: 1.451.378,8 kg / 100,0 ha = 14,5 tons/ha

c) área 100,0 ha x 0,41 da capacidade de produção = 41 há Portanto, o ponto de equilíbrio se dá a 41% da capacidade de produção. Nesse ponto

não há lucro nem prejuízo; apenas se cobre o total dos custos com o volume de

vendas de $ 2.902.757,0 e uma produtividade de 14,5 ton/há.

Qualquer venda acima desse ponto proporciona lucros e qualquer venda abaixo desse

ponto significa prejuízo.

4 -Marque "V" para alternativas verdadeiras e "F" para as falsas. ( ) Margem bruta é a diferença entre a receita gerada em uma determinada atividade

produtiva e o total de desembolsos realizados para o desenvolvimento da atividade.

( ) Desembolso é a parte dos custos fixos e não engloba nenhum custo variável.

( ) A Rentabilidade é um indicador de remunerasor do negócio, pois mostra a o custo

da atividade e o capital investido.

( ) Lucratividade apresenta o quanto um produto deixa de resultado em relação a seu

preço de venda e seus custos de produção.

Veja o gabarito no final da apostila.

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MÓDULO V- NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Antes de iniciarmos nosso trabalho, vamos ver alguns conceitos básicos utilizados na contabilidade:

Receita – corresponde, em geral, a vendas de mercadorias ou prestações de

serviços. Ela aparece no Balanço através de entrada de dinheiro no Caixa (Receita a

Vista) ou entrada em forma de Direitos a Receber (Receita a prazo) – duplicatas a

receber. A receita sempre aumenta o Ativo, embora nem todo aumento de Ativo

signifique Receita (empréstimos bancários, financiamentos, etc. aumentam o Caixa-

ativo da empresa e não são Receitas). Todas as vezes que entra dinheiro no Caixa

através de receita a vista, recebimentos, etc., denominamos esta entrada de Encaixe.

Custo – são gastos relativos a um bem ou serviço utilizados na produção de outros

bens ou serviços.

Gastos – é o sacrifício financeiro que a entidade faz para obter um produto ou

serviço qualquer, com pagamento no ato (desembolso) ou no futuro (cria uma divida).

Investimento – gasto ativado em função de vida útil ou benefícios atribuídos a

futuro(s) período(s).

Despesa – bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção de

receita.

Desembolso – pagamento resultante da aquisição de um bem ou serviço.

Estamos começando agora o módulo V, nele vamos aprender sobre contabilidade. O que vem a ser contabilidade? Você imagina que fazer contabilidade é algo complicado?E ficaria surpreso se lhe dissesse que você faz contabilidade todo dia?

A Contabilidade é o conjunto das leis, normas e princípios, com a finalidade de estudar e registrar todos os fatos relacionados com a formação, a movimentação e as variações do patrimônio administrado. A contabilidade é orientada para o acompanhamento do patrimônio das empresas. Assim, fornece informações básicas que são utilizadas nas funções de controle e planejamento das organizações. Ao longo deste módulo você vai ver como a contabilidade está diretamente ligada ao seu trabalho!

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Perda – bem ou serviço consumido de forma anormal e involuntariamente.

Custo direto – é aquele facilmente identificado no produto e que não precisa de

critérios de rateio.

Custo indireto – é aquele não identificado no produto. Necessita de critérios de

rateios para locação. Ex. depreciação, seguros, etc.

Custo variável – depende da quantidade produzida. Ex. combustível, matéria-prima,

etc.

Custo fixo – independe da quantidade produzida. Ex. aluguel, depreciação, etc.

Custo semi-variável – também chamado de custo semi-fixo. Varia com o nível da

atividade, porém não direta e proporcionalmente. Ex. luz, força, etc.

Custo primário – é a soma da matéria-prima, material de embalagem mais a mão-

de-obra direta.

Custo de transformação – é a soma de todos os custos de produção, exceto a

matéria-prima e outros elementos adquiridos, ou seja, é o custo do esforço realizado

pelas empresas.

Conforme a finalidade com que são produzidas as informações, a contabilidade se expressa em diferentes modalidades, conforme os conceitos que veremos em a seguir:

Fiscal – reporta-se ao processo de elaboração de informações para o fisco, ou

órgãos fiscalizadores. É o principal responsável técnico pelo planejamento tributário

das organizações e tem grande importância para o contexto sócio-político e

econômico, para a melhor distribuição de renda, de forma mais justa.

Pública – abrange a gestão das finanças públicas no âmbito dos municípios,

estados e da federação, é focada nas determinações legais e influi no processo

decisório das organizações

Gerencial – diz respeito à otimização dos fatores de produção nas empresas, por

intermédio do estabelecimento de métodos e critérios de controles destes através do

desenvolvimento de sistemas de informação para fins decisórios, originando as

funções e atribuições do controller.

Financeira – atuação mais abrangente da contabilidade no que tange à elaboração

e consolidação das demonstrações contábeis para fins externos. Reporta aos clientes

externos da empresa as informações geradas, devendo, contudo, ser trabalhada com

probidade e responsabilidade profissional de modo que as informações não sejam

tendenciosas, para cumprir interesses escusos.

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Auditoria – consiste na avaliação sistemática da confiabilidade e legalidade das

informações de natureza operacional ou financeira produzidas na empresa em

decorrência de atos e fatos administrativos e pode ser interna ( praticada por

profissionais com vínculo de emprego com a própria empresa e é feita de forma

sistemática) ou externa (praticada por empresas de auditoria contratadas para exercer

o trabalho de forma esporádica).

Perícia Contábil – modalidade de atuação exclusiva do contador, exercida em

decorrência de processos judiciais ou extrajudiciais. Consiste na elaboração de laudos

contábeis periciais junto a organizações em difícil situação financeira e/ou operacional

provocada por possíveis problemas de gerenciamento.

Veja agora um resumo dos serviços prestados pela contabilidade: Classificação completa e processamento contábil das operações da empresa-cliente,

através dos documentos fornecidos, emissão de balancetes mensais, livros diário,

razão e demais relatórios oferecidos pelo sistema de contabilidade.

Contabilidade com base de apuração no Lucro Presumido ou Lucro Real, em

conformidade com a opção da empresa-cliente e considerados os benefícios

legalmente permitidos para redução da carga tributária.

Elaboração de IRPJ

Emissão anual de balanço patrimonial e demais demonstrativos financeiros

Conheça agora um resumo dos serviços

prestados pela contabilidade.

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Admissão e demissão de empregados, atualização das fichas de registro e carteiras

de trabalho, contratos de experiência, aviso-prévio do empregador e do empregado,

aviso e recibo de férias.

Elaboração da folha de pagamento mensal com emissão de relatórios, guias de

recolhimento dos encargos sociais e informações mensais exigidas pela legislação

trabalhista.

Elaboração anual da RAIS, declaração de rendimentos e DIRF.

Acompanhamento e orientação quanto à legislação pertinente

Atualização de certidões junto à Receita Federal, Receita Estadual, Prefeitura

Municipal, Caixa Econômica Federal e outros órgãos de fiscalização (INSS, FGTS,

dentre outras).

Acertos no Ministério do Trabalho, indicação de advogados trabalhistas e

representação junto à Junta de Conciliação

Elaboração de contratos sociais, alterações e distratos.

Cálculo e elaboração de processos de parcelamento de impostos em todas as áreas.

Elaboração de imposto de renda pessoa física dos sócios

Livro-caixa para profissionais liberais

Levantamento patrimonial e sistemas de controle do Ativo

Apuração dos impostos pertinentes à empresa-cliente, escrituração eletrônica,

preenchimento de guias de recolhimento e livros fiscais.

Atendimento à fiscalização municipal, estadual e federal, sob acompanhamento da

Gerência Contábil.

Solicitação de autorização para emissão de notas fiscais e outros documentos nos

órgãos de competência

Elaboração de informações periódicas exigidas pelos órgãos de fiscalização e controle

(DAPI, VAF, DAMEF, dentre outros)

Orientação para planejamento fiscal e tributário

Elaboração de fluxos de caixa

Elaboração de orçamentos periódicos tanto da empresa como um todo, quanto de

operações especificas (obras, aquisições de imobilizados, investimentos especiais,

dentro outros)

Organização dos sistemas de controle de contas a pagar e receber da empresa.

Análise de investimentos, endividamentos e financiamentos especiais

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Área de atuação

Assessoria em planejamento estratégico

Avaliação da estrutura de gestão da empresa-cliente

Orientação sobre organização, distribuição de pessoal, tarefas e sistemas de

controle interno das operações.

Elaboração de informação para o fisco ou órgãos fiscalizadores

Emissão de relatórios gerenciais de desempenho, personalizados, elaborados de

acordo com as características especificas e objetivos da direção de empresa-cliente.

Orientação quanto aos procedimentos de controle interno da empresa, sua

segurança e validade.

Esclarecimentos sobre assuntos técnicos de especialidade contábil-gerencial

Participação em reuniões que se fizerem necessárias, apoiando o processo de

tomada de decisões da Administração.

Recomendações sobre práticas adotadas pela empresa-cliente na gestão de seus

recursos

Elaboração e consolidação das demonstrações contábeis para fins externos

A Contabilidade na atividade agrícola

Uma pergunta constante na atividade agropecuária é quanto ao término do exercício

social.

Deveria ser encerrado normalmente em 31/12, como ocorre com a maioria das empresas?

A resposta é NAO. A maioria das empresas comerciais tem receita e despesa constante durante os

meses do ano, não havendo dificuldade quanto a fixação do mês de encerramento do

exercício social para a apuração de resultado.

A opção pelo mês de dezembro, não só pelo fato de ser o último mês do ano, mas

também pela redução ou até interrupção da atividade operacional, propiciando férias

coletivas e, conseqüentemente, condições mais adequadas para o inventário das

mercadorias.

Na atividade agrícola, porém, a receita concentra-se, normalmente, durante ou logo

após a colheita. A produção agrícola, essencialmente sazonal, concentra-se em

determinado período. Ao termino da colheita e, quase sempre, da comercialização

dessa colheita, temos o encerramento do ano agrícola.

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Ano agrícola é o período em que se planta, colhe e, normalmente, comercializa a safra

agrícola.

Evidentemente, a apuração de resultado, quando realizada logo após a colheita e a

comercialização, contribui de forma mais adequada na avaliação do desempenho da

safra agrícola; não há por que esperar meses para se conhecer o resultado que é tão

importante para a tomada de decisões, sobretudo a respeito do que fazer no novo ano

agrícola.

Empresas que diversificam suas culturas e apresentam colheitas em períodos

diferentes do ano, recomenda-se que o ano agrícola seja fixado em função da cultura

com maior representatividade econômica.

Os meios de que se utiliza a contabilidade Para atingir sua finalidade, a Contabilidade se utiliza das seguintes técnicas contábeis:

Escrituração

Demonstrações contábeis (inventários, balanços, etc.)

Auditoria

Análise de Balanços

1) Escrituração

A Escrituração é o registro dos fatos que ocorrem no patrimônio. Esse registro é feito

em ordem cronológica, o que dá a Contabilidade característica de verdadeira história

do patrimônio. Diversas são as maneiras de escriturar os fatos contábeis, porém o

mais utilizado é o Método das Partidas Dobradas.

No Método das partidas dobradas o principio fundamental é o de que não há devedor

sem credor e vice-versa, correspondendo a cada débito, um crédito de igual valor. Daí,

em dado momento, ser a soma dos débitos igual a soma dos créditos. É esse

principio que determina a equação entre ativo e o passivo do patrimônio. Os valores

ativos representam sempre saldo devedor, e os passivos, saldo credor, sendo a soma

do ativo sempre igual a do passivo.

Para que se faça a Escrituração, é necessário que haja os Lançamentos.

Lançamento é o registro de um fato contábil, e esse registro é feito pelo método das

partidas dobradas, ou seja, em ordem cronológica e obedecendo a determinada

disposição técnica.

O método das partidas dobradas exige o aparecimento do devedor e do credor, aos

quais se seguem o histórico do fato ocorrido e a importância em dinheiro.

Veja um exemplo:

Lançamento No. 1

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(Data do registro) Uberlândia, 29 de Agosto de 2.004

(Conta debitada) D Caixa

(Conta Creditada) C Mercadorias

(Histórico e valor) Vendas a vista – R$ 35,00

Ao conjunto dos lançamentos denominamos Escrituração.

2) Demonstrações Contábeis O simples registro e seleção dos fatos, dado seu volume e heterogeneidade, não é

elemento suficiente para atingir a finalidade informativa da Contabilidade. Daí serem

esses fatos reunidos em demonstrações expositivas que recebem a denominação

genérica de Demonstrações Contábeis. Quando essas demonstrações tem em vista a

exposição dos componentes patrimoniais, recebem o nome de Balanço Patrimonial.

Quando visam a demonstrar as variações patrimoniais e o resultado econômico de um

período administrativo, recebem a denominação de Demonstração do Resultado do

Exercício.

3) Auditoria

Para confirmar a exatidão dos registros e das demonstrações contábeis, a

Contabilidade se utiliza também de uma técnica que lhe é própria, chamada Auditoria.

A Auditoria consiste no exame de documentos, livros e registros, obedecendo as

normas especiais de procedimento, com o objetivo de verificar se as demonstrações

contábeis representam, adequadamente, a posição econômico-financeira do

patrimônio e os resultados do período administrativo.

4) Analise de Balanços

Enfim, a Analise de Balanços, permite compor, comparar e interpretar essas

demonstrações, oferecendo aos interessados na riqueza patrimonial dados Analíticos

e interpretação sobre os componentes do patrimônio e sobre os resultados da

atividade econômica desenvolvida pela entidade.

Como está a saúde financeira de sua empresa?De onde vem sua receita e onde é gasto seu dinheiro? Quanto de lucro está gerando?

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Você pode ajudar sua propriedade a ganhar dinheiro reduzindo os custos,

aumentando as receitas, ou as duas coisas. Você não deve se preocupar apenas com

o orçamento e sim, buscar a síntese adequada entre controle de custos e aumento de

receitas.

No processo gerencial, você deverá estar permanentemente acompanhando e

avaliando os resultados financeiros das operações. Esse procedimento sinaliza se os

resultados estão de acordo com os objetivos previstos.

Para conduzir suas análises você vai usar os demonstrativos financeiros:

Balanço patrimonial

Demonstrativo do resultado

Demonstrativo de fluxo de caixa

Os três demonstrativos financeiros oferecem três perspectivas diferentes sobre o

desempenho financeiro de sua empresa; ou seja, eles contam três histórias diferentes,

mas relacionadas entre si, sobre como a empresa está indo financeiramente.

Balanço Patrimonial

Vamos fazer uma analogia para você entender melhor o que é Balanço Patrimonial.

A maioria das pessoas vai ao médico uma vez por ano fazer um check-up – “uma

fotografia” de sua condição física num determinado momento.

Do mesmo modo, as empresas preparam Balanços para dispor de um resumo de suas

posições financeiras num determinado momento.

O Balanço apresenta a situação financeira da empresa num momento específico, isto

é, proporciona um flash da situação financeira da empresa num determinado

momento.

O Balanço diz com que eficiência a empresa está utilizando seus ativos e administrado

suas obrigações – em busca de lucros.

O balanço registra a relação entre o ativo e o passivo da empresa, por meio da

igualdade:

ATIVO = PASSIVO. O balanço utiliza a contabilidade de partida dobrada – sistema que assegura o

balanceamento de cada transação. Este sistema apóia-se na seguinte equação

básica:

Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido O Balanço Patrimonial é constituído de duas colunas:

Lado direito

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- Passivo e Patrimônio Líquido

Lado esquerdo

- Ativo

Ativo – São todos os bens e direitos de propriedade da empresa, mensuráveis

monetariamente, que representam benefícios presentes ou benefícios futuros para a

empresa.

Bens – imóveis (benfeitorias), estoques (insumos), maquinário (tratores,

implementos), etc.

Direitos – representados por títulos a receber, saldo disponível em caixa,

investimentos, bancos, etc.

Passivo – de fato, se a palavra Ativo tem conotação positiva, o termo Passivo tem um

significado negativo.

O passivo mostra as obrigações e o que a propriedade deve, englobando o exigível a

curto e longo prazo e o patrimônio líquido.

Obrigações: bens que encontrando-se em seu poder, são de propriedade de terceiros

(duplicatas a pagar, obrigações trabalhistas, empréstimos bancários, fornecedores,

encargos sociais, etc.)

Patrimônio Líquido - também conhecido por patrimônio dos acionistas, é o que

sobra, quando sobra, depois que o valor total do Passivo é deduzido do valor total dos

Ativos.

Assim, uma empresa que possuir R$ 3 milhões em Ativos e R$ 2 milhões em

obrigações tem um patrimônio líquido de R$ 1 milhão.

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Grupos de contas do Balanço Patrimonial

Ativo

- Ativo Circulante – são contas que estão constantemente em giro, sendo que a

conversão em dinheiro, será no máximo, dentro do próximo exercício social,

correspondem aos valores de caixa, contas a receber e estoques de produtos e de

suprimentos.

- Realizável a Longo Prazo – são bens e direitos que se transformarão em dinheiro

após um ano do levantamento do Balanço Patrimonial, engloba contas como impostos

e créditos tributários a receber em prazos mais longos.

- Ativo Permanente – são bens e direitos que não se destinam à venda,

representam os imóveis, as instalações e os equipamentos. As instalações e

equipamentos sofrem um desgaste ao longo do tempo, ou seja, uma depreciação.

Passivo e Patrimônio Líquido

- Passivo circulante – são obrigações que serão liquidadas no próximo exercício

social (nos próximos 365 dias após o levantamento do balanço)

- Exigível a Longo Prazo – são obrigações exigíveis que serão liquidadas com

prazo superior a um ano

- Patrimônio Liquido – são recursos dos proprietários, capital + seu rendimento,

aplicados na empresa (lucros e reservas)

Ao ler o balanço patrimonial, deve-se tentar a algumas perguntas:

A empresa está solvente? A solvência é a capacidade de pagar os passivos à

medida que vencem. O teste mais importante da solvência consiste em verificar se o

valor dos ativos é superior à soma do passivo circulante mais o exigível à longo prazo.

Os ativos da empresa têm suficiente liquidez? A liquidez indica a capacidade da

empresa de liquidar as obrigações à curto prazo – como várias contas à pagar, a

próxima folha de pagamento ou a necessidade de comprar matéria-prima para atender

o forte crescimento da demanda. Um dos testes de liquidez é apurar se o ativo

circulante é superior ao passivo circulante (ou seja, se o índice de liquidez corrente é

maior do que 1). Outro teste focaliza os itens do ativo circulante de maior liquidez,

como o caixa e as contas a receber, para saber se são maiores do que o passivo

circulante ( o índice de liquidez seca é outro meio de avaliar a magnitude relativa

desses saldos).

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Qual a composição dos financiamentos? Verificar se há participação muito

elevada de empréstimos na estrutura de capital.

Apresenta o resultado final, o lucro ou o prejuízo gerado por uma empresa num

determinado período – mês, trimestre ou ano. O demonstrativo de lucros e perdas diz

se a empresa está dando lucro. É um relatório de fundamental importância para o

acompanhamento dos resultados, pois registra o sumário das receitas e despesas de

uma unidade de negócio, em um período de tempo – mensal, trimestral ou anual -,

permitindo a você avaliar seu desempenho operacional e fazer correções, caso os

objetivos não estejam sendo atingidos.

Vendas brutas – consiste no volume total das receitas decorrentes das vendas de

produtos e serviços, em certo período de tempo (anual ou mensal)

( - ) Abatimentos e impostos – contas que abatem o valor da receita bruta, incluindo

devolução de produtos e cancelamentos de vendas de clientes não satisfeitos com as

compras, e descontos concedidos devido ao volume comprado ou por alguma

imperfeição da mercadoria. Engloba tributos como ICMS e PIS

( = ) Vendas líquidas – reflete a receita que o produtor alcança em certo período de

tempo, já abatidos as devoluções, descontos a clientes e tributos

( - ) CMV – considera o preço de compra mais frete e seguro, menos os descontos

obtidos. Fórmula CMV = ( Ei ) + (compras) – ( Ef )

( = ) Lucro bruto – ou margem bruta. Corresponde à soma das despesas

operacionais com o lucro operacional

( - ) Despesas operacionais – para funcionar, qualquer atividade incorre em uma

série de despesas operacionais: despesa de pessoal, aluguel, energia elétrica,

insumos, etc...

( + ) Outras receitas e despesas – outras fontes de receitas, como as provenientes

do aluguel de pasto, ou da receita financeira de vendas financiadas

Lucro operacional – é a diferença entre o Lucro Bruto e as Despesas Operacionais

e reflete a habilidade e a competência do produtor em administrar compras, definir

margens e preços, gerenciar as operações, de forma que os resultados sejam

positivos.

Receitas e despesas não operacionais – essas receitas ou despesas podem refletir

perdas de algumas transações com a venda de ativos

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LL antes dos impostos – LL = lucro líquido, indica o lucro final operacional, ajustado

com as outras receitas e despesas, antes do imposto de renda e a contribuição social

sobre o lucro.

IRPJ + CSLL – corresponde a determinados percentuais de Lucro Líquido,

ajustados nos termos da legislação tributária

LL depois dos impostos – como o nome sugere, reflete o resultado da empresa

considerando-se todas as despesas e, passível de distribuição a seus acionistas.

Diz de onde vem e para onde vai o dinheiro da empresa – em outras palavras, o fluxo

de caixa para dentro e para fora da empresa. O demonstrativo de fluxo de caixa diz se

a empresa está convertendo os lucros em numerário.

O relatório de fluxo de caixa permite que você faça um breve exame da conta-corrente

de sua empresa. A exemplo de um extrato bancário, o demonstrativo de fluxo de caixa

informa o montante de dinheiro disponível no inicio e no final do período. Em seguida,

descreve como a empresa gastou seu dinheiro. Como no caso de um talão de

cheques, as aplicações de dinheiro são registradas por números negativos, e as

fontes, por números positivos.

É sempre bom estar em dia com as projeções de fluxo de caixa de sua empresa, já

que podem entrar em jogo na hora de você preparar seu orçamento para o ano

seguinte. Por exemplo, se o dinheiro estiver escasso, provavelmente você terá de ser

cauteloso com seus gastos. Por outro lado, se a empresa estiver folgada, você poderá

ter oportunidades para fazer novos investimentos.

O relatório de fluxo de caixa é útil, já que indica se a empresa está convertendo os

lucros em numerário – e essa capacidade é, em última análise, o que mantém a

empresa solvente.

O demonstrativo de fluxo de caixa não mede a mesma coisa que o demonstrativo de

resultados. Se não houver nenhuma transação em dinheiro, não haverá registro no

demonstrativo de fluxo de caixa. Mas o resultado líquido do demonstrativo de fluxo de

caixa é o mesmo que o resultado líquido do demonstrativo de resultados – é o lucro ou

prejuízo da empresa.

Através de uma série de ajustes, o demonstrativo de fluxo de caixa traduz esse

resultado líquido em numerário.

Em geral, uma empresa cuida de três fontes de caixa: as operações em andamento,

as atividades de investimento e as atividades de financiamento.

Tradicionalmente, começa-se pelas operações em andamento.

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Contas à receber e estoques – representam os itens que a empresa produziu, mas

pelos quais ainda não recebeu pagamento. As despesas pagas antecipadamente

representam os itens já pagos, mas ainda não consumidos pela empresa. Esses itens

são integralmente deduzidos do fluxo de caixa.

Contas a pagar e as despesas provisionadas – representam os itens já recebidos

ou usados pela empresa, mas que ainda não foram pagos. Por isso, são

acrescentados ao fluxo de caixa.

Atividades de investimento – podem ser:

- Numerário que a empresa utiliza para investir em instrumentos financeiros ou em

ativo imobilizado (esses investimentos em ativo imobilizado costumam ser indicados

como dispêndio de capital);

- Ganhos auferidos com a venda de ativo imobilizado;

- Ganhos auferidos com a conversão de investimentos em numerário.

O lucro é um objetivo fundamental de qualquer empresa.

Como você pode definir seus indicadores de lucro?

Existem duas principais abordagens na avaliação dos lucros.

Utiliza a última linha do Demonstrativo de Lucros e Perdas, ou seja, o Lucro

Líquido depois do IR. Essa medida de lucro reflete a eficiência operacional da

empresa, e em geral é avaliada como um percentual de lucro em relação às vendas.

A outra forma de mensurar a lucratividade considera o retorno sobre o

investimento realizado na empresa. Existem duas formas de estimar o retorno sobre o

investimento. O retorno sobre Ativos (ROA) é calculado relacionando o Lucro Líquido e

todos os recursos investidos na empresa, ou seja, ativo total. O retorno sobre

patrimônio líquido (ROPL) relaciona o Lucro Líquido com Patrimônio Líquido,

indicando o retorno dos acionistas sobre o capital investido na empresa.

Os índices operacionais e financeiros utilizam resultados extraídos dos

Demonstrativos de Lucros e Perdas e Balanço Patrimonial para sinalizar o

Desempenho operacional e financeiro de uma empresa.

Há diversos tipos de índice, como:

Índices de liquidez – reflete se a empresa conseguirá transformar seus ativos em

caixa, para pagar seus compromissos.

Índices de lucratividade – mostram a rentabilidade das operações e o retorno que

os acionistas estão conseguindo das atividades da empresa.

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Índices de endividamento – estrutura de capital. Retratam a relação entre os

recursos que são proporcionados pelos acionistas, e aqueles conseguidos por meio de

financiamento.

Índices de atividades – demonstram alguns importantes indicadores que

influenciam o fluxo de caixa da empresa.

Os índices podem ser avaliados de formas diferentes:

Pelo próprio significado em certo momento ou período de tempo,

Análise de benchmarks – comparando os resultados da empresa com os índices

obtidos pelas melhores empresas do setor,

Análise temporal – comparando como os resultados vêm evoluindo ao longo do

tempo.

Concluímos que o domínio dos fundamentos da contabilidade é absolutamente

essencial para o êxito do gerente moderno.

Esse domínio deve incluir a habilidade de interpretar as demonstrações financeiras,

delas extraindo alguns insights básicos sobre a saúde da empresa, e de avaliar o

desempenho de uma empresa ou projeto em comparação com o orçamento ou com

outros padrões.

Finalmente, a contabilidade proporciona um referencial extremamente importante para

o raciocínio sobre as operações internas da empresa. O ativo é sempre igual ao

passivo mais o patrimônio liquido.

As transações se equilibram, o que é assegurado através do método das partidas

dobradas. Esse conceito visualiza a empresa como um sistema através do qual as

turbulências ressoam com maior ou menor intensidade, amplificadas ou amortecidas

pelo processo.

O objetivo para os executivos não é eliminar a turbulência, mas gerenciá-la. Para

tanto, devem encarar a empresa como um sistema e analisar as fontes da turbulência

e seus efeitos diretos e indiretos por todo o sistema.

5 - O Balanço utiliza a contabilidade de partida dobrada – sistema que assegura o balanceamento de cada transação. Este sistema apóia-se na seguinte equação básica: ( ) Passivo = Ativo + Patrimônio Liquido

( ) Patrimônio Liquido = Passivo + Ativo

( ) Ativo = Passivo + Patrimônio Liquido

( ) Ativo = Passivo – Patrimônio Liquido

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MÓDULO VI- INTRODUÇÃO Á ENGENHARIA ECONÔMICA

O mundo globalizado nos mostra cada vez mais a necessidade de informações e, para

tanto, é necessário o conhecimento básico que possibilita o entendimento de conceitos

mais apurados. Este raciocínio é o que norteia a Matemática Financeira que se

preocupa com o estudo do valor do dinheiro no tempo, sendo uma base de

conhecimento indispensável para o entendimento da Engenharia Econômica e da

Análise de Investimentos, pois fornece as ferramentas necessárias ao

desenvolvimento das diversas teorias existentes.

Todo investidor busca a melhor rentabilidade de seus recursos, e para que se possa

medir o seu retorno faz-se necessária a aplicação de cálculos financeiros que

possibilitam a tomada de decisão e a gestão financeira das empresas.

A matemática financeira tem como objetivos principais:

A transformação e o manuseio de fluxos de caixa, com a aplicação das taxas de

juros de cada período, para se levar em conta o valor do dinheiro no tempo;

A obtenção da taxa de juros que está implícita no

fluxo de caixa;

A análise e a comparação de diversas alternativas

de fluxo de caixa.

Juros Sempre ouvimos essa palavra, “juros”, nos jornais, nas rádios, nos supermercados, etc. Mas, o que é juros?

Todo o fundamento da Engenharia Econômica se baseia na Matemática Financeira, que se preocupa com o valor do dinheiro no tempo. Para que seja possível lídar com esta variável, é fundamental o conhecimento de um série de conhecimentos básicos. Você saberá, nesta parte do curso, como calcular juros simples e compostos, taxa de juros, valor do dinheiro no tempo e fluxo de caixa. Então, todos a postos! Vamos começar nosso módulo. Estude com bastante atenção!!!

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E por que ele existe? Ótimas perguntas não acha? Que tal respondermos juntos? Vamos lá? O juro é a remuneração pelo empréstimo do dinheiro.

Ele existe porque a maioria das pessoas prefere o

consumo imediato e está disposta a pagar um preço

por isso. Por outro lado, quem for capaz de esperar

até possuir a quantia suficiente para adquirir seu

desejo, e neste período estiver disposto a emprestar

esta quantia a alguém, menos paciente, deve ser

recompensado por esta abstinência na proporção do

tempo e risco que a operação envolver.

O tempo, o risco e a quantidade de dinheiro disponível

no mercado para empréstimos definem qual deverá

ser a remuneração, mais conhecida como taxa de

juros.

Um indivíduo de posse de uma certa quantidade de dinheiro pode hoje, se assim

desejar, adquirir algum produto que lhe proporcione uma certa satisfação. Outra opção

seria emprestar o dinheiro cobrando uma taxa de juros ou, então, aplicar o dinheiro em

algum título no mercado financeiro que lhe remunere a uma determinada taxa de juros.

A possibilidade de o indivíduo obter, ao longo do tempo, uma remuneração do capital,

conduz ao conceito do Valor do Dinheiro no Tempo.

Você deve considerar que o dinheiro tem valor no tempo. Uma certa quantia

apresenta, em instantes, diferentes valores. Assim, R$ 1.000 hoje não têm o mesmo

valor que R$ 1.000 ao final de um ou dois anos.

O governo, quando quer diminuir o consumo, tentando com isso conter a inflação,

diminui a quantidade de dinheiro disponível no mercado para empréstimos. Assim, a

remuneração deste empréstimo fica muito alta para quem paga, desmotivando-o a

consumir imediatamente e atraente para quem tem o dinheiro, estimulando-o a

poupar.

Na época de inflação alta, quando a caderneta de poupança pagava até 30% ao mês,

alguns tinham a falsa impressão de que logo ficariam ricos, com os altos juros pagos

pelo banco. O que não percebiam é que, dependendo do desejo de consumo, ele

poderia ficar cada vez mais distante, subindo de preço numa proporção maior que os

30% recebidos.

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A taxa de juros que o banco cobra e paga inclui, além de itens como o risco e o tempo

de empréstimo, a expectativa de inflação para período.

Para concluir, você deve notar a correspondência entre os termos “juros” e “tempo”,

que estão intimamente ligados.

A taxa de juros indica qual remuneração será paga ao dinheiro emprestado, para um

determinado período.

Ela vem normalmente expressa de forma percentual, seguida da especificação do

período de tempo a que se refere:

10%a.a.- (a.a. significa ao ano).

15 % a.t. - (a.t. significa ao trimestre).

Outra forma de apresentação da taxa de juros é a unitária, que é igual à taxa

percentual dividida por 100, sem o símbolo %:

0,12 a.m. - (a.m. significa ao mês ).

0,10 a.q. - ( a.q. significa ao quadrimestre )

Utilizaremos esta notação para cálculos.

O Valor do dinheiro no tempo

Quando situações econômicas são investigadas, as quantias de dinheiro envolvidas,

são sempre relacionadas com um fator indispensável: o tempo.

Portanto, do ponto de vista da Matemática Financeira $ 10.000, hoje, não são iguais a

$ 10.000 em qualquer outra data, pois dinheiro cresce no tempo ao longo dos

períodos, devido à taxa de juros por período. Um capital de $10.000 hoje só seria igual

a $10.000 daqui um período na hipótese

absurda se a taxa de juros do período for

considerada igual a zero.

A partir dessa explicação podemos deduzir o

mandamento básico da Matemática

Financeira:

Ë proibido somar ou subtrair quantias de

dinheiro que não se referem à mesma data.

Em outras palavras, podemos dizer que

valores em dinheiro em datas diferentes, são

grandezas que só podem ser comparadas, ou

somadas ou subtraídas, após terem sido

movimentadas para uma mesma data, com a

correta aplicação de uma taxa de juros.

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Fluxo de caixa

Denomina-se fluxo de caixa, o conjunto de entradas e saídas de dinheiro (caixa) ao

longo do tempo. A elaboração do fluxo de caixa é indispensável na análise de

rentabilidades e custos de operações financeiras, e no estudo de viabilidade

econômica de investimentos. A representação esquemática de um diagrama de fluxo

de caixa é mostrada na figura a seguir:

O eixo horizontal representa a escala de tempo, onde da esquerda para direita em

ordem crescente, são discriminados os períodos. O número de períodos considerados

no diagrama é chamado horizonte de planejamento. Os vetores orientados para cima

identificam recebimentos (entradas em caixa) representando valores positivos de

caixa, enquanto que os valores orientados para baixo, representam desembolsos

(saídas de caixa), estando portanto associados a valores negativos. O fluxo de caixa

pode ser utilizado em quase todos os cálculos de matemática financeira.

Inflação

Tenho certeza de que esse também é um assunto que você escuta quase todos os dias: a inflação aumentou... a inflação diminuiu... Mas, você sabe o que inflação? Vamos lá, tente definir em poucas palavras.... Bom, sei que você respondeu, mas agora vamos saber a resposta do nosso curso. Prepare-se... Inflação pode ser definida como a perda de poder de compra da moeda. Em uma

economia inflacionária, um capital emprestado, por um determinado período de tempo,

deve ser ressarcido pela perda de poder de compra existente.

Considerando K como sendo a taxa de inflação em um período, o capital (C),

emprestado por um período deverá, ao final do mesmo, ser corrigido pela taxa

inflacionária.

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Exemplo: Considerando uma inflação média mensal de 2%, quanto deverá valer, após um ano,

um capital que na data zero vale R$ 1.000,00 ? C12 = Co (1 + 0,02)12 = 1.268,24

Regimes de capitalização

Você vai aprender, a partir de agora, um pouco sobre o regime de capitalização que é definido como o processo de formação dos juros. Eles podem ser simples ou compostos. No regime de juros simples apenas o capital inicial (principal) rende juros. Os juros não

são capitalizados (somados ao principal) para o cálculo de novos juros nos períodos

seguintes. No regime de juros compostos somam-se os juros do período ao capital

para o cálculo de novos juros nos períodos seguintes (juros sobre juros).

Juros simples

O regime de juros será simples quando o percentual de juros incidir apenas sobre o

valor principal. Sobre os juros gerados a cada período não incidirão novos juros. Valor

principal ou simplesmente principal é o valor inicial emprestado ou aplicado, antes de

somarmos os juros. Vamos transformar isso em fórmula?

J = P x i x N Onde: J = juros, P = principal, i = taxa de juros, N = números de períodos.

Preste atenção neste exemplo: Temos uma dívida de R$ 1.200,00 que deve ser paga

com juros de 5% a.m. pelo regime de juros simples e devemos pagá-la em 3 meses.

Os juros que pagarei serão: 1.200 x 0.05 x 3 = 180

Ao somar os juros ao valor principal você terá o montante. Assim, Montante = Principal

+ Juros Montante = Principal + ( Principal x Taxa de juros x Número de períodos )

M = P x ( 1 + ( 1 x N ) ) Aprendeu? Não vamos parar por aqui, tem mais um ótimo exemplo para você entender mais o conteúdo... Quanto receberei, em 5 anos, por um empréstimo de R$ 4.500,00 a uma taxa de 9%

a.a. pelo regime de juros simples?

M = 4500 x ( 1 + ( 0,09 x 5 ) )

M = 4500 x 1,45

M = 6,525

Às vezes, o período de aplicação ou empréstimo é uma fração do período expresso na

taxa de juros. Nestes casos, é necessário trabalhar com a taxa equivalente. Mas, o

que é taxa equivalente? São aquelas que, quando aplicadas a um mesmo capital, pelo

mesmo período de tempo, produzem o mesmo juro.

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Vamos dar uma olhadinha no exemplo: Um banco oferece 36% a.a. pelo regime de

juros simples. Gostaria de saber quanto ganharia, se aplicasse R$ 10.000 em 1 mês?

0,36/12 = 0,03 a.m. ou 3% a.m. 10.000 x 0,03 = 300

Neste exemplo achamos primeiro a taxa mensal equivalente aos 36% a.a., para

calcularmos os juros gerados em 1 mês de aplicação.

Outro exemplo para enriquecer ainda mais seus conhecimentos: Quanto equivalerá

uma taxa de 3,05% a.m., juros simples, em 22 dias de aplicação? ( 0,0305/30 ) x 22 =

0,0224 ou 2,24%

Exemplo: Quanto devo pagar por uma dívida de R$ 550,00 a uma taxa de 12% a.t.,

juros simples, se já se passou 1 ano e 4 meses?

( 0,12 / 3 ) x 16 = 0,64

550 x ( 1+ 0,64 ) = 902,00

Juros compostos

Os juros gerados a cada período são incorporados ao principal para o cálculo dos

juros do período seguinte.

Chamamos de capitalização o momento em que os juros são incorporados ao

principal.

Veja o que acontece em uma aplicação financeira por três meses, capitalização

mensal:

mês 1: M = P x ( 1 + i )

mês 2: o principal é igual ao montante do mês anterior: M=P x (1 + i) x (1 + i)

mês 3: o principal é igual ao montante do mês anterior: M=P x (1 + i) x (1 + i) x (1 + i)

Simplificando:

M = P x ( 1 + i )n É importante lembrar que a taxa i tem que ser expressa na mesma medida de tempo

de n, ou seja, taxa de juros ao mês para n meses, e assim por diante.

Para calcularmos apenas os juros, basta diminuir do montante ao final do período, o

principal.

J = M – P

1. Quanto renderá uma aplicação de R$ 1000,00 por 1 ano se a taxa oferecida é de

3,5% a.m.?

M = 1.000 x (1 + 0,035)12

M = 1.511,07

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J = 1.511,07 – 1.000

J = 511,07

2. Quanto devo aplicar hoje para, após 6 meses, ter R$ 5.000.00 se a taxa é de 8%

a.m.?

5.000 = P x (1 + 0,08)6

P = 5.000 / 1,5869

P = 3.150,84

3. Qual os juros de uma aplicação de R$ 5.000,00 a 1,5% a.m. por 2 meses?

J = 5.000 x (( 1+ 0,015)2 - 1) = 151,13

4. Quanto deve ser aplicado hoje para se ter R$ 10.000,00 depois de 3 anos, se a taxa

de juros for de 5% a.m.?

10.000 = P x (1,05)36 P = 10.000 / 5,79182 P = 1.726,57

Amortização

Pelo sistema de amortização constante, o devedor paga o principal em parcelas iguais

e os juros sobre o saldo devedor. Dessa forma, as prestações são decrescentes, já

que os juros diminuem a cada prestação.

Exemplo: Um empréstimo de R$ 10 000,00, a uma taxa de 4% a.m., a ser pago em 4

vezes pelo SAC tem as seguintes prestações:

1) Uma empresa toma emprestado R$ 60 000,00 em um banco, a uma taxa de 63 % a.a., por quatro meses, com amortizações mensais pelo SAC. Quanto esta empresa pagará de juros totais ao final dos quatro meses?

i = ( 0.63 / 12 ) = 0.0525

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Em sua maioria, os problemas de análise de investimentos envolvem decisões de

desembolsos de capital realizados no presente, mas com recebimentos em datas

futuras. Muitas vezes, na prática, a escolha é feita sem que o custo do capital

empregado seja considerado adequadamente. Somente um estudo econômico pode

confirmar a viabilidade de projetos tecnicamente corretos. A Engenharia Econômica

objetiva a análise econômica de decisões sobre investimentos, através da utilização

de um conjunto de métodos. Ela tem aplicações bastante amplas, pois os

investimentos poderão ser de empresas, como de particulares ou mesmo de entidades

governamentais. Por exemplo, uma fazenda de café quer aumentar sua produtividade

introduzindo um novo equipamento para colheita mecanizada. Para isso, haverá um

desembolso (investimento inicial) no presente com retorno nas próximas safras.

Sempre ao realizar um novo investimento, um novo projeto por exemplo, uma empresa

deve fazer uma análise da viabilidade do mesmo. A decisão da viabilidade deste

investimento deve considerar três conjuntos de critérios.

Critérios econômicos – é a rentabilidade do investimento. Aplicados corretamente,

os critérios econômicos possibilitam a identificação de quais investimentos rendem

mais e de como aplicar o dinheiro de maneira a obter o maior retorno;

Critérios financeiros – á a disponibilidade de recursos próprios ou de terceiros, para

a realização do projeto;

Critérios imponderáveis – são os fatores não conversíveis em dinheiro, tais como

manter certo nível de emprego, conseguir a boa vontade de um cliente ou fornecedor,

dentre outros. Estes critérios imponderáveis são em geral, analisados pela alta

administração da empresa. Vê-se portanto, que a análise econômico-financeira pode

não ser suficiente para a tomada de decisão. Para a análise global do investimento,

pode ser necessário considerar fatores não quantificáveis como restrições ou os

próprios objetivos políticos gerais da empresa; através de regras de decisões

explicitas ou intuitivas.

Para se fazer um estudo econômico adequado, alguns princípios básicos devem ser

considerados:

Deve haver alternativas de investimento. É infrutífero calcular se é vantajoso

comprar um carro à vista se não há condições de conseguir dinheiro para isso;

As alternativas devem ser expressas ou convertidas em dinheiro, para que se tenha

um denominador comum prático;

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Só as diferenças entre as alternativas são relevantes. Numa análise para decidir

que tipo de máquina comprar, não é relevante saber o consumo de energia elétrica de

ambas se estes consumos forem idênticos;

Sempre devem ser considerados os juros sobre o capital empregado. Sempre

existem oportunidades de empregar dinheiro de maneira que ele renda alguma coisa.

Ao se aplicar o capital em um projeto devemos ter certeza de ser esta, a maneira mais

rentável de utilizá-lo;

Nos estudos econômicos, o passado geralmente não é considerado. O que

interessa é o presente e o futuro. Afirmações do tipo: “não posso estimar esta máquina

por menos de $ 40.000 por que gastei isto com ela na manutenção” não faz sentido. O

que interessa é o valor de mercado do bem.

Neste ponto, consideremos um conceito vital aos estudos de Engenharia Econômica;

a taxa mínima de atratividade (TMA) que é definida como sendo a taxa a qual qualquer

capital pode ser aplicado sem dificuldade (uma taxa de poupança ou fundos DI).

As comparações em engenharia econômica baseiam-se na TMA, pois um

investimento qualquer para ser rentável, deve apresentar uma taxa de renda maior

que a TMA, uma vez que para conseguir uma taxa de renda igual a TMA, basta aplicar

o dinheiro em uma poupança ou fundo de renda fixa e ainda se terá um risco bastante

reduzido. Investimentos geralmente trazem altos riscos e portanto necessariamente

devem ter uma taxa de rentabilidade maior que a TMA.

VALOR PRESENTE ( VP ) O valor presente representa a soma das parcelas do fluxo atualizadas para uma

determinada data anterior ao final do fluxo, considerando a mesma taxa de juros. Ele

será obtido pela fórmula:

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Você vai entender melhor no exemplo a seguir: João fez uma dívida no banco para saldá-la em 24 prestações de R$ 934,09. De

quanto foi o empréstimo se a taxa de juros cobrada foi de 5% a.m.?

VALOR FUTURO ( VF ) O valor futuro será a soma dos montantes de cada prestação em uma determinada

data, calculados pela mesma taxa de juros. Ele é calculado pela fórmula:

Você vai entender melhor por meio do exemplo a seguir:

João quer comprar um carro daqui a um ano. Quanto ele deve poupar por mês se o

carro custa R$ 10.000,00 e a taxa de juros oferecida pelo banco é de 3,5% a.m.?

Taxa mínima de atratividade (TMA) TMA é a taxa de juros utilizada para avaliação da atratividade de propostas de

investimentos. A determinação da TMA faz parte de uma política a ser formulada pela

empresa. É a taxa mínima desejada sobre o investimento a ser feito no projeto. É,

portanto, um parâmetro para a seleção de projetos. Vamos entender melhor? Se uma

empresa estabelecer uma TMA de 6% ao ano, todo projeto que prometer taxa de

retorno menor de 6% ao ano será considerado, do ponto de vista econômico, inviável

para esta empresa.

Valor presente líquido (VPL) É o valor econômico de um projeto em determinado instante. Modelos de investimento

de capital baseiam-se nos fluxos de caixa esperados de determinada oportunidade de

investimento. A quantia e a época dos fluxos de caixa esperados de um projeto de

investimento de capital determinam seu valor econômico. A época em que os fluxos

ocorrem é importante, pois caixa recebido mais cedo tem maior valor econômico que

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caixa recebido mais tarde. Recebido o caixa, ele imediatamente pode ser aplicado em

outro investimento. Assim, o caixa comprometido com qualquer projeto tem um custo

de oportunidade. Porque o horizonte de decisões de investimento de capital estende-

se por vários períodos, o valor do dinheiro no tempo geralmente representa fator

decisório importante para os administradores.

Para conhecer o valor do dinheiro no tempo, os fluxos de caixa futuros são trazidos a

valor presente, mediante a aplicação de uma taxa de desconto predeterminada. A

soma desses valores descontados menos o investimento inicial representa o valor

presente liquido (VPL) do projeto, que representa o valor econômico do projeto para a

empresa, em determinado instante.

Neste método de análise de investimentos, calcula-se a valor presente de todos os

termos do fluxo de caixa para somá-lo ao investimento inicial de cada alternativa.

A taxa utilizada para trazer todos os termos para o valor presente é a TMA.

Se obtivermos um VPL positivo, isso significa que a alternativa em questão apresenta

uma rentabilidade maior que a TMA.

Uma vez que o VPL = 0 representa exatamente a opção de deixar os recursos

aplicados a TMA (poupança ou fundos DI).

Já se o VPL for negativo, a opção de investimento não é boa, pois estamos perdendo

em relação a TMA.

Quadro resumo – Método VPL

Comparação entre uma alternativa de investimento e a alternativa de deixar o dinheiro

à TMA

VPL = 0 indiferente

VPL > 0 vale a pena investir

VPL < 0 não vale a pena investir

Comparação entre duas ou mais alternativas de investimento alternativa de maior

VPL é a melhor.

Comparação entre duas ou mais alternativas para as quais não se dispõe dos dados

referentes aos benefícios do investimento

alternativa de menor VPL (em módulo) é melhor e não se pode dizer que VPL < 0

indica alternativa de investimento ruim.

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O VPL trabalha com a diferença, ano a ano, entre as entradas e as saídas de caixa

(obtendo assim o fluxo líquido) durante o horizonte do projeto e desconta todos os

valores futuros para o presente (ano zero). A fórmula é a seguinte:

VPL (K) é o valor líquido presente porque FL mede a diferença entre a receita (entrada

de caixa) em cada período i e o gasto (desembolso de caixa) no mesmo período. É um

valor presente porque estas diferenças são descontadas para o início do projeto,

desde o período zero (que, por definição, está no presente) até o período n, sendo n o

número de períodos contidos no horizonte do projeto, em geral medido em anos e K

representa a taxa de desconto relevante para a decisão; é aquele valor mínimo que o

empresário deseja receber de retorno sobre o capital investido nos projetos que

estiverem sendo propostos.

Nos projetos denominados convencionais, os primeiros termos do lado direito da

equação (1) são negativos (porque são anos de investimento) e os demais anos são

positivos (quando as receitas passam a superar os desembolsos). Neste caso, há

apenas uma mudança de sinal nos termos da equação, de negativo para positivo.

Que critério é utilizado para decidir se um projeto é economicamente viável, quando se

utiliza este método? Se o VPL calculado for exatamente igual a zero, significa que,

trazidos para o presente, os valores dos benefícios são iguais aos dos custos previstos

no projeto e o capital está sendo remunerado à taxa mínima que se aceita para

aprovação. Logo, o projeto pode ser aprovado. Se o VPL for positivo, melhor ainda.

Portanto, só se rejeita o projeto com VPL negativo.

Para ler e aprender!

Um investidor tem a oportunidade de investir R$ 25.000,00 e receber duas parcelas de

R$ 12.802,00, uma em 30 e outra em 60 dias. Se a TMA for igual a 6% am, o

investimento é atrativo?

O investimento não é atrativo, pois o VPL é negativo, o que significa que o retorno do

investimento é menor que o mínimo estabelecido.

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Em uma outra situação em que a TMA for igual 1% am, o investimento se tornaria

viável?

O investimento é viável, pois o VPL é positivo, o que significa que o retorno do

investimento é maior que o mínimo desejado.

Quando várias alternativas de investimento estiverem sendo analisadas por meio do

método do VPL, você deverá optar pela alternativa que possuir maior VPL positivo.

Taxa interna de retorno (TIR) E a taxa de juros que se espera que um projeto renda durante sua vida.Este método

de avaliação se beneficia do conceito apresentado no método anterior. Acabamos de

ver que o VPL é calculado a partir de uma taxa de desconto conhecida (pré-fixada,

que já dissemos ser a TMA), aplicada a um fluxo de caixa liquido também conhecido.

Ou seja, a variável cujo valor estávamos procurando era o VPL.

Neste segundo método vamos mudar a variável. Damos valor zero para o lado

esquerdo da equação (1) e deixamos que a taxa de desconto K seja a variável do

problema, expressa pela equação (2). Resolvendo esta nova equação, o valor

encontrado é denominado TIR. Portanto, a taxa de desconto não é mais a TMA; ela é

um valor desconhecido o qual procuramos.

Na prática, você pode calcular o valor da TIR utilizando calculadoras financeiras ou

planilhas eletrônicas que já trazem estas fórmulas programadas. Dá para você notar

que todos os termos da equação (2) têm o mesmo significado daqueles da equação

(1), exceto a letra K, que agora foi substituída por K (em forma itálica) para significar

que não é mais um parâmetro (predeterminado), mas uma variável cujo valor, uma vez

encontrado, chama-se TIR.

Qual é o critério para decisão sobre a viabilidade econômica do projeto, neste

método?

Por definição, a TIR força os benefícios a serem iguais aos custos.

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Isto quer dizer que a TIR sempre mostra que todo o capital investido foi recuperado e,

além disso, recebeu-se aquela taxa como remuneração do capital durante toda a vida

(horizonte) do projeto. Mas isto não é suficiente para dizer se o projeto é um bom

negócio.

O nosso parâmetro para decisão é a TMA que, no método anterior, foi utilizada no

cálculo.

Se a TIR mede a remuneração do capital e a TMA é o mínimo que se deseja ganhar,

então, a comparação fica muito simples e direta. Se a TIR for igual ou superior à TMA,

o projeto em análise é economicamente viável. Se for menor, o projeto deve ser

rejeitado.

Exemplo:

Um produtor rural elaborou um projeto para a produção de mudas de café. O

investimento inicial é de R$ 12.000,00, tem uma vida útil de 5 anos e proporciona

lucros líquidos anuais de R$ 3.500,00. Considerando uma TMA = 10% aa, qual será a

viabilidade do projeto utilizando o método da TIR.

TIR = ?

VPL = 0

Como o cálculo do VPL deu positivo, a TIR é maior que 10%; portanto, deve-se

estimar uma outra taxa superior a 10% aa.

Para i igual a 18% aa

Nesta segunda tentativa, obteve-se um VPL negativo que mostra que a TIR é menor

que 18% ao ano. Portanto, a taxa procurada está no intervalo entre 10% ao ano e 18%

ao ano. Para encontrar-se o valor desejado, deve-se realizar a interpolação linear

desses valores, como será feito a seguir:

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Para encontrar o valor de i* é necessário fazer a interpolação:

Calculado i*, deve-se substituir o valor encontrado na equação ( I ) para verificar se o

VPL é igual a zero.

O valor do VPL obtido ainda não foi zero, o que significa que a TIR não é exatamente

14,37%; entretanto, o valor é relativamente próximo a zero, o que mostra que o valor

da TIR é bem próximo a 14,37%; mais exatamente, é um pouco menor que o valor

obtido nesta primeira interpolação. Para melhorar este primeiro valor encontrado,

deve-se proceder a outra interpolação, agora utilizando 10% ao ano e 14,37% ao ano.

Substituindo 14,08 na equação ( I ), chega-se a um VPL igual a – 7,28, o que mostra

que a TIR é ainda um pouco menor que 14,08. Outras interpolações devem ser feitas

caso seja necessário uma maior precisão no valor da TIR. Para este exemplo, o valor

exato, considerando-se apenas duas casas após a vírgula, é 14,05% ao ano.

Como a TIR do projeto (14,05% ao ano) é maior que a TMA (10% ao ano), pode-se

concluir que o projeto é viável economicamente.

Método do Pay Back

O pay back é o método mais simples e, talvez por isso, muito utilizado. Consiste,

essencialmente, em determinar o número de períodos necessários para recuperar o

capital investido. Tendo esta avaliação, a administração, com base em seus dados

padrões de tempo para recuperação do investimento, no tempo de vida esperado do

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ativo, nos riscos associados e em sua posição financeira, decide pela aceitação ou

rejeição do projeto.

O exemplo a seguir ilustra muito bem a utilização do pay back:

O gerente agrícola propôs dois projetos a serem analisados pela diretoria, devendo ser

escolhido apenas um. Os projetos denominados A e B têm os fluxos de caixa

apresentados abaixo.

Fluxo de caixa para os projetos A e B

Considerando que a empresa estabeleceu um prazo máximo de cinco anos para

recuperar o capital investido, escolher entre os dois projetos o melhor, utilizando o

método do pay back.

Primeira coisa que você deve fazer é verificar qual o tempo de recuperação de cada

projeto e comparar o tempo de ambos com o padrão estabelecido pela empresa.

Como pode ser observado, os dois projetos possuem um tempo de recuperação do

capital investido menor que o máximo estabelecido pela empresa, o que significa que

ambos são viáveis. Mas, o projeto A tem um pay back menor que o projeto B, portanto,

deve ser o escolhido.

Embora simples, este método apresenta algumas imperfeições conceituais, que são

elas:

não considera o conceito fundamental do valor do dinheiro no tempo; simplesmente

soma os valores que se encontram em datas diferentes;

ignora as variações do fluxo de caixa após o período de recuperação do

investimento;

tem ênfase no curto prazo.

Em virtude das imperfeições apresentadas por esse método, não é aconselhável

utilizá-lo como principal critério seletivo para aplicação de capital. Recomenda-se,

então, que o pay back seja utilizado como um método auxiliar na tomada de decisão.

Relação benefício / custo

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Só se justifica a implantação de um projeto se os rendimentos esperados forem

comprovadamente superiores ao montante de recursos que é necessário investir.

A relação B/C é outro método gerencial que permite conclusões importantes quando

se dispõe de várias alternativas de investimento. Ele faz comparações entre receitas e

despesas durante um período de tempo considerado.

Toda vez que as receitas superam as despesas, o projeto é considerado viável, isto é,

relação benefício/custo > 1.

Vou mostrar como é expressa a relação benefício/custo:

em que R é a soma das receitas e D+I a soma das despesas e investimentos. Esse

tipo de análise não serve para projetos que apresentam um fluxo de receitas e

despesas já no primeiro ano de implantação.

Ocorre que, na agricultura, a maioria dos projetos não apresenta retornos imediatos,

como é o caso de culturas permanentes (café, cana, pecuária).

Basicamente, o método consiste em trazer para o momento presente todas as receitas

e despesas futuras, a uma determinada taxa de juros. No exemplo a seguir, temos a

implantação de um projeto café. No quadro, temos o fluxo de receitas, despesas e

investimentos. A taxa de juros utilizada é de 10% ao ano.

Se fossem considerados apenas os valores sem correção, a relação benefício/custo

seria:

ou um lucro, no final do período, de 389.100 – 282.622 = 106.478

A análise correta, porém, é aquela que converte todo o fluxo de receitas e despesas

no período de 10 anos, em valores presentes.

Esses valores foram encontrados mediante a seguinte fórmula:

em que K é o valor de fluxo de receita ou despesa, r a taxa de juros e n o período em

anos.

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No ano 1, a receita de R$ 12.800 se reduz a R$ 11.636 da seguinte maneira:

Assim, a relação benefício/custo desse projeto é:

Esses valores foram encontrados mediante a seguinte fórmula:

Essa relação significa que, para cada R$ 1,00 investido no projeto, em termos de

valores atualizados, tem-se um retorno de R$ 0,0224, ou seja, para cada R$100,00

investidos, tem-se R$ 1,0224 de lucro:

O lucro, considerando-se os valores corrigidos, seria:

Receitas corrigidas – (despesas corrigidas + investimentos corrigidos) L= 225.995 – 221.034 = 4.961

6 - Marque a única opção correta.

A) O juro é a remuneração pelo empréstimo do dinheiro.

B) A inflação é a remuneração definida pelo tempo, o risco e a quantidade de dinheiro

disponível no mercado para empréstimos.

C) A correspondência entre os termos “juros” e “tempo”, são inversamente

proporcionais.

D) A taxa de juros indica qual remuneração será cobrada no dinheiro emprestado,

para um determinado período.

Veja o gabarito no final da apostila.

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100

MÓDULO VII- PLANEJAMENTO AGRÍCOLA

O planejamento é uma moderna técnica de ordenação do sistema econômico, quando

se considera uma visão mais ampla do universo. Nesse sentido, podemos entendê-lo

em nível nacional ou no sentido macroeconômico, sendo sua finalidade básica a

alocação de recursos nacionais da maneira mais eficiente possível. Numa escala

descendente, pode-se ter um planejamento em nível estadual, regional, municipal e,

finalmente, em nível empresarial.

Planejamento empresarial é aquele elaborado para uma unidade de produção,

aliando-se os recursos internos da empresa a fatores externos, política, fatores

institucionais, mercados, etc.

Para situar adequadamente o planejamento empresarial num contexto mais amplo, é

necessário um breve comentário sobre os níveis de planejamento, ou seja, o

planejamento estratégico (institucional), o gerencial (intermediário) e, por fim, o

operacional.

Planejamento estratégico

O planejamento estratégico é de grande importância, pois o moderno produtor rural

terá que visualizar sua atuação futura. Influenciada pela tecnologia agrícola, a

produção de hoje, é também um fator social, pois a cada dia cresce o progresso de

interferência governamental na agricultura, aumentando assim as incertezas

decorrentes do sistema produtivo. É preciso, portanto, que cada empresário avalie

esse processo e prepare adequadamente sua estratégia de ação.

Você aprendeu muita coisa importante como: gerenciamento da empresa agrícola, controle gerencial, custos de produção, determinação do custo de produção, matemática financeira e análise de decisões. Nossa!!! Aposto que você ficou surpreso, pois nem percebeu que tinha aprendido tanta coisa assim. Bom, mas não vamos parar por aí, você ainda vai conhecer os níveis de planejamento: o estratégico, o gerencial e o operacional, as diferenças de cada um deles e a importância na administração da empresa agrícola. Vamos participar ...

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101

O planejamento estratégico é projetado para longo prazo, com abordagem global

envolvendo a toda a empresa, integrando recursos e capacidade. Procura-se, com

esse tipo de planejamento, definir o que produzir e o quanto produzir nos anos

seguintes.

Vamos aprender quais são as etapas mais eficientes para um planejamento estratégico?

Identificar os objetivos da empresa Determinar os objetivos é o ponto básico do planejamento. No planejamento

estratégico, a atenção é voltada principalmente para a definição dos objetivos, ou seja,

o que ela pretende ser ou em que pretende atuar. Lucro, crescimento, segurança e

prestígio são, assim, os principais objetivos que as empresas procuram alcançar. O

aumento da produção de venda direta ao consumidor é um exemplo de objetivo de

uma empresa rural.

Ambiente A coleta de informações é uma das maiores dificuldades na elaboração do

planejamento estratégico.

A análise do ambiente deve abranger tanto o ambiente geral como o de tarefa. Cada

variável que compõe esses ambientes deve ser avaliada individualmente.

Na análise do ambiente, você deverá procurar identificar as coações, ameaças,

restrições e oportunidades que são oferecidas às empresas. Como o ambiente muda

continuamente, o empresário rural precisa, sistematicamente, analisar as condições

ambientais que cercam sua empresa.

A empresa internamente Refere-se a uma análise minuciosa dos recursos existentes na empresa. Você deverá

observar aqui os recursos financeiros, físicos e materiais, metodológicos, humanos e

administrativos, analisando suas disponibilidades, necessidades, capacidade de

obtenção, fornecedores, etc.

Alternativas estratégicas Depois de analisado o ambiente e estabelecidos os objetivos, alguns pontos auxiliarão

na formulação de estratégias, que podem ser obtidas por meio das seguintes

questões:

a) Quais pontos fortes que poderão ser desenvolvidos?

Com uma boa equipe técnica e administrativa, a empresa poderá melhorar sua

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102

produção por meio do treinamento de outros trabalhadores.

Empresas com terras férteis poderão desenvolver um sistema de cultivo de

adubação verde para melhorar ainda mais a qualidade de seu solo.

Melhorar a mão-de-obra por meio de sistemas de recompensas, sistemas

motivacionais, etc..

Melhorar o nome da empresa por meio de promoções, propaganda, publicidade,

etc.

b) E que pontos fracos poderão ser minimizados?

O treinamento da mão-de-obra e do próprio administrador poderá melhorar a

qualidade do pessoal.

Contratação de pessoas treinadas ou habilitadas.

Manutenção e reparo das vias de acesso.

Busca de assistência técnica junto aos órgãos competentes.

Conservação e manejo correto do solo.

c) Quais as oportunidades que o ambiente oferece?

Linhas de crédito especial.

Incentivos à produção de determinado produto.

Garantia de preços.

Oferta menor que a demanda por um determinado produto, causando aumento de

preços.

O alto preço de determinado produto devido a modismo ou a qualquer outro motivo.

A exclusividade ou a garantia de entrega de um produto a um determinado

mercado.

d) Quais são as ameaças do ambiente?

Altas taxas de inflação.

Desestruturação política do país.

Desequilíbrio no mercado financeiro, com altas taxas de juros.

Diminuição da demanda pelo produto, devido ao baixo poder aquisitivo.

Excesso de oferta.

Introdução de produtos substitutos no mercado.- Importação de produtos.

Leis que regulamentem uma determinada produção.

Intervenção governamental por meio de política agrícola.

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103

e) Quais mudanças significativas que poderão ocorrer?

Choque na economia, a exemplo do plano Cruzado.

Políticas de importação e exportação.

Leis sobre reforma agrária.

Nova constituição.

Desequilíbrios climáticos.

Desastres ecológicos.

Identificados todos esses pontos, o empresário rural deve traçar então a estratégia da

empresa, ou seja, os caminhos que ela deve seguir para alcançar os objetivos

desejados e definidos. Neste momento, os seguintes tipos de decisões podem ser

tomados:

plantar tantos hectares de um produto e tantos de outro;

interromper a produção de um determinado animal até um certo período do ano;

ampliar a produção de um animal até uma data preestabelecida;

cancelar as ampliações de lavoura;iniciar o plantio de novas culturas.

Planejamento gerencial O planejamento gerencial está localizado entre os níveis estratégico e operacional,

cuidando da articulação entre esses dois planos. Executa o chamado trabalho de

“meio-de-campo”.

Sua responsabilidade é a captação e alocação de recursos, bem como a distribuição

dos produtos aos diversos segmentos do mercado. São tomadas várias decisões

visando adequar os objetivos estabelecidos no nível estratégico.

1) Método do orçamento Esse método é de grande importância nas decisões gerenciais da empresa, uma vez

que permite determinar o orçamento total, isto é, o fluxo de receita e despesa de uma

empresa como um todo. Assim, procura-se saber com antecedência a lucratividade da

empresa em seus diferentes segmentos, avaliando-se também sua capacidade de

pagamento e a necessidade ou não de financiamento.

Sei que neste momento você deve estar perguntando: Existe alguma implicação nesse

método de orçamento? Sim, é o estudo da viabilidade de introdução de determinadas

modificações no processo de produção. Nesse caso, pode-se avaliar a compra de um

equipamento agrícola, como uma colhedeira de milho, a transformação de leite

especial para leite tipo B, a aquisição de um silo para armazenamento, etc. Por se

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tratar do estudo de uma atividade dentro da empresa, o método é chamado de

orçamento parcial.

Dada sua grande aplicação nas decisões gerenciais, será estudado mais

detalhadamente. O método do orçamento parcial permite verificar se é viável uma

determinada modificação no processo, levando-se em conta o aumento ou diminuição

das receitas e despesas.

Vamos conferir o próximo exemplo que é ilustrativo.

Um produtor de leite com uma capacidade de produção de 200 litros por dia quer

saber se é viável passar a produção de leite especial para leite tipo B. Para produzir

leite B, ele precisa fazer gastos com a adaptação da construção do estábulo e a

aquisição de um resfriador, estimados em R$ 60.000,00. Precisa também adquirir um

pré-resfriador, no valor de R$ 20.000,00. Com a incorporação das adaptações ao valor

do estábulo, sua vida útil será de 20 anos, com despesas de manutenção e

conservação de 4% ao ano e juros de 12% ao ano. Para o pré-resfriador, cuja vida útil

será de 10 anos, a depreciação é de 10% ao ano, a conservação de 3% e os juros de

12% ao ano. Para o leite B existe um gasto adicional diário de energia elétrica de R$

3,00; de material de limpeza de R$ 1,20 por dia; e de transporte R$ 500,00 por mês. O

leite B proporciona R$ 0,20 adicionais para cada litro vendido.

Diante desse exemplo eu pergunto: É conveniente a substituição? O que você acha?

Caso contrário, qual o limite de produção diária que torna essa troca viável?

Pois bem, o esquema para a solução do problema pode ser armado da seguinte

forma, preste atenção:

A = aumento das despesas = R$

B = diminuição da renda = R$

Soma (A+B) = R$

C= diminuição das despesas = R$

D= aumento da renda = R$

Soma (C+D) = R$

Diferença (C+D) – (A + B) = R$

Toda vez que essa diferença for positiva, será conveniente a substituição do processo.

Caso contrário, a substituição não será viável.

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Como a diferença é negativa, a transformação do sistema de produção de leite

especial para B, nesse exemplo, não é praticável.

Observe que (A+B) representa as despesas com o novo sistema (A1+A2), além da

possível diminuição da renda, que, no caso, não existe.

(C+D) representa as vantagens ou os pontos favoráveis ao investimento, ou seja,

diminuição das despesas mais aumento da renda.

Então, no exemplo temos:

Despesas fixas: 17.600

Despesas variáveis: 7.533

(C+D) = 14.600

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Relacionando-se as despesas e as vantagens da mudança (C + D) com a produção

média diária (200 litros), obtém-se:

Despesas variáveis (7.533 / 200) = 37,66 litro/ano (desvantagem /l/ ano) (C+D) (14600 / 200) = 73,0 litro / ano (vantagem/l/ano)

Subtraindo-se um do outro, obtém-se uma “vantagem líquida” de (73,0 – 37,66) =

35,34 litro/ano, ou seja, favorável à implantação do novo processo de produção.

Como a despesa fixa total por ano é de 17.600, é necessário que a produção média

diária aumente para:

(17.600 / 35,34 = 498,02 litro/dia) para compensar tal mudança.

Planejamento Operacional

Quando se fala em planejamento operacional, devemos considerar o seguinte:

a) premissas a serem consideradas nos planos orçamentários:

Projeção das áreas disponíveis de produção da fazenda

Perfil climático da região

Escolha dos produtos principais e alternativos

Expectativa de produtividade e qualidade

Perfil de safras, estação de monta, inseminação artificial, ou transplante de

embriões

Expectativa de preços

Índices técnicos para cada produto

Estimar a taxa de retorno esperada sobre os investimentos operacionais do referido

ano agrícola

Estimar o mix da margem de contribuição dos produtos em percentual

b) as principais peças do conjunto orçamentário são:

Plano físico de produção e vendas (área, produto, produtividade, no. De matrizes,

no. De reprodutores, nascimentos, densidade, taxa de desfrute, mortalidade, etc.)

Orçamento de Vendas (preços, impostos incidentes sobre as vendas, comissão,

etc.)

Orçamento de custo de produção

- Mão-de-obra - Insumos agrícolas

- Equipamento direto - Custos indiretos

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- Depreciação - Exaustão

- Amortização

Orçamento de despesas

- Despesas de comercialização

- Despesas administrativas

- Despesas financeiras

Orçamento de investimentos para o ano agrícola

Orçamento de caixa

Projeção de resultados

Projeção do balanço geral da empresa

c) as principais análises que poderão ser obtidas dos resultados econômicos

projetados:

Custo fixo total por fazenda e por unidade de negócio

Custos variáveis por produto e por unidade de negócio

Margem de contribuição em nível de produto

Margem bruta por fazenda

Pontos de equilíbrio em volumes e receitas de vendas

Lucratividade

Retorno do investimento operacional

Verifica-se, portanto, que o planejamento operacional compreende o projeto e os

instrumentos de controle econômico-financeiro do empreendimento agropecuário,

específico da atividade e de acordo com a natureza e a realidade de determinada

empresa.

O conjunto orçamentário, por sua vez, para ser bem elaborado, necessita da

administração da empresa, definições claras quanto a missão, objetivos, e premissas

com as quais se erguerá a construção orçamentária e que sirva de unidade de medida

para mensurar e avaliar o desempenho do empreendimento, desde o momento em

que se tem de tomar a decisão de investir até o resultado final, medido pelo retorno

desses investimentos.

O planejamento operacional se refere a como conduzir cada exploração, quais as

tarefas a serem executadas, como executá-las e quem as executará. É constituído de

planos operacionais das diversas explorações selecionadas, que devem ser bem

detalhados e ter como base o planejamento gerencial. Os planos podem estar

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108

relacionados com método (como fazer), dinheiro (quais recursos financeiros a serem

usados), tempo (quando fazer) e ação (quem fazer).

Vamos supor que um produtor, utilizando um planejamento estratégico, chegou à

conclusão de que sua propriedade tem condições de explorar três atividades: pecuária

de leite, café e milho. A cultura de milho será explorada em 20 hectares e terá duas

finalidades: servir de alimentação para o rebanho leiteiro da propriedade e o restante

será vendido.

Assim, para explorar esses 20 hectares de milho, o produtor elaborou o planejamento

operacional descrito no quadro I e o orçamento do quadro II.

A produtividade esperada é de 90 sacas por hectare, o que corresponde a uma

produção de 1.800 sacas. Se tiver um preço de venda de R$ 27,00 por saca, a receita

será de R$ 48.600,00, o que dará um lucro de R$ 13.236,00. Entretanto, como uma

das metas da produção é servir de alimentação ao rebanho leiteiro da propriedade, o

empresário deverá proceder do seguinte modo:

O custo operacional médio de cada saca de milho produzida é:

R$ 35.364,00/1.800 = R$ 19,64. Se utilizar 1.000 sacas de milho para o seu rebanho

leiteiro, ele computará o valor de R$ 19.640,00 (1.000 x R$ 19,64) como um item de

custo de produção em sua exploração leiteira. As 200 vacas restantes serão vendidas

na região, conforme o objetivo inicial.

É bom observar que se esse agricultor fosse adquirir as 1.000 sacas de milho

fornecidas ao seu rebanho a preço de mercado, ele teria de gastar a mais R$

15.724,00 (35.364 – 19.640).

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Chegamos ao final de mais um módulo. Vamos fazer mais uma atividade de fização.

Se tiver alguma dúvida, volte as telas anteriores.

7 - Quais são as etapas mais eficientes para um planejamento estratégico?

Marque com “ x ’’as opções adequadas. ( ) Identificar o subjetivo da empresa

( ) Alternativas estratégicas

( ) A empresa externamente

( ) Ambiente

Veja o gabarito no final da apostila.

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MÓDULO VIII- ORÇAMENTO AGRÍCOLA

A ferramenta “Orçamento”, é de fundamental importância para qualquer atividade, e

não seria diferente no segmento rural.

É claro que variáveis como clima, condições biológicas, condições econômicas, etc,

podem influir negativamente no negócio, mas com o orçamento montado você terá

uma visão mais ampla do seu negócio, terá uma previsão de gastos e poderá se

planejar melhor.

Após o planejamento estratégico, é necessário colocar as idéias no papel

quantificando e valorizando os gastos (custos e investimentos) e as receitas, gerando

o que chamamos de orçamento. Para tanto, deve-se levar em conta pelo menos um

período de 12 meses, mas o ideal é que seja de 60 meses (5 anos), dependendo da

atividade.

Conceituação

O Orçamento visa a quantificar os diversos planos e políticas que a empresa quer

desenvolver no futuro. Com orçamento definido, você pode balizar as receitas e

despesas e definir a necessidade de investimentos. A finalidade é dar consistência ao

planejamento estratégico da empresa rural e conseqüentemente ao planejamento

operacional.

O Orçamento pode simular diversas situações até se chegar ao ponto de equilíbrio,

onde ocorra a conciliação das necessidades da empresa, identificando até que ponto

um projeto pode ser sacrificado em beneficio de outro.

Então, está gostando da matéria vista? Nesse modulo você aprenderá a fazer orçamentos como: orçamento despesas administrativas, pecuária, lavoura – milho, investimentos, de receita e consolidado. Bom estudo!!

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Elaboração

Para dar melhor consistência ao orçamento, é necessário inicialmente conhecer o

potencial de recursos humanos e de maquinários da propriedade. O empresário rural

pode-se basear em dados padronizados já existentes, disponíveis inclusive na

internet, fornecidos por órgãos governamentais, entidades de classe e empresas de

consultoria. Para tanto, é necessário, que seja usado um padrão de medidas nacional,

como hectare (ha) para medida de terra, tonelada para certos produtos, arroba (@)

para gado de corte, etc.

O orçamento deve ser montado nos mesmos moldes do plano de contas de custos, ou

contábil (quando a contabilidade fiscal for a mesma da gerencial, ou mesmo integrada)

para que se possa fazer o comparativo orçamentário.

Após a implantação e acompanhamento dos custos por mais de um período anual, fica

fácil e mais lógico o produtor montar o próximo orçamento ou proceder a sua revisão

periódica, que é necessária devido aos riscos da atividade.

No primeiro exercício social (ano), obviamente serão encontradas muitas variações,

mas com o passar dos exercícios e o acompanhamento constante com os custos,

certamente o empresário não vai conseguir trabalhar sem o orçamento, pois este lhe

assegura tomada de decisão mais sólida.

Pré-requisitos na implantação

Antes da implantação do orçamento, há alguns pré-requisitos que merecem ser

considerados:

Comprometimento dos proprietários => por mexer na estrutura de poder, sua

implantação pode gerar atritos. Por exemplo, se o orçamento prevê cortes de

despesas, inclusive de pessoal, e logo em seguida o dono da empresa compra um

carro zero, seu quadro gerencial pode não mais se comprometer com os objetivos.

Além disso, é preciso que a preparação do orçamento seja acompanhada pelo dono,

para verificar se todos os planos foram contemplados. A tendência natural é deixar

tudo para a última hora e preencher as planilhas não por uma questão estratégica,

mas como quem cumpre uma rotina burocrática.

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Designar uma pessoa para elaboração e implantação do orçamento => é

necessário que existam pessoas dedicadas à elaboração, pois é um processo

trabalhoso e, às vezes, demorado. Principalmente, se a empresa nunca fez ou deixou

de fazer por algum tempo. Terminada a fase estratégica, o processo entra na fase

operacional, o que exige acompanhamento constante para verificar os desvios e

corrigir os planos a serem seguidos.

Custos fixos => são custos que não variam de acordo com a produção.

Custos variáveis => custos que variam de acordo com a produção e que compõem

basicamente os custos de produção.

Planilhas Orçamentárias

Há a necessidade de se distribuírem a mão-de-obra, as horas-máquina e os

quilômetros rodados pelos veículos da propriedade entre os centros de custos, e o

ideal é que primeiramente façamos uma planilha orçamentária de distribuição destes

setores. Em ambas, serão projetadas mensalmente a distribuição para os centros de

custos (atividades) de acordo com o cronograma anual, levando-se em conta a

quantidade de funcionários e máquinas disponíveis, procurando maximizar esses

fatores de produção, atingindo a eficiência máxima.

Orçamento despesas administrativas

São relacionadas as despesas administrativas de acordo com a empresa. Os salários

são distribuídos pela planilha de orçamento de mão-de-obra (modelo 1) e as

manutenções com máquinas pela planilha de horas-máquinas (modelo 2). Convém

observar sempre o percentual que representa as despesas em relação aos demais

gastos.

Orçamento pecuária

Deve constar desta planilha todos os gastos diretamente aplicados na pecuária. Esta

planilha pode ser desmembrada em quantos centros de custos (atividades) se fizer

necessário. Exemplo: gado de cria fino (exposição), gado confinado, gado a pasto, etc.

É necessário ter controle da quantidade de animais por centros de custos, bem como

prever as entradas e saídas durante o ano para se ter a quantidade de insumos, mão-

de-obra e outros serviços previstos. As saídas provenientes das vendas são extraídas

do orçamento de receitas (modelo 7) e as entradas referentes às compras de animais

são extraídas do orçamento de investimentos (modelo 6).

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Orçamento lavoura – milho

Como o orçamento para a empresa é anual, de janeiro a dezembro, a planilha do

milho está considerando duas safras consecutivas com a mesma área de 30 ha. A

produção estimada é de 80 sc/ha, o que dá um custo de $ 8,33 por saca. Tanto para

elaboração do orçamento, como para o custo, o ideal é que a empresa rural controle

por ano agrícola, ou seja, de julho a junho, em virtude de a maioria das lavouras ter

início no segundo semestre de um ano, vindo a encerrar o ciclo no primeiro semestre

do ano seguinte.

Orçamento investimentos

Todo investimento previsto pelo planejamento estratégico da empresa rural deve ser

registrado nesta planilha. Deve ser levado em conta a necessidade dos investimentos

em função do fluxo financeiro. (modelo 8 – orçamento consolidado)

Orçamento de receitas

Esta planilha deve ser muito bem elaborada, pois deve atender às necessidades de

caixa em função da disponibilidade da produção, para que a empresa não venha a

vender produtos antecipadamente. Os preços de venda dos produtos devem ser a

média anual de mercado. Pode, é claro, ser orçado também de acordo com o período

estipulado para a venda.

Orçamento consolidado

Esta planilha consolida as demais, servindo para demonstrar o fluxo de caixa da

empresa rural. Apresenta o saldo mensal e também o acumulado.

Inicialmente, devem ser totalizadas as despesas, em seguida acrescidos do

investimento para demonstrar o total dos gastos. Os gastos totais serão deduzidos da

receita para obtenção do saldo.

Comparativo Orçamentário

O comparativo orçamentário é necessário, porque demonstra as variações

(diferenças) entre o real e o orçado. A partir daí, o empresário rural poderá corrigir as

distorções e acompanhar com mais precisão gerencial suas atividades. Para cada

planilha orçamentária deve ser elaborada uma de comparativo, constando um bloco de

colunas para o mês e outro para o acumulado do ano.

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8- Todas as opções abaixo estão corretas exceto uma. A) O Orçamento visa a quantificar os diversos planos e políticas que a empresa quer

desenvolver no futuro.

B) Com orçamento definido, você pode as receitas e despesas e definir a

necessidade de investimentos.

C) A finalidade do orçamento é dar abertura de novas idéias ao planejamento

estratégico da empresa rural e conseqüentemente ao planejamento operacional.

D) O Orçamento pode simular diversas situações até se chegar ao ponto de equilíbrio,

onde ocorra a conciliação das necessidades da empresa.

Veja o gabarito no final da apostila.

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Módulo IX- Informática na agricultura

Hoje, a profissionalização do campo em todos os seus setores, principalmente o

administrativo, é extremamente necessária, em parte devido à complexidade de novas

situações surgidas com relação à comercialização da produção, globalização do

mercado, relações trabalhistas, questões ambientais e política tributária. É a gerência

da atividade que já não pode ser desconsiderada ou relegada ao segundo plano. O

agricultor não mais pode errar e terá que dividir as atenções entre as atividades da

fazenda e todas essas questões que, como dizemos, estão além da porteira da

fazenda. Devemos pensar em uma reestruturação tão grande da fazenda, uma

“reengenharia” de tal vulto para que possamos mudar a nomenclatura de “fazenda”

para “Empresa Rural ou Agropecuária”.

Uma grande ferramenta de auxilio ao administrador rural na hora de gerenciar a

Empresa Agropecuária é a informática e principalmente o programa ou software.

Utilizando-se deste recurso, eles podem organizar os dados de tal forma que a

qualquer momento e de forma muito rápida podem consultá-los, efetuar cálculos,

elaborar gráficos, imprimir relatórios ou consultar informações solicitadas. Costuma-se

dizer que uma “Administração Informatizada” é o processo de cadastrar dados,

processá-los de forma adequada por uma ferramenta que pode ser uma planilha ou

programa, efetuar os devidos cálculos e ao término desse processo emitir um relatório

que possa ser analisado e compreendido o suficiente para que a partir dele se possa

elaborar diagnósticos que auxiliem o administrador rural a tomar decisões no âmbito

técnico e gerencial.

Este é o último módulo do nosso curso. Começaremos então falando sobre informática na agricultura, definindo sobre o custo – benefício da informática rural, a escolha de um programa adequado, os fatores importantes e controle gerencial informatizado.

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A informática é uma ferramenta gerencial que, por seu resultado descrito, propicia ao

administrador rural ganhar tempo e dinheiro, culminando muitas vezes em redução de

custos mediante análise detalhada de todos os fatores de produção envolvidos. Para

utilizá-la, basta ter um mínimo de noção de organização, pessoas comprometidas em

querer resultados e possuir um objetivo claro quanto à adoção de novas tecnologias.

Muitas pessoas têm dúvidas em relação à utilização da

informática no meio rural. Ficam muitas questões quanto

ao custo, se é caro ou barato, se devem comprar um

programa pronto ou contratar uma empresa para fazê-lo,

se o computador vai tomar muito tempo e dar trabalho,

como devem escolher adequadamente um programa,

enfim, são muitas as perguntas. Hoje, um equipamento de informática básico que

atenda a suas necessidades é composto de um microcomputador completo com uma

impressora.

Em relação aos programas específicos para a área rural, pode-se encontrar um

número razoável deles no mercado e com certeza algum deles vai atender a suas

necessidades a um custo bem inferior se comparado ao pagamento do serviço por

empresa para desenvolvê-lo.

Assim como outras tecnologias adotadas nos meios de produção, a informática requer

no início alguma atenção até se familiarizar com sua utilização e treinar pessoal para

melhor utilizar seu potencial. Após esse período, torna-se cotidiano seu uso, e o

pequeno tempo gasto no controle de informações é revertido em uma série de novas

ferramentas passíveis de se utilizar para melhorar cada vez mais a administração.

Em relação aos programas específicos para a área rural, pode-se encontrar um

número razoável deles no mercado e com A escolha do programa ideal para

necessidades do administrador rural é uma questão muito particular, entretanto

algumas considerações deveriam ser apreciadas nesse processo. A primeira delas

seria com relação à facilidade de utilização, e para isso deve ser um programa que

forneça explicações sobre o próprio funcionamento, trabalhe segundo conceitos de

produtores e não programadores e de preferência que funcione em sistema

operacional fácil e abundante no mercado. Deve possuir facilidade e praticidade na

inclusão de dados, inclusive com possibilidades de conexão com novas tecnologias

(balança eletrônica, brincos e chips de identificação, etc.) para analisar os dados,

utilizando-se para isso uma riqueza de gráficos e relatórios.

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Custo – beneficio da informatização rural

Atualmente, os equipamentos de informática estão se tornando cada vez mais

acessíveis ao consumidor, tanto em relação a seu preço menor quanto à facilidade de

seu uso.

Pode-se hoje adquirir um pacote básico com computador completo e impressora por

algo em torno de R$ 1.500,00, passando dessa forma a possuir outros benefícios

diretos com eles, como, por exemplo, possibilidade de acesso à internet e seu mundo

de informações tão importantes atualmente, além de uma quantidade muito grande de

serviços disponíveis pela rede, como fazer movimentações bancárias, efetivar

compras e vendas diversas, consultar previsões climáticas, cotações de produtos,

jornais, revistas, televisão, rádio, enviar e receber rapidamente mensagens, enviar

informes e comunicados para associação de criadores, enfim, uma série de facilidades

que fazem com que o tempo seja otimizado e os custos reduzidos

Há também um equipamento para receber e passar fax no próprio computador, uma

secretária eletrônica para receber mensagens quando não nos encontramos no

escritório, a possibilidade de imprimir todas as informações disponíveis.

Uma questão muito comum do produtor com relação aos softwares para gestão de

empresas rurais é que existe a necessidade de desenvolver um software para uso

específico, ocasionando dessa forma um custo muito elevado com programador,

pessoas envolvidas com a criação do mesmo, testes, ajustes, manter sempre o

sistema atualizado com a incorporação constante de novas ferramentas. Se o conceito

de se informatizar passa por este caminho, as chances de sucesso na empreitada

diminuem consideravelmente, já que hoje há disponível no mercado uma quantidade

de softwares muito grande para os mais diversos setores da agropecuária, tais como

pecuária de leite e corte, avicultura, suinocultura, todos os ramos da agricultura,

recomendações agronômicas e zootécnicas, controle de máquinas agrícolas, muitos

deles já plenamente desenvolvidos e testados ou em fase avançada de

desenvolvimento a um custo muito mais acessível, geralmente em patamares que

ficam entre R$ 300,00 e R$ 700,00.

Outra questão que gera polêmica entre os profissionais da agropecuária é que a

informatização demanda trabalho e tempo muito grandes, ocasionando dessa forma

uma diminuição da disponibilidade do profissional para atuar em outras frentes de

trabalho. Ora, como toda nova tecnologia a ser implantada em uma fazenda – e não

estamos falando somente da informática ou da adoção de uma máquina mais

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118

moderna e mesmo de aplicação de um novo tipo de insumo -, realmente no início gera

uma necessidade de acompanhamento mais próximo, treinamento de funcionários,

adequação da metodologia de trabalho. Entretanto, superada essa fase e desde que

as pessoas envolvidas estejam realmente empenhadas e comprometidas com a

obtenção de resultados satisfatórios com a aplicação de toda nova tecnologia, a

tendência é que a rotina do novo trabalho acabe sendo incorporada progressivamente

no dia-a-dia da fazenda até chegar ao ponto de já não se perceber seu “incômodo”.

Escolha de um programa adequado para uso nas fazendas

A primeira etapa é a escolha da categoria correta de programa, identificando a

necessidade da fazenda com seu uso, como, por exemplo, um controle técnico ou

gerencial, contábil ou financeiro, enfim, buscar o software que possui uma quantidade

de ferramentas mais dirigida ao assunto que estamos tentando gerenciar.

A etapa seguinte passa pela avaliação do software, e o administrador rural deve

identificar pontos fortes que deseja, tais como:

Trabalhar com um sistema operacional compatível com o que existe no mercado

atualmente

Possuir um programa que contenha orientações de uso adequado para elucidar

dúvidas de utilização, rotina de trabalho, preparação dos parâmetros a ser adotado,

etc.

Dar preferência aos programas que já existem no mercado há alguns anos, pois

normalmente nesta condição já estão testados e aprovados

Dispor de um programa com praticidade de uso, ou seja, que seu desenvolvimento

tenha que primar pelas necessidades próprias do usuário que está envolvido no setor

agropecuário e principalmente dar preferência aos programas que não sejam

adaptados de outros setores para o agropecuário

Adotar programas que contenham orientações para a correta coleta de dados

necessários ao bom controle

Preferir programas que possuam associação com novas tecnologias, tais como

balanças digitais, leitores de código de barras, microchips, coletores de dados, etc.

Ter um programa rico em gráficos, pois com esta ferramenta pode analisar uma

série de fatores de controle importantes em uma propriedade agropecuária, como por

exemplo, dados de gráficos climáticos, etc.

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Fatores importantes para a informatização de fazendas

O principio básico de se informatizar uma fazenda é pelo menos gerenciar os dados

de forma organizada, precisa e rápida. A qualquer momento que o usuário de um

software queira, ele pode consultar os dados selecionando uma ou mais informações

que o sistema irá localizar rapidamente.

No mínimo ganha rapidez, pois normalmente se gastam minutos ou mesmo horas

localizando e organizando informações.

Se o usuário quiser processar cálculos com informações gerencias, sem o uso da

informática ele vai precisar construir planilhas manualmente num papel, escrever todos

os dados relativos aos cálculos, digitando-os em calculadoras, escrever os resultados,

enfim, muito trabalho braçal que duram horas e dias. Com o uso da informática no

cadastro de dados diariamente, esses cálculos quando solicitados são efetuados em

segundos, economizando tempo.

Um bom exemplo é o caso do pecuarista que possui vacas cadastradas em fichas de

papel e quer calcular o percentual de prenhes positiva confirmada em determinado

lote.

Para isso, ele tem que separar manualmente primeiro somente animais que pertençam

ao lote, depois pegar todas as fichas que estão com prenhes positiva registrada,

depois contá-las e finalmente calcular seu percentual sobre o total das fichas

selecionadas. Se ele possui poucos animais, o trabalho já é grande, imagine para

milhares de vacas.

O intuito de se informatizar é obter muito mais do que simplesmente o explanado

anteriormente. É poder tomar decisões com base em análise de dados concretos das

fazendas e não simplesmente por conjecturas. Para alcançar esses objetivos, as

fazendas precisam ter ou compreender e assimilar os seguintes princípios:

Noções de organização: é necessário para poder padronizar e controle de dados

Pessoas comprometidas com resultados: é necessário para poder garantir que o

processo de informatização irá até o fim para poder realmente analisar os resultados e

ajustar as necessidades

Objetivo claro: é necessário para poder cumprir prazos e metas no processo de

informatização

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Dessa forma, parece que qualquer fazenda pode ser informatizada, devendo, no

entanto, apenas dimensionar suas reais necessidades com relação aos equipamentos,

softwares e treinamentos, como se faz quando se adquire uma nova máquina.

Controle gerencial informatizado

Há alguns pontos de extrema importância para se obter um bom controle gerencial.

São eles:

• Possuir noções gerencias básicas de controle por centro de custo, plano de

contas, custos fixos e variáveis

• Elaborar uma boa coleta de dados com a criação de um cotidiano de coleta,

treinar todos os funcionários envolvidos com ela, utilizar fichas de anotações

adequadas à fazenda e conscientizar as pessoas para que dêem importância à

qualidade dos dados coletados. Para implementar tudo isso, é interessante

criar um incentivo ao controle dos dados, mostrando a todos os envolvidos o

resultado de seu trabalho mediante gráficos e relatórios

• Fazer o processamento adequado dos dados também é muito importante para

obter resultados finais satisfatórios. Deve preparar todas as coletas e cálculos

para que sejam direcionados a um resultado de controle que propicie o máximo

possível de informação importante de ser analisada

• Adequar muitos dos dados aos programas a serem utilizados, entretanto o

mais importante é que o programa permita uma adequação de seu trabalho

aos dados da fazenda e principalmente ao resultado almejado

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9 -Marque a única opção incorreta abaixo. A) È necessário ter pessoas comprometidas com resultados para poder garantir que o

processo de informatização irá até o fim para poder realmente analisar os resultados e

ajustar as necessidades.

B) È necessário ter noções de organização para poder padronizar e controle de dados.

C)È necessário ter programas antigos de softwares para manter o dimensionamento

utilizado.

D) È necessário ter objetivo claro para poder cumprir prazos e metas no processo de

informatização.

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GABARITO

1- Numere a coluna á direita com os conceitos referentes aos substantivos da coluna

da esquerda.

(1) (8) (4) (2) (6) (5) (7) (9) (3) 2 - Coloque as aplicações abaixo na ordem correta de se controlar os insumos para não ter prejuízo. 6

1

4

3

2

5

3 - Marque a opção errada. c) Um custo representa um sacrifício de recursos. Em nosso dia-a-dia,temos o

sacrifício ao compramos muitas coisas diferentes: roupas, alimentos, livros, talvez até

um automóvel. O modelo de cada item mede o sacrifício que precisamos fazer pois há

uma gama de variedade.

4 -Marque "V" para alternativas verdadeiras e "F" para as falsas. (v)

(f)

(f)

(v)

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5 - O Balanço utiliza a contabilidade de partida dobrada – sistema que assegura o balanceamento de cada transação. Este sistema apóia-se na seguinte equação básica: (x) Ativo = Passivo + Patrimônio Liquido

6 - Marque a única opção correta.

a) O juro é a remuneração pelo empréstimo do dinheiro.

7 - Quais são as etapas mais eficientes para um planejamento estratégico?

Marque com “ x ’’as opções adequadas. (x) Alternativas estratégicas

(x) Ambiente

8- Todas as opções abaixo estão corretas exceto uma. c)A finalidade do orçamento é dar abertura de novas idéias ao planejamento

estratégico da empresa rural e conseqüentemente ao planejamento operacional.

9 -Marque a única opção incorreta abaixo. C)È necessário ter programas antigos de softwares para manter o dimensionamento

utilizado.