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ATLAS COLORIDO E GUIA DE INTERPRETAÇÃO DE CÃES & GATOS Citologia Clínica Rose E. Raskin e Denny J. Meyer TRADUÇÃO DA 2ª EDIÇÃO

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itologia Clínica

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ATLAS COLORIDO E GUIA DE INTERPRETAÇÃO

DE CÃES & GATOS

CitologiaClínica

Rose E. Raskin e Denny J. MeyerRose E. Raskin e Denny J. Meyer

TRADUÇÃO DA 2ª EDIÇÃO

ATLAS COLORIDO E GUIA DE INTERPRETAÇÃO

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Classificação de Arquivo Recomendada

CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAISCITOLOGIA

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DE CÃES & GATOS

CitologiaClínica

2ª EDIÇÃO

2ª EDIÇÃO

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Normalmente, há uma quantidade pequena de fl uido nas cavidades peritoneal, pleural e pericárdica, e essas são con-sideradas espaços virtuais. Descrições fi siológicas detalha-das da homeostase da cavidade corporal serosa estão dispo-níveis ( Bouvy et al. , 1991 ; Forrester, 1988; Kirby, 2003 ). Essas cavidades corporais serosas são formadas por células espe-cializadas, chamadas de células mesoteliais . Os sinais clíni-cos da presença de uma maior quantidade de fl uido são aumento abdominal, dor abdominal, dispneia, sons cardíacos abafados e arritmia cardíaca. A coleta e a avaliação dos fl ui-dos desses locais podem ser terapêuticas, bem como diag-nósticas, para a presença de condições infl amatórias, hemor-rágicas, neoplásicas, linfáticas ou biliares. Além disso, outros testes diagnósticos podem ser indicados pelas característi-cas citológicas. A retirada e a avaliação do fl uido são alta-mente recomendadas, a menos que o risco anestesiológico e de sangramento esteja presente ou o agravamento seja provável.

TÉCNICAS DE COLETA

Fluido Abdominal

Coloque o paciente em decúbito lateral esquerdo e o con-tenha. Tricotomize e prepare cirurgicamente uma área (p. ex., 10 a 15 cm 2 ) com a cicatriz umbilical no centro. A bexiga deve ser esvaziada antes de iniciar a paracentese. Infi ltre uma pequena área com anestésico local, se desejado. Utilize uma agulha de calibre 20 a 22 ou acima, para pun-cionar o abdome. Atente para a obtenção de fl uido nos quatro quadrantes, permitindo que o fl uido fl ua livremente pela ação da gravidade e da capilaridade. Se necessário, realize uma aspiração delicada utilizando uma seringa de 3 ou 6 mL. Para uma completa descrição da técnica, devem-se consultar outras literaturas ( Ford e Mazzaferro, 2006 ). Certifi que-se de que o animal permaneça parado enquanto o líquido está sendo retirado. Movimentar o paciente, ou permitir que ele se movimente enquanto a agulha está no abdome pode resultar em lacerações de órgãos. Alguns pesquisadores preferem que o animal mantenha-se em esta-ção; entretanto, esta posição pode causar oclusão da agulha pelo omento.

Fluido Pleural

Para retirada de fluido no tórax, o paciente deve estar em pé ou em decúbito ventral/esternal. Tricotomize os pelos e prepare cirurgicamente a parede torácica do 5°– ao 11°– espaços intercostais. Infiltre uma pequena quan-tidade de anestésico local do 7°– ao 8°– espaços intercos-tais na altura da junção costocondral. É preferível aco-plar um tubo extensor no conector da agulha ou do cateter, com um sistema de três vias para a retirada do fluido pleural. Insira a agulha ou cateter na parede torá-cica preparada cirurgicamente, tomando cuidado com os vasos intercostais localizados na região caudal de cada costela. Para uma completa descrição desta técnica, deve-se consultar outras literaturas ( Ford e Mazzaferro, 2006 ).

Fluido Pericárdico

Para a remoção de líquido do saco pericárdico, realize a sedação do paciente, se necessário. Prepare cirurgica-mente uma área entre o 5°– e o 7°– espaços intercostais bilateralmente. Posicione o paciente em decúbito lateral ou esternal. Mantenha o paciente com monitoração de ECG, para avaliação de arritmias durante o procedimento. Na área já selecionada, aplique uma pequena quantidade de anestésico local na junção costocondral, ou aproxima-damente na região nos espaços intercostais onde ocorre a inserção das costelas ao tórax. Utilize um cateter ou sis-tema Intrafusor ® com uma válvula de três vias acoplada em uma seringa de 30 mL. Mantenha sempre uma pressão negativa na seringa enquanto a parede torácica estiver sendo puncionada. Cuidadosamente avance a agulha para o 4°– espaço intercostal por meio de uma pequena inci-são em direção ao coração. Avance a agulha até encontrar resistência (vinda do pericárdio). A resistência será rom-pida no momento em que entrar no saco pericárdico e um pequeno jato de sangue for normalmente observado. Fixe o tubo ou cateter para que esteja de forma segura dentro do saco pericárdico. Para uma completa descrição dessa técnica, devem-se consultar outras literaturas ( Ford e Mazzaferro, 2006 ).

C A P Í T U L O6 Fluidos de Cavidade Corporal Alan H. Rebar e Craig A. Thompson

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172 CAPÍTULO 6 • Fluidos de Cavidade Corporal

MANIPULAÇÃO DA AMOSTRA

Observe a cor e a característica do fluido no início da retirada ( Fig. 6-1 ). Se o fluido for inicialmente claro e se tornar vermelho, é provável que haja contaminação san-guínea iatrogênica. O fluido deverá ser coletado em um frasco de tampa lilás (com anticoagulante EDTA) para citologia e em tubo de tampa vermelha (ou outro tubo estéril sem aditivos), para uma possível cultura bacte-riana. Também no momento da coleta, faça esfregaços diretos de amostras não centrifugadas por deslizamento ou por técnica de esfregaço sanguíneo e esfregaços de amostras centrifugadas. As colorações do tipo Roma-nowsky como a coloração de Wright ou Wright em base aquosa (rápida) podem ser aplicadas em poucas amos-tras para uma avaliação imediata. Os esfregaços restantes não corados, assim como as em EDTA e os fluidos em tubos de sorologia, devem ser encaminhados para o labo-ratório. Isso irá permitir ao patologista clínico avaliar a amostra para comparar a celularidade da amostra e a aparência das células no momento da coleta, com o que está sendo submetido no tubo.

AVALIAÇÃO LABORATORIAL

Quantifi cação de Proteína

A quantifi cação de proteína é normalmente realizada por refratometria, entretanto, algumas instituições determinam proteína pelo espectrofotômetro ou pela análise automati-zada. Ambos os métodos oferecem uma leitura acurada em uma vasta gama de concentração de proteínas ( George, 2001 ; George e O’Neill, 2001 ). Foi observado que em efu-sões caninas que a refratometria subestima o conteúdo proteico quando for < que 2,0 g/dL e que o método de es-pectofotometria é mais acurado quando apresenta um conteúdo proteico maior ( Braun et al. , 2001 ). Outros des-creveram que refractometria pode ser utilizada com mais acuidade quando está abaixo de 1,0 g/dL ( George e O’Neill, 2001 ). Pode ocorrer um achado similar subestimando o conteúdo proteico em efusões felinas com refratometria ( Papasouliotis et al. , 2002 ). Neste mesmo estudo, um anali-

sador químico seco produziu um aumento na concentração de globulina e, portanto, uma menor relação albumina/glo-bulina (A: G), quando comparado com um analisador úmido usando metodologias semelhantes de biuretos e bromo-cresol verde ( Papasouliotis et al. , 2002 ). Este achado é par-ticularmente importante quando a relação A:G diminuída auxilia um diagnóstico de peritonite infecciosa felina ( Hart-mann et al. , 2003 ).

Para amostras túrbidas ou turvas e amostras de san-gue, o fluido deve ser centrifugado e a proteína mensu-rada do sobrenadante. A turbidez pode interferir com a avaliação da proteína tanto por refratometria quanto por espectofotometria. O conteúdo proteico é utilizado com a contagem de células nucleadas para a classificação da efusão e auxilia na formulação de uma lista das causas possíveis.

Hematimetria e Contagem de Células Nucleadas Totais

Embora uma impressão inicial de celularidade e quanti-dade de sangue possa normalmente ser realizada através de uma inspeção visual da amostra ( Fig. 6-1 ), o conheci-mento real da contagem de células para eritrócitos e para células nucleadas será importante para classifi car o tipo de fl uido. Com essa informação, podemos começar a es-treitar a lista de possíveis causas do acúmulo de fl uido de forma anômala. Para amostras submetidas para um labora-tório de referência, a colocação da amostra em um tubo com tampa lilás (EDTA) e também em tubo com tampa de cor vermelha é recomendada. O tubo com tampa lilás contém anticoagulante, que evita a coagulação da amos-tra, se houver conteúdo altamente proteico. O EDTA é bactericida, logo, é contraindicado se a amostra for culti-vada ( Songer e Post, 2005 ). Assim, parte do fl uido deve ser também colocado em um tubo de tampa vermelha ou em um tubo estéril sem aditivos. A contagem de células será realizada com um hemocitômetro ou com um equipa-mento automático de contagem celular. Se a quantidade de fi brinogênio da amostra for alta, então a amostra do tubo de tampa vermelha deverá coagular, produzindo re-sultados errôneos.

Nota : Não use tubos sor ológicos separador es (TSS) com gel para o envio de f uidos para o laboratório de r eferência. As células podem se ligar ao gel desses tubos e levar a um r esultado com uma contagem baixa de células artif cialmente.

Diferencial de Células Nucleadas

Os procedimentos básicos para realizar uma diferencia-ção de células nucleadas variam entre os laboratórios. Alguns laboratórios não diferenciam, outros diferenciam em três partes de 100 células (células mononucleadas grandes, células mononucleadas pequenas e neutrófi los), enquanto outros irão fornecer uma diferenciação de 100 células de todos os tipos observados. A diferenciação promove uma imagem dos tipos e números celulares e ajuda na instituição de uma lista de causas potenciais de acúmulo de fl uidos. Uma diferenciação não é um substi-tuto para uma avaliação citológica. A avaliação citológica é realizada no intuito de determinar um diagnóstico espe-cífi co.

a b c d e f g

FIGURA 6-1 . ■ Cores e características de efusão. Aparência visual de diversas efusões. Da esquerda para a direita são: (a) claro e in-color – transudato; (b) amarela e levemente turva – transudato modifi cado; (c) vermelha e levemente turva (provável hemolisado de hemácias) – hemorragia; (d) laranja e turva – provável fl uido infl a-matório com sangue; (e) fl uido sedimentado – observe uma espessa massa de células no fundo do tubo; (f) vermelho e turvo-sanguino-lento resultado de hemorragia ou contaminação iatrogênica; (g) marrom e levemente turvo – possível bile ou ruptura de hemácias.

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173CAPÍTULO 6 • Fluidos de Cavidade Corporal

CITOLOGIA NORMAL E HIPERPLASIA

Normalmente, apenas uma pequena quantidade de fl uido é encontrada nos espaços peritoneal, pleural e pericárdico, logo, a avaliação citológica não é realizada, a não ser que haja aumento na quantidade de fl uido acumulado. O fl uido normal é claro e incolor ( Fig. 6-1 ). Diversos tipos de células podem ser encontrados em efusões de cavidade corporal e suas proporções relativas variam dependendo da causa do acúmulo de fl uido. É esperada a presença de células em um fl uido normal incluindo fagócitos mesoteliais mononuclea-res, linfócitos e raros neutrófi los. O mesotélio irá rapida-mente se tornar hiperplásico ou reativo quando houver um aumento no fl uido da cavidade corporal ou se uma infl ama-ção estiver presente.

Células Mesoteliais

Na maioria dos casos, o citologista irá encontrar células me-soteliais reativas em fl uidos de cavidade corporal. Estas são consideradas células mononucleares grandes em um diferen-cial celular de três partes. As células mesoteliais podem ser vistas como células individualizadas ou em aglomerados de tamanhos variados. Eles contêm uma quantidade moderada de citoplasma azulado ( Fig. 6-2 ). As células mesoteliais hiper-plásicas são grandes (12 a 30 � m) com citoplasma azul- escuro e podem mostrar um bordo citoplasmático de rosa a vermelho “franjado” ( Fig. 6-3 A e B). Esta característica ajuda a identifi car estas células como células mesoteliais. Estas cé-lulas podem conter um ou mais núcleos de tamanho igual ( Fig. 6-3 B). Os nucléolos podem ser visíveis e ocasionalmente fi guras mitóticas podem ser evidenciadas.

Macrófagos

Os macrófagos são células mononucleares com citoplasma de cinza-claro a azul-claro abundante e um núcleo redondo a reniforme ( Figs. 6-3 A e 6-4 ). A cromatina pode ser fi na e os nucléolos podem ser visíveis. Os macrófagos normalmente contêm vacúolos ou células previamente fagocitadas e/ou

debris, se houver infl amação ou se o fl uido estiver exposto há muito tempo ( Fig. 6-5 ). Os macrófagos são considerados célu-las mononucleares grandes em um diferencial de três partes.

Células Linfoides

Os linfócitos pequenos e médios encontrados em efusões aparecem similares aos encontrados em sangue periféricos. Estas células nucleadas normalmente apresentam um anel fi no de citoplasma levemente basofílico e um núcleo re-dondo. Os linfócitos são considerados células mononuclea-res pequenas em um diferencial de três partes. Em fl uidos normais eles se apresentam em maiores proporções em ga-tos e bovinos do que em cães e cavalos. O núcleo pratica-mente ocupa toda a célula, produzindo uma proporção nú-cleo-citoplasma (N:C) uniformemente alta. A cromatina é de fi namente pontilhada a uniformemente aglomerada e os nucléolos não são visíveis ( Fig. 6-6 A e B).

FIGURA 6-2 . ■ Célula mesotelial normal. Célula esfoliada em uma efusão com sua franja rosa característica junto do bordo cito-plasmático. (Wright-Giemsa, Óleo HP.) (De Meyer DJ, Franks PT: Classifi cation and cytologic examination, Compend Contin Educ Pract Vet 9:123-29, 1987.)

25 µm

A

B

FIGURA 6-3 . ■ Célula mesotelial reativa. A, Célula mesotelial bi-nucleada esfoliada (direita superior) e macrófago levemente vacuo-lado e basofílico em uma efusão. A célula mesotelial tem uma franja rosa característica junto do bordo citoplasmático. (Wright modifi -cado, Óleo HP.) B, Um grupo frouxo de células mesoteliais reativas variáveis na franja do esfregaço, feito com uma efusão. Essas células podem conter um ou mais núcleos. Observe a presença de “franja” (glicocálice) nas células mesoteliais. Diversas células contêm grânu-los escuros paranucleares, o signifi cado disso é desconhecido. (Wright modifi cado; Óleo HP.)

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174 CAPÍTULO 6 • Fluidos de Cavidade Corporal

Neutrófi los

Os neutrófi los aparecem similares aos encontrados em san-gue periférico. Eles são células de tamanho mediano com citoplasma pálido a claro e um núcleo segmentado. Os neu-trófi los devem ser ausentes ou presentes em números muito baixos em um fl uido normal, mas eles são encontrados em grande número com acúmulo crônico de fl uido ou com in-fl amação ( Figs. 6-5 e 6-6B ).

CLASSIFICAÇÃO GERAL DE EFUSÕES

As efusões são normalmente classifi cadas como transudatos, transudatos modifi cados e exsudatos, relacionadas com a concentração proteica, contagem de células nucleadas e ti-pos de células presentes ( Tabela 6-1 ).

Transudato

Os fl uidos são classifi cados como transudatos quando apre-sentam um conteúdo proteico pequeno e uma contagem celular baixa (proteína < 2,5 g/dL e células < 1.000/ � L). Es-tes fl uidos aumentam no volume em resposta a mecanismos fi siológicos, como o aumento na pressão hidrostática vascu-lar ou na diminuição da pressão osmótica coloidal, causados pelo mecanismo homeostático normal de produção de fl uidos e o bloqueio da reabsorção. Algumas causas de acú-mulo de transudato incluem hipoalbuminemia severa, hiper-tensão portal, insufi ciência hepática, shunt portossistêmico e insufi ciência miocárdica precoce. As células comumente encontradas no transudato são similares aos encontrados no fl uido normal, que são na sua maioria de células mononu-cleares consistindo em macrófagos, linfócitos pequenos e células mesoteliais ( Fig. 6-6 A). Os neutrófi los compõem uma pequena proporção da população.

25 µm

FIGURA 6-5 . ■ Macrófago. Neutrófi los. Evidenciados um macró-fago moderadamente vacuolado e basofílico e dois neutrófi los não degenerados. (Wright modifi cado; Óleo HP.)

A

B

FIGURA 6-6 . ■ A, Fluido normal/transudato. Observe o macró-fago e um linfócito pequeno com diversos eritrócitos. O fl uido nor-mal e transudatos contêm uma contagem muito baixa de células nucleadas ( < 1.000/ � L) e conteúdo de baixa proteína ( < 2,5 g/dL). (Romanowsky; Óleo HP.) B, Transudato modifi cado. Pleural. Gato. As células de efusão estão concentradas nesse animal com miocar-diopatia. Observe um grande macrófago, muitos linfócitos pequenos e neutrófi los não degenerados. Esse fl uido apresentava 2,5 g/dL de proteínas e um aumento da contagem de células nucleadas de 4.000 células/ � L. O macrófago fagocitou uma hemácia. (Roma-nowsky; Óleo HP.)

FIGURA 6-4 . ■ Macrófagos. Estão presentes três macrófagos de indistinguíveis a levemente basofílicos e vacuolados de uma efusão. (Wright modifi cado; Óleo HP.)

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175CAPÍTULO 6 • Fluidos de Cavidade Corporal

Transudato Modifi cado

Um fl uido é classifi cado como um transudato modifi cado quando o transudato modifi ca suas características físicas. O acúmulo de fl uido transudativo em uma cavidade corporal causa aumento na pressão, que é irritante para as células mesoteliais que revestem o espaço. Eles respondem pela proliferação e descamação do tecido para a efusão. Com o tempo, as células mesoteliais descamadas morrem e com isso liberam quimiotáticos que atraem um pequeno número de fagócitos para a efusão para remover os debris celulares. O resultado é um aumento leve tanto na proteína total ( ≥ 2,5 g/dL) quanto na contagem de células nucleadas (menos que 5.000/ � L). Logo, os transudatos modifi cados são geralmente transudatos que estiveram presentes por tempo sufi ciente para promover uma reação infl amatória leve ( Fig. 6-6 B). É muitas vezes associada a doença cardiovas-cular ou a condições neoplásicas.

Em casos em que têm uma duração prolongada, os tran-sudatos modifi cados podem apresentar uma aparência vi-sual turva à quase leitosa. Esses fl uidos se assemelham forte-mente ao quilo e, de fato, no passado eram denominados “efusões pseudoquilosas” (um termo não mais utilizado). A aparência visual destes fl uidos é o resultado de um con-teúdo altamente lipídico (devido ao conteúdo maior de co-lesterol do que de soro), mas não há relação com uma efusão quilosa verdadeira, pois não há presença de triglicerídeos ou quilomícrons ( Hillerdal, 1997 ; Tyler e Cowell, 1989 ). Os fagócitos atraídos para removerem os debris celulares dos transudatos são ricos em enzimas que digerem a proteína, mas são virtualmente desprovidos de enzimas que quebram

complexos lipídicos. Consequentemente, enquanto a maio-ria dos constituintes das células mortas é removida pelos fagócitos, o conteúdo lipídico das células simplesmente acumula na efusão. As efusões formadas dessa maneira são facilmente distinguidas citologicamente das efusões quilo-sas verdadeiras.

O principal constituinte celular do transudato modifi -cado é a célula mesotelial reativa ( Fig. 6-3 A). Por causa da habilidade da célula mesotelial em responder a uma irrita-ção pela proliferação, a presença de número aumentado de aglomerados e placas de células mesoteliais é um achado comum na reação ( Fig. 6-3 B). As mitoses são aumentadas e ocasionalmente células mesoteliais reativas multinucleadas são observadas. As células mesoteliais reativas em aglomera-dos são capazes de absorver lipídeos do fl uido da efusão e quando eles o fazem, eles carregam as características de células secretórias. Com esta forma, eles devem ser diferen-ciados de adenocarcinoma metastático ou mesotelioma. Isso deve ser realizado por uma avaliação cuidadosa da popula-ção celular pelo critério de malignidade.

Com o amadurecimento do transudato modifi cado, a pro-porção de células infl amatórias irá aumentar. Na maioria dos casos, a principal célula infl amatória é o neutrófi lo não dege-nerado, mas os neutrófi los raramente contam em mais de 30% do total da população de células. Ao longo do tempo, o transudato modifi cado torna-se gradualmente indistinguível citologicamente de um exsudato não específi co. Um método utilizado para distinguir transudatos modifi cados de exsuda-tos ou transudatos de exsudatos é mensurar as concentrações de proteína C reativa em efusões caninas ( Parra et al. , 2006 ).

TABELA 6-1 Classifi cação de Efusões Cavitárias Corporais Baseada nas Características Fluidas

Tipo de Efusão Cor/TurbidezProteína Total (g/dL) Densidade *

Leucócitos (Nº– por � L)

Tipo(s) Celular(es) Predominante(s)

Condições GeraisTransudato Incolor/clara < 2,5 < 1,017 < 1.000 Mesotelial

Fagócitos mononucleares

Transudato modifi cado

Amarelo-claro a laranja-claro a turva

≥ 2,5 1,017 a 1,025 > 1.000 Células mononucleares

Exsudato Laranja a marrom/turva > 3,0 > 1,025 > 5.000 Neutrófi los Asséptico (não degenerado) Séptico (degenerado)

Condições Específi cas

Quilosa Branca/opaca > 2,5 > 1,017 Variável Aguda: Linfócitos pequenos Crônica : População mista

Neoplásica Amarela-clara a laranja/clara a turva

> 2,5 > 1,017 Variável Mesotélio reativo Células neoplásicas

Hemorrágica Rosa a vermelha-clara a turva

> 3,0 > 1,025 > 1.000 Eritrócitos Leucócitos similares aos do sangue Macrófagos exibindo eritrofagocitose

Biliar Amarela- escura ou marrom ou verde/opaca

> 3,0 > 1,025 > 5.000 População mista com material azul-esverdeado, marrom ou amarelo fagocitado por macrófagos

* Observe que as mensurações de densidade utilizando um refratômetro padrão não são válidas para uso em fl uidos corporais cavitários, apenas para urina. Mas os valores devem ser considerados com cautela ( George, 2001 ).

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176 CAPÍTULO 6 • Fluidos de Cavidade Corporal

Exsudato

Os exsudatos são o resultado do aumento da permeabili-dade vascular secundária a uma infl amação ou dano/vaza-mento vascular (efusão hemorrágica, efusão quilosa). Um fl uido exsudativo normalmente apresenta um aumento pro-teico e um aumento na contagem de células nucleadas. A concentração de proteína total é normalmente maior do que 3,0 g/dL junto com contagem de células maior do que 5.000/ � L. As causas infecciosas de exsudato incluem bacté-rias ( Fig. 6-7 A e B), fungos, vírus, protozoários como o Toxo-plasma ( Toomey et al. , 1995 ) ou helmintos como o Meso-cestoides sp. ( Caruso et al. , 2003 ). As causas não infecciosas envolvem infl amações orgânicas, como pancreatite, esteatite e neoplasias infl amatórias e irritantes como bile ou urina. A

avaliação citológica é útil para determinar as causas primá-rias nos casos de efusões exsudativas.

As efusões infl amatórias são classifi cadas de acordo com as regras básicas de infl amação como neutrofílicas, mistas ou macrofágicas. Em reações neutrofílicas, os neutrófi los (tanto os não degenerados quanto os degenerados) com-preendem > 70% das células infl amatórias observadas. As reações mistas são caracterizadas pela mistura de neutrófi -los e macrófagos. Na infl amação histiocítica, os macrófagos são as células prevalentes observadas.

A maioria das efusões infl amatórias são citologicamente inespecífi cas em termos de diagnóstico etiológico. Entre-tanto, como em qualquer resposta infl amatória, a citomorfo-logia fornece pistas signifi cativas para a causa primária. As efusões infl amatórias neutrofílicas indicam uma irritação severa ( Fig. 6-8 ). Se os neutrófi los estão degenerados, um esforço deve ser realizado para identifi car o organismo bacteriano nos fagócitos (anteriormente neutrófi los). Isso é mais fácil na extremidade da franja do esfregaço. Se os orga-nismos não forem vistos, o fl uido deve ser cultivado. As efusões infl amatórias mistas e macrofágicas mostram uma irritação menos severa e são encontradas em efusões agudas em resolução ou em associação a agentes etiológicos menos irritantes do que as bactérias (p. ex., organismos fúngicos ou corpos estranhos). A avaliação química de fl uidos de efusão é útil para identifi car sepse.

As efusões sépticas podem ser diagnosticadas pelo uso de parâmetros bioquímicos em cães e gatos. Foi demonstrado que os fl uidos de efusão em cães e gatos com um pH < 7,2, pCO 2 > 55 mmHg, concentração de glicose < 50 mg/dL e con-centração de lactato > 5,5 mmol/L são altamente sugestivos de infecção bacteriana ( Swann et al. , 1996 ). Um estudo envol-vendo fl uido peritoneal em cães e gatos avaliou as concen-trações de glicose sanguínea e de fl uido de efusão. Este estudo constatou que a diferença de glicose sanguínea e da efu-são > 20 mg/dL fornece um meio rápido e confi ável para dife-renciar fl uidos de efusão séptico e asséptico ( Bonczynski et al., 2003 ). Nesse estudo, uma diferença na concentração de lactato sanguíneo e de efusão em cães < – 2,0 mmol/L foi 100%

FIGURA 6-8 . ■ Exsudato não séptico. Peritoneal. C ão. Fluido concentrado de um animal com pancreatite mostrando um aglome-rado de células mesoteliais reativas e neutrófi los. A proteína contida nesta amostra era de 3,0 g/dL com contagem celular de 8.000 célu-las/ � L. A maioria das células é de neutrófi los, sugerindo uma condi-ção infl amatória inicial. Testes futuros (p. ex., lipase sérica e do fl uido ou ultrassonografi a) devem ser realizados para determinar a causa específi ca do acúmulo de fl uido. (Romanowsky, Óleo HP.)

B

A

FIGURA 6-7 . ■ A, Peritonite séptica. C ão. Numerosos neutrófi los degenerados são notados com um grande número de bactérias pleomórfi cas, ambos no fundo e nos neutrófi los. Esse esfregaço concentrado era de um cão com abscesso pancreático rompido. (Wright modifi cado; Óleo HP.) B, Exsudato séptico. Pleural. Ga to. Os neutrófi los degenerados estão intumescidos, com citoplasma es-ponjoso ou vacuolado e também com núcleos líticos inchados. Observe a presença de bacilos pequenos, Gram-positivos e pleo-mórfi cos. Culturas aeróbicas e anaeróbicas são recomendadas em casos de piotórax. Esta amostra contém muitas células nuclea-das ( > 100.000 células/ � L) e proteína > 3,0 g/dL. (Gram; Óleo HP.)

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177CAPÍTULO 6 • Fluidos de Cavidade Corporal

sensível e 100% específi co para o diagnóstico de peritonite séptica.

TIPOS ESPECÍFICOS DE EFUSÕES

Enquanto a maioria das efusões infl amatórias são citologica-mente inespecífi cas, algumas etiologias causam reações com aspectos diagnósticos característicos. Estas efusões são discutidas a seguir.

Peritonite Infecciosa Felina

A peritonite infecciosa felina (PIF) é a única entre as causas de efusão infl amatória em que o fl uido que se acumula é normalmente alto em proteína, mas apresenta baixa celula-ridade ( McReynolds et al. , 1997 ). A classifi cação como efu-são infl amatória é baseada principalmente na presença de proteína total elevada (normalmente > 4,5 g/dL), que é um refl exo de um aumento semelhante de proteína sérica. A eletroforese tanto do fl uido de efusão quanto do soro revela uma gamopatia policlonal. Uma relação albumina-globulina abaixo de 0,8 no fl uido é bem sugestiva de PIF. Tem sido relatado que caso a gamaglobulina seja maior do que 32% da proteína no fl uido da efusão, isso é sugestiva de PIF ( Shelly et al. , 1988 ). Outro teste que pode ajudar a confi rmar ou descartar a PIF é o teste de Rivalta. Para a realização desse teste relativamente simples, coloque uma gota de ácido acético a 98% em 5 mL de água destilada e misture bem em um tubo de ensaio. Então, adicione lentamente uma gota do fl uido da efusão na superfície da solução de ácido acético. Um resultado positivo requer que a gota de efusão mante-nha sua forma na superfície ou precipite lentamente para o fundo com a forma de uma gota ou de uma água-viva ( Fig. 6-9 A ). Esse teste indica um alto conteúdo proteico as-sim como fi brina e mediadores infl amatórios. Esse teste apresenta um valor preditivo positivo de 86% e um valor preditivo negativo de 97% ( Hartmann et al. , 2003 ). Um teste citológico mais específi co para PIF envolve a imunofl uores-cência de coronavírus intracelular felino (V CoF) em ma-crófagos da efusão. Quando positivo ( Fig. 6-9 B), esse teste é o diagnóstico para PIF, entretanto, um valor preditivo nega-tivo é de 57%, logo, um resultado negativo pode falhar em casos de PIF ( Hartmann et al. , 2003 ).

Citologicamente, esses fl uidos normalmente apresentam um número de células relativamente baixas (1.000 a 30.000/ � L) e são inconsistentes no que diz respeito aos tipos celulares presentes. Na maioria dos casos a célula predomi-nante é o neutrófi lo não degenerado ( Fig. 6-9 C). Entretanto, podem ser vistas reações mistas a macrofágicas ( Fig. 6-9 D). Em casos raros, há uma predominância de linfócitos. Indepen-dentemente do tipo celular predominante, as lâminas apre-sentam um fundo granular roxo em todos os casos, que é o resultado de um conteúdo altamente proteico ( Fig. 6-9 C).

Efusões Nocárdicas/Actinomicóticas

As bactérias complexas como a Nocardia asteroides e Acti-nomyces sp. são causas importantes de efusões tanto perito-neais quanto pleurais em cães e gatos. Visualmente, essas efusões são de turvas e amarelas a tingidas de sangue dando um aspecto de “sopa de tomate”. Mesmo quando coletadas em EDTA, normalmente contêm partículas ou grânulos (os chamados “grânulos de enxofre”) ( Songer e Post, 2005 ).

Com base nos parâmetros físicos, essas efusões são tipi-camente exsudatos, com proteína total alta e celularidade muito alta. Devido a sua alta celularidade, os esfregaços dire-tos são geralmente adequados para o exame citológico. Se forem observadas partículas no fl uido, é importante realizar preparados de macerado dessas partículas, além dos esfrega-ços apenas do fl uido.

Microscopicamente, as infecções nocárdicas e actinomi-cóticas são caracterizadas por uma infl amação de neutrofí-lica a mista, provavelmente dependendo da duração da doença. Em reações mais crônicas, há normalmente um componente celular mesotelial signifi cativo para a resposta. Uma característica marcante da resposta infl amatória é a morfologia dos neutrófi los. Enquanto a maioria dos casos de pleurite e peritonite sépticas é manifestada pela presença predominante de neutrófi los degenerados, nas efusões no-cárdicas e actinomicóticas a maioria dos neutrófi los distan-tes dos organismos são não degenerados. Os neutrófi los degenerados são vistos apenas quando estão bem próximos aos organismos, pois esses agentes, em contraste com a maioria das outras bactérias, produzem apenas toxinas lo-cais fracas. O efeito em rede desse fenômeno é que os es-fregaços nesses casos são facilmente interpretados erronea-mente como não infeccioso, principalmente se não houver presença generalizada desses organismos. Como as partícu-las que são visíveis a olho nu normalmente são compostas de colônias de bactérias, é extremamente importante que preparações de macerados dessas partículas sejam examina-das para assegurar que o diagnóstico não seja prejudicado ( Fig. 6-10 A e B).

A morfologia desses organismos microscopicamente são muito características. As colônias são compostas de organis-mos delicados fi lamentosos, muitas vezes frisados e normal-mente são encontrados na região de franja do esfregaço ( Fig. 6-10 C). A característica de diagnóstico mais marcante desses organismos é que os fi lamentos são ramifi cados. Uti-lizando colorações hematológicas de rotina, a Nocardia não pode ser diferenciada do Actinomyces . Entretanto, a Nocar-dia sp. é Gram-positiva e é ácido-rápido positivo variável, enquanto o Actinomyces sp é Gram-positivo e ácido-rápido negativo ( Songer e Post, 2005 ).

O diagnóstico citológico deve ser confi rmado pela cul-tura bacteriana da efusão e/ou dos grânulos de enxofre. Como essas espécies têm uma necessidade especial de cul-tura, é importante que o laboratório de bacteriologia esteja ciente do diagnóstico provisório no envio da amostra.

Histoplasmose Sistêmica

A histoplasmose sistêmica causada pelo Histoplasma cap-sulatum é causa relativamente frequente de efusão em cães que moram em Ohio River Valley (Estados Unidos). Como o fungo é endêmico na área, a sorologia pode não ser um método de diagnóstico confi ável. Em muitos casos, é funda-mental a identifi cação citológica do organismo.

O fl uido de efusão da histoplasmose é relativamente ímpar. É normalmente claro e incolor. Com base nas carac-terísticas físicas, o fl uido é um transudato modifi cado, en-tretanto, citologicamente é claramente infl amatório com mais neutrófi los do que observados em um transudato modifi cado típico em cães. Sempre que transudatos modifi -cados infl amatórios são vistos em cães, deve-se considerar a possibilidade de histoplasmose no diagnóstico diferencial.

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178 CAPÍTULO 6 • Fluidos de Cavidade Corporal

Se observados em uma efusão, a doença é considerada dis-seminada e pode ser encontrada em qualquer local, como no fígado, no baço, na medula óssea, na parede retal e no sangue periférico.

A manifestação do organismo é realizada melhor em macrófagos ( Fig. 6-11 ) na região de franja do esfregaço.

Os organismos de histoplasma medem, aproximadamente, de 2 a 3 � m de diâmetro, são de redondos a ovoides no formato e apresentam núcleo basofílico único cercado de uma parede celular espessa e incolor. Nos fluidos, é comum encontrar organismos individuais livres no fundo. O único outro organismo semelhante citologicamente e

A B

C

25 µm

D

FIGURA 6-9 . ■ A-C, Efusão abdominal, gato. A, Teste de Rivalta. Resultados positivos do teste são indicados pela camada de gel no topo da solução de ácido acético. O fl uido é de um gato com PIF confi rmado por PCR. O gato estava moderadamente ictérico. Observe as estrias amarelas de gel no meio do tubo do material parcialmente fl utuante. B, Teste de imunofl uorescência V CoF. Um teste citológico específi co para PIF envolve a imunofl uorescência de coronavírus felino intracelular (V CoF). Evidenciados três macrófagos infectados e intactos ( verde ) presentes em fl uido abdominal de um gato com PIF. (V CoF; Óleo HP.) C, Este esfregaço concentrado é de um gato diagnosticado com PIF. Observe os macrófagos moderadamente basofílicos e neutrófi los não degenerados. O fundo contém proteína basofílica grosseiramente granu-lar assim como proteína basofílica em forma de lua crescente e fi brina em corda. (Wright modifi cado; Óleo HP.) D, Exsudato asséptico. Peri-toneal. Gato. Este animal foi diagnosticado com PIF. O fl uido contém macrófagos esponjosos e vacuolados, neutrófi los levemente degenerados e células linfoides de intermediárias a grandes. Os linfócitos podem ser de tamanho intermediário e aparecerem reativos em alguns casos de PIF. Observe também o precipitado granular proteico por toda a parte. (Romanowsky, Óleo HP.) (A, foto por Sam Royer, Purdue University. B, Cortesia de Jacqueline Norris, University of Sydney, Austrália.)

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179CAPÍTULO 6 • Fluidos de Cavidade Corporal

morfologicamente são as Leishmanias. Entretanto, os protozoários de Leishmania são distinguidos pela pre-sença de um cinetoplasto, que dá a aparência de ter dois núcleos.

Efusão Biliar

A ruptura da vesícula biliar ou do ducto biliar comum pode ocorrer em qualquer espécie secundária a um trauma direto ou doença da árvore biliar. Além disso, é um acompanhado incomum de hérnia diafragmática por qual-quer motivo no cão e no gato. Quando um trauma direto ocorre principalmente no sistema biliar, o vazamento de bile é praticamente sempre restrito à cavidade peritoneal, causando uma peritonite. Quando associado à hérnia dia-fragmática, o vazamento ocorre quando o fígado está preso à fenda diafragmática e há necrose da vesícula biliar ou do ducto biliar comum. Desse modo, ocorre tanto uma peritonite quanto uma pleurite. A bile é uma substância muito irritante e sua presença promove uma resposta in-fl amatória rapidamente. Visualmente, o fl uido aparenta ser inicialmente de cor marrom ( Fig. 6-1 G) a amarelado a es-verdeado, entretanto, com o avançar da resposta, torna-se

A

B

25 µm

CCC

FIGURA 6-10 . ■ Exsudato séptico, actinomicose. Pleural. Cão. Mesmo caso A-C. A, O esfregaço direto de uma efusão pleural demonstra uma colônia densa ( i.e. , grânulos de enxofre) junto com muitas células lisadas e estrias nucleares. Esses grânu-los normalmente são arrastados para a franja do esfregaço, que foi o caso desse esfregaço. (Wright modifi cado; IP.) B, Maior aumento da colônia em A. (Wright modifi cado; IP.) C, O fl uido apresentava uma infl amação supurativa severa com muitos neu-trófi los degenerados e macrófagos esponjosos. Organismos fi la-mentosos curtos e longos e células lisadas são visualizados por todo o fundo. Nas áreas de esfregaço sem bactérias (não mos-trada), os neutrófi los eram apenas levemente degenerados. (Wright modifi cado; IP.)

FIGURA 6-11 . ■ Histoplasmose. Cão. Um macrófago contendo numerosos organismos leveduriformes ovais de 2 a 3 � m de Histo-plasma capsulatum é visto no centro à esquerda. Há numerosas hemá-cias no fundo do esfregaço. (Wright modifi cado; IP.)

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192

O emprego da endoscopia facilitou o acesso às superfícies mucosas, ampliando a aplicação do diagnóstico citológico na avaliação do trato gastrointestinal. Este procedimento auxi-liar é especialmente útil quando combinado com a avaliação histológica do tecido para uma avaliação completa do trato gastrointestinal. Os achados citológicos e histológicos ten-dem a ser díspares quando: (1) as amostras são obtidas de locais diferentes; (2) a lesão encontra-se localizada profun-damente na lâmina própria ou submucosa, causando esfo-liação; (3) achados associados à superfície são perdidos durante o processamento da amostra histológica; e (4) quando alterações celulares decorrentes de artefatos de técnica ocorrem tanto no material citológico quanto no histológico.

Em nossa experiência, tanto os imprints , quanto a ci-tologia esfoliativa por escova são capazes de fornecer informações úteis quando associadas à histologia ( Jergens et al. , 1998 ). A esfoliação por escova proporciona a obten-ção de mais células, mas também tem o potencial de in-duzir hemorragias e introduzir leucócitos que podem ser falsamente considerados como parte de processo infl a-matório. A citologia de escova frequentemente representa a patologia da lâmina própria mais profunda, quando comparada aos imprints , que, por sua vez, refl etem alte-rações de superfície e mucosas. Os critérios que diferen-ciam benignidade e malignidade devem ser cuidadosa-mente avaliados ao se examinar amostras de citologia esofágica e gastrointestinal, uma vez que a atipia celular, associada à hiperplasia epitelial e à regeneração decor-rentes de infl amação, podem assemelhar-se a neoplasias epiteliais.

CAVIDADE ORAL

A razão mais comum para a realização da análise citológica da cavidade oral é a avaliação de uma massa ou lesão ulce-rativa. Achados radiográfi cos irão indicar se há envolvimento ósseo.

Citologia Normal

Células epiteliais escamosas superfi ciais e intermediárias constituem o tipo celular comumente esfoliado na cavidade bucal e na superfície da língua ( Fig. 7-1 A ). Uma variedade de bactérias da orofaringe pode ser vista em amostras da cavidade oral. Um exemplo relevante é a Simonsiella sp. ( Fig. 7-1 B e C). Neutrófi los costumam ser perdidos pela transmigração através das membranas submucosas para dentro da cavidade oral e podem ser observados em pe-queno número.

Infl amação

Infl amações que afetam a cavidade oral envolvem doenças imunomediadas, como o penfi goide bolhoso, corpos es-tranhos, patologias odontológicas, manifestações sistêmi-cas de uremia e infecções bacterianas, virais ou fúngicas ( Guilford, 1996a ). O exudato infl amatório pode ser com-posto por leucócitos, debris necróticos e fl ora bacteriana. Algumas lesões orais elevadas, semelhantes a placas com a superfície ulcerada, serão compostas por uma população exclusiva de eosinófi los ou mista de eosinófi los e neutrófi -los. Relatos de estomatite eosinofílica ulcerativa em Cava-lier King Charles spaniels ( Fig. 7-2 A e B ) sugerem que esta resposta infl amatória eosinofílica possa ocorrer concomi-tantemente a outras alterações sistêmicas e represente uma resposta de hipersensibilidade nesta raça ( Joffe e Allen, 1995 ; German et al. , 2002). Em outras condições, a superfí-cie inferior da língua pode, ocasionalmente, apresentar uma massa elevada e esbranquiçada que, além de epitélio citolo-gicamente normal, apresenta quantidades variáveis de cris-tais de aparência fi na ou grosseira. Geralmente, esse mate-rial é extracelular, mas muitos cristais encontram-se no interior de macrófagos ( Fig. 7-3 A e B ). Esta infl amação ma-crofágica ou granulomatosa (se células gigantes são obser-vadas) é típica de calcinose lingual circunscrita. Cristais de uratos podem também ser considerados. O cálcio pode ser

C A P Í T U L O7 Cavidade Oral, Trato Gastrointestinal e Estruturas Associadas Claire B. Andreasen , Albert E. Jergens e Denny J. Meyer

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193CAPÍTULO 7 • Cavidade Oral, Trato Gastrointestinal e Estruturas Associadas

BB

C

AA

FIGURA 7-1 . ■ A, Cavidade oral. Citologia de epitélio gengi-val. Cão. O epitélio estratifi cado escamoso queratinizado forma projeções papilares a partir da lâmina própria (tecido conjun-tivo). (H e E; LP). B, Cavidade oral. Achados citológicos normais. Células epiteliais escamosas angulares cobertas por Simonsiella sp. ( seta longa ); uma célula epitelial escamosa está localizada no cen-tro e o fundo encontra-se composto por numerosas bactérias de tamanhos e formas variadas sobre um fundo proteináceo leve-mente basofílico. Um fi lamento de proteína nuclear livre oriunda de uma célula rompida também está presente ( seta curta ). (Wright; HP em imersão). C, Cavidade oral. Epitélio normal com fl ora. Cão. Uma célula epitelial escamosa intermediária coberta por Si-monsiella sp. (estruturas retangulares arredondadas com estriações transversais). Um eritrócito isolado está presente no canto infe-rior direito para comparação de tamanho. (Wright; HP em imer-são). (A e C, cortesia de Rose Raskin, Purdue University.)

25�m

BA

FIGURA 7-2 . ■ O mesmo caso A-B. A, Estomatite eosinofílica e neutrofílica. Imprint . Cão. Esta lesão indolor, de 2 × 2 cm, elevada e lem-brando uma placa, com superfície ulcerada foi identifi cada no palato mole de um Cavalier King Charles spaniel . Evidencia-se uma população mista, na maioria constituída de neutrófi los degenerados e eosinófi los, sobre um fundo hemodiluído. Ambos os tipos celulares encontravam-se dentro dos valores de referência no sangue periférico. (Wright; HP em imersão). B, Estomatite eosinofílica ulcerativa. Histologia. A superfície ulcerada encontra-se densamente infi ltrada com um misto de neutrófi los e eosinófi los. Em uma área adjacente (não representada), encon-trava-se tecido de granulação. Apesar disso, a formação de granuloma não foi observada. (H e E; IP) (A e B, cortesia de Rose Raskin, Purdue University.)

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194 CAPÍTULO 7 • Cavidade Oral, Trato Gastrointestinal e Estruturas Associadas

confi rmado por meio da coloração de Von Kossa ( Fig. 7-3 C) ou vermelho Alizarina S ( Marcos et al. , 2006 ).

Neoplasias

Neoplasias epiteliais, mesenquimais e neoplasias de células redondas podem envolver a cavidade oral. Assim como em outros sistemas orgânicos, a sensibilidade do diagnóstico cito-lógico é mais alta para as neoplasias de células redondas e menor para os tumores mesenquimais. Isto ocorre devido à reduzida esfoliação e à difi culdade de diferenciar células me-senquimais neoplásicas de fi brócitos/fi broblastos reativos que compõem os processos reparativos/infl amatórios. Neoplasias de células redondas incluem linfomas, mastocitomas, plasmo-citomas, tumores venéreos transmissíveis e histiocitoma. O plasmocitoma pode envolver a mucosa oral, língua ou a mu-cosa do trato digestivo e ser de difícil diagnóstico defi nitivo quando a caracterização imunocitoquímica ou imuno-histo-química não for realizada ( Rakich et al. , 1989 ). A neoplasia epitelial mais comum é o carcinoma de células escamosas ( Fig. 7-4 A e B ). De ocorrência menos comum é a neoplasia epitelial odontogênica ( Poulet et al. , 1992 ) ( Fig. 7-5 A-C ). O carcinoma de células escamosas pode ocorrer em qualquer localização na cavidade oral, mas em gatos ocorre frequente-

mente no frênulo da língua com metástases iniciais nos linfo-nodos regionais. A epúlide é uma massa gengival comum em cães ou gatos e pode ocorrer devido a uma alteração de de-senvolvimento, hiperplasia, infl amação ( Fig. 7-6 A e B ) ou uma lesão neoplásica. Um estudo envolvendo epúlides em felinos ( de Bruijn et al. , 2007 ) defi niu que as células multinucleadas presentes nas epúlides de células gigantes provavelmente re-fl etiam uma resposta infl amatória através da formação de os-teoclastos a partir de macrófagos mononucleares. Estas lesões confundem a avaliação citológica, pois podem ser compostas de ninhos epiteliais dentários envolvidos em tecido estromal fi broso. Quando há dúvida no estabelecimento do diagnóstico citológico, recomenda-se a realização de biópsia excisional. Melanomas orais são frequentemente malignos e infi ltrativos, podendo conter pigmentos abundantes ou apenas uma quan-tidade mínima dos mesmos (melanomas amelanóticos) e que rapidamente metastizam para os linfonodos regionais ( Head et al. , 2002 ) ( Fig. 7-7 A-C ). Os fi brossarcomas, condrossarcomas e osteossarcomas ( Fig. 7-8 ) são os tumores mesenquimais que mais comumente envolvem a cavidade oral. Menos frequen-tes, todavia, são fi bromas, hemangiossarcomas e lipossarcomas ( Bernreuter, 2008 ). Os fi brossarcomas de mandíbula e maxila podem, ocasionalmente, apresentar padrões morfológicos benignos no exame citológico ou histológico e, entretanto,

20�m

B

15�m

A

C

20�m

FIGURA 7-3 . ■ Língua. Calcinose circunscripta. Imprint . Cão. Mesmo caso A-C. A, Um calo esbranquiçado sobre a região média da língua estava presente há seis meses. Quatro macrófagos es-ponjosos e altamente vacuolizados aparecem contra um fundo refrátil e granular juntamente com eritrócitos, produzindo infl a-mação granulomatosa. (Wright; HP em imersão). B, Grânulos grosseiros, e claramente refráteis estão presentes no fundo. (Wright; IP.) C, Mesmo aumento que em B. Grânulos amarronza-dos confi rmam a mineralização por cálcio. (Von Kossa; IP) (A-C, Cortesia de Rose Raskin, Purdue University.)

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195CAPÍTULO 7 • Cavidade Oral, Trato Gastrointestinal e Estruturas Associadas

demonstrar um comportamento biológico agressivo ( Ciekot et al. , 1994 ). Neoplasias detectadas no palato mole ou duro podem ser extensões da cavidade oriundas da cavidade nasal. Em um estudo de lesões na língua (Denis et al. , 2006), aproxi-madamente 4% dos casos em cães envolviam tumores de cé-lulas granulares, tumores de histogênese variada ( Head et al. , 2002 ). Os tumores de células granulares ( Fig. 7-9 A-C ) são preferencialmente associados à língua, em comparação a qualquer outro local na cavidade oral de cães idosos e podem ocorrer também em gatos. Acredita-se que a maioria dos tu-mores de células granulares se origine do neuroectoderma e que estes sejam compostos de fi bras de reticulina. Estes tumo-res têm a aparência de uma massa branca, aderida e fi rme e possuem comportamento benigno. Citologicamente, as célu-las encontram-se individualizadas, apresentando núcleo ex-cêntrico, abundante citoplasma eosinofílico ou com grânulos citoplasmáticos fagolisossomais fortemente positivos para o ácido periódico de Schiff.

AAA

B

FIGURA 7-4 . ■ Carcinoma oral de células escamosas. A, Imprint . Esse material é de uma massa que se estendia do frênulo da língua até a mandíbula de um gato. Há várias células epiteliais escamosas de ma-turidade e formas diversas, variando de oval a angular. Algumas dessas células apresentam disqueratose (bem à esquerda). Outras característi-cas morfológicas incluem proporção núcleo-citoplasma (N:C) e colora-ção variáveis. Vários neutrófi los estão distribuídos entre as células neo-plásicas. Vários apresentam degeneração nuclear ou estão rompidos, resultando em fi lamentos de proteína nuclear livre. Células escamosas e queratina frequentemente induzem infl amação neutrofílica. (Wright; HP em imersão). B, Histologia. Cordões de células escamosas pleomór-fi cas estão separados por um estroma fi broso fi no. Núcleos centrais de queratinócitos ( setas ) demonstram a disqueratose (queratinização pre-matura ou anormal das células epiteliais antes de atingirem a superfície) e coloração mais intensamente eosinofílica (H e E; IP).

A

200�m

C

B

FIGURA 7-5 . ■ A, Tumor epitelial oral odontogênico. Imprint . A im-pressão citológica de uma neoplasia epitelial pode ser realizada com base na morfologia geral dos agrupamentos com interdigitações envol-vendo as células epiteliais neoplásicas. Elas apresentam anisocitose de leve a moderada e anisocariose, com variação nuclear de leve a mode-rada. O grupo inferior parece estar formando uma estrutura acinar or-ganizada com um lúmen central ( seta ). As características morfológicas são sugestivas de malignidade de células epiteliais. O citoplasma con-tém fi nos grânulos eosinofílicos. Vários eritrócitos circundam o agrupa-mento de células neoplásicas. (Wright; H e P em imersão). B, Maligni-dade epitelial oral odontogênica. Histologia. A população densa de células epiteliais neoplásicas apresenta forma de um redemoinho dis-creto no centro, cercado por células epiteliais de cuboidais a cilíndricas localizadas na periferia. Figuras mitóticas estão presentes ( setas ). As cé-lulas neoplásicas encontram-se circundadas por um estroma fi brovas-cular menos denso (rosa pálido). (H e E; IP) C, Gengiva. Ameloblas-toma acantomatoso. Histologia. Cão. Uma camada de epitélio queratinizado (fi na borda externa, próximo à escala) cobre o espesso epitélio acantomatoso característico dessa neoplasia maligna. Esse é um tumor infi ltrativo que forma cordões de epitélio dentro da submucosa. (H e E; LP.) (C, cortesia de Rose Raskin, Purdue University.)

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196 CAPÍTULO 7 • Cavidade Oral, Trato Gastrointestinal e Estruturas Associadas

B

20�m20�m

A

FIGURA 7-6 . ■ Gengiva. Epúlide de células gigantes. Cão. Mesmo caso A-B. A , Aspirado. Agregados de células infl amatórias compostos por histiócitos multinucleados e macrófagos isolados são proeminentes. O estroma fi brovascular cria uma forma linear (metade superior) (Wright-Giemsa; IP.) B, Histologia. Características anaplásicas nucleares estão presentes nessa massa sólida de células multinucleadas com mínimo estroma. (H e E; LP.) (A e B, cortesia de Rose Raskin, Purdue University.)

15�m

BA

C50�m

FIGURA 7-7 . ■ A, Melanoma oral maligno. Imprint . Células polié-dricas pleomórfi cas com proporção N:C variável, anisocitose e in-tensidade variável de coloração são indicativos de neoplasia. Em uma célula ( seta ), é possível notar a presença abundante de pig-mento escuro intracitoplasmático (melanina). A maioria das outras células não contém pigmento evidente (amelanóticas) e podem ser facilmente confundidas com células epiteliais neoplásicas ou células mesenquimais tumorais. (Wright; HP em imersão) B, Parede bucal. Melanoma amelanótico. Imprint . Cão. Novamente, o fundo de eri-trócitos e bactérias forma uma camada de epitélio anaplásico apresentando uma N:C alta e variável, cromatina grosseira, nucéo-los múltiplos e proeminentes, anisocariose e uma fi gura mitótica (abaixo, à direita). Há presença de raros grânulos fi nos no cito-plasma, mas essa granulação não é signifi cativa. (Wright; HP em imersão). C, Parede bucal, Melanoma amelanótico. Histologia. Cão. O mesmo caso representado em B. Células pobremente granu-lares, isoladas com núcleos pálidos e abertos infi ltrando a submu-cosa com alguma atividade juncional, pela sua presença dentro da membrana basal do epitélio ( setas ), suportando o diagnóstico de melanoma. As células hipercromáticas visualizadas são neutrófi los. (H e E; IP.) (B e C, cortesia de Rose Raskin, Purdue University.)

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197CAPÍTULO 7 • Cavidade Oral, Trato Gastrointestinal e Estruturas Associadas

GLÂNDULAS SALIVARES

Citologia Normal

A análise citológica das doenças da glândula salivar é diag-nosticamente recompensadora. A glândula salivar pode ser puncionada incidentalmente na tentativa de aspirar o linfo-nodo submandibular. Citologicamente, a glândula salivar contém uma população uniforme de células epiteliais se-cretórias que se encontram agrupadas ou isoladas, pos-suindo núcleo excêntrico intensamente basofílico e cito-plasma claro, vacuolizado ou espumoso ( Fig. 7-10 ). A coloração do citoplasma das células difere entre as serosas (distinguível) das mucosas (pode estar bem claro). Células epiteliais isoladas podem ser difíceis de diferenciar de ma-crófagos. Estas células, entretanto, possuem um citoplasma claro a fi namente vacuolizado e não contêm material fagoci-tado. Observa-se comumente a presença de muco de colora-ção eosinofílica que, estando presente, pode fazer com que os eritrócitos distribuam-se em linhas ou colunas paralelas na lâmina ( Fig. 7-11 ).

Hiperplasia

Suspeita-se de hiperplasia quando há aumento glandular e as células epiteliais possuem aparência citológica relativa-mente normal. As células podem estar cercadas de muco abundante. Deve-se considerar a sialocele no diagnóstico diferencial.

Infl amação

A lesão infl amatória mais comum é causada pela mucocele salivar (sialocele) ou rânula. A rânula é uma distensão cística de um ducto revestido por epitélio no assoalho da boca. Sialocele é o acúmulo de secreções salivares em cavidades não revestidas por epitélio adjacentes ao ducto. Uma vez desconhecida a causa, acredita-se que o trauma associado à predisposição anatômica seja determinante para o apareci-mento dessa lesão. A saliva acumulada estimula uma reação

FIGURA 7-8 . ■ Osteossarcoma oral. Imprint . Células mesenqui-mais pleomórfi cas apresentando anisocitose e anisocariose intensas. Os núcleos possuem cromatina pontilhada e vários nucléolos de tamanhos variados e coloração pálida e estão cercados de um cito-plasma abundante e basofílico com bordas indefi nidas. Os redemoi-nhos da matriz basofílica intercelular produzidos pelas células neo-plásica favorecem diagnóstico de tumor ósseo maligno. (Wright; HP em imersão.)

A

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BB

10�m

C

FIGURA 7-9 . ■ Língua. Tumor de células granulares. Histologia. Gato. Mesmo caso A-C. A, Visualização em menor aumento de uma pequena massa elevada. (H e E; LP.) B, Redes densas de fi bras es-tromais separam as células em pequenos agregados. (Reticulina; LP.) C, Fibras estromais formam cordões de células individualizadas, contendo citoplasma granular eosinofílico abundante e núcleos hi-percromáticos excêntricos. (H e E; HP). (A-C cortesia de Rose Ras-kin, Purdue University.)

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A aspiração por agulha fi na (AAF) dos rins e da bexiga para obter células para avaliação citológica é um procedimento simples, rápido, seguro e relativamente barato. As principais indicações para o exame citológico do sistema urinário são aumento uni ou bilateral dos rins, massas discretas na be-xiga ou espessamento da parede da bexiga e tumor na uretra. A avaliação citológica do trato urinário costuma dis-tinguir as causas mais comuns de aumento de órgão (infl a-mação, cisto e neoplasia), indicar outros métodos diagnósti-cos (p.ex., cultura ou biópsia) ou descartar uma intervenção cirúrgica desnecessária (como nos casos de neoplasia me-tastática).

ANATOMIA E HISTOLOGIA

O sistema urinário é composto pelos rins, ureteres, bexiga e uretra. O rim possui quatro componentes morfológicos básicos: glomérulo, túbulos, interstício e vasos sanguíneos ( Fig. 10-1 ). A unidade funcional do rim é o néfron. Cada néfron compõe-se por um glomérulo e um sistema de tú-bulos renais. O glomérulo é um novelo de capilares reves-tido por endotélio fenestrado que se encontra intimamente associado às células epiteliais tubulares. Os componentes do glomérulo ( Fig. 10-2 ), incluindo o endotélio, a mem-brana basal e as células epiteliais especializadas conheci-das como podócitos, formam a barreira de fi ltração do rim ( Jones et al. , 1997 ).

O túbulo renal divide-se em segmentos funcionais distin-tos, como o túbulo contorcido proximal, a alça de Henle (ramos ascendente e descendente), o túbulo contorcido distal e os túbulos coletores. As células epiteliais que reves-tem os túbulos variam, de acordo com sua função, de uma única camada de células cuboides com bordas em escova nos túbulos contorcidos proximais a um epitélio colunar sem borda em escova nos segmentos contorcidos distais ( Fig. 10-3 ). As células caudadas transicionais revestem a pelve e os cálices renais. De modo semelhante, as mucosas dos ureteres, da bexiga urinária e da uretra são revestidas quase que exclusivamente por células epiteliais transicio-nais. O tecido intersticial renal é composto por tecido co-nectivo (células mesenquimais), tecido linfático, células musculares lisas e uma extensa rede capilar ( Jones et al. , 1997; Borjesson, 2003 ).

TÉCNICAS ESPECIALIZADAS DE COLETA

O método de coleta para obtenção de amostras citológicas depende da localização da lesão, mas pode envolver tanto a AAF direta da massa como a cateterização traumática no caso de um tumor uretral ou tumor na bexiga na área do trígono. Reciprocamente, a biópsia renal costuma ser indi-cada a cães e gatos com doença glomerular (e proteinúria) ou insufi ciência renal aguda. A biópsia pode ser guiada por ultrassom ou realizada por métodos cirúrgicos. Os riscos associados à biópsia incluem a transecção de vasos sanguí-neos ou da pelve renal resultando em hemorragia, hidrone-frose ou hematúria ( Borjesson, 2003 ). Um estudo multi-ins-titucional recente encontrou taxas de complicações para biópsia renal de 13,4% e 18,5% para cães e gatos, respecti-vamente ( Vaden et al. , 2005 ). A complicação mais comum foi hemorragia. Numerosas revisões foram publicadas recen-temente comparando os métodos de biópsia renal, para aperfeiçoar a obtenção de amostras e minimizar as compli-cações induzidas pela biópsia ( Vaden et al. , 2005; Rawlings et al. , 2003; Vaden, 2004 ).

Na AAF, principalmente em gatos, pode-se utilizar a imo-bilização manual do rim e a aspiração percutânea cega para se obter amostras para revisão citológica. No entanto, esta técnica é mais reservada para lesões difusas que provocam renomegalia, pois as lesões focais podem não ser alcançadas e existe um risco elevado de punção inadvertida e laceração dos principais vasos sanguíneos. Recomenda-se a AAF guiada por ultrassom por ser minimamente invasiva e possuir taxa de complicação baixa. A hemorragia é a complicação poten-cial principal, podendo ser indicado um perfi l de coagula-ção para tal.

Para a AAF guiada por ultrassom, deve-se manter o pa-ciente em decúbito dorsal. Se as alterações forem bilaterais, recomenda-se a aspiração da extremidade caudal do rim esquerdo, pois assim o risco de aspirar acidentalmente o intestino e o pâncreas diminui. A agulha é direcionada do córtex da extremidade caudal, ventral para dorsal. A agulha pode ser inclinada em sentido medial para lateral para evitar atingir um vaso renal de grande calibre. Cuidados devem ser tomados para se evitar que a pelve renal seja atingida. Come-çar com agulha de 1,5 polegadas e calibre 25 a 27. Se não for obtida amostra com celularidade adequada, pode-se usar agulha de maior calibre. Os melhores resultados são obtidos

C A P Í T U L O10 Trato Urinário Dori L. Borjesson e Keith DeJong

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quando são realizadas múltiplas preparações e uma das lâmi-nas é rapidamente corada com o corante do tipo Roma-nowsky ou com o Novo Azul de Metileno para verifi car a qualidade da amostra ( Borjesson, 2003 ).

Independentemente do tipo da massa, recomenda-se a aspi-ração da área central e periférica. Frequentemente o centro da massa pode consistir somente de debris necróticos ou células infl amatórias, resultando em uma amostra sem potencial diag-nóstico. Embora a infl amação purulenta e a necrose possam estar associadas à malignidade, a abundância das duas frequen-temente mascara a desordem primária. Logo, quase sempre é recomendado realizar diversas aspirações em diferentes áreas da massa para aumentar o campo celular e o potencial diagnós-

tico, e também para diferenciar entre infl amação primária e secundária ( Borjesson, 2003 ). Se for obtido um fl uido, pode-se realizar imediatamente um esfregaço direto e o restante do fl uido pode ser acondicionado em um tubo com EDTA para prevenir a coagulação. Podem ser preparados esfregaços a partir do sedimento ou após citocentrifugação, principalmente se a amostra for de baixa celularidade. Por fi m, esfregaços por impressão podem ser realizados a partir de amostras prove-nientes de biópsias renais. A avaliação citológica de esfregaços por impressão pode auxiliar no diagnóstico rápido de agentes infecciosos ou neoplasias ( Borjesson, 2003 ).

As células provenientes de massas no interior da bexiga podem ser prontamente obtidas utilizando-se a AAF guiada por ultrassom ou a cateterização uretral traumática. Células tumorais podem ser observadas ocasionalmente no sedi-mento urinário. Entretanto, submeter urina para citologia ra-ramente resulta em diagnóstico defi nitivo de neoplasia. A cateterização uretral traumática pode fornecer amostras adequadas e com potencial diagnóstico, porém muitas destas células obtidas podem ser células epiteliais transicionais rea-tivas e superfi ciais. Desse modo, a cateterização traumática pode resultar em um laudo citológico falso negativo devido ao viés da amostra, com a massa primária não sendo coletada com êxito. Embora tenham sido relatados alguns casos de implantação tumoral ao longo da parede abdominal ventral após a AAF direta de massas vesicais ( Nyland et al. , 2002 ), essa complicação é rara e provavelmente não afeta a evolução clínica. Assim, a AAF guiada por ultrassom continua sendo o melhor método para obtenção de células associadas a tecidos e maximização do campo celular para revisão citológica.

CITOLOGIA RENAL NORMAL

Os aspirados renais caracterizam-se por apresentar baixa ce-lularidade e, em geral, conter pequenos aglomerados de cé-lulas tubulares renais entremeadas com sangue. Como os rins são altamente vascularizados, a presença de sangue geralmente deve-se à hemorragia iatrogênica no momento

FIGURA 10-2 . ■ Corte histológico de glomérulo normal de gato. Ampliação de alta potência de glomérulo com novelo capilar central revestido por endotélio fenestrado (não mostrado). Células tubulares renais normais de felino com vacúolos de lipídeos ao redor do glomérulo. (H&E; objetiva de imersão em óleo.)

FIGURA 10-3 . ■ Corte histológico de túbulos renais de cães. Notam-se os túbulos proximais com sua característica borda em escova, espessa e rósea ( seta ), adjacente a túbulo distal com única camada de células epiteliais e sem borda em escova ( cabeça de seta ). (H&E; objetiva de imersão em óleo.)

FIGURA 10-1 . ■ Corte histológico de um rim normal de cão. Numerosos glomérulos ( setas ) são encontrados entremeados aos túbulos renais ( cabeça de seta ) seccionados longitudinalmente. A maior parte dos túbulos está revestida por única camada de células epiteliais cuboides. (H&E; objetiva de média ampliação.)

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da coleta. Em geral, as células tubulares esfoliam individual-mente ou em pequenos aglomerados de células epiteliais apresentando formato arredondado, oval ou cilíndrico. Elas apresentam abundante citoplasma basofílico ocasionalmente vacuolizado que circunda um núcleo arredondado e uni-forme com frequência localizado excentricamente ( Fig. 10-4 ). As células tubulares dos gatos são citologicamente similares, com exceção daqueles que normalmente possuem deposição lipídica nos seus túbulos renais. As gotículas de lipídeos apa-recem como evidentes vacúolos intracitoplasmáticos, de ta-manhos variáveis, pontilhados e claros ( Figs. 10-5 e 10-6 ). Também podem estar presentes túbulos renais totalmente intactos e arranjados em estruturas lineares coesivas ( Fig. 10-7 ). As células tubulares também podem conter grânulos intraci-toplasmáticos escuros que não devem ser confundidos com um tumor de melanócitos bem diferenciado ( Fig. 10-8 ). O glomérulo esfolia individualmente ou em densos aglomera-dos arredondados e extremamente basofílicos, possuindo um núcleo arredondado a oval muito uniforme ( Fig. 10-9 ).

LESÕES BENIGNAS E NÃO NEOPLÁSICASDO TRATO URINÁRIO

Bexiga

Cistite Polipoide, Pólipo de CélulasTransicionais e Papiloma As massas vesicais hiperplásicas e benignas são raras, porém constituem um conjunto importante de doenças da bexiga que podem mimetizar neoplasia maligna. A cistite polipoide caracteriza-se por infl amação, proliferação epitelial e desen-volvimento de massa não neoplásica. De modo semelhante à maioria das doenças da bexiga urinária, esses cães apre-sentam-se com hematúria ou infecção recorrente do trato urinário. No entanto, ao contrário da neoplasia de células

FIGURA 10-4 . ■ Células epiteliais do túbulo renal de cães. Observa-se um pequeno aglomerado de células do túbulo renal que variam do aspecto arredondado ao cilíndrico (colunar). Os eritróci-tos no fundo fornecem uma perspectiva do tamanho das células (Wright-Giemsa; objetiva de imersão em óleo.)

FIGURA 10-5 . ■ Células epiteliais do túbulo renal de gatos. No-tam-se gotículas de lipídeo intracitoplasmáticas de tamanhos variáveis que se apresentam como vacúolos claros pontilhados no interior das células tubulares renais. Observa-se também citoplasma vacuolizado livre proveniente de célula lisada ( seta longa ). O tamanho das células tubulares pode ser comparado com os neutrófi los presentes ( setas cur-tas ). (Wright-Giemsa; objetiva de imersão em óleo.)

FIGURA 10-6 . ■ Corte histológico de túbulos renais de gatos. Notam-se neste corte de rim felino gotículas de lipídeo intracito-plasmáticas de tamanhos variáveis que se apresentam como vacúo-los claros e pontilhados no interior destas células do túbulo renal proximal ( setas ). (H&E; objetiva de imersão em óleo.)

FIGURA 10-7 . ■ Túbulo renal intacto. As células no interior do túbulo são minimamente pleomórfi cas. Os núcleos apresentam-se arredondados e uniformes com pequenos nucléolos regulares. O grande tamanho deste túbulo sugere tratar-se de um ducto coletor ou de um túbulo distal. Os leucócitos fornecem uma perspectiva do tamanho ( setas ). (Wright-Giemsa; objetiva de imersão em óleo.)

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transicionais que normalmente se instala na região do trí-gono, essas massas localizam-se mais frequentemente na região cranioventral da bexiga ( Martinez et al. , 2003 ).

A hiperplasia de células transicionais e o pólipo benigno de células transicionais podem esfoliar em folhas celulares exten-sas com discreto pleomorfi smo ( Fig. 10-10 ). Os núcleos são ge-ralmente uniformes com padrão de cromatina grosseira e irre-gular ( Fig. 10-11 ). Os papilomas de células transicionais também podem ocorrer e são caracterizados por aglomerados de tama-nhos variados de células epiteliais transicionais uniformes. Essas células são de formato cuboide a poliédrico e apresentam dis-creta anisocariose com uma proporção núcleo-citoplasma ele-vada ( Fig. 10-12 ). A diferenciação entre os processos benignos de hiperplasia, pólipo e papiloma não pode ser realizada citolo-gicamente. Muitas vezes, é difícil distinguir esses processos be-nignos dos neoplásicos, visto que a proximidade com a urina provoca discreto a acentuado rompimento das células, tor-nando problemático o diagnóstico defi nitivo ( Fig. 10-13 ).

Rim

Cistos Os cistos renais podem ser adquiridos ou congênitos, únicos ou múltiplos. Eles possuem a parede fi na e contêm fl uido que geralmente é viscoso ou aquoso de tonalidade clara ou amarela. Embora seja facilmente analisado citologicamente, o histórico clínico e o exame de ultrassonografi a podem ser sufi cientes para o diagnóstico, especialmente em casos de doença policística. Utiliza-se a avaliação citológica de cisto apenas quando há a necessidade de distinguir entre abs-cesso, neoplasia e doença cística primária ( Borjesson, 2003 ).

Citologicamente, os cistos possuem celularidade de baixa a moderada, apresentando o fundo denso e pontilhado, ca-racterizado pelo elevado conteúdo proteico. As células nu-cleadas consistem, principalmente, em macrófagos ativados

FIGURA 10-10 . ■ Hiperplasia de células transicionais ou pó-lipo benigno. A hiperplasia epitelial ou formação de pólipo é dife-renciada da neoplasia epitelial maligna pelo padrão distinto e regu-lar dos aglomerados e da aparência uniforme das células epiteliais. (Wright-Giemsa; objetiva de baixa ampliação.)

FIGURA 10-11 . ■ Hiperplasia de células transicionais ou pó-lipo benigno. As células transicionais desse aglomerado de células epiteliais hiperplásicas apresentam núcleos arredondados a ovais uniformes. A cromatina é grosseira (uma característica citomorfoló-gica comum do sistema urotelial) sem nucléolo aparente. Muitas vezes os bordos célula-célula são facilmente observados e há apenas um pleomorfi smo discreto. Comparar as características desse aglo-merado celular com as células mostradas nas Figuras 10-20 a 10-24 . (Wright-Giemsa; objetiva de imersão em óleo.)

FIGURA 10-8 . ■ Túbulo renal intacto. Os grânulos intracito-plasmáticos escuros ( setas ) das células que compõem este segmento de um túbulo indicam que elas se originam da alça de Henle ascen-dente ou do túbulo distal. A possibilidade de um tumor de melanó-citos bem diferenciado poderia ser uma dúvida inicial. (Wright-Giemsa; objetiva de imersão em óleo.)

FIGURA 10-9 . ■ Glomérulo intacto. Um único glomérulo in-tacto, com novelo capilar e células epiteliais tubulares associadas. (Wright-Giemsa; objetiva de baixa ampliação.) (Friedrichs KR: Labo-ratory medicine – yesterday today tomorrow: renal resplendence, Vet Clin Pathol 36[1]:7, 2007.)

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com numerosos vacúolos grandes que frequentemente con-têm material secretório de cor rósea e, se houver hemorra-gia, produtos da degradação da heme, hemossiderina e he-matoidina ( Fig. 10-14 ). Alguns processos neoplásicos possuem um componente cístico, mas as células neoplási-cas podem ou não esfoliar para dentro do fl uido. Portanto, deve-se realizar a aspiração da parede ou dos componentes mais sólidos de uma estrutura cística.

Cristais Os cristais são raramente observados nas preparações cito-lógicas de aspirados renais. No entanto, sua presença pode ser muito útil no diagnóstico de nefrotoxicose. O ácido oxálico, um metabólito do etileno glicol, pode precipitar nos túbulos renais como cristais de oxalato de cálcio ( Fig. 10-15 A e B ). Citologicamente, esses cristais aparecem claros e apresentando bordas de irregulares a lineares quase im-perceptíveis ( Fig. 10-16 A ). Esses cristais são facilmente vi-sualizados sob luz polarizada ( Fig. 10-16 B).

A doença renal aguda e os cristais intratubulares têm sido associados a surtos de nefrotoxicose devido à ingestão de ração contaminada. Cristais arredondados ou em formato de haltere, de coloração verde-claro a amarelo-ouro têm sido identifi cados na histologia renal (Fig. 10-17 A e B ) e na cito-logia do sedimento urinário. Esses cristais são sugestivos daqueles formados a partir da precipitação combinada de melamina e ácido cianúrico, podendo ser classifi cados erro-neamente como cristais de carbonato de cálcio tingidos de verde ou cristais lisos de biurato de amônio. Os relatos ante-riores também podem ter associado de modo equivocado esses cristais à micotoxina ( Jeong et al. , 2006 ).

Infl amação A pielonefrite é uma doença tubulointersticial infecciosa que geralmente resulta de infecção ascendente do trato urinário inferior. No exame citológico, diagnostica-se facil-mente acentuada infl amação supurativa, caracterizada por número elevado de neutrófi los e macrófagos ativados dis-seminados ( Fig. 10-18 ). Frequentemente, a morfologia nu-clear está degenerada. Quando a etiologia subjacente é uma infecção bacteriana, podem ser observadas bacté-rias intracitoplasmáticas, incluindo a Mycobacterium sp. ( Fig. 10-19 ). Recomenda-se a realização de cultura e antibio-grama, independentemente da presença de bactéria. De modo semelhante, as infecções sistêmicas por algas (p.ex., Prototheca zopfi i ), fungos (p.ex., Cryptococcus neofor-mans e Aspergillus spp.), protozoários (p.ex., Leishmania )

FIGURA 10-12 . ■ Papiloma de células transicionais. Distin-gue-se a formação de pólipo epitelial ou hiperplasia da neoplasia epitelial maligna pela aparência uniforme das células epiteliais. Estas células apresentam discreta anisocariose e anisocitose com discreto aumento da proporção núcleo-citoplasma. Observam-se os vacúo-los citoplasmáticos que podem ser vistos em células do sistema urotelial. Comparar as características desse aglomerado celular com as células nas Figuras 10-20 a 10-24 . (Wright-Giemsa; objetiva de imersão em óleo.)

FIGURA 10-13 . ■ Células transicionais degeneradas. A prolon-gada exposição à urina causa de discreto a acentuado rompimento das células, impedindo a caracterização citológica defi nitiva. As al-terações comuns incluem cromatina grosseira, vacúolos claros no interior do citoplasma e/ou núcleo e núcleos com bordas irregulares. (Wright-Giemsa; objetiva de imersão em óleo.)

FIGURA 10-14 . ■ Cisto renal. O fl uido cístico geralmente apre-senta baixa celularidade com fundo repleto de conteúdo proteiná-ceo. Esse fl uido cístico é caracterizado pela presença de grandes macrófagos fagocíticos ativados que possuem citoplasma abun-dante contendo material róseo escuro. Notar o tamanho dos eri-trócitos dispersos ( setas ) em comparação ao dos macrófagos. (Wright-Giemsa; objetiva de imersão em óleo.)

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BA

FIGURA 10-17 . ■ Corte histológico de túbulo renal de cão com cristais. A e B, mesmo caso. A, Intoxicação por ração. Observam-se grandes cristais, de formato arredondado a oval e coloração de amarela a dourada, preenchendo esse túbulo renal e comprimindo as células epiteliais do túbulo renal. Presume-se que esses cristais sejam formados secundariamente à precipitação de melamina e ácido úrico associada ao consumo de ração canina contaminada em 2007. Havia necrose tubular aguda, mas não está representada aqui. B, Sob luz polarizada. A luz polarizada demons-tra refringência colorida dos cristais no interior dos túbulos. (A e B, Cortesia de Jessica Hoane, Michigan State University.)

A B

FIGURA 10-15 . ■ Intoxicação por etilenoglicol. Cão. A e B, mesmo caso. A, Corte histológico de túbulo renal. Cristais de oxalato de cálcio monoidratado no interior de dois túbulos renais, obtidos na necropsia do mesmo animal da Figura 11-16B. (H&E; objetiva de imersão em óleo.) B, Citologia por decalque ( imprint ) de túbulo renal. Cristais de oxalato de cálcio monoidratado no interior dos túbulos renais ( setas ). (Novo azul de metileno; objetiva de imersão em óleo.) (A e B, Cortesia de Denny Meyer.)

A B

FIGURA 10-16 . ■ Intoxicação por etilenoglicol. Gato. A e B, mesmo caso. A, Aspirado tecidual. Cristais de formato irregular estavam presentes no epitélio tubular renal de um animal diagnosticado histologicamente na necropsia como portador de cristais de oxalato. (Wright-Giemsa; objetiva de imersão em óleo.) B, Aspirado tecidual sob luz polarizada. Um fi ltro polarizador demonstra que os cristais de formato irregular presentes no epitélio tubular renal eram refringentes como o esperado para o oxalato de cálcio. (Wright-Giemsa; objetiva de imersão em óleo.) (A e B, Cortesia de Rose Raskin, University of Florida.)

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