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EXAME DISCURSIVO2 fase

30/11/2014lngua portuguesa instrumental com redao

caderno de provaEste caderno, com oito pginas numeradas sequencialmente, contm cinco questes de Lngua Portuguesa Instrumental e a proposta de Redao.No abra o caderno antes de receber autorizao.

instrues1. Verifique se voc recebeu mais dois cadernos de prova.2. Verifique se seu nome, seu nmero de inscrio e seu nmero do documento de identidade esto corretos nas sobrecapas dos trs cadernos.Se houver algum erro, notifique o fiscal.3. Destaque, das sobrecapas, os comprovantes que tm seu nome e leve-os com voc.4. Ao receber autorizao para abrir os cadernos, verifique se a impresso, a paginao e a numerao das questes esto corretas.Se houver algum erro, notifique o fiscal.5. Todas as respostas e o desenvolvimento das solues, quando necessrio, devero ser apresentados nos espaos apropriados, com caneta azul ou preta de corpo transparente.No sero consideradas as questes respondidas fora desses espaos.

informaes geraisO tempo disponvel para fazer as provas de cinco horas. Nada mais poder ser registrado aps o trmino desse prazo.Ao terminar, entregue os trs cadernos ao fiscal.Nas salas de prova, no ser permitido aos candidatos portar arma de fogo, fumar, usar relgio, culos escuros ou bon, chapu, viseira ou gorro de qualquer tipo, bem como utilizar lpis, canetas de material no transparente, corretores ortogrficos lquidos ou similares.Ser eliminado do Vestibular Estadual 2015 o candidato que, durante a prova, utilizar qualquer instrumento de clculo e/ou qualquer meio de obteno de informaes, eletrnicos ou no, tais como calculadoras, agendas, computadores, rdios, telefones, receptores, livros e anotaes.Ser tambm eliminado o candidato que se ausentar da sala levando consigo qualquer material de prova.

Boa prova!

TEXTO IO DIREITO LITERATURA

lngua portuguesa instrumental com redao

6vestiBular estadual 2015 2 fase exame discursivo

7vestiBular estadual 2015 2 fase exame discursivoChamarei de literatura, da maneira mais ampla possvel, todas as criaes de toque potico, ficcional ou dramtico em todos os nveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos folclore, lenda, at as formas mais complexas e difceis da produo escrita das grandes civilizaes.5 Vista deste modo a literatura aparece claramente como manifestao universal de todos os homens em todos os tempos. No h povo e no h homem que possa viver sem ela, isto , sem a possibilidade de entrar em contato com alguma espcie de fabulao*. Assim como todos sonham todas as noites, ningum capaz de passar as vinte e quatro horas do dia sem alguns momentos de entrega ao universo fabulado. O sonho assegura durante o sono a presena indispensvel10 deste universo, independentemente da nossa vontade. E durante a viglia a criao ficcional est presente em cada um de ns, como anedota, histria em quadrinhos, noticirio policial, cano popular. Ela se manifesta desde o devaneio no nibus at a ateno fixada na novela de televiso ou na leitura seguida de um romance.Ora, se ningum pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar no universo da fico e da poesia,15 a literatura concebida no sentido amplo a que me referi parece corresponder a uma necessidade universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfao constitui um direito.Podemos dizer que a literatura o sonho acordado das civilizaes. Portanto, assim como no possvel haver equilbrio psquico sem o sonho durante o sono, talvez no haja equilbrio social sem a literatura. Deste modo, ela fator indispensvel de humanizao e, sendo assim, confirma o homem20 na sua humanidade, inclusive porque atua em grande parte no subconsciente e no inconsciente.Cada sociedade cria as suas manifestaes ficcionais, poticas e dramticas de acordo com os seus impulsos, as suas crenas, os seus sentimentos, as suas normas, a fim de fortalecer em cada um a presena e atuao deles. Por isso que nas nossas sociedades a literatura tem sido um instrumento poderoso de instruo e educao, entrando nos currculos, sendo proposta a cada um como equipamento intelectual e afetivo.

* fabulao fico

Antonio Candido Adaptado de Vrios escritos. So Paulo: Duas Cidades, 1995.

01Chamarei de literatura, da maneira mais ampla possvel, (l. 1)O trecho acima parte de uma pressuposio que o prprio autor contesta: a de que existiria uma maneira restrita de definir a literatura.Identifique outro exemplo do primeiro pargrafo que contenha uma pressuposio e explique em que ela consiste.

02O sonho assegura durante o sono a presena indispensvel deste universo, independentemente da nossa vontade. (l. 9-10)a literatura o sonho acordado das civilizaes. (l. 17) O autor emprega a palavra sonho com sentidos distintos. Indique os dois sentidos usados para a palavra sonho.Em seguida, explique a associao feita no segundo trecho entre sonho e civilizaes.

03O autor afirma que a literatura fator indispensvel de humanizao e, sendo assim, confirma o homem na sua humanidade, (l. 19-20).Cite dois argumentos que ele apresenta no texto para chegar a essa concluso.

lngua portuguesa instrumental com redao

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TEXTO II

O PRIMO BASLIOIa encontrar Baslio no Paraso pela primeira vez. E estava muito nervosa: no pudera dominar, desde pela manh, um medo indefinido que lhe fizera pr um vu muito espesso, e bater o corao ao encontrar Sebastio. Mas ao mesmo tempo uma curiosidade intensa, mltipla, impelia-a, com um estremecimentozinho de prazer. Ia, enfim, ter ela prpria aquela aventura que lera tantas5 vezes nos romances amorosos! Era uma forma nova do amor que ia experimentar, sensaes excepcionais! Havia tudo a casinha misteriosa, o segredo ilegtimo, todas as palpitaes do perigo! Porque o aparato impressionava-a mais que o sentimento; e a casa em si interessava-a, atraa-a mais que Baslio! Como seria? (...) Desejaria antes que fosse no campo, numa quinta1, com arvoredos murmurosos e relvas fofas; passeariam ento, com as mos enlaadas, num10 silncio potico; e depois o som da gua que cai nas bacias de pedra daria um ritmo lnguido2 aos sonhos amorosos... Mas era num terceiro andar quem sabe como seria dentro? (...)E ao descer o Chiado3, sentia uma sensao deliciosa em ser assim levada rapidamente para o seu amante, e mesmo olhava com certo desdm os que passavam, no movimento da vida trivial enquanto ela ia para uma hora to romanesca da vida amorosa! (...) Imaginava Baslio15 esperando-a estendido num div de seda; e quase receava que a sua simplicidade burguesa, pouco experiente, no achasse palavras bastante finas ou carcias bastante exaltadas. Ele devia ter conhecido mulheres to belas, to ricas, to educadas no amor! Desejava chegar num cup4 seu, com rendas de centos de mil-ris, e ditos to espirituosos como um livro...A carruagem parou ao p duma casa amarelada, com uma portinha pequena. Logo entrada um20 cheiro mole e salobre5 enojou-a. A escada, de degraus gastos, subia ingrememente, apertada entre paredes onde a cal caa, e a umidade fizera ndoas6. No patamar da sobreloja, uma janela com um gradeadozinho de arame, parda do p acumulado, coberta de teias de aranha, coava a luz suja do saguo. E por trs duma portinha, ao lado, sentia-se o ranger dum bero, o chorar doloroso duma criana.(...)25 Lusa viu logo, ao fundo, uma cama de ferro com uma colcha amarelada, feita de remendos juntos de chitas diferentes; e os lenis grossos, dum branco encardido e mal lavado, estavam impudicamente7 entreabertos...Ea de QueirsObras de Ea de Queiroz. Porto: Lello & Irmo, s/d.

1 quinta pequena propriedade campestre2 lnguido sensual3 Chiado bairro de Lisboa4 cup antiga carruagem fechada

5 salobre salgado6 ndoas manchas7 impudicamente sem pudor

04E estava muito nervosa: no pudera dominar, desde pela manh, um medo indefinido (l. 1-2) No trecho acima, o sinal de dois-pontos estabelece uma relao de sentido.Identifique essa relao. Depois, reescreva o trecho, substituindo o sinal de dois-pontos por um conectivo que mantenha a mesma relao de sentido. Faa adaptaes, se for necessrio.

05o aparato impressionava-a mais que o sentimento; e a casa em si interessava-a, atraa-a mais que Baslio! (l. 7-8)O texto 2 apresenta o contraste entre o cenrio desejado pela personagem Lusa e aquele que verdadeiramente encontrou.Transcreva duas frases da narrativa: uma que expresse o desejo da personagem e outra que indique a realidade encontrada.

TEXTO III

QUAL ROMANCE VOC EST LENDO?Sempre pensei que fosse sbio desconfiar de quem no l literatura. Ler ou no ler romances para mim um critrio. Quer saber se tal poltico merece seu voto? Verifique se ele l literatura. Quer escolher um psicanalista ou um psicoterapeuta? Mesma sugesto. E, cuidado, o hbito de ler, em geral, pode ser melhor do que o de no ler, mas no me basta: o critrio que vale para5 mim ler especificamente literatura fico literria.Voc dir que estou apenas exigindo dos outros que eles sejam parecidos comigo. E eu teria de concordar, salvo que acabo de aprender que minha confiana nos leitores de fico literria justificada. Algo que eu acreditava intuitivamente foi confirmado em pesquisa que acaba de ser publicada pela revista Science, Reading literary fiction improves theory of mind [Ler fico10 literria melhora a teoria da mente], de David C. Kidd e Emanuele Castano.Kidd e Castano aplicaram esses testes em diferentes grupos, criados a partir de uma amostra homognea: 1) um grupo que acabava de ler trechos de fico literria, 2) um grupo que acabava de ler trechos de no fico, 3) um grupo que acabava de ler trechos de fico popular,4) um grupo que no lera nada. Concluso: os leitores de fico literria enxergam melhor a15 complexidade do outro e, com isso, podem aumentar sua empatia e seu respeito pela diferena de seus semelhantes. Com um pouco de otimismo, seria possvel apostar que ler literatura seja um jeito de se precaver contra sociopatia e psicopatia*.A pesquisa mede o efeito imediato da leitura de trechos literrios. No sabemos se existem efeitos cumulativos da leitura passada: o que importa no se voc leu, mas se est lendo. A20 pesquisa constata tambm que a fico popular no tem o mesmo efeito da literria. A diferena explicada assim: a leitura de fico literria nos mobiliza para entender a experincia das personagens. Segundo os pesquisadores, contrariamente fico literria, a fico popular tende a retratar o mundo e as personagens como internamente consistentes e previsveis. Ela pode confirmar as expectativas do leitor em vez de promover o trabalho de sua teoria da mente.25 Na prxima vez em que eu for chamado a sabatinar um candidato a um emprego, no me esquecerei de perguntar: qual o romance que voc est lendo?Contardo Calligaris Adaptado de www1.folha.uol.com.br.* sociopatia e psicopatia doenas psicolgicas caracterizadas pelo comportamento antissocial

PROPOSTA DE REDAOO psicanalista Contardo Calligaris defende que se avalie o valor de uma pessoa, um poltico ou um profissional, verificando se eles leem literatura.A partir da leitura do conjunto dos textos desta prova e de suas prprias reflexes, redija um texto argumentativo-dissertativo, em prosa, com 20 a 30 linhas, em que apresente seu posicionamento acerca do ponto de vista defendido por Calligaris, ou seja, de que preciso levar em conta a leitura de literatura para avaliar a formao e os valores de uma pessoa.Utilize a norma-padro da lngua e atribua um ttulo sua redao.

RASCUNHO

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