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Federação de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro Av. Rio Branco 277/805. Centro. Rio de Janeiro, RJ. CNPJ 04138795/0001-50 www.femerj.org Pág. 1 de 18 FEMERJ Nº MAN-2018/02 ANÁLISE DA MINUTA DO PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL PENHASCO DOIS IRMÃOS Federação de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro - FEMERJ Documento: FEMERJ: Nº MAN-2018/02 Tipo: Manejo de áreas naturais Autor: GT Manejo de Áreas Naturais Local: Parque Natural Municipal Penhasco Dois Irmãos - Rio de Janeiro, RJ Data criação: Maio de 2018 Revisão: - Nº da revisão: 0 Nº Páginas: 15 Data da revisão: Nota: Sujeito a atualizações periódicas Entidades filiadas: Associação de Guias, Instrutores e Profissionais de Escalada do Estado do Rio de Janeiro (AGUIPERJ), Centro Excursionista Brasileiro (CEB), Centro Excursionista Friburguense (CEF), Centro Excursionista Guanabara (CEG), Centro Excursionista Petropolitano (CEP), Centro Excursionista Rio de Janeiro (CERJ), Centro Excursionista Teresopolitano (CET), Clube Excursionista Carioca (CEC), Clube Excursionista Light (CEL), Clube Niteroiense de Montanhismo (CNM) e Grupo Excursionista Agulhas Negras (GEAN). Filiada à: Em parceria com:

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    FEMERJNºMAN-2018/02

    ANÁLISEDAMINUTADOPLANODEMANEJODOPARQUENATURALMUNICIPALPENHASCODOISIRMÃOS

    FederaçãodeEsportesdeMontanhadoEstadodoRiodeJaneiro-FEMERJ

    Documento: FEMERJ:NºMAN-2018/02

    Tipo: Manejodeáreasnaturais

    Autor: GTManejodeÁreasNaturais

    Local: ParqueNaturalMunicipalPenhascoDoisIrmãos-RiodeJaneiro,RJ

    Datacriação: Maiode2018

    Revisão: -

    Nºdarevisão: 0

    NºPáginas: 15

    Datadarevisão:

    Nota: Sujeitoaatualizaçõesperiódicas

    Entidadesfiliadas: Associação de Guias, Instrutores e Profissionais de Escalada do Estado do Rio de Janeiro(AGUIPERJ),CentroExcursionistaBrasileiro(CEB),CentroExcursionistaFriburguense(CEF),CentroExcursionistaGuanabara(CEG),CentroExcursionistaPetropolitano(CEP),CentroExcursionistaRiode Janeiro (CERJ), Centro Excursionista Teresopolitano (CET), Clube Excursionista Carioca (CEC),ClubeExcursionista Light (CEL), ClubeNiteroiensedeMontanhismo (CNM)eGrupoExcursionistaAgulhasNegras(GEAN).

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    FEMERJA Federação de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro (FEMERJ) tem por missãoorganizaredifundiromontanhismoeaescaladaepromoversuapráticaresponsávelesustentávelno Estado do Rio de Janeiro. Conscientes de seu papel não só na organização do esporte, mastambémcomoentidadeenvolvidanabuscadeummeioambienteecologicamenteequilibradoenamanutenção do patrimônio cênico natural fluminense, a FEMERJ tem empreendido esforços deconservação,mínimoimpactoambientalemanejodavisitaçãoemáreasnaturais.

    Criada em 2000, a FEMERJ é composta por onze entidades, é membro fundador e participaativamente da Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada (CBME), que por sua vez é

    registrada no Ministério dos Esportes e é filiada à União Internacional de Associações de Alpinismo (UIAA1), a entidadeinternacionalderegulaçãodaspráticasdemontanhismo.

    A FEMERJ faz parte, atualmente, de Conselhos Consultivos em diversas unidades de conservação, que incluem os ParquesNacionaisdaTijuca,deItatiaiaedaSerradosÓrgãos;MonumentoNaturaldoArquipélagodasCagarras;ParquesEstaduaisdosTrêsPicos,daPedraSelada,daSerradaTiririca,edaPedraBranca;edoMonumentoNaturaldosMorrosdoPãodeAçúcaredaUrca,entreoutras.

    ACCESOPANAMOAccesoPanAm(APA),criadoem2009,éumaentidade internacionaldedicadaàproteçãodeáreasdemontanhismoedeseusacessoseàformaçãodeativistaslocaisemtodasasAméricas,principalmentenaAméricaLatina.

    OAPAapoiaasiniciativaslocaisdeacessoeconservação,umavezqueosescaladoresemontanhistasdaárea-queestãofamiliarizadoscomaáreaesuasquestões-sãoamelhorlinhadedefesaparalutarporessas causas. Por isso, o APA também incentiva e ajuda os escaladores a criarem organizações locais,regionaisenacionais,alémdeprestarconsultoriaepromoveracapacitaçãodosativistas.

    1UnionInternationaledesAssociationsd'Alpinisme

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    1.INTRODUÇÃO

    OpresentedocumentofoiproduzidopeloGrupodeTrabalhoemManejodeÁreasNaturaisdaFEMERJ,comopartedoesforçodecolaboraçãonaconstruçãodoPlanodeManejodoParqueNaturalMunicipalPenhascoDoisIrmãos(PNMPDI)apartirdaapresentaçãodaminutadoPlanodeManejo(PM)paraosparticipantesdasOficinasdePlanejamentoParticipativoedosmembrosdofuturoConselhoConsultivodoPNMPDI,noqualaFEMERJpleiteouumacadeira.ApósanálisedoprincipalMódulodePlanejamento(Módulo IV) do PM surgiram diversos questionamentos em relação às propostas de zoneamento enormas apresentadas, em especial devida às severas limitações à visitação, em especial à prática domontanhismo,comopodeserobservadonosexemplosabaixo:

    a)Pág.34-ZonadePreservaçãocorrespondea48,78%daáreadoPNMPDI,zonaestaqueequivaleàzonaintangívelquenãopermitenenhumtipodevisitação.

    b) Pag. 35 - “II. A visitação é permitida somente nas [áreas de visitação]AVs, respeitando-se normasespecíficasapresentadasmaisadiante”.

    c) Pag. 36 – “VIII. A prática de esportes de aventura dentro do PNMPDI, como escalada, deverá serdevidamente agendada e registrada junto à administração da UC, realizada somente com posse deequipamentosadequadosdesegurançaeassinaturadetermoderesponsabilidade”.

    d)Pág.37-AáreadeVisitação(AV)correspondea14,37%daáreadoPNMPDI(pag.37),oquesegundoos critérios descritos nas letras “a” e “b” deste item, faz com que a visitação recreativa, de lazer eturísticaestejaproibidaem85,63%daunidade.

    Esses questionamentos e preocupações da comunidade montanhista foram levados pela FEMERJ áGerênciadeUnidadedeConservaçãoAmbiental(GUCA)daSecretariaMunicipaldeConservaçãoeMeioAmbiente (SECONSERMA), em função da construção de um planejamento bastante divergente dosdemaisparquesdemontanhadaCidadeedoEstadodoRiodeJaneiro,sejanaesferafederal,estadualou municipal. Nesse entendimento ficou definido que a FEMERJ encaminharia ao SECONSERMAcontribuições e sugestões àminutadoPlanodeManejo anteriormente apresentada, oqueo fazpormeiodestedocumento.

    1.1. BreveexperiênciadaFEMERJnotema

    A FEMERJ possui uma ampla experiência no tema demanejo de visitação de áreas naturais, sempreorientado na compatibilização com a preservação de ambientes naturais, tendo participado daelaboraçãodediversosplanosdemanejodeunidadesdeconservaçãonoEstadodoRiodeJaneiro.Damesmaforma,temacompanhadoaimplementaçãodessesplanosatravésdeparticipaçãoemconselhosconsultivos e câmaras técnicas de 11 unidades de conservação e dois mosaicos de unidades deconservação.Nodesenvolvimentodessesesforçosa FEMERJpossuiumgrupode trabalho,que contacom a participação de diversos colaboradores com formação em diversas áreas ligadas tanto a

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    conservação, comoa visitaçãodeáreasnaturais, como:engenharia florestal, engenharia agronômica,biologia,oceanografia,geologia,direitoambiental,arqueologia,antropologia,turismo,entreoutros.

    AFEMERJcolaborounarevisãodoplanodemanejo(PM)dosParquesNacionaisdaSerradosÓrgãos,TijucaeItatiaia;daelaboraçãodosPMdosprincipaisparquesestaduaisdemontanha,comoosParquesEstaduaisdosTrêsPicos,PedraBranca,PedraSeladaeSerradaTiririca;alémdasdiversasunidadesdeconservação do município do Rio de Janeiro, como Parques Naturais Municipais (PNM) PaisagemCarioca,daCidade,Prainha,Grumari,CidadeeMoNaPãodeAçúcar.

    A temática demanejo da visitação e conservação de áreas naturais está presente emdiversas açõesorganizadas pela FEMERJ, seja na organização de diversos encontros e seminários, como naestruturaçãodeprogramasvoltadosparadar suporteparaesse tema, comooFundode IncentivoaoManejodeTrilhaseViasdeEscalada–FIMTVE.AvisãodaFEMERJemrelaçãoaomanejodavisitaçãoestádescritaemdoisdocumentosdereferência:FEMERJ-MAN-2012-01ManejodaVisitaçãoemÁreasNaturais - conceitos para planejamento e FEMERJ-MAN-2013-01- Manejo da Visitação em ÁreasNaturais–Impactosemonitoramento.

    Desde 2002, a FEMERJ participa da organização de encontros sobre esse tema, como: Seminário deMínimoImpactoemParedesdaUrca,FEMERJ,2002;1ªOficinaEscaladaemUnidadesdeConservação,FEMERJ-FEMESP-FEPAM-MMA,2003;SemináriodeMínimo ImpactoemParedesparaRegiãodeTrêsPicos, FEMERJ-PETP, 2005; I Encontro de Parques de Montanha, ICMBIO-FEMERJ, 2006; I EncontroNiteroiensedeMontanhismo, FEMERJ-PESET, 2006;1ªAtualizaçãodoSemináriodeMínimo Impactoem Paredes para Urca, FEMERJ, 2007; I Seminário deMínimo Impacto Parque Estadual da Serra daTiririca,FEMERJ-PESET,2008; I SemináriodeMínimo Impacto paraParqueEstadualdaPedraBranca,FEMERJ-PEPB,2010;IISemináriodeMínimoImpactoParqueEstadualdaSerradaTiririca,FEMERJ-CNM-PESET, 2012; II Encontro de Parques de Montanha do Brasil ICMBIO-INEA-CBME-FEMERJ, 2012; IICongresso Brasileiro de Montanhismo, CBME-FEMERJ, 2012; I Encontro Cientifico sobre Uso eConservação de Montanhas, INEA-CBME-FEMERJ, 2012; I Seminário de Mínimo Impacto ParqueNacionalde Itatiaia,CBME,2014; IIICongressoBrasileirodeMontanhismo,CBME-FEMERJ,2015;Ciclode palestras de Mínimo Impacto – Rio Nas Montanhas 2016; III Encontro de Parques de MontanhaICMBIO-CBME-FEMERJ-ACCESOPANAM.

    OobjetivobásicodestaavaliaçãoéauxiliaroPNMPDIaatingiroseuobjetivodeconservaçãodeáreasde montanha, compatibilizando com a diversidade de experiências visitação que um parque demontanhaemáreaurbanapodeoferecer.Semdúvida,opresentedocumentonãotemapretensãodeesgotar a discussão sobre o tema. Possivelmente novas rodadas de esclarecimentos e debates serãorequeridasparaamelhorcompreensãodetodossobreasdiferentesvisõesqueenvolvemtãocomplexoassunto.Mas,esperamospodercontribuiremalgumamedidaparaoalcancedeumconsensosobreozoneamento e normas para o PNMPDI, observando as boas práticas de planejamento e manejo emParques.

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    Nesse documento será apresentado: (i) alguns aspectos conceituais que ajudam a nivelar oconhecimento e assim colaborar no processo de revisão da proposta de planejamento; (ii) comentaralgumasdaspropostasapresentadasnaversãoapresentadadoMódulo IVdoPlanodeManejo;e (iii)apresentarsugestõesparaapropostadeplanejamento.

    2.ASPECTOSCONCEITUAIS

    ALeiNo9.985,de18dejulhode2000,queinstituioSistemaNacionaldeUnidadesdeConservaçãodaNatureza (SNUC), estabelece as categorias de unidades de conservação e em quais são permitidas avisitação:

    a. UnidadesdeProteçãoIntegral–Parques,MonumentosNaturaiseRefúgiodaVidaSilvestre;b. UnidadesdeUsoSustentável–ÁreadeProteçãoAmbiental(APA),ÁreadeRelevanteInteresse

    Ecológico (ARIE), Floresta Nacional (FLONA), Reserva Extrativista (RESEX), Reserva de Fauna,Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) e Reserva Particular de Patrimônio Natural(RPPN).

    De uma forma geral, a visitação pública dessas unidades está sujeita às normas e restriçõesestabelecidasnoPlanodeManejodaunidade,àsnormasestabelecidaspeloórgãoresponsávelporsuaadministraçãoeàquelasprevistasemregulamentoespecífico.EmpropriedadesprivadasnasAPA,cabeao proprietário estabelecer as condições para a visitação pelo público, observadas as exigências erestriçõeslegais.

    EntreosobjetivosdoSNUCligadosàvisitaçãoestáode“favorecercondiçõesepromoveraeducaçãoe

    interpretaçãoambiental,arecreaçãoemcontatocomanaturezaeoturismoecológico”(grifonosso).

    Entre as diretrizes que regem o SNUC está indicado que se “busquem o apoio e a cooperação de

    organizaçõesnão-governamentais,deorganizaçõesprivadasepessoasfísicasparaodesenvolvimento

    de estudos, pesquisas científicas, práticas de educação ambiental, atividades de lazer e de turismo

    ecológico,monitoramento,manutençãoeoutrasatividadesdegestãodasunidadesdeconservação.”

    No Estado do Rio de Janeiro, o uso público nos parques estaduais é regulamentado pelo DecretoEstadual de Nº 42.483 de 27 de maio de 2010. Apesar de se tratar de um parque municipal, esseDecreto nos possibilita ampliar o entendimento de alguns conceitos de manejo da visitação. EsseDecretoestabelecequeosparques sãobensdeuso comumda sociedadee seuusopúblicoé regidopelosseguintesprincípios:

    “I - compatibilização do uso público com a preservação dos recursos naturais e os processosecológicosdeacordocomoslimitesdeimpactoaceitáveldefinidosparacadaáreaouzonaincluídaemparqueestadual,conformeespecificaroseuplanodemanejo;

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    II - intervenção mínima na paisagem pelas estruturas administrativas e de uso público,harmonizando-ascomoambientecircunjacente;

    III - atendimento a todos os segmentos da sociedade, respeitando as diferentes motivações dosvisitantes, desde que atendido o disposto no Inciso I deste Artigo, e estabelecendo estratégiasdiferenciadasparacadaumdessessegmentos;

    IV - atendimento das expectativas e necessidades dos visitantes no que diz respeito à qualidade evariedadedasexperiências,serviços,segurançaeaquisiçãodeconhecimento;

    V –nãoobrigatoriedadedacontrataçãodosserviçosoferecidospelosparquesestaduaisdiretamenteoupormeiodeseusconcessionáriosepermissionários,incluindoserviçosdeconduçãodevisitantes,salvo nas hipóteses em que indispensáveis para a preservação de atributos naturais, históricos ouarqueológicosfrágeis,definidosemregulamentoespecífico;

    VI - corresponsabilização do usuário pela preservação do patrimônio natural, cênico, histórico eculturaldosparquesestaduais,bemcomodesuasinstalaçõeseequipamentos;

    VII-estímuloaserviçoseatividadesdesenvolvidasporvoluntários”.

    OreferidoDecretoEstadual,noseuartigo6º,tipificaasatividadesdeusopúblicopermitidasnos

    parquesestaduais,desdequeprevistasnoplanodemanejo:

    I. Visitaçãoparalazererecreação;

    II. Esportesdeaventura;

    III. Esportesradicais;

    IV. Turismodeaventura;

    V. Ecoturismo;

    VI. Educaçãoambiental;

    VII. Interpretaçãoambiental;

    VIII. Pesquisacientífica;

    IX. Atividadesartísticasdefotografia,filmagemeartesplásticas;e

    X. Outrasatividadescompatíveiscomospropósitoseobjetivosdosparquesestaduais,acritériodoINEA.

    AlgumasdiretrizesqueservemdeapoioaomanejodavisitaçãotambémsãoindicadasnoDecreto,comdestaquepara:

    a) Osvisitantesdosparquesestaduaisdeverãoassumirintegralmenteosriscosprovenientesdesua

    conduta,inerentesàpráticadeatividadesesportivaseaolazeremambientesnaturais,tantono

    que se refere à sua própria segurança e integridade física quanto à integridade dos atributos

    ambientais e/ou infraestrutura existente no parque estadual,mediante a assinatura de termos

    específicos, quando couber (grifo nosso). Estando o Estado e o INEA isentos de qualquer

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    responsabilidadeemcasodeacidentescomvisitantesdosparquesestaduais,praticantesounão

    deesportesdeaventura,esportesradicaiseturismodeaventura.

    b) A decisão de instalação das estruturas e equipamentos se suporte ao uso público levará em

    consideração: (i) a fragilidade do ambiente; (ii) as características do atrativo; (iii) tipo e a

    intensidadedas atividades previstas para o local; (iv) osmateriais e técnicas construtivas locais

    e/ou tradicionais em cada parque, sempre que possível; (v) os princípios de sustentabilidade

    ambiental; (vi) o perfilmédio do visitante; (vii) a preservação da paisagem; (viii) outros fatores

    relevantesparaocasoconcreto.

    c) SemprequenecessárioeviáveloINEAdeverápromoversemináriosdemínimoimpacto,abertos

    ao público, para estabelecer, com as entidades representativas dos esportes de aventura,

    esportesradicaiseturismodeaventura,regrasconsensuaisparaapráticaamadoradosmesmos

    nos parques estaduais e para colaborar com a implantação e desenvolvimento das melhores

    práticas de gestão e manejo nas áreas abertas à visitação pública e os limites aceitáveis de

    mudançaondeelassedão.

    Comoobjetivo nortear a gestãoda visitação, oMinistério doMeioAmbiente editouumdocumentointitulado “Diretrizes para a visitação em unidades de conservação” (MMA, 2006). Alguns dos maisinteressantesprincípiosparavisitaçãoemUnidadedeConservação(UC)sãoapresentadosabaixo,parasubsidiarprocessosdeformulaçãodepolítica,regulamentaçãoeplanejamento:

    a) O planejamento e a gestão da visitação deverão estar de acordo com os objetivos demanejo da

    UnidadedeConservação.

    b) A visitação é um instrumento essencial para aproximar a sociedade da natureza e despertar a

    consciência da importância da conservação dos ambientes e processos naturais, independente da

    queseestápraticandonaUnidadedeConservação.

    c) Avisitaçãodeveserpromovidadeformademocrática,possibilitandooacessodetodosossegmentos

    sociaisàsUnidadesdeConservação.

    d) Avisitaçãoéumaalternativadeutilizaçãosustentáveldosrecursosnaturaiseculturais.

    e) Amanutençãodaintegridadeambientaleculturaléessencialparasustentaraqualidadedevidaeos

    benefícioseconômicosprovenientesdavisitaçãoemUnidadesdeConservação.

    f) O planejamento e a gestão da visitação devem buscar a excelência na qualidade dos serviços

    oferecidosaosvisitantes.

    g) Avisitaçãodeveprocurarsatisfazerasexpectativasdosvisitantesnoquedosrespeitoàqualidadee

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    variedadedasexperiências,segurançaenecessidadedeconhecimento.

    h) O planejamento e a gestão da visitação devem considerar múltiplas formas de organização da

    visitação, tais como: visitação individual, visitação em grupos espontâneos, visitação em grupos

    organizadosdeformanãocomercialevisitaçãoorganizadacomercialmente,entreoutros.

    OIIEncontrodeParquesdeMontanhadoBrasil(2012)foiorganizadopeloICMBio,INEA,CBME-FEMERJecontoucomaparticipaçãodediversosgestoresdeparquesmunicipais,estaduaisenacionaisdetodoo país. Nesse encontro foram debatidos os principais temas envolvendo a gestão da visitação e asrecomendaçõesapontadasforamasseguintes:

    a) Considerar a diversidade de necessidades da visitação e expectativas de visitantes, como por

    exemplo:solidão,desafioousuperação,aventura,educação,interpretação,contemplação,interação

    comanatureza,conhecimento,capacitação,espiritual,visitaçãodeatrativosícones,entreoutros.

    b) Diversificar o leque de opções de acesso, atrativos, atividades, garantindo que as diferentes

    expectativassejamatingidas.

    c) GerenciaravisitaçãoexistenteemparquesaindaqueamesmanãodisponhadeumPlanodeManejo

    elaboradoourecursosdisponíveis.Paratal,consideraracriaçãoinstrumentosdegestãodavisitação,

    quandonecessário.

    d) Privilegiar a criação de Zonas Primitivas para a vivência de distintas experiências, evitando o

    estabelecimentodezonasintangíveissemjustificativastécnicasespecíficas.

    Comoobservado,oSNUCprevêavisitaçãoemdiversascategoriasdeunidadesdeconservação,entreelas parques e monumentos naturais. Conforme o Decreto de Uso Público do Rio de Janeiro de Nº42.483,avisitaçãopodesertipificadaemdiferentesatividades(lazererecreação,esportedeaventura,ecoturismo,educaçãoambiental, fotografia,etc.),eemcadaumadelasencontraremosvisitantescomdiferentesníveisdequalificação-experiênciaevivênciaemáreasnaturais,condiçõestécnicasefísicas,aspirações psicológicas e emocionais, e educação ambiental. A abordagem da diversidade deexperiênciadavisitaçãoevaloresparaoplanejamentoestá refletidanas recomendações tiradasdo IIEncontrodeParquesdeMontanhadoBrasil(CBME,ICMBIoeINEA,2012),nodo3oEncontrodeParquesdeMontanhaenoManifestoParquesparaTodos.

    OdocumentoFEMERJ-MAN-202-01tratadomanejodavisitaçãoemáreasnaturaisedescrevesobreadiversidadedeexperiênciadevisitação:

    Asdiferençasnoperfildevisitantegeramdiferentesexpectativasenecessidadesemrelaçãoàvisitação

    deumaUC.Deummodogeral,osvisitantespodemseragrupadosemdistintascategorias,emfunção

    dosseguintesparâmetros:

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    Qualificação - busca-se entender se o visitante temeducação ambiental, se temo conhecimento dos

    procedimentos para minimizar seu impacto no meio ambiente, se possui experiência prévia em

    ambientesnaturaiseotipodestaexperiência,sepossuiconhecimentotécnicoecondiçõesfísicas,seé

    esportista:montanhista,canoísta,mergulhador,espeleólogo,etc.

    Necessidades-dequeníveldecomodidadeseinfraestruturaovisitanteprecisa?Necessitamcaminhos

    pavimentados e trilhas bemdemarcadas? Sinalização direcional e educacional?Necessitam local para

    alojamentoedequenível:hotel,abrigodemontanha,áreaparaacampamento?

    Expectativas - que tipo de experiência o visitante está buscando com a visita: umdia de lazer com a

    família em um ambiente próximo à natureza, mas com a comodidade de uma área urbanizada; o

    aprimoramento do conhecimento sobre omeio ambiente; desejam encontrar solidão; uma aventura;

    umaatividadeesportiva, comomontanhismoou canyonismo;queremodesafiodepassar anoiteem

    áreascompoucaounenhumaestrutura,comolocaisdebivaqueouacampamentosselvagens;etc.

    Destaforma,osvisitantestêmexpectativasdistintasealgunspodemestarprocurandooopostodeumaárea “preparada” para receber visitantes, ou seja, eles querem uma área onde não há nenhumainfraestrutura: não há pontes, sinalizaçãoou atémesmoum lugar preparadoparamontar a barraca.Esse visitante busca uma experiênciamuito próxima da natureza; e estar emum ambiente isolado esolitário é uma motivação que influencia na sua percepção da área e, consequentemente, na suaexperiênciadevisitação.Essadiversidadedeexpectativasdevenortearoplanejamentodeusopúblico.

    Durante anos, a gestão das UC brasileiras foi voltada para a pesquisa e conservação com poucaimportância para o envolvimento da sociedade com os ambientes naturais protegidos, uma vez queeram fechadas à visitação (Pádua 2000 apud Zimmerman, 2006). Entretanto, recentemente, temocorrido uma mudança nesse paradigma, onde o Estado do Rio de Janeiro tem se apresentado navanguardadomovimentonacional demanejoda visitação, tendo comomarcoa revisãodoPlanodeManejodoParqueNacional da SerradosÓrgãos em2006, e todoo investimentoemusopúbliconaDiretoriadeBiodiversidadeeÁreasProtegidasdoINEA,aofinaldadécadade2000.

    Assim,aestratégiadetrazeraspessoasparaasáreasnaturais,comointuitodeestimularacriaçãodeumamaiorconexãoemocionaldosvisitanteseassimconseguirmaisaliadosparaasUCeparaascausasdaconservaçãopressupõequeagestãoiráempreenderesforçosparacompatibilizaravisitaçãocomaconservaçãodestasáreas.

    3.ANÁLISESÍNTESEDAPROPOSTADEPLANEJAMENTOAPRESENTADA

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    Omódulo3daminutadoplanodemanejoapresentalacunassignificativasemrelaçãoàsoportunidadesde visitação no PNMPDI ao listar apenas uma trilha presente nesse Parque (página 186), quando naUnidadeháumaoutrabastante frequentadaque levaàbasedo IrmãoMenordoLebloneadiversasviasdeescalada,alémdeoutratrilhanafacenortequeconectaofimdatrilhaJaneladoCéuàRocinha.É uma trilha extremamente visível e conhecida, que impressiona por não ser mencionada nolevantamentodoplano.

    OdiagnósticotambémapresentaomontanhismocomoumaameaçaàUnidade,umaindicaçãosingularentreosplanosdemanejorealizadosemparquesdemontanhadoRiodeJaneiro.Omontanhismotemsemostradohistoricamentecomoumagentedeapoioàgestãodasunidadesdeconservaçãoondesejuntadiversos casosde ações em favorda criaçãoe conservaçãodas áreasprotegidasnoEstado.NacidadedoRiodeJaneiro,porexemplo,omovimentomontanhistaéumdosprincipaisresponsáveispelacriaçãodoMonumentoNaturaldosMorrosdoPãodeAçúcaredaUrca.

    Além disso, a prática domontanhismo no PNMDI e entorno não tem semostrado na prática,muitoconsistentecomoumaameaçasignificativa.Porexemplo,umadasprimeirasviasdeescaladadaCidadedoRiodeJaneiro,aChaminéIvoPereira,localizadanoencontroentreoIrmãoMaioreMenor,emsuafacenorte,foiabertaem1935.EssaviadáacessoaocoloentreasduasmontanhaseaocumedoIrmãoMenor, locais onde o diagnóstico levantou a ocorrência de espécies endêmicas e ameaçadas deextinção.Édeseesperarqueumaatividadequeefetivamentesejaumaameaçaàconservação,após83aos de prática venha ter algum expressivo impacto sobre a população dessas espécies, fato queaparentementenãofoiregistrado.

    AocitaroestudorealizadopeloAccessFund(2008)sobreomanejodaescalada,odiagnósticofazumaleitura extremamente limitada do texto, destacando uma afirmação óbvia de que a escalada podecausar efeitos à vegetação, ignorando todo desenvolvimento seguinte do documento, que apontaalternativas e ações de manejo praticadas pelos escaladores para minimizar esses impactos,possibilitandoapráticadaescaladademaneiracompatívelcomaconservaçãodabiota.

    Umaboa referênciaparaopresenteplanodemanejo seria a consultaaoutrosplanosdemanejodeUnidadesdeConservaçãopróximas,verificandocomoessestrataramessasquestõesecomoforamosresultados. Se estas consultas foram realizadas não são perceptíveis nos Módulos do Plano. Porexemplo, uma consulta à bem-sucedida experiência doplanodemanejodoMonumentoNatural dosMorros do Pão de Açúcar e da Urca, uma unidade municipal, distante menos de 8 km do PNMDI,mostraria como a escalada tem sido adequadamente manejada. O MoNa Pão de Açúcar é um dosprincipais locais de escalada urbana do mundo e conta com a presença de paredões com rica florarupícolaecomaocorrênciadeninhosdeaves,eomontanhismotemsidoumimportanteparceironaconservaçãodaárea.NaCidadedoRiodeJaneiro,outroscasossemelhantesdesólidasparceriascommontanistas,positivasparaagestãoeconservaçãodaunidadepoderiamverificadosseconsultadosagestãodoParqueNacionaldaTijuca,noParqueEstadualdoGrajaú,ParqueEstadualdaPedraBrancaeParqueNaturalMunicipalPaisagemCarioca.Aslacunasdolevantamentoeafaltadereferenciasobreas

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    experiências de manejo de escalada já consolidadas na Cidade do Rio de Janeiro, podem tercomprometidoodesenvolvimentodosestudossobreessatemática.

    Aoanalisarozoneamentoconstantenaminutadomódulo IVdoPlanodeManejodoParqueNaturalMunicipaldoPenhascoDoisIrmãos(39,55ha),observa-seaseguintedistribuiçãoemrelaçãoaoquadrodeáreasporzona:

    a. ZonadePreservação(ZP):48,78%b. ZonadeConservação(ZC):51,22%

    Do total da área coberta pela Zona de Conservação (18,91 ha), somente em 5,31 ha é permitida avisitação (14,38% da área total da Unidade), conforme indicado no detalhamento do zoneamento(páginas35a37).Emresumo,oqueeraumparquenacriaçãofoiquasetransformadoemumareservabiológicanapropostadeplanejamento.

    Aoanalisarosmapasdozoneamentoeasdescriçõesdasáreas,bemcomoodiagnósticopresentenomódulo3,pode-seperceberquebasicamenteosatrativosdeusoconsolidadoforamconsideradoscomoáreasdestinadasàvisitação,comoasáreasdeusointensivo(estradas,áreasdepiquenique,mirantes,quadras). Além disso, identificou-se apenas uma única trilha (1,76 ha). Ou seja, no mapeamento,posteriormentetransvestidodezoneamento,foramignoradasaoutratrilhapresentenaUnidadeeaspotencialidadesdo localparaofuturo,comopequenoscircuitosnamata,quepoderiamserutilizadosparaeducaçãoambiental,observaçãodepássarosepraticadecaminhada.

    Neste cenário, uma leiturado zoneamento apresentadonaminutadoPMconduz à interpretaçãodeque as áreas destinadas ao uso público foram identificadas considerando apenas uma visitaçãomaispopular,sendoorestantedoparquefechadoàvisitação.Nessesentido,adiversidadedevisitaçãonãofoi contemplada para fins da definição do zoneamento. Além disso, como está atualmente, ozoneamento não possibilita o desenvolvimento de novos atrativos, atividades, trilhas ao impedir avisitação em quase a totalidade do seu território, tornando necessária uma reclassificação dozoneamentoparaviabilizaressasações.

    A forte restrição à visitação da atual proposta de zoneamento apresenta inconsistência com um dosobjetivosdecriaçãodaunidade–DecretoNº11.850,de21dedezembrode1992-:“Oferecerespaçosverdeselivresparaolazeremáreaurbana”.Destaforma,aoselimitaravisitaçãoamenosde15%daáreadoPNMPDIenãoobservarumadiversidadedeoportunidadesdevisitação,aminutapropostaselimita o objetivo de oferecer lazer em área urbana a apenas um tipo de visitação, ao contrário dooferecidoemoutrasUnidadesdomunicípio,comooParqueNacionaldaTijuca,oParqueEstadualdaPedraBrancaeoMonumentoNaturaldosMorrosdoPãodeAçúcaredaUrca.

    Naanálisedamatrizdeanáliseestratégica(pág.10-13),háaidentificaçãodeforçaspropulsorasligadasà visitação, que indicam omontanhismo como uma oportunidade para aUnidade e como estratégiadestaca-se aorganizaçãode atividades e eventosdeobservaçãode aves eoplanejamentode trilhas

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    interpretativas para educação ambiental. Todavia a execuçãodessas estratégias será frustrada comapropostadeplanejamento.

    4.PROPOSTASDEZONEAMENTOENORMAS

    4.1.Zoneamento

    OroteirometodológicodoINEA(2010),queservedebaseparaaelaboraçãodapresentepropostadeplanejamento,apresentaa limitaçãodecontarcomapenasduaszonas:ConservaçãoePreservação.Agradaçãodeusodoterritórioéumdosprincipaisobjetivosemumprocessodezoneamento.NoroteirometodológicoutilizadopeloICMBIO,agradaçãodeusonozoneamentoépossívelatravésdasseguinteszonas:intangível,primitiva,usoextensivoeusointensivo,emordemcrescentedeintensidadedeuso.EssagradaçãopodeserobtidacomoRoteiroMetodológicodoINEAatravésdoseguinteajuste,tendocomo base a metodologia utilizada pelo ICMBio: (i) a Zona de Preservação corresponde a ZonaIntangível;(ii)aZonadeConservaçãoequivaleàZonaPrimitiva,ondesãopodemserrealizadasformasmais primitivas de recreação e; (iii) Área de Visitação, onde são alocadas as áreas de visitaçãomaisintensivas.

    A sugestão de reclassificação do zoneamento apresentada na minuta do PM foi feita com base naanálise do Módulo IV (Matriz de Análise Estratégica, Princípios Essenciais do PNMPDI, Critérios deZoneamento,ZonaseÁreasdoParqueePlanosSetoriaiseProgramas),nadiversidadedeexperiênciaseoportunidadesdevisitaçãoespecificamentelevantadaseanalisadasparaaáreadoPNMPDIeentorno,e na análise da paisagemda região.Obviamente, a falta de umabase cartográficamais detalhada e,sobretudo, o curto espaço de tempo não permitiram um refinamento da proposta de zoneamento.Contudo,acreditamosqueapropostaaquiapresentadapermiteconvergirnosentidodepossibilitararealizaçãodosobjetivosdoPNMPDI.

    Sugerimosdoiscenários:

    (i) CenárioI,zoneamentorealista,compatibilizandoconservaçãoevisitação,baseadoemcasosdesucessoreconhecidosnapráticapróximosaoPNMDI,comooParqueNacionaldaTijuca(PNT)eMoNaPãodeAçúcar;e

    (ii) CenárioII,zoneamentomitigadordoproblemáticacriadapelaminutadoplanodemanejoapresentada.

    SugerimosaaplicaçãodoCenárioI.

    CenárioI

    OCenárioIapresentaapropostaemclassificaraZonadePreservaçãocomoZonadeConservaçãoqueaumenta o grau de liberdade para o gestor no planejamento e gestão unidade, sem comprometer a

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    proteçãodosrecursosnaturais.EsteéocaminhoseguidoporUCssituadasnoentornodoPNMDIqueapresentamdinamismonagestão,combomengajamentodasociedadenosseusconselhosconsultivos,estabelecimento de parceria, e alguma capacidade de execução do planejamento, como o ParqueNacionaldaTijucaeoMonumentoNaturaldosMorrosdoPãodeAçúcaredaUrca.

    Figura1-CenárioI,consideradoidealerecomendado.AsáreasverdessãocategorizadascomoZonadeConservação,as

    amarelas,ÁreasdeVisitaçãointensiva,easrosas,ZonasdeConflito.

    Essecenáriopermitequeogestortenhamaiorflexibilidadeparaimplementaratividadesdeusopúblicono futuro, como observação de aves e educação ambiental, criando regras em instrumentos maisflexíveisqueoplanodemanejo,oque levaaumamaior autonomiaepoderdegestãoporpartedochefedaUnidade.Paralelamente,essecenárioengajamoradoresdoentornoemontanhistasatravésdapermissão da prática das suas atividades na área, como o montanhismo e o turismo de basecomunitária.

    Essecenárioprivilegiaadiversidadedeoportunidadesderecreaçãopossíveisnaárea,semrestringirousopúblicoaapenasasáreasdeusointensivodaunidade.Nãoobstante,aoenfatizarosdistintosgrausdeuso,intervençãoeconservação,aunidadeteráummaiorpotencialdeengajarparceirosparaoapoioàgestãoedepromoverummanejodavisitaçãoqueconsideraaspectosambientais,sociaisegerenciais(AUKERMAN,HAAS,ANDASSOCIATES,2011;CLARK;STANKEY,1979;FORESTSERVICE,[s.d.]).

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    A classificação como zona de conservação apresenta algumas vantagens para o planejador e para agestão da unidade em relação à zona de preservação. Na zona de conservação é possível limitar aintensidade da visitação, ou mesmo restringi-la completamente através de normas, que podem serajustadas conforme se apresenta as alternativas de manejo da unidade ou como indicado pelomonitoramento.Porexemplo,avisitaçãodedeterminadazonadeconservaçãopodeserplanejadaparaser realizadaatravésdeaberturade trilhas,que sópodemser abertas comautorizaçãodagestãodaunidade.Desta forma,pode-senãoteracessoadeterminadaáreaatéquenãose tenhaascondiçõesmínimasplanejadas. Emzonasonde jáocorremvisitação,metodologias comoo LimitesAceitáveisdeCâmbio (STANKEYetal.,1985 )ouVisitorsExperienceandResourceProtection,VERP(NATIONALPARKSERVICE,1997)podemajudaradefinirlimitesdeimpactosaceitáveis,adotandoestratégiasdemanejosquando estes são superados, e em casos limites podem reduzir o número de visitantes ou fechandoáreas(COLE;MCCOOL,2000;QUEIROZ;BRADFORD,2013;WATSONetal.,2015).

    CenárioII

    ApropostaconsistenoestabelecimentodeumafaixadeZonadeConservaçãoao longoda trilhaqueconectao fimda trilha JaneladoCéuàRocinha.Essamudançanão solucionaalgumasdas limitaçõesrelacionadasapossibilidadesdecriaçãodenovasatividades,trilhasecircuitoseoplanejamentofuturodaUnidade,porémpermiteaindaoacessoadiversasviasdeescalada,alémdapráticadecaminhadaaolongodatrilhaeaumentaapossibilidadedeatrativosparaosvisitantes.Essaéumatrilha jáutilizadahoje em dia por pessoas da comunidade e montanhistas, apesar da situação delicada de segurançapública que o entorno da área apresenta atualmente. Recomendamos que essa trilha sejamanejadacomo uma trilha de categoria 3 conforme documento FEMERJMAN 2012/01 (QUEIROZ; BRADFORD,2012),queéumacategoriaquedemandamenosintervençõesdemanejoeéplanejadaparaquesejafrequentadaporpessoasquetêmexperiênciaemambientesnaturais.

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    Figure2 -Cenário II,paliativo:Verdeescuro:ZonadePreservação;Verdeclaro:ZonadeConservação;Amarelo:ÁreasdeVisitaçãointensiva;Rosa:ZonasdeConflito

    4.2 NormasAseguirsãoapresentadassugestõesderedaçãoparaasseguintesnormas:(i)ZonasdeConservação;(ii)ÁreasdeVisitação;(iv)NormasdeUsoPúblico.

    4.2.1. ZonadeConservaçãoNormas:

    MudançanaredaçãodoitemII,queatualmenteestáredigidoconformeabaixo:

    II - A visitação é permitida somente nas AVs, respeitando-se normas específicas apresentadas maisadiante(página35);

    Redaçãosugerida

    II.AvisitaçãoépermitidaemtodaaZC,respeitando-senormasespecíficasapresentadasmaisadiante.

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    Sugerimos retirar o item VIII completamente, desonerando a administração da unidade de um

    procedimentoburocrático inócuoedesnecessárioquenãoépraticaemnenhumaoutraunidade

    domunicípiodoRiodeJaneiro:

    VIII - A prática de esportes de aventura dentro doPNMPDI, comoescalada, deverá ser devidamente

    agendadae registrada juntoàadministraçãodaUC, realizada somente compossede equipamentos

    adequadosdesegurançaeassinaturadetermoderesponsabilidade(página36);

    Regras de agendamento já foram aplicadas em outras UC, que se tiveram uma grande dificuldadeoperacional de aplicá-las. Por um lado, a aplicação de tal regra requerrecursos e pessoal, amboslimitadosno casodoPNMPDI.Poroutro lado, aexigênciadeequipamentosde segurançaadequadosexigeumconhecimentoe a capacidadede julgamento sobreoque são "equipamentosde segurançaadequados",oquenovamenteexigepessoalcapacitadoequalificadoparafazeressejulgamentoparaatomadadedecisão.Nessesentido,aoinvésdaregraeximiroparquederesponsabilidade,elaimputeaoparque uma maior responsabilidade de garantir que todos estejam com os tais equipamentosadequados,quesaibamutilizarequeumapessoafaçaessaaveriguação.

    Essaregratambémnospareceinadequadaaoseconsideraradiversidadedeexperiênciasdevisitação.EssanormavaideencontroaoentendimentodequeasUCdevemproporcionardistintasmaneirasdosvisitantes experienciarem a sua área, atémesmo utilizando-se com equipamentos limitados (ou semequipamentos) para poderem vivenciar as atividades de um modo ímpar, experienciarem as áreasnaturais da maneira desejada. Essa autonomia para tomar as decisões baseadas no seu própriojulgamentoeexperiênciamaximizaaexperiênciadovisitanteeminimizaaresponsabilidadedoParquesobreessasdecisões.

    Recomendação:

    ColocarumaplacadeavisoderisconosmoldesdaquefoiestabelecidanoMoNaPãodeAçúcar:

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    MudançanositensXeXI,acompanhandoamudançanoitemII.

    XOmanejoeaberturadeacessosetrilhassãopermitidossomentenasAV,AReAUCcomexceçãode

    casos emergenciais para resgate e combate a incêndios. Nas demais áreas da UC, poderão ser

    realizadosmedianteprojetopreviamenteautorizadopelaSECONSERMA/SUBMA/CAV/GUCA.

    XI Quando autorizado, o manejo e abertura de trilhas e acessos só poderá ser realizado por

    funcionários, pesquisadores devidamente autorizados ou prestadores de serviços devidamente

    credenciadosenoexercíciodesuasfunções,respeitando-seasnormasespecíficasdasáreas;

    Redaçãorecomendada:

    XA abertura de acessos e trilhas é permitida em ZCmediante projeto previamente autorizado pela

    SECONSERMA/SUBMA/CAV/GUCA.

    XIOmanejodetrilhasépermitidoemtodaaUC.

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    AnovaredaçãoseparaomanejodaaberturadetrilhasdandomaiorautonomiaparaaGestãodaUnidade

    paraarealizaçãodomanejonecessárioparapromoveraconservaçãodaáreaeotimizaraexperiênciados

    visitantes. Além disso, essa mudança possibilita o engajamento de voluntários nessas atividades, em

    consonânciacomoobjetivodeengajarvoluntáriosnagestãoemanejodoPNMPDI,conformeelencadono

    ProgramadeVoluntariado(página76).

    REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS

    AUKERMAN, HAAS, AND ASSOCIATES, L.Water and land recreation opportunity spectrum (WALROS). User’shandbook.2a.ed.Denver:USDI,2011.

    CLARK,R.N.;STANKEY,G.H.Therecreationopportunityspectrum:aframeworkforplanning,management,andresearch.WashingtonDC:USDA/ForestService,1979.

    COLE,D.N.;MCCOOL,S.F.Wildernessvisitors,experiences,andvisitormanagement.(J.Cole,DavidN.;McCool,Stephen F.; Borrie, William T.; O’Loughlin, Ed.)WILDERNESS SCIENCE IN A TIME OF CHANGE CONFERENCE.Anais...Ogden: USDA/Forest Service, 2000. Disponível em:.Acessoem:1nov.2017

    FOREST SERVICE. The Recreation Opportunity Spectrum. Disponível em:. Acesso em: 16nov.2017.

    NATIONAL PARK SERVICE. The visitor experience and resource protection (VERP) framework: a handbook forplannersandmanagers.Denver:NationalParkService,1997.

    QUEIROZ,D.;BRADFORD,R.Manejodavisitaçãoemáreasnaturais:conceitosparaplanejamento(FemerjMAN-2012/01). Rio de Janeiro: Femerj, 2012. Disponível em: .Acessoem:21ago.2017

    QUEIROZ, D.; BRADFORD, R.Manejo da visitação em áreas naturais (Femerj MAN-2013/01). Rio de Janeiro:Femerj, 2013. Disponível em: . Acessoem:21ago.2017

    STANKEY,G.H.etal.Thelimitsofacceptablechange(LAC)systemforwildernessplanning.Ogden:USDA/ForestService,1985.

    WATSON, A. E. et al. The evolution of wilderness social science and future research to protect experiences,resources,andsocietalbenefits.JournalofForestry,v.114,n.3,p.329–338,2015.