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21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental ABES – Trabalhos Técnicos 1 IV - 017 - SANEAMENTO AMBIENTAL NA BACIA DO RIO JABOATÃO Giovanni de Melo Perazzo (1) Engenheiro Civil pela Escola Politécnica de Pernambuco. Mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Pernambuco. Bolsista DTI do Programa Xingó junto ao Grupo de Saneamento Ambiental da UFPE. Departamento de Engenharia Civil - CTG/UFPE. Mario Takayuki Kato Engenheiro Civil pela UFPR. Mestre em Hidráulica e Saneamento pela EESC/USP. PhD em Tecnologia Ambiental pela Universidade de Wageningen. Chefe do Laboratório de Saneamento Ambiental da UFPE. Prof. Adjunto do Depto. de Eng. Civil, Centro de Tecnologia e Geociências da UFPE. Lourdinha Florencio Engenheira Civil pela UFPE. Mestre em Hidráulica e Saneamento pela EESC/USP. PhD em Tecnologia Ambiental pela Universidade de Wageningen. Prof. Adjunto, Coordenadora da Área de Saneamento Ambiental e Recursos Hídricos do Depto. de Eng. Civil da UFPE. Coordenadora da Comissão de Meio Ambiente do Programa de Indução em Áreas Estratégicas da FACEPE. Edmilson Santos de Lima Geólogo pela UFPE. Mestre em Geociências pela UFPE. PhD em Geologia pela Universidade da Califórnia, EUA. Prof. Titular do Departamento de Geologia da UFPE. Coordenador de Laboratório de ICP. Endereço (1) : Avenida Acadêmico Hélio Ramos, s/n – Cidade Universitária. Departamento de Engenharia Civil – Grupo de Saneamento Ambiental - UFPE - Recife - PE - CEP: 50670-530 - Brasil - Tel: (81) 3271-8228/8743 – Fax: (81) 3271-8219 - e-mail: [email protected] ; RESUMO Este artigo tem como objetivo descrever o saneamento ambiental (água, esgoto e limpeza urbana) de algumas localidades principais (Jaboatão Centro, conjunto residencial Marcos Freire e Vila Muribequinha) no município de Jaboatão dos Guararapes e Moreno sede e o distrito de Bonança (no município de Moreno) pertencentes à bacia do rio Jaboatão. As informações são provenientes de levantamentos de campo realizados em março de 2000. Na época em que foram feitos os levantamentos, verificou-se problemas com relação ao abastecimento de água, ocorrendo racionamento em todas as localidades onde foram feitos os levantamentos; na época chuvosa ocorre significativa melhoria. Além disso, constatou-se problemas com relação a ligações indevidas e desperdício. São poucos os locais onde há rede coletora e tratamento dos efluentes líquidos, limitando-se mais a conjuntos habitacionais, e mesmo assim ou operando em condições deficitárias, ou até desativados, contribuindo para a poluição do rio Jaboatão e seus afluentes. Em março de 2000 o Ministério Público chegou a estabelecer um prazo de 60 dias para que a COMPESA recuperasse as estações de tratamento de esgotos dos conjuntos residenciais em Jaboatão dos Guararapes, entre eles o do conjunto Marcos Freire. PALAVRAS-CHAVE: Saneamento ambiental, bacia do rio Jaboatão, poluição do rio Jaboatão. INTRODUÇÃO O rio Jaboatão, de acordo com a divisão oficial do estado de Pernambuco, integra o denominado grupo 2 das pequenas bacias litorâneas (GL-2). Tem suas vertentes numa grande rocha situada no engenho Pacas no município de Vitória de Santo Antão, a uma distância de 6 km da sede deste município. Este rio reúne-se com um outro denominado Pirapama no lugar conhecido como Ilha dos Martins, e pouco mais de 1 km adiante desembocam no mar numa foz comum. Sua área de drenagem cobre 413,1 km 2 , com um perímetro de 129 km e com uma extensão do curso de água de 75 km, englobando parte dos municípios de Vitória de Santo Antão, Moreno, São Lourenço da Mata, Recife, Jaboatão dos Guararapes e Cabo, numa área de grande concentração populacional. A sua bacia hidrográfica constitui-se, em sua maior parte, de vegetação, tanto natural como de canaviais, pertencentes a engenhos e usinas na região. Trata-se de uma bacia que se caracteriza pela descarga

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21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES – Trabalhos Técnicos 1

IV - 017 - SANEAMENTO AMBIENTAL NA BACIA DO RIO JABOATÃO

Giovanni de Melo Perazzo(1)

Engenheiro Civil pela Escola Politécnica de Pernambuco. Mestre em Engenharia Civilpela Universidade Federal de Pernambuco. Bolsista DTI do Programa Xingó junto aoGrupo de Saneamento Ambiental da UFPE. Departamento de Engenharia Civil -CTG/UFPE.Mario Takayuki KatoEngenheiro Civil pela UFPR. Mestre em Hidráulica e Saneamento pela EESC/USP. PhDem Tecnologia Ambiental pela Universidade de Wageningen. Chefe do Laboratório deSaneamento Ambiental da UFPE. Prof. Adjunto do Depto. de Eng. Civil, Centro de Tecnologia e Geociênciasda UFPE.Lourdinha FlorencioEngenheira Civil pela UFPE. Mestre em Hidráulica e Saneamento pela EESC/USP. PhD em TecnologiaAmbiental pela Universidade de Wageningen. Prof. Adjunto, Coordenadora da Área de SaneamentoAmbiental e Recursos Hídricos do Depto. de Eng. Civil da UFPE. Coordenadora da Comissão de MeioAmbiente do Programa de Indução em Áreas Estratégicas da FACEPE.Edmilson Santos de LimaGeólogo pela UFPE. Mestre em Geociências pela UFPE. PhD em Geologia pela Universidade da Califórnia,EUA. Prof. Titular do Departamento de Geologia da UFPE. Coordenador de Laboratório de ICP.

Endereço(1): Avenida Acadêmico Hélio Ramos, s/n – Cidade Universitária. Departamento de Engenharia Civil –Grupo de Saneamento Ambiental - UFPE - Recife - PE - CEP: 50670-530 - Brasil - Tel: (81) 3271-8228/8743 – Fax:(81) 3271-8219 - e-mail: [email protected] ;

RESUMO

Este artigo tem como objetivo descrever o saneamento ambiental (água, esgoto e limpeza urbana) de algumaslocalidades principais (Jaboatão Centro, conjunto residencial Marcos Freire e Vila Muribequinha) nomunicípio de Jaboatão dos Guararapes e Moreno sede e o distrito de Bonança (no município de Moreno)pertencentes à bacia do rio Jaboatão. As informações são provenientes de levantamentos de campo realizadosem março de 2000. Na época em que foram feitos os levantamentos, verificou-se problemas com relação aoabastecimento de água, ocorrendo racionamento em todas as localidades onde foram feitos os levantamentos;na época chuvosa ocorre significativa melhoria. Além disso, constatou-se problemas com relação a ligaçõesindevidas e desperdício. São poucos os locais onde há rede coletora e tratamento dos efluentes líquidos,limitando-se mais a conjuntos habitacionais, e mesmo assim ou operando em condições deficitárias, ou atédesativados, contribuindo para a poluição do rio Jaboatão e seus afluentes. Em março de 2000 o MinistérioPúblico chegou a estabelecer um prazo de 60 dias para que a COMPESA recuperasse as estações detratamento de esgotos dos conjuntos residenciais em Jaboatão dos Guararapes, entre eles o do conjunto MarcosFreire.

PALAVRAS-CHAVE: Saneamento ambiental, bacia do rio Jaboatão, poluição do rio Jaboatão.

INTRODUÇÃO

O rio Jaboatão, de acordo com a divisão oficial do estado de Pernambuco, integra o denominado grupo 2 daspequenas bacias litorâneas (GL-2). Tem suas vertentes numa grande rocha situada no engenho Pacas nomunicípio de Vitória de Santo Antão, a uma distância de 6 km da sede deste município. Este rio reúne-se comum outro denominado Pirapama no lugar conhecido como Ilha dos Martins, e pouco mais de 1 km adiantedesembocam no mar numa foz comum. Sua área de drenagem cobre 413,1 km2, com um perímetro de 129 kme com uma extensão do curso de água de 75 km, englobando parte dos municípios de Vitória de Santo Antão,Moreno, São Lourenço da Mata, Recife, Jaboatão dos Guararapes e Cabo, numa área de grande concentraçãopopulacional. A sua bacia hidrográfica constitui-se, em sua maior parte, de vegetação, tanto natural como decanaviais, pertencentes a engenhos e usinas na região. Trata-se de uma bacia que se caracteriza pela descarga

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nos corpos de água de vários resíduos líquidos, industriais e domésticos. (PERAZZO et al (2000),PREFEITURA MUNICIPAL DO CABO (SD), SANTOS et al (2000) e SOUZA (1984)).Um amplo estudo sobre qualidade de água na bacia vem sendo efetuado desde 1999. O objetivo do presentetrabalho é apresentar e avaliar os relativos ao saneamento ambiental nas área urbanas da bacia.

METODOLOGIA EMPREGADA

No desenvolvimento desta pesquisa foram consultados órgãos oficiais, além de terem sido visitados locais decaptação de água, estações de tratamento de água e esgoto, depósitos de resíduos sólidos e o aterro daMuribeca.

JABOATÃO CENTRO (SEDE DO MUNICÍPIO DE JABOATÃO DOS GUARARAPES)

A água captada à montante da barragem do rio Duas Unas (principal afluente do rio Jaboatão), mostrada naFigura 1, é bombeada para a ETA Castelo Branco (Figura 2), a qual também recebe água dos rios Várzea doUna, Capibaribe e Tapacurá, constituindo o sistema Tapacurá. A água submetida a tratamento na referida ETAé distribuída para Jaboatão Centro, além de Camaragibe, São Lourenço do Mata e Recife. À jusante dabarragem Duas Unas há ainda uma outra estação elevatória que dispõe de 3 bombas de 100 CV (duastrabalham e uma fica de reserva) que faz a adução da água bruta captada para a ETA Manoel Sena, a qualpossui 3 floculadores do tipo Alabama, 2 decantadores, 3 filtros e um reservatório elevado de 1600 m3, umreservatório semi-enterrado de 2000 m3. A Figura 3 mostra os floculadores da ETA Manoel Sena. Após otratamento a água é distribuída para uma parte da população de Jaboatão Centro.

Figura 1: Captação de água no rio Duas Unas. Figura 2: ETA Castelo Branco.

Figura 3: Floculadores da ETA Manoel Sena.

A Tabela 1 mostra o número de ligações em Jaboatão Centro em fevereiro de 2000, segundo a COMPESA(Companhia Pernambucana de Saneamento). Ainda nesse mesmo mês, Jaboatão Centro apresentou na rededistribuidora 23 estouramentos e 63 vazamentos em ramais prediais.

Exceto na Cohab, localizada na Vila Rica, e no conjunto industrial Multifabril, em Jaboatão Centro não hárede coletora de esgotos (as residências possuem fossa individuais). O esgotamento sanitário da Cohab foiconcebido para atender a uma população de 9440 pessoas, constitui-se das seguintes unidades: rede coletora,estação elevatória e emissário por recalque, estação de tratamento (lagoa aerada), a qual é mostrada na Figura4 e emissário final. Os moradores próximos da lagoa aerada reclamam do mau cheiro contantemente. Osistema de esgotamento sanitário do conjunto Multifabril é formado por: ramais prediais, rede coletora, ETE(3 lagoas facultativas fotossintéticas) e emissário final.

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Tabela 1: Número de ligações de água em Jaboatão Centro em fevereiro de 2000.Situação Número de ligações de águaFactíveis 5049

Com hidrômetro 17642Em funcionamento

Sem hidrômetro 3678

Executadas no mês 24Religadas no mês 12Cortadas no mês 2Crescimento no mês 34Total cortadas 3259Fonte: COMPESA (fevereiro de 2000)

Foto 4: ETE (lagoa aerada) de Vila Rica em Jaboatão Centro.

CONJUNTO HABITACIONAL MARCOS FREIRE NO MUNICÍPIO DE JABOATÃO DOSGUARARAPES

O riacho Zumbi do Pacheco (afluente do rio Jaboatão), é o manancial superficial que abastece o conjuntoMarcos Freire. A captação de água constitui-se de 4 conjuntos elevatórios, sendo 2 instalados (capacidade totalde 58 l/s)e dois reservas (capacidade total de 63 l/s). A adução até a ETA é feita através de duas adutorasparalelas, de diâmetro de 300 mm em ferro fundido e com extensão de 6000 m. A ETA Marcos Freire écomposta por dois conjuntos de tratamento, sendo um convencional (Figura 5) e outro compacto (Figura 6).Segundo a COMPESA, no conjunto habitacional Marcos Freire, em fevereiro de 2000, o número total deligações de água era de 4291.

Figura 5: ETA convencional de Marcos Freire. Figura 6: ETA compacta de Marcos Freire.

O sistema de esgotamento sanitário do conjunto Marcos Freire encontra-se desativado há alguns anos por açãojudicial dos seus moradores, que não suportavam o odor desagradável proveniente do sistema, sendo esteconstituído de: rede coletora, estação elevatória, emissário de recalque, unidade de medição, lagoas aeradas(Figura 7) e emissário final.

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Figura 7: Lagoa aerada do conjunto Marcos Freire, desativada.

No município de Jaboatão dos Guararapes o serviço de limpeza urbana é terceirizado e é controlado eadministrado pela prefeitura através da coordenadoria de limpeza urbana EMDEJA. O destino dos resíduossólidos coletados no município de Jaboatão dos Guararapes, incluindo Jaboatão Centro, Vila Muribequinha e oconjunto Marcos Freire, é o aterro da Muribeca (Figura 8). Os resíduos sólidos provenientes das residências écoletado e disposto separadamente dos resíduos hospitalares e industriais. O aterro da Muribeca estálocalizado a 15 km da cidade do Recife, no Município de Jaboatão dos Guararapes, possuindo 60 hectares deárea. Este é o maior aterro em operação na região metropolitana do Recife, recebendo cerca de 2500 toneladasde resíduos domésticos, industriais e hospitalares por dia, do Recife e de Jaboatão dos Guararapes.

VILA MURIBEQUINHA NO MUNICÍPIO DE JABOATÃO DOS GUARARAPES

Para o abastecimento de água da Vila Muribequinha, o manancial superficial utilizado é o rio Muribequinha,afluente do rio Jaboatão. Tal captação ocorre à montante do ponto de chegada do chorume produzido peloaterro da Muribeca. Após a captação da água bruta, esta é aduzida até uma ETA do tipo compacta composta de3 filtros de fluxo ascendente (Foto 9), sendo estes de fibra de vidro, a qual fica na própria vila, para depois serdistribuída para a população local. De acordo com a COMPESA (março de 2000), o número de ligações deágua ativas é 24, enquanto que o número de ligações inativas é 50.

Figura 8: Uma das várias canaletas de drenagem, de Figura 9: ETA da Vila Muribequinha.uma das 9 células do aterro da Muribeca.

Na Vila Muribequinha não existe nem coleta, nem tratamento de esgotos.

MORENO (SEDE DO MUNICÍPIO DE MORENO)

A captação para abastecimento de água de Moreno (sede) é feita no rio Jaboatão, à montante da barragemJaboatão no engenho Moreno, mostrada na Figura 10. Em seguida a água bruta é recalcada para a ETA atravésde duas bombas de 25 CV, as quais operam alternadamente. A ETA (Figura 11) é do tipo convencionalcompleto, constituída de: floculador hidráulico de fluxo horizontal, duas unidades de decantação de fluxohorizontal, filtros rápidos de gravidade (3 unidades) e casa de química.

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Figura 10: Captação de água no rio Jaboatão. Figura 11: ETA da cidade de Moreno.

A Tabela 2 apresenta o número de ligações em Moreno (sede) em fevereiro de 2000, segundo a COMPESA(Companhia Pernambucana de Saneamento).

Tabela 2: Número de ligações de água em Moreno (sede) em fevereiro de 2000.Situação Número de ligaçõesFactíveis 243

7047Com hidrômetroEmfuncionamento

Sem hidrômetro 111

Executadas no mês 20Religadas no mês 24Cortadas no mês 19Crescimento no mês 25Total cortadas 671Hidrômetros instalados no mês 27

Fonte: COMPESA (fevereiro de 2000)

Em Moreno não há rede coletora de esgoto nem tratamento, exceto na Vila Liberdade (Cohab). A maior partedas casas possui fossa individual. O esgotamento da Vila Liberdade é composto de: rede coletora, uma lagoade estabilização anaeróbia e duas facultativas e emissário final. Estas unidades de tratamento de esgoto naocasião das visitas estavam apresentando vazamentos. Observou-se lixo no interior destas unidades detratamento. Numa das lagoas facultativas (a primeira) praticamente não se pode visualizar os efluentes já que avegetação tomou conta da superfície da lagoa (Figura 12), o que facilita a proliferação de mosquitos e dedoenças. Há um projeto de implantação de um esgotamento sanitário em Moreno, porém aguarda-se verba dobanco alemão KFW.

Os serviços de limpeza urbana no município de Moreno ficam a cargo da prefeitura. Estima-se que apopulação atendida com serviços de limpeza urbana é de 45 a 50 mil pessoas. São recolhidos cerca de 1500toneladas por mês de lixo, o qual é disposto numa vala localizada a alguns quilômetros do perímetro urbano, eem seguida coberto com barro. Os lixos domiciliar, hospitalar, comercial e industrial não são coletados e nemdispostos separadamente. A Figura 13 mostra o local de disposição dos resíduos sólidos do município deMoreno, além do veículo usado nesta tarefa.

Figura 12: Lagoa de estabilização da Vila Liberdade, com Figura 13: Local de disposição dos vegetação ao longo de toda a sua superfície. resíduos sólidos de Moren

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DISTRITO DE BONANÇA NO MUNICÍPIO DE MORENO

A água que abastece o distrito de Bonança é captada no rio Jaboatãozinho (Figura 14), tributário do rioJaboatão, sendo aduzida por gravidade até a ETA compacta, composta de 2 clarificadores e 2 filtros de pressão(Figura 15), para depois ser distribuída para a comunidade.

Figura 14: Captação de água no rio Jaboatãozinho. Figura 15: ETA de Bonança.

Na Tabela 3 consta o número de ligações de água no Distrito de Bonança no município de Moreno.

Tabela 3: Número de ligações de água em janeiro de 2000 no Distrito de Bonança.Situação Número de ligaçõesFactíveis 127

Com hidrômetro 1869Emfuncionamento

Sem hidrômetro 95

Executadas no mês 11Religadas no mês 2Cortadas no mês 5Crescimento no mês 4Total cortadas 13

Fonte: COMPESA (Janeiro de 2000)No distrito de Bonança não há esgotamento sanitário.

FONTES DE POLUIÇÃO DA BACIA DO RIO JABOATÃO

Estudos apontam e os levantamento de campo confirmam, que os principais fatores que contribuem para adeterioração da qualidade de água do rio Jaboatão são os esgotos industriais e domésticos e a erosão nosmorros urbanos. Outras fontes de poluição são os agrotóxicos e os fertilizantes químicos usados nas atividadesagrícolas e os resíduos sólidos. Outro exemplo de poluição é o chorume produzido pelo aterro da Muribeca, oqual drena para o riacho Muribequinha, afluente do rio Jaboatão. A Figura 16 mostra o local de chegada dochorume no rio Muribequinha.

Figura 16: Líquido escuro (chorume), contendo metais pesados, produzido pelos resíduos sólidos doaterro da Muribeca, cujo destino é o riacho Muribequinha.

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Na Tabela 5 são apresentadas as principais indústrias instaladas na bacia do rio Jaboatão.

Tabela 5: Principais indústrias instaladas na bacia do rio Jaboatão.

INDÚSTRIA Descrição do empreendimento Município

Alpargatas Indústria de vestuários e artefatos detecidos

Jaboatão dos Guararapes

Basf Prazeres Fábrica de tintas como atividadeprincipal e de resina como secundária

Jaboatão dos Guararapes

Correia eVitorelli

Galvanoplastia Jaboatão dos Guararapes

Ind. MalhasJaboatão

Indústria têxtil, classe III Jaboatão dos Guararapes

MatadouroJaboatão

Matadouro Jaboatão dos Guararapes

Ondunorte III Fábrica de papel Moreno

Portela Fábrica de papel, classe V Jaboatão dos Guararapes

RefrescosGuararapes

Fábrica de bebidas (refrigerantes) Jaboatão dos Guararapes

TecelagemParahyba

Fabricação de cobertores, utilizandoresíduos de algodão, resíduossintéticos e fios de poliéster comomatérias primas

Moreno

TecelagemSão José

Indústria têxtil, cuja atividadeconsiste na fabricação de fios etecidos de algodão cru

Jaboatão dos Guararapes

UsinaBulhões

Fabricação de açúcar e álcool Jaboatão dos Guararapes

Fonte CPRH (Companhia Pernambucana de Meio Ambiente)

CONCLUSÕES

Os municípios levantados apresentam sistemas de esgotamento sanitário deficitários, com as poucas unidadesde depuração dos efluentes, desativadas ou operando ineficientemente. O abastecimento de água também deveser melhorado, aumentando-se o número de casas atendidas pela rede de abastecimento, bem como apromoção de campanhas que esclareçam a população sobre o uso adequado dos recursos hídricos. Ambos osmunicípios contribuem com significativa carga de lançamento de esgotos domésticos e industriais nos rios ecursos d’água da bacia em estudo, sendo que a contribuição apresenta-se notadamente maior em Jaboatão dosGuararapes do que em Moreno. No tocante à limpeza urbana, deve - se dar um tratamento e destino maisadequado ao lixo e realizar um trabalho de conscientização das pessoas. Deve-se pensar numa alternativa maisapropriada para o chorume produzido pelo aterro da Muribeca, que polui o riacho Muribequinha. A bacia dorio Jaboatão é uma das mais poluídas do estado de Pernambuco, em decorrência do uso inadequado dosrecursos naturais, ocupação desordenada do solo, lançamento de resíduos sólidos e líquidos de caráterdoméstico e industrial inadequado. Deve-se portanto, investir intensamente nos estudos e em obras desaneamento, além da educação e conscientização das pessoas, a fim de que se possa transpor a situação em quese apresenta atualmente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. PERAZZO, G.M; KATO, M.T.; FLORENCIO M.; DE LIMA, E.S. “Saneamento ambiental na bacia dorio Jaboatão”. Seminário sobre gestão de bacias hidrográficas e qualidade de águas superficiais. 7 a 11 deagosto de 2000. Centro de Tecnologia e Geociências da UFPE, Recife-PE. Resumos. p.21.

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2. PREFEITURA MUNICIPAL DO CABO. “Formação Histórica do Cabo”. Departamento de EstudosSociais Secretaria de Educação. p.25-27. SD.

3. SANTOS, K.; FLORÊNCIO, L.; DE LIMA, E.S. “Estudo da qualidade da água no rio Jaboatão eaplicação de um modelo de eutrofização baseado no balanço de massa do fósforo à barragem Duas Unas”.Seminário sobre gestão de bacias hidrográficas e qualidade de águas superficiais. 7 a 11 de agosto de2000. Centro de Tecnologia e Geociências da UFPE, Recife-PE. Resumos. p.29.

4. SOUZA, M.F.F. “Estudo bacteriológico, físico-químico e sedimentológico do rio Jaboatão”. Recife, 1984.