22 e 23 Maio 2012

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NÚMERO 09 DATA 22 a 23/05/2012 ANO I

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Clipping CAOSAUDE Eletrônico

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Frei BettoEscritor, autor de Alfabetto %u2013 autobio-

grafia escolar (Ática), entre outros livros“As crianças de todas as regiões das Américas

estão sujeitas à publicidade invasiva e implacável de alimentos de baixo ou nenhum valor nutricio-nal, ricos em gordura, açúcar ou sal”, constata pesquisa da Organização Pan-Americana da Saú-de (2012). Basta olhar em volta para verificar que nossas crianças (com menos de 16 anos de idade) apresentam elevada taxa de obesidade e doenças crônicas relacionadas à nutrição, como diabetes e distúrbios cardiovasculares.

Um dos fatores que mais influenciam maus hábitos alimentares nessa faixa etária é a publici-dade de produtos de baixo valor nutritivo, como cereais matinais já adoçados, refrigerantes, doces, sorvetes, salgadinhos e fast food. Eles “enchem” a barriga, trazem sensação de saciedade sem, no en-tanto, suprir as necessidades nutricionais básicas.

Resolução da Organização Mundial da Saúde, de maio de 2010, instou os governos a se esforça-rem por restringir a promoção e a publicidade de alimentos para crianças. O mais poderoso veículo de promoção de alimentos nocivos é a TV. Ex-postas excessivamente a ela, as crianças tendem a querer consumir as marcas ali anunciadas. Em geral, a propaganda cria vínculos emocionais en-tre o produto e o consumidor, e envolve brindes, concursos e competições.

Sob o pretexto de atividades filantrópicas nas escolas, empresas de alimentos não saudáveis aumentam seu poder de domesticação. Pesquisas brasileiras indicam que assistir a TV por mais de duas horas por dia influi no aumento do índice de massa corporal em meninos.

Relatório de agência de pesquisa de mercado aponta que, no Brasil, na Argentina e no México, 75% das mães com filhos de 3 a 9 anos acreditam que a publicidade influencia os pedidos das crian-ças na compra de alimentos (no Brasil, 83%). No Reino Unido, é proibida na TV a publicidade de alimentos não saudáveis. A Irlanda limita a pre-sença de celebridades nesses anúncios e exige o uso de advertências. A Espanha desenvolveu um código autorregulatório e restringe o uso de ce-lebridades e a distribuição de produtos no merca-do.

Segundo relatório do Ministério da Saúde (2008), durante um ano, no Brasil, mais de 4 mil comerciais de alimentos foram veiculados na TV e em revistas, dos quais 72% referiam-se a alimen-tos não saudáveis. No Brasil, regulamentação vi-gente obriga colocar advertências nos comerciais de alimentos, embora a Abia, principal associação da indústria de alimentação do país, se recuse a fazê-lo. Ela obteve liminar garantindo a não apli-cação das novas regras e a decisão final depende agora da Justiça.

É preciso, pois, que famílias e escolas se de-diquem à educação nutricional das crianças. Pe-ças publicitárias devem ser projetadas em salas de aula e debatidas. Cria-se, assim, distanciamento crítico frente ao produto e melhor discernimento por parte dos consumidores. Em São Paulo, alu-nos projetaram em sala de aula propagandas gra-vadas em casa. Depois de debaterem as peças pu-blicitárias, decidiram adquirir determinada marca de iogurte. Remetido o conteúdo à análise clínica, constatou-se não conferir com as indicações con-tidas na embalagem. Assim, os alunos aprenderam o que significa propaganda enganosa.

A Organização Pan-Americana da Saúde re-comenda que sejam anunciados, sem restrição, os alimentos naturais, aqueles nos quais não há adição de adoçantes, açúcar, sal ou gordura. São eles: frutas, legumes, grãos integrais, laticínios sem gordura ou com baixo teor, peixes, carnes, ovos, frutas secas, sementes e favas. No caso de bebidas, água potável.

Eis o dilema: enquanto famílias e escolas querem formar cidadãos, a publicidade investe na ampliação do consumismo. A ponto de, no Brasil, se admitir o uso de celebridades, como atletas, na propaganda de alimentos não saudáveis e obvia-mente nocivos, como bebidas alcoólicas.

É preocupante constatar que, em nosso país, o alcoolismo se inicia por volta dos 12 anos, e au-menta a ingestão de vodca na faixa etária inferior a 16 anos. A fiscalização em bares e restaurantes é precária, e padarias e supermercados vendem, quase sem restrição, bebidas alcoólicas a menores de idade. Mas o que esperar de uma família ou escola que oferece na mesa e na cantina os mes-mos produtos nocivos vendidos pelo camelô da esquina? Essa é a crônica de graves enfermidades anunciadas.

eSTado de miNaS - oN liNe - 23.05.2012

Veneno para crianças O que esperar de uma família que oferece na mesa os mesmos produtos nocivos do camelô da esquina?

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BRASÍLIA Um trabalho encomendado pelo Ministé-

rio da Saúde detectou que empresas que operam mercado paralelo na internet de venda ilegal de medicamentos, de inibidores de apetites, de es-teroides anabolizantes, de abortivos e de receita azul fazem uso criminoso de logomarcas oficiais. Foi identificado até um perfil falso do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, no Twitter. Esses são alguns resultados do minucioso levantamento “Fiscalização digital: ameaças à saúde coletiva na internet”, que durou um ano, e foi encomendado a uma empresa privada especializada nessa área digital.

O estudo foi entregue ao ministério em mar-ço. Na internet, os criminosos usam símbolos e logomarcas de serviços e produtos do Ministério da Saúde e enganam os consumidores com anún-cios de que os medicamentos têm o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvi-sa).

Foram contabilizadas a existência de 1,2 mil sites ilegais, dos mais variados. De medicamen-tos abortivos, em especial Cytotec, foram identi-ficados 359 sites (30% do total); de inibidores de apetite, 382 (32%); de esteroides anabolizantes, 258 (22%); de fitoterápicos, 159 (13%); e de ven-da de receita azul, 41 sites (3%).

No caso do abortivo, a empresa contratada para fazer essa varredura na internet chega a cal-cular que o gasto com internações por problemas decorridos do uso do Cytotec chega a R$ 13,4 milhões por ano. O faturamento ilegal com ana-bolizantes, no período de um ano da aferição, foi estimado em R$ 153 milhões. Com anorexígenos, o mercado ilegal faturaria R$ 82,4 milhões.

Segundo o estudo, os sites vendem ilusões, além de produtos não regulamentados e geradores de problemas de saúde. O trabalho concluiu que há, nas redes sociais, “drogarias on-line”, com práticas criminosas. “O físico e o virtual se mis-turam: ‘consultas’ médicas são feitas on-line, me-dicamentos falsificados são comprados através da internet e enviados para endereços reais. A ‘far-mácia’ que vende produtos controlados sem re-ceita está na rede”, diz as conclusões do trabalho. “A internet é uma válvula de escape: é o canal de comunicação entre o indivíduo e a rede criminosa que permite o anonimato. A indústria de medica-mentos falsificados é fomentada pela busca por medicamentos proibidos, pela falta de fiscaliza-ção na internet, pelos preços abaixo do mercado

regular, e pela desinformação da população”.Os autores concluíram que parte dos proble-

mas de saúde pública do Brasil está, de alguma maneira, associada à internet: abortos ilegais, compra de remédios falsificados, intoxicação por medicamentos falsificados e desenvolvimento de doenças devido à ingestão de medicamentos sem acompanhamento médico.

O trabalho monitorou as principais marcas do Ministério da Saúde, como UPA, Farmácia Popular, Saúde da Família, SUS e Samu. Os pro-dutos se apresentam assim na internet: “Cenaless, o segredo para seu emagrecimento. Auxilia na busca do corpo belo. Bumbum perfeito: apareça na praia com um corpo de causar inveja”. E diz que o produto é aprovado pela Anvisa, o que não é verdade.

Site vende receita ‘já carimbada’ e ‘kit aborto

completo’BRASÍLIA Um site vende receita azul e estabelece até

o preço de uma unidade do receituário. “Receita Azul: estou vendendo receita azul já carimbada. Veja foto real do produto. Ao custo de R$ 5,00 a unidade”. Os abortivos aparecem aos montes: “Cinco razões para fazer aborto via cytotec”. Também aparece o “kit aborto completo”. Ainda há os esteroides anabolizantes: “Cuidar do corpo é para quem pode. Venda de anabolizantes on-line”.

A Anvisa, órgão responsável pela fiscaliza-ção da venda ilegal de medicamentos, informou que realiza levantamentos sobre propaganda e venda de produtos na internet. A agência afirmou que já suspendeu sites que comercializavam pro-dutos como Cytotec, Caraluma e Max Burn, mas que a fiscalização não é fácil.

“Possuímos uma ação de monitoramento da web para identificar esse tipo de irregularidade. O trabalho de combate na internet tem dificuldades como a apresentação dos produtos em site.com (ou seja, fora do país) e o fato de a fiscalização ter que ser feita através do comparecimento ao local físico para a constatação das irregularidades”, in-formou a Anvisa, em nota ao GLOBO.

Segundo a Anvisa, 40 operações realizadas em 2011, com apoio da Polícia Federal, inspecio-naram 366 locais e, destes, 177 foram interdita-dos. Foram presas e indiciadas 156 pessoas.

o GloBo - P. 9 - 22.05.2012

Mercado ilegal de remédios explode na internetInvestigação do Ministério da Saúde lista 1,2 mil sites de venda de medicamentos proibidos