2.3 MODELO ELASTOPLASTICO UNIDIMENSIONAL · 1 = − + Y f s 0 ( ) 0 2 =− − Y f s Note-se que...
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2.3 - MODELO ELASTOPLASTICO UNIDIMENSIONAL
A análise de peças submetidas a tração e compressão puras permite introduzir de
forma simples as equações de um modelo elastoplástico. O comportamento elastoplástico
fica descrito especificando os quatro elementos básicos enunciados a seguir.
i) Relação tensão—deformação elástica;
ii ) Critério inicial de plastificação ou escoamento, ou limite do comportamento
puramente elástico;
iii) Lei de endurecimento que determina a modificação do critério de plastificação
durante um processo plástico;
iv) Lei de escoamento plástico que define a taxa de deformação plástica para uma
tensão que verifique o critério de plastificação.
Estes itens do modelo matemático de plasticidade são desenvolvidos
separadamente nas seções a seguir.
1) Relação tensão-deformação elástica
Vamos excluir o comportamento elástico não linear, como geralmente se adota
nas aplicações de elastoplasticidade. Desta forma a relação considerada é
σεE
e 1=
onde E é o módulo de elasticidade (Young) do material. Para o material virgem e no
começo do processo de carga as deformações elásticas são as únicas que existem, então eεε = mas uma vez produzida alguma plastificação eεε ≠ e nesta situação definimos a
deformação plástica pela relação ep εεε −=
ou seja
σεεE
p 1−=
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a)Material com endurecimento b) Material perfeitamente
plástico
Figura 2.9 — Deformação elástica e deformação permanente
A deformação plástica calculada segundo a definição anterior coincide nos
exemplos na figura 2.9 com a deformação permanente obtida depois de remover
completamente a tensão. Esta situação é encontrada em quase todas as aplicações,
entretanto é possível que esta coincidência não aconteça se uma nova plastificação se
apresenta quando é retirada a tensão. Este último fenômeno é incomum e não deve ser
confundido com a presença de plastificação em compressão produzida na fase de retirada
do carregamento externo numa estrutura complexa.
Considere-se agora a relação elástica para variações de tensão e deformação.
Observa-se nas figuras que os processos de tipo 0? 1, puramente elásticos ou
de descarregamento local, verificam
σε dE
d e 1= pe ddd εεε += 0=pdε
Para os processos de plastificação 0? 2 define-se analogamente a componente
elástica da variação da deformação mediante σε dE
d e 1= obtendo-se assim:
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σε dE
d e 1= pe ddd εεε += 0sgn >• σε pd
com dσ e edε nulos no caso de plasticidade perfeita.
Figura 2.10 - Processos incrementais. Relação entre incrementos de tensão e
deformação.
Em geral define-se as taxas de deformação elástica e plástica mediante as
equações
.. 1σε
Ee =
... 1 σεεE
p −=
resultando obviamente ...pe εεε +=
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ii) Critério de plastificação inicial
Para materiais com ou sem endurecimento tem-se que as tensões
plasticamente admissíveis, ou seja, aquelas que são possíveis para o material,
encontram-se necessariamente contidas em um segmento do eixo das tensões no
diagrama σ−ε . Introduzindo agora uma notação cuja validade transcende o caso uniaxial
considerado, dizemos que existe um conjunto ou região A0 no espaço de tensões que define
os estados de tensão plasticamente admissíveis para o material. No caso unidimensional
{ }00 : +− ≤≤−=YY
σσσσ0A
Figura 2.11 - Região admissível inicial
Para tensões estritamente interiores a esta região somente podem ser iniciados
processos (infinitesimais) puramente elásticos e por este motivo dizemos que o interior de
A0 é a região elástica.
Para tensões na fronteira da região admissível podem ser iniciados processos
(infinitesimais) plásticos se são de carga efetiva, isto é, de tensão crescente em material
com endurecimento ou de tensão constante em material perfeitamente plástico. Para estas
tensões na fronteira de A0 também é possível iniciar processos (infinitesimais) puramente
elásticos mediante descarregamento. Por estes motivos chama-se à fronteira da região
admissível de superfície de plastificação ou superfície de plasticidade.
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Tensões exteriores ao conjunto A0 são inadmissíveis no estado inicial de historia
plástica do material, e são sempre inacessíveis no caso de plasticidade ideal.
A região admissível A0 é convenientemente definida por uma função de
plasticidade (ou de plastificação) f0(σ) tal que a condição
( ) 00 <σf
caracteriza a região elástica e
( ) 00 =σf
a superfície de plastificação. Quando se consideram os modos de plastificação de tração
e compressão faz-se necessário utilizar duas funções para definir a região admissível que
são
( ) 001 +−=
Yf σσσ ( ) 00
2 −−−=Y
f σσσ
Note-se que estamos utilizando um parâmetro 0−Y
σ positivo para representar o
limite de compressão.
Pode-se generalizar a definição de 0f entendendo-a uma função de valor
vetorial com componentes 01f e 0
2f , ou seja
( ) ( ) ( )[ ]Tfff σσσ 0
20
10 =
Desta forma, a região admissível fica ainda definida pela condição
( ) 00 ≤σf
entendida por componentes.
A superfície de plastificação está neste caso constituída por tensões que
verificam uma das condições
( ) 001 =σf ( ) 00
2 <σf ou ( ) 001 <σf ( ) 00
2 =σf
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iii) Lei de endurecimento
A região de tensões plasticamente admissíveis modifica-se durante um processo
plástico e em conseqüência também a região elástica e a superfície de plastificação são
alteradas
Figura 2.12 - Modificação da região admissível para tensões
Uma lei de endurecimento determina de que maneira se produz a modificação do
limite de plastificação, e pode ser convenientemente definida especificando uma função de
plasticidade
( )pF εσ ,
que descreve a dependência da região elástica
( ) 0<σf
com respeito a pε mediante a relação
( ) ( ) cteFf p
p ==ε
εσσ ,
Temos assim definidas uma função ( )pF εσ , e infinitas funções ( )σf , uma para cada valor
de pε . Para uma determinada história de tensões e deformações que produziu uma
deformação plástica acumulada pε , todas as tensões que verificam (em componentes)
( ) 0<σf
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são elásticas no sentido de que somente processos elásticos poderão começar a partir
deste estado. Quando a tensão verifica
( ) 0=σif e ( ) 0<σjf i,j=1,2
onde ( ) 01 =σf é o limite de plastificação em tração e ( ) 02 <σf em compressão, então
acontecerão eventualmente deformações plásticas no processo iminente, caso este não
seja de descarga, e simultaneamente a função f será modificada durante o processo
plástico na forma determinada por ( )pF εσ , segundo a relação estabelecida acima para f
e F . Em particular, o critério inicial de plastificação está relacionado com F por
( ) ( ) 0,0 == p
pFfε
εσσ
Um material perfeitamente plástico tem limite de plastificação independente de pε portanto neste caso as funções F , f e 0f coincidem e são independentes de pε .
No presente modelo unidimensional podemos definir F mediante
( ) ( ) ( )[ ]Tppp FFF εσεσεσ ,,, 21=
com os modos de tração e compressão determinados por
( ) ( )pp kF εσεσ 11 , −= ( ) ( )pp kF εσεσ 22 , −−=
Uma tensão no limite de plastificação em tração verifica
( ) ( ) 0,11 == pFf εσσ ou seja ( )pk εσ 1=
donde se deduz que a função ( )pk ε1 calcula-se a partir do diagrama ( )εσ +Y do ensaio de
tração mediante as relações
( )
+= + σεσε
Ek p
Yp 1
1
( )
== +++
001
10
YYY Ek σσσ
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Analogamente
( )
+= − σεσεE
k pY
p 12
( )
== −−−
002
10
YYY Ek σσσ
iv) Lei de escoamento plástico
Em conseqüência da definição de taxa de deformação elástica adotada, o módulo
de elasticidade pode ser interpretado como
edd
Eεσ
= .. 1
σεE
e =
Analogamente, para um processo plástico como o de tração na figura 2.10(b),
define-se o módulo tangente por
εσ
dd
Et = ∴ .. 1
σεtE
=
e o módulo de endurecimento por
pp dd
Eεσ
= ∴ .. 1
σεp
p
E=
O módulo de endurecimento pE é uma função de σ sempre positiva para
materiais estáveis cuja curva εσ − é crescente sempre.
Substituindo as equações anteriores em pe ddd εεε += resulta
pt EEE111
+=
Para materiais idealmente plásticos 0=tE , 0=pE e esta última igualdade não
tem interesse.
Vimos que durante o processo plástico de tração verifica-se (não se considera o
modo de compressão):
( ) ( ) 0, =−= pp kF εσεσ
Esta igualdade derivada em relação a pε resulta em
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pp ddk
Eε
=
donde pode ser calculado o módulo de endurecimento a partir função k deduzida do ensaio
de tração.
A descrição fenomenológica do comportamento elastoplástico discutida nas
seções 2.1 e 2.2 mostrou que a relação constitutiva deve ser necessariamente incremental
(em taxas) e não linear em razão da irreversibilidade dos processos plásticos. A equação
constitutiva deve ser uma relação entre .
σ e .ε , ou com
.pε apenas pois a componente
elástica foi relacionada por Ee..
σε = ; relação esta que depende do valor presente da
tensão e dos parâmetros de história lembrada que no caso unidimensional podem ser
substituídos pela própria deformação plástica acumulada ( )ph ε= . Ou seja, a relação
constitutiva é da forma
+=
= ppp
Eεσσεσεσσεε ,,
1,,
......
Esta relação ~ explicitada a seguir admitindo por simplicidade que o material somente
plastifica em tração e não em compressão
iv.1) material com endurecimento:
( )
( )
( )
>
=
<
=
<
=
local) carga de (processo 0
de)plasticida de limite no (tensão e 0 para 1
local) elástica descarga de (processo 0
de)plasticida de limite no (tensão e 0
elástica) região na (tensão 0 para 0
.
.
..
σ
σσ
σ
σ
σ
ε
fE
fou
f
p
p
onde f e pE dependem da história lembrada, por exemplo:
( ) ( )pkf εσσ −= e pp d
dkE
ε=
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iv.1) material idealmente plástico:
( )
( )
( )
>
=≥
<
=
<
=
plástico) escoamento de (processo 0
de)plasticida de limite no (tensão e 0 para ado,indetermin 0
local) elástica descarga de (processo 0
de)plasticida de limite no (tensão e 0
elástica) região na (tensão 0 para 0
.
.
..
σ
σλ
σ
σ
σ
ε
f
fou
f
p
onde f é uma função independente da história ( e coincidente com F )
Na relação para plasticidade ideal foi utilizado um parâmetro de plasticidade
.λ positivo para impor a condição de que durante o escoamento plástico em tração somente
ocorrem deformações de alongamento e cuja intensidade não é proporcional à variação de
tensão, nula neste caso. A taxa de deformação plástica é indeterminada nesta situação no
sentido que qualquer deformação é admissível com respeito à relação constitutiva, o que
não impede que quando se considera a peça submetida às restrições cinemáticas e de
equilíbrio do problema esta indeterminação seja levantada.
A observação do diagrama εσ − idealmente plástico mostra que ainda que .ε não
seja determinado por .
σ como mencionado, a correspondência inversa está bem
determinada, isto é, dado .ε se deduz o valor de
.σ associado. Consequentemente a forma
inversa da relação constitutiva enunciada acima não apresenta indeterminações e pode ser
escrita para materiais com ou sem endurecimento mediante
+=
= ppp E εσεεεεσεσσ ,,,,
......
onde esta relação representa a plasticidade ideal quando 0=pE e f é independente da
história. Em geral
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( ) ( )pkf εσσ −= pp d
dkE
ε=
Esta forma da relação constitutiva
= pεσεσσ ,,
...
pode também ser escrita como
( )
( )
( )
>
=
≤
=
<
=
local) carga de (processo 0
de)plasticida de limite no (tensão e 0 para
local) elástica descarga de (processo 0
de)plasticida de limite no (tensão e 0
elástica) região na (tensão 0 para
.
.
.
.
.
ε
σε
ε
σ
σε
σ
fE
fou
fE
t
com
p
pt EEE
EE
+=
nulo em plasticidade perfeita
Como exemplo vamos estabelecer as equações correspondentes a um
material com endurecimento linear
( ) pp bak εε +=
Os coeficientes a e b são interpretados considerando as condições ( ) 00 Yk σ= que implica
em 0Ya σ= e
pp ddk
Eε
= que conduz a pEb = . Desta forma
( ) ( )( )p
pY
ppYp
E
EF
εσσ
εσσεσ
−−
++
−−−
+−= 0
0 ,
A figura 2.13 mostra o caso particular em que −+ =pp
EE no qual a região admissível
somente translada durante o processo de plastificação, mantendo a sua forma
(comprimento) original. Este é o chamado endurecimento isotrópico. Note-se que o efeito
Bauschinger está representado neste modelo matemático.
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Figura 2.13 - Endurecimento linear