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    Desenvolvimento Sustentvel: Uma Descrio dasPrincipais Ferramentas de Avaliao

    HANS MICHAEL VAN BELLEN*

    1. INTRODUO

    O final do sculo XX presenciou o crescimento da conscincia dasociedade em relao degradao do meio ambiente decorrente do processo dedesenvolvimento. O aprofundamento da crise ambiental, juntamente com a reflexosistemtica sobre a influncia da sociedade neste processo, conduziu a um novo conceito- o de desenvolvimento sustentvel. Este conceito alcanou um destaque inusitado apartir da dcada de 1990, tornando-se um dos termos mais utilizados para se definir

    um novo modelo de desenvolvimento. Esta crescente legitimidade do conceito noveio acompanhada, entretanto, de uma discusso crtica consistente a respeito do seusignificado efetivo e das medidas necessrias para alcan-lo. Na medida em que noexiste consenso relativo sobre o conceito, observa-se uma disparidade conceitualconsidervel nas discusses referentes avaliao da sustentabilidade dodesenvolvimento.

    Existe uma srie de ferramentas ou sistemas que procuram avaliar o graude sustentabilidade do desenvolvimento, porm no se conhecem adequadamente ascaractersticas tericas e prticas destas ferramentas. Este trabalho procura colaborar

    na tarefa de aprofundar a discusso sobre a sustentabilidade e sua avaliao. O objetivogeral desta pesquisa foi analisar comparativamente as principais ferramentas quepretendem mensurar o grau de sustentabilidade do desenvolvimento. Para se alcanareste objetivo, elaborou-se, primeiramente a partir de pesquisa documental ebibliogrfica, uma lista com os principais sistemas indicadores de sustentabilidade quevm sendo desenvolvidos e utilizados atualmente. Esta lista de sistemas de indicadores,juntamente com um questionrio, foi enviada a uma amostra intencional deespecialistas da rea de desenvolvimento cuja tarefa principal era selecionar, dentre

    * Professor do Curso de Ps Grauao em Administrao (CPGA) da UFSC. [email protected]

    Recebido em 09/09/2003 e aceito em 22/09/2003.

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    as ferramentas, quais as mais relevantes no contexto internacional contemporneo.Os resultados deste questionrio conduziram escolha das trs principais ferramentasde avaliao de sustentabilidade, na percepo dos especialistas da rea consultados.

    Este artigo aborda, de forma individual, cada uma das ferramentas

    selecionadas pela amostra de especialistas para realizao da anlise comparativa. Oobjetivo principal nesta etapa fornecer uma descrio detalhada das metodologiasescolhidas, procurando analisar os diferentes sistemas de indicadores a partir de trsaspectos principais: Histrico que descreve a origem da ferramenta, sua histria e as instituies

    e pessoas envolvidas no seu desenvolvimento. Fundamentao terica emprica com a descrio do mtodo, seu

    funcionamento,suas caractersticas, as vantagens e desvantagens da ferramentade avaliao.

    Consideraes crticas acerca da ferramenta de avaliao onde se procuraconstruir uma viso crtica da ferramenta, visando observar os conceitos principaisque a fundamentam, especialmente o conceito de desenvolvimento sustentvel.

    A descrio e a anlise das ferramentas selecionadas foram realizadasatravs de pesquisa documental. Esta parte inicial, que descreve e analisa asferramentas a partir das trs dimenses anteriores, utilizou-se principalmente de textose artigos oriundos dos institutos e dos autores que desenvolveram as metodologiasobservadas. Tambm foram utilizados artigos e documentos, quando existentes, deoutros autores e instituies quando estes textos abordavam a ferramenta estudada.

    Em funo do volume de informao necessrio para caracterizar cada uma dasferramentas de avaliao, este artigo observou uma estrutura simplificada. No tpicoque segue, parte principal do artigo, so descritas e analisadas as ferramentasconsiderando as categorias anteriormente descritas. A segunda e ltima parte do artigotraz algumas consideraes importantes sobre os mtodos estudados e sobre a etapafinal do projeto que trata de sua anlise comparativa.

    2. DESCRIO DAS FERRAMENTAS

    2.1. O Ecological Footprint Method

    2.1.1. Histrico

    Dentre os mtodos selecionados para realizar esta anlisecomparativa, o mais lembrado pelos especialistas foi o Ecological Footprint Method. Olanamento do livro Our Ecological Footprint, de Wackernagel e Rees (1996), um trabalhopioneiro sobre este sistema, marca definitivamente a utilizao desta ferramenta paramedir e comunicar o desenvolvimento sustentvel. Embora este trabalho no seja oprimeiro que aborde explicitamente este conceito, foi ele que marcou o incio dediversos trabalhos de pesquisadores e organizaes no desenvolvimento destaferramenta. Uma obra mais recente, Sharing Natures Interest, tambm de Wackernagel

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    e com a contribuio de Chambers e Simmons (2000), traz o resultado do aumento deinteresse sobre esta ferramenta com a contribuio de mais de 4.000 websites quetratam da utilizao deste sistema para as mais diferentes aplicaes.

    A descrio do mtodo, bem como das suas bases tericas, deriva

    basicamente das idias destes autores e das principais publicaes sobre a ferramenta.A descrio e a anlise foram realizadas a partir dos pressupostos que os autores domtodo assumem quando procuram explicar seu funcionamento e responder a algumascrticas a seu respeito. A grande quantidade de informaes e as vrias aplicaes daferramenta para diferentes sistemas explicam o alto grau de reconhecimento obtidopelo mtodo junto aos especialistas consultados.

    2.1.2. Fundamentao Terica - Emprica

    Os mais variados especialistas da rea de meio ambiente afirmam queuma ferramenta de avaliao pode ajudar a transformar a preocupao com asustentabilidade em uma ao pblica consistente. A ferramenta proposta porWackernagel & Rees (1996) denominada Ecological Footprint Method, termo quepode ser traduzido como "pegada ecolgica" e que representa o espao ecolgicocorrespondente para sustentar um determinado sistema ou unidade. Esta tcnica considerada pelos autores tanto como analtica quanto como educacional, sendo queela no s analisa a sustentabilidade das atividades humanas como tambm contribuipara a construo de conscincia pblica a respeito dos problemas ambientais e auxilia

    no processo decisrio. O processo de avaliao refora sempre a viso da dependnciada sociedade humana em relao a seu ecossistema.O Ecological Footprint Method descrito pelas pessoas que o desenvolveram

    como uma ferramenta que transforma o consumo de matria-prima e a assimilao dedejetos, de um sistema econmico ou populao humana, em rea correspondente deterra ou gua produtiva. Para qualquer grupo de circunstncias especficas, comopopulao, matria-prima, tecnologia existente e utilizada, razovel estimar umarea equivalente de gua e/ou terra. Portanto, por definio, o Ecological Footprint area de ecossistema necessria para assegurar a sobrevivncia de uma determinada

    populao ou sistema. O mtodo representa a apropriao de uma determinadapopulao sobre a capacidade de carga do sistema total (WACKERNAGEL & REES,1996; CHAMBERS et al., 2000).

    O Ecological Footprint Method fundamenta-se basicamente no conceitode capacidade de carga. Para efeito de clculo, a capacidade de carga de um sistemacorresponde mxima populao que pode ser suportada indefinidamente no sistema.Entretanto, parece que esta definio no adequada para a sociedade, uma vez quea espcie humana tem a capacidade de aumentar consideravelmente seu espao naecosfera atravs da utilizao de tecnologia, eliminao de espcies concorrentes,

    importao de recursos escassos etc. Os autores do sistema reforam esta inadequaoquando utilizam a definio de Catton (1986) que afirma que a capacidade de cargase refere especificamente carga mxima que pode ser, segura e persistentemente,

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    imposta ao meio ambiente pela sociedade. Para os autores do sistema, a carga no apenas decorrente da populao humana mas tambm da distribuio per capita doconsumo desta populao. Como resultado desta distribuio, a presso relativa sobreo meio ambiente est crescendo proporcionalmente de forma mais rpida do que o

    crescimento populacional.Sendo ecolgica a base do desenvolvimento humano, o mtodo EcologicalFootprint refora a necessidade de introduzir a questo da capacidade de carga nasociedade. Entretanto seus autores tambm abordam, em suas obras, alguns pontoscrticos do sistema. A carga imposta por uma populao varia em funo de diversosfatores como: receita mdia, expectativas materiais e nvel de tecnologia, isto , energiae eficincia material. De fato, a capacidade de carga imposta uma funo tanto defatores culturais como da produtividade ecolgica. O ser humano, alm de seumetabolismo biolgico, possui um "metabolismo" industrial e cultural. O mtodo

    Ecological Footprint supera esta limitao, invertendo a interpretao tradicional doconceito de capacidade de carga. O mtodo no procura definir a populao parauma determinada rea geogrfica em funo da presso sobre o sistema, mas, sim,calcular a rea requerida por uma populao de um determinado sistema para queesta populao se mantenha indefinidamente.

    Resumidamente, este mtodo consiste em definir a rea necessria paramanter uma determinada populao ou sistema econmico indefinidamente,fornecendo:a) energia e recursos naturais e

    b) capacidade de absorver os resduos ou dejetos do sistema.O tamanho da rea requerida vai depender das receitas financeiras, datecnologia existente, dos valores predominantes dentro do sistema e de outros fatoressocioculturais. O Ecological Footprint Method completo deve incluir tanto a rea deterra exigida direta e indiretamente para atender o consumo de energia e recursos,como tambm a rea perdida de produo de biodiversidade em funo decontaminao, radiao, eroso, salinizao e urbanizao (WACKERNAGEL & REES,1996; CHAMBERS et al., 2000).

    O modelo assume que todos os tipos de energia, o consumo de

    material e a descarga de resduos demandam uma capacidade de produo e/ouabsoro de uma rea finita de terra ou gua. Os clculos desse modelo incorporam asreceitas mais relevantes determinadas por valores socioculturais, tecnologia e elementoseconmicos para a rea estudada. O "ecological footprint" per capita definido pelosomatrio de rea apropriada para cada bem ou produto e o "footprint" total, por suavez, obtido multiplicando o footprint per capita pela populao total (HARDI &BARG, 1997).

    O procedimento de clculo do mtodo baseado na idia de que paracada item de matria ou energia consumida pela sociedade existe uma certa rea de

    terra, em um ou mais ecossistemas, que necessria para fornecer o fluxo destesrecursos e absorver seus dejetos. Neste sentido, para determinar a rea total requeridapara suportar um certo padro de consumo, as implicaes em termos de utilizao de

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    terra devem ser estimadas. Como no possvel estimar a demanda por rea produtivapara proviso, manuteno e disposio de milhares de bens de consumo, os clculosse restringem s categorias mais importantes e a alguns itens individuais.

    A estrutura bsica da abordagem adota a seguinte ordem: primeiro se

    calcula a mdia anual de consumo de itens particulares de dados agregados, nacionaisou regionais, dividindo o consumo total pelo tamanho da populao. Muitos dos dadosnecessrios para esta primeira etapa esto disponveis em tabelas estatsticas de governosou de organizaes no governamentais. O passo seguinte determinar, ou estimar, area apropriadaper capita para a produo de cada um dos principais itens de consumo.Isto realizado dividindo-se o consumo anualper capita (kg/capita) pela produtividademdia anual (kg/ha). Os autores lembram que alguns itens de consumo incorporamdiversas entradas, e a estimativa de rea apropriada por cada entrada significantetorna o clculo do Ecological Footprint mais complicado e tambm mais interessante do

    que aparece no conceito mais bsico do sistema. A rea do Ecological Footprint mdiapor pessoa calculada pelo somatrio das reas de ecossistema apropriadas por cadaitem de consumo de bens ou servios. No final, a rea total apropriada obtida atravsda rea mdia apropriada multiplicada pelo tamanho da populao total.

    A maioria das estimativas existentes do Ecological Footprint Method baseada em mdias de consumo nacionais e mdias mundiais de produtividade daterra. Esta uma padronizao no procedimento para que se possa efetuar e facilitarestudos de caso e comparaes entre regies e pases. Os autores afirmam, porm, queanlises mais sofisticadas e detalhadas, que procuram encontrar estimativas mais

    realistas, devem utilizar estatsticas locais ou regionais de produo e consumo. Osautores do sistema consideram adequada, no caso de clculo para regies menores, autilizao de dados especficos da regio para que se possa comparar com os dadosencontrados em levantamentos nacionais. Estes procedimentos podem revelar, atravsdo tamanho do "ecological footprint", os efeitos das variaes regionais dos padres deconsumo, produtividade e modelo de gesto. Estudos desse tipo tambm podem ajudara identificar e eliminar erros e contradies aparentes no sistema (WACKERNAGEL& REES, 1996; CHAMBERS et al., 2000).

    2.1.3. Conceito de Desenvolvimento Sustentvel

    Quando procuram descrever o sistema do Ecological Footprint Method,Wackernagel e Rees (1996) abordam a questo da relao da sociedade com o meioambiente. Na concepo destes autores, existe atualmente um elevado grau deconsenso em relao ao fato de que o ecossistema terrestre no capaz de sustentarindefinidamente o nvel de atividade econmica e de consumo de matria-prima.Simultaneamente, o nvel de crescimento econmico mdio da economia avaliadopelo crescimento do PIB tem sido de 4% ao ano, o que implica um tempo estimado de

    18 anos para dobrar a atividade econmica.Para os autores da ferramenta, a base do conceito de sustentabilidade autilizao dos servios da natureza dentro do princpio da manuteno do capital

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    natural, isto , o aproveitamento dos recursos naturais dentro da capacidade de cargado sistema. Na perspectiva dos autores do Ecological Footprint Method, o modeloatual de desenvolvimento autodestrutivo e as diversas iniciativas para modificareste quadro no tm sido suficientemente efetivas para reverter o processo de

    deteriorao global. Enquanto isso, a presso sobre a integridade ecolgica e a sadehumana continua aumentando. Neste sentido, iniciativas mais efetivas para alcanara sustentabilidade so necessrias, incluindo-se o desenvolvimento de ferramentasque estimulem o envolvimento da sociedade civil e que avaliem as estratgias dedesenvolvimento, monitorando o progresso (WACKERNAGEL & REES, 1996;CHAMBERS et al., 2000).

    Para seus autores, o Ecological Footprint reflete a realidade biofsica. Elesreafirmam que o mtodo mostra uma natureza finita e que o sonho do crescimentoilimitado no realizvel. Advertem ainda que, apesar de atrativa, a viso do

    crescimento sem limites pode destruir a espcie. O mtodo proposto pelos autoresprovoca o reconhecimento de que a sociedade enfrenta atualmente um desafio, tornaeste desafio aparente e direciona a ao para alcanar padres de vida mais sustentveis.Na perspectiva da ferramenta de avaliao, o primeiro passo para um mundo maissustentvel aceitar as restries ecolgicas e os desafios socioeconmicos que estasrestries exigem.

    Segundo Chambers (CHAMBERS et al., 2000) a maioria das anlisesconsidera o meio ambiente como externo, separado das pessoas e do mundo do trabalho,um fato decorrente de herana cultural e tica. Os autores partem de uma perspectiva

    diferente, afirmando que o mundo natural no pode ser separado do mundo do trabalho.Em termos de fluxo de matria e energia, simplesmente no existe o termo externo,sendo que a economia humana nada mais do que um subsistema da ecosfera, umadas premissas bsicas do sistema, segundo os autores. A sustentabilidade exige que sepasse da gesto dos recursos para a gesto da prpria humanidade. Se o objetivo viver de uma maneira sustentvel, deve-se assegurar que os produtos e processos danatureza sejam utilizados numa velocidade que permita sua regenerao. Apesar dastendncias de destruio do sistema de suporte, a sociedade opera como se este sistemafosse apenas uma parte da economia.

    Para Wackernagel & Rees (1996), a confuso envolvendo o conceito dedesenvolvimento sustentvel no totalmente inocente; de alguma maneira, paraestes autores, esta discusso reflete os conflitos de interesse acerca do tema. Elesargumentam que a sustentabilidade na verdade um conceito simples, ao menosconceitualmente, e ponderam que as implicaes do modelo Ecological Footprint Methodpodem ajudar a entender pelo menos as necessidades ecolgicas para se alcanar umasociedade sustentvel.

    A interpretao dos autores para a definio de desenvolvimentosustentvel, encontrada no Relatrio Brundtland, que o imperativo econmico

    convencional, maximizao da produo econmica, deve ser restringido em favordos imperativos sociais (minimizao do sofrimento humano atual e futuro) e ecolgicos(de proteo da ecosfera). O desenvolvimento sustentvel depende ento de reduzir

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    a destruio ecolgica, principalmente atravs da diminuio das trocas de energia ematria-prima dentro da economia. Neste sentido, a sustentabilidade para os autoresse assemelha proposta do Material Inputs per Service, MIPS, de desmaterializao daeconomia e do aumento da qualidade de vida, principalmente para a maioria mais

    pobre do mundo. Pela primeira vez o meio ambiente e a eqidade se tornam fatoresexplcitos dentro da questo do desenvolvimento.A sustentabilidade requer um padro de vida dentro dos limites impostos

    pela natureza. Utilizando uma metfora econmica, deve se viver dentro da capacidadedo capital natural. Embora o capital natural seja fundamental para a continuidade daespcie humana sobre a Terra, as tendncias mostram uma populao e consumo mdiocrescentes, com decrscimo simultneo deste mesmo capital. Estas tendncias levantama questo de quanto capital natural suficiente ou necessrio para manter o sistema.A discusso destas diferentes possibilidades que origina os conceitos de

    sustentabilidade forte e fraca.O ncleo da sustentabilidade se encontra, para os adeptos do sistemaEcological Footprint Method, na possibilidade da produo da natureza ser suficientepara atender s demandas presentes e futuras e para manter a economiaindefinidamente. O problema, segundo eles, que, convencionalmente, no modeloeconmico os fatores de produo podem ser substitudos uns pelos outros, a escassezde um fator leva substituio por outro, indefinidamente, e a noo de limitao completamente ignorada. A anlise baseada num fluxo circular de trocas.

    Uma das vantagens destacadas pelos autores do sistema sua adequao

    s leis da fsica, especialmente s leis de balano de massa e energia da termodinmica.Para Wackernagel & Rees (1996) a sociedade deve atentar para o conceito da segundalei da termodinmica. Uma outra vantagem apresentada pelo mtodo suaadaptabilidade s condies locais. Os autores colocam que no adianta apenas utilizaro fluxo de energia global, por exemplo do sol, por metro quadrado, quando esta energia diferentemente aproveitada nos diferentes sistemas da ecosfera. A questo ecolgicafundamental que se coloca dentro do desenvolvimento sustentvel se os estoques decapital natural sero suficientes para atender esta demanda antecipada de recursos.E, para os defensores do Ecological Footprint Method, este sistema aponta para esta

    questo diretamente, fornecendo um meio de comparao da produo do sistema daecosfera com o consumo gerado dentro da esfera econmica. Ele indica onde existeespao para maior crescimento econmico ou onde as sociedades extrapolaram acapacidade de carga (WACKERNAGEL & REES, 1996 e CHAMBERS et al., 2000).

    Apesar das vantagens enumeradas anteriormente, muitos crticosconsideram o sistema pouco cientfico, sendo que modelos do tipo proposto pelaferramenta representam apenas um retrato da realidade, e a capacidade da cincia decomprovar as interaes com o meio ambiente que levariam sua degradao limitada.Em relao a este e outros aspectos, os autores reconhecem que o modelo limitado,

    representando apenas uma parcela da realidade. Entretanto, grande parte dos modelosem cincia assim, e foi utilizada, na maioria das vezes, com sucesso. Os autores dosistema afirmam que o mtodo subestima a rea necessria para sustentar um

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    Bossel afirma que o Ecological Footprint Method captura, de maneira muitoeficiente, a esfera ambiental da sustentabilidade que afetada pela atividade econmicahumana mas, para este autor, o sistema no atua na dimenso social da sustentabilidade(BOSSEL, 1999). A ferramenta aborda apenas a questo dos recursos naturais e, emboraseus autores afirmem a preocupao com a economia e a sociedade, a ferramenta nose ocupa destes campos. A maior preocupao refere-se reduo dos impactos dasatividades antropognicas (DEVELOPING IDEAS, 1997).

    Uma outra limitao, segundo Hardi & Barg (1997), refere-se ao fato deo sistema ser esttico, no permitindo extrapolaes no tempo. Os resultados refletem

    um estado atual e a ferramenta no pretende fazer extrapolaes, apenas sensibilizar asociedade. O sistema tambm no inclui diversas questes importantes, que muitasvezes esto diretamente relacionadas utilizao da terra, como reas perdidas deprodutividade biolgica em funo de contaminao, eroso e utilizao urbana. OEcological Footprint Method apenas considera os efeitos econmicos das decises relativas utilizao de recursos. Estas simplificaes na metodologia de clculo muitas vezeslevam a perspectivas mais otimistas do que efetivamente ocorre na realidade.

    2.2. O Dashboard of Sustainability

    2.2.1. Histrico

    As pesquisas sobre o Dashboard of Sustainability se iniciaram na segundametade dos anos noventa num esforo concentrado de vrias instituies para sealcanar uma ferramenta robusta de indicadores de sustentabilidade que fosse aceitainternacionalmente. Este trabalho liderado atualmente pelo Consultative Group onSustainable Development Indicators, CGSDI, um grupo de trabalho que funciona atravsde uma rede de instituies que operam na rea de desenvolvimento e utilizam sistemas

    de indicadores de sustentabilidade.Para responder necessidade de harmonizar os trabalhos internacionaisem indicadores de sustentabilidade e com foco nos desafios tericos de criar um sistemasimples mas que ao mesmo tempo representasse a complexidade da realidade, o WallaceGlobal Fund iniciou um projeto em colaborao com diversos especialistas que resultouna criao em 1996 do Consultative Group on Sustainable Development Indicators. Estegrupo consultivo tem como misso promover cooperao, coordenao e estratgiasentre indivduos e instituies-chave que trabalham no desenvolvimento e utilizaode indicadores de desenvolvimento sustentvel.

    Depois de intenso trabalho, incluindo a reviso de ndices agregados jexistentes, debates conceituais sobre diferentes sistemas e discusses a respeito dosaspectos tcnicos dos sistemas de indicadores, o Consultative Group on Sustainable

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    Development Indicators organizou seu primeiro encontro em Middleburg, Virginia,em janeiro de 1998.

    Aps inmeros debates, o grupo decidiu pela criao e desenvolvimentode um sistema conceitual agregado que fornecesse informaes acerca da direo do

    desenvolvimento e seu grau de sustentabilidade. Este sistema ficou conhecido comoCompass of Sustainability, Compasso da Sustentabilidade, e foi refinado durante todo oano de 1998.

    De janeiro a maro de 1999, o Consultative Group concentrou-se emconectar seu trabalho com a iniciativa de desenvolvimento de indicadores do BellagioForum for Sustainable Development. Como resultado desta integrao, este grupo crioua metfora do painel que resultou no modelo denominado Dashboard of Sustainability.Este sistema foi endossado por todos os participantes do grupo consultivo que, almdisso, propuseram a criao de um prottipo desta ferramenta a partir da sugesto das

    dimenses da sustentabilidade propostas pelos participantes de seu ltimo workshop.

    2.2.2. Fundamentao Terica - Emprica

    A palavra Dashboard, "painel" em portugus, se refere ao conjunto deinstrumentos de controle situado abaixo do pra-brisa de um veculo. O termoDashboard of Sustainability representa para Hardi (2000) uma metfora do painel deum automvel. Para Hardi, o formato do Dashboard of Sustainability constitui umaimportante ferramenta para auxiliar os tomadores de deciso, pblicos e privados, a

    repensar suas estratgias de desenvolvimento e a especificao de suas metas. Trata-se de uma apresentao atrativa e concisa da realidade que pode chamar a atenodo pblico-alvo.

    Uma representao grfica recente do sistema do Dashboard of Sustainability construda atravs de um painel visual de trs displays, que correspondem a trsgrupos ou blocos (clusters). Estes mostradores procuram mensurar a performanceeconmica, social e ambiental de um pas ou qualquer outra unidade de interessecomo municpios, empreendimentos etc. A representao esquemtica deste paineldo Dashboard of Sustainability apresentada na Figura 1.

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    Os mostradores so denominados de performance da economia, da sadesocial e da qualidade ambiental, para o caso de um pas, ou de performance daeconomia, da responsabilidade social e do desempenho ambiental, no caso de umempreendimento. Cada um dos mostradores possui uma seta que aponta para um valorque reflete a performance atual do sistema. Um grfico procura refletir as mudanasde desempenho do sistema avaliado e existe um medidor que mostra a quantidaderemanescente de alguns recursos crticos.

    Conceitualmente, o Dashboard of Sustainability um ndice agregado devrios indicadores dentro de cada um dos mostradores citados anteriormente; a partirdo clculo destes ndices deve-se obter o resultado final de cada mostrador. Umafuno adicional calcula a mdia destes mostradores para que se possa chegar a umndice de sustentabilidade global ou Sustainable Development Index, SDI. Se o objetivo avaliar o processo decisrio, um ndice de performance poltica, Policy PerformanceIndex, PPI, calculado.

    A principal fonte de informaes atuais sobre o Dashboard of Sustainability o International Institute for Sustainable Development que coordena o desenvolvimento

    do sistema. Para os pesquisadores desta instituio, indicadores so apresentaes demedidas, so unidades de informao que resumem as caractersticas de um sistemaou realam alguns pontos deste sistema. Eles simplificam fenmenos mais complexos e

    Figura 1 - O Dashboard of Sustainability

    Fonte: adaptado de Hardi & Zdan, 2000.

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    podem ser encontrados em todas as esferas (econmica, social, na rea mdica, nasorganizaes etc). Neste sentido, os indicadores devem facilitar o processo decomunicao acerca do desenvolvimento sustentvel, transformando este conceitoem dados numricos, medidas descritivas e sinais orientativos.

    Para os autores do sistema, uma metodologia de agregao apropriada necessria para que o sistema tenha credibilidade junto aos principais atores envolvidosno processo, desde a opinio pblica at os especialistas da rea. Existe um grandenmero de indicadores para cada um dos trs agrupamentos propostos, e uma tarefapreliminar no processo de desenvolvimento do sistema foi a de decidir quais indicadorespoderiam ser utilizados dentro de cada um dos mostradores do Dashboard of Sustainability.

    Trabalhos nesta rea foram desenvolvidos pelo grupo de pesquisa e oconjunto de indicadores para cada uma das reas foi determinado. As informaescapturadas dentro de cada um dos grupos podem ser apresentadas de uma maneira

    concisa na forma de um ndice.Cada um dos indicadores dentro dos escopos ou dimenses dasustentabilidade propostos pelo sistema, pode ser avaliado tanto em termos desustentabilidade como no nvel do processo decisrio a partir de dois elementosprincipais: importncia e performance. A importncia de um determinado indicador revelada pelo tamanho que este assume frente aos outros na representao visual dosistema correspondente. J o desempenho do indicador mensurado atravs de umaescala de cores que varia do verde at o vermelho. O agrupamento dos indicadoresdentro de cada um dos escopos fornece a resultante ou o ndice relativo desta dimenso.

    Existe um grande consenso de que, em funo da praticidade e efetividade, prefervel medir a sustentabilidade a partir de suas dimenses. A utilizao dedimenses, ou grupos de indicadores agrupados, pode facilitar o emprego de medidasque esto alm dos fatores puramente econmicos e incluir um balano de sinais quederivam do bem-estar humano e ecolgico. Os agrupamentos mais discutidos dasdimenses da sustentabilidade so, segundo Hardi (2000):02 dimenses - bem-estar humano e bem-estar ecolgico;03 dimenses - bem-estar humano, ecolgico e econmico;04 dimenses- riqueza material e desenvolvimento econmico, eqidade e aspectos

    sociais, meio ambiente e natureza, democracia e direitos humanos.Para cada dimenso, um ndice agregado deve incluir medidas do estado,do fluxo e dos processos relacionados. O objetivo medir a utilizao de estoques efluxos para cada dimenso. Existem fortes candidatos de ndices agregados querepresentam as dimenses econmica e ambiental. Os autores da ferramenta citam oEnviromental Pressure Index e at o Ecological Footprint, que foi discutido na seo anterior.Estes ndices podem representar o fluxo dentro da dimenso ambiental do sistema. Osestoques ambientais podem ser representados pela capacidade ambiental, uma medidaincluindo estoque de recursos naturais e tipos de ecossistema por rea e qualidade.

    Os fluxos dentro da dimenso econmica podem ser representados pelo prprio ProdutoInterno Bruto ou um novo ndice de performance econmica que inclua outros aspectosimportantes, como desemprego e inflao. Os bens de capital podem incluir bens de

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    propriedade e infra-estrutura e, segundo Hardi (2000), estes ndices tm uma razovelchance de ser aceitos amplamente nos prximos anos.

    A ferramenta disponvel atualmente utiliza um painel com trs mostradoresque representam a sustentabilidade do sistema no que se refere s dimenses propostas

    e deve ser usado para a comparao entre naes, porm a ferramenta tambm podeser aplicada para ndices urbanos e regionais. Atualmente, segundo os autores, todosos indicadores, dentro de cada um dos escopos, possuem peso igual. Os trs mostradores,ou dimenses, igualmente tm o mesmo peso e devem gerar um ndice geral desustentabilidade agregado, o Sustainable Development Index. Os autores argumentamque nem todas as questes representadas pelos indicadores so igualmente importantes.,Entretanto, neste estgio do sistema, no existem alternativas a uma mdia simples, eas distores causadas por este aspecto no devem produzir efeitos significativos nondice geral.

    A performance do sistema apresentada atravs de uma escala de coresque varia do vermelho-escuro (crtico), passando pelo amarelo (mdio), at o verde-escuro (positivo).

    Inicialmente, o sistema foi operacionalizado para a comparao de pasesa partir de 46 indicadores que compunham as trs dimenses utilizadas. Estes indicadoresformam a base de dados do Consultative Group on Sustainable Development Indicators,que cobre aproximadamente 100 naes. Para transformar estes dados em informaes,foi construdo um algoritmo de agregao e de apresentao grfica; este software foidesenvolvido pelo grupo consultivo e utiliza um sistema de pontos de 1, pior caso, at

    1.000, melhor experincia existente para cada um dos indicadores de cada uma dasdimenses. Todos os outros valores so calculados atravs de interpolao linear entreestes extremos e, em alguns casos onde no existam dados suficientes, utilizam-seesquemas de correo para garantir um nmero suficiente de pases dentro de cadacategoria de cor.

    Os dados referentes a cada um dos indicadores, dentro de cada uma dasdiferentes dimenses, so agregados, e o ndice geral de sustentabilidade das trsdimenses calculado pelo algoritmo. Informaes da base de dados de cada um dospases podem ser comparadas atravs de seus indicadores ou ndices. O sistema

    suficientemente flexvel e as dimenses podem ser modificadas de acordo com asnecessidades dos usurios, sem alterar contudo a base do sistema.

    2.2.3. Conceito de Desenvolvimento Sustentvel

    A maior dificuldade para avaliar a sustentabilidade, segundo Hardi(2000), o desafio de explorar e analisar um sistema holstico. Para este autor, umaviso holstica no requer apenas uma viso dos, por si s complexos, sistemas econmico,social e ecolgico, mas tambm a interao entre estes sistemas. Estas interaes

    normalmente amplificam a complexidade das questes, criando obstculos para aquelesque esto preocupados em gerenciar ou avaliar os sistemas. As tentativas para capturaresta complexidade so geralmente consideradas essenciais, e os sistemas so

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    normalmente agrupados de acordo com a extenso do sucesso em alcanar toda estacomplexidade.

    O Dashboard of Sustainability foi construdo a partir de uma viso holsticacom uma abordagem relacionada teoria dos sistemas. Na sua forma mais geral, na

    teoria dos sistemas, dois sistemas so considerados: o sistema humano e o circundanteecossistema. J nos modelos especficos, a economia e as instituies sociais soconsideradas como sistemas separados. O Dashboard of Sustainability foi construdo apartir desta viso mais recente (NILSSON & BERGSTRM, 1995).

    Para os autores da ferramenta, indicadores de sustentabilidade referem-se combinao das tendncias ambientais, econmicas e sociais. Estes sistemas devemmostrar a interao destas trs dimenses, sendo que o projeto de bons indicadores desustentabilidade tarefa difcil. A maioria dos atuais sistemas de indicadores surgiudurante o sculo XX e aborda as diferentes dimenses separadamente. Sistemas gerais

    de indicadores, relacionados com o desenvolvimento sustentvel, surgiram apenas naltima dcada mas tm avanado rapidamente.Hardi destaca que o Dashboard of Sustainability foi projetado para

    informar aos tomadores de deciso, mdia e ao pblico em geral da situao dedesenvolvimento de um determinado sistema, pblico ou privado, de pequena ougrande escala, nacional, regional, local ou setorial, em relao sua sustentabilidade(HARDI, 2000).

    Trata-se de uma ferramenta fundamental de comunicao, que pode servircomo importante guia para os tomadores de deciso e para o pblico em geral. O

    sistema emprega meios visuais de apresentao para mostrar as dimenses primriasda sustentabilidade, fornecendo informaes quantitativas e qualitativas sobre oprogresso em direo sustentabilidade. O sistema permite a apresentao de relaescomplexas num formato altamente comunicativo, as informaes so "palatveis" tantopara os especialistas de uma rea, que s tm que lidar com a interao dos ndices,como para o pblico mais leigo. Este pblico pode ter uma avaliao rpida atravs dosistema dos pontos fortes e fracos de seu desenvolvimento

    Apesar das vantagens enumeradas anteriormente, o sistema aindaapresenta muitas limitaes. Embora mais consistente e transparente em sua forma e

    apresentao do que a maioria dos outros ndices existentes, os autores ressaltam queo sistema ainda se encontra longe de sua verso final. Para que a ferramenta se tornemais relevante e atrativa o suficiente para os principais atores envolvidos comexperincias de avaliao, os indicadores preliminares devem ser substitudos por umgrupo de indicadores reconhecidos internacionalmente. Os autores do sistema sugeremos indicadores relacionados pela Comisso de Desenvolvimento Sustentvel das NaesUnidas, que abordam quatro dimenses: econmica, social, ecolgica e institucional.Estas dimenses foram efetivamente incorporadas na ltima verso do sistema,preparada para a Cpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentvel, realizada em

    Johanesburgo, na frica do Sul.Simultaneamente, importante constituir uma instituio que forneasuporte cientfico adequado, que atualize os indicadores e que desenvolva sistemas

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    de integrao e comunicao. Os problemas complexos do desenvolvimento sustentvelrequerem indicadores integrados, ou indicadores agregados em ndices. Os tomadoresde deciso necessitam destes ndices, que devem ser facilmente entendveis e utilizadosno processo decisrio. A tentativa de se criar um ndice de desenvolvimento sustentvel

    deve ser til, na medida em que conduz a um esforo concentrado para se obter umtipo de ferramenta que apresente a complexidade do sistema de uma maneira maissimples. Mesmo a mais modesta experincia ou esforo de apresentao de ndices ouindicadores agregados pode levar as novas geraes de polticos e tomadores de decisoem direo s metas do desenvolvimento sustentvel.

    2.3. O Barometer of Sustainability

    2.3.1. Histrico

    A ferramenta de avaliao conhecida como Barometer of Sustainability ouBarmetro da Sustentabilidade foi desenvolvida por diversos especialistas, ligadosprincipalmente a dois institutos, o The World Conservation Union, IUCN e o TheInternational Development Research Centre, IDRC. Este mtodo foi desenvolvido comoum modelo sistmico dirigido prioritariamente aos seus usurios com o objetivo demensurar a sustentabilidade. O Barometer of Sustainability destinado, segundosseus autores, s agncias governamentais e no governamentais, tomadores de decisoe pessoas envolvidas com questes relativas ao desenvolvimento sustentvel, em

    qualquer nvel do sistema, do local ao global (PRESCOTT-ALLEN, 1997).2.3.2. Fundamentao terica

    Prescott-Allen um dos principais pesquisadores envolvidos nodesenvolvimento desta ferramenta e, segundo este pesquisador, uma caractersticaimportante do Barometer of Sustainability a capacidade de combinar indicadores,permitindo aos usurios chegarem a concluses a partir de muitos dados considerados,por vezes, contraditrios (PRESCOTT-ALLEN, 1999). Este autor considera que aavaliao do estado das pessoas e do meio ambiente em busca do desenvolvimentosustentvel requer indicadores de uma grande variedade de questes ou dimenses.Existe a necessidade de integrar dados relativos a vrios aspectos de um sistema,como, por exemplo: qualidade da gua, emprego, economia, educao, crime, violnciaetc. Embora cada indicador possa representar o que ocorre dentro de uma reaespecfica, a falta de ordenao e combinao coerente dos sinais que estes emitemconduz a dados relativos e altamente confusos (PRESCOTT-ALLEN, 1999, 2001).

    Para se obter uma viso mais clara do conjunto e da direo em que semove uma sociedade, em termos de interao meio ambiente e sociedade, osindicadores devem ser combinados de uma maneira coerente. As medidas dos

    indicadores, quando vistos separadamente, representam uma srie de elementosdiferentes e, para este autor, necessria uma unidade comum para que no ocorradistoro.

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    Prescott-Allen oferece como soluo para este problema a utilizao deescalas de performance para combinar diferentes indicadores. Este autor afirma queuma escala de performance fornece uma medida de quo boa uma varivel emrelao a variveis do mesmo tipo. Bom ou timo so definidos como um extremo da

    escala e ruim ou pssimo como o outro, assim as posies dos indicadores podem seresboadas dentro desta escala. Uma escala de performance permite que se utilize amedida mais apropriada para cada um dos indicadores. O resultado um grupo demedidas de performance, todas utilizando a mesma escala geral, possibilitando, assim,a combinao e a utilizao conjunta dos indicadores (PRESCOTT-ALLEN, 1999).

    O conceito de escala de performance uma das caractersticasfundamentais desta ferramenta. Considerando a impossibilidade de mensurar o sistemacomo um todo, no que se refere sociedade e ecosfera, e a inexistncia de umaferramenta para tal, Prescott-Allen (1999) afirma que o Barometer of Sustainability

    procura medir os aspectos mais representativos do sistema atravs de indicadores. Naferramenta de avaliao desenvolvida por este autor a escolha dos indicadores feitaatravs de um mtodo hierarquizado, que se inicia com a definio do sistema e dameta, e deve chegar aos indicadores mensurveis e seus critrios de performance. Ahierarquia do sistema assegura que um grupo de indicadores confiveis retrate deforma adequada o estado do meio ambiente e da sociedade. Trata-se, para Prescott-Allen, de um caminho lgico para transformar os conceitos gerais do desenvolvimentosustentvel, bem-estar e progresso em um grupo de condies humanas e ecolgicasconcretas.

    O Barometer of Sustainability uma ferramenta para a combinao deindicadores e mostra seus resultados por meio de ndices. Estes ndices so apresentadosatravs de uma representao grfica, procurando facilitar a compreenso e dar umquadro geral do estado do meio ambiente e da sociedade. Esta representao podeapresentar a dimenso principal de cada ndice para realar aspectos de performanceque meream mais ateno, sendo adequada tambm para comparaes entre diferentesavaliaes.

    Cada indicador emite um sinal e quanto mais indicadores forem utilizadosmais sinais podero ser observados. Um indicador isolado no fornece um retrato da

    situao como um todo e, apenas, atravs da combinao dos indicadores possvel seobter uma viso geral do estado da sociedade e do meio ambiente. O Barometer ofSustainability procura avaliar o progresso em direo sustentabilidade atravs daintegrao de indicadores biofsicos e de sade social. O desenvolvimento do sistemarequer pessoas que determinem explicitamente suas suposies sobre o bem-estar doecossistema e o bem-estar humano; deste modo, uma classificao, ou ranking, podeser construda dentro dos nveis desejados. A ferramenta de avaliao uma combinaodo bem-estar humano e do ecossistema, sendo que cada um deles mensuradoindividualmente por seus respectivos ndices. Os indicadores, para formar estes ndices,

    so escolhidos apenas se puderem ser definidos em termos numricos. Processosposteriores permitem aos atores envolvidos no processo determinar o nvel desustentabilidade que se deseja alcanar (BOSSEL, 1999).

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    Para calcular ou medir o progresso em direo sustentabilidade, socalculados os valores para os ndices de bem-estar social e da ecosfera, bem como osdos subndices, caso existam. O ndice de bem-estar do ecossistema identificatendncias da funo ecolgica no tempo. uma funo da gua, terra, ar,

    biodiversidade e utilizao dos recursos. O ndice de bem-estar humano representa onvel geral de bem-estar da sociedade e uma funo do bem-estar individual, sade,educao, desemprego, pobreza, rendimentos, crime, bem como negcios e atividadeshumanas. Trata-se de um grfico bidimensional onde os estados do bem-estar humanoe do ecossistema so colocados em escalas relativas, que vo de 0 a 100, indicandouma situao de ruim at boa em relao sustentabilidade. A localizao do pontodefinido por estes dois eixos, dentro do grfico bidimensional, fornece uma medida desustentabilidade ou insustentabilidade do sistema. A representao grfica dosresultados obtidos com a utilizao desta ferramenta pode ser visualizada na Figura 2.

    Figura 2 - O Barometer of Sustainability

    Fonte: Prescott-Allen, 2001

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    Os ndices calculados para cada uma das dimenses do sistema soplotados no grfico a partir de seus respectivos eixos. O ponto de interseco entreestes ndices, representados dentro do grfico, fornece um retrato acerca dasustentabilidade do sistema. As tendncias podem representar o progresso, ou no, de

    uma determinada cidade, estado, ou nao.A escala utilizada no Barometer of Sustainability, para cada um dos eixos,varia de 0 a 100, consistindo em 100 pontos e uma base 0. Ela est dividida em cincosetores de 20 pontos cada, mais sua base equivalente a 0. Cada setor corresponde auma cor, que varia do vermelho at o verde; como pode ser observado na figura 2.

    Os meios para a escolha de indicadores so descritos por um sistemadenominado PRAM Participatory and Reflective Analytical Mapping, que foi desenvolvidopelo IUCN. Para Prescott-Allen, alguns elementos so importantes na escolha dosindicadores. Um deles refere-se ao fato de que uma escala de performance pode

    utilizar-se apenas de indicadores que podem ter um valor de performance. Osindicadores devem ser escolhidos na medida em que possam assumir valores aceitveisou inaceitveis dentro desta escala. Indicadores que possam assumir valores neutros,ou que so insignificantes ou de significncia desconhecida, devem ser excludos dosistema. Por outro lado, indicadores puramente descritivos devem ser ignorados, umavez que so parte do contexto e no podem ser modificados.

    A avaliao segue um ciclo de seis estgios. Procura-se inicialmente partirda viso geral da sustentabilidade para alcanar os seus principais indicadores. Osestgios definidos pelo autor so:

    1. Definir o sistema e as metas. O sistema consiste nas pessoas e no ambiente darea a ser avaliada. As metas abrangem uma viso sobre o desenvolvimentosustentvel e fornecem a base para a deciso sobre o que realmente a avaliaodeve medir.

    2. Identificar questes e objetivos. Questes so assuntos-chave ou preocupaesprincipais, caractersticas da sociedade humana e do ecossistema que devem serconsiderados para se ter uma real viso de sua situao. Objetivos fazem as metasmais especficas.

    3. Escolha dos indicadores e critrios de performance. Indicadores so aspectos

    mensurveis e representativos de uma questo e os critrios de performance soos padres alcanveis e desejveis para cada um dos indicadores.4. Medio e organizao dos indicadores. Os resultados dos indicadores devem ser

    guardados em suas medidas originais, a eles devem ser atribudos os escoresrelativos ao critrio da escala de performance e depois organizados.

    5. Combinao dos indicadores. Os resultados dos indicadores devem ser combinadosdentro da hierarquia do sistema e de cada um dos eixos separadamente.

    6. Alocao, organizao e reviso dos resultados. Fornecer uma leitura visual dosresultados para que esta revele um quadro geral da situao atravs de um ndice

    de performance. A reviso pode ligar a avaliao ao pela anlise dos resultados,sugerindo quais aes so necessrias e onde devem ser aplicadas. A revisotambm fornece um diagnstico para a elaborao de programas e projetos.

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    O sistema foi projetado para comportar um grande nmero de questesdentro de um pequeno grupo principal. As dimenses so amplas o suficiente paraacomodar a maioria das preocupaes das sociedades atuais, sendo que qualquerquesto considerada importante para o bem-estar da sociedade e do meio ambiente

    tem seu lugar dentro de uma das dimenses. Estas dimenses representam conceitosque no so puramente tcnicos, que so igualmente importantes e facilmentecombinveis dentro de ndices de bem-estar.

    2.3.3. Conceito de Desenvolvimento Sustentvel

    O Barometer of Sustainability foi pensado e desenvolvido por uma equipeinterdisciplinar e, embora exista uma diferena no enfoque de cada um dos membrosda equipe, o sistema desenvolvido compartilha alguns princpios-chave. O grupo que

    desenvolveu a ferramenta afirma que existem quatro passos interligados para se entendero conceito de desenvolvimento sustentvel:1. Globalidade: considera que as pessoas fazem parte do ecossistema; as pessoas e os

    ecossistemas devem ser tratados conjuntamente e com igual importncia. Asinteraes entre pessoas e o ambiente so complexas e pouco entendidas at omomento, dessa maneira deve-se...

    2. Levantar questes: deve-se reconhecer a falta de conhecimento existente sobreestas relaes e levantar questes relevantes. No se pode avaliar nada sem quese saiba quais as perguntas que devem ser feitas. Para serem teis e levar ao

    progresso, estas questes precisam estar inseridas dentro de um contexto, destamaneira necessita-se de...3. Instituies reflexivas: o contexto das questes a serem levantadas institucional.

    Trata-se, na verdade, de grupos de pessoas atuando juntas para questionar eaprender coletivamente. Este processo de reflexo deve, sugere-se, levar a umaabordagem que ...

    4. Focada nas pessoas: que so, ambos, problema e soluo. O principal cenrio paraa ao est na influncia e na motivao do comportamento das pessoas(PRESCOTT-ALLEN, 1997).

    Prescott-Allen (1997) afirma que ferramentas para avaliao desustentabilidade devem ser adaptadas s circunstncias locais e, para que se utilizeeste sistema corretamente, os aspectos anteriormente citados devem ser observados.Para este autor trata-se de reconhecer a globalidade do homem e do meio ambiente,que devem ser vistos como um todo; de decidir quais as questes que se pretenderesponder, antes de iniciar a busca por indicadores; e de criar oportunidades para osgrupos refletirem e aprenderem como instituies.

    Prescott-Allen (1999) discute tambm a questo dos pesos do meioambiente e da sociedade em um sistema com diferentes dimenses. Num sistema com

    trs dimenses, o peso atribudo sociedade , para este autor, duas vezes maior que odo meio ambiente, enquanto num sistema de quatro dimenses da CSD o peso trsvezes maior. J no sistema da OECD, com foco ambiental, a preocupao estritamente

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    ecolgica, desprezando-se as questes sociais e, no outro extremo, com a contabilidadeeconmica tradicional, pouca importncia dada para o meio natural.

    As vises de sustentabilidade diferem tambm pela maneira como osdiferentes componentes, humano e ecolgico podem ser substitudos um pelo outro.

    As vrias abordagens tm sido classificadas por economistas de sustentabilidade fraca,sensvel, forte e absurdamente forte (SERAGELDIN & STEER, 1994), ou de maneirasimilar por Pearce (1993). A sustentabilidade fraca no est preocupada com as partes,mas apenas com o todo ou a soma total do sistema; as partes, ou a reduo das mesmas,podem ser substitudas por outras, ou o aumento destas. Dessa maneira, a qualidadeambiental pode declinar de maneira isolada, mas pode ser compensada pelo incrementona qualidade de vida humana. O incremento do capital humano pode compensar asperdas do capital natural.

    A sustentabilidade sensvel est essencialmente interessada na

    manuteno do todo, mas d alguma ateno para as partes envolvidas. As partes soreconhecidas como sendo substituveis at certo ponto, e a partir deste ponto mnimono se pode prever os efeitos provocados, o que leva a um certo grau de prudnciaecolgica. A sustentabilidade forte requer a manuteno das partes do sistema, e dosistema como um todo, em boas condies; nenhuma das partes do sistema pode sersubstituda por outra e, em algumas verses, existe apenas uma limitada sustentabilidadedentro das partes. Na sustentabilidade muito forte, as partes devem ser mantidasintegralmente ou intactas.

    Pelas razes anteriormente expostas pelo autor, estas duas dimenses

    (humana e ecolgica) tm peso igual no seu sistema e so mensuradas separadamente.As informaes so organizadas em dois subsistemas: pessoas (comunidades humanas,economias e artefatos) e ecossistemas (comunidades ecolgicas, processos e recursos).Esta diviso entre pessoas e ecossistemas permite a comparao dos progressos nossistemas e possibilita avaliar o seu custo. Para Prescott-Allen, sem conhecer qualcombinao de bem-estar humano e ecolgico sustentvel, no possvel medir asustentabilidade de um sistema. Uma sociedade est mais prxima de ser sustentvelse sua condio (bem-estar) alta, e o estresse (oposto do bem-estar ambiental) sobreo sistema ecolgico baixo. O progresso em direo sustentabilidade pode ser mostrado,

    ento, pela quantidade de bem-estar humano adquirida por unidade de estresseecolgico.Uma das vantagens do sistema sua abordagem holstica, obtida atravs

    da integrao do bem-estar humano com o meio ambiente. O bem-estar humano e doambiente so combinados de uma maneira adequada, procurando preservar asinformaes do processo. O declnio de um determinado ndice no mascara ocrescimento de outro; isto particularmente importante no ndice geral, mas, segundoBossel (1999), no impede algum tipo de mascaramento no subndice, se este existir.Trata-se de uma excelente forma de apresentar graficamente o conceito de

    sustentabilidade, alm de permitir meios para uma anlise comparativa.A questo dos pesos, ou de como dividir a escala de performance, faz comque o mtodo no seja considerado cientfico para muitos autores. Entretanto o ndice

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    incorpora, de forma transparente, os valores dentro do conceito de sustentabilidade.Os clculos so, de certa maneira, complexos e podem ser realizados apenas se algumasmetas numricas ou padres existirem. O sistema utiliza uma escala percentual para amedida desta performance, utilizando os ndices de bem-estar humano e do

    ecossistema, calculando os subndices e fornecendo dados comparativos e dispositivosgrficos de apresentao (BOSSEL, 1999).Em relao s crticas direcionadas escala de performance, considerada

    por muitos autores como extremamente subjetiva, Prescott-Allen responde que estetipo de escala no mais ou menos subjetiva do qualquer mtodo atualmente utilizadode monetarizao; e a maior vantagem, para este autor, o fato de que esta escala mais transparente do que estes mtodos, uma vez que na escala de performance devemser definidas explicitamente quais as medidas consideradas boas e quais aquelasconsideradas inaceitveis.

    3. CONSIDERAES FINAIS

    O objetivo principal deste artigo foi descrever os trs sistemas deindicadores de sustentabilidade mais reconhecidos internacionalmente. Estasferramentas so, na percepo de especialistas ligados a diferentes setores da sociedade,as mais relevantes e promissoras, em termos de avaliao, do processo dedesenvolvimento. Como foi descrito anteriormente, ferramentas de avaliao sonecessrias para verificar o caminho do desenvolvimento. Entertanto, quando o se

    trata do conceito de desenvolvimento sustentvel, deve-se procurar primeiramenteconhecer melhor estes mtodos.Este artigo foi desenvolvido nesta perspectiva, oferecendo uma descrio

    preliminar destas ferramentas para que, numa etapa posterior, as mesmas possam seranalisadas comparativamente. A partir deste trabalho sistemtico de conhecimento ecomparao, cada uma destas ferramentas poder ser aprimorada e aplicadaconsiderando as suas principais caractersticas.

    4. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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    RESUMOS/ABSTRACTS

    HANS MICHAEL VAN BELLEN

    DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL: UMA DESCRIO DASPRINCIPAIS FERRAMENTAS DE AVALIAO

    Neste artigo so apresentadas as principais caractersticas de trs mtodos

    que se propem a mensurar o grau de sustentabilidade do desenvolvimento. Este

    mtodos foram selecionados por especialistas que atuam em diferentes esferas da

    sociedade e que lidam com o conceito de desenvolvimento sustentvel. Os mtodos

    descritos e analisados so o Ecological Footprint Method, o Dashboard of Sustainability e

    o Barometer of Sustainability.

    Palavras-chave: indicadores de sustentabilidade, desenvolvimento,

    ambiente.

    SUSTAINABLE DEVELOPMENT: PRESENTINGTHE MAIN MEASUREMENT METHODS

    In this article are presented the main characteristics of three methods

    which purpose is to measure the rate of sustainability of the development. These

    methods were selected by specialists who operate at differents levels of the society and

    also deal with the concept of sustainable development. The methods described and

    analysed are the Ecological Footprint Method, the Dashboard of Sustainability and the

    Barometer of Sustainability.

    Keywords: sustainability indicators, development, environment.