24 de março de 2015

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1 SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 03 DE JUNHO DE 2015 ASSOCIE-SE (WWW.OESC.ORG.BR) FAÇA PARTE DESSE TIME

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Resenha diária - OESC

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS

03 DE JUNHO DE 2015

ASSOCIE-SE (WWW.OESC.ORG.BR)

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Faturamento da indústria caiu 6,4% em abril, diz CNI

Fonte Portal Economia SC/Agência Brasil 02 de junho de 2015 às 13h 15

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nessa terça-feira, 2, seus indicadores industriais que mostram uma queda no faturamento 6,4% em abril na comparação com o mês anterior, na série livre de influências sazonais. Em comparação com o mesmo período do ano passado a queda chegou a 10,3%. Houve recuo das horas trabalhadas na produção de 0,7%, em abril. Este foi um resultado menor se comparado com abril de 2014, quando a queda chegou a 9,6%.

Os números revelam também que a utilização da capacidade instalada caiu 0,2 ponto percentual em relação a março na série livre de influências sazonais e ficou em 80,6%, em abril. O indicador é menor do que o de abril do ano passado, quando registrou 81,1%. “Essas informações sugerem forte ociosidade no parque fabril”, destaca a pesquisa.

De acordo com a CNI, com o cenário, as indústrias “aceleraram o ritmo de demissões”, com indicador de emprego recuando 1% em abril ante a março na série com ajuste sazonal e alcançou o pior resultado desde janeiro de 2009. Na comparação com o mesmo período do ano passado a queda chega a 4,8%.

Com isso, a massa real de salários recuou 1,7% em relação a março e 5,6% em comparação a abril de 2014. O rendimento médio real do trabalhador diminuiu 0,7% em abril ante a março na série dessazonalizada com queda de 0,8% na mesma comparação.

Governo brasileiro não deve atingir metas de superávit fiscal de 2015 e 2016,

diz Moody's

FONTE ÁLVARO CAMPOS - O ESTADO DE S. PAULO 03 Junho 2015 | 10h 05 SÃO PAULO - Para a agência de classificação de risco Moody's, o Brasil não deve atingir a meta fiscal estabelecida pela equipe econômica para este e o próximo ano. "A administração Dilma estabeleceu uma meta de superávit de 1,2% do PIB este ano e 2% em 2016, como uma forma de reconquistar credibilidade das políticas (econômicas), mas provavelmente não deve atingir essas metas", diz o vice-presidente da Moody's, Mauro Leos, em relatório divulgado pela agência.

Segundo ele, mesmo que as metas de superávit primário sejam atingidas, o aumento nas taxas de juros fará com que os gastos com o pagamento de juros continuem elevados até 2016. Apesar dos esforços de consolidação fiscal do governo, a Moody's aponta que as receitas têm caído mais rápido do que as despesas e que o contínuo corte de gastos só vai compensar parcialmente essa frustração na arrecadação. Apesar desse cenário negativo para a política fiscal, a Moody's afirma que o futuro do rating do Brasil vai depender, em última instância, da avaliação de uma série de riscos fiscais, econômicos, externos e políticos. "As tendências fiscais são apenas um dos vários fatores influenciado o perfil de crédito soberano". No relatório a agência reforça que o fraco desempenho da economia e a alta dos juros no Brasil prejudicam o processo de redução da dívida pública. Segundo a empresa, a dívida bruta deve atingir o pico de 66% do PIB em 2016 e permanecer acima de 60% até o fim do mandato da presidente Dilma Rousseff, em 2018. A agência diz ainda que os níveis de dívida do Brasil já são maiores do que os de outros países com rating na faixa Baa e devem continuar se distanciando desse grupo. Esse aumento da dívida "enfraquece potencialmente o perfil de crédito soberano".

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Levy diz que BC deve 'continuar vigilante' para evitar mais inflação FONTE ANDREI NETTO - O ESTADO DE S. PAULO 03 Junho 2015 | 14h 51 PARIS - Horas antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, exortou a autoridade monetária a "continuar vigilante" para evitar mais aumento de preços. A declaração foi feita em Paris às margens de uma reunião na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). De acordo com o ministro, "foram feitos alinhamentos necessários" de preços, mas a intervenção do BC é é essencial para impedir que o movimento se transforme em "processo de inflação".

A entrevista de Levy aconteceu às 19h locais, 14h de Brasília, antes do anúncio sobre a decisão do Copom sobre a taxa básica de juros. Até então o mercado apostava em uma alta de até 0,5%, o que elevaria o índice dos atuais 13,25% para 13,75%, em uma nova tentativa de conter o aumento da inflação, que deve superar o teto da meta, de 6,5%, chegando a 8% em 2015. Questionado sobre o aumento dos preços, Levy os atribuiu a dois movimentos: correções de tarifas represadas e o reflexo da escassez de água, em especial em São Paulo. "Foram feitos diversos alinhamentos necessários", lembrou, citando a seguir a seca: "Faltou faltou água e o preço subiu em várias cidades importantes que entram no cálculo de inflação. Em todo o Estado de São Paulo faltou água, e é normal que em uma situação de escassez haja reflexo nos preços". De acordo com o ministro, a crise hídrica torna a trajetória da inflação difícil de prever. "A gente não sabe como será o quadro hídrico no ano que vem, mas no caso da energia elétrica há probabilidades de termos menos dificuldades do que neste ano", estimou. "Assim, alguns desses aumentos de preços devem se reverter na medida em que as condições da oferta também se ajustem." Foi então que Levy se referiu à postura do Banco Central. "O importante neste processo é que o Banco Central continue vigilante, para evitar que o aumento de preços em um momento, que pode ocorrer apenas uma vez, não se transforme em processo de inflação", recomendou, estimulando que a autoridade monetária use de suas ferramentas para coibir um eventual aumento sistemático de preços. "Para isso, é preciso estar atento aos mecanismos de política monetária."

Venda de carros usados cresce 3,5% em maio, enquanto a de novos cai FONTE IGOR GADELHA - O ESTADO DE S. PAULO 03 Junho 2015 | 14h 22 SÃO PAULO - Após recuar 6,3% em abril ante março, a venda de veículos seminovos e usados no Brasil voltou a crescer em maio, ao avançar 3,5% em relação ao mês anterior, mostra balanço da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto). Na comparação com maio do ano passado, porém, a comercialização se manteve praticamente estável.

De acordo com a Fenauto, foram vendidos 1.103.344 veículos seminovos e usados em maio deste ano, mais do que os 1.065.653 em abril e praticamente igual aos 1.103.156 comercializados em maio do ano passado. Com o resultado, a comercialização no País acumula alta de 2,3% neste ano até maio, ao somar 5.277.436 unidades. O porcentual representa uma desaceleração da alta no acumulado do ano, que era de 2,87% até abril. As vendas de veículos usados continuam apresentando desempenho bem melhor do que a de novos. Em maio, os emplacamentos caíram 3,04% na comparação com abril e 27,5% em relação ao mesmo mês do ano passado, conforme dados divulgados pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) na segunda-feira. No ano, os licenciamentos de veículos novos acumulam retração de 20,9% até maio.

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Segmentos. A maior alta nas vendas entre usados ocorreu entre os modelos com até 3 anos de uso, que cresceram 5,5% em maio ante abril e 40,1% na variação anual. Na análise por segmento, o maior aumento na comercialização em maio na comparação mensal foi verificado nos comerciais leves usados (5,8%), seguidos por automóveis (3,5%) e comerciais pesados (3,5%). A vendas de motos usadas teve a menor alta (1,7%). Para o presidente da Fenauto, Ilídio dos Santos, os números de maio mostram um "movimento de acomodação" em patamares positivos. "Acredito que um comprador que esteja bem informado sobre as condições que o mercado de seminovos está oferecendo, pode realizar um bom negócio, já que temos bons estoques e muitas oportunidades de negócios nas lojas", afirma em nota à imprensa. De acordo com o último balanço divulgado no ano passado, a Fenauto congrega 24 associações de revendedoras de veículos em quase todos os estados brasileiros, que somam 48 mil revendedoras multimarcas associadas em todo o País. Juntas, essas empresas geram 620 mil empregos diretos e indiretos. No ano passado, elas faturaram R$ 310 bilhões em 2014. Já a carteira de financiamento somou R$ 170 bilhões.

Consumo de energia no país cai 3% de abril para maio

Fonte Portal Economia SC 03 de junho de 2015 às 14h 22

O consumo de energia elétrica no país caiu 3% em maio deste ano em comparação com o mesmo mês de 2014. Em relação a abril deste ano, a carga de energia demandada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) registrou queda de 4,6%.

Os dados fazem parte do Boletim de Carga Mensal de maio, divulgado nesta quarta-feira, dia 3, pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Com a retração de maio, o consumo de energia fechou o acumulado dos últimos 12 meses com aumento de 0,8% em comparação ao período imediatamente anterior.

Segundo o boletim do ONS, a retração no consumo de energia no mês passado reflete, sobretudo, “o baixo desempenho da indústria, que vem realizando ajustes no nível de produção, diante do aumento de estoques e da diminuição da demanda interna, reflexo do aperto nos juros, da piora no mercado de trabalho e da inflação em alta”.

Além da queda registrada no setor industrial, o Operador Nacional do Sistema Elétrico cita a influência da redução no nível de atividade do setor de comércio e serviços, assim como a elevação das tarifas de energia elétrica, que, segundo o boletim, já vem se refletindo nos padrões de consumo de energia.

O ONS lembra que o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) diminuiu 0,9 ponto percentual na passagem de abril para maio deste ano, ao passar de 79,9% para 79%, o menor nível desde maio de 2009 (78,9%), de acordo com dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

A entidade destaca ainda que a Sondagem da Indústria de Transformação, também da FGV, mostra que o Índice de Confiança da Indústria (ICI) recuou 3,4% em maio, em relação a abril, ao passar de 72,8 para 71,6 pontos, o menor nível da série mensal, iniciada em outubro de 2005.

Para o Subsistema Sudeste/Centro-Oeste, os valores de carga de energia apresentam decréscimo de 6% em maio deste ano, em relação ao verificado no mesmo mês do ano anterior.

Os dados do consumo acumulado dos últimos 12 meses indicam que o Subsistema Sudeste/Centro-Oeste apresentou uma variação negativa de 0,5%, em relação aos 12 meses anteriores.

Segundo o boletim do ONS, o comportamento de queda no consumo de energia desse subsistema, que responde por mais de 60% da demanda de energia ao SIN, pode ser explicado, principalmente, “pelo modesto desempenho da indústria, agravado pela elevação das tarifas de energia elétrica que já vem se refletindo nos padrões de consumo de energia do subsistema Sudeste/Centro-Oeste”.

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No Subsistema Sul, os valores de carga de energia verificados em maio indicam variação negativa de 3%, em relação ao mesmo mês do ano anterior. Em relação a abril de 2015, verifica-se um decréscimo de 4,8%. No acumulado dos últimos 12 meses, no entanto, o Sul apresentou crescimento de 2,5% em relação ao mesmo período anterior.

No Subsistema Nordeste, no mês de maio, houve crescimento de 6,7% na carga de energia, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. No acumulado dos últimos 12 meses o Nordeste apresenta expansão de 4,3%. Já na comparação com o mês de abril, maio fechou com consumo negativo de 1,7%.

No Subsistema Norte, o valor de carga de energia verificado em maio indica variação nula em relação ao mesmo mês do ano anterior e também na comparação com abril de 2015. No acumulado dos últimos 12 meses, o Norte apresentou variação positiva de 0,6%, influenciada pela interligação ao SIN do Sistema Manaus a partir de julho de 2013.

Saldo cambial fica negativo em US$ 2 bi em maio, após entrada recorde em

abril

FONTE CÉLIA FROUFE E VICTOR MARTINS - O ESTADO DE S. PAULO 03 Junho 2015 12h 58 BRASÍLIA - O fluxo cambial ficou negativo em R$ 2,077 bilhões em maio, a maior saída líquida de divisas do País desde dezembro de 2014, quando somou US$ 14,050 bilhões. O número inverte a tendência do mês passado, quando o fluxo registrou a maior entrada de divisas em quatro anos, de US$ 13,107 bilhões. Em maio de 2014, por sua vez, o saldo estava no vermelho em US$ 813 milhões, informou nesta quarta-feira, 3, o Banco Central. Apesar do ciclo de alta de juros promovido pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que pode ajudar as operações financeiras, o resultado desta conta ficou negativo em US$ 5,560 bilhões em maio. Hoje o colegiado deve anunciar uma nova alta para a Selic. A corrente majoritária do mercado financeiro projeta uma elevação da taxa para 13,75% ao ano. A entrada de dólares por esse canal financeiro foi de US$ 37,687 bilhões em maio e os envios ficaram em US$ 43,427 bilhões. Ao longo de todo o ano passado, a área financeira foi a principal porta de saída de recursos do País, somando US$ 13,424 bilhões. Este segmento reúne os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucro e pagamento de juros, entre outras operações. Já no comércio exterior, o saldo ficou positivo em US$ 3,483 bilhões em maio, com importações de US$ 13,568 bilhões e exportações de US$ 17,051 bilhões. Nas exportações, estão incluídos US$ 3,561 bilhões em Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC), US$ 4,298 bilhões em Pagamento Antecipado (PA) e US$ 9,236 bilhões em outras entradas. 2015. Por causa do resultado negativo em maio, houve redução do saldo positivo acumulado no ano. Até maio, o fluxo cambial soma US$ 15,794 bilhões, menor do que o resultado acumulado até abril, que era de US$ 17,870 bilhões. Nos primeiros cinco meses de 2014, o fluxo cambial estava positivo em US$ 4,028 bilhões. De janeiro a maio de 2015, houve entradas líquidas de US$ 8,917 bilhões da área financeira. Nesse segmento foram registrados ingressos de US$ 237,873 bilhões e envios de US$ 228,955 bilhões no período. Boa parte da saída de divisas do país aconteceu na última semana de maio, quando o fluxo ficou negativo em US$ 1,281 bilhão. O destaque foi o dia 26, que teve uma saída líquida de US$ 2,433 bilhões.

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Brasil pode perder grau de investimento se Levy falhar, aponta OCDE FONTE FERNANDO NAKAGAWA, ENVIADO ESPECIAL - O ESTADO DE S. PAULO 03 Junho 2015 10h 10 PARIS - O fracasso do ajuste fiscal executado atualmente pela equipe econômica é um dos maiores riscos enfrentados pela economia brasileira. A avaliação é da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Se o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, falhar no esforço para controlar as contas públicas, diz a entidade, o País poderia perder o grau de investimento. A organização, que reúne mais de 30 países para estudar políticas para o desenvolvimento, piorou as projeções de crescimento econômico para o Brasil em 2015 e 2016. Para este ano, está prevista uma queda de 0,8% para o Produto Interno Bruto (PIB). Para o ano que vem, o crescimento esperado é de 1,1%. "Os riscos para as perspectivas incluem o fracasso em alcançar o ajuste fiscal anunciado, o que está sendo visto como um teste decisivo para a melhora das políticas macroeconômicas", diz o relatório anual Economic Outlook, divulgado esta manhã em Paris. "Além de reduzir o investimento, isso (o fracasso do ajuste fiscal) poderia resultar na perda de grau de investimento do Brasil", completa o texto. Outro risco vem da estatal Petrobrás. Para a entidade, a maior dificuldade relacionada à empresa seria o surgimento de problemas maiores que o esperado, especialmente se as investigações levarem a mais falências na cadeia de petróleo e gás no Brasil. Ainda no campo dos riscos, a OCDE nota que o nível dos reservatórios de água aumentou recentemente. Mesmo assim, "a possibilidade de um racionamento de energia ou água continua". Problemas no abastecimento poderiam gerar impacto negativo na economia brasileira como os vistos nos anos 2000, diz o estudo.

BNDES ofereceu a Cuba condições vantajosas para financiamento

Fonte Jornal Folha de São Paulo RAQUEL LANDIM DE SÃO PAULO e BRUNO VILLAS BÔAS DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) ofereceu a Cuba condições vantajosas no financiamento do porto de Mariel, a 40 quilômetros de Havana, incluindo um prazo de 25 anos para pagar.

Dados do polêmico empréstimo foram tornados públicas pela primeira vez nesta terça (2), junto com várias operações feitas pelo banco no exterior desde 2007.

O BNDES sofre forte pressão do TCU (Tribunal de Contas da União) e do Congresso para dar mais transparência aos empréstimos que concede com dinheiro público.

O empréstimo cubano teve o prazo mais longo entre as obras financiadas fora do país a maioria perto de 15 anos.

As taxas de juros dos cinco empréstimos disponíveis no site do BNDES, que totalizaram US$ 682 milhões (R$ 2,1 bilhões), variam entre 4,44% e 6,91% ao ano. A obra é realizada pela construtora brasileira Odebrecht.

O financiamento do porto trunfo do regime comunista dos irmãos Raúl e Fidel Castro foi objeto de controvérsia na eleição de 2014. A oposição acusou o governo do PT de favorecer Cuba.

Para especialistas ouvidos pela Folha, as condições do empréstimo são "normais" para o tamanho e a complexidade da obra, mas se tornam "atípicas" para o perfil de risco da ilha, que não acessa o mercado de capitais.

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Cuba é um dos países com pior nota de risco de crédito do mundo, com Venezuela e Paquistão. Cálculo do professor Aswath Damodaran, da Universidade de Nova York, diz que o país deveria pagar juros de 11% a 12% ao ano.

Uma das poucas comparações possíveis é com financiamento do Porto do Sudeste, projeto de Eike Batista vendido para investidores estrangeiros. Neste caso, o BNDES concedeu, direta e indiretamente, cerca de R$ 1,74 bilhão, com juros mais altos e prazos menores que o porto cubano --entre 7,9% e 8,9%, com 13 a 14 anos de prazo.

O BNDES diz que Mariel é uma obra de "valor elevado e de longo período de construção" e que o "repagamento da dívida é compatível com a vida econômica do projeto".

Os projetos tocados pela Odebrecht no exterior foram os mais contemplados pelo BNDES. Os empréstimos são concedidos para os países, mas condicionados a utilização de serviços brasileiros.

Segundo levantamento feito pelo professor do Insper Sérgio Lazzarini e pelo assistente de pesquisa Pedro Makhoul, as obras da Odebrecht responderam por 69% do total de obras financiadas pelo banco no exterior desde 2007.

Por meio de nota, a Odebrecht disse que "está presente em 21 países, muito acima das concorrentes". E que os recursos do BNDES responderam por menos de 10% do faturamento anual da empresa.

Para Claudio Frischtak, sócio da Inter.B, faz sentido o Brasil apoiar empreiteiras na exportação de serviços para países em desenvolvimento. "Nesses países não existe um mercado de capitais desenvolvidos. As empresas que disputam os contratos são apoiadas pelos governos", disse.

Ele ressalta, porém, que os contratos precisam refletir os riscos de cada país: "Moçambique é um país com boa governança, faz todo o sentido. Cuba eu ainda não estou convencido".

Aritmética

Fonte Jornal Folha de São Paulo 03/06/15

O grande problema da sociedade brasileira é a sua indisposição com as restrições impostas pelo mundo físico em que vive.

Não aceita que seja impossível violar as identidades da contabilidade nacional e que todas as tentativas de fazê-lo sempre terminarão numa dramática combinação: 1º) redução do crescimento econômico; 2º) dificuldade de prosseguir na necessária política de igualdade de oportunidades; 3º) aceleração da taxa de inflação e 4º) deficits exagerados do balanço em conta corrente. Tudo temperado por um bom desequilíbrio fiscal!

As consequências sempre chegam depois. Mais cedo ou mais tarde, uma correção será imposta por motivos internos (quando a visibilidade do desastre for incontornável) ou externos (quando a perda de confiança dos credores estancar o financiamento).

O grave é que ela começa com o pagamento do seu custo mais trágico: o aumento do desemprego do cidadão que confiou no poder incumbente e ganhava honestamente o seu sustento e o da sua família. O sofrimento é grande, mas não é terminal: o Brasil já passou por isso dezenas de vezes e está aqui, caminhando para ser a oitava economia do mundo em paridade do poder de compra. Vamos fazê-lo de novo.

Por outro lado, um grande número de nossos intelectuais recusa as lições de história.

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Insiste na afirmação de que conhece um caminho alternativo para sair da crise "sem lágrimas". Acredito que eles não suspeitam, sequer, os problemas de coordenação de uma sociedade complexa, a despeito da tragédia em que terminou o generoso projeto inicial da construção do socialismo na URSS e de seus satélites.

Infelizmente, o socialismo "real" é muito inferior ao capitalismo "real" ao qual, aliás, não faltam defeitos...

Não há melhor prova do superficial entendimento da maioria dos deputados com relação ao "ajuste fiscal" (que é um instrumento, não um fim) do que o contrabando da emenda que restringiu o uso do "fator previdenciário". Ele revela a demagógica solidariedade eleitoral que despreza a aritmética elementar e que, no final do dia, acabará prejudicando àqueles a quem enganou enquanto fingia proteger.

É evidente que a Previdência Social é um fundo de solidariedade absolutamente necessário para dar alguma tranquilidade aos trabalhadores na sua velhice, com transferência de renda que mitigam as necessidades dos menos favorecidos. Mas é evidente, também, que o equilíbrio atuarial entre o seu valor presente tem que ser igual ao valor presente das aposentadorias futuras. E só há duas soluções para o desequilíbrio: 1ª) fixar uma idade mínima da aposentadoria ligada à expectativa de vida ou 2ª) aumentar a taxa de contribuição do trabalhador...

Próximo passo

FONTE JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO EDITORIAIS [email protected] 03/06/15

Se não houver surpresas, o Banco Central manterá em curso o já longo ciclo de alta de juros e elevará nesta quarta-feira (3) a taxa básica da economia, a Selic, passando-a de 13,25% para 13,75% ao ano.

É impressionante que isso ocorra em meio à maior recessão vista no país nos últimos 25 anos, prova de que, cedo ou tarde, a leniência com a inflação e o populismo nas contas públicas cobram seu custo.

Há pouca dúvida de que o BC errou ao deixar os preços subirem desde 2010. Danificou sua credibilidade e sofre agora para convencer a sociedade a voltar a acreditar na meta de inflação para 2015 e 2016 --de 4,5%, com dois pontos percentuais de tolerância.

Não se deve corrigir um erro com outro, porém. A ação do Banco Central até agora parece correta, mas há limites de tolerância que, se ultrapassados, também contribuem para reduzir a legitimidade da autoridade monetária.

Analistas já projetam queda no PIB de até 2% neste ano. Todos os indicadores econômicos apontam para o aprofundamento da recessão. O emprego e a renda, em particular, passam por retração não vista desde 2003, levando à queda do consumo privado.

A gestão mais austera dos gastos públicos, por sua vez, também ajuda na contenção de demanda.

Trata-se de notável inversão em relação ao padrão dos últimos anos, quando a procura interna crescia mais que a oferta, pressionando os preços. A contração do mercado de trabalho, assim, constitui o principal indicador de que a inflação cederá adiante.

É preciso ponderar, portanto, se o BC deve fazer a inflação convergir dos atuais 8,5% para o centro da meta já no ano que vem (seu objetivo declarado) ou se deve aceitar trajetória mais gradual à luz do quadro recessivo consolidado.

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Trata-se, afinal, de redução ambiciosa da inflação em pouco tempo, tendo em vista o contexto de elevação de tarifas represadas e o impacto provocado pela desvalorização do real diante do dólar.

A cultura da indexação também dificulta, vez que contratos de aluguel, por exemplo, tendem a buscar reposição das perdas. Por essas razões, analistas ainda projetam inflação de 5,5% para 2016.

O Banco Central tem o árduo trabalho de provar que não será leniente sem que, para isso, precise impor ao país um custo social excessivo. A taxa de juros de 13,75% ao ano será suficiente para reduzir a inflação, ainda que num ritmo mais comedido.

O curso mais adequado adiante, por isso, parece ser o de evitar grandes altas adicionais. O Banco Central deve ser persistente, porém, e manter a Selic inalterada até que a tendência de queda da inflação esteja visível. Nesse momento, se for necessário, deve aceitar alongar um pouco o prazo de convergência para a meta.