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26 ALATUR ABRIL/MAIO. 2008 ABRIL/MAIO. 2008 ALATUR 27 A internacionalização da economia mun- dial é uma realidade, e para se manter no mercado de forma competitiva, as em- presas precisam também se internacionalizar. Isso significa implantação de escritórios no exterior e prestar serviços em outros países. Muitas vezes, este processo requer intercâmbio de profissionais por longos períodos. Para esses casos, as empresas devem estar preparadas não somente para o envio dos funcionários, mas também para a adaptação do profissional a uma nova cultura, com costumes, tradições e hábitos diferentes dos brasileiros. E isso exige uma complexa estrutura de viagem dentro das companhias. Não é por acaso que muitas delas fazem parte do GADEX (Grupo de Administração de Expatriados), grupo de empresas de grande porte, como Ambev, Nestlé e Petrobrás, que se reúne desde 1992 para trocar experiência entre seus participantes, de forma a melhorar os processos de movimentação internacional de pessoal, além de implementar e aprimorar políticas da área de expatriação. “Nestes encontros, trocamos informações sobre as nossas operações, que podem auxiliar as outras empresas do grupo. Discutimos desde as economias nos países onde cada companhia atua, até as novas técnicas de imersão cultural para os funcionários e seus familiares” , explica Helga, líder do Gadex. Dentre as empresas-membro do GADEX está a brasileira Em- braco, uma das maiores do mundo no mercado de compressores, que realiza expatriações desde 1987. “Atualmente temos 26 funcionários FORA DO BRASIL, MAS COM CONFORTO Várias empresas possuem benefícios para os funcionários que são envia- dos para trabalhar no exterior. O ob- jetivo é fazer com que a transição seja a mais tranqüila possível. Só a Embra- co possui uma extensa lista de bene- fícios para quem vai deixar o país: • Viagem “pre-move” - o funcioná- rio e o cônjuge vão ao país para conhecerem antes de definirem se realmente aceitarão a mudança. • Aluguel de moradia • Automóvel e auxílio para combustível • Auxílio telefone • Viagem ao Brasil • Assistência médica e odontológica • Aulas de idioma • Escola para filhos Enquanto ficou expatriada na Itália, a família Schissatti viajou para Sportono, noroeste do país Bye bye Brasil A vida dos brasileiros que vão trabalhar fora do Brasil e quem cuida nas empresas da viagem dos expatriados Márcio Schissatti e sua esposa aproveitaram a expatriação para conhecer a Pont d’Avignon na França Quem vai trabalhar fora do Brasil deve ficar muito atento às peculiaridades culturais do país visitado para evitar gafes que podem até mesmo prejudicar os negócios. Andréa Fuks Ribeiro, fundadora da consultoria G-Line, indica alguns exemplos: CHINA Os Chineses preferem os encontros de negócio mais formais. Os lugares na mesa serão decididos de acordo com a hierarquia. É fundamental demonstrar um grande respeito ao executivo mais sênior. Os subordinados esperam que o chefe diga o que é para fazer. Seja pontual e não mencione a palavra quatro. Como esse número tem o som similar ao da palavra morte, o algarismo é evitado pelos chineses. ÍNDIA O indiano não marcar reuniões ou conversas de negócios em dias sagrados. • A maneira de se vestir para encontros de negócio é formal, com terno e gravata. No escritório o traje pode ser mais informal devido ao calor. Sussurrar e piscar são considerados atos indelicados. Indianos apontam a direção com o queixo. Nunca aponte com os dedos pois é considerado rude. CONHECER HÁBITOS DOS PAÍSES EVITA GAFES CULTURAIS na Itália, China, Eslováquia e Estados Unidos, e 54 que já retornaram ao Brasil” , afirma Carlos Rober- to Lienstadt, gestor Corporativo de Pessoas. De acordo com ele, as expatriações da Embraco têm duração mínima de um ou dois anos, mas podem ser prorrogadas pelo mesmo período, chegando a quatro anos de duração. “Temos uma política que contempla todos aspectos legais e benef ícios para esses casos. O objetivo é acelerar a integração e efetividade do funcionário expatriado no novo ambiente. Para isso realizamos até treinamento intercultural para que o funcionário se adapte de maneira menos traumática com a forma de vida no novo país, sua história e cultura. E no seu retorno, fazemos também um workshop de repatriação” , esclarece o gestor. Márcio Schissatti é um dos 54 repatriados da Embraco. Ele pas- sou três anos na Eslováquia e dois na Itália. Para ele morar fora uma experiência tranqüila, pois contou com o apoio da empresa. “Tive uma preparação cultural, ajuda de instalação, intercâmbio com pessoas que já tinham experiência em outros países, além da viagem ‘pré-move’ , para que eu e minha esposa decidíssemos juntos sobre a mudança. Quando decidimos ir, recebemos apoio para nos estabelecermos e conhecermos o país, as pessoas, e o ambiente de trabalho. Nos finais de semana, fazíamos reuniões com outros brasileiros para interagir. Mas eu sempre fiz questão de entrar na cultura dos países, porque não adianta nada estar lá, mas com a cabeça no Brasil” , afirma Márcio. mais informações no site www.gadex.com.br FOTOS: MáRCIO SCHISSATTI - ARQUIVO PESSOAL POR JOYCE CARLA GRANDES TEMAS

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26 alatur ABRIL/MAIO. 2008 ABRIL/MAIO. 2008 alatur 27

A internacionalização da economia mun-dial é uma realidade, e para se manter no mercado de forma competitiva, as em-

presas precisam também se internacionalizar. Isso significa implantação de escritórios no exterior e prestar serviços em outros países. Muitas vezes, este processo requer intercâmbio de profissionais por longos períodos. Para esses casos, as empresas devem estar preparadas não somente para o envio dos funcionários, mas também para a adaptação do profissional a uma nova cultura, com costumes, tradições e hábitos diferentes dos brasileiros. E isso exige uma complexa estrutura de viagem dentro das companhias.

Não é por acaso que muitas delas fazem parte do GADEX (Grupo de Administração de Expatriados), grupo de empresas de grande porte, como Ambev, Nestlé e Petrobrás, que se reúne desde 1992 para trocar experiência entre seus participantes, de forma a melhorar os processos de movimentação internacional de pessoal, além de implementar e aprimorar políticas da área de expatriação. “Nestes encontros, trocamos informações sobre as nossas operações, que podem auxiliar as outras empresas do grupo. Discutimos desde as economias nos países onde cada companhia atua, até as novas técnicas de imersão cultural para os funcionários e seus familiares”, explica Helga, líder do Gadex.

Dentre as empresas-membro do GADEX está a brasileira Em-braco, uma das maiores do mundo no mercado de compressores, que realiza expatriações desde 1987. “Atualmente temos 26 funcionários

ForA do BrAsil, mAs com conFortoVárias empresas possuem benefícios para os funcionários que são envia-dos para trabalhar no exterior. O ob-jetivo é fazer com que a transição seja a mais tranqüila possível. Só a Embra-co possui uma extensa lista de bene-fícios para quem vai deixar o país:• Viagem “pre-move” - o funcioná-

rio e o cônjuge vão ao país para conhecerem antes de definirem se realmente aceitarão a mudança.

• Aluguel de moradia• Automóvel e auxílio para combustível• Auxílio telefone• Viagem ao Brasil• Assistência médica e odontológica• Aulas de idioma• Escola para filhos

Enquanto ficou expatriada na Itália, a família Schissatti viajou para Sportono, noroeste do país

Bye bye BrasilA vida dos brasileiros que vão trabalhar fora do Brasil e

quem cuida nas empresas da viagem dos expatriados

Márcio Schissatti e sua esposa aproveitaram a

expatriação para conhecer a Pont d’Avignon na França

Quem vai trabalhar fora do Brasil deve ficar muito atento às peculiaridades culturais do país visitado para evitar gafes que podem até mesmo prejudicar os negócios. Andréa Fuks Ribeiro, fundadora da consultoria G-Line, indica alguns exemplos:

China• Os Chineses preferem os encontros de negócio mais formais.

Os lugares na mesa serão decididos de acordo com a hierarquia.• É fundamental demonstrar um grande respeito ao executivo mais sênior. Os

subordinados esperam que o chefe diga o que é para fazer.• Seja pontual e não mencione a palavra quatro. Como esse número tem o som

similar ao da palavra morte, o algarismo é evitado pelos chineses. Índia• O indiano não marcar reuniões ou conversas de negócios em dias sagrados.• A maneira de se vestir para encontros de negócio é formal, com terno

e gravata. No escritório o traje pode ser mais informal devido ao calor.• Sussurrar e piscar são considerados atos indelicados.• Indianos apontam a direção com o queixo.

Nunca aponte com os dedos pois é considerado rude.

conhecer háBitos dos pAíses evitA gAFes culturAis

na Itália, China, Eslováquia e Estados Unidos, e 54 que já retornaram ao Brasil”, afirma Carlos Rober-to Lienstadt, gestor Corporativo de Pessoas. De acordo com ele, as expatriações da Embraco têm duração mínima de um ou dois anos, mas podem ser prorrogadas pelo mesmo período, chegando a quatro anos de duração. “Temos uma política que contempla todos aspectos legais e benefícios para esses casos. O objetivo é acelerar a integração e efetividade do funcionário expatriado no novo ambiente. Para isso realizamos até treinamento intercultural para que o funcionário se adapte de

maneira menos traumática com a forma de vida no novo país, sua história e cultura. E no seu retorno, fazemos também um workshop de repatriação”, esclarece o gestor.

Márcio Schissatti é um dos 54 repatriados da Embraco. Ele pas-sou três anos na Eslováquia e dois na Itália. Para ele morar fora uma experiência tranqüila, pois contou com o apoio da empresa. “Tive uma preparação cultural, ajuda de instalação, intercâmbio com pessoas que já tinham experiência em outros países, além da viagem ‘pré-move’, para que eu e minha esposa decidíssemos juntos sobre a mudança. Quando decidimos ir, recebemos apoio para nos estabelecermos e conhecermos o país, as pessoas, e o ambiente de trabalho. Nos finais de semana, fazíamos reuniões com outros brasileiros para interagir. Mas eu sempre fiz questão de entrar na cultura dos países, porque não adianta nada estar lá, mas com a cabeça no Brasil”, afirma Márcio.mais informações no site www.gadex.com.br

FOTOS: MáRCIO SChISSATTI - ARQuIVO pESSOAL

pOR Joyce carla

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