27 Abri a 02 Maio 2012

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Clipping Eletrônico Trafico e Abusos de Drogas

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LUCAS SIMÕESA Polícia Civil investiga um cabo reformado da Polícia

Militar, 48, suspeito de abusar sexualmente de uma adoles-cente de 16 anos em Barbacena, na região do Campo das Vertentes. Ele foi preso em flagrante na última segunda-fei-ra, na Boate Sensação, de sua propriedade, onde a menor tra-balhava como garota de programa, e está detido em Lavras, no Sul de Minas.

Após receber denúncias de que a adolescente trabalha-

va no local, conselheiro tutelar Tiago Júnior Soares Melo fez uma averiguação e a encontrou “em um vestido curto, dançando com clientes”, segundo ele. No local, constatou-se que ela tinha um quarto, onde foram encontradas vasilhas com dinheiro dos clientes. A Polícia Militar apreendeu 40 papelotes de cocaína na boate.

Segundo a assessoria de comunicação da Polícia Civil de Barbacena, o cabo foi autuado por exploração sexual e tráfico de drogas.

Barbacena

Cabo é investigado por abusar de adolescenteO TEMPO - On linE - 27.04.2012

Fernando ZubaUma quadrilha internacional de tráfico de drogas que agia em

Belo Horizonte foi desmantelada ontem pela Polícia Civil com a prisão de 10 suspeitos e apreensão de 34 quilos de cocaína e crack, cinco automóveis, sendo quatro de luxo, e duas motocicletas, ava-liados em mais de R$ 1 milhão. Deflagrada pelo Departamento de Investigações Antidrogas (DIA) há cerca de quatro meses, a Ope-ração Cerco aos Gansos foi finalizada na quarta-feira. Segundo a delegada Verlaine Andrioni de Assis, o grupo mantinha esmerada organização. As drogas, oriundas possivelmente da Bolívia, eram compradas em Rondônia e desembarcavam no aeroporto de Con-fins, na Grande BH.

A quadrilha tinha como principal fonte de renda a comer-cialização de cocaína e crack. A distribuição era feita a partir da Pedreira Prado Lopes, no Bairro São Cristóvão, Região Noroeste da capital, onde até há pouco tempo eram constantes os conflitos de gangues.Com a morte de um dos líderes do tráfico na região, Everton de Oliveira dos Santos, mais conhecido como Vevê, de 24 anos, passou a chefiar o principal grupo de traficantes da área, que também agia nos bairros Bom Jesus, Nova Esperança e Santo An-dré. Diferentemente dos demais homens considerados cabeças no esquema criminoso, Vevê resolveu inovar a maneira de administrar o negócio ilícito.

O primeiro passo foi se aliar aos concorrentes. Num esque-ma de camaradagem, todos os donos de boca de fumo passaram a adquirir entorpecentes em conjunto. O objetivo, segundo a Polícia Civil, era barganhar preços, comprar maior quantidade e, conse-quentemente, aumentar a rotatividade e o lucro. Também ficou acordado entre os traficantes a proibição da venda de maconha. A droga, comercializada com o preço mais atrativo, impactava a distribuição da cocaína e crack. E o mais importante, sem guerra entre os grupos rivais, o número de homicídios teve redução sig-nificativa. Logo, a presença das forças de segurança na região foi limitada.nO CORPO

Na quarta-feira, a polícia conseguiu identificar quatro ho-mens que desembarcaram no aeroporto de Confins por volta das 11h. O quarteto de mulas vinha de Rondônia, trazendo presos aos corpos cerca de 13 quilos de pasta base de cocaína. Na sequência, se deslocaram até uma pousada no Bairro Jaraguá, na Região da Pampulha, onde entregaram a droga para Celso Soares de Oliveira, de 27. Ele seria um dos fornecedores de Vevê e o principal elo de

ligação entre os traficantes de Minas e Rondônia.De posse dos entorpecentes, o grupo formado pelos quatro

mulas e o fornecedor seguiu para uma lanchonete no Bairro Ouro Preto, também na Pampulha, onde se encontrou com Vevê. No mo-mento em que a droga era repassada, a polícia entrou em ação e prendeu os traficantes. Em seguida, foram feitas várias operações e buscas em diversos pontos da Pedreira Prado Lopes. O resultado final foi a apreensão de aproximadamente 34 quilos de entorpecen-tes, sendo 13 quilos de pasta base de cocaína, 18 de cocaína pronta para ser comercializada e quatro quilos da crack. A quantidade de drogas apreendidas renderia à quadrilha mais de R$ 750 mil.

Além das drogas foram apreendidos cinco carros. Faziam par-te da frota quatro modelos de luxo – um Honda CVR, um Honda Civic, um Citroen C4 e um Toyta Corolla. Os outros veículos são um Fox e duas motocicletas, sendo uma CG 150 e Hornet 600, que juntos somam cerca de R$ 260 mil. Ainda segundo a delegada, o próximo passo será identificar outros bens dos traficantes presos, assim como pedir a quebra do sigilo bancário de toda a quadrilha. Com o grupo não foram encontradas armas nem dinheiro.

Autuados em flagrante por tráfico de drogas e associação ao tráfico, os 10 integrantes do bando foram apresentados ontem à imprensa na sede do Departamento de Investigações Antidrogas (DIA), na capital, e encaminhados ao Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) São Cristóvão, onde estão detidos. Se condena-dos, poderão pegar penas de três a 15 anos de prisão.

UM CAMinHÃO lOTADO DE COCAÍnA e MACOnHA

Na maior apreensão de drogas no Norte de Minas, a Polí-cia Federal recolheu na madrugada de ontem em um caminhão na BR-251, em Francisco Sá, 100 quilos de cocaína e 200 quilos de maconha, avaliados em cerca de R$ 1 milhão. O delegado Marce-lo Freitas, chefe da delegacia da PF em Montes Claros, afirmou que o Norte passou a fazer parte do tráfico internacional depois da conclusão, em 1997, da rodovia BR-251, que liga a região à BR-116 (Rio–Bahia), com um tráfego de 10 mil veículos por dia, a maioria caminhões e carretas indo do Sudeste para o Nordeste. O policial explicou que os veículos de carga estão sendo mais usados no transporte de drogas, misturadas a outras mercadorias. Os 300 quilos de maconha e cocaína estavam num caminhão com placa de de Vitória da Conquista (BA), dirigido por José Amarílio Santos, de 58 anos, que foi preso e conduzido ao Presídio Regional de Montes Claros.

EsTADO DE MinAs – P. 20 - 28.04.2012 – 28.04.2012TRÁFiCO inTERnACiOnAl

R$ 1 milhão em droga e carros Polícia desmonta quadrilha e apreende automóveis de luxo e 34 quilos de crack e cocaína trazidos da Bolívia. Bando se aliou a concorrentes para acabar com guerra e evitar prisões

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Haia (Holanda) A Justiça holandesa manteve a lei que dificulta a compra de ma-

conha por turistas estrangeiros nos famosos coffee shops do país. Pro-prietários de cafés tinham entrado na Justiça para tentar impedir que a lei entrasse em vigor, mas não obtiveram sucesso. O novo texto deter-mina que os cerca de 700 coffees shops holandeses só poderão vender maconha para clientes registrados. Cada café terá um limite de dois mil membros registrados, que podem ser holandeses ou estrangeiros residentes no país. A lei, que reverte 40 anos da liberal política em rela-ção às drogas na Holanda, tem como objetivo evitar o tráfico ilegal de drogas e o chamado turismo das drogas. A medida começará a valer em três províncias do Sul da Holanda em 1° de maio e no próximo ano já estará em vigor em todo o país.

Quatorze donos de cafés e outros grupos foram reclamar da lei nos tribunais, argumentando que a medida é discriminatória em relação aos estrangeiros. Alguns usuários alegam que a necessidade de registro constitui invasão à privacidade. O tribunal em Haia julgou que a lei não é discriminatória nem rígida de maneira desproporcional. O parecer apresentado pelo juiz destacou que há interesses muito mais importan-tes envolvidos na política de drogas leves e que as objeções dos pro-

prietários de coffee shops não eram relevantes em relação à legalidade da nova política.

Maurice Veldman, advogado do grupo de comerciantes, afirmou que eles vão recorrer da decisão. Eles cogitam apelar até para a Corte Europeia de Direitos Humanos, sob o argumento de que não pode haver discriminação sobre o lugar em que uma pessoa vive.

O prefeito de Amsterdã se opõe à medida, uma vez que um terço dos turistas que visitam a cidade o fazem para fumar maconha nos ca-fés. Os donos de coffee shops alegam que poderão perder até 90% de sua receita com a determinação. De acordo com os dados oficiais, 14% dos turistas estrangeiros, em sua maioria espanhóis, italianos e norte-americanos, visitam as cafeterias dos Países Baixos, onde se permite fumar maconha.

O governo holandês, cujo premier Mark Rutte renunciou nesta semana, também planejou proibir o funcionamento de qualquer coffee shop a menos de 350 metros de distância de escolas — a medida está prevista para entrar em vigor em 2014. Em outubro, o governo também lançou um plano para banir o que considera uma forma mais potente da cannabis, o skunk, classificando-a como droga pesada. A medida forçou os lojistas a retirar essas variações mais fortes de seus estoques.

EsTADO DE MinAs – On linE – 28.04.2012

Vetada maconha para estrangeiros

AqUi - P. 03 - 28.04.2012

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HOjE EM DiA - P. 23 - 28.04.2012

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GABRIELA SALES

A juíza Áila Figueiredo, de Três Corações, na região Sul de Minas, mandou soltar cem deten-tos da penitenciá-ria da cidade que aguardavam jul-gamento por cri-mes relacionados ao tráfico de dro-gas. De acordo com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), 94 detentos fo-ram liberados na última terça-feira e outros seis fo-ram soltos no dia seguinte.Ainda segundo a asses-soria de imprensa do TJMG, a de-cisão foi tomada depois que a ma-gistrada percebeu que “as prisões não estavam sur-tindo o efeito es-perado”. Com a substituição da medida cautelar, os detentos terão que frequentar cursos de pre-venção ao uso de drogas, que vão começar no mês que vem. Os

cursos vão contar com a participa-ção da Polícia Militar. Outro argumento dado pela magistrada é que o combate ao tráfico de dro-gas no município também estaria sendo ineficiente. A juíza não foi encontrada para falar sobre o as-sunto.

Sem estru-tura. Para repre-sentantes da se-gurança pública do município, a decisão da ma-gistrada também teria relação com a falta de estru-tura da comarca. Atualmente, a juíza é respon-sável pela única Vara Criminal da comarca, além da Vara da Infância e Juventude e de Execuções Pe-nais. “A deman-da no município é muito grande, principalmente quando envol-ve o tráfico de drogas e crimes contra o patrimô-nio”, explicou o delegado Cris-

TRÊs CORAÇÕEs

Juíza ordena soltura de cem presos por tráfico de drogasPoliciais temem que medida faça crescer criminalidade; juíza não foi encontrada

O TEMPO – On linE -28.04.2012

tiano Almeida.De acordo com uma fonte do fórum, 5.000 processos aguardam julga-mento. “Faltam estrutura e equipe que possa agili-zar o julgamento desses casos que estão esperando há muito tempo”. Além do acúmulo de processos, há ainda grande de-manda na Vara da Infância e Juven-tude. “São traba-lhos que requerem dedicação maior, por se tratar de menores”, disse a fonte.

De acordo com a Polícia Ci-vil, grande par-te da droga que abastece a crimi-nalidade da cidade vem de São Paulo. “Acreditamos que agora os crimino-sos voltarão a se articular para rea-

bastecer o tráfico na cidade”, disse um policial que pediu para não ter o nome revelado.

O mesmo policial afirmou que há um temor das autoridades de segurança de que, nos próxi-mos dias, haja aumento da cri-minalidade na re-gião. “Ainda não temos registros de envolvimento desses libertos em crimes, mas acre-dito que isso não será por muito tempo”. Ninguém da Polícia Mili-tar foi encontrado para falar sobre o assunto. A Secre-taria de Estado de Defesa Social (Seds) informou que o presídio tem capacidade para 544 presos, mas havia 845 no local.

Em 2005, juiz mandou soltar 52 detentos

Em 2005, outra decisão de liberação de presos de duas delegacias de Con-tagem, na região m e t r o p o l i t a n a , causou polêmica no Estado. O juiz da Vara de Exe-cuções Criminais, Livingston Macha-do, determinou que fossem soltos 36 presos do antigo 2° Distrito Policial do município.

O magistrado alegou na decisão que os detentos eram submetidos a condições desuma-nas, comparadas por ele aos campos de concentração. O 2° DP tinha ca-pacidade para re-ceber 16 presos, mas abrigava 113 na época.

O Tribunal de Justiça de Mi-nas (TJMG), no entanto, deu li-minar cancelan-do a ordem do juiz. Na semana anterior ao fato, o magistrado já havia ordenado a soltura de ou-tros 16 presos do 1° DP. (Da Redação)

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Rebeca RamosCom o sistema nervoso em processo de amadurecimento, os ado-

lescentes estão mais suscetíveis a uma série de problemas causados por agentes externos como as drogas. Prova disso é o córtex pré-frontal — área responsável pelo julgamento e pelo controle de ações impulsivas —, uma das últimas áreas cerebrais a ser completamente formada. Não é à toa que os mais jovens tendem a ser mais impulsivos. Pesquisa realizada pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) avaliou o processo da dependência de cocaína nesse grupo e constatou que, devidos às características cerebrais, o tratamento químico a que esses pacientes se submetem deve ser diferenciado.

O objetivo da pesquisa foi analisar as diferenças comportamentais e neuroquímicas entre ratos adultos e adolescentes em resposta ao efeito da cocaína. A autora, Maria Cristina Maluf, do Laboratório de Neuroquímica e Farmacologia Comportamental da USP, administrou, durante oito dias, doses diárias da droga nos bichos. Depois de um período de abstinência, os animais foram submetidos a outra dosagem da substância para o estudo das reações cerebrais. Foram medidas a atividade locomotora, os níveis de ansiedade e o efeito de condicionamento da droga ao ambiente.

Segundo a especialista, a abstinência é necessária para demonstrar as adaptações neuronais duradouras produzidas pela droga mesmo de-pois da suspensão do uso. De acordo com Maluf, ao entrar em contato novamente com a substância entorpecente, o organismo ainda sofre com os efeitos do consumo anterior. “Ao usar a droga, o cérebro se encontra inicialmente em um estado de equilíbrio natural, chamado homeostasia. Esse equilíbrio é alterado na presença da cocaína”, descreve.

Como a tendência natural do organismo é ficar em equilíbrio, o cé-rebro promove alterações para tentar reverter os efeitos causados pelo entorpecente e se adaptar à presença dele, criando um “falso equilíbrio” chamado alostasia, conforme a especialista. “Por fim, quando o uso da droga é cessado, o cérebro não retorna ao seu estado inicial, mas a uma fase de equilíbrio que torna o dependente mais suscetível a recaídas. Daí a necessidade do estudo da abstinência”, justifica.

REAÇÕES DIVERSAS Depois dos resultados da análise bioquímica do cérebro, a pesqui-

sadora percebeu que ratos adolescentes e adultos apresentaram respostas diferentes às administrações de cocaína. As cobaias jovens mostraram-se mais suscetíveis aos efeitos neuroquímicos da droga, além de apresentar maior efeito de condicionamento ao ambiente e maior comportamento ansioso depois de receber a droga. “Isso sugere uma necessidade de abor-dagem diferente para a prevenção e o tratamento da dependência em cada uma das idades”, sugere Maluf.

Técnico em dependência química do Centro de Recuperação de De-pendentes Químicos, em Belo Horizonte, Alceu Daude explica que os adolescentes ficam em alas separadas dos adultos, divisão prevista por lei. Contudo, os medicamentos fornecidos aos pacientes são os mesmos. “O adolescente é mais inconsequente, tem menos noção de valores e princí-pios, é mais destemido. Então, temos, sim, que ter uma abordagem dife-renciada”, compara.O especialista explica que a resistência ao tratamento é comum nos mais jovens e, para tornar o tratamento motivador, são ofe-recidos aos pacientes tempo de lazer e um ambiente mais lúdico. “Como eles não têm a real noção do perigo que a droga representa, tentamos convencê-los a ficar longe delas por outros meios”, explica Daude.

A pesquisadora Maria Cristina Maluf destaca que o enriquecimento ambiental, ou seja, a exposição do dependente a um ambiente com mais estímulos, como o lúdico, é capaz de diminuir tanto os efeitos comporta-mentais quanto os neuroquímicos da droga.

PROTEÍNAS Três proteínas estão ligadas ao processo de dependência química

em adolescentes. A pesquisadora da USP avaliou um fator de transcrição — proteína que se liga ao DNA e é capaz de alterar a expressão gênica e a síntese proterebica — denominado Creb: proteína de ligação ao elemento de resposta da adenosina monofosfato cíclico (AMPc); o fator neurotró-fico derivado do encéfalo (BDNF) e o seu principal receptor (TRKB).

Essas substâncias estão envolvidas na plasticidade neuronal, contribuindo para processos como aprendizado, memória e dependência.

O córtex frontal foi uma das estruturas estudadas e os adolescen-tes apresentaram uma modulação de Creb não encontrada nos adultos. O mais interessante, contudo, foi a contraposição dos níveis dessa proteína nas cobaias adolescentes abstinentes em comparação aos que receberam doses repetidas de cocaína. “Essa é uma característica de neuroadaptação de longo prazo. Demonstra a tentativa do organismo em restaurar seu equilíbrio, mostrando maior suscetibilidade dos adolescentes às altera-ções induzidas pela droga”, esclarece.

RECAÍDA Maluf atenta para outros fatores que indicam a maior periculosidade

da cocaína entre os jovens. O simples fato de retornar ao lugar em que era feito o consumo ou de visualizar a parafernália usada para aplicação da droga pode levar o indivíduo à fissura ou à recaída. “No meu estudo, os ratos adolescentes mostraram maior capacidade de fazer essa associação, o que pode estar relacionado a uma maior expectativa desses animais em receber a droga”, especula.

Ana Cecília Marques, psiquiatra e conselheira da Associação Brasi-leira do Estudo de Álcool e outras Drogas (Abead), pondera que o mape-amento da ação das proteínas no cérebro do dependente químico é impor-tante para o tratamento do vício. Mas há outros fatores a serem abordados. “Mapeando substâncias ou proteínas que estão presentes nos dependentes e podem ser encontradas em não dependentes, poderemos definir indica-dores de vulnerabilidade para o desenvolvimento da doença, mas só isso não basta para determiná-la, pois o vício é complexo e multifatorial.”

SuscetíveisPesquisadores do Laboratório de Neuroquímica e Farmacologia da

Universidade de São Paulo (USP) mapearam duas proteínas ligadas à de-pendência química de adolescentes por cocaína.

1 - Estudo Camundongos adultos e adolescentes receberam doses diárias de co-

caína durante oito dias e depois passaram por uma etapa de abstinência. 2 - Depois desse período, as cobaias forampostas novamente em

contato com a droga e os efeitos no organismo observados. Os pesqui-sadores estudaram as estruturas cerebrais para avaliar as atividades loco-motoras, os níveis de ansiedade e o efeito de condicionamento da droga ao ambiente.

3 - A pesquisa mapeou as proteínas de ligação ao elemento de res-posta do AMPc (CREB) ; e o fator neurotrófico derivado do encéfalo (BDNF), bem como seu principal receptor (TRKB). Estudos nacionais e internacionais mostram que o CREB e o BDNF contribuem para proces-sos como aprendizado, memória e dependência.

4- A análise bioquímica do cérebro mostrou que os ratos adolescen-tes foram os que se mostraram mais suscetíveis às alterações induzidas pela droga no sistema nervoso. Isso se dá pelo fato de o sistema ainda estar em período de madurecimento.

5 - Os ratos adolescentes também apresentaram maior efeito de con-dicionamento ao ambientee maior comportamento ansiosoapós recebe-rem a droga.

6 - As cobaias mais jovens aindaficaram mais suscetíveis ao efeito do condicionamento ao ambiente, que consiste em associar o uso da droga a determinados locais do consumo.

FacilitadorO estresse gera alterações cerebrais que facilitam a ação da droga. É

a chamada sensibilização cruzada.Próxima etapaEstudar a atividade das vias que ativam o CREB, bem como de ou-

tras proteínas envolvidas em seu funcionamento, na tentativa de rastrear os caminhos que levaram às alterações encontradas. Outro ponto é veri-ficar se há diferença nos “caminhos cerebrais” usados pela cocaína para gerar seus efeitos em adultos e adolescentes.

Fonte: Laboratório de Neuroquímica e Farmacologia Comportamen-tal do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo

EsTADO DE MinAs – On linE – 30.04.2012

Cocaína é mais viciante para os jovens Pesquisadora da USP chegou à conclusão ao analisar o efeito da droga em ratos após um período de abstinência