27ª Edição Nacional – Jornal Chico da Boleia

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Distribuição Gratuita O JORNAL PARA O CAMINHONEIRO AMIGO www.chicodaboleia.com.br Orgulho de ser caminhoneiro EDIÇÃO NACIONAL Para comemorar mais essa conquista, a Irmãos Davoli promoveu uma confraternização com seus colaboradores na sexta-feira, dia 14 de março, em Mogi- Mirim. Morador da cidade de Sapezal e agricultor, Raijan Mascarello declarou recentemente que são inaceitáveis as condições das estradas e rodovias que cortam o estado mato-grossense. Ano 03 - Edição 27 - Março de 2014 Irmãos Davoli comemora conquista do Prêmio Star Class pelo oitavo ano consecutivo Pág. 03 Pág. 05 Pág. 04 O evento, que ocorreu na sexta-feira, 21 de março, teve a presença de colaboradores, fornecedores e clientes bauruenses e de outras cidades da região. Comercial Luizinho inaugura nova filial com uma linda festa em Bauru Raijan Mascarello se solidariza com motoristas do Mato Grosso Pesquisadora investiga cotidiano e formas de resistência das mulheres caminhoneiras no Brasil Francine Rebelo é antropóloga e realizou uma pesquisa sobre as mulheres caminhoneiras. Foto: Divulgação

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Fique sabendo de tudo o que acontece no setor do transporte.

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Distribuição Gratuita

O JORNAL PARA O

CAMINHONEIROAMIGOwww.chicodaboleia.com.br

Orgulho de ser caminhoneiro

EDIÇÃO NACIONAL

Para comemorar mais essa conquista, a Irmãos Davoli promoveu uma confraternização com seus colaboradores na sexta-feira, dia 14 de março, em Mogi-Mirim.

Morador da cidade de Sapezal e agricultor, Raijan Mascarello declarou recentemente que são inaceitáveis as condições das estradas e rodovias que cortam o estado mato-grossense.

Ano 03 - Edição 27 - Março de 2014

Irmãos Davoli comemora conquista do Prêmio Star Class

pelo oitavo ano consecutivo

Pág. 03

Pág. 05

Pág. 04

O evento, que ocorreu na sexta-feira, 21 de março, teve a presença de colaboradores, fornecedores e clientes bauruenses e de outras cidades da região.

Comercial Luizinho inaugura nova filial com uma linda festa

em Bauru

Raijan Mascarello se solidariza com motoristas do Mato Grosso

Pesquisadora investiga cotidiano e formas de resistência das mulheres caminhoneiras no Brasil

Francine Rebelo é antropóloga e realizou uma pesquisa sobre as mulheres caminhoneiras. Foto: Divulgação

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O JORNAL DO AMIGO CAMINHONEIRO

CHICO DA BOLEIA

Março enfim o ano começa.

Enfim passou o Carnaval! Por incrível que pareça só mesmo depois das festas de Momo é que a coisa começa a deslanchar. E vamos em frente pois muitas coisas ainda vão acontecer.

Quero já aproveitar e convidar os companheiros para o 2ª ENCONTO COM CHICO DA BOLEIA, que vai debater a Lei 12.619 e seus desdobramentos. O evento acontecerá em Jaú, no dia 8 de Maio as 19 horas. O local escolhido foi a Comercial Davoli. O intuito do encontro é levar para o interior as discussões de grande importância para que todos possam ter acesso à informação e dar sua opinião.

Também neste mês de março teve inicio a 19ª Temporada da Fórmula Truck em Caruaru, mostrando mais uma vez sua força como a mais popular das provas automobilísticas da América do Sul.

Outro evento que nos deixou felizes foi a inauguração de uma filial de uma das empresas do Grupo Luizinho lá em Bauru. Sucesso aos parceiros e amigos.

Com a proximidade as Copa e das Eleições os urubus de plantão buscam tumultuar o cenário que está favorável economicamente. O Brasil continua vivendo uma situação

de quase pleno emprego, a inadimplência interna cai mês a mês e ainda tem gente procurando pelo em ovo. Só espero que o pessoal que se preocupa só com as eleições não contamine o mercado, pois aí todo mundo perde, principalmente nós do setor dos transportes.

Companheiros também teve neste mês o Seminário Itinerante do ComJovem em Cuiabá com grande participação de público. Em Caruaru houve a Feira Truck Show e também tivemos a tradicional Arrancada Internacional de Caminhões na sua edição de número 24ª na Praia de Balneário Arroio da Silva, que neste ano teve uma fatalidade como vocês vão poder constatar em nossa matéria.

No mês de março ainda celebramos o Dia Internacional da Mulher, tema que norteou três matérias desta edição. A primeira é uma entrevista com a antropóloga Francine Rebelo. A segunda é uma entrevista com a nossa companheira Tânia Rampim, carreteira de Itapira. E a terceira é uma crônica feita por nossa colaboradora, Larissa Riberti, defendendo os direitos iguais entre homens e mulheres. Expresso grande satisfação em ver nosso Jornal como um espaço para a defesa dos direitos das mulheres.

Por último, peço licença aos amigos e companheiros para desejar felicitações pelos aniversários. Minha sobrinha Gabriela, filha do meu irmão Airton, completou mais uma primavera. E minha

Sede: Rua José Ravetta, 07 - Itapira-SP, CEP 13977-150 Fone:(19) 3843-5778

Tiragem:

50.000 exemplares Nacional, 10.000 exem-plares Baixa Mogiana e 10.000 exemplares Grande Ribeirão Preto

Diretora-Presidente: Wanda Jacheta

Diretor Editorial: Chico da Boleia

Editor Responsável: Chico da Boleia

Coordenação / Revisão / Fotógrafa

Larissa J. Riberti

Diagramação / Fotógrafa

Pamela Souza

Suporte Técnico / FotógrafoMatheus A. Moraes

Conselho Editorial:Albino Castro (Jornalista) Larissa J. Riberti (Historiadora) Dra. Virgínia Laira (Advogada e coordena-dora do Departamento Jurídico da Fenacat) Roberto Videira (Presidente da APROCAM Brasil) José Araújo “China“ (Presidente da UNICAM Brasil)Responsabilidade social:ViraVidaLigue 100Na mão certa

02 EDITORIAL

Expediente

O JORNAL DO AMIGO CAMINHONEIRO

CHICO DA BOLEIA

bela e eterna namorada, Wanda, no último dia 16 de Março também acendeu mais uma vela na sua jornada. À minha sobrinha muita saúde e paz e um lindo aniversario. E para você minha eterna namorada espero que possamos estar em todas as datas futuras de seu aniversário, um beijo imenso desde que te ama.

Um abraço, boa leitura e até a próxima edição

Chico da Boleia sempre com Orgulho de ser Caminhoneiro.

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prazo de um ano.5. Não ter cometido nenhuma infração grave ou gravíssima, ou ser reincidente em infrações médias durante os últimos 12 meses;6. Ser aprovado em curso especializado e em treinamento de prática veicular em situação de risco, nos termos da normatização do Contran;7. A CNH deve estar registrada no município onde foi solicitado o serviço;8. A Carteira Nacional de Habilitação (CNH) deverá estar em situação regular (não ter sido cassada ou suspensa);9. A Carteira Nacional de Habilitação (CNH) deverá estar dentro do prazo de validade.Lembre-se, meu amigo, que é muito importante ser sempre responsável e respeitar as regras de trânsito.

Mais informações em:

http://www.detran.sp.gov.br/

Quer nos enviar uma pergunta? Entre em contato conosco.

Telefone 019 3843 5778

e-mail

[email protected]

Um abraço e ate a próxima edição

O JORNAL DO AMIGO CAMINHONEIRO

CHICO DA BOLEIA

Chico da Boleia responde

O JORNAL DO AMIGO CAMINHONEIRO

CHICO DA BOLEIAPAPO DE BOLEIA 03

Pedro Henrique: Chico, tenho 15 anos e meu sonho é ser carreteiro. Como faço para conseguir isso?

Chico da Boleia: Olá Pedro, fico muito feliz com sua pergunta. Ser carreteiro é uma profissão de muito orgulho. Em primeiro lugar você deve completar 18 anos e tirar sua Carteira Nacional de Habilitação. Existem vários tipos de permissão como a A, que permite a condução de motos, a B para veículos comuns, a C, para veículos de carga com peso bruto superior a 3.500 Kg e a D, para veículos de transporte de passageiros, com lotação superior a 8 lugares. Para conduzir carretas é preciso estar habilitado na categoria E. Para isso é preciso:1.Ser maior de 21 anos;2. Caso possua a categoria C, somente após o cumprimento do período de um ano;3. Caso tenha obtido a categoria D a partir da B, deve estar habilitado no mínimo há um ano na categoria D;;4. Caso tenha obtido a categoria D a partir da C, pode solicitar diretamente a categoria E, sem necessidade de esperar o

Morador da cidade de Sapezal e agricultor, Raijan Mascarello declarou recentemente que são inaceitáveis as condições das es-tradas e rodovias que cortam o estado mato-grossense. Em nota divulgada por sua assessoria de imprensa, o também piloto da Fórmula Truck já havia afirmado que está ao lado dos caminho-neiros pelas reivindicações de melhorias da infraestrutura do estado.Na última etapa da Fórmula Tru-ck, em Caruaru, Raijan concedeu uma entrevista ao Portal Chico da Boleia, na qual afirmou que a ideia é tentar chamar a atenção das autoridades locais para esse problema.

“A BR 163 que liga o estado até o Paraná e onde tem o maior fluxo de caminhões, é a mesma via de vinte anos atrás. E naque-la época não tinha nem 20% do trânsito de caminhões e carros que existe hoje”, exem-plificou Raijan. De acordo com o agricultor, a realidade não atinge só os caminhoneiros, mas a popula-ção em geral. Segundo estatísticas, de Ron-

donópolis até Cuiabá, os motoristas levam mais de 5 horas de viagem para atravessar um trecho de 220 quilômetros em condi-ções precárias de segurança. A situação é ainda pior nas estradas dentro do estado. Raijan ainda destacou as perdas de carga que acontecem pelo caminho quando os ca-minhões de grãos trafegam pelas estradas e rodovias. “Hoje Mato Grosso é o maior produtor de grãos do Brasil e o governo não olha pra

nós. Não temos pistas dupla em estradas onde tra-

fegam inúmeros caminhões. Pelo caminho, além da car-ga que perdemos pelas pés-simas condições das vias, sempre acontecem muito acidentes”. No relatório intitulado “Mapa da Violência: aci-dentes de trânsito em 2013” o estado do Mato Grosso fi-gura em terceiro lugar entre todos os estados do Brasil em número de mortes em acidentes do trânsito, com uma taxa de 35,2 por 100 mil da população total. O estado, que ocupa essa po-sição desde 2001 – o que

demonstra o longo descaso dos últimos governos com a situação de estradas e

rodovias –, só perde para Tocantins e Ron-dônia. Raijan Mascarello ainda frisou que é pre-ciso uma organização da categoria dos ca-minhoneiros para que as reivindicações por melhorias na infraestrutura do estado sejam

atendidas. “Os caminhoneiros não sabem a força que tem. Hoje, 90% do transporte no Brasil é rodoviário. Se os caminhoneiros pararem, o Brasil para”, frisou.

Existe um déficit nacional em termos de es-trutura de logística, mas no estado do Mato Grosso esse atraso é gritante. “Existe uma necessidade da população mato-grossense em geral que precisa ser atendida, essas es-tradas precisam melhorar. O que queremos é que os governantes de lá olhem para essa realidade e façam alguma coisa”, concluiu Mascarello.

Redação Chico da Boleia.

Raijan Mascarello se solidariza com motoristas do Mato Grosso

Raijan Mascarello | Foto: Larissa J. Ribertti

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O JORNAL DO AMIGO CAMINHONEIRO

CHICO DA BOLEIA04 FIQUE POR DENTRO O JORNAL DO AMIGO CAMINHONEIRO

CHICO DA BOLEIA

Comercial Luizinho inaugura nova filial com uma linda festa em Bauru

“Foi além das nossas expectativas”, comentou emocionado Luiz Carlos Altimari, fundador e Presidente do Grupo Luizinho, ao final da festa de inauguração da nova filial da Comercial Luizinho em Bauru.

O evento, que ocorreu na sexta-feira, 21 de março, teve a presença de colaboradores, fornecedores e clientes bauruenses e de outras cidades da região. Ao todo, compareceram cerca de 250 convidados no espaço onde a empresa já funciona desde o final do ano passado. Pedro Antunes, Gerente Comercial da região sudeste da Cauê Cimentos, subiu ao palco para falar sobre a longa parceria entre a fabricante e a Comercial Luizinho. “Temos muita confiança nessa empresa e recebemos com muita alegria a notícia da inauguração dessa nova filial aqui em Bauru. Tenho a dizer que viemos para ficar, fortalecer nossa parceria e estabelecer novos negócios no futuro”, afirmou Antunes. Durante a cerimônia de apresentação, que foi conduzida por Chico da Boleia, um vídeo institucional da Comercial Luizinho contendo depoimentos de alguns colaboradores, surpreendeu os presentes. Luiz Carlos, que não sabia da surpresa, se emocionou inúmeras vezes ao lembrar da trajetória pessoal e da empresa. “Foi um longo caminho percorrido até aqui”, disse comovido. Como porta-voz da Comercial Luizinho, Cesar Tidei Filho, falou sobre os planos futuros da empresa. “Somos uma equipe muito forte, que trabalhará com a mesma sede de crescimento e de bom atendimento

aqui em Bauru, como já faz em outros lugares”, afirmou Cesar. Para o Diretor de Operações, o evento realizado nesta sexta-feira mostra que o Grupo Luizinho pretende se expandir ainda mais. “Vêm novidades por aí. Não posso dar maiores detalhes, mas adianto que vamos continuar com a mesma linha de pensamento que norteou nossas ideias na noite de hoje”, sorriu Cesar. Convidado ilustre, Jácomo Rafael, da Diocese de Bauru, também esteve presente durante a cerimônia de inauguração. Com uma breve oração, o religioso abençoou as novas instalações bem como a todos os presentes. Luiz Carlos Altimari, que esteve todo o tempo acompanhando o evento e conversando com novos e antigos parceiros, esbanjou felicidade. Constantemente emocionado pelos depoimentos de seus colaboradores, o Presidente frisou que está realizado em ver que todo o trabalho desenvolvido desde 1978 resultou em bons frutos. Para 2014, o Presidente espera crescimento e ainda mais excelência nas prestações de serviços das suas empresas. Fiel a Deus, Luizinho completou: “Agradeço todos os dias. Tenho o hábito de rezar um terço pela manhã na minha empresa para pedir saúde e que todos

trabalhem com segurança.”, afirmou. Durante a noite foi servido um jantar e os presentes puderam se divertir com o som sertanejo de raíz de As Pantaneiras, formada por Miriam Pantaneira e Simone Sperança. Dentre os clássicos, a dupla tocou Galopeira, Tocando em Frente e Rotas e Estradas, sucesso das cantoras. Em busca de novos mercadosO consultor de vendas, Vladimir Souza, esteve na coordenação do evento e frisou que a divulgação da abertura da filial teve como objetivo captar novos clientes e apresentar os serviços com a qualidade da Comercial Luizinho para Bauru e região.

“Queremos mostrar o potencial do Grupo Luizinho, fortalecido pelos 36 anos de história. Passar ao público a solidez e seriedade da marca, mostrando que chegamos à Bauru estruturados e preparados para atender os mais diversos públicos como distribuidora de cimento e cal, dentre outros produtos”, frisou. Ativa desde dezembro de 2013, a nova

empresa já opera com as qualificações que são a marca da Comercial Luizinho: agilidade, rapidez na entrega e excelência no atendimento. “Vamos manter ativo o processo de comunicação para a compreensão das necessidades locais de nossos clientes, atuar de forma transparente nas negociações comerciais, transmitindo a eles a certeza de um bom negócio”, concluiu Mara Ribeiro, do Departamento de Gestão de Informação do Grupo.A nova empresa está localizada na Avenida Aviador Gomes Ribeiro, 33-18, no Parque

Paulistano, Bauru, e já se encontra em plena atividade.

Conheça o Grupo Luizinho

Fundada em 1978, por Luiz Carlos Altimari, na cidade de Dois Córregos, a Comercial Luizinho construiu uma longa história junto aos seus clientes e fornecedores. Sua principal especialidade sempre foi comercializar cal e cimento na região central do estado de São Paulo.Com o crescimento dos negócios, no entanto, a empresa passou a incorporar veículos de grande porte em sua frota. Em 1990, inaugurou novas instalações no Distrito industrial da cidade, em prédio próprio e com 8.000 m² de área.A empresa cresceu e, em decorrência da ociosidade dos veículos da Comercial Luizinho, foi criada em 2003, a Luizinho Transportes e Logística, hoje chamada de LZN Logística. O foco da empresa é transportar insumos e, com filiais em diversas cidades, inclusive na capital do estado de São Paulo, consegue atender a todas as regiões do país. A Comercial Luizinho e a LZN Logística

passaram a fazer parte do Grupo Luizinho. Com uma frota renovada – a última compra foi um lote de 68 caminhões Mercedes-Benz na Fenatran de 2013 – a LZN Logística possui caminhões que rodam em média 8000 quilômetros por mês. Além disso, entre os seus principais parceiros figuram empresas como Duratex, Unilever e Ambev.A Comercial Luizinho possui unidades nas cidades paulistas de Dois Córregos, Botucatu, Itapeva, Tatuí e, agora, Bauru. Já a LZN

Logística atua nas cidades de Dois Córregos, Itapevi, Indaiatuba, Tatuí, Botucatu, Agudos, Itapetininga e Uberaba em Minas Gerais.

Quer saber mais sobre a Comercial Luizinho e a LZN Logística?

Acesse: http://www.luizinho.com/ ou então visite uma de suas unidades. Larissa Jacheta RibertiHavaia Comunicaçã[email protected]

Da esquerda para a direita: Vladimir Souza, Consultor de Vendas, Cesar Tidei Filho, Diretor de Operações da LZN Logística, Luiz Felipe, Diretor Comercial, Luiz Carlos Altimari, o Luizinho, fundador e Presidente do Grupo Luizinho, José Aparecido, Gerente de Frota e Paulo Zago, Gerente Administrativo. Foto: Larissa J. Riberti

Parte da equipe de colaboradores do Grupo Luizinho. Foto: Larissa J. Riberti

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O JORNAL DO AMIGO CAMINHONEIRO

CHICO DA BOLEIAO JORNAL DO AMIGO CAMINHONEIRO

CHICO DA BOLEIAFIQUE POR DENTRO 05

Paulistano, Bauru, e já se encontra em plena atividade.

Conheça o Grupo Luizinho

Fundada em 1978, por Luiz Carlos Altimari, na cidade de Dois Córregos, a Comercial Luizinho construiu uma longa história junto aos seus clientes e fornecedores. Sua principal especialidade sempre foi comercializar cal e cimento na região central do estado de São Paulo.Com o crescimento dos negócios, no entanto, a empresa passou a incorporar veículos de grande porte em sua frota. Em 1990, inaugurou novas instalações no Distrito industrial da cidade, em prédio próprio e com 8.000 m² de área.A empresa cresceu e, em decorrência da ociosidade dos veículos da Comercial Luizinho, foi criada em 2003, a Luizinho Transportes e Logística, hoje chamada de LZN Logística. O foco da empresa é transportar insumos e, com filiais em diversas cidades, inclusive na capital do estado de São Paulo, consegue atender a todas as regiões do país. A Comercial Luizinho e a LZN Logística

passaram a fazer parte do Grupo Luizinho. Com uma frota renovada – a última compra foi um lote de 68 caminhões Mercedes-Benz na Fenatran de 2013 – a LZN Logística possui caminhões que rodam em média 8000 quilômetros por mês. Além disso, entre os seus principais parceiros figuram empresas como Duratex, Unilever e Ambev.A Comercial Luizinho possui unidades nas cidades paulistas de Dois Córregos, Botucatu, Itapeva, Tatuí e, agora, Bauru. Já a LZN

Logística atua nas cidades de Dois Córregos, Itapevi, Indaiatuba, Tatuí, Botucatu, Agudos, Itapetininga e Uberaba em Minas Gerais.

Quer saber mais sobre a Comercial Luizinho e a LZN Logística?

Acesse: http://www.luizinho.com/ ou então visite uma de suas unidades. Larissa Jacheta RibertiHavaia Comunicaçã[email protected]

Irmãos Davoli comemora conquista do Prêmio Star Class pelo oitavo ano consecutivo

Há quem diga que a qualidade não é o essencial no mundo dos negócios. No entanto, para João Davoli, Diretor executivo do Grupo Davoli, todos os esforços estão justamente concentrados em aumentar o nível de qualidade no atendimento em suas empresas.

“Focamos nossos trabalhos para aumentar ainda mais nosso nível em todos os serviços prestados aqui. Estamos na briga pela certificação Diamante e temos condições para conquista-la.”, afirmou com felicidade Davoli.

Com sede em Mogi-Mirim, duas filiais em Amparo e Porto Ferreira e, uma nova empresa recém-inaugurada na cidade de Jaú em fevereiro passado, o Grupo Davoli atua em cinquenta municípios no interior paulista. Com uma história de sucesso e parcerias sólidas, a concessionária é uma das mais antigas do Brasil, atuando há 68 anos.

Por essas e outras razões, a Irmãos Davoli recebeu pela oitava vez, o Prêmio Star Class Certificação Ouro de Qualidade. Com esse prêmio, o objetivo da montadora Mercedes-Benz é padronizar e incentivar o alto nível em atendimento, prestação de serviço e excelência em vendas entre as suas concessionárias.

Para comemorar mais essa conquista, a Irmãos Davoli promoveu uma confraternização com seus colaboradores na sexta-feira, dia 14 de março, em Mogi-Mirim. Durante a festa, Pedro Davoli, fundador e atual Presidente do Grupo, frisou que esta conquista é sinônimo de orgulho e sinal de que a empresa está no caminho certo.

“Nosso objetivo agora é chegar à certificação Diamante da Mercedes Benz e pretendemos continuar atuando com qualidade, incluindo, agora, Jaú”, afirmou o Presidente.

A certificação de qualidade também foi aplicada pelos serviços de venda e pós venda dos modelos Sprinter da Mercedes-Benz. Pedro Davoli Junior, responsável pelo setor de vendas dessa categoria dentro da Irmãos Davoli, expressou seu contentamento.

“É uma satisfação saber que toda a equipe tem colaborado com o setor de Sprinter. Nós procuramos fazer nossa parte comercial, mas todo mundo participa bastante e é muito gratificante ter recebido dois prêmios de certificação, sendo que essa certificação existe justamente há dois anos”, afirmou Junior.

Dentre os presentes na comemoração, estiveram Adriana Francatto Guarnieri e Elisete Aparecida Vieira, que possuem, respectivamente, 25 e 40 anos de empresa. O longo período que possuem trabalhando junto a Irmãos Davoli evidencia a preocupação da diretoria em estabelecer laços duradouros e fortes com seus colaboradores.

“É muito gratificante conquistar mais esse prêmio, porque é um empenho muito grande da equipe, da Elizete e de toda a diretoria”, frisou Adriana. Chamada de “multiplicadora” pela colega, Elizete também afirmou sua felicidade com mais um reconhecimento. “A gente trabalha bastante para essa certificação. Eu sou a multiplicadora, mas sozinha não faria nada. Todo mundo me ajuda e eu só

João Davoli (Diretor executivo do Grupo Davoli) e Pedro Davoli (Presidente) | Foto: Pamela Souza

tenho a agradecer a todos, à equipe inteira”, afirmou. O Engenheiro Mecânico Sergio Eduardo Rossi, atualmente coordena a parte de mecânica e de peças de Jaú. De acordo com o colaborador, o próximo passo é conseguir também as certificações de qualidade para a nova empresa. “Nós tentamos levar o máximo possível daqui pra Jaú”, frisou Sergio que também afirmou ter uma equipe de qualidade atuando com esse propósito na nova região.

“As pessoas são indispensáveis para a conquista do prêmio. Temos total apoio da diretoria, mas o mais importante é conscientizar nossos funcionários de crescer e conquistar as certificações”, concluiu.

Enquanto a seleção brasileira busca seu sexto título neste ano de Copa do Mundo, a Irmãos Davoli já coleciona oito e se depender do empenho da Diretoria e de sua equipe, bons ventos se anunciam pela frente.

Irmãos DavoliO Grupo Irmãos Davoli, fundado pelos irmãos Pedro e Antônio, ganhou notoriedade e respeito entre as revendas de caminhões Mercedes-Benz de todo o país, recebendo prêmios e certificações de qualidade. A concessionária está entre as mais antigas representantes da marca, sendo chefiada atualmente por João Davoli, experiente empresário do setor.

Com 68 de experiência no mercado de caminhões, o Grupo Irmãos Davoli agregou mais dezessete cidades à sua área de atuação com a nova Comercial de Veículos e Autopeças Davoli de Jaú, no interior paulista, totalizando hoje operações em 50 municípios de São Paulo. Com um time de colaboradores treinados e responsáveis, o Grupo Irmãos Davoli possui excelência quando se trata de atender bem os seus clientes. Nas cidades de Mogi-Mirim, Amparo e Porto Ferreira, a empresa já desempenha uma prestação de serviços de venda e pós venda de qualidade que pretende reproduzir para os clientes da região de Jaú. Ser cliente da Irmãos Davoli é poder contar com serviços diferenciados, como a Oficina Volante que leva a manutenção para o caminhão sem que o cliente precise se deslocar até a Concessionária. Contratos de manutenção e um Truck Center equipado com peças genuínas também são diferenciais disponibilizados para o bom

relacionamento com o cliente.

Conheça o Prêmio Star Class

No ano de 2006 a Mercedes-Benz lançou o Programa StarClass com o objetivo de realinhamento das estratégias entre ela e sua rede de Concessionários de Veículos Comerciais e Automóveis.O programa é um conjunto de atividades desenvolvidas com o objetivo de atestar oficialmente que determinado produto, processo ou serviço está em conformidade com os requisitos especificados nas regras de um Programa de Certificação.As atividades de certificação envolvem análise de documentos e auditorias na empresa, com o objetivo de avaliar a conformidade e sua manutenção.Este programa de certificação visa disseminar um modelo de excelência e a busca pela melhoria contínua dos principais processos administrativos e operacionais da Rede de Concessionários, capacitando-os a oferecer ao mercado um padrão único de excelência em atendimento e qualidade de produtos.O concessionário é avaliado através de um sistema de pontuação que lhe confere a classificação Ouro, Prata ou Bronze.A certificação Ouro atribuída à Irmãos Davoli pelo oitavo ano consecutivo, representa o índice máximo de qualificação dos serviços prestados aos seus clientes. Hoje podemos dizer que o padrão ouro de excelência no atendimento aos clientes e aos processos, está consolidado na empresa, buscando sempre a máxima satisfação do nosso cliente.Ao longo da implantação desse programa de capacitação de qualidade da MBBras, isto é, desde 2006, a Irmãos Davoli tem se destacado e conquistado essa posição, colocando-a junto com apenas mais 10 concessões Mercedes-Benz, em todo o Brasil, com esse título.Porém, as conquistas não acabam ai. Em 2013 a Empresa também recebeu, pelo segundo ano consecutivo, a qualificação “Ouro” em veículos comerciais Sprinter. Mais uma demonstração de seu comprometimento com a satisfação dos clientes.Todas essas vitórias são pequenas diante de um desafio maior, que é ter uma prestação de serviços e um grau de atendimento ao cliente cada vez mais eficiente, ágil e compromissado com sua satisfação.

Larissa Jacheta RibertiHavaia Comunicação

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O JORNAL DO AMIGO CAMINHONEIRO

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Arrancada Internacional de Caminhões termina em tragédia

Entre os dias 13 e 16 de março as areias do Balneário Arroio do Silva, Santa Catarina, foram palco da 23ª Arrancada Internacional de Caminhões. O evento envolveu competidores de diversas regiões. O público, amante de adrenalina e velocidade, chega a mais de 100 mil pessoas por edição.

A abertura oficial do evento, com a pre-sença de lideranças municipais e estaduais, aconteceu na sexta-feira, a partir das 21 horas, quando houve também a escolha da

Foto: Caminhoes e Carretas

rainha da festa, e, logo em seguida, show nacional com Rubens Daniel e Madame Nora. No sábado, dia 15, mais atrações aconteceram. Todos os shows foram gratuitos, abertos à comunidade.

A competição envolveu partici-pantes de todo o país. Na quinta-feira e sexta-feira geralmente são re-alizados os treinos livres. No sábado acontecem as provas classificatórias

das categorias Toco e Truck, Protóti-po e Cavalo Mecânico Eletrônico até

520cv. No domingo acontecem, pela man-hã, as provas classificatórias nas categorias Cavalo Mecânico até 480cv, Força Livre e Protótipo. Ao todo, são R$ 60 mil em prê-mios.

No entanto, uma tragédia aconteceu no domingo (16 de março) durante a realização do evento. Segundo o Corpo de Bombeiros de Araranguá, o motorista de um dos caminhões competidores morreu ao capotar o veículo na pista de corrida.

O prefeito do Arroio, Evan-dro Scaini, cancelou de ime-diato o evento e emitiu uma

nota. A vítima foi identificada como sendo Edson Beber, morador do Paraná, e natu-ral do Guaporé (RS). Ele já foi campeão oito vezes da Arrancada Internacional de Caminhões e foi o único competidor a vencer por três vezes a mesma categoria. Beber era proprietário de uma empresa de caminhões de transporte de combustíveis.

NOTA OFICIALÉ com profundo pesar que a Administração Municipal de Balneário Arroio do Silva juntamente com a empresa organizadora da prova e a Federação Automobilística do Estado de Santa Catarina (FAUESC), comunicam o encerramento antecipado da XXIV Arrancada Internacional de Camin-hões. A decisão foi tomada em respeito a toda categoria de competidores, ao público presente e principalmente à família do pi-loto envolvido em um acidente fatal. Infor-mamos ainda, que a premiação das provas já concluídas serão devidamente pagas. Quanto à prova não concluída, os valores pagos pelas inscrições serão devolvidos. Cumpre dizer novamente que a Administ-

ração Municipal e a organização da com-petição lamentam muito o ocorrido.

Alguns veículos de comunicação ainda apontaram Beber como “ex-piloto” da Fómula Truck. Equivocada, a informação foi esclarecida por nota oficial divulgada pela categoria.

“Cumpre informar, ao contrário de infor-mações divulgadas por veículos de comu-nicação de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul que apresentaram a vítima como “ex-piloto da Fórmula Truck”, que Edson Beber jamais treinou, testou ou competiu em um caminhão da Fórmula Truck. Es-clarecida a desinformação, a direção da Fórmula Truck externa seu sentimento de solidariedade a familiares e amigos de Ed-son Beber”, escreveu a assessoria da cat-egoria.

A equipe Chico da Boleia e Central do Transporte lamenta o trágico acidente e ex-pressa toda a sua solidariedade com a famí-lia e amigos de Edson Beber.

Redação Chico da Boleia

Page 7: 27ª Edição Nacional – Jornal Chico da Boleia

O JORNAL DO AMIGO CAMINHONEIRO

CHICO DA BOLEIAO JORNAL DO AMIGO CAMINHONEIRO

CHICO DA BOLEIAREPORTAGEM

Pesquisadora investiga cotidiano e formas de resistência das mulheres caminhoneiras no Brasil

Autora da monografia “AS BATONETES: Uma etnografia de mulheres caminhoneiras no Brasil”, Francine Pereira Rebelo é graduada em Ciências Sociais e atualmente é mestranda do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina.

A pesquisadora também tem especialização no programa de “Estratégias de Desenvolvimento Cultural” na Université d’Avignon et des Pays de Vaucluse, na França, onde trabalhou com associações de cinema itinerante. Tem atuação em áreas de feminismo e questões de gênero e nesse momento desenvolve atividades ligadas a mulheres e etnologia indígena.

Entrei em contato com a Francine através de um amigo. O interesse foi imediato quando eu soube que a jovem paulista de 25 anos, tinha feito uma pesquisa com mulheres caminhoneiras. Ao ler seu artigo intitulado “Exclusão e formas de resistência: uma etnografia de mulheres caminhoneiras”, com o qual ganhou o Prêmio Claude Lévi-Strauss – Modalidade B, da Associação Brasileira de Antropologia, tomei conhecimento de que Francine havia feito uma pesquisa de campo bastante importante para entender a realidade das mulheres caminhoneiras.

Como conta em seu trabalho, a pesquisadora realizou viagens com cinco motoristas, a maioria delas da região Sul do país. Francine também as chama de Volks, Ford, Mercedes, Scania e Volvo porque entende não ser relevante a publicação do verdadeiro nome das mulheres. O trabalho de campo

foi feito de dezembro de 2010 a abril de 2011 e foram coletadas entrevistas e vivenciadas experiências diversas. Tudo isso com o objetivo de “refletir o contexto de inserção dessas mulheres em um trabalho p r e d o m i n a n t e m e n t e masculino” .

“No total, foram 4.495 Km percorridos e cinco viagens. Duas vezes fiz o percurso de Jacareí (São Paulo) à Florianópolis (Santa Catarina)

com uma das caminhoneiras, esperando o período de descarga em São José (Santa Catarina); outra vez fui da cidade de Palhoça (Santa Catarina) até Porto Alegre (Rio Grande do Sul), depois até Cachoeirinha (Rio Grande do Sul) e no retorno parei em Penha (Santa Catarina). A viagem seguinte foi de Palhoça (Santa Catarina) até Porto Alegre (Rio Grande do Sul), voltei até São José (Santa Catarina), depois de Biguaçu (Santa Catarina) fomos à Itajaí (Santa Catarina), depois até Videira (Santa Catarina), seguindo para Treze Tílias (Santa Catarina), voltando até Tijucas (Santa Catarina) e parando mais uma vez em Palhoça (Santa Catarina). As viagens não foram continuas, e durante os 5 meses da pesquisa de campo que envolveram também contatos por internet, pessoais e telefônicos com mulheres caminhoneiras fiquei aproximadamente 14 dias nas estradas viajando com cinco delas” escreve Francine na introdução do seu trabalho.

Com uma perspectiva teórica feminista, Francine realiza uma abordagem que busca entender quais as estratégias de resistência que as mulheres caminhoneiras empregam em seu cotidiano de trabalho, para fugir dos estereótipos aplicados constantemente às mulheres e, principalmente, às mulheres que exercem atividades profissionais tidas como masculinas. Além de uma grande contribuição para o mundo acadêmico, Francine também expõe as lacunas de uma sociedade nas qual as mulheres conseguiram espaço no mercado de trabalho, mas ainda não possuem plenos direitos.

Como forma de homenagear as mulheres durante o mês de março e também para reafirmar nosso compromisso em transformar esse espaço midiático numa voz pelos direitos de tantas que ainda sofrem com o machismo, com a violência e com a exclusão, reproduzimos uma entrevista que realizei com Francine Pereira Rebelo e na qual ela nos conta um pouco de sua trajetória e de sua pesquisa.

Larissa Riberti: Francine, como surgiu a

ideia de estudar o cotidiano das mulheres caminhoneiras no Brasil?

Francine Rebelo: Então, minha família é uma, dessas tantas, apaixonada por caminhões. Meu avô foi motorista de caminhão durante toda sua vida, meu pai e meus tios também foram motoristas de caminhão, de ônibus, de kombi, sempre no ramo dos transportes. Hoje em dia, meu pai tem uma transportadora e a família inteira continua envolvida nesse setor. Foi assim que começou a ideia de estudar as motoristas, eu já estava na faculdade e já atuava nas áreas dos estudos de gênero, movimento de mulheres e feminismo. Em uma conversa na casa do meu pai, ele disse: “Agora nós temos uma motorista mulher lá na transportadora”. Eu pensei que em anos, nunca tinha visto uma mulher dirigindo caminhão e fiquei surpresa por eu nunca ter me dado conta disso antes, por ter naturalizado tanto a profissão como uma profissão de homens. Quando eu descobri que tinha uma mulher motorista, eu pensei

que poderiam ter outras e achei que seria muito interessante juntar esses dois temas que eu gosto tanto, caminhão e feminismo.

Larissa Riberti: Como você conseguiu o contato dessas mulheres que acompanhou e qual foi a reação delas quando souberam que a profissão de caminhoneira seria analisada como objeto de estudo antropológico?

Francine Rebelo: Como eu disse anteriormente, a primeira motorista com quem eu tive contato trabalhava na transportadora do meu pai, ela conhecia outras, mas não tinha o contato de nenhuma. O que me ajudou muito na época foi o Orkut, existiam várias comunidades como “mulheres que dirigem caminhão”, “Sou

mulher, dirijo carreta”. No próprio perfil das motoristas era visível a questão da profissão, algumas colocavam frases como: “Sou apaixonada pela minha família e por caminhões” ou então “Poderia ser médica, engenheira, professora, mas, por hereditariedade, nasci caminhoneira.

E assim continuarei até que meus músculos não mais consigam dominar a máquina e meus olhos não mais consigam enxergar as pistas.” Eu fui mapeando as motoristas e então comecei a mandar recados para elas. Muitas moravam longe de Florianópolis, outras faziam viagens curtas, o que não era meu interesse na época porque as motoristas de longas viagens estabeleciam outras relações familiares e isso me chamava atenção, outras ainda não dirigiam caminhões, mas gostavam dele. A partir disso, foram aparecendo alguns nomes de motoristas possíveis para a pesquisa, elas me passaram o telefone, eu ligava, explicava o que pretendia fazer e a gente tentava combinar a viagem. Era complicado porque nunca se sabe com muita antecedência qual é o destino, eu dependia delas me ligarem quando estivessem passando por Florianópolis. Às vezes, elas ligavam de manhã e a parada em Florianópolis já era a tarde, eu tinha que correr para encontrá-las. A primeira motorista encontrada pelo Orkut conhecia outras e isso facilitou bastante a pesquisa. As motoristas, mais uma vez, foram muito corajosas por abrirem as portas dos caminhões para mim, na época uma desconhecida para elas. Quando eu entrava no caminhão, elas me pediam para explicar o que eu ia fazer e algumas

Francine Rebelo é antropóloga e realizou uma pesquisa sobre as mulheres caminhoneiras. Foto: Divulgação

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"Eu acredito que toda a estrutura do sistema de transpote contribua

para o afastamento das mulheres dessa profissão. "

-Francine Rebelo.

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O JORNAL DO AMIGO CAMINHONEIRO

CHICO DA BOLEIA08 REPORTAGEMperguntavam “você não vai me assaltar, não, né?”. Eu dava risada. A verdade é que pesquisa antropológica nem sempre é fácil de ser explicada. De todo modo, acredito que elas ficavam felizes em poder dividir a história delas comigo. Foi desse modo que consegui viajar aproximadamente 4.495 Km , por 14 dias, não consecutivos, com cinco motoristas diferentes.

Larissa Riberti: No seu texto você aborda que existe “pouca adaptação do sistema de transporte à entrada de mulheres na profis-são”. Fale um pouco mais sobre isso.

Francine Rebelo: Eu acredito que toda a estrutura do sistema de transporte contribua para o afastamento das mulheres dessa pro-fissão. Desde a falta de preparo das trans-portadoras para recebê-las, como aparece no relato de uma das motoristas que, ao en-tregar um currículo, o funcionário de uma transportadora disse que ela não seria con-tratada pelo fato de ser mulher. Além da ro-tina, marcada pela falta de banheiros femi-ninos nas transportadoras ou fábricas onde as mulheres carregam ou descarregam. Nos casos em que presenciei tivemos que pe-gar a chave com o guarda e chavear todo o vestiário (masculino) para podermos tomar banho. Parecem problemas pequenos, mas essas questões foram relatadas por todas as motoristas e tem impactos significativos nas rotinas dessas mulheres.

Outra questão importante é a falta de segurança nas estradas. Uma das motoristas afirmou que não existiam mais mulheres motoristas porque muitas tinham medo da violência. A motorista fez uma diferenciação entre os medos “comuns” que os homens motoristas sentem, como “medo de assalto, de acidente, de ser roubado e tomar uma surra” e os medos que as mulheres têm. Para ela, além desses medos comuns a todos, a mulher tem um medo a mais, o medo da violência sexual. Neste sentido, a falta de iluminação, de postos de serviço e de segurança, ou seja, a precariedade das estradas brasileiras em geral, dificultam a entrada das mulheres que podem passar por situações arriscadas.

Larissa Riberti: Você pontua que a inserção da mulher no mercado de trabalho não fez com que as relações entre homens e mulheres se tornassem necessariamente mais igualitárias, argumento com o qual eu concordo plenamente. Aliás, a entrada das mulheres no mercado de trabalho reforçou algumas hierarquizações, visto que as mulheres passaram a acumular funções como o trabalho, as tarefas domésticas

e a vida familiar. Como as mulheres caminhoneiras lidam com essa realidade? Francine Rebelo: Acredito que o caso das motoristas seja bem emblemático porque foge à realidade de muitas mulheres que trabalham fora de casa. Diferentemente dessas mulheres, as motoristas pesquisadas ficam muitos dias, até meses sem retornarem para casa. Desse modo, apesar de todas as motoristas serem também mães, exceto por uma que ainda era muito jovem, elas não exercem dupla jornada, ou seja, não são responsáveis pelas tarefas domésticas e nem pelo cuidado diário e direto dessas crianças. As motoristas pesquisadas participam de famílias com novos arranjos onde a responsabilidade sobre os/as filhos/as é dividida com outras pessoas.

É preciso compreender que nem sempre o trabalho fora de casa é necessariamente uma escolha da mulher. Significa, muitas vezes, uma luta pela sobrevivência onde a mulher é obrigada a exercer atividades remuneradas para completar o orçamento doméstico e atender às exigências básicas dos membros da família. Então, nem sempre a feminização do trabalho (presença de mulheres no mercado de trabalho) é resultado das lutas feministas ou da autonomia das mulheres, mas também pela necessidade de complementação da renda. No caso das motorista de caminhão, dado o grau de escolaridade, as possibilidades de emprego e as profissões exercidas por elas anteriormente, como empregadas domésticas e funcionárias de fábricas, acredito que a escolha da profissão de motorista tenha aparecido também como uma forma de obter melhores salários.

Larissa Riberti: Em sua pesquisa você aborda os conceitos de espaço público e espaço privado. Enquanto que os homens tem livre acesso ao espaço público podendo transitar por diversos lugares e exercer as mais variadas profissões, as mulheres muitas vezes estão confinadas ao espaço privado de seus lares e, quando exercem profissões tipicamente masculinas, são questionadas sobre sua escolha. Como fica essa diferença entre espaço público delegado aos homens e o privado delegado às mulheres quando elas resolvem inverter essa lógica?

Francine Rebelo: Pra mim as motoristas resistem a essa lógica em dois pontos centrais da subordinação feminina: resistem à incorporação dos espaços privados e

família socialmente competentes à mulher e tomam para si um espaço público e de predomínio masculino. Sendo assim, as motoristas não apenas circulam por espaços “que não são delas”, mas deixam de estar nos espaços (domésticos) que “lhes caberiam”. O fato de serem mulheres, andando sozinhas (sem a companhia de homens), em horários diversos, inclusive de madrugada, geram comportamentos e comentários contrários a presença das mulheres nesses espaços. De acordo com uma das motoristas, ela uma vez se desentendeu com um dos colegas que insinuou que ela não tinha um “bom comportamento”. Um dos colegas da firma disse que “não deixaria a mulher trabalhar num lugar que só tivesse homens”, ela

perguntou se estava fazendo alguma coisa de errado e se ele sabia o que a mulher dele estava fazendo. Acredito que a permanêncianessa profissão exija das mulheres motoristas resistência frente aos comentários depreciativos dos colegas e as outras situações que lhes são cotidianamente impostas.

Larissa Riberti: Como as mulheres caminhoneiras resistem ao estereótipo de “sexo frágil” tão comumente associado a figura das mulheres na nossa sociedade?Francine Rebelo: A ideia de que força física é necessária para profissão de motorista é recorrente não só entre as pessoas que não tem conhecimento sobre o trabalho, mas também entre profissionais envolvidos no transporte. A representação da estrada como um lugar que oferece riscos que as mulheres não são aptas a enfrentar é comum. Uma das motoristas disse que em uma

"As mulheres caminhoneiras resistem à incorporação dos es-

paços privados e família socialmente competentes à mulher e tomam para

si um espaço público e de predomínio masculino."

- Francine Rebelo.

conversa com um frentista ele perguntou o que ela faria se um pneu furasse e ela respondeu “Eu sou caminhoneira, não sou borracheira”. Mesmo colocando quais são os limites da atividade profissional, muitas das motoristas já precisaram descarregar o próprio caminhão, mostrando que esse estereótipo de sexo frágil é muitas vezes um instrumento social para afastar as mulheres de determinadas profissões.

Larissa Riberti: Durante a sua pesquisa de campo e sua vivência com as mulheres caminhoneiras, quais estigmas enfrentados por elas você pôde identificar?

Francine Rebelo: Os estigmas acompanham diversos aspectos da vida das mulheres motoristas, desde o imaginário social de que mulheres são frágeis e não habilidosas na direção, como nos mostram

piadas como “mulher no volante perigo constante” e tantas outras, assim

como o posicionamento dos donos de empresa, como mencionei anteriormente, e dos colegas que questionam o comportamento das motoristas e fiscalizam suas manobras mais do que fariam com outros colegas homens (vendo se elas estão dirigindo bem, se sabem estacionar, etc).

Além desses obstáculos a serem enfrentados, as motoristas devem

também dar uma resposta à ideia comum de que são masculinizadas ou

lésbicas. Quando perguntei sobre o início da profissão a uma das motoristas, ela contou que telefonou à uma amiga contando que tinha começado a trabalhar como motorista e que recebeu como resposta uma insinuação de ter se tornado homossexual: “eu liguei pra uma amiga, eu nunca vou esquecer, sempre que me perguntam isso eu lembro dela, eu disse, ah tu nem sabe agora eu sou caminhoneira, ah tá, tu virou sapatona, ela falou isso pra mim, isso não quer dizer que eu virei caminhoneira que eu sou isso, é uma profissão como qualquer outra, daí ela viu que tinha falado demais, na realidade eu acho que não tem nada a ver....” . Colocar em questão e controlar a sexualidade das mulheres é mais uma forma de dificultar a inserção dessas mulheres em profissões masculinas. Ao mesmo tempo, ao contrário de responder à esses padrões tão esperado das caminhoneiras, as motoristas estudadas resistiam a esses estigmas de outros modos e não aderiam a um comportamento dito “masculino”.Larissa Riberti: No seu texto, percebe-se claramente o argumento de que

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O JORNAL DO AMIGO CAMINHONEIRO

CHICO DA BOLEIAO JORNAL DO AMIGO CAMINHONEIRO

CHICO DA BOLEIA 09REPORTAGEMessas mulheres caminhoneiras possuem estratégias de resistência para sobreviver profissionalmente num ambiente tão hostil à sua presença. Que estratégias são essas e à que tipo de opressão elas respondem?

Francine Rebelo: A principal estratégia que eu observei das motoristas que eu acompanhei foi a adoção de uma postura claramente profissional e competente. As mulheres motoristas sabiam que eram mais fiscalizadas que os homens e que não bastava ser competente para serem reconhecidas, elas tinham que ser “melhores que os homens”. Desse modo, apesar de se tratar de uma profissão com riscos de acidentes, as caminhoneiras buscavam ser impecáveis em suas atuações profissionais. De acordo com as motoristas, elas buscavam não se envolver em acidentes, chegar com a carga sem atrasos ou avarias, não deixar que o envolvimento amoroso com homens colocasse sua carreira profissional em questão, entre outros. A comprovação, através da segurança da carga e dos cuidados com o caminhão de que a motorista é uma profissional, é mais importante para ela do que a compensação econômica, de acordo com uma das motoristas “Eu prefiro essa hora do que a

hora de receber o dim-dim, não que eu não goste, eu gosto também, mas 'eu transbordo de felicidade' quando chego no meu destino final e dá tudo certo”. Para a realização sem problemas das atividades de caminhoneira, a motorista ressalta em seu discurso a necessidade de delimitar qual o seu trabalho, que segundo elas, não envolve ,por exemplo, a troca de pneus ou o descarregamento do caminhão. Assim, as motoristas evitam que sejam profissionalmente cobradas por algo que não seja concernente à suas atividades e garantem o exercício de suas atividades da maneira mais profissional possível.

Larissa Riberti: O seu texto não trata exatamente sobre isso, mas durante o seu trabalho de campo, houve alguma situação em que vocês passaram por alguma tentativa de assédio moral ou sexual? Francine Rebelo: No tempo em que estive em campo, não presenciei nenhuma cena de assédio sexual, nem mesmo tive relatos nesse sentido. No que diz respeito

ao assédio moral, é importante lembrar que faz parte do cotidiano da motorista

o convívio com o espanto das pessoas ao vê-las dirigindo. Raramente as motoristas passam “despercebidas” e nos postos de gasolina os comentários de “parabéns” disputam espaços com as perguntas “é você

"As mulheres moto-ristas sabiam que eram mais

fiscalizadas que os homens e que não bastava ser competente para serem reco-

nhecidas, elas tinham que ser “melhores que os homens”. Desse modo, apesar de se tratar de uma profissão com riscos de acidentes, as cami-

nhoneiras buscavam ser impecáveis em suas atuações profissionais"

- Francine Rebelo.

que está dirigindo esse caminhão?”. Ouvi dezenas de comentários. Durante a primeira viagem, quando parei na transportadora com a caminhoneira , um outro motorista perguntou: “Vocês duas que tão nesse caminhão ou vocês tão de brincadeira?” A motorista respondeu: “Olha para minha cara, vê se você acha

que eu tô brincando”. É impressionante a rapidez com que as motoristas respondem a esses tipos de comentários. Como mulheres guerreiras que são, as motoristas não aceitam pacificamente essa falta de reconhecimento. De todo modo, acredito que não possamos esquecer desses comentários positivos, muitas motoristas relataram

que são ajudadas pelos colegas, pelos companheiros e que são respeitadas e tem

sua coragem e competência reconhecidas no exercício da profissão.

O artigo ““Exclusão e formas de resistência: uma etnografia de mulheres caminhoneiras” pode ser encontrado no link:

www.abant.org.br/file?id=665Texto final Larissa J. Riberti

Page 10: 27ª Edição Nacional – Jornal Chico da Boleia

O JORNAL DO AMIGO CAMINHONEIRO

CHICO DA BOLEIA10 ESPORTES

F-Truck. Imbatível, Leandro Totti vence em Caruaru e brilha no final de semana.

O piloto da RM Competições, Leandro Totti, confirmou o brilhantismo desse final e fechou a primeira etapa da Fórmula Truck em primeiro lugar. A prova, realizada no domingo, dia 16 de março, lotou as arquibancadas e esquentou o Autódromo Internacional Ayrton Senna de Caruaru.

Paranaense, Leandro Totti já havia feito bons tempos nos treinos livres de sexta-feira e de sábado. Além disso, conseguiu a pole position, que foi seguida do troféu. Resumindo: não teve pra ninguém!

Desde a largada, Totti conseguiu uma vantagem considerável sobre Roberval Andrade, fechando a corrida também com o melhor tempo de 1:50.850. Apesar das mudanças impostas pelo novo regulamento, o paranaense afirmou que seu caminhão se comportou muito bem nas pistas. O piloto também frisou as dificuldades impostas pelo calor e pelas condições de pista.

“Sem dúvida essa pista é a que mais judia do equipamento, da suspensão e dos pneus. Começamos bem aqui e isso é um sinal de que o caminhão deve se comportar bem nas próximas etapas”, comemorou o piloto.

Apesar de reconhecer que não tinha condições de acompanhar o ritmo de Totti, Roberval Andrade, da Ticket Car Corinthians, demonstrou bastante satisfação em terminar a corrida em segundo lugar.

“A corrida foi fantástica, Caruaru sempre tem um calor muito grande, da torcida, do público. Agradeço a este estado que

acolheu minha trajetória na Fórmula Truck desde o começo”, afirmou.

Durante a coletiva de imprensa, uma revelação. Geraldo Piquet disse ter sofrido uma fratura na clavícula há, aproximadamente, cinco semanas. O infortúnio deixou dúvidas se o piloto da ABF Santos Team conseguiria ou não voltar para as pistas. Felizmente, o brasiliense conseguiu concluir a prova em terceiro lugar.

“Está cedo para falar se eu tenho condições de realizar um bom campeonato. Temos um problema com a questão da fumaça, que é muito subjetiva, mas que devemos nos adaptar. Por enquanto, tenho muito a agradecer a equipe por me ajudar nessas questões”, concluiu Piquet.

Caruaru também trouxe bons ventos para Paulo Salustiano, da ABF Racing Team. O paulista vem de um regime de quebras em 2013, que o colocou fora da disputa pelo campeonato brasileiro, título que tinha plenas condições de conquistar.

Para o piloto, no entanto, a primeira etapa da temporada impôs sérias dificuldades. “Foi um final de semana muito difícil, desde sexta-feira sofri uma série de quebras. Sábado tivemos problemas de novo e no Top Qualifying cometi um erro e quase quebrei o motor do caminhão. Conseguimos deixar o caminhão bom para a corrida, mas sofri com o problema de temperatura que estava em 115, 120 graus. Pra mim esse quarto lugar é com sabor de vitória”, completou o piloto que dedicou o troféu à sua equipe.

Foto: Larissa Jacheta Riberti

MAR

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JUN

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16 / Etapa Caruaru

18 / Etapa São Paulo

17 / Etapa Rio Grande do Sul

02 / Etapa Londrina

13 / Etapa Curitiba

20 / Etapa Cascavel

12 / Etapa Guaporé

08 / Etapa Goiânia

14 / Etapa Argentina

07 / Etapa Brasília

2014 Calendáriode Corridas

Fórmula Truck

Paranaense da RM Competições fecha com chave de ouro o final de semana que também teve dobradinha da

Ticket Car Corinthians no pódio.Completando o pódio esteve Danilo Dirani, da Ticket Car Corinthias. O piloto, que no ano passado esteve pilotando o caminhão da Volta Rápida, retornou as pistas como competidor e, com o seu resultado nesta etapa, com grande estilo.

“2013 foi um ano sabático dentro da Truck, mas continuo sempre envolvido com corrida e me mantive próximo do caminhão. Até duas semanas atrás eu não sabia que ia correr, e estar no Corinthians é muito positivo. Vamos resolvendo os problemas do caminhão aos poucos, daqui pra frente, nas próximas etapas”, concluiu.

Apesar de ter sido desclassificado no Top Qualifying e largado na última fila, o pernambucano Beto Monteiro terminou a corrida em sexto lugar. O resultado do piloto da Scuderia Iveco mostra que os caminhões da equipe continuam competitivos e só precisam ajustar os níveis de emissão de fumaça.

O final de semana impôs desafios a todos os pilotos. Além do novo regulamento, que proíbe o uso do catalisador e a emissão de fumaça, a temperatura das pistas fez com que os pilotos poupassem mais seus caminhões. Somam-se a isso, as más condições de manutenção e a depreciação com que vem sofrendo o Autódromo Internacional de Caruaru.

O público presente ainda contou com diversas atrações. No sábado, patrocinadores e parceiros da Truck puderam aproveitar a Volta Rápida – uma experiência em andar num caminhão de corrida – que este ano está sendo comandada pelo piloto Alberto Cattucci.

No domingo, o Autódromo começou a receber os presentes desde cedo, que acompanharam o desfile dos piltotos e o Truck Show, comandado por Gaby e Juninho, filhos do idealizador da competição, Aurélio Batista Félix e da atual presidente da categoria, Neusa Navarro Félix.

A próxima etapa está marcada para o dia 13 de abril e será realizada na cidade paranaense de Curitiba. Não perca nossa cobertura através do site www.chicodaboleia.com.br e do facebook www.facebook.com/chicodaboleia

Confira como ficou o resultado final da primeira etapa da Temporada

2014 de Fórmula Truck.

1º) 73 - Leandro Totti (Volkswagen, PR), 29 voltas em 1:01:22.152 (média de 74.4 km/h)

2º) 15 - Roberval Andrade (Scania , SP), a 13.089

3º) 3 - Geraldo Piquet (Mercedes , DF), a 16.336

4º) 55 - Paulo Salustiano (Mercedes , SP), a 16.843

5º) 85 - Danilo Dirani (Scania , SP), a 18.776

6º) 1 - Beto Monteiro (Iveco , PE), a 25.298

7º) 28 - Fabiano Brito (Volvo , PR), a 29.269

8º) 90 - Marcello Cesquim (Mercedes , PR), a 37.182

9º) 2 - Valmir Benavides (Iveco , SP), a 39.115

10º) 14 - João Maistro (Volvo , PR), a 57.718

11º) 4 - Felipe Giaffone (MAN , SP), a 59.411

12º) 20 - Pedro Muffato (Scania , PR), a 1:02.042

13º) 25 - Jaidson Zini (Iveco , PR), a 1:10.349

14º) 99 - Luiz Lopes (Iveco , SP), a 1:29.499

15º) 10 - Jansen Bueno (Scania , PR), a 1:34.033

16º)77 - André Marques (Volkswagen , SP), a 1:45.213

17º) 71 - Raijan Mascarello (Ford , MT), a 1 volta

18º) 8 - Adalberto Jardim (Volkswagen , SP), a 12 voltas

19º) 6 - Wellington Cirino (Mercedes , PR), a 14 voltas

20º) 7 - Debora Rodrigues (Volkswagen , SP), a 14 voltas

21º) 80 - Diogo Pachenki (Volvo , PR), a 19 voltas

22º) 72 - Djalma Fogaça (Ford , SP), a 22 voltas

23º) 53 - Ronaldo Kastropil (Mercedes , SP), a 26 voltas

24º) 35 - David Muffato (Ford , PR), a 27 voltas

Melhor Volta: Leandro Totti, 1:50.850 (103.3 km/h)

Redação Chico da Boleia

Foto: Larissa J. Riberti

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16 / Etapa Caruaru

18 / Etapa São Paulo

17 / Etapa Rio Grande do Sul

02 / Etapa Londrina

13 / Etapa Curitiba

20 / Etapa Cascavel

12 / Etapa Guaporé

08 / Etapa Goiânia

14 / Etapa Argentina

07 / Etapa Brasília

2014 Calendáriode Corridas

Fórmula Truck

Confira como ficou o resultado final da primeira etapa da Temporada

2014 de Fórmula Truck.

1º) 73 - Leandro Totti (Volkswagen, PR), 29 voltas em 1:01:22.152 (média de 74.4 km/h)

2º) 15 - Roberval Andrade (Scania , SP), a 13.089

3º) 3 - Geraldo Piquet (Mercedes , DF), a 16.336

4º) 55 - Paulo Salustiano (Mercedes , SP), a 16.843

5º) 85 - Danilo Dirani (Scania , SP), a 18.776

6º) 1 - Beto Monteiro (Iveco , PE), a 25.298

7º) 28 - Fabiano Brito (Volvo , PR), a 29.269

8º) 90 - Marcello Cesquim (Mercedes , PR), a 37.182

9º) 2 - Valmir Benavides (Iveco , SP), a 39.115

10º) 14 - João Maistro (Volvo , PR), a 57.718

11º) 4 - Felipe Giaffone (MAN , SP), a 59.411

12º) 20 - Pedro Muffato (Scania , PR), a 1:02.042

13º) 25 - Jaidson Zini (Iveco , PR), a 1:10.349

14º) 99 - Luiz Lopes (Iveco , SP), a 1:29.499

15º) 10 - Jansen Bueno (Scania , PR), a 1:34.033

16º)77 - André Marques (Volkswagen , SP), a 1:45.213

17º) 71 - Raijan Mascarello (Ford , MT), a 1 volta

18º) 8 - Adalberto Jardim (Volkswagen , SP), a 12 voltas

19º) 6 - Wellington Cirino (Mercedes , PR), a 14 voltas

20º) 7 - Debora Rodrigues (Volkswagen , SP), a 14 voltas

21º) 80 - Diogo Pachenki (Volvo , PR), a 19 voltas

22º) 72 - Djalma Fogaça (Ford , SP), a 22 voltas

23º) 53 - Ronaldo Kastropil (Mercedes , SP), a 26 voltas

24º) 35 - David Muffato (Ford , PR), a 27 voltas

Melhor Volta: Leandro Totti, 1:50.850 (103.3 km/h)

Redação Chico da Boleia

O JORNAL DO AMIGO CAMINHONEIRO

CHICO DA BOLEIA 11ESPORTES

FÓRMULA TRUCK 2014 - CARUARU - PE

GALERIA DE FOTOS

Foto: Larissa J. Riberti Foto: Larissa J. Riberti

Foto: Larissa J. RibertiFoto: Larissa J. Riberti

Foto: Larissa J. Riberti Foto: Larissa J. Riberti

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O JORNAL DO AMIGO CAMINHONEIRO

CHICO DA BOLEIA12 DE BOA NA BOLEIATânia Rampim fala sobre seu dia a dia como carreteira

Tânia Rampim, natural de Itapira, sabe a responsabilidade que implica estar no comando de um caminhão. Única mulher carreteira da cidade onde vive, a jovem de 33 anos concedeu uma entrevista ao Jornal Chico da Boleia Informa e falou sobre o seu dia a dia, como enfrenta as dificuldades e os planos para o futuro. Confira na íntegra a entrevista.

Larissa Riberti: Tânia, como você descobriu que queria ser caminhoneira?

Tânia: Desde Pequena andava com meu pai que transportava areia e ai veio o gosto de dirigir caminhão. Também tenho um histórico de família: meu avô, Osvaldo Rampim, foi caminhoneiro e meu irmão, Tadeu Rampim, é caminhoneiro atualmente. Agora eu sou a carreteira da

família e a única de Itapira.

Larissa Riberti: Desde que começou nesta profissão, onde já trabalhou e qual sua atividade atualmente?

Tânia: Já trabalhei em vários lugares. Trabalhei na Itabois (motofrete), já fui caixa de supermercado. Como caminhoneira atuei na Transporte RT, Safra da Cana de Açucar, Itajai e também como motorista do caminhão de coleta de lixo da Sanepav de Itapira – atividade que eu exerci com muito orgulho. Na cidade eu também dirigia o caminhão de Guincho do Siqueira, e atualmente eu trabalho como carreteira em uma grande empresa de São Jose do Rio Preto, a Zap Transportes.

Larissa Riberti: Por ser uma mulher atuando em uma profissão majoritariamente

masculina, você encontra dificuldades durante sua rotina de trabalho?

Tânia: Eu brinco dizendo que as dificuldades aparecem só de vez em quando, mas na verdade elas estão aí todos os dias. Às vezes eu acho um engraçadinho que não sabe seu lugar, mas rapidamente eu coloco ele no seu devido lugar. É preciso enfrentar esse tipo de gente.

Larissa Riberti: Nesta mesma edição do Jornal, também divulgamos uma entrevista com a pesquisadora Francine Rebelo, que investigou o cotidiano e as formas de resistência de mulheres caminhoneiras no Brasil. Ela acompanhou cinco caminhoneiras durante as viagens que elas faziam e na sua pesquisa Francine buscou compreender como essas mulheres lidavam com alguns estereótipos, como por exemplo, o de “sexo frágil” que não serviria para trabalhar numa profissão como caminhoneira. Você também já foi questionada nesse sentido? Como você resiste a isso?

Tânia: O preconceito eu tiro de letra. A gente tem que levar na brincadeira porque se for levar a sério, a gente briga todo santo dia.

Larissa Riberti: Durante sua vida profissional, você vivenciou alguma situação em que um possível empregador, colega de trabalho ou cliente impôs obstáculos para você exercer o seu trabalho

pelo fato de você ser mulher?

Tânia: Quando eu trabalhava no guincho do Siqueira, eu fui acionada pra pegar um carro, uma Ecosport, em Serra Negra O dono do carro, um paulistano, não aceitou que eu guinchasse seu carro. Só que depois de muito “bla bla bla”, ele não tinha outra solução a não ser aceitar e o preconceito mais uma vez ficou pra trás. Ele até admirou a rapidez que eu coloquei o carro em cima do guincho e até meu deu os parabéns. Agora como Carreteira, meu primeiro dia foi osso. Fui barrada no meu primeiro dia como carreteira numa empresa aqui no interior de São Paulo. O conferente de carga preconceituoso me fez descer do caminhão pra ver como eu estava vestida adequadamente com calça, sapato fechado, camiseta, e ainda por cima me fez mostrar a carteira de habilitação. Não só fazendo isso ele ligou na transportadora onde eu trabalho pra perguntar se eu era motorista habilitada.

Larissa Riberti: Quais são seus planos para o futuro?

Tânia: Continuar como carreteira, e ainda esse ano pretendo me casar, pois meu noivo também é carreteiro. E meu casamento vai ser estilo caminhoneiro, toda a equipe do Chico da Boleia está convidada (risos).

Larissa Jacheta Riberti

Redação Chico da Boleia

Saiba quais são as modificações propostas para a Lei 12.619

Foto: Tânia Rampim | Divulgação

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O JORNAL DO AMIGO CAMINHONEIRO

CHICO DA BOLEIA

pelo fato de você ser mulher?

Tânia: Quando eu trabalhava no guincho do Siqueira, eu fui acionada pra pegar um carro, uma Ecosport, em Serra Negra O dono do carro, um paulistano, não aceitou que eu guinchasse seu carro. Só que depois de muito “bla bla bla”, ele não tinha outra solução a não ser aceitar e o preconceito mais uma vez ficou pra trás. Ele até admirou a rapidez que eu coloquei o carro em cima do guincho e até meu deu os parabéns. Agora como Carreteira, meu primeiro dia foi osso. Fui barrada no meu primeiro dia como carreteira numa empresa aqui no interior de São Paulo. O conferente de carga preconceituoso me fez descer do caminhão pra ver como eu estava vestida adequadamente com calça, sapato fechado, camiseta, e ainda por cima me fez mostrar a carteira de habilitação. Não só fazendo isso ele ligou na transportadora onde eu trabalho pra perguntar se eu era motorista habilitada.

Larissa Riberti: Quais são seus planos para o futuro?

Tânia: Continuar como carreteira, e ainda esse ano pretendo me casar, pois meu noivo também é carreteiro. E meu casamento vai ser estilo caminhoneiro, toda a equipe do Chico da Boleia está convidada (risos).

Larissa Jacheta Riberti

Redação Chico da Boleia

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CHICO DA BOLEIA 13DEBATENDO A LEI DO MOTORISTA

Já é conhecida a Comissão Especial que atua na Câmara dos Deputados com o objetivo de propor e, talvez, alterar a Lei 12.619 que regulamenta a profissão de motorista, em vigor desde 2012. De acordo com o Fórum Nacional em Defesa da Lei 12.619, as modificações propostas pelo Projeto de Lei 5943/2013, podem ser consideradas “ofensivas” do setor do agronegócio em relação à Lei do Motorista. Na terça feira, dia 18 de março, o PL foi colocado em regime de urgência, conforme requerimentos dos Deputados Jovair Arantes e Celso Maldaner. Para o FNDL, é preciso que os setores se mobilizem e busquem alternativas para negociar com o governo. Em matéria divulgada pelo Blog do Caminhoneiro, José Araújo Silva “China”, presidente da União Nacional dos Caminhoneiros (UNICAM), entidade representativa da classe dos Transportadores Autônomos de Cargas (TAC), afirmou que o cenário pode piorar caso o Projeto de seja aprovado. “Do jeito que está, o PL pode enterrar de vez as possibilidades dos caminhoneiros autônomos de ter uma vida digna, recebendo seu pagamento corretamente e tendo tempo de descanso garantidos”, alertou. O PL toca justamente em dois dos assuntos mais delicados para os caminhoneiros. O primeiro é a alteração da forma e do tempo de descanso dos motoristas. Veja, por exemplo, os três primeiros parágrafos do Artigo 235-C da Lei 12.619, que altera a Consolidação das Leis do Trabalho (atenção para as partes em negrito).

“Art. 235-C. A jornada diária de trabalho do motorista profissional será a estabelecida na Constituição Federal ou mediante instrumentos de acordos ou convenção coletiva de trabalho. § 1o Admite-se a prorrogação da jornada de trabalho por até 2 (duas) horas extraordinárias.

§ 2o Será considerado como trabalho efetivo o tempo que o motorista estiver à disposição do empregador, excluídos os intervalos para refeição, repouso, espera e descanso.

§ 3o Será assegurado ao motorista profissional intervalo mínimo de 1 (uma) hora para refeição, além de intervalo de repouso diário de 11 (onze) horas a cada 24 (vinte e quatro) horas e descanso semanal de 35 (trinta e cinco) horas.

Já no Projeto de Lei 5943, esse texto seria modificado para:

“Art. 235-C. A jornada diária de trabalho do motorista profissional será de oito horas, admitindo-se a sua prorrogação por até quatro horas extraordinárias. §1° Será considerado como trabalho efetivo o tempo que o motorista empregado estiver à disposição do empregador, excluídos os intervalos para refeição, repouso, descanso e de tempo de espera.

§2º Será assegurado ao motorista profissional empregado intervalo mínimo de uma hora para refeição, podendo

este período coincidir com o tempo de parada obrigatória na condução do veículo

estabelecido pela Lei de Trânsito.

§3º Dentro do período de vinte e quatro horas, são asseguradas, no mínimo, onze horas de descanso, sendo facultado o seu fracionamento e a coincidência com os períodos de refeição e de parada obrigatória na condução do veículo estabelecida pela Lei de Trânsito, garantindo-se o intervalo mínimo de oito horas ininterruptas”

Um segundo exemplo é o artigo 14 do Projeto de Lei que propõe a modificação na forma de pagamento dos caminhoneiros e chancela o retorno da famigerada carta-frete, prática proibida em 2010. Veja o texto do PL:

“Art. 5º-A. O pagamento do frete do transporte rodoviário de cargas ao Transportador Autônomo de Cargas – TAC deverá ser efetuado em espécie ou por meio de crédito em conta de depósitos mantida em instituição financeira, conta corrente ou poupança à critério do prestador do serviço”.

Entendamos! Atualmente, o art. 5º- A da Lei 11.442/07 exige que o pagamento do frete seja realizado por intermédio de depósito em conta bancária ou via cartão eletrônico. O cartão é uma forma de comprovar a renda do caminhoneiro, permitindo que ele faça empréstimos para trocar de veículo, ou seja, possa ser beneficiado pelos programas de crédito criados pelo governo, como o Pró-caminhoneiro. “Os postos funcionam como factorings, fa-zem a troca da carta-frete cobrando ágio de

Saiba quais são as modificações propostas para a Lei 12.619 até 30% do pagamento do caminhoneiro. O dinheiro circula no caixa 2, pois não há qualquer controle. Perde o caminhoneiro que não recebe o valor correto por seu tra-balho, não tem comprovação de renda e precisa trabalhar ainda mais para ter um pagamento digno; o governo que não con-tabiliza esses valores e movimentação das cargas; e a sociedade, que acaba pagando a mais pelas mercadorias e também sofre com os acidentes nas estradas, resultado de uma frota velha e de profissionais cansa-dos”, explica China.Para o presidente da Unicam, tudo que foi até aqui conquistado em prol dos camin-honeiros estará ameaçado. “Estamos fa-lando em um milhão de profissionais, que, somado à família, representam mais de 4 milhões de brasileiros prejudicados direta-mente”, continua China.Na ocasião em que a Lei 12619 estava em processo de discussão, os seus defensores argumentavam (e ainda argumentam) que a conquista da regulamentação da profissão é, sobretudo, uma conquista da sociedade. De acordo com dados da Confederação Nacional do Transporte, no ano de 2010, foram registrados 183.410 acidentes em rodovias federais, resultando em 8.623 mortos e 103.138 feridos.Além disso, é preciso que seja atribuída mais cidadania trabalhista aos profissionais da estrada, concedendo o direito ao descanso, as paradas e uma rotina mais digna de trabalho. Os membros da Comissão que tenta alterar a Lei 12.619 parecem não estar preocupados com isso.

Texto integral do Projeto de Lei: http://www.camara.gov.br/sileg/integras/1108923.pdfRedação Chico da Boleia.

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CHICO DA BOLEIA14

Fórum Estadual em Defesa da Lei 12.619 é lançado em São Paulo

Aconteceu na última sexta-feira, 28 de março, o lançamento do Fórum Estadual em Defesa da Lei 12619/2012 em São Paulo. O evento realizado na Assembleia Legislativa (ALESP), foi promovido por entidades sindicais representantes dos trabalhadores motoristas empregados e autônomos (FTTRESP, SINDITANQUE, UNICAM, FETRABENS e seus sindicatos filiados).

O lançamento do Fórum Estadual é parte da estratégia definida pelo Fórum Nacional (FNDL), que tem o objetivo de alertar aos governos Federal, Estaduais e Municipais, quanto a omissão do poder público sobre a efetiva fiscalização e aplicação da Lei, que já foi sancionada em abril de 2012 e em defesa da segurança e saúde dos motoristas do Brasil.

De acordo com Valdir de Souza Pestana, presidente da FTTRESP (Federação dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário do Estado de São Paulo) e um dos coordenadores do FNDL, o lançamento tem ainda como objetivo ganhar mais força para enfrentar a CEOMOTOR - comissão criada pela câmara dos deputados para alterar a Lei do Descanso e retirar os direitos conquistados pelos trabalhadores.

Em entrevista concedida para Chico da Boleia, Souza frisou que existem atualmente, mais de 1 milhão de motoristas no Brasil. Em decorrência desse grande número de pessoas que sào diretamente beneficiadas pela Lei 12.619 que, ainda hoje, sofre com ataques de alguns grupos dentro do Governo, foi preciso a criação dos Fóruns Nacional e Estaduais. “O Fórum nem deveria existir. O que deveria

existir é um próprio incentivo do Governo para a aplicabilidade da Lei. Acontece que vimos uma movimentação no Congresso contrária a essa necessidade e por isso nos organizamos”, explicou Valdir.

Como exemplificado na coluna “Debatendo a Lei do Motorista” desta edição, a Comissão que trabalha no Congresso Nacional tenta modificar alguns pontos da Lei. Para Halmiton Dias de Moura, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte de Carga e Logística de Belo Horizonte e também Secretário Executivo do FNDL, o Fórum foi criado porque a situação atual não é uma simples atuação de um determinado setor econômico e do governo pelo não cumprimento da Lei, mas resultado de todo um contexto social mais amplo.

“A Lei 12619 veio humanizar as condições de trabalho dos motoristas. As pressões contra ela, que foi democraticamente votada no Congresso e sancionada pela Presidência, revelam uma luta que parte de um sistema que está se acomodando e de um país que ficou refém do modal rodoviário. Por isso tivemos que criar uma frente

com diversos atores sociais que defendam a Lei”,

afirmou.

O Secretário ainda explicou que o Fórum é um caminho para unificar as lideranças do setor existentes no país hoje em prol de uma causa que não é só dos trabalhadores, mas que afetam a sociedade em geral.

“Nosso objetivo é reunir todos aqueles que defendem a Lei como um instrumento de garantir que a gente tenha uma relação social justa, honesta e capaz de aprimorar nossa convivência na sociedade. É muito mais do que uma reivindicação trabalhista.”, concluiu Hamilton.

Durante as apresentações, além de algumas exemplificações a respeito de pontos da Lei que possam ser alterados pela CEOMOTOR, existia certa unanimidade entre os presentes sobre a incoerência de ter que existir um Fórum que lute por um direito já conquistado e inerente dos trabalhadores.

Sarah Munhoz, Deputada Estadual (PcdoB), acredita que é um “absurdo” os caminhoneiros ainda terem que lutar pela aplicabilidade da Lei 12.619, já que ela já foi aprovada, sancionada e está em vigor. A Legisladora ainda afirmou que os resultados da Lei confirmam que ela é indispensável para a sociedade. “Não estamos falando de uma Lei só para o setor rodoviário de cargas. Trata-se de uma Lei que protege e dá condições de melhoria de um problema

de saúde pública”, afirmou.

Sobre o assunto, o Procurador do Trabalho, Dr. Paulo Douglas, afirmou que já foi constatado através de pesquisas, que quase 1/3 dos motoristas abordados estavam sob o efeito de drogas para suportar as longas jornadas. Essa realidade motivou a discussão, criação e aprovação da Lei.

Para o Procurador, no entanto, as resistências para a sua efetiva aplicabilidade vêm de setores que estão mais preocupados com questões como o valor do frete, do que com a saúde dos motoristas. De acordo com Paulo, desde início da sua aplicação, a Lei já salvou cerca de 1500 vidas.

“Existe uma possibilidade real e iminente de alteração da Lei 12.619 por parte desta bancada ruralista do Congresso, que está empenhada nisso. Essas modificações propostas não apenas destroem a Lei, mas colocam no lugar dela uma norma que legitima o sistema anterior”, frisou.

Em outras palavras, para Paulo Douglas, se as modificações dessa Comissão forem aceitas, o sistema de transporte voltará a sua realidade anterior e isso ainda será pactuado por uma Lei. “Então se antes o nosso sistema de transporte matava, sem que houvesse uma Lei respaldando isso, hoje, se a CEOMOTOR tiver êxito, haverá uma Lei que suportará a morte dos motoristas, ou seja, mortes legais.”, explicou.

Durante o evento, Chico da Boleia fez uma

intervenção. Para ele ainda é necessário levar mais informação para a base da categoria. “A Lei 12.619 trouxe luz para uma questão muito importante para os motoristas. No entanto, eu rodo de 10 a 15 mil km por mês e rodando por aí a gente tem conhecimento de que muitos motoristas e caminhoneiros autônomos ainda não sabem o que é a Lei e quais os benefícios trazidos para a categoria”, afirmou.

Sem dúvida, os integrantes dos Fóruns Estaduais e Nacional estão empenhados nessa campanha. Juntamente com eles, Chico da Boleia e toda sua equipe estão comprometidos em não só divulgar, mas também participar das discussões que envolvam essa questão diretamente e ampliar o coro pelo direito dos trabalhadores do setor do transporte rodoviário de cargas.

Redação Chico da Boleia.

Foto: Pamela Souza

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DEBATENDO A LEI DO MOTORISTA

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CHICO DA BOLEIAO JORNAL DO AMIGO CAMINHONEIRO

CHICO DA BOLEIA 15GALERIA

Foto: Larissa Jacheta Riberti

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Foto: Pamela Souza

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“Existe uma possibilidade real e iminente de alteração da Lei 12.619 por parte desta bancada ruralista do Congresso, que está empenhada nisso. Essas modificações propostas não apenas destroem a Lei, mas colocam no lugar dela uma norma que legitima o sistema anterior”, frisou.

Em outras palavras, para Paulo Douglas, se as modificações dessa Comissão forem aceitas, o sistema de transporte voltará a sua realidade anterior e isso ainda será pactuado por uma Lei. “Então se antes o nosso sistema de transporte matava, sem que houvesse uma Lei respaldando isso, hoje, se a CEOMOTOR tiver êxito, haverá uma Lei que suportará a morte dos motoristas, ou seja, mortes legais.”, explicou.

Durante o evento, Chico da Boleia fez uma

intervenção. Para ele ainda é necessário levar mais informação para a base da categoria. “A Lei 12.619 trouxe luz para uma questão muito importante para os motoristas. No entanto, eu rodo de 10 a 15 mil km por mês e rodando por aí a gente tem conhecimento de que muitos motoristas e caminhoneiros autônomos ainda não sabem o que é a Lei e quais os benefícios trazidos para a categoria”, afirmou.

Sem dúvida, os integrantes dos Fóruns Estaduais e Nacional estão empenhados nessa campanha. Juntamente com eles, Chico da Boleia e toda sua equipe estão comprometidos em não só divulgar, mas também participar das discussões que envolvam essa questão diretamente e ampliar o coro pelo direito dos trabalhadores do setor do transporte rodoviário de cargas.

Redação Chico da Boleia.

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CHICO DA BOLEIA16 ONDE ESTÁ O CHICO DA BOLEIA

O Setcesp, Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região, promoveu no dia 27/3, em sua sede, o 4º Workshop de Segurança. O evento contou com uma série de palestras de especialistas do segmento, além de Chico da Boleia, que esteve presente e acompanhou os detalhes do Workshop. Na ocasião, profissionais trataram de assuntos como: identificação automática de veículos; informação a serviço da segurança e da modalidade; gestão de riscos; jornada de trabalho e software de gestão e logística; tecnologia especializada; tecnologia de rastreamento; telemetria; processo na redução da sinistralidade; rastreador como ferramenta de prevenção e auditoria de acidentes rodoviários.Adauto Bentivegna Filho, Diretor Executivo do Setcesp, comentou que a importância do evento é atribuída à necessidade de gerenciar os riscos no setor, o que consome até 15% do faturamento das empresas. “A ideia desse Workshop é conhecer novas tecnologias que possam diminuir o custo e o risco da atividade”, afirmou.Na ocasião, o Diretor Executivo também frisou que não existe sistema totalmente seguro. No entanto, é possível desenvolver um trabalho conjunto com o qual seja possível aperfeiçoar as técnicas e estar à frente de qualquer possibilidade de roupo ou interceptação de carga. Quem apresentou alternativas para o aumento da segurança na condução dos veículos foi Luciano Burti. O piloto e também comentarista de corridas, lançou na Fenatran do ano passado a Navig, empresa de cursos e treinamentos para condutores de frotas. A empresa fornece qualificação e aprimoramento para motoristas de

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4º Workshop de Segurança do Setcesp

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CHICO DA BOLEIAO JORNAL DO AMIGO CAMINHONEIRO

CHICO DA BOLEIA 17

O Setcesp, Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região, promoveu no dia 27/3, em sua sede, o 4º Workshop de Segurança. O evento contou com uma série de palestras de especialistas do segmento, além de Chico da Boleia, que esteve presente e acompanhou os detalhes do Workshop. Na ocasião, profissionais trataram de assuntos como: identificação automática de veículos; informação a serviço da segurança e da modalidade; gestão de riscos; jornada de trabalho e software de gestão e logística; tecnologia especializada; tecnologia de rastreamento; telemetria; processo na redução da sinistralidade; rastreador como ferramenta de prevenção e auditoria de acidentes rodoviários.Adauto Bentivegna Filho, Diretor Executivo do Setcesp, comentou que a importância do evento é atribuída à necessidade de gerenciar os riscos no setor, o que consome até 15% do faturamento das empresas. “A ideia desse Workshop é conhecer novas tecnologias que possam diminuir o custo e o risco da atividade”, afirmou.Na ocasião, o Diretor Executivo também frisou que não existe sistema totalmente seguro. No entanto, é possível desenvolver um trabalho conjunto com o qual seja possível aperfeiçoar as técnicas e estar à frente de qualquer possibilidade de roupo ou interceptação de carga. Quem apresentou alternativas para o aumento da segurança na condução dos veículos foi Luciano Burti. O piloto e também comentarista de corridas, lançou na Fenatran do ano passado a Navig, empresa de cursos e treinamentos para condutores de frotas. A empresa fornece qualificação e aprimoramento para motoristas de

caminhão, ônibus e automóveis de frotas por meio de simuladores dotados com a mais alta tecnologia. O equipamento constrói um cenário com componentes dos veículos, para aumentar a sensação de realismo dentro do ambiente virtual. Os simuladores são importados do Canadá. “Nós buscamos uma mudança de cultura. Os motoristas das estradas

quase nunca tem uma formação com simuladores para treinar situações de risco e as condições adversas. A aceitação tem sido muito boa e nós ainda temos trabalhado com transporte de cargas e veículos diferentes: cegonheiras, betoneiras, transporte de carga comum. Esse tipo de treinamento serve para todo mundo, afinal de contas, a peça principal do transporte é o motorista”, frisou Burti.O líder da Navig ainda comentou que os simuladores são capazes de reproduzir mais de 90% da realidade do dia a dia do transporte. A empresa já possui atuação em cerca de 10 empresas como a Braspress e a Luft. Luciano Burti ainda afirmou que os simuladores podem ser não só uma alternativa de conhecimento, mas também uma forma de aprimorar os recursos e a capacidade de atuação nas estradas para o caminhoneiro autônomo.“Nós ainda não temos uma estrutura que possa atender os autônomos, mas temos planos para isso. Estamos fazendo uma parceria para poder atender esses motoristas. Temos um projeto agendado para Rondonópolis, inclusive. É nosso interesse cuidar desses motoristas para que eles possam ter uma formação e serem capacitados para as estradas”, afirmou.Ao final, Adauto Bentivegna ainda frisou que para este ano estão previstos outros eventos do Setcesp nesta linha. “Faremos um Fórum sobre roubo de cargas e continuaremos trabalhando para que a lei de receptação de cargas do estado seja regulamentada”, concluiu. Como parte da campanha de solidariedade desenvolvida pela entidade, foi solicitado aos participantes que levassem 1kg de alimento não perecível. As arrecadações serão encaminhadas para as instituições: Associação de Apoio a Criança e ao

Adolescente De Jales, Lar Esperança e Associação Apóstolo na Providência de Deus de Pindorama.

O ex-ministro da Fazenda, economista e consultor Antônio Delfim Netto, esteve no SETCESP em evento recente, para participar de um encontro com os associados e diretores do Sindicato. A palestra teve como tema principal a conjuntura atual da economia e as perspectivas para o ano de

2014. Chico da Boleia esteve entre os 200 participantes do evento. Na ocasião, Netto ressaltou a importância do transporte de cargas para a economia do País. “O transporte de cargas é um dos termômetros da economia. É por meio deste setor que podemos medir o nível de consumo, o crescimento e aquecimento das demandas. Além disso, o transporte foi um dos destaques do crescimento do PIB no ano de 2013, pois o setor é grande comprador de equipamentos pesados, como os caminhões. Se não fosse a ineficiência do Estado em incentivar o setor, dando boas condições, boas estradas e aumentando a competitividade, as oportunidades não teriam limites para as empresas de transportes”, comentou. O presidente Manoel Sousa Lima Jr. ressaltou a importância da presença do conferencista e agradeceu o comparecimento dos associados durante a abertura do evento. “Teremos, neste ano, diversos fatores que farão com que 2014 seja um ano atípico, com Copa do Mundo e eleições majoritárias. Isso mexe com a economia e a presença do ministro Delfim Netto nos trará informações importantes sobre a perspectivas da economia. Delfim foi ministro da Economia e da Agricultura, ocupou cargos destaque na Presidência da República e foi embaixador do Brasil na França”, disse Manoel.Durante o evento do Setcesp, Chico da Boleia também conversou com Manoel Sousa Lima Jr. O Presidente do Sindicato frisou que, ao contrário das expectativas negativas que vinham rondando o setor do transporte, a opinião do ex-ministro mostra que a realidade para o setor continua positiva. “Eu particularmente sai entusiasmado com a palestra dele e com a perspectiva de bons dias para o setor”, frisou. Articulado, Chico da Boleia ainda conseguiu uma pequena entrevista exclusiva com o ex-ministro Delfim Neto. Na sua fala, Delfim frisou que visualiza um futuro brilhante para o Brasil nos próximos anos, a exemplo do que vem acontecido nos últimos anos. “Para este ano eu espero um crescimento muito parecido com o que tivemos em 2013” enfatizou o ex-ministro referindo ao bom momento do mercado de caminhões e do setor de transporte no ano passado. No encerramento da palestra, os participantes puderam encaminhar perguntas ao ex-ministro, que comentou as questões.

Redação Chico da Boleia.

Chico da Boleia participa do 4º Workshop de Segurança do Setcesp

CUT debate logística em evento

A Central Única dos Trabalhadores reali-zou entre os dias 27 e 28 de março, o Se-minário de Comércio, Serviços e Logística. Durante a abertura do evento, que foi rea-lizado no Centro de Formação do Sindsep em São Paulo, estiveram presentes o Secre-tário Geral da CUT, Sérgio Nobre, Paulo João Estausia, Presidente da Conferação Nacional dos Trabalhadores em Transpor-te, além de Hello Mauro França, Diretor da Empresa de Planejamento e Logística (EPL) e Jacy Afonso, Secretário de Orga-nização da CUT. Dentre os temas debatidos estavam as al-ternativas e soluções para a saúde e segu-rança nos transportes, além dos desafios para o futura na infraestrutura e logística do Brasil. O objetivo do evento foi refletir sobre os desafios do setor de logística como investimentos em infraestrutura, moderni-zação da frota de caminhões, regulação do setor e elaboração de propostas de melhoria das condições de trabalho. Destaque para a participação de Benito Pantalhão, da Associação Nacional dos Caminhoneiros (ANTRAC) e que também esteve acompanhado da cantora Sula Mi-randa.

Evento promove debate com ex-ministro Antônio

Delfim Neto

Ex-ministro da Fazenda falou sobre a atual situação econômica brasileira e suas perspectivas para 2014

O Seminário contou com a participação de representantes sindicais, dirigentes do setor de Transporte e especialistas em logística.

Foto: Pamela Souza

ONDE ESTÁ O CHICO DA BOLEIA

4º Workshop de Segurança do Setcesp

Foto: Pamela Souza

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Stand Randon | Foto: Pamela Souza

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CHICO DA BOLEIA18 CULTURA E EDUCAÇÃO

Por uma educação feminista e de igualdade entre homens e mulheres

Abro esse texto com um comentário que eu fiz em minha rede social:

“O 8 de março me entristece!

Entristece-me, sobretudo porque ainda que a luta feminista tenha avançado, os estereótipos sobre as mulheres estão mais vivos do que nunca. "Sexo frágil", "mãe de família", "esposa benemérita", "que se dá ao respeito", "piriguete", são só alguns dos muitos conceitos que, arbitrariamente, são construídos sobre nós.

Ao passo que muitas ainda lutam para con-quistar direitos iguais, a mídia e grande parte da sociedade parecem não enxergar o machismo atrelado a esses discursos. Ao mesmo tempo em que congratulam as mu-lheres com flores, bombons e com vale ma-quiagem, não se dão conta de que reforçam a opressão sobre elas.

Opressão que se traduz em estereótipos de beleza, no discurso de uma sociedade pa-triarcal que vê a mulher como um ser ape-nas quando ela possui um homem ao seu lado abrindo a porta, puxando a cadeira e servindo o café na cama. Quem nunca es-cutou a máxima: "Por trás de um grande homem, sempre há uma grande mulher"? Vejam bem: "Por trás". Nunca "à frente" ou "ao lado".

Opressão que se evidencia quando seu trabalho não é reconhecido e quando, suas escolhas sexuais são condenadas. Opressão que fere quando somos, todos os dias, alvos de assédio e piadinhas que

nos irritam, nos violam, nos desrespeitam. Opressão tão forte e tão presente que faz com que as próprias mulheres reproduzam o discurso opressor para outras mulheres, filhas, amigas.”

Esta “autocitação” tem um objetivo claro: responder as inúmeras mensagens que recebemos no dia 8 de março, que parecem não corresponder as nossas verdadeiras reivindicações de igualdade, liberdade e respeito.Ao passo que somos motivo de comemoração nesta data tão pontual, nossos direitos parecem ficar obscurecidos ao longo do resto do ano. E o ciclo se completa até que um novo 8 de março venha e hipócritas rosas e bombons mostrem o que de fato valemos nesta cultura tão machista. Se no dia 8 de março somos celebradas por nossa condição de sermos mulheres, no resto do ano (e de nossas vidas) temos que lidar com diversas situações que, além de constrangedoras, ferem nossos direitos, atacam nossa liberdade. Quantas vezes você mulher ou homem já não ouviu um pai ou mãe dizer: “Segurem as cabras que meu bode está solto?”. Tal frase geralmente é proferida por alguns desavisados que não sabem o real sentido dessa colocação. Ao se referir aos seus filhos enquanto “bodes”, ou seja, animais que agem por um instinto irracional, pais e mães se esquecem de que, do outro lado dessa conversa, estão mulheres que detém, acima de tudo, o direito de serem respeitadas. Ao atribuírem aos seus filhos homens a

característica de um animal impulsivo e incapaz de conter seus desejos, muitas vezes os pais justificam violações, estupros, assédios e violências. Ainda não está convencido de que nós mulheres sofremos com o machismo todos os dias? Então preste atenção na seguinte frase que, corriqueiramente, eu escuto por aí: “as mulheres devem se dar ao respeito”. Quem diz isso não sabe que nós, mulheres, não precisamos nos dar ao respeito, porque ele já é nosso por direito. O que falta é as pessoas entenderem que nós não precisamos provar isso a ninguém. O direito ao respeito é algo inerente a qualquer ser humano em qualquer lugar do mundo. Como é chato ter de explicar essa obviedade!Somos ainda objeto de apreciação e de comentários sobre nossos corpos, sobre nossa aparência, sobre a nossa vestimenta como se não detivéssemos nem ao menos

o direito aos nossos próprios gostos e como se eles fossem públicos.A grande mídia brasileira é responsável portransformar nossos corpos em um objeto, em uma mercadoria que possui valor, preço e nível de mercado. Isso acontece quando uma mulher é escolhida para uma campanha de cerveja por seus atributos físicos ou mesmo quando a “Globeleza” aparece na Rede Globo seminua e é alvo de todo tipo de comentário. Isso acontece também quando, dentro dos círculos sociais, mulheres são escolhidas como a musa disso ou daquilo, nos concursos de Rainha da Beleza, de Miss Mirim, Miss Pérola Negra, Miss Brasil, Miss Universo. Dessa forma, somos tratadas apenas como objeto de campanha

publicitária e de apreciação a partir do nosso exterior. Aos olhos desses veículos de comunicação e dessa cultura da exploração do nosso corpo, somos outdoors e não pessoas.O corpo da mulher e tudo que lhe diz respeito é objeto de discussão pública, seja em bares, em ambientes de trabalho, na mídia, nas novelas, e também no âmbito político. Recentemente um grupo de orientação religiosa quis impedir a veiculação da campanha de vacinação de garotas adolescentes de 11 a 13 anos contra o HPV, uma doença sexualmente transmissível e que pode causar câncer de colo de útero. Essas pessoas conseguiram, então, transformar uma questão de saúde pública num debate público sobre a sexualidade de mulheres adolescentes. Um delírio!O mesmo acontece quando mulheres são recrutadas para trabalharem com aquelas roupas apertadas em eventos automobilísticos, exposições ou feiras. Como se não bastasse a exposição de sua imagem, os contratantes, que não entendem que essas mulheres são profissionais e merecem ser tratadas (e vestidas) como

os outros funcionários de sua empresa, ainda determinam que elas utilizem

roupas que as ridicularizam e as transformam em um objeto de exposição, com tantos direitos quanto aquela peça de caminhão que está sendo lançada no mercado. E diante disso tudo, ainda é

possível ouvir comentários que ridicularizam as mulheres por

causa de seus cabelos, por causa da celulite que apareceu, por não estarem

totalmente inseridas num determinado padrão de beleza.

Ah, como é difícil ser mulher! Como é difícil ter que conviver com todos esses estereótipos que caem sobre nós. Como é difícil não poder ter uma olheira, não poder comer o que gosta, não poder ter uma celulite, não poder tomar uma cerveja sem ser alvo de comentários do tipo: “depois não reclama da balança”, não poder expressar sua sexualidade, não poder transitar por onde queremos, não poder ser, enfim, livre! Como é difícil assistir as campanhas de “operação biquíni” quando o verão chega e ver todos os aficionados pelo nosso corpo medindo cada centímetro dele quando vamos à praia ou à piscina. Como é difícil ter de conviver com a opressão diária de homens nos assediando por todos os cantos por onde passamos. Mais difícil ainda é ver como alguns deles

"Uma pesquisa recentemente lançada chamada “Chega de Fiu

Fiu” mostrou que 95% das mulheres entrevistadas já sofreram algum assédio

sexual. A pesquisa ainda divulgou que 83% das mulheres não acha que “canta-

da” seja uma coisa legal"

"Sou mulher, não mercadoria": manifestante pede maiores liberdades e direitos para as mulheres durante protesto no Rio de Janeiro em 2013. Foto: Larissa J. Riberti

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pelofofoqueiro

Parente doelefante,extinto há4 mil anos

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vermelho,no futebol

"Roupa su-ja se (?)em casa"

(dito)

Únicoambienteisento deinsetos

Estudanteem treina-mento pro-

fissional

Letrainicial deprodutosda Apple

(?) de Cambridge, títulode Kate MiddletonEstatística variável

na pesquisa eleitoral

Categoria; classeAs de Júlio César

foram: “Até tu, Brutus?” (Hist.)

Ave docerrado

A rochaformadapelo res-friamento do magma

Terra (?):o Brasil(pop.)

Afastada;distante

Interrupção

Fator que desvalori-za o carro

Parque(?), pontoturísticocarioca

Roberto Thomé,jornalista esportivoMetal da bateria decelulares (símbolo)

Tipo dedecote

Mutantede HQs

Rua, em francêsPrefixo de oposição

em "anticristo"(Gram.)

Interjeiçãode alegriaIsaura Gar-cia, cantora

3/erg — rue — tea. 4/lage. 5/ígnea. 6/mamute. 7/paragem. 12/margem de erro.

Na época deste causo, José Humberto dirigia um Scania 113 novo em folha, que ia ainda para a primeira revi-são. Ele tinha carregado em Mogi das Cruzes, em São Paulo, e ia para Araxá. Eram mais de 8 da noite e, já na Anhanguera, José Humberto parou no posto Gauchão.

Estava com a porta e o mo-tor funcionando para bater o pneu com o martelinho, já que na época não usava "rodoar". "De repente senti uma coisa nas costas. Me

Os assaltantes levaram o seu caminhão, mas depois quiseram ajudar o caminhoneiro

mexi e vi que era um cano de revólver", conta.

"Entra aí", disse o bandido, apontando para a boleia. José Humberto entrou, teve os olhos vendados e foi jo-gado na cama da cabine. O assaltante começou a diri-gir. Depois de um tempo, que ele nem consegue saber quanto, o caminhão parou. Tiraram a venda do rosto dele e ele saiu do caminhão. Viu que estava no meio de um canavial que, depois sa-beria, ficava no município

de Santa Cruz das Palmei-ras, no interior de São Paulo. Colocaram José sentado no chão e lhe deram um cober-tor. Então, um dos bandidos, olhando para ele, que é do tipo magro e baixo, disse: "Caboclo pequeno é liso" e amarrou os pés dele. José ficou apavorado e pedia "pelo amor de Deus", que o deixassem vivo. Pediram os documentos do cami-nhão e ele entregou. Dos quatro ladrões que estavam com ele, dois saíram com o pesado e desapareceram na

Humor - Ladrão gente fina?

escuridão. Os bandidos que ficaram com ele puxaram conversa. Falaram sobre a vida, as famílias e seus "tra-balhos". A noite demorava a passar e José só queria saber se safar logo. Rezava para se salvar, enquanto os ban-didos rezavam muito para o plano deles dar certo. Já no final da madrugada, chegou o "chefão". José Humberto conta: "Ele se aproximou, tirou o pano que cobria o rosto e perguntou se eu já tinha jantado. Disse que não. Então ele me deu uma marmita e água. Depois

começou a conversar e falou que já tinha resol-vido o problema dele, que era passar para a frente o cavalo". Às 7 e meia da manhã, o chefão anunciou que ia soltar José e avisou: "Você fala para o seu patrão que vai ser uma dessa por mês e que ele pode ir se preparando”. Depois, disse: "Você é um cara legal e tem sorte porque a nossa quadrilha também é legal". E con-tinuou: "Por isso, antes eu vou explicar como você deve fazer o boletim de ocorrência, para você não ter nenhum problema..."

Fonte: Revista Chapa

se justificam dizendo que não é assédio e, sim, elogio. Não, não é um elogio e, por favor, nos deixem em paz!Uma pesquisa recentemente lançada chamada “Chega de Fiu Fiu” mostrou que 95% das mulheres entrevistadas já sofreram algum assédio sexual. A pesquisa ainda divulgou que 83% das mulheres não acha que “cantada” seja uma coisa legal. Das entrevistas, 81% disse já ter deixado de fazer alguma coisa (ir a algum lugar, passar na frente de uma obra, sair a pé) com medo do assédio.Agora, me diga, meu caro leitor homem, como você reagiria se tivesse medo de sair? Como você reagiria se soubesse que esse tipo de assédio é aplicado às mulheres simplesmente porque elas são mulheres? Como você se sentiria se tivesse que limitar sua liberdade de sair, de usar uma roupa, de fazer o quer, simplesmente porque existem pessoas que não reconhecem o seu direito e que podem lhe assediar?Quisera eu que os homens soubessem, ao menos um dia, o que é ser mulher todos os dias. Para desconstruir essa cultura machista e tão opressora para as mulheres, é preciso que uma educação feminista seja constantemente aplicada nas escolas, nos ambientes privados e que possa alterar a maneira a consciência social. Uma educação feminista poderia criar uma cultura de igualdade entre homens e mu-lheres, ao contrário da nossa atual cultura que delega as mulheres o dever de serem “reservadas”, reprimirem sua sexualidade e suas preferências, ao passo que dá aos ho-mens livre acesso a todos os espaços, a to-

das as informações e o direito (mais do que inerente a todos, homens e mulheres) de fazerem aquilo que querem de seus corpos.Uma educação feminista pode impedir que sua filha, por exemplo, sofra com a violên-cia de algum namorado, marido ou amigo. Como é difícil ser mulher e saber que tantas ainda são responsabilizadas pela violência que sofrem como se fossem as vilãs e não as vítimas. Não acredita que isso seja possível? Vai me dizer que nunca ouviu ninguém culpar a vítima de um estupro utilizando argumentos do tipo: “também, fulana estava usando uma saia dessas e não quer ser estuprada”? Ou uma pérola que constantemente eu ouço: “foi estuprada, mas ninguém mandou andar sozinha nesse horário”. Uma educação feminista pode colaborar para que as pessoas entendam que o único responsável e culpado pelo estupro é o estuprador. Por isso, no contexto do mês de março e desta data tão hipócrita e triste para as mu-lheres, eu quero que todas as rosas sejam banidas do dia 8 de março. Enquanto pre-sentes são distribuídos, nossos direitos são relativos e a nossa liberdade é cerceada.Dê meia volta e só volte quando as rosas virarem direitos e quando a condição de mulher não seja mais condenada e sim ce-lebrada e respeitada todos os dias.

O direito é como a liberdade, ou é pra todos ou não é pra ninguém e quando, nós, mu-lheres avançamos, ninguém retrocede. Só assim construiremos uma sociedade mais justa, mais igual, mais humana!

Larissa Jacheta Riberti

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