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Instituto Gaylussac TSE2 – 1ª série E.M. 3ª etapa – 2015 Professora: Aline Bernar Data de Aplicação: 29/10/15 Texto I: Iracema – José de Alencar Capítulo: XV Nasceu o dia e expirou. Já brilha na cabana de Araquém o fogo, companheiro da noite. Correm lentas e silenciosas no azul do céu, as estrelas, filhas da lua, que esperam a volta da mãe ausente. Martim se embala docemente; e como a alva rede que vai e vem, sua vontade oscila de um a outro pensamento. Lá o espera a virgem loura dos castos afetos, aqui lhe sorri a virgem morena dos ardentes amores. Iracema recosta-se langue ao punho da rede; seus olhos negros e fúlgidos, ternos olhos de sabiá, buscam o estrangeiro e lhe entram na alma. O cristão sorri; a virgem palpita; como o saí, fascinado pela serpente, vai declinando o lascivo talhe, que debruça enfim sobre o peito do guerreiro. Já o estrangeiro a preme ao seio; e o lábio ávido busca o lábio que o espera, para celebrar nesse ádito d’alma, o himeneu do amor. No recanto escuro o velho Pajé, imerso em funda contemplação e alheio às cousas deste mundo, soltou um gemido doloroso. Pressentira o coração o que não viram os olhos? Ou foi algum funesto presságio para a raça de seus filhos, que assim ecoou n’alma de Araquém? Ninguém o soube. O cristão repeliu do seio a virgem indiana. Ele não deixará o rasto da desgraça na cabana hospedeira. Cerra os olhos para não ver; e enche sua alma com o nome e a veneração de seu Deus: - Cristo!...Cristo!....

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Instituto Gaylussac

TSE2 – 1ª série E.M. 3ª etapa – 2015

Professora: Aline Bernar

Data de Aplicação: 29/10/15

Texto I: Iracema – José de Alencar

Capítulo: XV

Nasceu o dia e expirou.

Já brilha na cabana de Araquém o fogo, companheiro da noite. Correm lentas e silenciosas no azul do céu, as estrelas, filhas da lua, que esperam a volta da mãe ausente.

Martim se embala docemente; e como a alva rede que vai e vem, sua vontade oscila de um a outro pensamento. Lá o espera a virgem loura dos castos afetos, aqui lhe sorri a virgem morena dos ardentes amores.

Iracema recosta-se langue ao punho da rede; seus olhos negros e fúlgidos, ternos olhos de sabiá, buscam o estrangeiro e lhe entram na alma. O cristão sorri; a virgem palpita; como o saí, fascinado pela serpente, vai declinando o lascivo talhe, que debruça enfim sobre o peito do guerreiro.

Já o estrangeiro a preme ao seio; e o lábio ávido busca o lábio que o espera, para celebrar nesse ádito d’alma, o himeneu do amor.

No recanto escuro o velho Pajé, imerso em funda contemplação e alheio às cousas deste mundo, soltou um gemido doloroso. Pressentira o coração o que não viram os olhos? Ou foi algum funesto presságio para a raça de seus filhos, que assim ecoou n’alma de Araquém?

Ninguém o soube.

O cristão repeliu do seio a virgem indiana. Ele não deixará o rasto da desgraça na cabana hospedeira. Cerra os olhos para não ver; e enche sua alma com o nome e a veneração de seu Deus:

- Cristo!...Cristo!....

Volta a serenidade ao seio do guerreiro branco, mas todas as vezes que seu olhar pousa sobre a virgem tabajara, ele sente correr-lhe pelas veias uma onda de ardente chama.

Vocabulário:

Saí: lindo pássaro, do qual há várias espécies, sendo a mais graciosa a do saixê, tanto pela plumagem como pelo canto.

Himeneu: enlace matrimonial.

Preme: aperta ou faz pressão.

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Ádito: o que se adiciona para tornar mais completo.

Lascivo: o que se inclina aos prazeres do sexo.

1. (Lit.) Leia o trecho abaixo e, com base em seus conhecimentos sobre a obra, explique a pergunta do narrador destacada abaixo:

No recanto escuro o velho Pajé, imerso em funda contemplação e alheio às cousas deste mundo, soltou um gemido doloroso. Pressentira o coração o que não viram os olhos?______________________________________________________________________________________________________________________________________Gabarito: Resposta pessoal. Sugestão: O aluno deverá lembrar que o pajé é o mensageiro de Tupã e pode estar pressentindo a dor que está por vir com a traição de Iracema. Os olhos ainda não podem ver porque não aconteceu ainda, mas está prestes a acontecer na narrativa.

2. (Gram.) Selecione quatro adjetivos no trecho destacado na questão 1e apresente os substantivos que os mesmos adjetivam:______________________________________________________________________________________________________________________________________Gabarito: recanto escuro, velho Pajé, funda contemplação, gemido doloroso.

3. (Lit.) Com base em suas leituras, explique o trecho abaixo:

O cristão repeliu do seio a virgem indiana. Ele não deixará o rasto da desgraça na cabana hospedeira.______________________________________________________________________________________________________________________________________Gabarito: Resposta pessoal. Sugestão: Martim tenta repelir o desejo que sente por Iracema porque não quer causar guerra na tribo que o recebeu e abrigou.

4. (Gram.) No romance Iracema, vemos que (Araquém e Pajé) são duas palavras que fazem referência à mesma pessoa e são ambas grafadas com letra maiúscula. Explique porque no caso de (Martim e cristão) o mesmo não ocorre.______________________________________________________________________________________________________________________________________Gabarito: Resposta pessoal. A palavra (cristão) não é grafada com letra maiúscula por ser uma característica de Martim. É um adjetivo substantivado e todas as outras são substantivos. A palavra (Pajé) está grafada com letra maiúscula por ser a função do índio Araquém.

Texto II – Canção do Exílio – Gonçalves Dias

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Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,

Nossas várzeas têm mais flores,

Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,

Mais prazer encontro eu lá;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,

Que tais não encontro eu cá;

Em cismar — sozinho, à noite —

Mais prazer encontro eu lá;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,

Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primores

Que não encontro por cá;

Sem qu’inda aviste as palmeiras,

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Onde canta o Sabiá.

5. (Lit.) Observe o trecho destacado do romance Iracema e indique a referência feita pelos termos sublinhados e compare-os aos mesmos termos presentes no poema “Canção do Exílio”, a saber, (lá) e (aqui):

Martim se embala docemente; e como a alva rede que vai e vem, sua vontade oscila de um a outro pensamento. Lá o espera a virgem loura dos castos afetos, aqui lhe sorri a virgem morena dos ardentes amores.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Gabarito: No romance Iracema: lá (Portugal), aqui (Brasil); no poema “Canção do Exílio”: lá (Brasil – pátria idealizada), aqui (Coimbra – Portugal, onde o poeta escreveu o poema).

6. (Gram.) Analise o trecho abaixo e assinale as duas cargas semânticas presentes no trecho sublinhado:

Volta a serenidade ao seio do guerreiro branco, mas todas as vezes que seu olhar pousa sobre a virgem tabajara, ele sente correr-lhe pelas veias uma onda de ardente chama.

(a) Adição / serenidade(b) Adversidade / desejo(c) Concessão /amor(d) Condição / raiva(e) Explicação / fúria

7. (Lit.) Sabemos que Gonçalves Dias não estava exilado quando escreveu o poema “Canção do Exílio”. Assinale a alternativa que melhor explique o título dado ao poema:(a) O poeta estava no Brasil, mas por ser adepto do fingimento poético, escreve

como se estivesse no exílio.(b) A poesia de Gonçalves Dias pertencia ao Arcadismo, mas na revista Nitheroy

ele finge estar no Romantismo.(c) O poema canção do exílio fala da natureza pátria idealizada e dos índios por

ser representante da última parte do Arcadismo, como Caramuru e Uraguai.(d) O desejo de cantar a natureza pátria era tamanho que, estar longe da pátria,

mesmo por opção, significava o mesmo que estar no exílio.(e) A necessidade de idealização da pátria fez o poeta escrever o poema como se

estivesse fora do Brasil.

8. (Gram.) Observe na estrofe abaixo as palavras sublinhadas e assinale a opção que explica e justifica o uso e escolha das mesmas palavras em todos os versos da mesma estrofe:

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Nosso céu tem mais estrelas,

Nossas várzeas têm mais flores,

Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores.

(a) O uso do pronome demonstrativo (nosso) aponta para uma idealização muito forte da pátria.

(b) O pronome possessivo aparece no singular porque a 1ª geração romântica brasileira é uma geração egocêntrica.

(c) O pronome indefinido aparece várias vezes na estrofe para mostrar que a 1ª geração romântica brasileira é imprevisível.

(d) O pronome possessivo é alternado entre singular e plural para que o sujeito lírico possa incluir também outras pessoas na exaltação que faz à pátria.

(e) Os pronomes (nossos) e (nossas) são, alternadamente, pronomes adjetivos e pronomes substantivos.

9. (Lit.) Dando continuidade ao projeto de “civilizar” a antiga colônia, D. João VI trouxe para o Brasil um grupo de artistas franceses chefiados por Joachin Lebreton. Acompanhado pelos pintores Nicolas Antoine Taunay, Charles Pradier e Jean-Baptiste Debret. Assinale a opção que justifica a influência desses artistas estrangeiros no processo de independência do Brasil:

Jean-Baptiste DEBRET(a) Foram os artistas e cientistas estrangeiros que mostraram aos brasileiros que

possuíam elementos para buscar a independência de Portugal.(b) Os artistas estrangeiros representaram um ideal de fauna e flora que não

existia no Brasil.(c) No Brasil já havia artistas que retratavam a flora e a fauna de forma ainda

mais idealizada.(d) Os artistas franceses em nada contribuíram para a independência do Brasil.(e) Os estrangeiros tinham interesse na independência do Brasil, mas seus

trabalhos não ajudaram nesse intuito.

10. (Gram.) No verso: “Onde canta o Sabiá”, assinale a opção verdadeira em relação aos elementos presentes no verso:

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(a) O artigo (o) poderia ser substituído pelo artigo (um) sem prejuízo semântico para o verso.

(b) O pronome relativo (onde) poderia ser substituído pelo pronome relativo (aonde) sem prejuízo semântico para o verso.

(c) O substantivo (Sabiá) está grafado em letra maiúscula por ter valor de adjetivo no verso.

(d) O artigo definido (o) aponta para a particularização de determinado pássaro que representa a pátria a ser idealizada.

(e) O pronome relativo (aonde) ficaria melhor no verso pois definiria o local exato a ser idealizado: a pátria.

11. (Lit.) A opção que apresenta a informação correta sobre o projeto literário da 1ª geração romântica é:(a) Os versos indianistas exploram a liberdade formal característica do

Romantismo, pois marcam o controle e escolha das rimas para aproximar os leitores dos costumes indígenas.

(b) O contexto de produção da 1ª geração romântica brasileira foi muito influenciado pela propaganda internacionalista.

(c) Os textos literários escritos para divulgar a imagem do índio e da natureza americana como elementos definidores da identidade brasileira são conhecidos como nativistas.

(d) O grande nome da 1ª geração romântica brasileira foi Antônio Gonçalves Dias (1823-1864), autor que não tinha orgulho de sua origem mestiça.

(e) Gonçalves Dias foi para Portugal muito jovem, como era de costume na época, estudar Direito na célebre Universidade de Coimbra. Lá entrou em contato com textos românticos de Almeida Garrett e Alexandre Herculano, que não influenciaram sua forma de escrever.

Texto III – Sabiá – Tom Jobim e Chico Buarque

(fragmento)

Vou voltar

Sei que ainda vou voltar

Para o meu lugar

Foi lá e é ainda lá

Onde eu hei de ouvir cantar

Uma sabiá

Vou voltar

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Sei que ainda vou voltar

Vou deitar à sombra

De uma palmeira

Que já não há.

12. (Lit.) Durante os anos do governo militar, as palmeiras e os sabiás foram revisitados por Chico Buarque e Tom Jobim para expressar:

(a) A idealização da pátria que desejava ser independente.(b) A dor dos exilados políticos brasileiros que ansiavam pelo dia da volta.(c) A cor dos elementos brasileiros característicos nos elementos (palmeira) e

(sabiá)(d) Os exilados durante o governo militar imitaram os exilados da 1ª geração

romântica, como Gonçalves Dias.(e) No governo militar a idealização da pátria não ocorria, assim como não

ocorreu na 1ª geração romântica.

13. (Gram.) No poema “Sabiá”, a palavra (hei) representa um sentido de:(a) Exílio(b) Entusiasmo (c) Espera(d) Esperança(e) Exaltação

Texto IV – Iracema em quadrinhos

14. (Lit.) O texto IV mostra uma das cenas do romance Iracema. Assinale a opção que explica a cena:

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(a) O mancebo tenta matar Iracema por ciúmes.(b) Martim atenta contra a vida de Caubi que ama Iracema.(c) Iracema investe contra Irapuã na defesa de seu irmão Caubi.(d) Martim é atacado por Irapuã e defendido por Iracema.(e) O pajé fica furioso com Martim por estar enamorado de Iracema.

15. (Gram.) Uma das características do romance Iracema é:(a) Emprego de muitos substantivos próprios para mostrar quem são os donos da

terra.(b) Emprego de numerais coletivos para dar ideia de união entre os índios da

tribo.(c) Emprego de pronomes possessivos, pois os índios não queriam abandonar a

terra que era deles.(d) Emprego de substantivos abstratos para mostrar a indefinição em relação à

natureza brasileira.(e) Emprego de inúmeros adjetivos para exaltar e idealizar a pátria que queria ser

independente.16. (Lit.) O romance Iracema surge quando o público leitor feminino também cresce.

Para que os romances românticos pudessem ser lidos pelas mulheres (casadas ou solteiras), ele deveria ser: Assinale e explique sua resposta:(a) Emotivo(b) Explícito(c) Exemplar(d) Explicado(e) Encorajador

_______________________________________________________________________________________________________________________________

Gabarito: Os romances românticos deveriam ser exemplares para que dessem bons exemplos às mulheres que começavam a ler na época.