UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · marketing por parte das igrejas....
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
COMUNICAÇÃO E ENDOMARKETING
COMO FACILITADORES DA MISSÃO DA IGREJA
Por: Carlos Henrique Marques Rodrigues
Orientador
Prof. Fernando Alves
Rio de Janeiro
2012
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
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AVM FACULDADE INTEGRADA
COMUNICAÇÃO E ENDOMARKETING
COMO FACILITADORES DA MISSÃO DA IGREJA
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Comunicação Empresarial.
Por: . Carlos Henrique Marques Rodrigues
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AGRADECIMENTOS
À minha amada esposa, Raquel
Lucena, e meu filho recém-nascido,
João Guilherme, por terem me ajudado
a concluir esta pesquisa entre fraldas,
choros e idas ao hospital.
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RESUMO
Estamos em plena era da comunicação. As informações fluem
velozmente e as pessoas se tornam cada vez mais exigentes. Com os
frequentadores de igrejas evangélicas, não é diferente. Por muito tempo,
notava-se nas igrejas a boa vontade de membros que separavam um tempo
para preparar o boletim, os avisos, um convite para o evento tal. Quase
sempre, a falta de preparo dava lugar ao improviso. Mas a demanda de
membros mais antenados vem fazendo com que a organização igreja reveja
seus conceitos.
O presente estudo tem por meta acompanhar esse impacto no meio das
igrejas evangélicas tendo como objeto de estudo a implantação de uma
Assessoria de Comunicação em uma igreja evangélica localizada no Complexo
do Alemão. Entre as principais ferramentas comunicacionais a serem postas
em prática, o endomarketing mereceu um olhar especial tendo em vista que a
prática tem por objetivo valorizar o colaborador interno, no caso de uma igreja,
os próprios membros.
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METODOLOGIA
O estudo desenvolvido partiu de um convite feito ao autor da referida
pesquisa para implantar uma assessoria de comunicação em uma igreja
evangélica, a qual o mesmo já frequentava. Percebendo que o desafio
enveredava por um tema polêmico, visto que muitos dos frequentadores de
uma instituição evangélica enxergam as técnicas de marketing como forma de
ludibriar o consumidor, o autor da pesquisa mergulhou em uma pesquisa
bibliográfica a respeito da utilização dos meios de comunicação integrados ao
marketing por parte das igrejas.
Fascinado com o material coletado, o autor optou em tornar parte de seu
desafio como conteúdo de sua pesquisa monográfica, visto que muito a de se
discutir a respeito do assunto, tanto no meio acadêmico quanto no meio
eclesiástico.
Somado ao material já coletado, juntou-se uma pesquisa bibliográfica
sobre as características da assessoria de comunicação e do marketing no
papel de ferramentas comunicacionais e um estudo científico teórico para
avaliar como as igrejas poderiam utilizar a comunicação para difundir sua
missão. A utilização da Bíblia, considerada Sagrada pelos cristãos, não foi
descartada, visto que seriam de grande utilidade para encontrar o significado
da missão da igreja.
De posse desses dados, seguiu-se uma conversa com o pastor-
presidente da instituição que seria o objeto de pesquisa desta monografia.
Como resultado de uma conversa informal, foi detectado que o principal
objetivo do cliente era se comunicar com o público que já frequentava a igreja,
haja vista que em 16 anos, a cooperação voluntária dos mesmos em serviços
rotineiros da igreja já não mais era a mesma. Chega-se então ao principal
fenômeno de observação deste estudo: A utilização do Endomarketing como
forma de motivar o voluntariado cristão.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO I – Informados e valorizados 09
CAPÍTULO II – Marketing Religioso 21
CAPÍTULO II I – Ascom a serviço da fé 32
CONCLUSÃO 40
BIBLIOGRAFIA 42
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INTRODUÇÃO
Estamos em plena era da comunicação. As informações fluem
velozmente. Um fato pode ser transmitido em tempo real a todas as partes do
planeta pelos meios de comunicação, que proliferam em novas faces a cada
dia, principalmente pelos canais virtuais. Com tantas opções, as pessoas se
tornam cada vez mais exigentes. E com os frequentadores de igrejas
evangélicas, não é diferente. Por muito tempo, notava-se nas igrejas a boa
vontade de membros que separavam um tempo para preparar o boletim, os
avisos, um convite para o evento tal. Quase sempre, a falta de preparo dava
lugar ao improviso. Mas a demanda de membros mais antenados vem fazendo
com que a organização igreja reveja seus conceitos.
Uma boa comunicação é imprescindível em qualquer organização, seja
ela pública, privada ou do terceiro setor. Um profissional da área tem as
ferramentas e o preparo para trabalhar com a informação, e fazer com que ela
chegue aos públicos interno e externo, de forma clara e através dos veículos
adequados. Despejar informação não basta. Para alcançar o fim desejado é
preciso que a mensagem seja compreendida. E o principal objetivo de uma
instituição religiosa: transmitir sua missão de maneira clara para seus líderes,
membros, comunidade do entorno e sociedade em geral.
Grande parte dos líderes evangélicos ainda se pergunta: “Para que
minha igreja precisa de endomarketing?” ou ainda “A maioria das pessoas são
voluntárias e trabalham por amor à Deus e por amor às obras da igreja”.
Portanto, é comum em meio a uma igreja evangélica situações de pessoas que
receberam funções delegadas por líderes não cumprirem o combinado;
Músicos que não se importam se a parte em que lhes cabe estar “mais ou
menos”; professores de teologia se atrasarem sem faltar ou justificar; outros
que assumiram alguma função começarem com gás total e, de repente,
“murcharem” etc. E isso não é uma exclusividade da igreja, acontecem com
frequência em todas as organizações. E o endomarketing pode ajudar muito a
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minimizar estes problemas com ações simples, porém constantes, e assim,
potencializar os resultados dos voluntários da igreja.
A comunicação nas igrejas precisa ser vista de forma mais estratégica.
Com isso, ao mesmo tempo em que promove a coesão interna em torno dos
valores e da missão da instituição, a comunicação organizacional vai se
incumbir de aumentar a vitrine pública da organização e divulgar seus serviços
e produtos. Dessa maneira estará aberto o caminho para o diálogo e a
construção de imagem da importância dos líderes e liderados, que entenderão
o que fazem, para quem fazem, por que fazem, como podem colaborar com a
organização, onde ela pretende chegar, o que ela espera deles e o que eles
ganham com certas ações e decisões, e principalmente, a possibilidade de
participar e interferir no processo.
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CAPÍTULO I
INFORMADOS E VALORIZADOS
Afim de atestar a qualificação de um profissional da comunicação para
gerir um conteúdo capaz de motivar colaboradores em prol de uma causa,
julgou-se necessária uma revisão bibliográfica fundamentada nas técnicas de
marketing e comunicação. A pesquisa começa legitimando o profissional de
comunicação como gerenciador de conteúdo e mão que se utiliza do marketing
como um instrumento para a construção da imagem corporativa. Através do
Endomarketing, a pesquisa aponta a importância de se trabalhar o ambiente
interno como um espelho para o relacionamento externo.
A maior parte do arcabouço teórico que orienta este trabalho está
espalhada pela literatura de jornalismo, de relações públicas, gestão do
conhecimento, comunicação digital, administração, e nas variadas ramificações
do marketing. Para referendar o trabalho de um assessor de comunicação fora
utilizada a obra de Jorge Duarte, que reúne textos elaborados por
pesquisadores e profissionais de várias áreas, todos com experiência em
assessoria de comunicação. Para elucidar questões referentes a conceituação
de endomarketing, a escalação não poderia ser melhor que de a Analisa de
Medeiros Brum, especialista que escreveu mais de cinco livros sobre o tema e
que, ao lado de Daniel Costa, solidificou as bases para o estudo presente.
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1.1 A ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO
De acordo com Jorge Duarte (2010), o exercício da atividade de uma
assessoria de imprensa no Brasil tem sua trajetória tão discutida a ponto de
qualificá-la como um dos ramos mais complexos da Comunicação Social. Isso
porque o uso esparso da expressão aloca múltiplas compreensões. O autor
definiu seu conceito como “a administração do fluxo de informação e
relacionamento entre fontes de informação e imprensa, mas a expressão
também pode remeter a estrutura, área ou setor, processo, função ou técnica”
(DUARTE, 2010, p.68).
Com esta base, o referido autor também atestou que um profissional que
atue com Assessoria de imprensa pode produzir e gerenciar conteúdo na
internet, atuar com planejamento, editar publicações, gestão de equipes,
marketing político, relações públicas, marketing, divulgação e uma série de
outras tarefas, entre elas, a comunicação interna: “Ele pode trabalhar em uma
estrutura interna, por meio de consultoria” (DUARTE, 2010, p.68). Para Duarte,
o assessor de imprensa assim o faz para que o referido profissional garanta o
vínculo com o exercício de jornalista.
Profissionais da área de relacionamento com a mídia enxergaram que a
área é integrante do composto de Comunicação, em que cada atividade se
integra a uma comunicação integrada. Duarte se utiliza da citação da
catedrática em Comunicação Organizacional, Margarida Kunsch para
asseverar que não há trabalho isolado, mas “uma integração natural que
envolve visões institucionais e mercadológicas” (DUARTE, 2010, p.68).
Sublimando a visão de considerar a comunicação como uma função
estratégica de qualquer instituição e considerando a Imagem corporativa como
o elemento central deste estudo, foi percebido no especialista em
Comunicação Empresarial Roger Cahen um dos principais fundamentos desta
monografia: a importância da comunicação interna.
“Comunicação empresarial é uma atividade
sistêmica, de caráter estratégico, ligada aos mais altos
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escalões da empresa que tem por objetivo: criar (onde
ainda não existir ou for neutra), manter (onde já existir), ou
ainda, mudar para favorável (onde for negativa) a imagem
da empresa junto a seus públicos prioritários” (CAHEN, in
DUARTE, p.171).
Ao primar por este direcionamento, a assessoria de imprensa é,
também, responsável pela divulgação de ações institucionais perante a opinião
pública, como forma de manutenção da imagem.
Vale ressaltar que o presente estudo considera a consignação geral de
autores de que a imagem é o grande patrimônio de uma instituição, “algo que
possui um valor superior até aos produtos ou serviços que ela oferece no
mercado” (BRANDÃO & CARVALHO, IN: DUARTE, 2010, p.169). Para
Brandão e Carvalho, a imagem institucional transformou-se em uma “aura que
recobre toda a empresa” (DUARTE, 2010, p.170) e dissemina seus valores,
visão, princípios e filosofia.
Integrantes da obra organizada por Duarte, os dois autores em questão
também cunham que o termo identidade, empregado na administração, tem um
significado bem próximo à imagem, “porém o reconhecimento da identidade
empresarial implica reações, conflitos e negociações que se estabelecem entre
a estrutura produtiva, os recursos humanos de uma organização e o cenário
que os envolve” (DUARTE, 2010, p.170).
Sob esse contexto, a dimensão institucional tem conduta inerrante pela
“construção da imagem”, existindo por e pelo marketing e derivando-se pela
comunicação. Portanto, os autores chegam a conclusão que instituições que
desejem estar na vitrine necessitam inquestionavelmente dos serviços de
comunicação, que terão a função de criar a “aura empresarial” (DUARTE,
2010, p.170). Isto é, a assessoria de comunicação será a responsável pela
construção dessa imagem/identidade, quer seja com divulgações para a
opinião pública, quer seja com ações dirigidas ao público interno, ações essas
que se limitam o estudo presente. Verificamos assim, a comunicação
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empresarial como um braço do marketing e um instrumento para a construção
da imagem corporativa.
1.2. O ENDOMARKETING
Verificamos então que, adequadas à realidade e ao modelo de negócio
da empresa, técnicas e estratégias de Comunicação e de Marketing podem
produzir efeitos surpreendentes. Estão elas diretamente relacionadas com a
gestão de pessoas nas instituições.
Se apoiando no olhar de Analisa de Medeiros Brum (BRUM, 2010, p.19),
que se utilizou de uma série de autores para acompanhar a evolução do
conceito de gestão de pessoas, a expressão denota uma atividade gerencial
que visa a integração de indivíduos que atuam numa determinada organização;
tem por objetivo provocar uma reação de cooperação; simboliza a importância
do fator humano em uma sociedade que atravessa a “era da informação”; e
conduzem os interesses das pessoas da instituição, já que motivado e
potencializado pelas novas tecnologias, o colaborador pode aplicar seus
conhecimentos para agregar valor à longa cadeia produtiva da corporação.
E o que seria base para qualquer relacionamento humano que não fosse
a comunicação? Entre as muitas definições a respeito do vocábulo, o estudo
proposto fincará na curta síntese de Analisa Brum ao explicitar que
comunicação é “a transferência da informação de uma pessoa para outra ou
uma forma de repassar ideias, pensamentos e valores” (BRUM, 2010, p.40).
E a mesma autora ainda resume que quando o assunto é comunicação
interna, uma maneira simples, e quase lúdica, de assimilar seu significado é
partir a palavra ao meio e inverter, entendendo-a como ação comum, ou seja,
ação de tornar comum. “Mais do que isso, a comunicação interna é a técnica
utilizada para alinhar o pensamento das pessoas às políticas, estratégias e
diretrizes da empresa” (BRUM, 2010, p.41).
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Por sua vez, o endomarketing, que surgiu para provocar nas pessoas
uma reação de cooperação, é qualificado por Brum como a comunicação
interna feita com “brilho, cor, imagens, frases de efeito e outros recursos e
técnicas de marketing. É a comunicação da empresa para os seus empregados
com a sofisticação da propaganda bem feita” (BRUM, 2010, p.41).
Endomarketing seria então uma expressão utilizada com o mesmo
sentido de marketing interno. “Endo”, do grego, quer dizer “ação interior” ou
“movimento pra dentro”. Portanto, Endomarketing é também traduzido como
marketing pra dentro.
Historicamente, o que marcou o emprego consistente do Endomarketing
nas empresas foi a introdução de programas de qualidade na indústria. O pano
de fundo era o Japão pós-guerra, onde este se recuperava economicamente.
De acordo com o autor Daniel Costa (COSTA, 2010, p.44), os programas
aplicados tinham como meta principal minimizar desperdícios, otimizar recursos
materiais e humanos, consolidar maior racionalidade gerencial, ganhar
agilidade e reduzir custos, ou seja, obter produtividade e eficiência.
Ainda de acordo com o autor, na aplicação ocidental dos princípios do
Endomarketing foram adicionados fatores motivacionais diferentes na gestão
de pessoas, como reconhecimento, participação e, principalmente,
recompensa, enquanto os japoneses eram motivados pela questão da honra,
ideia oriunda da cultura dos samurais.
Em meio a este cenário, a noção de equipe surgiu e trouxe melhoria no
rendimento das tarefas enquanto a união e os laços formados pelas equipes
aumentaram a produtividade. É válido ressaltar que a promoção do espírito de
equipe é de extrema vitalidade ao Endomarketing, ao ponto de que as relações
entre os colaboradores incita com ênfase um melhor clima para se executarem
as tarefas e promover a motivação do público interno. Como evidenciado por
Costa, não há como dissociar o endomarketing da noção de motivação, “pois
na prática está diretamente ligada ao engajamento do colaborador” (COSTA,
2010, p.17).
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O termo Endomarketing apareceu pela primeira vez no livro
“Conversando sobre Endomarketing”, de Saul Bekin (1995), onde fora discutido
vários pontos do que Philip Kotler chamou de “Marketing Interno das
Organizações”. Porém, não se pode confundir esta ferramenta com o marketing
tradicional, uma vez que as estratégias adotadas dependem diretamente do
comportamento dos funcionários dentro da empresa e também da cultura
organizacional.
A obra de Bekin nasceu da época em que o consultor de empresas
exercia a média gerência de uma empresa multinacional. Os problemas de
divergência entre os setores levou Bekin a perceber que as pessoas
desconheciam a empresa na qual trabalhavam e tornava-se imprescindível um
instrumento que sintonizasse os colaboradores e reorientasse os objetivos,
junto a uma reordenação interna da empresa.
“O endomarketing tem como objetivo realizar e facilitar
trocas, construindo lealdade no relacionamento das pessoas com
seu cliente interno, compartilhando seus objetivos, cativando e
cultivando certa harmonia para fortalecer as relações
interpessoais e, principalmente, a comunicação interna” (BRUM,
2010, p.21).
Em resumo, a obra de Brum registra que o objetivo do endomarketing é
“criar uma consciência empresarial (visão, missão, princípios, procedimentos
etc), dentro de um clima organizacional positivo” (BRUM, 2010, p.21). Já seu
propósito consiste em “transformar o colaborador em facilitador para consolidar
a imagem da empresa e o seu valor para o mercado” (BRUM, 2010, p.21).
Como visto, as definições para endomarketing são múltiplas, e como cenário,
possuem a importância de se trabalhar o ambiente interno para que isso se
espelhe no relacionamento com aquele a quem o serviço será oferecido.
1.3. GESTÃO DE CONTEÚDO
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É de comum entendimento que o marketing seja um fenômeno
intimamente ligado ao capitalismo. Este sistema econômico coloca de um lado
produtores que criam e tornam disponíveis mercadorias e do outro
consumidores que demandam produtos considerados “de valor”. Logo, a
satisfação das expectativas de ambos os lados ocorre quando realizada a troca
do dinheiro pela mercadoria. Analisa Brum se utilizou da compreensão deste
painel para definir capitalismo e, consequentemente, marketing.
Retomando a história, a autora recordou que no início do século XX, as
trocas foram se tornando difíceis, em função do crescimento da concorrência.
“O consumidor passou a ter mais opções de escolha
e a se tornar mais consciente do seu papel. Da mesma
forma, os agentes econômicos, responsáveis pela
distribuição e circulação dos produtos, tornaram-se mais
fortes e conscientes da sua importância para o ofertante”
(BRUM, 2010, p.99).
Nesse cenário, ainda de acordo com a autora, o marketing nasceu como
um instrumento capaz de incrementar os negócios da empresa ofertante a
partir do conhecimento dos desejos do consumidor e do oferecimento de
técnicas e estratégias de satisfação desses desejos. Em outras palavras, o
marketing nasceu como uma forma de sucesso para a realização das trocas.
Mas qual seria o serviço ou produto trocado no endomarketing? Brum não tem
dúvida: É a informação – o produto da comunicação interna e o “objeto de
valor” que se estabelece na relação empresa/empregado.
Brum explica que o conceito apresentado por Philip Kotler define
endomarketing de uma forma bastante ampla, como um triângulo estratégico
que une empresa, funcionário e cliente, o que facilita o entendimento da
relação de troca. “Empresa e público interno trocam a informação que, no final,
acabará por beneficiar o cliente” (BRUM, 2010, p.100).
Daí a importância para o desenvolvedor do endomarketing de fazer um
bom gerenciamento de conteúdo na hora de se comunicar com os
colaboradores internos. Exatamente por isso, a informação deve ser vestida de
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uma linguagem clara e simples, e levada por uma leitura dinâmica e eficaz.
Sem falar, é claro, de ser exposta em lugares estratégicos, estar acompanhada
de apelos visuais, ter padronização e periodicidade. Tais sentenças foram
atestadas pela autora que ainda acrescentou:
“A comunicação interna tem que funcionar como a
imprensa: sair todo o dia, mesmo que não haja novidades.
Para os momentos de falta de informação inédita, a
empresa deve ter materiais prontos que sirvam para
reforçar conceitos, princípios, valores etc. Há quem diga
que em comunicação interna não se cria fatos. É bem
possível que essa frase não esteja errada, se levarmos em
consideração o seu sentido literal. É verdade: a
comunicação interna tem a responsabilidade de comunicar
fatos e não de criá-los” (BRUM, 2010, p.100).
No entanto, a própria autora assegura que, em se tratando de
endomarketing, a criação de mensagens motivacionais ou de situações que
amenizem a falta de informação caracteriza a manutenção de um bom
processo de comunicação interna. Significa que, em determinados momentos,
fatos deverão ser criados.
Em endomarketing, vale comunicar o que existe e também criar algo a
ser comunicado. Ambas as estratégias devem se complementar durante o dia,
promovendo a atmosfera que uma instituição precisa para estar em um
contexto positivo e, partindo daí, “encantar verdadeiramente seu cliente”
(BRUM, 2010, p.66).
Brum explica que a solidez de um esforço de endomarketing acontece
justamente por seu conteúdo, que deve ser coerente com a gestão da
instituição, a imagem de seus produtos e serviços e com o nível cultural e
social da maioria dos colaboradores. “O conteúdo vem em primeiro lugar
porque ninguém lê o que não existe. De nada adiantam a forma, a mídia, a
tecnologia e a vontade da empresa em querer repassar uma mensagem, se ela
não existir” (BRUM, 2010, p.66).
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É inegável que alguns assuntos despertem imediato interesse, enquanto
outros venham requerer que o receptor seja estimulado. Brum explicita também
que nem tudo que é importante para a instituição o seja para os seus internos.
Para interessar de verdade aos leitores e cumprir suas funções na
estratégia de gestão, o conteúdo de um veículo empresarial interno precisa ser
atual e aprofundado, equilibrando assuntos que dizem respeito diretamente ao
colaborador e aos que a instituição pretende e precisa divulgar. É esta a
referência deixada pelas autoras Cláudia Lemos e Rozália Del Gáudio
(DUARTE, org. 2010), que completam:
“As informações mais desejadas pelos empregados
normalmente estão relacionadas às recompensas
oferecidas pelas empresas, como remuneração, benefícios
e também aos procedimentos de recursos humanos. Em
seguida vêm aquelas relativas aos procedimentos de
trabalho. Em momentos de mudança, a estrutura, as
estratégias, o negócio e os resultados da empresa ganham
em interesse” (DUARTE, org. 2010, p.287).
Analisa ainda acrescenta que aquilo que possa ser considerado
irrelevante, já conhecido, que não interessar ou não se aplicar na percepção do
público interno, deve ser esquecido. “Todo conteúdo tem um custo para o
emissor e para o receptor e a tendência natural do receptor, na maior parte das
vezes, é minimizar esse custo que pode ser social, psicológico, financeiro ou
físico” (BRUM, 2010, p.66).
No geral, o ser humano está atrás da informação que pode ser traduzida
num real benefício para sua vida pessoal e/ou profissional, trazendo emoções
positivas, sensações agradáveis e satisfação de expectativas. Nesse plano,
informação nunca seria demais? Depende. Analisa Brum explica o porquê.
“Informação nunca é demais desde que o funcionário saiba o que fazer com
ela. A quantidade ideal de informação é definida a partir do seu nível de
interesse” (BRUM, 2010, p.67). Portanto, é preciso cuidado com a overdose de
informação. “É melhor refletir antes de publicá-la” (BRUM, 2010, p.67).
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A melhor estratégia para um bom desempenho na gestão de conteúdo
está no monitoramento das reações do público interno. Com base em suas
experiências, Brum observou que só assim será possível determinar as
características do conteúdo que os colaboradores mais apreciam. E o ideal é
sempre responder na direção esperada por esse público.
1.4. MOTIVAÇÃO
Com todo este patamar, fica fácil observar que sem informação
coerente, verdadeira e bem trabalhada, não existem empregados motivados,
por maiores que sejam os benefícios e incentivos.
“A informação, dentro de uma empresa, é de
domínio da sua direção. É a direção de uma empresa que
toma a decisão que, mais tarde, vai transformar-se em
informação para ser enviada, através das mais diversas
formas, para as demais partes da pirâmide organizacional”
(BRUM, 2010, p.103).
De acordo com pesquisas realizadas por Analisa Brum, na maioria das
vezes as pessoas ingressam em uma empresa dispostas a amar tanto o
ambiente quanto a função para as quais foram contratadas. Mas segundo ela,
esse amor diminui com o passar do tempo. E a causa, também na maior parte
das vezes, está na dificuldade que a empresa possui de se comunicar com as
pessoas que nela trabalham. “Por praticar uma comunicação precária e
equivocada, a empresa afasta-se cada vez mais do público interno que, por
sua vez, vai deixando para trás o amor que nutria pela empresa, especialmente
no início desse relacionamento” (BRUM, 2010, p.136).
Porém a culpa e a responsabilidade não são somente das empresas.
Brum aponta que colaboradores têm grandes dificuldades de se comunicar.
“Muitas vezes, elas precisam aprender a dar e receber feedback, num estímulo
constante ao relacionamento aberto, transparente e sadio não apenas com a
empresa, mas com seus pares, líderes e subordinados” (BRUM, 2010, p.136).
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Hoje, não existe um único diretor de empresa ou líder de área que não
deseje descobrir uma forma de motivar sua equipe. Mas o que exatamente
quer dizer motivação? De acordo com “Endomarketing de A a Z”, a palavra
quer dizer movimento para a ação. É um conjunto de motivos que levam um
ser humano a empreender uma determinada ação. “A motivação é um
processo com intensidade, direção e persistência dos esforços de uma pessoa
para o alcance de uma determinada meta” (BRUM, 2010, p.136).
Analisa Brum realizou estudos que comprovam que 50% da motivação
de uma pessoa depende do lugar em que ela trabalha. Para que o grau de
motivação seja elevado, a empresa pode contribuir incentivando o funcionário a
aprender e se desenvolver; utilizar a criatividade; ter autonomia; assumir
maiores responsabilidades; conviver com pessoas que admira; usufruir de
benefícios e incentivos; participar de programas de integração; e receber um
alto e bom nível de informação.
“Existem, ainda, atitudes como: reconhecer
publicamente um trabalho bem feito; verificar se o
empregado possui as melhores ferramentas para realizar o
trabalho que lhe foi atribuído (...) dar aos funcionários as
informações necessárias para a realização de um bom
trabalho; cumprimenta-lo pessoalmente por uma tarefa bem
feita; enviar-lhe uma mensagem escrita elogiando-o pelo
seu desempenho (que ele possa mostrar a família); solicitar
suas ideias (mostrando o quanto é importante para a
empresa); envolvê-lo diretamente com as questões e
decisões relacionadas com o seu trabalho e com sua área
de atuação etc” (BRUM, 2010, p.138).
O mérito da empresa deve estar em descobrir com os próprios
empregados sobre aquilo que os motiva. É o que aponta a obra de Brum, que
completa afirmando que as empresas precisam ter empregados engajados
para obterem maiores níveis de qualidade, maiores índices de produtividade e,
principalmente, um excelente atendimento ao público.
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E através da comunicação, a instituição estimula seus colaboradores
trabalhando os dois aspectos que norteiam o presente estudo: a informação e a
integração.
Para entender a informação como um dos principais fatores de
motivação, Analisa ressalta que é preciso ter em mente que ninguém luta por
uma meta sem saber que ela existe. “Sempre que um alto nível de informação
é disseminado internamente, seja através de canais, instrumentos e ações,
seja através das lideranças, os empregados passam a ter aquilo que
chamamos de envolvimento espiritual com a empresa” (BRUM, 2010, p.140).
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CAPÍTULO II
MARKETING RELIGIOSO
Antes de entender como a técnica do Marketing seria aplicada a
realidade de uma instituição eclesiástica, tornou-se extremamente necessário
recorrer a principal fonte do cristianismo, a Bíblia, considerada pelos
evangélicos como um manual de fé, conduta e prática. O objetivo visa remontar
a história da igreja desde a sua fundação no Novo Testamento até a
caminhada da instituição no relacionamento com a sociedade e sua
familiarização com as inovações tecnológicas. No mear do capítulo, será
explicado como, integrada ao marketing, a Comunicação pode facilitar a
principal missão da igreja. Por fim, no último tópico, será explorado os efeitos
do endomarketing no dia a dia de uma igreja.
Entre os principais teóricos que embasam este trabalho de pesquisa
estão George Barna e Reinaldo Brose, pioneiros em tratar o assunto no seio da
igreja; José Marques de Melo, referência na Igreja Católica junto à Conferência
Nacional de Bispos do Brasil (CNBB); Robson Rocha e Rafael Paixão, autores
de um livro recente sobre comunicação nas igrejas; e Challes Müller,
evangélico, jornalista e blogueiro que defendeu a utilização do marketing pela
igreja em artigo publicado em rede mundial. Destaque para a rica contribuição
do Instituto Jetro, que tem como missão colaborar com líderes cristãos para o
exercício de boas práticas de gestão e liderança, por meio da disseminação de
conhecimentos em áreas estratégicas, como a comunicação, aplicadas a
igrejas e instituições evangélicas. Entre as fontes utilizadas do Instituto estão
Luciano Sathler e Renato Rodrigues Martins, comunicólogos que aliando o
conhecimento no campo da Comunicação a vivências em uma igreja
evangélica, abrilhantaram esta pesquisa. Também foram utilizados artigo
publicado pelo Jornal Batista (www.ojornalbastista.com.br) do pastor, filósofo e
doutor em Sociologia João Pedro Gonçalves e o Manual de Comunicação
disponível no site oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia
(www.portaladventista.org) – um material extremamente rico que trata de todos
os aspectos da comunicação em uma igreja, que, no caminho inverso desta
pesquisa, também podem ser aplicados em qualquer empresa.
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2.1. A COMUNICAÇÃO FEITA PELA IGREJA ATRAVÉS DOS TEMPOS
De acordo com incursões desta pesquisa em igrejas evangélicas de
diferentes denominações, fora observado que o principal instrumento de
comunicação encontrado hoje nas igrejas evangélicas é a pregação verbal. No
entanto, esta comunicação se dá muito mais por experienciação que por
formação. Sob a ótica de George Barna (1992), o líder de uma igreja não deve
se preparar apenas teologicamente, mas estar antenado com tendências
mercadológicas.
“O pastor comum é preparado somente em matérias
relacionadas com a religião, no entanto, ao assumir a
direção de uma igreja, está sendo chamado a dirigir um
negócio. A necessidade de aplicação das ferramentas de
Marketing pelas igrejas se explica pela concorrência gerada
pelo anseio cada vez maior do homem que crê e está
voltado para o espiritualismo, a natureza, a energia
cósmica, um Deus indefinido e sobrenatural, do homem
que deseja viver experiências `espetaculares´” (BARNA,
1992, p.11).
O ato de pregar a palavra de Deus através da voz pode ser visto
também na figura de Jesus Cristo, que falava para multidões em locais
escolhidos estrategicamente, como pode ser constatado nos Evangelhos do
Novo Testamento – integrantes da Bíblia Sagrada, principal referência de
conduta de cristãos.
Jesus aproveitava as grandes festas, as ocasiões onde aglomerados de
pessoas se reuniam, mas também pregava a grupos pequenos. Não perdia
nenhuma oportunidade, e desta forma fazia contatos interpessoais que o
ajudavam na transmissão da mensagem. Após sua crucificação, esta atividade
que Brose (1972, p.22) menciona como sendo divulgação, propaganda ou
anúncio público, continuou através dos discípulos. O apóstolo Paulo, cuja
história é encontrada na Bíblia por meio do livro de Atos, é citado por Brose
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como “um seguidor desta técnica, pois procurava os locais de maior circulação
para anunciar ao maior número de pessoas os ensinamentos de seu mestre,
Jesus Cristo” (BROSE, 1972, p.21-22).
“A história da Igreja nos ensina que durante muitos
séculos, aproveitando os meios de comunicação mais
diversos, os cristãos sabiam desempenhar fielmente, e às
vezes zelosamente, sua tarefa de anunciar as boas novas
de Deus em Cristo, onde e quando se oferecessem as
oportunidades” (BROSE, 1972, p.27).
Charlles Müller, inclusive, credita aos apóstolos de Jesus o título de
primeira rede de notícias eclesiástica. “Em tempos de Internet se fala muito em
´redes sociais´ e ´grupos de e-mail´. Diria que a primeira rede social foi formada
pelos primeiros cristãos, que se comunicavam através de cartas (como as de
Paulo e João, destinadas às congregações da Igreja)” (MÜLLER, 2010, XX).
Desde que Gutenberg, em 1447 na Alemanha, descobriu uma nova
forma de copiar palavras, a comunicação impressa se alastrou pelo mundo. E
foi justamente a Bíblia o primeiro livro copiado por Gutenberg, e até hoje, é o
livro mais distribuído e vendido no mundo.
Com a invenção da imprensa, outros livros religiosos também puderam
ser espalhados a um número maior de pessoas. As pessoas compravam os
folhetos de Lutero na época da Reforma, contendo algumas de suas
interpretações da Bíblia e sermões eram espalhados pelo mundo. O impacto da
mensagem cristã foi duplicado, pois após a palavra ser pregada nas igrejas, ela
podia agora ser impressa e distribuída.
José Marques de Melo entende que “as práticas de comunicação
têm variado no tempo, correspondendo às mutações estruturais da instituição e
refletindo o seu relacionamento com a sociedade global” (MARQUES DE
MELO, 2005, p.23).
24
Examinando a história da comunicação da Igreja, em uma perspectiva
da história social ou da história das relações entre a Igreja e a comunicação,
Marques de Melo ajuda a identificar quatros fases bem definidas.
“A primeira é aquela em que o comportamento da
Igreja está orientado para o exercício da censura e da
repressão. Vai de Inocêncio VIII ao século XIX. (...) Sua
maior expressão é a Santa Inquisição. (...) A segunda fase
registra uma mutação profunda e se traduz pela aceitação
desconfiada dos novos meios de comunicação. (...)
Começa também a mudar sua postura em relação à
imprensa, se bem que em um ritmo menos veloz. (...) A
terceira fase corresponde à velocidade com que se dão as
transformações sociais e tecnológicas. A Igreja vê-se
compelida a acertar o passo, e se adaptar às exigências do
mundo contemporâneo. (...) de repente, ela assume a
postura de que é preciso evangelizar, multiplicar a palavra
do Evangelho, utilizando os modernos meios de
comunicação. (...) A quarta fase é a que estamos vivendo,
em particular a América Latina. (...) A Igreja supera aquela
fase do deslumbramento ingênuo e deixa de acreditar que
a tecnologia pode resolver os problemas da ação
evangélica. (MARQUES DE MELO, 2005, p.23-24).
Pode-se identificar nessas quatro fases, segundo Marques, a caminhada
da Igreja no relacionamento com a sociedade, na sua integração com o povo, e
sua familiarização com as inovações tecnológicas. Desta feita, cabe apontar
que, de modo particular, na quarta fase a Igreja passa a adotar uma postura de
avaliação crítica, começando a repensar a questão da comunicação. A partir
desse momento, a Igreja passa a incentivar, a patrocinar e a respaldar
experiências de comunicação do próprio povo.
Expoente da Teologia Política no Brasil, Leonardo Boff acredita que a
abertura para o mundo, realizada na estrutura eclesial nas últimas décadas,
25
conduziu a um tipo de prática evangélica vista por ele como “a Igreja nasce
pela fé do povo”. De acordo com Marques de Melo, essa é a prática de uma
Igreja que se compromete com a fé do povo e avalia criticamente sua
comunicação, “buscando novos meios, novas formas, abrigando novos
conteúdos” (MARQUES DE MELO, 2005, p.29).
2.2. COMUNICAR: A MISSÃO DA IGREJA
Apesar da evolução dos tempos, falar em Comunicação e Marketing
para alguns líderes evangélicos ainda é um tabu. Muitos deles ainda traduzem
o Marketing como uma técnica para enganar os clientes ou uma forma de
mascarar algo. Os autores Rocha e Paixão, por exemplo, acreditam que
“diferente de uma empresa, a igreja não busca satisfazer a vontade de uma
clientela, mas cumprir a vontade de Deus, mesmo que isso pareça antipático
ou que atrapalhe o seu crescimento” (ROCHA & PAIXÃO, 2009, p. 43).
O articulista Charles Müller (2010) credita isso ao fato de causar arrepios
em parte da liderança cristã evangélica a ideia de “vender aquilo que é de
graça”, “tornar a fé uma mercadoria”, “trazer conceitos comerciais de lucro para
lugares santos” etc. Mas diferente dos autores mencionados anteriormente,
Müller não fecha os olhos para importância da comunicação integrada ao
marketing na esfera eclesiástica. Para ele, os conceitos se aplicam tanto à
igreja como às empresas.
“Na raiz, a palavra marketing significa ´ações no
mercado´, prática que começou a ser estudada após a II
Guerra Mundial (embora suas raízes sejam tão antigas
quanto o próprio comércio e sua demanda tenha iniciado
na Revolução Industrial). Contudo, este conceito
(puramente empresarial ou comercial) tem sido adaptado
para outros usos, como marketing político, governamental,
pessoal e até eclesiástico, isto é, relacionado à Igreja”.
(MÜLLER, 2010, IN: sitecharles.com)
26
Em atenção a esfera religiosa, George Barna (1992) conceituou o
marketing como:
“Atividade da administração secular ou ministério
sacerdotal, que cause impacto sobre o público-alvo, com a
intenção de servir e atender as necessidades espirituais,
físicas, emocionais e sociais desse público, atingindo assim
os objetivos deste ministério” (BARNA, 1992, p.13).
E Müller arrematou definindo o marketing como:
“A gestão do relacionamento de uma organização
com seu público-alvo, visando a troca e concretização dos
objetivos mútuos e também com os públicos e outras
organizações que, de alguma forma, impactam na atividade
desta organização” (MÜLLER, 2010, IN: sitecharles.com).
Se utilizando da Bíblia, o autor ainda acrescenta que a missão da Igreja
é “pregar o Evangelho em todo o mundo, a toda criatura” (Marcos, capítulo 16,
vs.15). Ele explica que pregar é um termo usado nas igrejas que significa
proclamar ou divulgar. E levando em consideração que o significado de
Evangelho é “Boa Nova”, a missão da Igreja é, essencialmente, comunicar seu
credo.
Tudo na igreja é comunicação. A afirmação é de Luciano Sathler que
acredita que a mensagem pastoral não é mais o principal veículo de
comunicação de uma igreja. (SATHLER, 2008, IN: institutojetro.com) Porém,
ele lembra que “ainda se encontram líderes eclesiásticos que lidam com sua
vocação de forma burocrática, sem dedicar tempo à visitação durante a
semana, atendimento pastoral em horário comercial e mesmo em fazer
contatos telefônicos nos momentos de maior significado na vida dos membros”
(SATHLER, 2008, IN: institutojetro.com).
27
Sathler (2008) salienta que saber dominar os canais possíveis de
comunicação e envolver a liderança laica nos esforços de comunicar é algo
essencial para frutificar nos dias atuais.
“Imaginar que ficar fora da Internet não faz diferença
é correr o risco de ver aumentar a faixa etária média dos
membros, com poucas possibilidades de renovação. Não
treinar alguém no uso das ferramentas sociais de interação
é certeza de perder pouco a pouco a capacidade de
influenciar seu rebanho de forma mais efetiva”. (SATHLER,
2008, IN: institutojetro.com)
Sathler lembra que a comunicação na igreja deve servir para atrair a
todos quanto possível. “Não abraçar, não sorrir, não ouvir, não estar atento a
um olhar mais triste ou preocupado, todas essas atitudes impedem o fluir da
comunicação”. (SATHLER, 2008, IN: institutojetro.com)
E a boa e velha técnica de textos claros e objetivos, segundo Sathler,
também valem para aqueles que se valerão da escrita para se comunicar num
ambiente evangélico. “Escrever bonito, mas de um jeito que só teólogos
entendem, é praticamente o mesmo que faziam os escribas tão criticados nos
evangelhos. Até a cruz comunica: ´E eu, quando for levantado da terra, todos
atrairei a mim´. – João, capítulo 15, vs 32” (SATHLER, 2008, IN:
institutojetro.com).
A comunicação precisa ser pensada de forma estratégica e deve ser
parte de uma filosofia que orienta cada iniciativa e atenção para com os
membros, potenciais membros e a sociedade em geral.
“Num tempo de sobrecarga de informações, a igreja
corre o risco de ser apenas mais uma – frágil – voz que não
consegue influir na vida das pessoas. Nesse cenário, não
ganha quem grita mais alto, mas sim, quem tem a palavra
certa, no momento correto, anunciada da melhor maneira
28
possível, com interesse genuíno pela felicidade do outro”.
(SATHLER, 2008, IN: institutojetro.com)
E para sobreviver ao elevado número de igrejas e outras religiões que
hoje existem, todos aprenderam a ter uma percepção seletiva do que lhes é
comunicado. Sathler lembra que “alcançar credibilidade, confiabilidade e
pertinência para que a comunicação chegue até seus destinatários e realmente
faça diferença é uma tarefa cotidiana, árdua e que merece reflexão”.
2.3. OS BENEFÍCIOS DO ENDOMARKETING PARA A IGREJA
Na maioria das vezes, os funcionários de uma igreja são os próprios
membros, que não trabalham por remuneração, e sim de forma voluntária, por
acreditarem na filosofia da igreja e empregarem seu tempo nas rotinas internas
da mesma.
João Pedro Gonçalves (2009) explanou a conceituação de
“voluntariado”, que, de acordo com ele, ganhou status de uma das tarefas mais
relevantes para o homem moderno nos últimos anos. Ele acredita que seja
exatamente por isso seja comum ver pessoas da mídia envolvidas em causas
humanitárias, associando-se a uma atividade já existente ou criando sua
própria fundação ou ONG. “O homem pós-moderno descobriu que os bens
materiais e até mesmo o capital social que adquiriu junto com a educação e o
trabalho não lhes satisfazem plenamente. Esse homem descobriu que a vida é
mais que um contracheque” (GONÇALVES, 2009, IN: jornaldj.blogspot.com)
E para Gonçalves (2009), na igreja isso não é diferente. Como líder de
uma igreja, o sociólogo explica que é possível um alto índice de pessoas
engajadas no trabalho voluntário em uma instituição religiosa, e que tal posição
perpassa, inclusive, pelo conteúdo bíblico, principal regra de fé e prática de
todo cristão.
“A necessidade de agregar grande número de
voluntários é assunto bíblico. Não é moda, nem modismo
(...) Moisés teve que aprender, desde cedo no ministério, a
29
importância dos voluntários. Jesus, antes de começar e ao
longo do seu ministério, escolheu voluntários que o
ajudassem. O apóstolo Paulo tinha um bom número de
voluntários trabalhando com ele. O mesmo apóstolo
recomendou a Timóteo que não negligenciasse o trabalho
dos voluntários” (GONÇALVES, 2009, IN:
jornaldj.blogspot.com).
E como em qualquer planejamento integrado de comunicação a
comunicação interna é sempre o ponto de partida, em uma igreja não pode ser
diferente. A partir dos funcionários voluntários de uma igreja, se dará início a
verdadeiras mudanças na área de comunicação, para posteriormente se atingir
ao público externo.
O articulista Renato Rodrigues Martins defende que o ambiente interno
de uma igreja deve ser tão produtivo e harmônico quanto em qualquer outra
organização. “E para se ter produtividade é necessário ter relacionamentos
saudáveis entre os funcionários” (MARTINS, 2006, IN: institutojetro.com), neste
caso, entre os membros.
Martins conta que, normalmente, as igrejas têm vários veículos
informativos para se comunicar com os seus membros. “Alguns instrumentos
mais eficientes, outros menos, mas todas têm” (MARTINS, 2006, IN:
www.institutojetro.com). Ele aponta que algumas se concentram nos avisos
passados oralmente pelo púlpito, outras, mais cibernéticas, colocam tudo no
site da igreja e, para manter o membro da igreja bem informado lança-se mão
também do boletim semanal, faixas, cartazes, jornal, anúncios, malas-direta,
folders etc. “Todos esses meios, isolados ou coordenados, atingem e informam
os membros da congregação” (MARTINS, 2006, IN: institutojetro.com).
“Imagine uma casa onde não há diálogo. Nada
funciona. As contas não são pagas, a ordem não é
mantida. Cada um cuida dos seus interesses e utiliza os
espaços comuns como bem quer. Quem chega é mal
recebido e pensará que entrou em um campo de batalha.
30
Nessa casa, não há harmonia. A ausência de diálogo logo
cria desavenças, colocando pais e filhos em permanente
pé-de-guerra. Sabe o que falta aqui? Falta um bom plano
de comunicação que estabeleça um elo entre os membros
da família, que faça circular as informações, cuide do visual
da casa, dê boas vindas aos visitantes, organize as festas
e lembre as comemorações importantes para a família”
(AMC, apostila, 2008, IN: portaladventista.org.br).
Com o parágrafo acima, dá-se início ao Manual de Comunicação da
Igreja Adventista do Sétimo Dia (www.portaladventista.org). De acordo com ele,
para um desempenho eficaz da missão de cada membro de uma igreja –
comunicar o Evangelho a todos –, a congregação precisa estar sintonizada
com o mundo a sua volta e integrada com todas as instâncias da igreja. “Os
membros precisam estar sempre informados quanto às atividades e planos da
igreja local” (AMC, apostila, 2008, IN: portaladventista.org.br).
O Manual Adventista ressalta que a comunicação é o ingrediente
principal da cooperação. Segundo ele, isto é constatado com as inúmeras
vezes que ouviram argumentos corriqueiros a cerca da não participação ou
falta de apoio dos membros a determinados programas da igreja. Expressões
do tipo: “eu não sabia”, “não fui informado”, “ouvi falar, mas não sabia quando
era”, “que pena, se tivessem me avisado a tempo eu teria participado” etc. “São
frases que estamos cansados de ouvir. E para eliminar de vez esta deficiência,
é preciso fazer circular as informações com maior clareza e agilidade, quer
dizer, é preciso melhorar a comunicação interna da igreja” (AMC, apostila,
2008, IN: portaladventista.org.br).
No capítulo onde trata do planejamento do endomarketing, o Manual
Adventista lembra que antes de sair “atirando” para todos os lados, é
fundamental estabelecer um plano de comunicação interna. Um plano que
envolva pessoas comprometidas e motivadas em todos os setores da igreja.
“Essas pessoas deverão estar dispostas a trabalhar,
e muito. É bom lembrar que o Departamento de
31
Comunicação não é uma atividade fim. É, na verdade, o
setor interno da igreja responsável por melhorar a
circulação das informações e ajudar a tornar visíveis as
atividades dos demais departamentos da igreja” (AMC,
apostila, 2008, IN: www.portaladventista.org.br).
Por ser a igreja uma organização dinâmica, pela diversidade de eventos
e novos membros a cada novo culto, os planos específicos para a
comunicação na igreja local devem ser flexíveis o suficiente para atender a
essas demandas, segundo o Manual Adventista.
Em sua vez, Charles Müller (2010) enxerga um bom endomarketing em
uma igreja quando percebe a missão da mesma sendo cumprida, isto é, “a
comunicação do Evangelho de Cristo fluindo, uma membresia participante e
bem informada, uma atmosfera de união e comunhão entre o povo e uma ação
eficaz e respeitosa para com as pessoas que se pretende atingir” (MÜLLER,
2010, IN: sitecharles.com) – os não convertidos a crença.
32
CAPÍTULO III
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO A SERVIÇO DA FÉ
Levando em consideração que o estudo partiu de um convite feito
por um pastor para o implante de um Departamento de Comunicação em uma
igreja evangélica, o presente capítulo parte da descrição da igreja referida.
Após breve descrição do histórico da Igreja Evangélica Assembleia de Deus na
Itaóca – Complexo do Alemão (IEVADI), dá-se início ao diagnóstico da atual
situação da igreja por intermédio de conversa com o pastor-presidente da
instituição. No subcapítulo seguinte, tendo por base a pesquisa bibliográfica
dos capítulos anteriores, percebemos o porquê do profissional da comunicação
ser a pessoa ideal para conduzir o processo de comunicação de uma igreja,
visto que apresenta os principais resultados da aplicação do endomarketing em
meio a este universo. Por fim, o capítulo se encerra com a explanação do
Plano de Comunicação que será apresentado ao cliente, neste caso, ao pastor
da IEVADI, estudo de caso da pesquisa em questão.
No intuito de elucidar e comprovar a observação realizada no decorrer do
estudo proposto, a teoria esmiuçada retorna em dados momentos da aplicação
do conceito à prática.
33
3.1. A IEVADI
Oriunda da Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Bonsucesso, a
Igreja Evangélica Assembleia de Deus na Itaóca (Complexo do Alemão)
recebeu sua autonomia como matriz em 30 de Junho de 1996. Na ocasião, a
pequena congregação – título normalmente utilizado quando a igreja é uma
filial – estava localizada na Rua Nova Brasília, 28, uma das ruas que dá acesso
ao Morro do Alemão, do conjunto de favelas do Alemão.
Com capacidade para 200 membros sentados, o templo da época
passou a receber mais de 400 pessoas, forçando o pastor local a encontrar um
local que comportasse seu rebanho. O pastor-presidente da Igreja de
Bonsucesso decidiu pela autonomia da congregação, que passou a se chamar
Igreja Evangélica Assembleia de Deus na Itaóca (Complexo do Alemão),
conhecida pela sigla IEVADI, termo bastante utilizado nesta pesquisa.
José Rodrigues da Silva, pastor e então líder da nova igreja, decidiu pelo
novo local do templo, acomodando a igreja em um local com capacidade para
duas mil pessoas sentadas. Em pouco tempo, o local estava repleto de
moradores do Complexo do Alemão e bairros adjacentes.
Em 16 anos, a igreja se tornou uma referência na região em trabalhos
sociais, sendo inclusive convidada a participar do Comitê de Pacificação
organizado pela Força de Pacificação (Exército Brasileiro), que ocupa os
Complexos do Alemão e da Penha desde que o tráfico foi expulso da região,
em novembro de 2010.
Hoje, somando as congregações (filiais) que possui no Rio de Janeiro
(Bairros de Pilares, Olaria, Del Castilho e Casemiro de Abreu), São Paulo
(Caçapava) e Minas Gerais (Água Boa), a IEVADI conta com cerca 5.000
membros. Na matriz, por exemplo, só existem 6 funcionários, sendo apenas 2
da área administrativa. Todos os departamentos acontecem com supervisão
voluntária. Uma igreja que precisa, e muito, ver seus membros sempre
motivados. Caso contrário, a igreja pararia.
E mesmo diante da magnitude da instituição, surpreendentemente, em
16 anos, nunca se atentou para importância da Comunicação e do Marketing
34
para que se atingisse com maior eficácia a sua principal missão – comunicar o
Evangelho a todos.
A falha só fora detectada pelo pastor José Rodrigues da Silva, quando
procurado por jornalistas e questionado por estes em conhecer o site da igreja.
O pastor, atualmente com 73 anos, não ficou ressabiado em saber se havia se
comunicado bem com os profissionais da imprensa. Ele se preocupou por a
igreja não possuir um site. Acreditando que resolveria o problema, procurou um
profissional de comunicação que frequentava a igreja.
Dava-se início a esta pesquisa. O autor deste estudo foi o convidado
pelo pastor. Porém, antes de apresentar um Plano de Comunicação ao José
Rodrigues, entendemos que a experiência em produzir uma monografia seria
ainda mais enriquecedora.
Em conversa com o líder da igreja, foi detectado que os membros não
estavam tão mais atuantes como outrora. Alguns eventos produzidos
fracassaram na expectativa de público e os que estavam de frente aos
trabalhos mais atuantes, reclamavam de cansaço e falta de cooperação de
outros irmãos. Além disso, o pastor se sentia distante dos jovens e
adolescentes da igreja, o que pode ser atribuído a distância de suas gerações
– o pastor tem 73 anos. No entanto, para esta pesquisa, o conflito de gerações
não será um assunto a ser discutido.
Quanto ao passado da Ievadi, não se pode afirmar que nunca tenha sido
feito nada voltado para comunicação na Ievadi. Muito pelo contrário. Por muito
tempo, comprovou-se a boa vontade de membros que separavam um tempo
para preparar o boletim, os avisos, um convite para o evento tal, o banner da
programação X. Quase sempre, a falta de preparo dava lugar ao improviso. E
essa é uma realidade vista na maioria das igrejas evangélicas. Até mesmo o
autor desta pesquisa já escreveu uma reportagem ou outra para serem
enviadas ao órgão oficial da denominação. Mas nada com planejamento.
Alguém precisa, alguém cumpre. É instigante que a demanda de membros
mais antenados venha fazendo com que a organização igreja reveja seus
conceitos.
35
3.2. A AÇÃO COMUM DA MAIOR FORÇA DA IGREJA
Ter uma comunicação eficaz também significa que ela deve ser
planejada e executada por alguém especializado. Não dá para pensar em
deixar o departamento na mão daquele “irmão” que gosta de ler, tem amigos
na imprensa ou é bom em português.
Uma boa comunicação é essencial em qualquer organização, seja
pública, privada ou do terceiro setor. Um profissional da área tem as
ferramentas e o preparo para trabalhar com a informação, e fazer com que ela
chegue aos públicos interno e externo, de forma clara e através dos veículos
adequados. É importante salientar que apenas passar a informação, não basta.
Para alcançar o fim desejado é preciso que a mensagem seja compreendida.
No referencial teórico desta pesquisa, percebemos a importância do
endomarketing para motivar as pessoas. Tendo em vista que a mão-de-obra da
Ievadi é essencialmente voluntária, a adoção da ferramenta atenderia a uma
necessidade de urgência: manter as pessoas felizes e trabalhando para o
mesmo propósito.
Com a sofisticação da propaganda bem feita proveniente do
Endomarketing, atenderíamos o primeiro objetivo do líder da igreja que era
comunicar aos membros as metas e rotinas da congregação. Mas não com a
transmissão de uma informação desinteressada. Deveríamos gerir um
conteúdo informativo que trouxesse de volta aqueles que haviam perdido a
empolgação pelo caminho, manter aqueles que trabalhavam com vigor e atrair
aos que nunca haviam doado suas habilidades para o “exercício ministerial” –
titulação concedida aqueles que trabalham em uma igreja apenas por amor.
Mais Endomarketing impossível.
O foco do endomarketing praticado estará em aproximar os membros e
seus liderados. Afinal, por não ser assalariado e sim voluntário, o membro
precisa no mínimo estar de acordo com as atitudes praticadas por seus líderes.
Da mesma maneira que o CRM (Customer Relationship Management) tem
ganhado força no meio corporativo, o mesmo precisa acontecer em meio à
36
igreja. Respeitando o marketing de relacionamento, o membro deverá ser
tratado como “um ser especial”, que merece ser consultado para o
conhecimento de suas necessidades e desejos, saber se foi bem atendido e
estar “totalmente” satisfeito.
Somente através do relacionamento que um “cliente consumidor” se
tornará um “cliente parceiro”, no caso da Ievadi, deixará de ser um
frequentador da igreja para ser alguém engajado em suas causas e rotinas. É
muito mais inteligente se utilizar dos membros mais fidelizados para alcançar
aqueles ainda não professantes da fé do que concentrar na liderança a função
de comunicar o Evangelho a todos.
É necessário um comprometimento da igreja em colocar a experiência
do membro no centro de suas prioridades, garantindo informações e ações que
alavanquem um relacionamento mais profundo, confiança e um maior senso de
valor pessoal por parte destes membros. Com isso, não se quer dizer que os
membros terão todas as suas necessidades e solicitações atendidas, mas que
serão ouvidos e que a igreja se preocupará em lhe manter informado. Este
cuidado é relacionamento, e dificilmente deixamos alguém ou uma instituição
por esta não poder fazer o que queremos. Deixamo-los porque se mostraram
indiferentes.
Líderes que não têm tempo para manter contato com os seus
seguidores, alegando estarem atolados em pilhas de papéis, trabalhos sempre
urgentes, entre outras explicações, não lideram. Liderança sem contato é
fantasia. É claro que não há necessidade de o líder manter-se próximo do
liderado em tempo integral. O bom senso requer proximidade e distanciamento
para delegar adequadamente, acompanhar as tarefas e orientar, perceber
situações de entrave e compartilhar as propostas de soluções, aprender
conjuntamente, assumir responsabilidades pessoais e grupais, comunicar e dar
e receber feedback. E é justamente essa a proposta atendida pelo pastor José
Rodrigues. Ele está disposto a se aproximar dos congregados, e não somente
cobrar que estes estejam perto.
37
3.3. O QUE UM COMUNICÓLOGO PODE FAZER COM UMA IGREJA
A comunicação está diretamente ligada ao marketing. Porém, por muitas
vezes, esta palavra foi cortada do vocabulário dos crentes. As comunidades
têm receio de utilizar a palavra para definir suas ações. Mas a ferramenta pode
e deve ser usada em favor da maior missão de uma igreja que é comunicar o
Evangelho. Como visto nos capítulos anteriores, o marketing pode ser utilizado
para divulgar, não obrigatoriamente vender. Uma igreja pode estar fazendo os
melhores eventos que alguém possa ter participado na vida, ou até ter o melhor
“produto”, Jesus, mas é preciso que isso esteja na vitrine. Alguém tem que
fazer isso “aparecer”.
Comunicar e divulgar faz toda a diferença. Mas conhecer as técnicas,
também. Um profissional de comunicação pode fazer muito por uma igreja,
principalmente por termos percebido nos capítulos anteriores que uma igreja
possui todas as características de uma empresa.
O plano de comunicação a ser oferecido para a Ievadi pretende focar no
incentivo e na motivação de todos os frequentadores para que estes se tornem
vitrines ambulantes de tudo aquilo que a igreja tem promovido.
O profissional da comunicação vai trabalhar com a informação, e precisa
estar muito bem atualizado para que consiga encontrar as melhores estratégias
para construir e manter a identidade saudável da igreja. O novo departamento
vai desenvolver seu trabalho junto aos públicos que interagem com a Igreja se
utilizando de técnicas de Endomarketing, Comunicação e Marketing.
Tal departamento será, antes de tudo, uma atividade de assessoria que
sugere políticas de relacionamentos públicos para a igreja, políticas de
comunicação institucional e também de atitudes, ou mudanças de atitudes, no
trato com os diversos públicos e com a opinião pública, em caso que a
assessoria de comunicação tiver que se comunicar com a imprensa. Também
terá como função assessorar a direção da igreja, fazendo com que se adote
uma determinada filosofia ou postura administrativa.
38
Pela sua natureza, pode, e deve realizar pesquisas e estudos como
forma de projetar internamente os anseios dos membros e as tendências
externas para os líderes, comprovando-as por meios científicos. O novo
departamento de Comunicação da Ievadi atuará como atividade interlocutora
legítima da igreja junto a todos os públicos e ser a gestora dos assuntos
públicos da igreja na sua relação com as pessoas.
Sempre que necessário, o departamento buscará espaços na mídia para
a igreja por meio da produção e distribuição de textos jornalísticos.
Constantemente imprimindo qualidade profissional aos eventos da igreja como
encontros, acampamentos, congressos e cultos especiais, pois, como já dito,
uma de suas principais características da Comunicação é o planejamento.
É fácil perceber também que não adianta divulgar somente nos boletins,
jornais e Internet. Uma das técnicas mais fáceis, antigas e que funciona muito
bem é a comunicação oral. O incentivo, a forma como se diz, as expressões
corporais revelam muito sobre aquilo que o líder fala. O boca-a-boca, como é
conhecido, pode colaborar quando, face a face, se faz um convite ou se
apresenta uma proposta.
Diante do referencial teórico dos capítulos anteriores, fica firme
argumentar que um dos principais objetivos é estabelecer uma “rua de mão
dupla”, com relação à comunicação da igreja com os públicos. Não basta
apenas emitir informações, pois a comunicação é muito mais do que isso. Para
que se tenha relacionamento é necessário emitir e receber informações. Fazer-
se entender, mas também ouvir os anseios, o que pensam e esperam da igreja
os diferentes públicos.
O fundamental papel de um Departamento de Comunicação é o de
desenvolver um plano consistente que estimule o relacionamento entre a igreja,
seus líderes e “candidatos a membros”.
Como percebido, técnicas de Endomarketing são desenvolvidas por
qualquer instituição que deseja estabelecer vínculos com seu público-interno
através da troca de informações. No entanto, uma igreja não está isolada do
39
mundo que a cerca. Enquanto trocará informações internas, estará se
fortalecendo para a mesma relação com o público externo.
Comunicação proporciona isto. Auxilia na promoção do Evangelho, que
é a missão da igreja, quando cria condições para o diálogo, melhora o
entendimento da igreja e transforma o membro em um ser presente e
participante da congregação em todos os níveis.
40
CONCLUSÃO
A assessoria de comunicação é raramente utilizada pelas igrejas
evangélicas, já que grande parte de seus líderes religiosos pensam somente no
imediatismo de se produzir um boletim, folder ou site para anunciar seus
eventos. No entanto, ao descartar este profissional, a igreja está perdendo
outras frentes de atuação que serão bem mais explorados no campo da
comunicação e do marketing. Produzir alguns noticiários para informar seu
público não é o suficiente. Há de se fazer isso de maneira profissional, visando
um conteúdo relevante, motivador e bem mais amplo.
O processo e a estrutura da comunicação devem espelhar o fato de que
ela é um meio para alcançar o sucesso e não um fim em si. A comunicação só
terá sucesso se permitir e incentivar que os membros alinhem suas atividades
à intenção estratégica da liderança da igreja. Isso requer um processo
comunicacional alinhado ao planejamento global da instituição e compromisso
dos frequentadores com valores, missão, objetivos organizacionais e
estratégias elaboradas.
Quando há compartilhamento de informações e experiências, são
maximizados sentimentos de pertencimento, oportunidades de participação,
conscientização e comprometimento dos membros da igreja e a utilidade
dessas informações à missão principal. Da mesma maneira que acontece no
mercado de trabalho na relação chefes X subordinados.
Em um contato bem próximo ao líder da igreja, a Assessoria de
Comunicação tende a ajudar o pastor a perceber que, enquanto líder, seu
papel é fundamental nesse processo. Os frequentadores de uma igreja tem a
necessidade de acreditar em seu líder, ver nele alguém que merece ser
seguido. Para conquistar essa confiança é preciso estar junto, participando da
vida deles e sendo exemplo. Se o membro conhecer seu líder e pastor, saberá
que pode ouvi-lo.
41
Diante do estudo, ficou também percebido que uma forma de ter um
membro engajado é envolvê-lo na organização. Ele precisa sentir-se parte
daquilo. Por meio da conceituação do Endomarketing ficou claro que é
importante valorizar as pessoas que trabalham para nós, sejam eles
funcionários ou voluntários, como no caso das igrejas. É justamente para
praticar a palavra “valorizar” que existe o endomarketing.
O objetivo das ações de endomarketing é conseguir um maior
comprometimento, entrosamento, repasse de informações com eficácia,
aumento da sensação de grupo, e como resultado de tudo isso, pessoas mais
motivadas, mais felizes e capazes de transmitir os propósitos de sua igreja.
Ficou claro também que não existe uma regra a ser seguida ou uma
espécie de “receitas de bolo” para igrejas. A mesma ação pode ser implantada
em diversas igrejas, com resultados diferentes. Tudo depende da avaliação do
público e os objetivos para aquele momento. Ações de endomarketing podem
trazer grandes benefícios para uma igreja e seus voluntários. Os maiores
ganhos certamente serão em: entrosamento, comprometimento, envolvimento,
motivação e, principalmente, na valorização individual das pessoas.
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