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 INCIDÊNCIA DE ENCURTAMENTO DOS MÚSCULOS ISQUIOTIBIAIS EM PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO Autores: Carmen Lucia Borges Bastos*, José Maria Furtado Júnior**, Mike Chindi Goto*** e Ulisses Alves Rosa***. * Fi si ot er ap euta e Ed uc ad or a Física Es pe cialis ta da UEPA, **Fisioter ap eu ta Especial ista da UEPA, ***Acadêmi co do 5º ano de Fisiotera pia da UEPA. RESUMO Este estudo avaliou o nível de flexibilidade dos músculos isquiotibiais, por intermédio do flexímetro (fleximeter® ), em praticantes de musculação, haja vista da suma importância da mesma como meio de prevenção de lesões. Para isso, o estudo seleciono u e avaliou 100 alunos praticantes de treinamento com peso (com no mínimo 1 mês e com no máximo 60 meses de prática), compreendidos na faixa etária de 21 e 50 anos. Os resultados desta pesquisa mostraram uma incidência de encurtamento dos músculos isquiotibiais de 83 % do lado direito e 67 % do lado esquerdo, necessitando desta forma de um trabalho de flexibilidade mais efetivo com os alunos, como forma de melhorar o nível de atividade muscular, bem como prevenir lesões. INTRODUÇÃO A prática da musculação é a atividade física que mais tem crescido em número de praticantes em todo o mundo. Somente nos Estados Unidos existem cerca de 45 milhões de pessoas que realizam musculação. Dentro deste universo, as mulheres correspondem pouco menos de 50% (GIANOLLA, 2003).  Nas academias de musculação, segundo Oliva, Bankoff e Zamai (1998), é freqüente a presença de problemas relacionados a lesões de ordem muscular e/ou articular, na qual os mesmos autores citam em sua pesquisa que 55% dos entrevistados ap re se nt aram al gu m ti po de lesão em vi rt ud e unicamente do tr ei na me nt o de musculação. E em relação às lesões acometidas, 36% dos praticantes lesionados tiveram que abandonar os treinos por determina do período em decorrência das mesmas. O risco de lesão é maior quando a flexibilidade articular é extremamente  baixa ou extremamente alta (KNUDSON, MAGNUSSON e McHUGH, 2000; FUNK et al , 2001). Como também quan do os lados dominante e não-dominante do corpo forem muito diferente entre si (KNAPIK et al , 1992 apud HALL, 2000; ACHOUR Jr., 2004). Best e Garrett (1996) relatam que a diferença de flexibilidade de 10% ou mais dos músculos posteriores da coxa direito e esquerdo favorece para o aumento de risco de lesão. De acordo com Serratosa e Palacios (2000) e López (2003), a diminuição da flexibilidade pode aumentar o risco de lesão durante a atividade física. A diminuição da flexibilidade favorece lesões musculares (SCAFÓ, 2000). Além disso, pod e pro mover diversas alt era çõe s pos tur ai s (PI NFI LDI, PRA DO e LIEBANO, 2004). Cailliet (1998), Howley e Franks (2000) informam que a presença de 1

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INCIDÊNCIA DE ENCURTAMENTO DOS MÚSCULOS ISQUIOTIBIAIS EMPRATICANTES DE MUSCULAÇÃO

Autores: Carmen Lucia Borges Bastos*, José Maria Furtado Júnior**, Mike Chindi

Goto*** e Ulisses Alves Rosa***.

* Fisioterapeuta e Educadora Física Especialista da UEPA, **FisioterapeutaEspecialista da UEPA, ***Acadêmico do 5º ano de Fisioterapia da UEPA.

RESUMO

Este estudo avaliou o nível de flexibilidade dos músculos isquiotibiais, por intermédio do flexímetro (fleximeter®), em praticantes de musculação, haja vista dasuma importância da mesma como meio de prevenção de lesões. Para isso, o estudo

selecionou e avaliou 100 alunos praticantes de treinamento com peso (com no mínimo 1mês e com no máximo 60 meses de prática), compreendidos na faixa etária de 21 e 50anos. Os resultados desta pesquisa mostraram uma incidência de encurtamento dosmúsculos isquiotibiais de 83 % do lado direito e 67 % do lado esquerdo, necessitandodesta forma de um trabalho de flexibilidade mais efetivo com os alunos, como forma demelhorar o nível de atividade muscular, bem como prevenir lesões.

INTRODUÇÃO

A prática da musculação é a atividade física que mais tem crescido emnúmero de praticantes em todo o mundo. Somente nos Estados Unidos existem cerca de45 milhões de pessoas que realizam musculação. Dentro deste universo, as mulherescorrespondem pouco menos de 50% (GIANOLLA, 2003).

 Nas academias de musculação, segundo Oliva, Bankoff e Zamai (1998), éfreqüente a presença de problemas relacionados a lesões de ordem muscular e/ouarticular, na qual os mesmos autores citam em sua pesquisa que 55% dos entrevistadosapresentaram algum tipo de lesão em virtude unicamente do treinamento demusculação. E em relação às lesões acometidas, 36% dos praticantes lesionados tiveramque abandonar os treinos por determinado período em decorrência das mesmas.

O risco de lesão é maior quando a flexibilidade articular é extremamente baixa ou extremamente alta (KNUDSON, MAGNUSSON e McHUGH, 2000; FUNK et 

al , 2001). Como também quando os lados dominante e não-dominante do corpo foremmuito diferente entre si (KNAPIK et al , 1992 apud HALL, 2000; ACHOUR Jr., 2004).Best e Garrett (1996) relatam que a diferença de flexibilidade de 10% ou mais dosmúsculos posteriores da coxa direito e esquerdo favorece para o aumento de risco delesão. De acordo com Serratosa e Palacios (2000) e López (2003), a diminuição daflexibilidade pode aumentar o risco de lesão durante a atividade física.

A diminuição da flexibilidade favorece lesões musculares (SCAFÓ, 2000).Além disso, pode promover diversas alterações posturais (PINFILDI, PRADO e

LIEBANO, 2004). Cailliet (1998), Howley e Franks (2000) informam que a presença de

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encurtamentos dos músculos isquiotibiais pode gerar dores lombares, devido à mámobilização da pélvis. Quanto ao posicionamento do ilíaco, Brito e Silva (2002)encontraram retroversão em 60% dos praticantes de musculação e destes, 100%apresentavam encurtamento dos músculos isquiotibiais.

Segundo Kisner e Colby (1998), o encurtamento dos tecidos moles leva auma alteração da força muscular em decorrência à adaptação que ocorre com o tempo.

 Na proporção que diminui a flexibilidade muscular, ocorre também uma alteração narelação comprimento - tensão do músculo. A relação força - comprimento afirma que àmedida que aumenta o comprimento de um músculo, aumenta também sua forçacontrátil e é máxima quando o músculo está no comprimento de repouso, devido à

 presença de maior sobreposição dos filamentos de actina e miosina (LIPPERT, 1996;CAMPOS, 2000). Logo, o músculo desenvolve uma fraqueza com retração, haja vista omesmo não ser mais capaz de produzir o pico de tensão devido ao encurtamento. “A

 perda de flexibilidade, independente da causa, pode também provocar dor originando-se

no músculo, tecido conectivo, ou periósteo. Isso, por sua vez, também diminui a forçamuscular” (KISNER e COLBY, 1998, p. 141-142).

O grau de desenvolvimento da flexibilidade é um dos fatores primordiais  para o bom desempenho do atleta em distintas modalidades, além de reduzir aincidência de distensão muscular e melhorar a postura (HAMILL e KNUTZEN, 1999).Pode, ainda, contribuir na performance da aptidão física (SPERNOGA et al , 2001). A

  perda de flexibilidade pode influenciar a assimilação de hábitos motores. “Umamobilidade articular insuficiente limita os níveis de força, velocidade e coordenação;

 provoca uma redução na economia e pode ser uma causa de ocorrência de lesõesmioarticulares” (PLATONOV e BULATOVA, 2003, p. 159).

Kisner e Colby (1998) informam que pessoas normais que não praticamregulamente exercícios de flexibilidade podem desenvolver contraturas miostáticas ouretração, principalmente em músculos biarticulares, como os isquiotibiais.

 Diante de tudo que foi mencionado, esta pesquisa tem como meta

aprofundar os conhecimentos a respeito da flexibilidade em virtude de sua grandeimportância para diminuição do risco de lesões e aumento da eficácia muscular. Pois,desta forma, haverá uma maior informação científica para os profissionais da área,

 beneficiando, conseqüentemente, o desempenho e qualidade de vida de praticantes de

musculação.

Para tanto, foi estabelecido o seguinte objetivo geral:- Identificar a incidência de encurtamento dos músculos isquiotibiais em praticantes demusculação.

E como objetivos específicos:- Avaliar o nível de flexibilidade dos músculos isquiotibiais através do flexímetro,registrando-se as angulações obtidas com cada aluno e;- Analisar e comparar os dados obtidos de acordo com o sexo, idade, postura de trabalhoe músculos isquiotibiais direitos com os esquerdos.

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A presente pesquisa foi composta por uma considerável revisão de literaturaembasada em conhecimentos obtidos de livros, periódicos, e artigos em endereçoseletrônicos via internet, seguida da descrição dos materiais e métodos adotados, cujosdados obtidos estão detalhadamente descritos nos resultados e discussão, chegando-se,

então, às conclusões finais do referido estudo.

MATERIAIS E MÉTODO

A pesquisa foi desenvolvida em uma academia em Belém - PA, no períododas 17:00 às 20:00 horas durante os meses de abril e maio de 2004. Esta pesquisa é dotipo quali-quantitativa, prospectiva e de incidência.

A amostra foi de 100 alunos, tendo como critérios de inclusão serem praticantes de treinamento com peso (com no mínimo 1 mês e com no máximo 60

meses de prática), de ambos os sexos, compreendidos na faixa etária de 21 e 50 anos,que realizem alongamento, orientados por um profissional formado (educador físico) eque apresentem um trabalho muscular global (exercícios em tronco e extremidades).

Os critérios de exclusão para este estudo foram alunos com outro tipo deatividade física paralela (esportes em geral, danças, yoga, tai-chi-chuan), com alteraçõesou distúrbios hormonais (como a gravidez, uso de medicamentos hormonais),

 praticantes de musculação localizada (apenas tronco, membros superiores ou membrosinferiores), com lesões recentes de membros inferiores (apresentando quadro de dor) ecom patologias (ósseas, articulares, ligamentares e musculares).

Após a seleção dos participantes de acordo com os critérios pré-determinados, cada aluno foi avaliado, sendo seus dados anotados em ficha padrão. Paraa avaliação da flexibilidade dos músculos biarticulares (Semimenbranáceo,Semitendinoso e Cabeça Longa do Bíceps), foi utilizado o Teste de Elevação da PernaEstendida em Decúbito Dorsal.

Inicialmente era verificada a existência do aumento da curvatura lombar emdecúbito dorsal. Na presença desta, foi utilizado uma toalha enlolada distalmente sob acoxa, a fim de retificar a coluna lombar. Posteriormente, o flexímetro era fixado noterço médio da coxa e o examinado era orientado a levantar o membro inferior a ser 

testado mantendo a retificação do joelho deste mesmo membro.

Durante a realização do teste, era verificado o comportamento do membroinferior contralateral, analisando-se a necessidade de aplicar uma restrição passiva.Depois disso, o examinador graduava o flexímetro (de tal forma que o teste iniciasse

 partindo-se de 0o) e aferia o grau obtido pelo participante no final do teste.

Para os dados obtidos, utilizou-se o programa BioEstat 3.0, na qual foramaplicados os testes de Kolmogorov – Smirnov, de Qui-quadrado, e t para a análiseestatística.

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RESULTADOS

Os resultados desta pesquisa são expressos segundo os achados numéricosobservados nas respostas dos questionários e nos níveis de flexibilidade dos músculos

isquiotibiais encontrados na avaliação.

Quanto ao tempo de prática de musculação 67% responderam que possuíamaté 1 ano de prática (média = 0,4 ano); 13%, até 2 anos de prática (média = 1,8 anos);3%, até 3 anos de prática (média = 2,8 anos); 7%, até 4 anos de prática (média = 3,8anos); e 10% tinham até 5 cinco anos de prática de musculação (média = 4,6 anos),

 perfazendo uma média de 2,7 anos.

Analisando-se os níveis de flexibilidade de acordo com o sexo, foiconfirmada a existência de uma significativa diferença entre a flexibilidade média dos

 praticantes de musculação nos grupos feminino e masculino (p=0, pelo teste t), sendo,

em média, maior na população feminina. No lado direito, 96% dos homens e 70% dasmulheres (83% do total) apresentaram graduação inferior ao intervalo de 80o à 90o. Já

 para o lado esquerdo, 78% dos homens e 56% das mulheres (67% do total) possuíamencurtamento desta musculatura.

QUADRO 1: Números de casos conforme o sexo em relação ao nível de flexibilidadedos isquiotibiais direito - 2004.

0 5 10 15 20 25

35° ─┤ 46°

46° ─┤ 57°

57° ─┤ 68°

68° ─┤ 79°

79° ─┤ 90°

90° ─┤ 101°

101° ─┤ 112°

Masculino

Feminino

Fonte: Pesquisa de campo.

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QUADRO 2: Números de casos conforme o sexo em relação ao nível de flexibilidadedos isquiotibiais esquerdo - 2004.

0 5 10 15 20

35° ─┤ 46°

46° ─┤ 57°

57° ─┤ 68°

68° ─┤ 79°

79° ─┤ 90°

90° ─┤ 101°

101° ─┤ 112°

Masculino

Feminino

Fonte: Pesquisa de campo.

A idade dos participantes variou de 21 anos a 50 anos, dando uma média de

35,5 anos. Para facilitar o estudo foram criados três faixas etárias: de 21 a 30 anos, ondeapresentava 46 praticantes, de 31 a 40 anos, com 37 indivíduos e de 41 a 50 anos, com17 participantes. Porém, o nível de flexibilidade não foi influenciado pela idade dos

 praticantes de musculação (p>0,05, pelo teste de Kolmogorov – Smirnov).

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QUADRO 3: Números de casos conforme a faixa etária em relação ao nível deflexibilidade dos isquiotibiais direito - 2004.

0 5 10 15 20

35° ─┤ 46°

46° ─┤ 57°

57° ─┤ 68°

68° ─┤ 79°

79° ─┤ 90°

90° ─┤ 101°

101° ─┤ 112°

20 ─┤30 anos

30 ─┤40 anos

40 ─┤50 anos

Fonte: Pesquisa de campo.

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QUADRO 4 - Números de casos conforme a faixa etária em relação ao nível deflexibilidade dos isquiotibiais esquerdo - 2004.

0 5 10 15

35° ─┤ 46°

46° ─┤ 57°

57° ─┤ 68°

68° ─┤ 79°

79° ─┤ 90°

90° ─┤ 101°

101° ─┤ 112°

20 ─┤30 anos

30 ─┤40 anos

40 ─┤50 anos

Fonte: Pesquisa de campo.

Quanto à postura de trabalho, a mesma não influenciou os praticantes queapresentaram flexibilidade com extensibilidade menor e maior (p>0,05, pelo teste deQui-quadrado), na qual 51% responderam que ficavam a maior parte do tempo sentado,30% disseram que ficavam em pé, enquanto que 19% relataram que ficavam em ambas

 posições.

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QUADRO 5: Números de casos conforme a postura de trabalho em relação ao nível deflexibilidade dos isquiotibiais direito - 2004.

0 5 10 15 20

35° ─┤ 46°

46° ─┤ 57°

57° ─┤ 68°

68° ─┤ 79°

79° ─┤ 90°

90° ─┤ 101°

101° ─┤ 112°

SentadoEm pé

Ambos

Fonte: Pesquisa de campo.

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QUADRO 6: Números de casos conforme a postura de trabalho em relação ao nível deflexibilidade dos isquiotibiais esquerdo - 2004.

0 5 10 15 20

35° ─┤ 46°

46° ─┤ 57°

57° ─┤ 68°

68° ─┤ 79°

79° ─┤ 90°

90° ─┤ 101°

101° ─┤ 112°

SentadoEm péAmbos

Fonte: Pesquisa de campo.

Quanto à simetria da flexibilidade entre os quadris não houve correlaçãodesta com o sexo (p>0,05, pelo teste de Qui-quadrado), ou seja, a freqüência de

 praticantes com simetria e assimetria não dependia do sexo. A tabela abaixo mostra que25% dos avaliados com simetria e 75% com assimetria. Neste caso, o referencial de 80°a 90o foi desconsiderado.

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QUADRO 7: Números de casos conforme o sexo em relação à simetria de quadril -2004.

0 10 20 30 40

Simétricos

Assimétricos

Masculino

Feminino

Fonte: Pesquisa de campo.

Em relação às assimetrias encontradas, constatou-se uma significativadiferença entre a flexibilidade média nos músculos isquiotibiais direito e esquerdo (p =0,01, pelo teste t), sendo em média a flexibilidade maior nos isquiotibiais esquerdo. Das75 pessoas com assimetria, 39 pessoas apresentaram uma diferença menor que 10%entre os quadris; enquanto que os 36 restantes tiveram uma diferença igual ou superior à10% entre os quadris.

QUADRO 8: Números de casos conforme a diferença percentual presente entre osmúsculos isquiotibiais - 2004.

0 10 20 30 40

< 10%

≥ 10%

> à Direita

> à Esquerda

Fonte: Pesquisa de campo.

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DISCUSSÃO

Os resultados mostraram uma freqüência elevada de encurtamentos dosmúsculos isquiotibiais em praticantes de musculação. 83% dos indivíduos apresentaram

níveis de flexibilidade inferior a 80o do lado direito e 67% do lado esquerdo. Taisresultados estão de acordo com a afirmação de Achour Jr. (2002), o qual diz que osmúsculos com predominância de fibras vermelhas estão propensas ao encurtamento.

Quanto ao nível de flexibilidade em relação ao sexo, observou-se que asmulheres, de modo geral, apresentaram maior flexibilidade que os homens, tanto deisquiotibiais direito quanto de esquerdo (QUADRO 1 e 2), ratificando as idéias deWeineck (2000), Platonov e Bulatona (2003) e Achour Jr. (2004).

Já para a idade, conforme Dantas (1999), Monteiro (1999), Brooks (2000) eHowley e Franks (2000), a flexibilidade diminui à medida que a pessoa envelhece.

Todavia, os resultados obtidos nesta pesquisa não confirmaram isso (QUADRO 3 e 4).A provável justificativa estaria no fato de que os participantes apresentavam em comuma prática regular de musculação e alongamento, uma vez que Brooks (2000), Robergs eRoberts (2002) e Achour Jr. (2004) reafirmam que os níveis de flexibilidade estão maisrelacionados com a atividade física do que com os processos biológicos.

Para a postura de trabalho (QUADRO 5 e 6), não houve diferençasignificativa entre os indivíduos que passavam a maior parte do tempo (no ambiente detrabalho) sentado, em pé ou em ambas posições. Achour Jr. (2002) atesta que osencurtamentos dos isquiotibiais podem ser achados tanto em pessoas que passam grande

 parte do tempo sentado como em pé. E ainda vale ressaltar que todos os pesquisadosmantinham uma prática regular de musculação e alongamento, correlacionando-se como que foi argumentado anteriormente.

 Neste estudo foi caracterizado como simétrico, praticantes de musculaçãoque possuíssem mesmo nível de flexibilidade de isquiotibiais, desconsiderando, pois, ointervalo de normalidade (de 80o à 90o). Nos resultados (QUADRO 7), 75% dosindivíduos foram classificados como assimétricos, dos quais 48% encontravam-se comuma diferença igual ou maior a 10% entre as graduações (dos músculos isquiotibiaisdireito e esquerdo) colhidas (QUADRO 8).

Achour Jr. (2004) relata que a flexibilidade pode ser diferente emarticulações biarticulares, em decorrência de habilidades unilaterais esportivas e pelassituações de trabalho ou de lazer. Pode, também, ser decorrente de lesão. O mesmoautor refere ainda que um erro comum no treinamento consiste no aumento da variávelmais favorecida geneticamente, seja ela a força ou a flexibilidade, em vez de equilibrá-la com a outra.

CONCLUSÃO

A flexibilidade é um termo ainda controverso e pouco discutido. A falta de

um consenso, acaba gerando diferentes definições e posicionamentos diante deste

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mesmo assunto. Ao invés avançar em maiores aprofundamentos científicos sobre aflexibilidade, surgem a cada dia, novas classificações que tentam saciar um únicoquestionamento: o que é a flexibilidade?

 Nesta pesquisa, tentou-se chegar a um senso comum, mediante as fontesconsultadas. Baseado nesse referencial teórico levantado e na análise dos resultadoscolhidos, foi demonstrado que a amostra avaliada apresentou uma elevada incidência deencurtamento dos músculos isquiotibiais em ambos os lados, além de uma grandefreqüência de assimetrias.

Tudo isso só vem reafirmar que um trabalho preventivo, que também é umaarma do fisioterapeuta, bem como a multidisciplinaridade, ainda são a melhor combinação para a promoção de saúde, evitando, neste caso, que pessoas como as queforam avaliadas estejam sujeitas a lesões. Todavia, para que isso aconteça, é necessárioque se identifique os reais motivos que levam pessoas como da amostra a

desenvolverem encurtamentos musculares.

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