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JEREMIAS 1 Título 1 Palavras de Jeremias, filho de Helcias, um dos sacerdotes que residiam em Anatot, no território de Benjamim. 2 Foi-lhe dirigida a palavra de Iahweh nos dias de Josias, filho de Amon, rei de Judá, no décimo terceiro ano do seu reinado; 3 além disso, nos dias de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá, até o fim do décimo primeiro ano de Sedecias, filho de Josias, rei de Judá, até à deportação de Jerusalém, no quanto mês. I. Oráculos contra Judá e Jerusalém 1. NO TEMPO DE JOSIAS Vocação de Jeremias 4 A palavra de Iahweh me foi dirigida nos seguintes termos: 5 Antes mesmo de te formar no ventre materno, eu te conheci; antes que saísses do seio, eu te consagrei. Eu te constituí profeta para as nações. 6 Mas eu disse: "Ah! Senhor Iahweh, eis que eu não sei falar, porque sou ainda uma criança!" 7 Mas Iahweh me disse: Não digas: "Eu sou ainda uma criança!" Porque a quem eu te enviar, irás, e o que eu te ordenar, falarás. 8 Não temas diante deles, porque eu estou contigo para te salvar, oráculo de Iahweh. 9 Então Iahweh estendeu a sua mão e tocou-me a boca. E Iahweh me disse: Eis que ponho as minhas palavras em tua boca. 10 Vê! Eu te constituo, neste dia, sobre as nações e sobre os reinos, para arrancar e para destruir, para exterminar e para demolir, para construir e para plantar. 11 Foi-me dirigida a palavra de Iahweh nos seguintes termos: "O que estás vendo, Jeremias?" Eu respondi: "Vejo um ramo de amendoeira". 12 Então Iahweh me disse: "Viste bem, porque eu estou vigiando sobre a minha palavra para realizá-la". 13 E a palavra de Iahweh foi-me dirigida, uma segunda vez, nestes termos: "O que estás vendo?" Respondi: "Vejo uma panela fervendo, cuja boca está voltada a partir do Norte." 14 E Iahweh me disse: Do Norte derramar-se-á a desgraça sobre todos os habitantes da terra. 15 Porque eis que vou convocar todas as tribos dos reinos do Norte, oráculo de Iahweh. Eles virão e cada um deles colocará o seu trono à entrada das portas de Jerusalém, em redor de suas muralhas e contra todas as cidades de Judá. 16 Pronunciarei contra eles os meus julgamentos, por toda a sua maldade: porque eles me abandonaram, queimaram incenso a deuses estrangeiros e prostraram-se diante das obras de suas mãos. 17 Mas tu cingirás os teus rins, levantar-te-ás e lhes dirás tudo o que eu te ordenar. Não tenhas medo deles, para que eu não te faça ter medo deles. 18 Quanto a mim, eis que te coloco, hoje, como uma cidade fortificada, como uma coluna de ferro, como uma muralha de bronze, diante de toda a terra: os reis de Judá, os seus príncipes, os seus sacerdotes e todo o povo da terra. 19 Eles lutarão contra ti, mas nada poderão contra ti, porque eu estou contigo — oráculo de Iahweh — para te libertar. 2 As pregações mais antigas: a apostasia de Israel 1 A palavra de Iahweh me foi dirigida nos seguintes termos: 2 Vai e grita nos ouvidos de Jerusalém:Assim disse Iahweh: Eu me lembro, em teu favor, do amor de tua juventude, do carinho do teu tempo de noivado, quando me seguias pelo deserto, por uma terra não cultivada. 3 Israel era santo para Iahweh, as primícias de sua colheita; todos aqueles que o devoravam tornavam-se culpados, a desgraça caía sobre eles oráculo de Iahweh. 4 Ouvi a palavra de Iahweh, casa de Jacó e todas as tribos da casa de Israel. 5 Assim disse Iahweh: O que encontraram os vossos pais em mim de injusto, para que se afastassem de mim e corressem atrás do vazio,tornando-se eles mesmos vazios? 6 Eles não perguntaram: "Onde está Iahweh, que nos fez sair da terra do Egito e nos conduziu pelo deserto, por uma terra de estepes e barrancos, por uma terra seca e escura, por uma terra que

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JEREMIAS

1 Título — 1Palavras de Jeremias, filho de Helcias, um dos sacerdotes que residiam em Anatot, no território de Benjamim. 2Foi-lhe dirigida a palavra de Iahweh nos dias de Josias, filho de Amon, rei de Judá, no décimo terceiro ano do seu reinado; 3além disso, nos dias de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá, até o fim do décimo primeiro ano de Sedecias, filho de Josias, rei de Judá, até à deportação de Jerusalém, no quanto mês.

I. Oráculos contra Judá e Jerusalém

1. NO TEMPO DE JOSIAS Vocação de Jeremias

4A palavra de Iahweh me foi dirigida nos seguintes termos: 5Antes mesmo de te formar no ventre materno, eu te conheci; antes que saísses do seio, eu te consagrei. Eu te constituí profeta para as nações. 6Mas eu disse: "Ah! Senhor Iahweh, eis que eu não sei falar, porque sou ainda uma criança!" 7Mas Iahweh me disse: Não digas: "Eu sou ainda uma criança!" Porque a quem eu te enviar, irás, e o que eu te ordenar, falarás. 8Não temas diante deles, porque eu estou contigo para te salvar, oráculo de Iahweh. 9Então Iahweh estendeu a sua mão e tocou-me a boca. E Iahweh me disse: Eis que ponho as minhas palavras em tua boca. 10Vê! Eu te constituo, neste dia, sobre as nações e sobre os reinos, para arrancar e para destruir, para exterminar e para demolir, para construir e para plantar. 11Foi-me dirigida a palavra de Iahweh nos seguintes termos: "O que estás vendo, Jeremias?" Eu respondi: "Vejo um ramo de amendoeira". 12Então Iahweh me disse: "Viste bem, porque eu estou vigiando sobre a minha palavra para realizá-la". 13E a palavra de Iahweh foi-me dirigida, uma segunda vez, nestes termos: "O que estás vendo?" Respondi: "Vejo uma panela fervendo, cuja boca está voltada a partir do Norte." 14E Iahweh me disse: Do Norte derramar-se-á a desgraça sobre todos os habitantes da terra. 15Porque eis que vou convocar todas as tribos dos reinos do Norte, oráculo de Iahweh. Eles virão e cada um deles colocará o seu trono à entrada das portas de Jerusalém, em redor de suas muralhas e contra todas as cidades de Judá. 16Pronunciarei contra eles os meus julgamentos, por toda a sua maldade: porque eles me abandonaram, queimaram incenso a deuses estrangeiros e prostraram-se diante das obras de suas mãos. 17Mas tu cingirás os teus rins, levantar-te-ás e lhes dirás tudo o que eu te ordenar. Não tenhas medo deles, para que eu não te faça ter medo deles. 18Quanto a mim, eis que te coloco, hoje, como uma cidade fortificada, como uma coluna de ferro, como uma muralha de bronze, diante de toda a terra: os reis de Judá, os seus príncipes, os seus sacerdotes e todo o povo da terra. 19Eles lutarão contra ti, mas nada poderão contra ti, porque eu estou contigo — oráculo de Iahweh — para te libertar.

2 As pregações mais antigas: a apostasia de Israel — 1A palavra de Iahweh me foi dirigida nos seguintes termos: 2Vai e grita nos ouvidos de Jerusalém:Assim disse Iahweh: Eu me lembro, em teu favor, do amor de tua juventude, do carinho do teu tempo de noivado, quando me seguias pelo deserto, por uma terra não cultivada. 3Israel era santo para Iahweh, as primícias de sua colheita; todos aqueles que o devoravam tornavam-se culpados, a desgraça caía sobre eles oráculo de Iahweh. 4Ouvi a palavra de Iahweh, casa de Jacó e todas as tribos da casa de Israel. 5Assim disse Iahweh: O que encontraram os vossos pais em mim de injusto, para que se afastassem de mim e corressem atrás do vazio,tornando-se eles mesmos vazios? 6Eles não perguntaram: "Onde está Iahweh, que nos fez sair da terra do Egito e nos conduziu pelo deserto, por uma terra de estepes e barrancos, por uma terra seca e escura, por uma terra que

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ninguém atravessa, e na qual o homem não habita?" 7Eu vos introduzi em uma terra de vergéis, para que saboreásseis os seus frutos e o seus bens; mas vós entrastes e profanastes a minha terra, e tornastes a minha herança abominável. 8Os sacerdotes não perguntaram: "Onde está Iahweh?" Os depositários da Lei não me conheceram, os pastores rebelaram-se contra mim, os profetas profetizaram por Baal e, assim, correram atrás do que não vale nada. 9Por isso vou, novamente, entrar em processo contra vós —oráculo de Iahweh —, contra os filhos de vossos filhos vou entrar em processo. 10Passai, pois, às ilhas de Cetim e vede, mandai inquirir em Cedar e considerai atentamente e vede se aconteceu coisa semelhante! 11Acaso um povo troca de deuses? —e esses não são deuses! Mas meu povo trocou a sua Glóriapelo que não vale nada. 12Espantai-vos disso, ó céus, horrorizai-vos e abalai-vos profundamente — oráculo de Iahweh. 13Porque meu povo cometeu dois crimes: Eles me abandonaram, a fonte de água viva, para cavar para si cisternas, cisternas furadas, que não podem conter água. 14Por acaso é Israel um escravo, ou um servo nascido em casa para que se torne uma presa? 15Os leões rugiram contra ele, lançaram urros; reduziram à desolação a sua terra, suas cidades foram queimadas, deixadas sem habitantes. 16Até mesmo os filhos de Nof e de Táfnis raspam-te a cabeça! 17Não te aconteceu isto por teres abandonado a Iahweh, teu Deus, no tempo em que te conduzia pelo teu caminho? 18Agora, pois, que te adiantará ir para o Egito, beber as águas do Nilo? Que te adiantará ir para a Assíria, beber as águas do Rio? 19Que a tua maldade te castigue e as tuas infidelidades te punam! Compreende e vê como é mau e amargo abandonar a Iahweh, teu Deus, e não me temer — oráculo do Senhor Iahweh dos Exércitos. 20Desde tempos remotos quebraste o teu jugo, rompeste as tuas cadeias e dizias: "Eu não servirei". Contudo, em toda colina elevada e sob toda árvore verde, tu te deitavas como uma prostituta. 21Mas eu te plantara como uma vinha excelente, toda de cepas legítimas. Como te transformaste para mim em ramos degenerados de uma vinha bastarda? Ainda que te laves com salitre e aumentes para ti a potassa, a mancha de tua culpa permanecerá diante de mim oráculo do Senhor Iahweh. 23Como podes dizer: "Não me profanei, não corri atrás dos ídolos?" Observa o teu caminho no Vale, reconhece o que fizeste. Uma camela ágil, que cruza seus caminhos, 24uma jumenta selvagem, acostumada ao deserto, que no ardor de seu cio sorve o vento; quem freará a sua paixão? Quem a quiser procurar não terá dificuldade, ele a encontra no seu mês. 25Evita que teus pés fiquem desnudos e a tua garganta sedenta. Mas tu dizes: "É inútil! Não! Porque eu amo os estrangeiros e corro atrás deles." 26Como se envergonha o ladrão que é surpreendido, assim se envergonha a casa de Israel, eles, seus reis, seus príncipes, seus sacerdotes e seus profetas, 27que dizem à madeira: "Tu és meu pai!", e à pedra: "Tu me geraste!" Porque eles voltam para mim as costas e não a face, mas no tempo da desgraça dizem: "Levanta-te! Salva-nos!" 28Onde estão os teus deuses, que fabricaste para ti? Levantem-se eles, se te podem salvar no tempo da tua desgraça! Porque tão numerosos como as tuas cidades são os teus deuses, ó Judá!29Por que pleiteais comigo? Vós todos vos rebelastes contra mim, oráculo de Iahweh. 30Em vão feri os vossos filhos: eles não aceitaram o ensinamento; vossa espada devorou os vossos profetas, como um leão destruidor. 31Vós, desta geração, vede a palavra de Iahweh: Sou eu um deserto para Israel, ou uma terra tenebrosa? Por que o meu povo diz: "Vagueamos, não voltaremos mais a ti"? 32Acaso se esquece uma virgem de seus adornos, uma noiva de seu cinto? Mas o meu povo se esqueceu de mim, por dias sem conta. 33Como dispuseste bem o teu caminho para procurar o amor! Por isso, também com os crimes familiarizaste os teus caminhos. 34Até nas orlas de tua roupa encontra-se o sangue dos cadáveres dos pobres inocentes, não surpreendidos no ato de roubar!Mas apesar de tudo isto 35dizes: "Eu sou inocente, certamente a sua ira vai afastar-se de mim". Eis que vou julgar-te, porque dizes: "Eu não pequei". 36Quão pouco te custa

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mudar o teu caminho! Terás, também, vergonha do Egito, como tiveste vergonha da Assíria. 37Dali, também, sairás com as tuas mãos sobre a tua cabeça, porque Iahweh desprezou aqueles em que confias, não terás sorte com eles.

3 A conversão — 1Se um homem repudia a sua mulher, e ela se separa dele e se casa com um outro, terá ele, por acaso, direito de voltar a ela novamente? Porventura, não está totalmente profanada esta terra? E tu, que te prostituíste com inúmeros amantes, queres voltar a mim! Oráculo de Iahweh. 2Levanta os teus olhos para os cumes e olha: Onde não foste profanada? Nos caminhos te assentavas para eles, como o árabe no deserto. Profanaste a terra com as tuas prostituições e com as tuas maldades. 3As chuvas foram suprimidas, não houve chuvas tardias.Mas tu mostravas uma face de prostituta, recusavas envergonhar-te. 4Mas não gritas a mim, agora mesmo: "Meu Pai! Tu és o amigo de minha juventude! Guardará para sempre seu rancor, ou conservará sua irritação eternamente?" Assim falas, cometendo teus crimes, porque és obstinada.

O reino do Norte convidado à conversão — 6Disse-me Iahweh nos dias do rei Josias: Viste o que fez a renegada Israel? Ela se dirigia a todo monte elevado e sob toda árvore frondosa e ali se prostituía. 7E eu me dizia: "Depois de ter feito tudo isto, ela voltará a mim". Mas ela não voltou! Judá, na irmã infiel, viu. 8Ela viu que eu a repudiei por causa de todos os seus adultérios, a renegada Israel, e dei-lhe o libelo de repúdio. Mas Judá, a sua Irmã infiel, não teve medo e foi, também, prostituir-se. 9E com o seu prostituir-se leviano profanou a terra; ela cometeu adultério com a pedra e com a madeira. 10Apesar de tudo isto, Judá, a sua irmã infiel, não voltou a mim de todo o seu coração, mas apenas de mentira — oráculo de Iahweh. 11E Iahweh me disse: A renegada Israel é mais justa do que a infiel Judá. 12Vai, pois, proclamar estas palavras no norte; tu dirás: Volta, renegada Israel —oráculo de Iahweh. Não farei cair sobre vós a minha ira, porque sou misericordioso —oráculo de Iahweh, não guardo rancor para sempre. 13Reconhece, apenas, a tua falta: Que te rebelaste contra Iahweh, o teu Deus, que esbanjaste os teus caminhos com os estrangeiros debaixo de toda árvore verde; mas não escutastes a minha voz —oráculo de Iahweh.

O povo messiânico em Sião — 14Voltai, filhos rebeldes — oráculo de Iahweh — porque eu sou o vosso Senhor. Eu vos tomarei, um de uma cidade, dois de uma família, para vos conduzir a Sião. 15E vos darei pastores conforme o meu coração, que vos apascentarão com conhecimento e prudência. 16Quando vos multiplicardes e frutificardes na terra, naqueles dias — oráculo de Iahweh — não se dirá mais: "Arca da Aliança de Iahweh"; ela não voltará à memória, não se lembrarão mais dela, não a procurarão e nem será reconstruída. 17Naquele tempo, chamarão a Jerusalém: "Trono de Iahweh"; nela se reunirão todos os povos em nome de Iahweh, em Jerusalém, e não seguirão mais a dureza de seus corações malvados. 18Naqueles dias, a casa de Judá irá à casa de Israel; juntos virão da terra do Norte para a terra que dei como herança a vossos pais.

Continuação do poema sobre a conversão19E eu dizia: Como te colocarei entre os filhos? Eu te darei uma terra agradável, a herança mais preciosa das nações. E eu dizia: Vós me chamareis "Meu Pai", e não vos afastareis de mim. 20Mas como uma mulher que trai o seu companheiro, assim vós me traístes, casa de Israel, oráculo de Iahweh. 21Um grito foi ouvido sobre os cumes: as lágrimas e as súplicas dos filhos de Israel; porque perverteram o seu caminho, esqueceram Iahweh, o seu Deus. 22— Voltai, filhos rebeldes, eu vos curarei de vossas rebeliões! — Eis que voltamos a ti, pois tu és Iahweh,

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nosso Deus. 23Na verdade, são mentirosas as colinas e o tumulto das montanhas. Na verdade, em Iahweh nosso Deus, está a salvação de Israel. 24A vergonha devorou o fruto do trabalho de nossos pais desde a nossa juventude: as suas ovelhas, as suas vacas, os seus filhos e as suas filhas. 25Deitemo-nos em nossa vergonha, cubra-nos a nossa confusão! Pois pecamos contra Iahweh, nosso Deus, nós e os nossos pais, desde a nossa juventude e até o dia de hoje, e não ouvimos a voz de Iahweh, nosso Deus.

4 1Se te converteres, Israel — oráculo de Iahweh —, se te converteres a mim, se afastares teus horrores de minha presença e não vagares mais, 2se jurares pela vida de Iahweh na verdade, no direito e na justiça,então se abençoarão nele as nações e nele se glorificarão! 3Porque assim disse Iahweh ao homem de Judá e a Jerusalém: Arroteai para vós um campo novo e não semeeis entre espinhos. 4Circuncidai-vos para Iahweh e tirai o prepúcio de vosso coração, homens de Judá e habitantes de Jerusalém, para que a minha cólera não irrompa como fogo, queime e não haja ninguém para apagar, por causa da maldade de vossas obras.

A invasão vinda do Norte 5Anunciai em Judá, fazei ouvir em Jerusalém, dizei-o! Tocai a trombeta na terra, gritai em voz alta, dizei: Reuni-vos! Entremos nas cidades fortificadas! 6Levantai um sinal em direção a Sião! Fugi! Não fiqueis parados! Porque eu trago uma desgraça do Norte, uma enorme ruína. 7O leão subiu de seu covil, o destruidor das nações se pôs em marcha, saiu de seu lugar, para transformar a tua terra em solidão; as tuas cidades serão destruídas, até ficar sem habitantes. 8Por isso, vesti-vos de saco, lamentai-vos e gemei, porque não se afastou de nós o ardor da ira de Iahweh. 9Naquele dia — oráculo de Iahweh —, perecerá o coração do rei e o coração dos príncipes; os sacerdotes serão perturbados e os profetas se espantarão. 10E eu disse: "Ai! Senhor Iahweh, tu, verdadeiramente, enganaste esse povo e Jerusalém quando dizias: 'Vós tereis paz', enquanto a espada atingia até à garganta!" 11Naquele tempo, será dito a esse povo e a Jerusalém: um vento ardente das colinas vem do deserto sobre a filha do meu povo. — Não é nem para aventar, nem para limpar! — 12Um vento impetuoso vem a mim lá debaixo. Agora eu mesmo vou proferir o julgamento sobre eles! 13Eis que ele se levanta como nuvens, seus carros são como um furacão, seus cavalos são mais velozes do que águias. Ai de nós que estamos perdidos! 14Purifica teu coração da maldade, Jerusalém, para que sejas salva. Até quando abrigarás em teu seio teus pensamentos culpáveis? 15Porque uma voz se levanta de Dã e anuncia a calamidade desde a montanha de Efraim. 16Relatai às nações, anunciai contra Jerusalém: inimigos chegam de uma terra longínqua e lançam seus gritos de guerra contra as cidades de Judá. 17Como guardas de um campo, eles a cercam porque ela se rebelou contra mim, oráculo de Iahweh. 18Teu procedimento e tuas obras trouxeram-te estas coisas. Esta é a tua maldade, como é amarga! Como atinge até o teu coração! 19Minhas entranhas! Minhas entranhas! Devo me contorcer! Paredes do meu coração! Meu coração se perturba em mim! Não posso calar-me, pois eu mesmo ouvi o som da trombeta, o grito de guerra. 20Anuncia-se desastre sobre desastre: pois toda a terra foi devastada, de repente foram devastadas as minhas tendas, em um instante os meus abrigos. 21 Até quando eu verei o sinal, ouvirei o som da trombeta? Sim, meu povo é tolo, eles não me conhecem, são filhos insensatos, não têm inteligência; eles são sábios para o mal, mas não sabem fazer o bem! 23Eu olhei a terra: eis que era vazia e disforme; os céus: mas sua luz não existia. 24Olhei as montanhas: eis que elas tremiam e todas as colinas se abalavam. 25Olhei e eis que não havia mais homens; e todos os pássaros do céu tinham fugido. 26Olhei e eis que o Carmelo era um deserto, e todas as suas cidades tinham sido destruídas diante de Iahweh, diante do ardor de sua ira. 27Porque assim disse Iahweh:

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Toda a terra será devastada, mas não a aniquilarei completamente. 28Por causa disto a terra está de luto e o céu, lá em cima, se escurecerá! Porque eu falei, eu decidi, e não me arrependerei nem voltarei atrás. 29Ao grito do cavaleiro e do arqueiro, toda a cidade fugiu: entraram no matagal, escalaram as rochas; toda cidade? foi abandonada e mais ninguém habita nela. 30E tu, devastada, que vais fazer? Por mais que te vistas de púrpura, por mais que te enfeites com adornos de ouro, por mais que alargues os teus olhos com pintura, em vão te aformosearás! Os teus amantes te desprezam, atentam, apenas, contra a tua vida. 31Sim, ouço um grito como o de uma parturiente, aflição como a da que dá à luz pela primeira vez; é o grito da filha de Sião, que geme, e que estende as mãos: "Ai de mim, que desfaleço diante dos assassinos!"

5 Os motivos da invasão 1Percorrei as ruas de Jerusalém,olhai, constatai, procurai nas praças se encontrais um homem que pratique o direito, que procure a verdade: e eu a perdoarei, diz Iahweh. 2Mas se dizem "Pela vida de Iahweh", na verdade eles juram falso. 3Iahweh, não é para a verdade que teus olhos se dirigem? Tu os feriste: eles não sentiram dor. Tu os consumiste: eles recusaram aceitar a lição. Tornaram a sua face mais dura do que a rocha, recusaram converter-se. 4Então eu pensava: "Pobre gente, eles agem tolamente porque não conhecem o caminho de Iahweh, nem o direito de seu Deus. 5Vou dirigir-me aos grandes e falar com eles, porque eles conhecem o caminho de Iahweh e o direito de seu Deus!" Mas também eles quebraram o jugo, romperam os laços! 6Por isso um leão da floresta os fere, um lobo da estepe os dizima, a pantera está à espreita em suas cidades: todo aquele que sair delas será despedaçado. Pois seus crimes são numerosos, inúmeras as suas rebeldias. 7Por que deveria eu perdoar-te? Teus filhos me abandonaram e juraram por deuses que não o são. Eu os saciei e eles se tornaram adúlteros e correram para a casa da prostituta. 8São cavalos cevados e vagabundos, cada qual relincha pela mulher de seu próximo. 9Acaso não castigarei por causa destas coisas, — oráculo de Iahweh — ou não me vingarei de uma nação como esta? 10Escalai os seus terraços! Destruí! Mas não aniquileis completamente! Arrancai os seus sarmentos, porque eles não são de Iahweh!11Sim, realmente me traíram, a casa de Israel e a casa de Judá, oráculo de Iahweh. 12Eles renegaram a Iahweh e disseram: "Ele não existe!Nenhum mal nos atingirá, não veremos nem espada nem fome! 13Seus profetas não são senão vento, a palavra não está neles; assim lhes aconteça!" 14Por isso, assim disse Iahweh, o Deus dos Exércitos: Porque falastes esta palavra, eis que farei de minhas palavras um fogo em tua boca, e, desse povo, lenha que o fogo devorará. 15Eis que trago contra vós uma nação de longe, ó casa de Israel, oráculo de Iahweh. É uma nação duradoura, é uma nação antiga, uma nação cuja língua não conheces e não compreendes o que ela fala. 16Sua aljava é como um sepulcro aberto, todos os seus homens são heróis. 17Devorará a tua messe e o teu pão, devorará os teus filhos e as tuas filhas, devorará as tuas ovelhas e as tuas vacas, devorará a tua vinha e a tua figueira; destruirá pela espada as tuas cidades fortes em que colocas a tua confiança.

A pedagogia do castigo — 18Contudo, mesmo naqueles dias — oráculo de Iahweh — não vos aniquilarei completamente. 19E quando perguntardes: "Por que Iahweh nosso Deus, nos fez tudo isto?", tu lhes responderás: "Assim como me abandonastes para servir, em vossa terra, a deuses estrangeiros, assim também servireis a estrangeiros em uma terra que não é vossa".

Por ocasião de uma fome (?) 20Anunciai isto na casa de Jacó, fazei-o ouvir em Judá:21Ouvi isto, povo insensato e sem inteligência! Eles têm olhos mas não vêem, têm ouvidos mas não ouvem. 22A mim não temeis?, —oráculo de Iahweh. Não tremeis

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diante de mim, que coloquei a areia como limite ao mar, barreira eterna que ele não poderá ultrapassar: suas ondas se agitam, mas são impotentes, elas rugem, mas não poderão ultrapassar. 23Mas este povo tem um coração indócil e rebelde; eles se afastaram e desertaram. 24Não disseram em seus corações: "Temamos a Iahweh nosso Deus, que nos dá a chuva de outono e a da primavera a seu tempo e que nos reserva semanas fixas para a colheita." 25Vossos delitos afastaram estas coisas, e vossos pecados vos privaram do bem.

Retomada do tema

26Sim, encontram-se ímpios em meu povo, eles estão à espreita, como passarinheiros que se agacham, eles colocam armadilhas, caçam homens. 27Como uma gaiola cheia de pássaros, assim as suas casas estão cheias de rapina. Por isso tornaram-se grandes e ricos, 28gordos e reluzentes. Ultrapassaram, até mesmo, os limites do mal; eles não respeitam o direito, o direito dos órfãos e, todavia, têm êxito! E não julgam a causa dos indigentes. 29Acaso não castigarei por causa destas coisas —oráculo de Iahweh — ou não me vingarei de uma nação como esta? 30Uma coisa horrível e abominável aconteceu na terra: 31os profetas profetizam mentiras, os sacerdotes procuram proveitos.E meu povo gosta disto! Mas que fareis quando chegar o fim?

Ainda a invasão

61Fugi, benjaminitas, do meio de Jerusalém! Em Técua tocai a trombeta! Levantai um sinal sobre Bet-Acarem!Porque uma desgraça se ergue do norte, um desastre enorme. 2A bela, a delicada, eu a destruo, a filha de Sião! 3Pastores entram nela com seus rebanhos! Lançam tendas em seu redor, e apascenta cada um a sua parte. 4Proclamai contra ela uma guerra santa!Levantai-vos, subamos em pleno meio-dia! Ai de nós, que o dia declina, que as sombras da tarde se estendem! 5Levantai-vos, subamos de noite e destruamos os seus palácios! 6Porque assim fala Iahweh dos Exércitos: Cortai árvores, levantai contra Jerusalém um muro de assédio. Ela é a cidade que foi visitada; em seu seio tudo é opressão. 7Como um poço faz brotar as suas águas, assim ela faz brotar a sua maldade. Violência e devastação é o que se ouve nela; há continuamente diante de mim doenças e ferimentos. 8Emenda-te, Jerusalém, para que eu não me desvie de ti, para que eu não te reduza a ruínas, a terra não habitada. 9Assim disse Iahweh dos Exércitos: Rebuscarão, como a uma vinha, o resto de Israel; repassa a tua mão, como o vindimador, sobre os sarmentos. 10— A quem falarei e testemunharei para que eles ouçam? Eis que seus ouvidos são incircuncisos e não podem atender. Eis que a palavra de Iahweh foi para eles um objeto de escárnio, eles não gostam dela! 11Mas eu estou repleto da cólera de Iahweh, não posso contê-la! — Derrama-a sobre o menino na rua e, também, sobre o grupo dos jovens. Porque serão aprisionados o homem com a mulher, o velho com aquele que está repleto de dias. 12Suas casas passarão a outros, seus campos juntamente com suas mulheres. Sim, estenderei a minha mão sobre os habitantes da terra, oráculo de Iahweh. 13Porque desde o menor até o maior, todos eles são gananciosos; e desde o profeta até o sacerdote, todos eles praticam a mentira. 14Eles cuidam da ferida do meu povo superficialmente, dizendo: "Paz! Paz!", quando não há paz. 15Eles deveriam envergonhar-se, porque praticaram coisas abomináveis, mas não se envergonham e nem sabem ficar envergonhados. Por isso eles cairão entre os que caem, no tempo em que eu os visitar, eles tropeçarão, disse Iahweh. 16Assim disse Iahweh: Parai sobre os vossos caminhos e vede, perguntai sobre as sendas de outrora: qual era o caminho do bem? Caminhai nele! Então alcançareis repouso para vós. Mas eles

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disseram: "Não caminharemos nele!" 17Coloquei sobre vós sentinelas: "Atendei ao sinal da trombeta!" Mas eles disseram: "Não atenderemos!" 18Por isso escutai, nações, conhece, ó assembléia, o que te irá acontecer! 19Escuta, terra! Eis que eu farei vir uma desgraça sobre este povo, fruto de suas cogitações, porque não atenderam às minhas palavras e desprezaram a minha lei. 20Que me importa o incenso que vem de Seba, e a cana aromática de países longínquos?Vossos holocaustos não me agradam e vossos sacrifícios não me comprazem. 21Por isso assim disse Iahweh: Eis que colocarei para este povo obstáculos, e tropeçarão neles. Pais e filhos, todos juntos, vizinho e amigo, eles perecerão. 22Assim disse Iahweh: Eis que virá um povo do Norte, e uma grande nação se levantará dos confins da terra; 23Eles manejam o arco e o dardo, são bárbaros e sem piedade; seu ruído é como o bramido do mar; montam cavalos, estão preparados para o combate, como um só homem, contra ti, filha de Sião. 24Logo que ouvimos a sua notícia, as nossas mãos desfaleceram, a angústia se apoderou de nós, uma dor como a da parturiente. 25Não saiais para o campo, nem andeis pelo caminho, porque o inimigo carrega a espada, terror de todos os lados! 26Filha de meu povo, veste-te de saco, revolve-te no pó, lamenta-te como por um filho único; uma lamentação amarga, porque, de repente, chega sobre nós o devastador. 27Eu te estabeleci em meu povo como um observador, para que conheças e proves o seu caminho. 28Eles são todos completamente rebeldes, semeadores de calúnias, duros como bronze e ferro,são todos eles destruidores. 29O foleiro sopra, pelo fogo o chumbo é devorado, em vão trabalha o fundidor, as escórias não se desprendem. 30"Prata de refugo", chamam-nos porque Iahweh os rejeitou!

2. ORÁCULOS PROFERIDOS SOBRETUDO NO TEMPO DE JOAQUIM

7 O culto verdadeiro. a) O ataque contra o templo — 1Palavra que foi dirigida a Jeremias da parte de Iahweh: 2Coloca-te à porta do Templo de Iahweh e anuncia ali esta palavra e diz: Escutai a palavra de Iahweh, vós todos, judeus, que entrais por estas portas para adorardes Iahweh.3 Assim disse Iahweh dos Exércitos, o Deus de Israel: Melhorai os vossos caminhos e as vossas obras, e eu vos farei habitar neste lugar. 4Não vos fieis em palavras mentirosas dizendo: "Este é o Templo de Iahweh, Templo de Iahweh, Templo de Iahweh!" 5Porque, se realmente melhorardes os vossos caminhos e as vossas obras, se realmente praticardes o direito cada um com o seu próximo, 6se não oprimirdes o estrangeiro, o órfão e a viúva, se não derramardes sangue inocente neste lugar e não correrdes atrás dos deuses estrangeiros para vossa desgraça, 7então eu vos farei habitar neste lugar, na terra que dei a vossos pais há muito tempo e para sempre. 8Eis que vós vos fiais em palavras mentirosas, que não podem ajudar. 9Não é assim? Roubar, matar, cometer adultério, jurar falso, queimar incenso a baal, correr atrás de deuses estrangeiros, que não conheceis, 10depois virdes e vos apresentardes diante de mim, neste Templo, onde o meu nome é invocado, e dizer: "Estamos salvos", para continuar cometendo estas abominações! 11Este templo, onde o meu Nome é invocado, será porventura um covil de ladrões a vossos olhos? Mas eis que eu também vi, oráculo de Iahweh. 12Ide, pois, ao meu lugar, em Silo, onde eu, outrora, fiz habitar o meu Nome, e vede o que eu lhe fiz por causa da maldade do meu povo, Israel. 13Mas agora, visto que praticastes todos esses atos — oráculo de Iahweh —, visto que não escutastes quando eu vos falava com instância e sem me cansar, e não respondestes aos meus apelos, 14vou tratar o Templo, onde meu Nome é invocado, e em que colocais a vossa confiança, o lugar que dei a vós e a vossos pais, como tratei Silo. 15Eu vos expulsarei de minha presença, como expulsei todos os vossos irmãos e toda a raça de Efraim.

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b) Os deuses estrangeiros — 16Mas tu, não intercedas por este povo e não eleves em seu favor nem lamentos nem preces, e não insistas junto a mim porque não vou te ouvir. 17Não vês tu o que eles fazem nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém? 18Os filhos ajuntam a lenha, os pais acendem o fogo e as mulheres preparam a massa para fazerem tortas à rainha dos céus; depois fazem libações a deuses estrangeiros para me ofenderem. 19Mas será a mim que eles ofendem?, oráculo de Iahweh. Não será a eles mesmos, para a sua própria vergonha? 20Por isso, assim disse o Senhor Iahweh: Eis que minha ira ardente se derramará sobre este lugar, sobre os homens, sobre os animais, sobre as árvores do campo e sobre os frutos da leira. Ela arderá e não se extingirá.

c) O culto sem fidelidade — 21Assim disse Iahweh dos Exércitos, Deus de Israel: Acrescentai os vossos holocaustos aos vossos sacrifícios e comei a carne! 22Porque eu não disse e nem prescrevi nada a vossos pais, no dia em que vos fiz sair da terra do Egito, em relação ao holocausto e ao sacrifício.23Mas eu lhes ordenei isto: Escutai a minha voz, e eu serei o vosso Deus e vós sereis o meu povo. Andai em todo caminho que eu vos ordeno para que vos suceda o bem. 24E não escutaram nem prestaram ouvido; andaram conforme os seus desígnios, na dureza de seu coração perverso, e deram as costas em vez da face. 25Desde o dia em que vossos pais saíram da terra do Egito até hoje, enviei-vos todos os meus servos, os profetas; cada dia eu os enviei, incansavelmente. 26E eles não me escutaram, nem prestaram ouvidos, mas endureceram a sua cerviz e foram piores do que seus pais. 27Tu lhes dirás todas estas palavras, mas eles não te escutarão. Tu os chamarás, e eles não te responderão. 28Tu lhes dirás: Esta é a nação que não escutou a voz de Iahweh seu Deus, e não aceitou o ensinamento. A fidelidade pereceu: foi eliminada de sua boca.

d) Novamente o culto ilegítimo; ameaça de exílio — 29Corta os teus cabelos consagrados e lança-os fora. Entoa sobre os cumes secos uma lamentação. Porque Iahweh desprezou e repudiou a geração de sua cólera! 30Sim, os filhos de Judá praticaram o mal diante de meus olhos, oráculo de Iahweh. Eles colocaram suas Abominações no Templo, no qual o meu Nome é invocado, para profaná-lo. 31Eles construíram os lugares altos de Tofet no vale de Ben-Enom, para queimar os seus filhos e as suas filhas, o que eu não tinha ordenado e nem sequer pensado. 32Por isso, eis que dias virão — oráculo de Iahweh — em que não se dirá mais Tofet nem vale de Ben-Enom, mas sim vale da Matança. Eles enterrarão em Tofet por falta de lugar. 33Os cadáveres desse povo serão alimento para os pássaros do céu e para os animais da terra, e ninguém os incomodará. 34Eu farei cessar nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém a voz de júbilo e a voz de alegria, a voz do noivo e a voz da noiva, porque a terra tornar-se-á uma ruína.

8 1Naquele tempo — oráculo de Iahweh — tirarão de seus sepulcros os ossos dos reis de Judá, os ossos de seus príncipes, os ossos dos sacerdotes, os ossos dos profetas e os ossos dos habitantes de Jerusalém. 2Eles os espalharão diante do sol, da lua e de todo o exército celeste, que eles amaram, serviram, seguiram e interrogaram e diante dos quais eles se prostraram. Eles não serão mais reunidos e sepultados; eles serão esterco sobre a terra. 3E a morte será preferida à vida por todos os que restarem desta geração perversa em todos os lugares para onde eu os tiver expulsado, oráculo de Iahweh dos Exércitos.

Ameaças, lamentações, instruções. Desvio de Israel 4Tu lhes dirás: Assim disse Iahweh. Acaso eles caem sem se levantar? Se se desviam, não retornarão? 5Por que este povo é rebelde, por que Jerusalém é, continuamente, rebelde? Eles se firmam na

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falsidade e recusam converter-se. 6Prestei atenção e ouvi: Eles não falam assim. Ninguém se arrepende de sua maldade, dizendo: "O que foi que eu fiz?" Todos retornam ao seu caminho, como um cavalo que se lança no combate. 7Até a cegonha no céu conhece o seu tempo; a pomba, a andorinha e o grou observam o tempo de sua migração. Mas o meu povo não conhece o direito de Iahweh!

A lei na mão dos sacerdotes 8Como podeis dizer: "Nós somos sábios e a Lei de Iahweh está conosco!" Sim, eis que a transformou em mentira o cálamo mentiroso do escriba! 9Os sábios serão envergonhados, ficarão perturbados e serão capturados. Eis que eles desprezaram a palavra de Iahweh! O que é a sabedoria para eles?

Retomada de um fragmento de ameaça

10Por isso eu darei as suas mulheres a outros, seus campos a conquistadores. Porque, desde o menor até o maior, todos são ávidos de lucro; do profeta ao sacerdote, todos praticam a falsidade.11Eles curam a desgraça da filha do meu povo de um modo superficial, dizendo: "Paz! Paz!", quando não há paz. 12Eles deviam envergonhar-se, porque praticaram a abominação, mas, na verdade, eles não se envergonharam, eles não sabem mais sentir vergonha. Por isso eles cairão com os que caem, no tempo de minha visita eles vacilarão, disse Iahweh.

Ameaças à Vinha-Judá

13Eu vou suprimi-los oráculo de Iahweh — não mais uvas na videira, não mais figos na figueira, a folhagem está seca: eu lhes dei quem os devaste! 14"Por que nós estamos sentados? Reunamo-nos! Vamos para as cidades fortificadas para sermos ali reduzidos ao silêncio, pois Iahweh nosso Deus nos reduzirá ao silêncio e nos fará beber água envenenada, porque pecamos contra Iahweh. 15Esperamos a paz: nada de bom! o tempo da cura: eis o terror! 16De Dã ouve-se o fungar de seus cavalos; pelo relinchar de seus ginetes treme toda a terra: eles vieram para devorar a terra e os seus bens, a cidade e os seus habitantes". 17— Sim, eis que eu envio contra vós serpentes venenosas, contra as quais não há encantamento, e elas vos morderão, oráculo de Iahweh.

Lamentação do profeta por ocasião de uma fome

18Sem remédio, a dor me invade, o meu coração está doente! 19Eis o grito de socorro da filha de meu povo, de uma terra longínqua. "Não está mais Iahweh em Sião? Seu Rei não está nela?(Por que eles me irritaram com os seus ídolos, com deuses estrangeiros?) 20A colheita passou, o verão acabou, e nós não fomos salvos!" 21Por causa da ferida da filha do meu povo eu fui ferido, fiquei triste, o pavor me dominou. 22Não há bálsamo em Galaad? Não há lá um médico? Por que não progride a cura da filha de meu povo? 23Quem fará de minha cabeça um manancial de água, e de meus olhos fonte de lágrimas, para que eu chore dia e noite os mortos da filha do meu povo!

9 Corrupção moral de Judá

1Quem me dará no deserto um refúgio de viajantes, para que eu possa deixar o meu povo e ir para longe deles? Porque eles todos são adúlteros, uma quadrilha de traidores. 2Eles retesam as suas línguas como um arco; é a mentira e não a verdade que prevalece na terra. Porque eles avançam de crime em crime, mas a mim eles não conhecem,

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oráculo de Iahweh! 3Que cada um se guarde de seu próximo, e não confieis em nenhum irmão; porque todo irmão só quer suplantar e todo próximo anda caluniando. 4Cada um zomba de seu próximo, eles não dizem a verdade, habituaram suas línguas à mentira, eles se cansam de agir mal. 5A tua habitação está no meio da falsidade! Por causa da falsidade recusas conhecer-me, oráculo de Iahweh! 6Por isso assim disse Iahweh dos Exércitos: Eis que vou acrisolá-los e prová-los. Pois como poderia eu agir com a filha do meu povo? 7A sua língua é uma flecha mortífera, falsa é a palavra de sua boca;ele diz paz ao seu próximo, mas, dentro de si, lhe prepara uma cilada. 8Não deveria eu castigá-los por isto? oráculo de Iahweh — Contra uma nação como esta não deveria eu vingar-me?

Tristeza em Sião

9Sobre as montanhas, eu elevo gemidos e prantos; sobre as pastagens da estepe, um canto de lamentação. Porque elas estão queimadas, ninguém passa por ali, e não ouvem o grito dos rebanhos. Desde os pássaros do céu até os animais domésticos todos fugiram, foram embora. 10—Eu farei de Jerusalém um monte de pedras, uma morada de chacais; e das cidades de Judá farei uma desolação, sem habitantes. 11Quem é o homem sábio que compreenderá estas coisas? A quem a boca de Iahweh falou para que ele anuncie? Por que a terra está arruinada, queimada como o deserto, sem nenhum passante? 12E Iahweh disse: Porque eles abandonaram a minha Lei, que eu lhes dera, e não escutaram a minha voz e não a seguiram; 13mas seguiram a obstinação de seu coração e os baals que os seus pais lhes fizeram conhecer. 14Por isso, assim disse Iahweh dos Exércitos, o Deus de Israel: Eis que vou fazer esse povo comer absinto, e lhes darei a beber água envenenada. 15Eu os dispersarei entre as nações que não conheceram, nem eles nem seus pais, e enviarei atrás deles a espada, até que eu os tenha exterminado. 16Assim disse Iahweh dos Exércitos: Atendei! Chamai as carpideiras, para que venham! Mandai procurar as mulheres hábeis, para que venham! 17Que elas se apressem e cantem sobre nós uma lamentação! Que nossos olhos derramem lágrimas, e nossas pálpebras deixem correr água. 18Sim, foi ouvida uma lamentação em Sião: "Como estamos aniquilados, cobertos de vergonha! porque tivemos de abandonar a terra, porque destruíram as nossas moradias". 19Escutai, pois, mulheres, a palavra de Iahweh, que vosso ouvido receba a palavra de sua boca; ensinai a vossas filhas o pranto, e cada uma à sua vizinha o canto de lamentação: 20"A morte subiu por nossas janelas, entrou em nossos palácios, para ferir a criança na rua e os jovens nas praças. 21Fala: Assim é o oráculo de Iahweh: Os cadáveres dos homens caem como esterco sobre o campo e como uma gavela atrás do segador, e não há quem a recolha!"

A verdadeira sabedoria 22Assim disse Iahweh: Que o sábio não se glorie de sua sabedoria, que o valente não se glorie de sua valentia, que o rico não se glorie de sua riqueza! 23Mas aquele que quer gloriar-se glorie-se disto: Que ele tenha inteligência e me conheça, porque eu sou Iahweh que pratico o amor,o direito e a justiça na terra. Porque, é disto que eu gosto, oráculo de Iahweh!

A circuncisão, falsa garantia — 24Eis que dias virão — oráculo de Iahweh — em que visitarei todos os circuncisos no prepúcio: 25Egito, Judá, Edom, os filhos de Amon, Moab, todos os que têm as têmporas raspadas, que moram no deserto. Porque todas estas nações e toda a casa de Israel são incircuncisas de coração!

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10 Ídolos e o verdadeiro Deus — 1Escutai a palavra que vos fala Iahweh, ó casa de Israel! 2Assim disse Iahweh: Não aprendais o caminho das nações, não vos espanteis com os sinais do céu, ainda que as nações se espantem com eles. 3Sim, os costumes dos povos são vaidade, apenas madeira cortada da floresta, obra da mão de um artista com o cinzel. 4Eles a enfeitam com prata e ouro. Com pregos e com martelos a firmam, para que não vacile. 5Eles são um espantalho em um campo de pepinos. Eles não podem falar; devem ser carregados, porque não podem caminhar! Não tenhais medo deles, porque não podem fazer o mal e nem o bem tampouco. 6Ninguém é como tu, Iahweh, tu és grande, teu Nome é grande em poder! 7Quem não te temerá, rei das nações? Porque isto te é devido! Porquanto, entre todos os sábios das nações e em todos os seus reinos, ninguém é como tu! 8Eles todos são ignorantes e insensatos: o ensinamento das vaidades é madeira! 9Prata batida, importada de Társis e ouro de Ofir, obra de um escultor e das mãos de um ourives; sua veste é púrpura violeta e escarlate, tudo obra de mestres. 10Mas Iahweh é um Deus verdadeiro, ele é um Deus vivo e Rei eterno. Diante de sua ira a terra treme e as nações não podem suportar o seu furor. 11(Assim vós lhes falareis: "Os deuses que não criaram o céu e a terra desaparecerão da terra e de debaixo dos céus".) 12Ele fez a terra por sua potência, por sua sabedoria estabeleceu o mundo e por sua inteligência estendeu os céus. 13Quando ele faz ressoar o trovão, há um bramido de águas no céu; ele faz subir as nuvens do extremo da terra, produz os raios para a chuva e faz sair o vento de seus depósitos. 14Então todo homem se torna estúpido, sem compreender, todo ourives se envergonha dos ídolos, porque o que ele fundiu é mentira, não há sopro neles! 15São vaidade, obra ridícula; no tempo de seu castigo, eles desaparecerão. 16A Porção de Jacó não é como eles, porque ele é o que formou o universo, e Israel é a tribo de sua herança. Iahweh dos Exércitos é o seu nome.

Pânico na terra

17Recolhe da terra a tua bagagem, tu que te encontras sitiada!18Porque assim disse Iahweh: Eis que, desta vez, vou expulsar os habitantes da terra, e afligi-los, para que eles me encontrem. 19— "Ai de mim por causa de minha ferida! É incurável o meu ferimento Mas eu dizia: É só isto o meu sofrimento? Eu o suportarei! 20A minha tenda está devastada e todas as minhas cordas estão cortadas. Meus filhos deixaram-me: eles não existem mais; não há ninguém que possa estender novamente a minha tenda e levantar a lona". 21— Porque os pastores foram estúpidos, eles não procuraram Iahweh. Por isso não tiveram sucesso, e todo o rebanho foi disperso. 22Atenção: Uma notícia, eis que ela chega! Um grande ruído vem da terra do Norte para transformar as cidades de Judá em solidão, em um covil de chacais. 23Eu sei, Iahweh, que não pertence ao homem o seu caminho, que não é dado ao homem que caminha dirigir os seus passos! 24Corrige-me, Iahweh, mas em justa medida, não em tua ira, para que não me tornes pequeno demais. 25Derrama o teu furor sobre as nações que não te conhecem, e sobre as famílias que não invocam o teu nome. Porque elas devoraram Jacó, devoraram-no e acabaram com ele, elas devastaram o seu território.

11 Jeremias e as palavras da Aliança — 1Palavra que foi dirigida a Jeremias por Iahweh: 2Escutai as palavras desta aliança! Vós as direis aos homens de Judá e aos habitantes de Jerusalém. 3E lhes dirás: Assim disse Iahweh, o Deus de Israel: Maldito o homem que não escuta as palavras desta aliança, 4que eu prescrevi a vossos pais, no dia em que vos tirei da terra do Egito, da fornalha de ferro, dizendo: Escutai a minha voz e fazei tudo como eu vos ordenei; então sereis o meu povo e eu serei o vosso Deus, 5para cumprir o juramento que fiz a vossos pais, de lhes dar uma terra, onde corre o leite e o

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mel, como hoje. E eu respondi: Amém, Iahweh! 6E Iahweh me disse: Proclama todas estas palavras nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém, dizendo: Escutai as palavras desta aliança e praticai-as. 7Porque eu adverti constantemente os vossos pais no dia em que os fiz subir da terra do Egito, e, até hoje, eu os adverti, dizendo: Escutai a minha voz! 8Mas eles não escutaram nem prestaram atenção; cada qual seguiu a obstinação de seu coração perverso. Então eu fiz cair sobre eles todas as palavras desta aliança, que eu lhes ordenara que observassem e eles não observaram. 9E Iahweh me disse: Existe uma conspiração entre os homens de Judá e entre os habitantes de Jerusalém. 10Eles retornaram às faltasse seus pais, que se recusaram a escutar as minhas palavras: eles correram atrás de deuses estrangeiros, para servi-los. A casa de Israel e a casa de Judá romperam a minha aliança, que eu tinha concluído com seus pais. 11Por isso assim disse Iahweh: Eis que vou trazer sobre eles uma desgraça, da qual não poderão escapar; eles clamarão a mim, mas eu não os escutarei. 12Então as cidades de Judá e os habitantes de Jerusalém irão e clamarão aos deuses, aos quais eles queimam incenso, mas eles não poderão, de maneira alguma, salvá-los, no tempo de sua desgraça! 13Pois tão numerosos como tuas cidades são os teus deuses, ó Judá! Tão numerosos como as ruas de Jerusalém são os altares que erigistes à Vergonha, altares para oferecerdes incenso a Baal. 14Mas tu não intercedas por este povo e não eleves por eles nem lamentações nem preces. Sim, eu não quero escutá-los no tempo de sua desgraça, quando clamarem a mim por causa de sua desgraça!

Reprimenda aos freqüentadores do Templo

15Que procura a minha amada em minha Casa? Ela realizou os seus planos perversos. Poderão os teus votos e a carne sagrada afastar de ti o teu mal, para que possas exultar? 16"Uma oliveira verdejante, ornada de frutos bonitos", assim chamou-te Iahweh. Com um grande ruído ele lhe ateou fogo e seus ramos foram estragados. 17Iahweh dos Exércitos, que te plantou, decretou contra ti uma desgraça por causa do mal que a casa de Israel e a casa de Judá fizeram a si mesmas, para me irritar, queimando incenso a Baal.

Jeremias perseguido em Anato— 18Iahweh mo fez conhecer e assim eu o conheci; naquela ocasião, tu me fizeste ver os seus atos. 19Mas eu como um cordeiro manso que é levado ao matadouro, eu não sabia que eles tramavam planos contra mim: "Destruamos a árvore em seu vigor, arranquemo-la da terra dos vivos, e seu nome não será mais lembrado!" 20Iahweh dos Exércitos, que julgas com justiça, que perscrutas os rins e o coração, eu verei a tua vingança contra eles, porque a ti eu expus a minha causa. 21Por isso, assim disse Iahweh contra os homens de Anatot que atentam contra a minha vida, dizendo: "Não profetizarás em nome de Iahweh, senão morrerás por nossa mão!" 22Por isso, assim disse Iahweh dos Exércitos: Eis que vou castigá-los. Os seus jovens morrerão pela espada, e seus filhos e suas filhas pela fome. 23E ninguém restará, porque eu trarei a desgraça sobre os homens de Anatot no ano de seu castigo.

12 A felicidade dos maus — 1Tu és justo demais, Iahweh, para que eu entre em processo contigo. Contudo, falarei contigo sobre questões de direito: Por que prospera o caminho dos ímpios? Por que os apóstatas estão em paz? 2Tu os plantaste, eles criaram raízes, vão bem e produzem fruto. Tu estás perto de sua boca, mas longe de seus rins. 3Mas tu, Iahweh, me conheces e me vês, provaste o meu coração, que está contigo. Arranca-os como ovelhas para o matadouro, consagra-os para o dia do massacre. 4(Até quando se lamentará a terra, e ficará seca a erva de todo campo? Por causa da maldade

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de seus habitantes perecem os animais e os pássaros.) Pois eles dizem: Deus não vê o nosso futuro. 5— Se a corrida com os caminhantes te cansa, como queres competir com cavalos? Em uma terra de paz te sentes seguro, mas como farás no matagal do Jordão? 6Porque até os teus irmãos e a casa de teu pai, até eles te traíram! Até eles gritaram atrás de ti. Não confies neles quando te falarem coisas boas.

Lamentações de Iahweh sobre sua herança invadida 7Eu abandonei a minha casa, rejeitei a minha herança, entreguei a minha amada nas mãos de seus inimigos. 8Minha herança foi para mim como um leão na floresta, levantou contra mim a sua voz: por isso eu a odiei. 9Será a minha herança uma ave de rapina colorida, para que a cerquem as aves de rapina? Ide! Reuni todos os animais selvagens, trazei-os para comer! 10Pastores em grande número destruíram a minha vinha, pisaram a minha possessão, transformaram a minha possessão preferida em um deserto de desolação. 11Fizeram dela uma região devastada, ela está de luto, devastada diante de mim. Toda a terra está devastada e não há ninguém que coloque isto em seu coração! 12Sobre todas as colinas do deserto chegaram os devastadores (porque Iahweh tem uma espada devoradora): de uma à outra extremidade da terra, não há paz para toda carne. 13Eles semearam trigo, colheram espinhos, eles se cansaram sem resultado. Eles têm vergonha de suas colheitas, por causa da ardente ira de Iahweh.

Julgamento e salvação dos povos vizinhos — 14Assim disse Iahweh a respeito de todos os meus maus vizinhos, que tocaram na herança que eu dei a meu povo, Israel: Eis que vou arrancá-los de seu solo. (Mas a casa de Judá, eu a arrancarei do meio deles). 15Mas depois que eu os tiver arrancado, terei novamente pena deles, e eu os reconduzirei cada um à sua herança e cada um à sua terra. 16E se realmente aprenderem os caminhos do meu povo, de modo a jurar em meu nome: "Por Iahweh Vivo", como ensinaram o meu povo a jurar por Baal, então serão edificados no meio do meu povo. 17Mas se não escutarem, eu arrancarei essa nação e a exterminarei, oráculo de Iahweh.

13 O cinto que não serve para nada — 1Assim me disse Iahweh: "Vai e compra um cinto de linho e coloca-o sobre os teus rins, mas não o molharás na água". 2Eu comprei o cinto, conforme a ordem de Iahweh, e o coloquei sobre os meus rins. 3Então me foi dirigida a palavra de Iahweh, uma segunda vez: 4"Toma o cinto que tu compraste e que está sobre teus rins. Levanta-te, vai ao Eufrates e esconde-o lá na fenda de um rochedo." 5E eu fui escondê-lo no Eufrates, como Iahweh me mandara. 6Depois de muitos dias, disse-me Iahweh: "Levanta-te, vai ao Eufrates e retoma o cinto que eu te mandei esconder lá". 7Eu fui ao Eufrates, procurei e apanhei o cinto do lugar onde eu o escondera. Eis que o cinto estava estragado, não servindo para mais nada. 8Então a palavra de Iahweh me foi dirigida: 9"Assim disse Iahweh. Desta maneira destruirei o orgulho de Judá, o grande orgulho de Jerusalém. 10Este povo mau, que se recusa a escutar as minhas palavras, que segue a obstinação de seus corações, que corre atrás dos deuses estrangeiros para servi-los e prostrar-se diante deles: ele será como este cinto que não serve para nada. 11Porque, do mesmo modo como um cinto adere aos rins de um homem, assim eu fiz aderir a mim toda casa de Israel e toda casa de Judá — oráculo de Iahweh — para que fossem meu povo, meu renome, minha honra e meu esplendor, mas eles não escutaram".

Os odres de vinho que se entrechocam — 12Tu lhes dirás esta palavra: Assim disse Iahweh, o Deus de Israel. "Todo odre pode ser enchido de vinho!" E se eles te responderem: "Porventura não sabemos que todo odre pode ser enchido de vinho?" 13Tu

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lhes dirás: "Assim disse Iahweh. Eis que vou encher de embriaguez todos os habitantes desta terra, os reis que estão sentados no trono de Davi, os sacerdotes, os profetas e todos os habitantes de Jerusalém. 14Então eu os quebrarei, cada um contra o seu irmão, pais contra filhos, oráculo de Iahweh. Sem piedade, sem pena, sem misericórdia eu os destruirei".

Perspectivas de exílio

15Escutai, prestai ouvidos, não sejais orgulhosos, porque Iahweh falou! 16Dai glória a Iahweh vosso Deus, antes que escureça, antes que vossos pés se choquem contra os montes do crepúsculo. Vós contais com a luz, mas ele fará dela escuridão, ele a transformará em sombra. 17Mas se não escutardes, eu chorarei em segredo pelo vosso orgulho; chorarão abundantemente e deixarão correr lágrimas os meus olhos, porque o rebanho de Iahweh é conduzido para o exílio.

Ameaças a Joaquin

18Dize ao rei e à rainha-mãe: Sentai-vos bem embaixo, porque caiu de vossas cabeças a vossa coroa de esplendor.19As cidades do Negueb estão fechadas e não há quem possa abri-las. Todo Judá foi deportado, deportado completamente.

Admoestações a Jerusalém que não se converte

20Levanta os olhos e vê aqueles que vêm do norte. Onde está o rebanho que te foi dado, as tuas magníficas ovelhas? 21Que dirás quando te castigarem, a ti, que os ensinaste, a esses amigos que estão à frente contra ti? Não te dominarão, então, dores como as de uma mulher no parto? 22E se dizes em teu coração: Por que me aconteceram estas coisas? Foi por causa da imensidade de tua falta que as tuas vestes foram levantadas e te violentaram. 23Pode um etíope mudar a sua pele? um leopardo as suas pintas? Podeis vós, também, fazer o bem, vós que estais acostumados ao mal? 24Eu vos dispersarei como uma palha que voa ao vento do deserto. 25Esta é a tua porção, a parte que te toca, que eu te dei — oráculo de Iahweh —, porque tu te esqueceste de mim e confiaste na mentira. 26Eu mesmo levanto as tuas vestes até o teu rosto, para que a tua vergonha seja vista. 27Oh! Os teus adultérios e os teus gritos de prazer, tua vergonhosa prostituição! Sobre as colinas e no campo eu vi os teus horrores. Ai de ti, Jerusalém, que não te purificas! Quanto tempo ainda?

14 A grande seca — 1Palavra de Iahweh que foi dirigida a Jeremias por ocasião da seca. 2Judá está de luto e suas cidades estão ressequidas: elas se inclinam para a terra, o grito de Jerusalém se levanta. 3Os nobres enviam seus servos a procurar água: eles chegam às cisternas, não encontram água, retornam com suas vasilhas vazias. Eles ficam envergonhados e humilhados e cobrem a cabeça. 4Por causa do solo ressequido, pois não há chuva na terra, os camponeses estão envergonhados e cobrem a cabeça. 5Sim, até mesmo a gazela no campo dá à luz e abandona a cria, porque não há erva. 6Os onagros estão nas alturas, anseiam por ar como chacais, seus olhos se obscurecem, porque não há capim. 7Se nossas faltas testemunham contra nós, age, Iahweh, por causa do teu Nome! Porque nossas rebeliões foram inúmeras, nós pecamos contra ti. 8Esperança de Israel, Iahweh, seu salvador no tempo da desgraça, por que és como um estrangeiro na terra, como um viajante que passa uma noite? 9Por que és como um homem consternado, como um guerreiro que não pode salvar? Mas tu estás em nosso

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meio, Iahweh, e teu Nome é invocado sobre nós. Não nos abandones! 10Assim disse Iahweh a respeito desse povo: Eles gostam de correr para todos os lados, eles não poupam os seus pés! Mas Iahweh não se compraz deles; agora ele se lembrará de sua falta e castigará o seu pecado. 11E Iahweh me disse: "Não intercedas em favor desse povo, pela sua felicidade. 12Se eles jejuarem, eu não escutarei a sua súplica; se oferecerem holocaustos e oblações, eu não terei complacência com eles, porque pela espada, pela fome e pela peste eu os irei exterminar". 13E eu disse: "Ah! Senhor Iahweh! Eis que os profetas lhes dizem: Vós não vereis a espada, e a fome não vos atingirá; mas eu vos darei neste lugar uma paz verdadeira". 14E Iahweh me disse: "É mentira o que os profetas profetizaram em meu nome; eu não os enviei, eu não lhes ordenei nada, eu não lhes falei. Visão mentirosa, adivinhação vã e fantasias de seu coração é o que eles vos profetizam. 15Por isso assim disse Iahweh contra os profetas que profetizam em meu Nome, sem que eu os tenha enviado, e que afirmam que não haverá nessa terra espada nem fome, pela espada e pela fome perecerão esses profetas! 16Quanto ao povo, ao qual eles profetizaram, será lançado nas ruas de Jerusalém, vítima da fome e da espada; não haverá ninguém para enterrá-los, nem a eles nem às suas mulheres, nem aos seus filhos, nem às suas filhas. Derramarei sobre eles as suas perversidades!" 17E lhes dirás esta palavra: Que os meus olhos derramem lágrimas, noite e dia, e não se tranqüilizem, porque a virgem, filha do meu povo, foi ferida com um ferimento grave, com uma ferida incurável. 18Se saio para o campo, eis os feridos pela espada; se entro na cidade, eis as vítimas da fome; pois até o profeta e o sacerdote atravessam a terra e não compreendem! 19— Rejeitaste, deveras, a Judá? Por acaso te desgostaste de Sião? Por que nos feriste de tal modo que não há cura para nós? Esperava-se a paz: nada de bom! O tempo de cura: e eis o pavor! 20Nós reconhecemos, Iahweh, nossa maldade, a falta de nossos pais: porque pecamos contra ti. 21 Não nos desprezes por causa do teu Nome. Não desonres o trono de tua glória.Lembra-te! Não rompas a tua aliança conosco. 22Há entre os ídolos das nações quem faça chover? Ou é o céu que nos dá os aguaceiros? Não és tu Iahweh, nosso Deus? Em ti nós esperamos, porque fazes todas estas coisas.

15 1E Iahweh me disse: Mesmo que Moisés e Samuel estivessem diante de mim, eu não teria piedade desse povo. Expulsa-os da minha presença, que eles saiam! 2E se eles te disserem: Para onde iremos?, tu lhes dirás: Assim disse Iahweh: Aquele que é da morte, para a morte! aquele que é da espada, para a espada! aquele que é da fome, para a fome! aquele que é do cativeiro, para o cativeiro! 3Eu os visitarei com quatro coisas — oráculo de Iahweh —: a espada para matar; os cães para dilacerar; as aves do céu e os animais selvagens para devorar e para destruir. 4Eu os colocarei como objeto de horror para todos os reinos da terra, por causa de Manassés, filho de Ezequias, rei de Judá, pelo que ele fez em Jerusalém.

As desgraças da guerra

5Quem terá misericórdia de ti, Jerusalém? Quem mostrará compaixão? Quem voltará para perguntar como estás? 6Tu me rejeitaste — oráculo de Iahweh —, viraste-me as costas. Então eu estendi a minha mão e te destruí: Estou cansado de ter piedade! 7Joeirei-os com uma pá, nas portas da terra. Privei de filhos, destruí o meu povo; mas eles não retornaram de seus caminhos. 8Suas viúvas tornaram-se mais numerosas que a areia do mar. Eu trouxe sobre a mãe do jovem guerreiro o destruidor em pleno meio-dia, eu fiz cair sobre ela, de repente, medo e terror. 9Esmorece aquela que gerou sete vezes, sua alma desfalece! Seu sol se põe antes do fim do dia, ela está envergonhada e

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consternada; o que resta deles eu o entregarei à espada diante de seus inimigos, oráculo de Iahweh.

A vocação renovada

10Ai de mim, minha mãe, porque tu me geraste homem de disputa e homem de discórdia para toda terra! Não emprestei e nem me emprestaram, mas todos me amaldiçoam. 11Na verdade, Iahweh, não te servi do melhor modo possível? Não me aproximei de ti no tempo da desgraça e no tempo da tribulação? 12Pode o ferro romper o ferro do Norte e o bronze? 13Tua riqueza e teus tesouros eu entregarei à pilhagem, gratuitamente, por causa de todos os teus pecados, em todo o teu território. 14Eu te farei servir a teus inimigos em uma terra que não conheces. Porque minha cólera acendeu um fogo que queimará sobre vós. 15Agora tu sabes, Iahweh! Lembra-te de mim, visita-me e vinga-me de meus perseguidores. Na lentidão de tua ira, não me destruas. Reconhece que eu suporto humilhação por tua causa. 16Quando se apresentavam palavras tuas, eu as devorava: tuas palavras eram para mim contentamento e alegria de meu coração. Pois teu Nome era invocado sobre mim, Iahweh, Deus dos Exércitos. 17Nunca me assentei em um grupo de gente alegre para me divertir. Por causa de tua mão, eu me assentei sozinho, pois tu me encheste de cólera. 18Por que a minha dor é contínua, e minha ferida é incurável e se recusa a ser tratada? Tu és para mim como lago enganador, águas nas quais não se pode confiar! 19Por isso assim disse Iahweh: Se retornas, eu te faço retornar e estarás diante de mim. Se separas o que é valioso do que é vil, tu serás como a minha boca. Eles retornarão a ti, mas tu não retornarás a eles! 20Eu te farei, para esse povo, uma muralha de bronze, fortificada. Eles lutarão contra ti, mas nada poderão contra ti, porque eu estou contigo para te salvar e te livrar, oráculo de Iahweh. 21Eu te livrarei da mão dos perversos e te resgatarei do punho dos violentos.

16 A vida do profeta como sinal — 1A palavra de Iahweh me foi dirigida nestes termos: 2Não tomes para ti mulher e não tenhas filhos e filhas neste lugar. 3Porque assim disse Iahweh a respeito dos filhos e das filhas que nascerem neste lugar, e a respeito de suas mães que os conceberem e a respeito de seus pais que os gerarem nesta terra. 4Eles morrerão de doenças mortais, não serão lamentados nem enterrados; servirão de esterco sobre o solo. Perecerão pela espada e pela fome, e seus cadáveres serão alimento para os pássaros do céu e para os animais selvagens. 5Porque assim disse Iahweh: Não entres em uma casa de luto, não vás lamentar e não lhes apresentes o teu pesar, porque eu irei retirar a minha paz deste povo — oráculo de Iahweh —, o amor e a compaixão. 6Grandes e pequenos morrerão nesta terra, eles não serão enterrados, nem lamentados; por eles não se fará incisão nem tonsura.7Não partirão o pão ao que está de luto para consolá-lo por um morto; não lhe oferecerão o cálice de consolação por seu pai e por sua mãe. 8Não entres, também, em uma casa em festa para te assentares com eles a comer e a beber. 9Porque assim disse Iahweh dos Exércitos, o Deus de Israel: Eis que vou fazer cessar neste lugar, aos vossos olhos e em vossos dias, o grito de júbilo e o grito de alegria, o grito do noivo e o grito da noiva. 10Quando tiveres anunciado a esse povo todas estas palavras e eles te disserem: "Por que anunciou Iahweh, contra nós, toda esta grande desgraça? Qual é a nossa falta? Que pecado cometemos contra Iahweh, nosso Deus?" 11Então tu lhes dirás: "Porque vossos pais me abandonaram — oráculo de Iahweh —, seguiram outros deuses, os serviram e se prostraram diante deles. Mas a mim eles abandonaram e não guardaram a minha Lei! 12Mas vós fizestes pior que vossos pais. Eis que cada um de vós seguiu a obstinação de seu coração perverso, sem me ouvir. 13Eu vos lançarei para fora desta terra, numa terra que vós e vossos pais não

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conhecestes; servireis lá a outros deuses, de dia e de noite, pois eu não usarei mais misericórdia convosco".

A volta dos dispersos de Israel — 14Por isso, eis que dias virão — oráculo de Iahweh — em que não se dirá mais: "Viva Iahweh, que fez subir os filhos de Israel da terra do Egito!" 15Mas sim: "Viva Iahweh, que fez subir os filhos de Israel da terra do Norte e de todas as regiões, para onde os tinha dispersado." Eu os reconduzirei à terra que dera a seus pais.

Anúncio de invasão — 16Eis que vou enviar muitos pescadores — oráculo de Iahweh —, e os pescarão; depois muitos caçadores, e os caçarão de todas as montanhas, de todas as colinas e das fendas dos rochedos. 17Porque meus olhos estão em todos os seus caminhos: eles não podem esconder-se de mim, e a sua falta não se oculta a meus olhos. 18Eu retribuirei em dobro a sua falta e o seu pecado, porque eles profanaram a minha terra com o cadáver de seus horrores e encheram a minha herança suas abominações.

A conversão das nações

19Iahweh, minha força e minha fortaleza, meu refúgio no dia da tribulação! Para ti acorrem as nações das extremidades da terra. Elas dirão: Nossos pais não herdaram senão mentira, vazio que não serve para nada. 20Pode um homem fazer para si deuses? Eles não são deuses! 21Por isso, eis que vou fazê-los conhecer, desta vez eu os farei conhecer minha mão e o meu poder, e eles conhecerão que o meu Nome é Iahweh.

17 Faltas cultuais de Judá — 1O pecado de Judá está escrito com um estilete de ferro; com uma ponta de diamante ele está gravado na pedra de seu coração e nas extremidades de seus altares, 2para que os seus filhos se lembrem de seus altares e de seus postes sagrados perto das árvores verdejantes, sobre as colinas elevadas. 3Ó minha montanha no campo, tua riqueza e todos os teus tesouros eu entregarei à pilhagem, por causa do pecado de teus lugares altos em todo teu território. 4Tu deverás renunciar a tua herança que eu te havia dado; eu te farei escravo de teus inimigos em uma terra que não conheces. Porque o fogo que acendestes em minha ira queimará para sempre.

Sentenças de sabedoria 5Assim disse Iahweh: Maldito o homem que se fia no homem, que faz da carne a sua força, mas afasta o seu coração de Iahweh! 6Ele é como um cardo na estepe: ele não vê quando vem a felicidade,ele habita os lugares secos no deserto, uma terra salgada, onde ninguém mora. 7Bendito o homem que se fia em Iahweh, cuja confiança é Iahweh. 8Ele é como uma árvore plantada junto da água, que lança suas raízes para a corrente: ela não teme quando chega o calor, sua folhagem permanece verde; em um ano de seca ela não se preocupa e não pára de produzir frutos. 9O coração é falso como ninguém, ele é incorrigível; quem poderá conhecê-lo? 10Eu, Iahweh, perscruto o coração, sondo os rins, para retribuir ao homem conforme o seu caminho, conforme o fruto de suas obras. 11Uma perdiz choca o que ela não pôs. Assim aquele que ajunta riqueza injusta: no meio de seus dias, ela o abandonará e, no fim, ele é um idiota.

Confiança no Templo e em Iahweh

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12Um trono de glória, sublime desde a origem, é o lugar de nosso santuário. 13Esperança de Israel, Iahweh, todos os que te abandonam serão envergonhados, os que se afastam de ti serão escritos na terra, porque eles abandonaram a fonte de água viva, Iahweh.

Prece de vingança

14Cura-me, Iahweh, e eu serei curado, salva-me e eu serei salvo, porque tu és o meu louvor! 15Eis que eles me dizem: Onde está a palavra de Iahweh? Que ela se realize. 16Eu não me acheguei a ti para o mal e não desejei o dia fatal, tu o sabes; o que sai de meus lábios está aberto diante de ti. 17Não sejas para mim motivo de pavor, tu que és meu refúgio no dia da tribulação.18Que se envergonhem os meus perseguidores, mas que eu não me envergonhe! Que eles sejam amedrontados, mas que eu não seja amedrontado! Faze vir sobre eles o dia da tribulação; com uma dupla destruição, destrói-os!

A observância do sábado — 19Assim me disse Iahweh: Vai, coloca-te à porta dos Filhos do povo, pela qual entram e saem os reis de Judá, e em todas as portas de Jerusalém. 20E tu lhes dirás: Escutai a palavra de Iahweh, vós, reis de Judá, todo Judá e todos os habitantes de Jerusalém que passais por estas portas. 21Assim disse Iahweh: Guardai-vos, por vossas vidas, e não carregueis peso no dia de sábado e não o façais entrar pelas portas de Jerusalém. 22Não façais sair um peso de vossas casas no dia de sábado e não façais trabalho algum, mas santificai o dia de sábado, como ordenei a vossos pais. 23Mas eles não escutaram nem inclinaram o seu ouvido, antes endureceram a sua cerviz para não escutarem e nem receberem o ensinamento. 24Se realmente me escutardes — oráculo de Iahweh — e não fizerdes entrar peso pelas portas desta cidade em dia de sábado e santificardes o dia de sábado e não fizerdes nele trabalho algum, 25então entrarão pelas portas desta cidade reis e príncipes, que se sentarão sobre o trono de Davi, e entrarão em carros e cavalos, eles e seus príncipes, o homem de Judá e os habitantes de Jerusalém, e esta cidade será habitada para sempre. 26E das cidades de Judá, dos arredores de Jerusalém, da terra de Benjamim, da planície, da montanha e do Negueb virão oferecer holocaustos, sacrifícios, oblações e incenso, oferecer ação de graças na casa de Iahweh. 27Mas se não me escutardes para santificardes o dia de sábado, sem carregardes peso ao entrardes pelas portas de Jerusalém no dia de sábado, então atearei fogo em suas portas: ele devorará os palácios de Jerusalém e não se apagará.

18 Jeremias junto do oleiros — 1Palavra que foi dirigida por Iahweh a Jeremias: 2"Levanta-te e desce à casa do oleiro: lá te farei ouvir as minhas palavras." 3Eu desci à casa do oleiro, e eis que ele estava trabalhando no torno. 4E estragou-se o vaso que ele estava fazendo, como acontece à argila na mão do oleiro. Ele fez novamente um outro vaso, como pareceu bom aos olhos do oleiro. 5Então a palavra de Iahweh me foi dirigida nestes termos: 6Não posso eu agir convosco como este oleiro, ó casa de Israel?, oráculo de Iahweh. Eis que, como a argila na mão do oleiro, assim sereis vós na minha mão, ó casa de Israel! 7Ora, eu falo sobre uma nação ou contra um reino, para arrancar, para arrasar, para destruir; 8mas se esta nação, contra quem eu falei, se converte de sua perversidade, então eu me arrependo do mal que eu jurara fazer-lhe. 9Ora, eu falo sobre uma nação ou um reino, para construir e para plantar; 10mas se ela faz o mal a meus olhos não escutando a minha voz, então eu me arrependo do bem que prometera fazer-lhe. 11E agora dize aos homens de Judá e aos habitantes de Jerusalém: "Assim disse Iahweh. Eis que eu preparo contra vós uma desgraça e formulo contra vós um plano.

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Converta-se, pois, cada um de seu caminho perverso, melhorai vossos caminhos e vossas obras." 12Mas eles dirão: "É inútil! Nós seguiremos nossos planos; cada um agirá conforme a obstinação de seu coração malvado."

Israel esquece-se de Iahweh

13Por isso assim disse Iahweh: Perguntai entre as nações, quem ouviu algo semelhante? Coisas horríveis demais praticou a virgem de Israel. 14Por acaso se afasta do rochedo do campo a neve do Líbano? Ou secam as águas estrangeiras, águas frescas e correntes? 15Meu povo, contudo, esqueceu-se de mim! Eles oferecem incenso ao Nada; eles os fazem tropeçar em seus caminhos,nas veredas de outrora, para caminhar por sendas, por um caminho não traçado; 16para fazer de sua terra um objeto de pavor, uma zombaria perpétua. Todos os que passam por ele se admiram e balançam a sua cabeça. 17Como o vento do Oriente eu os dispersarei diante do inimigo. Eu lhes mostrarei as costas e não a face, no dia de sua ruína.

Por ocasião de um atentado contra Jeremias — 18Eles disseram: "Vinde! Maquinemos planos contra Jeremias, pois a Lei não faltará ao sacerdote, nem o conselho ao sábio, nem a palavra ao profeta. Vinde! Firamo-lo com a língua e não atendamos a nenhuma de suas palavras." 19Atende-me Iahweh, e escuta o grito de meus adversários. 20Acaso se retribui o bem com o mal? Porque eles cavaram uma cova para mim. Lembra-te que eu estava diante de ti para falar bem em favor deles e para afastar deles a tua cólera. 21 Por isso entrega os seus filhos à fome e dá-os ao fio da espada! Que suas mulheres sejam estéreis e viúvas, seus maridos sejam mortos pela peste e seus jovens sejam feridos pela espada no combate! 22Que se ouçam gritos de suas casas, quando trouxeres, de repente, contra eles um bando de ladrões. Porque eles abriram uma cova para me pegar e esconderam armadilhas para os meus pés. 23Mas tu, Iahweh, conheces todos os seus planos de morte contra mim. Não perdoes a sua falta, não apagues o seu pecado de diante de ti. Que eles sejam derrubados diante de ti; no tempo de tua ira, age contra eles!

19 A bilha quebrada e a altercação com Fassur — 1Assim disse Iahweh a Jeremias: Vai e compra uma bilha de oleiro. Toma contigo anciãos do povo e anciãos dos sacerdotes. 2Sai em direção do vale de Ben- Enom, que está à entrada da porta dos Cacos. Lá proclamarás as palavras que eu te disser. 3E dirás: Escutai a palavra de Iahweh, reis de Judá e habitantes de Jerusalém. Assim disse Iahweh dos Exércitos, Deus de Israel: eis que vou trazer uma desgraça sobre este lugar, que fará zunir os ouvidos de quem ouvir! 4Porque eles me abandonaram, desvirtuaram este lugar, ofereceram nele incenso a deuses estrangeiros, que nem eles, nem seus pais nem os reis de Judá tinham conhecido, e encheram este lugar com o sangue dos inocentes. 5Eles construíram lugares altos a Baal, para queimarem os seus filhos em holocausto a Baal, o que eu não tinha ordenado nem falado e nem jamais pensado! 6Por isso, eis que dias virão — oráculo de Iahweh — em que não se chamará mais a este lugar Tofet ou vale de Ben- Enom, mas sim vale da Matança. 7Esvaziarei os planos de Judá e de Jerusalém neste lugar e os farei cair pela espada diante de seus inimigos, pela mão daqueles que atentam contra a sua vida, e darei os seus cadáveres como alimento aos pássaros do céu e aos animais selvagens. 8Eu farei desta cidade um objeto de pavor e de burla; cada um que passar por ela ficará estupefato e assobiará, por causa de todos os seus ferimentos. 9Eu farei que eles devorem a carne de seus filhos e a carne de suas filhas: eles se devorarão mutuamente na angústia e na necessidade com que os oprimem os seus inimigos e aqueles que atentam contra a sua vida. 10Tu quebrarás a bilha diante dos olhos dos

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homens que foram contigo 11e lhes dirás: Assim disse Iahweh dos Exércitos: Eu vou quebrar este povo e esta cidade como se quebra o vaso do oleiro, que não pode ser mais consertado. Enterrarão em Tofet, por falta de lugar para enterrar. 12Assim eu farei a este lugar — oráculo de Iahweh — e aos seus habitantes, para tornar esta cidade como Tofet. 13As casas de Jerusalém e as casas dos reis de Judá serão impuras, como o lugar de Tofet: todas as casas em cujos terraços eles ofereceram incenso a todo o exército dos céus e derramaram libações a deuses estrangeiros! 14Jeremias retornou de Tofet, aonde Iahweh o tinha enviado para profetizar, e colocou-se no pátio do Templo de Iahweh e disse a todo o povo: 15"Assim disse Iahweh dos Exércitos, Deus de Israel: Eis que eu vou trazer sobre esta cidade e todas as suas povoações toda a desgraça que eu falei contra ela, porque eles endureceram a sua cerviz e não ouviram as minhas palavras."

201O sacerdote Fassur, filho de Emer, que era o chefe da guarda no Templo de Iahweh, ouviu Jeremias que profetizava estas palavras. 2Fassur bateu no profeta Jeremias e colocou-o no trono que está na porta alta de Benjamim, no Templo de Iahweh. 3No dia seguinte, Fassur tirou Jeremias do tronco, e Jeremias lhe disse: "Iahweh não te chama mais Fassur, mas sim 'Terror de todos os lados'. 4Porque assim disse Iahweh: Eis que eu vou te entregar ao terror, a ti e a todos os teus amigos; eles cairão pela espada de seus inimigos: teus olhos verão! E eu entregarei toda Judá nas mãos do rei da Babilônia, que deportará seus habitantes para a Babilônia e os ferirá com a espada. 5Eu entregarei todas as riquezas desta cidade, todos os seus bens, todas as suas preciosidades, todos os tesouros dos reis de Judá: eu os entregarei nas mãos de seus inimigos, que o saquearão, tomarão e levarão para a Babilônia. 6Mas tu, Fassur e todos os habitantes de tua casa, ireis para o exílio; tu irás para a Babilônia, lá morrerás e lá serás enterrado, tu e todos os teus amigos, aos quais profetizaste falsamente."

Extratos diversos das "Confissões"

7Tu me seduziste, Iahweh, e eu me deixei seduzir; tu te tornaste forte demais para mim, tu me dominaste.Sirvo de escárnio todo o dia, todos zombam de mim. 8Porque sempre que falo devo gritar, devo proclamar: "Violência, opressão!" Porque a palavra de Iahweh tornou-se para mim opróbrio e ludíbrio todo dia. 9Quando eu pensava: 'Não me lembrarei dele, já não falarei em seu Nome', então isto era em meu coração como um fogo devorador, encerrado em meus ossos. Estou cansado de suportar, não posso mais! 10Eu ouvi a calúnia de muitos: "Terror de todos os lados! Denunciai! Denunciemo-lo!" Todo aquele que estava em paz comigo aguarda a minha queda: "Talvez ele se deixe seduzir! Nós o dominaremos e nos vingaremos dele!" 11Mas Iahweh está comigo como um poderoso guerreiro; por isso os meus perseguidores tropeçarão, eles não prevalecerão. Eles se envergonharão profundamente, porque não tiveram êxito; uma vergonha eterna, inesquecível. 12Iahweh dos Exércitos, que perscrutas os justos, que vês rins e coração, eu verei a tua vingança contra eles, porque a ti eu expus a minha causa. 13Cantai a Iahweh, louvai a Iahweh, porque ele livrou a vida do pobre da mão dos perversos. 14Maldito o dia em que eu nasci! O dia em que minha mãe me gerou não seja abençoado! 15Maldito o homem que deu a meu pai a boa nova: "Nasceu-te um filho homem!", e lhe causou uma grande alegria. 16Que este homem seja como as cidades que Iahweh destruiu sem compaixão; que ele ouça o clamor pela manhã e o grito de guerra ao meio-dia, 17porque ele não me matou desde o seio materno, para que minha mãe fosse para mim o meu sepulcro e suas entranhas estivessem grávidas para sempre. 18Por que saí eu do seio materno para ver trabalhos e penas e terminar os meus dias na vergonha?

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3. ORÁCULOS PROFERIDOS PRINCIPALMENTE DEPOIS DE JOAQUIM

21 A resposta aos enviados de Sedecias — 1Palavra que foi dirigida a Jeremias, da parte de Iahweh, quando o rei Sedecias lhe enviou Fassur, filho de Melquias, e o sacerdote Sofonias, filho de Maasias, para lhe dizer: 2"Consulta, pois, a Iahweh para nós, porque Nabucodonosor, rei da Babilônia, combate contra nós; talvez Iahweh repita em nosso favor todos os seus milagres, para que se afaste de nós". 3E Jeremias lhes disse: "Assim direis a Sedecias: 4Assim disse Iahweh, o Deus de Israel. Eis que vou fazer voltar as armas que estão em vossas mãos, com as quais combateis o rei da Babilônia e os caldeus, que vos cercam: de fora dos muros eu os reunirei dentro desta cidade. 5E eu mesmo combaterei contra vós com mão estendida e com braço forte, com ira, com furor e com grande indignação. 6Eu ferirei os habitantes desta cidade, homens e animais, com uma grande peste, e eles morrerão. 7Depois disto — oráculo de Iahweh — entregarei Sedecias, rei de Judá, seus servos, o povo e aqueles, nesta cidade, que escaparem da peste, da espada e da fome, nas mãos de Nabucodonosor, rei da Babilônia, nas mãos de seus inimigos e nas mãos daqueles que procuram a sua vida; ele os passará ao fio da espada, não os poupará, não terá pena, não terá compaixão". 8E a este povo dirás: "Assim disse Iahweh: Eis que vou colocar diante de vós o caminho da vida e o caminho da morte. 9Quem permanecer nesta cidade morrerá pela espada, pela fome ou pela peste; mas aquele que sair e se entregar aos caldeus, que vos cercam, viverá e terá a sua vida como despojo. 10Porque vou voltar-me contra esta cidade para sua desgraça, não para sua felicidade — oráculo de Iahweh. Ela será entregue nas mãos do rei da Babilônia e ele a incendiará".

Endereço geral à Casa real — 11A Casa do rei de Judá. Escutai a palavra de Iahweh, 12casa de Davi! Assim disse Iahweh: Julgai pela manhã o direito e arrancai o explorado da mão do opressor, para que a minha cólera não saia como o fogo e queime sem que ninguém possa apagar, por causa da maldade de vossas ações. 1 13Eis que venho a ti, moradora do vale, Rocha da planície - oráculo de Iahweh — ó vós que dizeis: "Quem poderá vir contra nós? Quem penetrará em nossas residências?" 14Eu vos castigarei conforme os frutos de vossas obras — oráculo de Iahweh. Eu atearei fogo em sua floresta, e ele devorará todos os seus arredores!

22 1Assim disse Iahweh: Desce à casa do rei de Judá e profere lá esta palavra: 2Dize: Escuta a palavra de Iahweh, rei de Judá, que te assentas sobre o trono de Davi, tu, os teus servos e o teu povo, que entram por estas portas.3Assim disse Iahweh: Praticai o direito e a justiça; arrancai o explorado da mão do opressor; não oprimais estrangeiro, órfão ou viúva, não os violenteis e não derrameis sangue inocente neste lugar. 4Porque, se realmente cumprirdes esta palavra, então entrarão pelas porias desta casa reis, que se sentam sobre o trono de Davi, montados em carros e cavalos, eles, seus servos e seu povo. 5Mas, se não escutardes estas palavras, juro por mim mesmo — oráculo de Iahweh — que esta casa se tornará uma ruína. 6Porque, assim disse Iahweh a respeito da casa do rei de Judá. Tu és para mim Galaad e o cume do Líbano. Mas, na verdade, eu farei de ti um deserto, cidades sem habitantes. 7Prepararei contra ti devastadores, cada um com seus instrumentos; eles cortarão os melhores dos teus cedros e os lançarão ao fogo. 8Passarão numerosas nações por esta cidade e cada um dirá ao seu companheiro: "Por que Iahweh tratou desta maneira esta grande cidade?" 9Responderão: "Porque abandonaram a Aliança de Iahweh, seu Deus, prostraram-se diante de deuses estrangeiros e os serviram".

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Oráculo contra diversos reis. Contra Joacaz

10Não choreis aquele que está morto, e não o lamenteis! Chorai, antes, aquele que partiu, porque ele não voltará mais para rever a sua terra natal. 11Porque assim disse Iahweh a respeito de Selum, filho de Josias, rei de Judá, que reinou em lugar de seu pai Josias, que saiu deste lugar: Ele não voltará mais para cá, 12mas morrerá no lugar para onde o exilaram, e não reverá mais esta terra.

Contra Joaquim

13Ai daquele que constrói a sua casa sem justiça e seus aposentos sem direito, que faz o seu próximo trabalhar de graça e não lhe dá o seu salário, 14que diz: "Construirei para mim uma casa espaçosa com vastos aposentos", e lhe abre janelas, recobre-a com cedro e pinta-a de vermelho. 15Pensas reinar só porque competes pelo cedro? Teu pai, porventura, não comeu e bebeu? Mas ele praticou o direito e a justiça! E corria tudo bem para ele! 16Ele julgou a causa do pobre e do indigente. Então tudo corria bem. Não é isto conhecer-me?, — oráculo de Iahweh. 17Mas tu não tens olhos nem coração senão para o teu lucro, para o sangue inocente a derramar, para a opressão e para a violência a praticar. 18Por isso assim disse Iahweh a respeito de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá. Não o lamentarão: "Ai meu irmão! Ai minha irmã!" Não o lamentarão: "Ai Senhor! Ai Majestade!" 19Ele será sepultado como um jumento! Ele será arrastado e lançado para fora das portas de Jerusalém!

Contra Joaquin20Sobe o Líbano e grita, sobre o Basã ergue a tua voz, grita do alto dos Abarim, porque foram esmagados todos os teus amantes. 21Eu te falei no tempo de tua segurança; tu disseste: "Eu não quero escutar!" Este foi o teu caminho desde a tua juventude: não escutar a minha voz. 22O vento se apascentará de todos os teus pastores e os teus amantes partirão para o exílio; então enrubescerás e terás vergonha de toda tua maldade. 23Tu que habitas no Líbano, que colocas o teu ninho nos cedros, como gemerás quando vierem a ti dores, temores como os da que dá à luz! 24Por minha vida — oráculo de Iahweh —, ainda que Conias filho de Joaquim, rei de Judá, fosse um anel em minha mão direita, eu te arrancaria de lá! 25Eu te entregarei nas mãos daqueles que procuram a tua vida, nas mãos daqueles que tu temes, nas mãos de Nabucodonosor rei de Babilônia, e nas mãos dos caldeus. 26Eu lançarei a ti e a tua mãe, que te gerou, para uma terra estrangeira, onde não nascestes, mas onde morrereis. 27Mas para a terra para onde eles desejam retornar, não retornarão! 28É porventura um vaso sem valor, quebrado esse homem, esse Conias, ou um utensílio que ninguém quer? Por que foram expulsos ele e a sua raça, e lançados numa terra que eles não conheciam? 29Terra! Terra! Terra! Escuta a palavra de Iahweh. 30Assim disse Iahweh: Inscrevei esse homem: "Sem filhos, alguém que não teve sucesso nos seus dias." Porque ninguém de sua raça conseguirá sentar-se no trono de Davi e governar de novo em Judá.

23 Oráculos messiânicos. O rei do futuro — 1Ai dos pastores que perdem e dispersam as ovelhas do meu rebanho — oráculo de Iahweh! 2Por isso, assim disse Iahweh, Deus de Israel, contra os pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, as expulsastes e não cuidastes delas. Eis que vou castigar-vos pela maldade de vossas ações, oráculo de Iahweh! 3Eu mesmo reunirei o resto de minhas ovelhas de todas as terras para as quais eu as dispersei e eu as farei retornar às suas pastagens: elas serão férteis e se multiplicarão. 4Eu estabelecerei pastores para elas, que as apascentarão; elas não terão mais medo, não terão pavor e não se perderão, — oráculo

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de Iahweh! 5Eis que dias virão — oráculo de Iahweh — em que suscitarei a Davi um germe justo; um rei reinará e agirá com inteligência e exercerá na terra o direito e a justiça. 6Em seus dias, Judá será salvo e Israel habitará em segurança. Este é o nome com que o chamarão: "Iahweh, nossa justiça." 7Por isso, eis que dias virão — oráculo de Iahweh — em que não dirão mais: "Vive Iahweh, que fez subir os filhos de Israel da terra do Egito", 8mas "Vive Iahweh, que fez subir e retornar a raça da casa de Israel da terra do Norte e de todas as terras para onde ele os tinha dispersado, para que habitem em seu território."

Opúsculo contra falsos profetas

9Sobre os profetas. Meu coração está quebrado dentro de mim, estremeceram todos os meus ossos. Sou como um bêbado, como um homem que o vinho dominou por causa de Iahweh e por causa de suas santas palavras. 10Porque a terra está cheia de adúlteros; sim, por causa de uma maldição, a terra está de luto e as pastagens do deserto estão secas; o seu caminho é a maldade, e sua força a injustiça. 11Porque até mesmo o profeta e o sacerdote são ímpios, até mesmo em minha casa encontrei a sua maldade, oráculo de Iahweh. 12Por isso o seu caminho será para eles como lugares escorregadios; engajados aí, nas trevas, eles cairão. Porque farei vir sobre eles a desgraça, o ano de seu castigo, oráculo de Iahweh. 13Nos profetas da Samaria eu vi uma loucura: eles profetizaram em nome de Baal e levaram ao erro o meu povo, Israel. 14Mas nos profetas de Jerusalém eu vi uma coisa horrorosa: adultério e obstinação na mentira. Eles fortalecem as mãos dos perversos, para que ninguém se converta de sua maldade. Todos eles são para mim como Sodoma, e seus habitantes, como Gomorra! 15Por isso assim disse Iahweh dos Exércitos sobre os profetas: Eis que eu os farei comer absinto e lhes farei beber água envenenada, porque dos profetas de Jerusalém saiu a impiedade para toda a terra. 16Assim disse Iahweh dos Exércitos: Não ouçais as palavras dos profetas que vos profetizam: eles vos enganam, eles vos relatam visões de seu coração, não da boca de Iahweh; 17eles ousam dizer àqueles que me desprezam: "Iahweh falou; a paz estará convosco!"; e a todos que seguem a obstinação de seu coração, eles dizem: "Não vos acontecerá nenhuma desgraça!" 18Quem, pois, esteve presente no conselho de Iahweh, para ver e ouvir a sua palavra? Quem prestou atenção à sua palavra e a ouviu? 19Eis uma tempestade de Iahweh, seu furor se desencadeia, uma tempestade esbraveja, irrompe sobre a cabeça dos ímpios; 20a ira de Iahweh não se apartará até que execute, até que realize os desígnios de seu coração: no fim dos dias, compreendereis isto claramente! 21Eu não enviei esses profetas, mas eles correram! Eu não lhes falei, mas eles profetizaram! 22Se eles estivessem presentes no meu conselho, teriam feito o meu povo ouvir a minha palavra e o teriam feito retornar de seu caminho mau e da maldade de suas ações ! 23Sou, por acaso, Deus apenas de perto — oráculo de Iahweh — e não Deus de longe? 24Pode alguém esconder-se em lugares secretos sem que eu o veja?, — oráculo de Iahweh. Não sou eu que encho o céu e a terra? Oráculo de Iahweh. 25Eu ouvi o que dizem os profetas que profetizam mentiras em meu nome, dizendo: "Eu tive um sonho! Eu tive um sonho!" 26Até quando haverá entre os profetas os que profetizam mentiras e os que profetizam embustes de seu coração? 27Eles que tentam fazer o meu povo esquecer o meu Nome, por meio de seus sonhos que eles contam uns aos outros, como seus pais esqueceram o meu nome por causa de Baal! 28O profeta que teve um sonho, que conte o sonho! E o que tem uma palavra minha, que fale fiel mente a minha palavra! Que tem a palha em comum com o grão? oráculo de Iahweh. 29Não é a minha palavra como fogo? oráculo de Iahweh. E como um martelo que arrebenta a rocha? 30Por isso, eis que estou contra os profetas — oráculo de Iahweh — que roubam um do

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outro a minha palavra. 31Eis que estou contra os profetas — oráculo de Iahweh — que usam a sua língua para proferir oráculos 32Eis que estou contra os profetas que profetizam sonhos mentirosos — oráculo de Iahweh —, que os contam e seduzem o meu povo com suas mentiras e com seus enganos. Mas eu não os enviei, não lhes dei ordens, e não são de nenhuma utilidade para este povo, oráculo de Iahweh. 33E quando este povo — ou um profeta ou um sacerdote — te perguntar: "Qual é a carga de Iahweh?", tu lhes dirás: "Vós sois a carga, e eu vos rejeitarei, oráculo de Iahweh!" 34E o profeta, o sacerdote ou alguém do povo que disser "Carga de Iahweh", eu castigarei esse homem e a sua casa. 35Assim direis um ao outro, um homem a seu irmão: "O que Iahweh respondeu?", ou "O que falou Iahweh?" 36E não mencionareis mais "Carga de Iahweh", porque a carga de Iahweh para cada um é a sua própria palavra. Vós perverteis as palavras do Deus vivo, Iahweh dos Exércitos, nosso Deus! 37Dirás assim ao profeta: "O que te respondeu Iahweh?" ou "O que falou Iahweh?" 38Mas se dizeis "Carga de Iahweh", então assim disse Iahweh: Visto que empregais esta expressão "Carga de Iahweh", quando eu vos proibi de dizer mais "Carga de Iahweh", 39por causa disso eu vos levantarei e lançarei, a vós e a Cidade que dei a vós e a vossos pais, para longe da minha face. 40Eu vos infligirei um opróbrio eterno, uma vergonha eterna que não será esquecida!

24 Os dois cestos de figos — 1Iahweh me fez ver: Eis dois cestos de figos colocados diante do Templo de Iahweh. Foi depois que Nabucodonosor, rei da Babilônia, desterrou de Jerusalém a Jeconias, filho de Joaquim, rei de Judá, os príncipes de Judá, bem como os ferreiros e os serralheiros, e os levou para a Babilônia. 2Um cesto tinha ótimos figos, como os figos da primeira sazão; o outro cesto tinha figos estragados, tão estragados que não podiam ser comidos. 3E disse-me Iahweh: "Que vês, Jeremias?" E eu disse: "Figos. Os bons são muito bons, e os estragados são tão estragados que não podem ser comidos". 4Então a palavra de Iahweh me foi dirigida nos seguintes termos: 5Assim disse Iahweh, o Deus de Israel. Como a estes figos bons, assim eu vou olhar com bondade os exilados de Judá que eu mandei deste lugar para a terra dos caldeus. 6Vou colocar os meus olhos sobre eles para o bem e fazê-los retornar a esta terra. Eu vou reconstruí-los e não demoli-los, plantá-los e não arrancá-los. 7Dar-lhes-ei um coração para que me conheçam, que eu sou Iahweh. Eles serão o meu povo e eu serei o seu Deus, porque eles retornarão a mim de todo . oração. 8Mas como os figos estragados que, de tão estragados, não podem ser comidos — sim, assim disse Iahweh —, assim eu tratarei a Sedecias, rei de Judá, os seus príncipes e o resto de Jerusalém: aqueles que restarem nesta terra e os que habitam na terra do Egito.9Eu farei deles um objeto de horror, uma calamidade para todos os reinos da terra; uma vergonha, uma fábula, um escárnio e uma maldição em todos os lugares, para onde eu os expulsar. 10Enviarei contra eles a espada, a fome e a peste, até que desapareçam do solo que dei a eles e a seus pais.

4. BABILÔNIA, FLAGELO DE IAHWEH

25 1Palavra que foi dirigida a Jeremias, relativa a todo o povo de Judá, no quarto ano de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá (que é o primeiro ano de Nabucodonosor, rei da Babilônia), 2palavra que o profeta Jeremias anunciou a todo povo de Judá e a todos os habitantes de Jerusalém. 3Desde o décimo terceiro ano de Josias, filho de Amon, rei de Judá, até o dia de hoje, há vinte e três anos, a palavra de Iahweh me foi dirigida e eu vos falei, sem cessar (mas vós não escutastes. 4E Iahweh vos enviou, constantemente, todos os seus servos, os profetas, mas vós não escutastes e nem inclinastes os vossos ouvidos

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para ouvir). 5Essa palavra dizia: Convertei-vos, cada um de vosso caminho mau e da perversidade de vossas ações; então habitareis o território que Iahweh deu a vós e a vossos pais, desde sempre e para sempre. 6(Não sigais os deuses estrangeiros para servi- los e para prostrar-vos diante deles; não me irriteis pelas obras de vossas mãos e então eu não vos farei mal algum.) 7Mas vós não me escutastes (— oráculo de Iahweh — de modo que me irritastes com as obras de vossas mãos para vossa desgraça). 8Por isso, assim disse Iahweh dos Exércitos: Porque não ouvistes as minhas palavras, 9eis que vou mandar buscar todas as tribos do Norte (— oráculo de Iahweh! ao redor de Nabucodonosor, rei da Babilônia, meu servo) e trazê-las contra esta terra e seus habitantes (e contra todas estas nações em redor); eu os ferirei com um anátema e farei deles um objeto de horror, de escárnio, e uma ruína perpétua. 10Farei cessar entre eles a voz de júbilo e de alegria, a voz do noivo e da noiva, o ruído da mó e a luz da lâmpada. 11Toda esta terra será reduzida a ruína e desolação e estas nações servirão o rei da Babilônia durante setenta anos. 12(Mas passados os setenta anos, visitarei o rei da Babilônia e esta nação — oráculo de Iahweh — por causa de seus crimes, bem como a terra dos caldeus, e farei dela uma desolação eterna.) 13Farei vir sobre esta terra todas as minhas palavras que disse contra ela, tudo que está escrito neste livro.

II. Introdução aos oráculos contra as nações

A visão da taça — O que Jeremias profetizou contra todas as nações. 14(Porque elas também servirão a numerosas nações e a reis poderosos, eu lhes retribuirei conforme os seus atos, conforme a obra de suas mãos). 15Porque assim me disse Iahweh, Deus de Israel: Toma de minha mão esta taça do vinho da cólera e faze beber dela todas as nações, às quais eu vou te enviar; 16elas beberão, cambalearão e enlouquecerão diante da espada que vou mandar para o meio delas. 17Eu tomei a taça da mão de Iahweh e fiz beber dela todas as nações, às quais Iahweh me enviara: 18(a Jerusalém e às cidades de Judá, a seus reis e a seus príncipes, para convertê-los em ruína, em objeto de pavor, em escárnio e em maldição como hoje). 19Ao Faraó, rei do Egito, a seus servos, a seus príncipes e a todo seu povo, 20bem como a todos os estrangeiros (todos os reis da terra de Hus); a todos os reis da terra dos filisteus, a Ascalon, a Gaza, a Acaron e ao resto de Azoto; 21a Edom, a Moab e aos filhos de Amon; 22a (todos) os reis de Tiro e a (todos) os reis da Sidônia, aos reis da ilha que está do outro lado do mar;23a Dadã, a Tema, a Buz e a todos os que têm as têmporas raspadas, 24a todos os reis da Arábia (a todos os reis dos estrangeiros) que habitam no deserto. 25(A todos os reis de Zambri), a todos os reis de Elam, a todos os reis da Média; 26a todos os reis do Norte, próximos ou longínquos, um depois do outro, e a todos os reinos que estão sobre a terra. (Mas o rei Sesac beberá depois deles). 27Tu lhes dirás: Assim disse Iahweh dos Exércitos, o Deus de Israel: Bebei! Embriagai-vos! Vomitai! Caí e não vos levanteis diante da espada que enviarei para o meio de vós. 28E se se recusarem a tomar a taça da tua mão para beberem, tu lhes dirás: Assim disse Iahweh dos Exércitos: Vós bebereis! 29Porque, eis que pela cidade sobre a qual foi invocado o meu nome, vou começar a desgraça; e vós sereis, acaso, poupados? Não sereis poupados, porque eu convoco a espada contra todos os habitantes da terra, oráculo de Iahweh dos Exércitos. 30Mas tu lhes profetizarás e lhes dirás todas estas palavras: Iahweh ruge do alto, de sua santa morada ele levanta a sua voz. Ele ruge contra a sua pastagem, entoa um hurra como os dos que pisam a uva, contra todos os habitantes da terra. 31O estrondo chega até os confins da terra. Porque Iahweh entra em processo com as nações, ele julga toda carne; os ímpios, ele os entrega à espada, oráculo de Iahweh. 32Assim disse Iahweh dos Exércitos. Eis que a desgraça passa de nação em nação, e uma grande tempestade se levanta das extremidades da terra. 33E haverá,

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naquele dia, vítimas de Iahweh de uma à outra extremidade da terra; eles não serão chorados, nem recolhidos e nem sepultados. Serão como esterco sobre a superfície da terra. 34Gemei, pastores, e gritai, revolvei-vos no pó, chefes do rebanho, porque completaram-se os vossos dias para a matança e para vossa dispersão e caireis como um vaso precioso. 35Não há refúgio para os pastores nem escapatória para os chefes do rebanho. 36Gritos dos pastores, gemidos dos chefes do rebanho! Porque Iahweh devastou a sua pastagem, 37foram destruídos os prados da paz diante do ardor da ira de Iahweh! 38O leão abandona o seu esconderijo porque a sua terra tornou-se um objeto de horror por causa do ardor devastador, por causa do ardor de sua ira.

III. As profecias de felicidade

1. INTRODUÇÃO: JEREMIAS É O VERDADEIRO PROFETA 26 Prisão e julgamento de Jeremias — 1No começo do reinado de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá, esta palavra foi dirigida a Jeremias da parte de Iahweh: 2Assim disse Iahweh. Coloca-te no átrio da Casa de Iahweh e diz contra todos os habitantes das cidades de Judá, que vêm prostrar-se na Casa de Iahweh, todas as palavras que te ordenei dizer-lhes; não omitas palavra alguma. 3TaIvez eles escutem e se convertam cada um de seu caminho perverso: então eu me arrependerei do mal que eu pensava fazer-lhes por causa da perversidade de seus atos. 4Tu lhes dirás: Assim disse Iahweh. Se não me escutardes para seguirdes a minha Lei, que eu vos dei, 5para atenderdes as palavras de meus servos, os profetas, que eu vos envio sem cessar, mas vós não escutais, 6eu tratarei esta Casa como a Silo e farei desta cidade uma maldição para todas as nações da terra. 7Sacerdotes, profetas e todo povo ouviram Jeremias pronunciar estas palavras na Casa de Iahweh. 8E quando Jeremias terminou de falar tudo o que Iahweh lhe mandara dizer a todo o povo, os sacerdotes, os profetas e todo o povo prenderam-no dizendo: "Tu morrerás! 9Por que profetizaste em nome de Iahweh, dizendo: 'Esta Casa será como Silo e esta cidade será uma ruína sem habitantes?' " E todo o povo amotinou-se contra Jeremias na Casa de Iahweh. 10Quando os príncipes de Judá ouviram estas palavras, subiram do palácio do rei à Casa de Iahweh e se assentaram à entrada da porta Nova da Casa de Iahweh. 11Os sacerdotes e os profetas disseram, então, aos príncipes e a todo o povo: "Este homem merece a morte, porque profetizou contra esta cidade como ouvistes com os vossos ouvidos!" 12E Jeremias disse a todos os príncipes e a todo o povo: "Iahweh enviou-me a profetizar a esta Casa e a esta cidade todas as palavras que ouvistes. 13Mas, agora, melhorai os vossos caminhos e os vossos atos e escutai o apelo de Iahweh, vosso Deus, e Iahweh se arrependerá do mal que anunciou contra vós. 14Quanto a mim eis-me em vossas mãos. Fazei de mim o que parece bom e justo a vossos olhos. 15Sabei, porém, que, se me matardes, é sangue inocente que colocareis sobres vós, sobre esta cidade e seus habitantes. Porque, na verdade, Iahweh me enviou a vós para anunciar-vos todas estas palavras". 16Os príncipes e todo o povo disseram, então, aos sacerdotes e aos profetas: "Este homem não merece a morte, pois ele nos falou em nome de Iahweh nosso Deus". 17E levantaram-se alguns dos anciãos da terra e disseram à assembléia do povo: 18"Miquéias de Morasti, que profetizava nos dias de Ezequias, rei de Judá, disse a todo o povo de Judá: 'Assim disse Iahweh dos Exércitos: Sião será um campo arado, Jerusalém um monte de ruínas

e a montanha do Templo um lugar alto da floresta!'

19Por acaso Ezequias, rei de Judá e todo Judá o fizeram morrer? Não temeram, antes, a Iahweh e não imploraram a Iahweh, de modo que Iahweh se arrependeu do mal que

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tinha anunciado contra eles? E nós, poderemos arcar com a responsabilidade de um crime tão grande?" 20Houve, ainda, um homem que profetizou em nome de Iahweh: Urias, filho de Semeias, proveniente de Cariat-Iarim. Ele profetizou contra esta cidade e contra esta terra nos mesmos termos de Jeremias. 21E o rei Joaquim ouviu, com todos os seus guerreiros e com todos os seus príncipes, as suas palavras e procurou matá-lo. Mas Urias ouviu, teve medo, fugiu e foi para o Egito. 22Mas o rei Joaquim enviou Elnatã, filho de Acobor, acompanhado de alguns homens ao Egito. 23Eles tiraram Urias do Egito e o trouxeram ao rei Joaquim, que o mandou matar pela espada e lançar o seu cadáver nas sepulturas da plebe. 24Jeremias, contudo, foi protegido por Aicam, filho de Safã, de modo que não foi entregue nas mãos do povo para ser morto.

2. O LIVRETE PARA OS EXILADOS

27 A ação simbólica do jugo e a mensagem aos reis do ocidente — 1(No começo do reinado de Sedecias, filho de Josias, rei de Judá, esta palavra foi dirigida a Jeremias da parte de Iahweh.) 2Assim me disse Iahweh: Faze para ti cordas e canzis e coloca-os sobre o teu pescoço. 3Envia-os depois, ao rei de Edom, ao rei de Moab, ao rei dos amonitas, ao rei de Tiro e ao rei de Sidônia, por intermédio dos seus mensageiros que vieram a Jerusalém, junto de Sedecias, rei de Judá. 4Encarrega-os de dizer a seus senhores: "Assim disse Iahweh dos Exércitos, Deus de Israel. Falai assim a vossos senhores: 5Eu fiz a terra, o homem e os animais que estão sobre a terra, por minha grande força e com meu braço estendido e os dei a quem me aprouve. 6Mas agora eu entreguei todas essas terras nas mãos de Nabucodonosor, rei da Babilônia, meu servidor; eu lhe entreguei, também, todos os animais do campo para servi-lo. 7(Todas as nações o servirão, bem como seus filhos e os filhos de seus filhos até que chegue o tempo determinado para sua terra; então numerosas nações e grandes reis o subjugarão.) 8A nação ou o reino que recusar servir a Nabucodonosor, rei da Babilônia e não entregar o seu pescoço ao jugo do rei da Babilônia, eu castigarei essa nação pela espada, pela fome e pela peste — oráculo de Iahweh — até que eu a consuma por sua mão. 9Quanto a vós, não ouçais os vossos profetas, os vossos adivinhos, os vossos sonhadores, encantadores e mágicos, que vos dizem: 'Vós não servireis o rei da Babilônia.' 10Porque é mentira o que eles vos profetizam para afastar-vos de vossa terra, para que eu vos disperse e vós pereçais. 11Mas a nação que submeter o seu pescoço ao jugo do rei da Babilônia e o servir, eu a farei repousar em seu solo — oráculo de Iahweh — para que o cultive e habite nele." 12E a Sedecias, rei de Judá, eu disse estas mesmas palavras: "Submetei o vosso pescoço ao jugo do rei da Babilônia; servi a ele e a seu povo, e vivereis. 13(Por que quereis morrer, tu e teu povo, pela espada, pela fome e pela peste, como anunciou Iahweh à nação que não servir o rei da Babilônia?) 14Não ouçais as palavras dos profetas que vos dizem: 'Não servireis o rei da Babilônia'. Sim, é mentira o que eles vos profetizam. 15Porque eu não os enviei — oráculo de Iahweh; eles profetizam mentiras em meu nome para que eu vos expulse e pereçais vós e os profetas que profetizam para vós". 16E aos sacerdotes e a todo este povo eu disse: "Assim disse Iahweh: Não ouçais as palavras dos profetas que vos profetizam, dizendo: 'Eis que os objetos da Casa de Iahweh serão trazidos, em breve, da Babilônia', porque é mentira o que eles vos profetizam. 17(Não os ouçais, servi o rei da Babilônia para que possais viver. Por que deveria esta cidade tornar-se uma ruína?) 18Se eles são profetas e se têm com eles a palavra de Iahweh que intercedam junto a Iahweh dos Exércitos para que os objetos que restaram na Casa de Iahweh, no palácio do rei de Judá e em Jerusalém não sejam levados para a Babilônia! 19Porque assim disse Iahweh dos Exércitos a respeito (das colunas, do mar, das bases e) dos outros objetos que restaram nesta cidade,

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20aqueles que Nabucodonosor, rei da Babilônia, não carregou quando levou cativo de Jerusalém para a Babilônia a Jeconias, filho de Joaquim, rei de Judá (com todos os notáveis de Judá e de Jerusalém). 21Porque assim disse Iahweh dos Exércitos, Deus de Israel, a respeito dos objetos que restaram na Casa de Iahweh e no palácio do rei de Judá e em Jerusalém: 22Eles serão levados para a Babilônia (e ali ficarão até o dia em que eu os visitar), oráculo de Iahweh. (Eu os farei, então, subir e voltar para este lugar!)"

28 A altercação com o profeta Hananias — 1Neste mesmo ano, no começo do reinado de Sedecias, rei de Judá, no quarto ano, no quinto mês, Hananias, filho de Azur, o profeta natural de Gabaon, disse assim a Jeremias na Casa de Iahweh, na presença dos sacerdotes e de todo o povo: 2"Assim disse Iahweh dos Exércitos, Deus de Israel. Eu quebrei o jugo do rei da Babilônia! 3Ainda dois anos, e eu farei retornar a este lugar todos os objetos da Casa de Iahweh que Nabucodonosor, rei da Babilônia, carregou daqui e levou para a Babilônia. 4Também Jeconias, filho de Joaquim, rei de Judá, e todos os deportados de Judá que foram para a Babilônia eu farei retornar a este lugar — oráculo de Iahweh — porque eu quebrarei o jugo do rei da Babilônia!" 5E o profeta Jeremias disse ao profeta Hananias diante dos sacerdotes e de todo o povo que estavam na Casa de Iahweh. 6O profeta Jeremias disse: "Amém! Que assim faça Iahweh! Que Iahweh realize as palavras que profetizaste, trazendo da Babilônia para este lugar os objetos da Casa de Iahweh e todos os deportados. 7Contudo, escuta esta palavra que vou falar aos teus ouvidos e aos ouvidos de todo povo: 8Os profetas que existiram antes de mim e antes de ti, desde tempos imemoráveis, profetizaram a muitas terras e a grandes reinos, a guerra, a desgraça e a peste; 9o profeta que profetiza a paz, só quando se realizar a palavra do profeta é que será reconhecido como profeta que Iahweh realmente enviou! "h 10O profeta Hananias tomou, então, os canzis do pescoço do profeta Jeremias e os quebrou. 11E disse Hananias diante de todo o povo: "Assim disse Iahweh. Desta maneira eu quebrarei o jugo de Nabucodonosor, rei da Babilônia, dentro de dois anos, de sobre o pescoço de todas as nações". E o profeta Jeremias foi-se embora. 12Mas aconteceu que depois que o profeta Hananias quebrou os canzis do pescoço do profeta Jeremias, a palavra de Iahweh foi dirigida a Jeremias: 13"Vai dizer a Hananias: Assim disse Iahweh: Tu quebraste os canzis de madeira! Mas colocarás em lugar deles canzis de ferro! 14Porque assim disse Iahweh dos Exércitos, Deus de Israel: eu colocarei um jugo de ferro no pescoço de todas estas nações, para servirem a Nabucodonosor, rei da Babilônia. (E o servirão e eu lhe entregarei até mesmo os animais do campo.)" 15E o profeta Jeremias disse ao profeta Hananias: "Escuta, Hananias: Iahweh não te enviou e tu levas este povo a confiar na mentira. 16Por isso, assim disse Iahweh. Eis que eu vou retirar-te da face da terra: neste ano morrerás (porque anunciaste a revolta contra Iahweh.)" 17E o profeta Hananias morreu neste mesmo ano, no sétimo mês.

29 A carta aos exilados — 1Eis os termos da carta que o profeta Jeremias enviou, de Jerusalém, ao resto dos anciãos no exílio, aos sacerdotes, aos profetas e a todo povo que Nabucodonosor deportara de Jerusalém para a Babilônia, 2Foi depois que o rei Jeconias saiu de Jerusalém com a rainha-mãe, os eunucos, os príncipes de Judá e de Jerusalém, os ferreiros e os serralheiros. 3Ela foi levada por intermédio de Elasa, filho de Safã, e de Gamarias, filho de Helcias, que Sedecias, rei de Judá, enviara à Babilônia junto a Nabucodonosor, rei da Babilônia: 4"Assim disse Iahweh dós Exércitos, Deus de Israel, a todos os exilados que eu deportei de Jerusalém para a Babilônia: 5Construí casas e instalai-vos; plantai pomares e comei os seus frutos. 6Casai-vos e gerai filhos e filhas, tomai esposas para os vossos filhos e dai as vossas filhas em casamento, que eles gerem filhos e filhas; multiplicai-vos aí e não diminuais! 7Procurai a paz da cidade, para onde

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eu vos deportei; rogai por ela a Iahweh, porque a sua paz será a vossa paz. 8Porque assim disse Iahweh dos Exércitos, Deus de Israel: Não vos deixeis enganar por vossos profetas que estão no meio de vós, nem por vossos adivinhos, e não escuteis os sonhos que vós sonhais. 9Pois eles vos profetizam mentiras em meu Nome. Eu não os enviei, oráculo de Iahweh. 10Porque assim disse Iahweh: Quando se completarem, para a Babilônia, setenta anos eu vos visitarei e realizarei a minha promessa de vos fazer retornar a este lugar. 11Sim, eu conheço os desígnios que formei a vosso respeito — oráculo de Iahweh —, desígnios de paz e não de desgraça, para vos dar um futuro e uma esperança. 12Vós me invocareis, vireis e rezareis a mim, e eu vos escutarei. 13Vós me procurareis e me encontrareis, porque me procurareis de todo coração; 14eu me deixarei encontrar por vós (— oráculo de Iahweh. Eu mudarei o vosso destino, reunir-vos-ei de todas as nações e de todos os lugares para onde vos dispersei, oráculo de Iahweh. Eu vos farei retornar ao lugar donde eu vos deportei). 15Porque dissestes: 'Iahweh suscitou para nós profetas na Babilônia — 16Assim disse Iahweh a respeito do rei que está sentado sobre o trono de Davi e a respeito de todo povo que habita nesta cidade, vossos irmãos que não foram deportados convosco. 17Assim disse Iahweh dos Exércitos: Eis que lhes vou enviar a espada, a fome e a peste; e os farei semelhantes a figos podres que não podem ser comidos, de tão ruins que são. 18Eu os perseguirei pela espada, pela fome e pela peste. Farei deles um objeto de horror para todos os reinos da terra, uma maldição, um objeto de espanto, de escárnio e de vergonha, em todas as nações, onde eu os dispersei. 19Porque não escutaram as minhas palavras — oráculo de Iahweh —, embora lhes tenha enviado sem cessar meus servos, os profetas, mas eles não os escutaram,m oráculo de Iahweh. 20Mas vós, escutai a palavra de Iahweh, todos os deportados que enviei de Jerusalém para a Babilônia! 21Assim disse Iahweh dos Exércitos, Deus de Israel, acerca de Acab, filho de Colias, e de Sedecias, filho de Maasias, que vos anunciam mentiras em meu nome: Eis que vou entregá-los nas mãos de Nabucodonosor, rei da Babilônia, que os matará diante dos vossos olhos. 22E será tirada deles a maldição que estava sobre todos os deportados de Judá que estão em Babilônia: 'Que Iahweh te trate como a Sedecias e a Acab, que o rei da Babilônia queimou pelo fogo! 23Porque eles tinham cometido uma infâmia em Israel, adulteraram com as mulheres de seus próximos e falaram mentiras em meu nome sem que eu tivesse dado ordem. Mas eu sei e sou testemunha, oráculo de Iahweh'.

Profecia contra Semeias — 24E a Semeias de Naalam dirás assim: 25Assim disse Iahweh dos Exércitos, Deus de Israel: Já que enviaste, em teu nome, uma carta a todo o povo que está em Jerusalém e ao sacerdote Sofonias, filho de Maasias (e a todos os sacerdotes) dizendo: 26"Iahweh te constituiu sacerdote em lugar do sacerdote Joiada, para exercer vigilância no templo de Iahweh sobre todo homem exaltado e que profetiza . Deves colocá-lo no cepo e na corrente. 27Por que, pois, não repreendeste Jeremias, de Anatot, que profetiza entre vós? 28Ele até nos enviou a Babilônia a seguinte mensagem: 'Será longo! Construí casas e instalai-vos; plantai pomares e comei os seus frutos'."... 29(Mas o sacerdote Sofonias lera esta carta ao profeta Jeremias.) 30A palavra de Iahweh foi, então, dirigida a Jeremias: 31Envia esta mensagem a todos os deportados: "Assim disse Iahweh acerca de Semeias de Naalam. Porque Semeias vos profetizou sem que eu o tivesse enviado e vos fez confiar em mentiras, 32por isso assim disse Iahweh: Eis que vou castigar a Semeias de Naalam e à sua descendência. Nenhum deles habitará no meio deste povo e não verá o bem que eu farei ao meu povo (— oráculo de Iahweh porque ele pregou a revolta contra Iahweh)."

3. O LIVRO DA CONSOLAÇÃO

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30 A restauração prometida a Israel — 1Palavra que foi dirigida a Jeremias da parte de Iahweh nestes termos: 2Assim disse Iahweh, o Deus de Israel: Escreve para ti num livro todas as palavras que eu te dirigi. 3Porque eis que virão dias — oráculo de Iahweh — em que trarei de volta os cativos de meu povo Israel (e Judá), disse Iahweh, e os farei regressar à terra que eu dei a seus pais, e eles tomarão posse dela. 4Estas são as palavras que Iahweh disse a Israel (e a Judá): 5Assim disse Iahweh: Ouvimos um grito de pavor, há o terror e não a paz! 6Interrogai e averiguai. Pode um homem dar à luz? Por que vejo a todos os homens com as mãos nos quadris, como a mulher em trabalhos de parto? Por que todos os rostos se tornaram lívidos? 7Ai! Porque este é o grande dia! Não há outro semelhante a ele! É um tempo de angústia para Jacó, mas ele será salvo! 8(Neste dia — oráculo de Iahweh dos Exércitos — eu quebrarei a canga que pesa sobre o teu pescoço e romperei as tuas cadeias. Então os estrangeiros não mais te dominarão, 9mas Israel e Judá servirão a Iahweh, seu Deus, e a Davi, o rei que suscitarei para eles.)? 10E tu, Jacó, meu servo, não temas —oráculo de Iahweh — não te apavores, Israel. Porque eis que vou te salvar de terras distantes, e teus descendentes da terra de seu cativeiro. Jacó voltará e terá paz, estará sereno, sem que ninguém o inquiete. 11Porque eu estou contigo para te salvar —oráculo de Iahweh — vou destruir todas as nações em que os dispersei; a ti, entretanto, não quero destruir, mas castigar-te conforme o direito, não te deixando impune. 12Sim, assim disse Iahweh. Incurável é a tua ferida, e a tua chaga não tem remédio. 13Não há ninguém para defender a tua causa; para uma úlcera há remédios, mas para ti não existe cura. 14Todos os teus amantes se esqueceram de ti, não te procuram mais! Porque eu te feri com um golpe de inimigo, com um castigo terrível (por tua falta, que é grande, e por teus pecados, que são numerosos.) 15Por que gritas por causa de tua ferida? Tua chaga é incurável! Porque a tua falta é grande e os teus pecados numerosos é que eu te tratei dessa maneira! 16Mas todos os que te devoravam serão devorados, todos os teus adversários irão para o cativeiro, os que te despojavam serão despojados, e todos os que te saqueavam serão saqueados. 17Porque eu te trarei o remédio, curarei as tuas feridas —oráculo de Iahweh — porque te chamaram "Repudiada", "Sião, por quem ninguém pergunta".18Assim disse Iahweh: Eis que mudarei a sorte das tendas de Jacó, terei compaixão de suas moradas; uma cidade será reconstruída sobre suas ruínas, e um palácio será instalado em seu verdadeiro lugar. 19Deles sairá a ação de graças e gritos de alegria. Eu os multiplicarei: não diminuirão mais. Eu os glorificarei: não mais serão humilhados. 20Seus filhos serão como outrora, mui assembléia será estável diante de mim, castigarei a todos os seus opressores. 21Surgirá dela o seu chefe, seu soberano sairá de seu meio. Eu o farei aproximar-se e ele se chegará a mim; com efeito, quem teria coragem de aproximar-se de mim? — oráculo de Iahweh. 22Sereis o meu povo e eu serei o vosso Deus. 23Eis a tempestade de Iahweh: o furor que saiu, é um furacão que se agita, que se abate sobre a cabeça dos ímpios. 24A ardente ira de Iahweh não se afastará sem realizar os desígnios de seu coração. No fim dos dias compreendereis estas coisas!

31 A restauração do povo — 1Naquele tempo — oráculo de Iahweh — eu serei o Deus de todas as famílias de Israel, e elas serão o meu povo. 2Assim disse Iahweh: Encontrou graça no deserto, o povo que escapou à espada. Israel caminha para o seu descanso. 3De longe Iahweh me apareceu: Eu te amei com um amor eterno, por isso conservei para ti o amor. 4Eu te construirei de novo e serás reconstruída, Virgem de Israel. De novo te enfeitarás com os teus tamborins, sairás em meio a danças alegres. 5De novo plantarás vinhas sobre as montanhas da Samaria (os plantadores plantarão e colherão). 6Sim, virá o dia, em que os vigias gritarão sobre a montanha de Efraim: "De pé! Subamos a Sião, a Iahweh nosso Deus!" 7Porque assim disse Iahweh: Gritai de alegria por Jacó, aclamai a

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primeira das nações! Fazei-vos escutar! Louvai! Proclamai: "Iahweh salvou o seu povo, o resto de Israel!"8Eis que os trago da terra do Norte, reúno-os dos confins da terra. Entre eles há o cego e o aleijado, a mulher grávida e a que dá à luz, todos juntos: é uma grande assembléia que volta! 9Em lágrimas eles voltam, em súplicas eu os trago de volta. Vou conduzi-los às torrentes de água, por um caminho reto, em que não tropeçarão. Porque eu sou um pai para Israel e Efraim é o meu primogênito. 10Nações, escutai a palavra de Iahweh! Anunciai-a às ilhas longínquas, dizei: "Aquele que dispersa Israel o reunirá. Ele o guardará como um pastor a seu rebanho". 11Porque Iahweh resgatou Jacó, libertou-o da mão do mais forte. 12Eles virão gritando de alegria sobre os altos de Sião, afluirão aos bens de Iahweh: o trigo, o mosto e o azeite, as ovelhas e os bois; serão como um jardim bem regado, não voltarão a desfalecer. 13Então a virgem terá prazer na dança, e, juntos, os jovens e os velhos; converterei o seu luto em alegria, consolá-los-ei, alegrá-los-ei depois dos sofrimentos. 14AIimentarei os sacerdotes com gordura e meu povo se saciará com meus bens, —oráculo de Iahweh. 15Assim disse Iahweh: Em Ramá se ouve uma voz, uma lamentação, um choro amargo; Raquel chora seus filhos, ela não quer ser consolada por seus filhos, porque eles já não existem. 16Assim disse Iahweh: Reprime o teu pranto e as lágrimas de teus olhos! Porque existe uma recompensa para a tua dor: oráculo de Iahweh —eles voltarão da terra inimiga. 17Há uma esperança para o teu futuro: oráculo de Iahweh — teus filhos voltarão para o seu território. 18Escutei os gemidos de Efraim: "Tu me corrigiste, eu fui corrigido, como um novilho indômito. Faze-me voltar e voltarei, porque tu és Iahweh, meu Deus! 19Porque, depois de me afastar, eu me arrependi, depois que compreendi, bati no peito.Estava cheio de vergonha e enrubescia; sim, eu trazia sobre mim o opróbrio de minha juventude!" 20— Será Efraim para mim um filho tão querido, uma criança de tal forma preferida, que cada vez que falo nele quero ainda lembrar-me dele? E por isso que minhas entranhas se comovem por ele, que por ele transborda minha ternura, oráculo de Iahweh. 21Levanta marcos para ti, coloca indicadores de caminho, presta atenção ao percurso, no caminho por onde caminhaste. Volta, Virgem de Israel! Volta para estas tuas cidades! 22Até quando irás de cá para lá, filha rebelde? Porque Iahweh cria algo de novo sobre a terra: A Mulher rodeia seu Marido.

Restabelecimento prometido a Judá — 23Assim disse Iahweh dos Exércitos, o Deus de Israel. Ainda se dirá esta palavra na terra de Judá e em suas cidades, quando eu trouxer de volta os seus cativos: Que Iahweh te abençoe, morada da justiça, montanha santa! 24Nela habitarão Judá e todas as suas cidades juntas, os lavradores e os que conduzem o rebanho. 25Porque eu darei abundância àquele que estava esgotado e saciarei todo aquele que desfalecia. 26Neste ponto, despertei e vi que meu sonho tinha sido agradável.

Israel e Judá — 27Eis que dias virão — oráculo de Iahweh — em que semearei a casa de Israel e a casa de Judá com uma semente de homens e uma semente de animais. 28E assim como velei sobre eles para arrancar, para arrasar, para exterminar e para afligir, assim também velarei sobre eles para construir e para plantar, oráculo de Iahweh.

A retribuição pessoal29Nesses dias já não se dirá: Os pais comeram uvas verdes e os dentes dos filhos se embotaram. 30Mas cada um morrerá por sua própria falta. Todo homem que tenha comido uvas verdes terá seus dentes embotados.

A Nova Aliança — 31Eis que dias virão — oráculo de Iahweh — em que selarei com a casa de Israel (e com a casa de Judá) uma aliança nova. 32Não como a aliança que selei com seus pais, no dia em que os tomei pela mão para fazê-los sair da terra do Egito —

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minha aliança que eles mesmos romperam, embora eu fosse o seu Senhor, oráculo de Iahweh! 33Porque esta é a aliança que selarei com a casa de Israel depois desses dias, oráculo de Iahweh. Eu porei minha lei no seu seio e a escreverei em seu coração. Então eu serei seu Deus e eles serão meu povo. 34Eles não terão mais que instruir seu próximo ou seu irmão, dizendo: "Conhecei a Iahweh!" Porque todos me conhecerão, dos menores aos maiores, — oráculo de Iahweh — porque vou perdoar sua culpa e não me lembrarei mais de seu pecado.

Permanência de Israel 35Assim disse Iahweh, ele que estabelece o sol para iluminar o dia e ordena à lua e às estrelas que iluminem de noite, que agita o mar, e as suas ondas rugem, ele cujo nome é Iahweh dos Exércitos: 36Quando estas leis falharem diante de mim — oráculo de Iahweh — então a raça de Israel deixará, também, de ser uma nação diante de mim para sempre! 37Assim disse Iahweh: Se se puder medir o céu nas alturas e sondar nas profundezas os fundamentos da terra, então eu rejeitarei toda a raça de Israel por tudo o que fizeram, oráculo de Iahweh.

Reconstrução e grandeza de Jerusalém — 38Eis que virão dias — oráculo de Iahweh — em que a cidade será reconstruída para Iahweh, desde a torre de Hananeel até a porta do Ângulo. 39A corda de medir será ainda estendida diretamente sobre a colina do Gareb, e de lá em direção a Goa. 40E todo o vale dos cadáveres e das cinzas, e todos os terrenos até a torrentedo Cedron, até o ângulo da porta dos Cavalos, a oriente, serão consagrados a Iahweh. E nunca mais será arrasada ou destruída.

4. ANEXOS AO LIVRO DA CONSOLAÇÃO

32 A compra de um terreno, penhor de um futuro feliz — 1Palavra que foi dirigida a Jeremias, da parte de Iahweh, no décimo ano de Sedecias, rei de Judá, ou seja, no décimo oitavo ano de Nabucodonosor. 2O exército do rei da Babilônia cercava, então, Jerusalém, e o profeta Jeremias encontrava-se preso no pátio da guarda, no palácio do rei de Judá, 3onde Sedecias, rei de Judá, o havia feito prender, dizendo-lhe: "Por que profetizas nestes termos: Assim disse Iahweh: Eis que vou entregar esta cidade nas mãos do rei da Babilônia para que a conquiste; 4Sedecias, rei de Judá, não escapará ao poder dos caldeus, mas certamente será entregue nas mãos do rei da Babilônia, e ele lhe falará face a face e seus olhos verão os seus olhos; 5ele levará Sedecias para a Babilônia, e ali permanecerá (até que eu o visite, oráculo de Iahweh. Se combaterdes os caldeus, não tereis êxito!)" 6Jeremias disse: A palavra de Iahweh me foi dirigida nestes termos: 7Eis Hanameel, filho de teu tio Selum, que virá ao teu encontro para dizer: "Compra o meu campo de Anatot, porque tu tens o direito de resgate para adquiri-lo". 8Hanameel, filho de meu tio, veio, pois, ao meu encontro, conforme a palavra de Iahweh, no pátio da guarda, e me disse: "Compra o meu campo de Anatot, no território de Benjamim, porque tu tens o direito à herança e o direito de resgate, compra-o." Reconheci, então, que era uma ordem de Iahweh. 9Comprei, pois, o campo de Hanameel, filho de meu tio, em Anatot, e lhe pesei a prata, dezessete siclos de prata. 10Redigi, então, o contrato e o selei, tomei testemunhas e pesei a prata em uma balança. 11Depois eu tomei o contrato de compra, o exemplar selado (com as estipulações e as cláusulas) e o exemplar aberto, 12e entreguei o contrato de compra a Baruc, filho de Nerias, filho de Maasias, em presença de meu primo Hanameel e das testemunhas que assinaram o contrato de compra, e em presença de todos os judeus que se encontravam no pátio da guarda. 13Diante deles dei esta ordem a Baruc: 14"Assim disse Iahweh dos Exércitos, Deus de Israel. Toma esses documentos, esse contrato de com pra, o exemplar selado e a cópia

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aberta, e coloca-os num vaso de argila para que se conservem por muito tempo. 15Porque assim disse Iahweh dos Exércitos, o Deus de Israel: Ainda se comprarão casas, campos e vinhas nesta terra." 16Depois de entregar o contrato de compra a Baruc, filho de Nerias, dirigi esta oração a Iahweh: 17"Ah! Senhor Iahweh, eis que fizeste o céu e a terra por teu grande poder e teu braço estendido. A ti nada é impossível! 18Tu fazes misericórdia a milhares, mas punes a falta dos pais, em plena medida, em seus filhos. Deus grande e forte, cujo nome é Iahweh dos Exércitos, 19grande em conselho, poderoso em ações, cujos olhos estão abertos sobre todos os caminhos dos homens para retribuir a cada um segundo a sua conduta e segundo o fruto de seus atos! 20Tu que fizeste sinais e prodígios na terra do Egito e até hoje em Israel e entre os homens. Tu fizeste para ti um nome como hoje se vê. 21Fizeste sair teu povo da terra do Egito com sinais e prodígios, com mão forte e braço estendido e com grande terror. 22Tu lhes deste esta terra que tinhas prometido por juramento a seus pais, terra em que corre o leite e o mel. 23Eles vieram e dela tomaram posse, mas não escutaram a tua voz e não caminharam segundo a tua Lei: não praticaram nada do que tinhas ordenado; fizeste, então, cair sobre eles toda esta desgraça. 24Eis que as trincheiras chegam à cidade, para tomá-la; pela espada, pela fome e pela peste a cidade será entregue às mãos dos caldeus, que combatem contra ela. O que disseste aconteceu, e tu o vês. 25E tu, Senhor Iahweh, me disseste: 'Compra para ti o campo ao preço de prata e toma testemunhas', agora que a cidade foi entregue às mãos dos caldeus!" 26E a palavra de Iahweh foi dirigida a Jeremias nestes termos: 27Eis que sou Iahweh, o Deus de toda a carne; há para mim algo de impossível? 28Por isso, assim disse Iahweh: Eis que vou entregar esta cidade nas mãos dos caldeus e nas mãos de Nabucodonosor, rei da Babilônia, que a tomará; 29os caldeus que combatem contra esta cidade, entrarão e incendiá-la-ão. Eles a queimarão juntamente com as casas, em cujos telhados se queimava incenso a Baal e se faziam libações a deuses estrangeiros, para me irritar. 30Porque os filhos de Israel e os filhos de Judá não fizeram, desde a sua juventude, senão o que é mau a meus olhos (sim, os filhos de Israel não fizeram senão irritar-me pelas obras de suas mãos, oráculo de Iahweh.) 31Porque esta cidade foi para mim causa de ira e de furor, desde o dia em que foi construída até hoje, a ponto de afastá-la de minha presença, 32por causa de todo mal que os filhos de Israel e os filhos de Judá cometeram para irritar-me eles, seus reis, seus príncipes, seus sacerdotes, seus profetas, os homens de Judá e os habitantes de Jerusalém. 33Eles me deram as costas e não a face, e, quando eu os instruía, constantemente, ninguém me escutava para aceitar a lição. 34Instalaram as suas abominações na Casa, sobre a qual o meu nome é invocado, para profaná-la. 35Construíram lugares altos a Baal no vale de Ben-Enom, para fazerem passar pelo fogo seus filhos e suas filhas, em honra de Moloc, o que eu nunca ordenei, o que eu jamais pensei: cometerem abominação desse gênero para fazerem Judá pecar! 36E agora, por isso, assim disse Iahweh, Deus de Israel, sobre esta cidade, de quem acabas de dizer: "Pela espada, pela fome e pela peste ela será entregue nas mãos do rei da Babilônia." 37Eis que eu os reunirei de todas as regiões em que os dispersei, em minha ira, em meu furor e em minha grande indignação: eu os trarei de volta a este lugar e os farei habitar em segurança. 38E eles serão o meu povo e eu serei o seu Deus. 39Eu lhes darei um coração único e um caminho único para que me temiam, todos os dias, para o seu bem e o de seus filhos, depois deles. 40Selarei com eles uma aliança eterna, pela qual eu não deixarei de segui-los para fazer-lhes o bem: colocarei o meu temor em seu coração, para que não se afastem mais de mim. 41Terei minha alegria em fazer-lhes o bem e os plantarei de verdade, nesta terra, de todo o meu coração e de toda a minha alma. 42Porque assim disse Iahweh: Assim como eu trouxe sobre este povo toda essa grande desgraça, assim eu trarei todo o bem que lhes prometo. 43Ainda se comprarão campos nesta terra, da qual dizes: "É um ermo, sem homens nem

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animais, foi entregue às mãos dos caldeus." 44Comprarão campos a preço de prata, redigirão um contrato, selá-lo-ão e tomarão testemunhas, no território de Benjamim, nas proximidades de Jerusalém, nas cidades de Judá, nas cidades da Montanha, nas cidades da Planície e nas cidades do Negueb. Porque eu trarei de volta seus cativos — oráculo de Iahweh.

33 Outra promessa de restauração — 1Enquanto Jeremias estava ainda preso no pátio da guarda, a palavra de Iahweh lhe foi dirigida uma segunda vez, nestes termos: 2Assim disse Iahweh, que fez a terra e lhe deu forma para consolidá-la — Iahweh é seu nome! — 3Invoca-me e eu te responderei e te anunciarei coisas grandes e inacessíveis, que tu não conheces. 4Porque assim disse Iahweh, o Deus de Israel, sobre as casas desta cidade e as casas dos reis de Judá, destruídas pelas trincheiras e pela espada; 5sobre aqueles que vêm para combaterem os caldeus e encherem a cidade de cadáveres, que eu feri em minha cólera e em meu furor, aqueles cuja maldade me fez ocultar o meu rosto a esta cidade. 6Eis que vou lhes trazer remédio e cura; vou curá-los e revelar-lhes as riquezas da paz e da fidelidade. 7Trarei de volta os cativos de Judá e os cativos de Israel, e os restabelecerei como antes. 8Eu os purificarei de todas as suas faltas com que pecaram contra mim, eu perdoarei todas as suas faltas com que pecaram contra mim e se revoltaram contra mim. 9Jerusalém será para mim um nome cheio de alegria, uma honra, um esplendor para todas as nações do mundo: quando ouvirem todo o bem que vou fazer-lhes, elas serão tomadas de temor e tremor, por causa de toda a felicidade e de toda a paz que eu lhes darei. 10Assim disse Iahweh: Neste lugar do qual dizeis: "É uma ruína, sem homens nem animais", nas cidades de Judá e nas ruas desoladas de Jerusalém, onde não há nem homens nem animais, escutar-se-ão de novo 11gritos de alegria e gritos de júbilo, a voz do noivo e a voz da noiva, a voz daqueles que dizem, trazendo ao Templo de Iahweh sacrifícios de ação de graças: "Dai graças a Iahweh dos Exércitos, porque Iahweh é bom, porque o seu amor é para sempre!" Porque trarei de volta os cativos da terra como antes, disse Iahweh. 12— Assim disse Iahweh dos Exércitos. Haverá ainda neste lugar que está em ruínas, sem homens e animais, e em todas as suas cidades, pastagens onde os pastores farão repousar as suas ovelhas. 13Nas cidades da Montanha, nas cidades da Planície, nas cidades do Negueb. no território de Benjamim, nos arredores de Jerusalém e nas cidades de Judá, as ovelhas passarão pela mão daquele que as conta, disse Iahweh.

As instituições do futuro — 14Eis que dias virão — oráculo de Iahweh — em que cumprirei a promessa que fiz à casa de Israel e à casa de Judá. 15Naqueles dias, naquele tempo, farei germinar para Davi um germe de justiça que exercerá o direito e a justiça na terra. 16Naqueles dias Judá será salvo e Jerusalém habitará em segurança. E este é o nome com que a chamarão: "Iahweh, nossa Justiça." 17Porque assim disse Iahweh: Não faltará a Davi um descendente que se sente no trono da casa de Israel. 18E aos sacerdotes e levitas não faltará um descendente diante de mim que ofereça o holocausto, queime as oferendas e ofereça todos os dias o sacrifício. 19E a palavra de Iahweh foi dirigida a Jeremias nestes termos: 20Assim disse Iahweh. Se puderdes romper minha aliança com o dia e a minha aliança com a noite, de maneira que não haja mais dia e noite em seu tempo determinado, 21então será também rompida a minha aliança com Davi, meu servo, de forma que já não haverá um filho seu que reine sobre o seu trono, assim como com os levitas, os sacerdotes que me servem. 22Como o exército dos céus que não pode ser enumerado, como a areia do mar que não pode ser contada, assim multiplicarei a posteridade de Davi, meu servo, e os levitas que me servem. 23A palavra de Iahweh foi dirigida a Jeremias nos seguintes termos: 24Não viste o que disse esse povo: "Iahweh

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rejeitou as duas famílias que havia eleito!" E assim despreza o meu povo, como se ele não fosse mais uma nação diante dele.25Assim disse Iahweh: Se não criei o dia e a noite e não estabeleci as leis do céu e da terra, 26então rejeitarei a descendência de Jacó e de Davi, meu servo, e deixarei de tomar entre seus descendentes os que governarão a posteridade de Abraão, de Isaac e de Jacó! Porque eu trarei de volta os seus cativos e terei piedade deles.

5. DIVERSOS

34 A sorte final de Sedecias — 1Palavra dirigida a Jeremias da parte de Iahweh, na época em que Nabucodonosor, rei da Babilônia, e todo o seu exército, todos os reis da terra submetidos à sua dominação e todos os povos estavam em guerra contra Jerusalém e contra todas as suas cidades. 2Assim disse Iahweh, Deus de Israel: Vai e dize a Sedecias, rei de Judá: Assim disse Iahweh. Eis que vou entregar esta cidade nas mãos do rei de Babilônia e ele a incendiará. 3E tu não escaparás à sua mão, mas serás capturado e entregue em suas mãos. Os teus olhos verão os olhos do rei da Babilônia e sua boca falará à tua boca; tu irás para a Babilônia. 4Mas escuta a palavra de Iahweh, Sedecias, rei de Judá! Assim disse Iahweh a teu respeito: Tu não morrerás pela espada, 5é em paz que morrerás. Assim como se queimaram perfumes para teus pais, os reis de antanho, que existiram antes de ti, assim também queimar-se-ão perfumes em tua honra e recitar-se-á por ti a lamentação: "Ah! Senhor!" Sou eu quem o declara — oráculo de Iahweh. 6O profeta Jeremias disse todas estas palavras a Sedecias, rei de Judá, em Jerusalém; 7o exército do rei da Babilônia travava, então, combate contra Jerusalém e contra todas as cidades de Judá que ainda resistiam, contra Laquis e Azeca, pois estas continuavam entre as cidades de Judá, cidades fortificadas.

O caso da libertação dos escravos — 8Palavra que foi dirigida a Jeremias da parte de Iahweh, depois que o rei Sedecias concluíra uma aliança com todo povo de Jerusalém, para proclamar uma libertação: 9cada um libertaria o seu escravo hebreu e a sua escrava hebréia, de modo que ninguém entre eles tivesse como escravo um judeu, seu irmão. 10Todos os príncipes e todo o povo que tinham participado desta aliança aceitaram libertar cada um seu escravo e sua escrava, de maneira a não tê-los mais como escravos. Aceitaram e os libertaram. 11Depois disso, porém, voltaram atrás e retomaram os escravos e as escravas que tinham libertado, e os reduziram novamente a escravos e escravas. 12Então a palavra de Iahweh foi dirigida a Jeremias nestes termos: 13Assim disse Iahweh, Deus de Israel: Concluí uma aliança com vossos pais, quando os tirei da terra do Egito, da casa da escravidão, dizendo: 14"Ao cabo de sete anos, cada um de vós libertará seu irmão hebreu, que se tiver vendido a ti; por seis anos ele te servirá, depois lhe devolverás a liberdade". Mas vossos pais não me deram ouvidos. 15Ora, hoje vos tínheis convertido e fazíeis o que é reto a meus olhos, proclamando cada um a libertação de seu próximo; havíeis concluído uma aliança diante de mim, na Casa, onde o meu nome é invocado. 16Mas voltastes atrás e profanastes o meu nome, retomou cada qual o seu escravo e a sua escrava, a quem havíeis devolvido a liberdade, e os reduzistes outra vez a serem escravos e escravas. 17Por isso, assim disse Iahweh: Não me escutastes, proclamando cada qual a libertação de seu irmão, de seu próximo. Eis que vou proclamar contra vós a libertação — oráculo de Iahweh — pela espada, pela peste e pela fome, e farei de vós um objeto de espanto para todos os reinos da terra. 18E aos homens que violaram a minha aliança, que não observaram os termos da aliança por eles concluída na minha presença, eu os tornarei como o bezerro que cortaram em duas metades para passarem entre as suas partes. 19Os príncipes de Judá e os príncipes de

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Jerusalém, os eunucos, os sacerdotes e todo o povo da terra, que passaram entre as partes do bezerro 20eu os entregarei nas mãos de seus inimigos e nas mãos daqueles que procuraram a sua vida: seus cadáveres servirão de alimento aos pássaros do céu e aos animais da terra. 21Entregarei, também, Sedecias, rei de Judá, e seus príncipes nas mãos de seus inimigos, nas mãos dos que procuram a sua vida, e nas mãos do exército do rei da Babilônia, que acaba de afastar-se para longe de vós. 22Eis que darei uma ordem — oráculo de Iahweh — e os trarei a esta cidade para que a ataquem, a tomem e a incendeiem. E farei das cidades de Judá um lugar desolado, em que ninguém habite.

35 O exemplo dos recabitas — 1Palavra que foi dirigida a Jeremias da parte de Iahweh, no tempo de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá: 2"Vai à casa dos recabitas, fala com eles e leva-os à Casa de Iahweh, a uma de suas salas, para fazê-los beber vinho". 3Tomei, pois, Jezonias, filho de Jeremias, filho de Habsanias, bem como seus irmãos e todos os seus filhos e toda a casa dos recabitas; 4levei-os à Casa de Iahweh, à sala de Ben- Joanã, filho de Jegdalias, homem de Deus, que está junto à sala dos príncipes e em cima da sala de Maasias, filho de Selum, o guarda do pórtico. 5Eu coloquei diante dos filhos da casa dos recabitas ânforas cheias de vinho, assim como taças, e lhes disse: "Bebei o vinho!" 6Eles, porém, disseram: "Nós não bebemos vinho, pois nosso pai Jonadab, filho de Recab, nos deu esta ordem: 'Não bebereis jamais vinho, nem vós, nem vossos filhos; 7da mesma forma não construireis casas, nem semeareis, nem plantareis vinhas, nem possuireis nenhuma dessas coisas; mas durante toda a vossa vida habitareis em tendas, para que vivais longos dias na terra em que residis.' 8Nós obedecemos a tudo o que nos ordenou nosso pai Jonadab, filho de Recab, nunca bebendo vinho, nem nós, nem nossas mulheres, nossos filhos e nossas filhas, 9e não construindo casas para morar, nem possuindo vinhas, campos nem sementeiras; 10mas vivemos em tendas. Obedecemos e fizemos tudo o que nos ordenou nosso pai Jonadab. 11Mas quando Nabucodonosor, rei da Babilônia, invadiu esta região, dissemos: 'Vinde! Entremos em Jerusalém para escapar ao exército dos caldeus e ao exército de Aram!' E permanecemos em Jerusalém". 12Então a palavra de Iahweh foi dirigida a Jeremias nestes termos: 13Assim disse Iahweh dos Exércitos, Deus de Israel. Vai e diz aos homens de Judá e aos habitantes de Jerusalém: Não aprendereis a lição e não obedecereis às minhas palavras? — Oráculo de Iahweh. 14As palavras de Jonadab, filho de Recab, foram observadas; ele proibiu que seus filhos bebessem vinho, e até hoje não beberam, obedecendo à ordem de seu pai. E eu falei-vos incessantemente e vós não me escutastes. 15Eu vós enviei, sem cessar, meus servos, os profetas, para dizer-vos: Converta-se cada qual de seu mau caminho, corrigi vossas ações, não sigais deuses estrangeiros para servi-los, e habitareis na terra que dei a vós e a vossos pais. Vós, porém, não me destes ouvidos e não me escutastes. 16Na verdade, os filhos de Jonadab, filho de Recab, observaram a ordem que lhes deu seu pai, mas o meu povo não me escutou! 17Por isso, assim disse Iahweh, Deus dos Exércitos, Deus de Israel. Eis que vou trazer sobre Judá e sobre todos os habitantes de Jerusalém toda a desgraça que lhes anunciei. Porque falei e não me escutaram, chamei-os e não me responderam. 18Então Jeremias disse à casa dos recabitas: "Assim disse Iahweh dos Exércitos, Deus de Israel, lá que obedecestes à ordem de vosso pai Jonadab, observastes todas as suas ordens e pusestes em prática tudo o que vos ordenou, 19por isso, assim disse Iahweh dos Exércitos, Deus de Israel: Não faltará a Jonadab, filho de Recab, um descendente, que estará diante de mim todos os dias!"

IV. Os sofrimentos de Jeremias

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36 O rolo de 605-604 — 1No quarto ano de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá, foi dirigida esta palavra a Jeremias da parte de Iahweh: 2Toma um rolo e escreve nele todas as palavras que te dirigi a respeito de Israel, Judá e todas as nações, desde o dia em que comecei a falar-te, no tempo de Josias, até hoje. 3Talvez, ao escutar todo o mal que tenciono fazer-lhes, os da casa de Judá, retorne cada um de seu mau caminho; então poderei perdoar-lhes sua iniqüidade e seu pecado. 4Jeremias chamou, então, Baruc, filho de Nerias, que escreveu num rolo, conforme o ditado de Jeremias, todas as palavras que Iahweh lhe dirigira. 5Então Jeremias deu a Baruc esta ordem: "Estou impedido, não posso entrar na Casa de Iahweh. 6Mas tu irás e lerás para o povo do rolo que escreveste, ditado por mim, todas as palavras de Iahweh, na Casa de Iahweh, no dia do jejum. Lerás, também, a todos os judeus vindos de suas cidades. 7Talvez sua súplica chegue diante de Iahweh e eles se convertam, cada qual, de seu mau caminho; porque são grandes a ira e o furor com que Iahweh ameaçou o seu povo". 8Baruc, filho de Nerias, fez como lhe ordenara o profeta Jeremias, lendo do livro as palavras de Iahweh, na Casa de Iahweh. 9No quinto ano de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá, no nono mês, foi convocado um jejum diante de Iahweh, para todo o povo de Jerusalém e para todo o povo que vinha das cidades de Judá. 10Então Baruc leu no livro as palavras de Jeremias para todo povo; estavam na Casa de Iahweh, na sala de Gamarias, o filho do escriba Safã, no pátio superior, à entrada da porta Nova da Casa de Iahweh. 11Ora Miquéias, filho de Gamarias, filho de Safã, tendo escutado as palavras de Iahweh tiradas do livro, 12desceu ao palácio real, à sala do escriba. Ali todos os príncipes estavam reunidos: Elisama, o escriba; Dalaías, filho de Semeias; Elnatã, filho de Acobor; Gamarias, filho de Safã; Sedecias, filho de Hananias, e todos os outros príncipes. 13Miquéias lhes narrou todas as palavras que ouvira quando Baruc leu no livro aos ouvidos do povo. 14Todos os príncipes enviaram a Baruc, Judi, filho de Natanias, e Selemias, filho de Cusi, para dizer-lhe: "Toma o rolo que leste para o povo e vem!" Baruc, filho de Nerias, tomou então o rolo e aproximou-se deles. 15Eles lhe disseram: "Senta-te e lê para nós". E Baruc leu para eles. 16Depois de escutar todas as palavras, eles se apavoraram e disseram entre si: "É absolutamente necessário que informemos ao rei todas essas palavras". 17E perguntaram a Baruc: "Diz-nos como escreveste todas estas palavras." 18Baruc lhes respondeu: "Jeremias me ditou todas essas palavras e eu as escrevi a tinta no livro." 19Os príncipes disseram, então, a Baruc: "Vai, esconde-te, tu e Jeremias; que ninguém saiba onde estais". 20Depois foram ao rei, no pátio do palácio, deixando o rolo guardado na sala do escriba Elisama. E informaram ao rei todas essas coisas. 21O rei enviou Judi para buscar o rolo, e ele o tomou da sala do escriba Elisama e leu-o diante do rei e diante de todos os príncipes que estavam de pé, em torno do rei. 22O rei estava sentado em sua casa de inverno — estava-se no nono mês — e o fogo de um braseiro ardia diante dele. 23E assim que Judi lia três ou quatro colunas, o rei as cortava com a faca do escriba e as lançava no fogo do braseiro, até que todo o rolo foi consumido pelo fogo do braseiro. 24Mas nem o rei nem nenhum de seus servidores, que escutavam estas palavras amedrontaram-se ou rasgaram as suas vestes. 25Ainda que Elnatã, Dalaías e Gamarias tivessem insistido com o rei para que não queimasse o rolo, ele não os escutou. 26O rei ordenou a Jeremiei, filho do rei, a Saraías, filho de Azriel, e a Selemias, filho de Abdeel, que prendessem Baruc, o escriba, e Jeremias, o profeta. Mas Iahweh os tinha escondido. 27Então a palavra de Iahweh foi dirigida a Jeremias, depois que o rei queimara o rolo com as palavras escritas por Baruc, ditadas por Jeremias: 28"Toma outro rolo, escreve nele todas as palavras que estavam no primeiro rolo, que Joaquim, rei de Judá, queimou. 29Contra Joaquim, rei de Judá, dirás: Assim disse Iahweh. Tu queimaste este rolo, dizendo: 'Por que escreveu nele: Certamente o rei da Babilônia virá, saqueará esta terra e dela fará desaparecer homens e animais?' 30Por isso assim disse Iahweh contra

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Joaquim, rei de Judá. Ele não terá mais ninguém para sentar-se no trono de Davi, e seu cadáver ficará exposto ao calor do dia e ao frio da noite. 31Eu castigarei nele, na sua descendência e nos seus servos as suas faltas; atrairei sobre eles, sobre os habitantes de Jerusalém e os homens de Judá toda a desgraça que lhes anunciei sem que me escutassem". 32Jeremias tomou outro rolo e o deu ao escriba Baruc, filho de Nerias, que nele escreveu, ditadas por Jeremias, todas as palavras do livro que Joaquim, rei de Judá, tinha queimado. E ainda foram acrescentadas muitas palavras como estas.

37 Julgamento de conjunto sobre Sedecias — 1O rei Sedecias, filho de Josias, reinou no lugar de Conias, filho de Joaquim, a quem Nabucodonosor, rei da Babilônia, havia estabelecido como rei na terra de Judá. 2Mas nem ele, nem seus servos, nem o povo da terra escutaram as palavras que Iahweh pronunciou por intermédio do profeta Jeremias.

Sedecias consulta Jeremias durante a interrupção do assédio em 588 — 3O rei Sedecias enviou Jucal, filho de Selemias, e o sacerdote Sofonias, filho de Maasias, ao profeta Jeremias, para dizer: "Intercede por nós junto a Iahweh nosso Deus!" 4Ora, Jeremias ia e vinha entre o povo: não o tinham ainda colocado na prisão. 5Entretanto, o exército do Faraó tinha saído do Egito; ao ouvir esta notícia, os caldeus, que sitiavam Jerusalém, tiveram de levantar o cerco. 6Então a palavra de Iahweh foi dirigida ao profeta Jeremias nestes termos: 7Assim disse Iahweh, Deus de Israel. Assim direis ao rei de Judá, que vos enviou para consultar-me: Eis que o exército do Faraó que saiu para vos ajudar voltará para a sua terra, o Egito! 8Os caldeus voltarão a lutar contra esta cidade, irão conquistá-la e incendiá-la. 9Assim disse Iahweh. Não vos enganeis, dizendo: "Certamente os caldeus partirão para longe de nós!" porque eles não partirão! 10Mesmo que derrotásseis todo o exército dos caldeus que vos combate e não restassem senão feridos, eles se levantariam, cada um em sua tenda, para incendiar esta cidade.

Prisão de Jeremias. Melhoria de sua sorte — 11Na época em que o exército dos caldeus levantou o cerco de Jerusalém por causa do exército do Faraó, 12saiu Jeremias de Jerusalém e foi ao território de Benjamim receber uma herança no meio do povo.13Quando ele estava na porta de Benjamim, estava lá um chefe da guarda, chamado Jerias, filho de Selemias, filho de Hananias; ele prendeu o profeta Jeremias, dizendo: "Tu passas para os caldeus!" 14Jeremias respondeu: "É falso! Eu não passo para os caldeus!" Mas sem ouvi-lo, Jerias prendeu Jeremias e o levou aos príncipes. 15Os príncipes se irritaram contra Jeremias, bateram nele e o aprisionaram na casa do escriba Jônatas, que eles tinham transformado em prisão. 16Assim Jeremias entrou num calabouço abobadado e ali permaneceu por muito tempo. 17O rei Sedecias mandou buscá-lo. Secretamente, em sua casa, o rei perguntou-lhe: "Há uma palavra de Iahweh?" Jeremias respondeu: "Sim!" E acrescentou: "Entre as mãos do rei da Babilônia serás entregue!" 18Depois disse Jeremias ao rei Sedecias: "Em que pequei contra ti, contra os teus servos ou contra este povo, para que me colocásseis na prisão? 19Onde estão os vossos profetas que vos anunciavam: 'O rei da Babilônia não virá contra vós nem contra esta terra'? 20Agora, pois, ó rei, meu senhor, digna-te escutar, que a minha súplica chegue diante de ti: não me faças voltar para a casa do escriba Jônatas, para que eu não morra ali". 21Então o rei Sedecias ordenou que custodiassem Jeremias no pátio da guarda e, cada dia, lhe dessem uma broa de pão, vinda da rua dos padeiros; até que não houvesse mais pão na cidade. E Jeremias permaneceu no pátio da guarda.

38 Jeremias na cisterna. Intervenção de Ebed-Melec — 1Safadas, filho de Matã, Gedalias, filho de Fassur, Jucal, filho de Selemias, e Fassur, filho de Melquias,

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escutaram as palavras que Jeremias dirigiu a todo o povo: 2"Assim disse Iahweh. Quem permanecer nesta cidade morrerá pela espada, pela fome e pela peste; quem, porém, se entregar aos caldeus viverá e terá a sua vida como despojo: ele viverá! 3Assim disse Iahweh: Esta cidade, certamente, será entregue às mãos do exército do rei da Babilônia, que a tomará!" 4Os príncipes disseram, então, ao rei: "Que este homem seja condenado à morte! Na verdade, ele desencoraja os guerreiros que permaneceram nesta cidade, e todo o povo, fazendo-lhes semelhantes propostas. Sim, este homem não busca, em absoluto, a paz para este povo, mas a sua desgraça". 5O rei Sedecias respondeu: "Ei-lo em vossas mãos, pois o rei não tem nenhum poder diante de vós!" 6Agarraram, então, Jeremias e o lançaram na cisterna de Melquias, filho do rei, no pátio da guarda; fizeram-no descer por meio de cordas. Nesta cisterna não havia água, mas lodo, e Jeremias atolou-se no lodo. 7Ora, Ebed-Melec, o cuchita, um eunuco ligado ao palácio real, soube que tinham posto Jeremias na cisterna. Como o rei se encontrava à porta de Benjamim, 8Ebed-Melec saiu do palácio real e dirigiu-se ao rei: 9"Meu senhor e rei, estes homens agiram mal tratando assim o profeta Jeremias; atiraram-no na cisterna: ali morrerá de fome, pois não há mais pão na cidade." 10Então o rei ordenou ao cuchita Ebed-Melec: "Toma contigo trinta homens e tira da cisterna o profeta Jeremias antes que morra." 11Ebed-Melec tomou consigo os homens, entrou no palácio real, no vestiário' do Tesouro; tomou de lá pedaços de pano rasgados c pedaços de pano velho, que fez chegar a Jeremias na cisterna por meio de cordas. 12Ebed Melec, o cuchita, disse a Jeremias: "Coloca estes pedaços de pano rasgados e estes pedaços de pano velho debaixo dos braços sob as cordas". Jeremias fez isso. 13Então suspenderam Jeremias por meio das cordas e tiraram no da cisterna. E Jeremias ficou no pátio da guarda.

Último encontro de Jeremias com Sedecias — 14O rei Sedecias mandou buscar o profeta Jeremias na terceira entrada do Templo de Iahweh. O rei disse a Jeremias: "Quero fazer-te uma pergunta. Não me ocultes nada!" 15Jeremias respondeu a Sedecias: "Se eu te respondo, não me farás morrer? E se eu te aconselho, não me escutarás!" 16Então o rei Sedecias fez, em segredo, um juramento a Jeremias: "Por Iahweh vivo, que nos deu esta vida, não te farei morrer nem te entregarei nas mãos dos que te querem matar". 17Então disse Jeremias a Sedecias: "Assim disse Iahweh, o Deus dos Exércitos, o Deus de Israel. Se, realmente, te entregares aos príncipes do rei da Babilônia, salvarás a tua vida e esta cidade não será incendiada; tu e tua família sobrevivereis. 18Mas se não te entregares aos príncipes do rei da Babilônia, esta cidade será entregue às mãos dos caldeus, que a incendiarão: quanto a ti, não escaparás de suas mãos". 19Então o rei Sedecias disse a Jeremias: "Tenho medo dos judeus que passaram para o lado dos caldeus. Poderiam entregar-me e me maltratariam". 20Jeremias respondeu: "Não te entregarão! Escuta a voz de Iahweh, conforme eu te falei, e então estarás bem e salvarás a tua vida. 21Se, no entanto, te recusas a sair, vê o que Iahweh me mostrou. 22Eis que todas as mulheres que ainda estão no palácio do rei de Judá serão levadas aos príncipes do rei da Babilônia e dirão: Eles te seduziram, enganaram-te os teus bons amigos. Teus pés chafurdam no lodaçal, e eles partiram! 23Sim, todas as tuas mulheres e teus filhos serão levados aos caldeus. E tu não escaparás às suas mãos, mas serás prisioneiro nas mãos do rei da Babilônia. Quanto a esta cidade, será incendiada". 24Sedecias disse a Jeremias: "Que ninguém venha a conhecer estas palavras, e não morrerás. 25Se os príncipes souberem do meu encontro contigo, virão e dir-te-ão: 'Faz-nos saber o que disseste ao rei e o que te disse o rei; não nos escondas nada, e não te faremos morrer'. 26Tu lhes responderás: 'Eu fiz ao rei este pedido: que não me envie outra vez à casa de Jônatas, para ali morrer'." 27E vieram todos os príncipes a Jeremias para interrogá-lo. Ele lhes respondeu conforme o rei ordenara. Então o deixaram em paz, pois a conversa

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não fora ouvida. 28Jeremias permaneceu no pátio da guarda até a tomada de Jerusalém. Ele estava ali quando Jerusalém foi tomada.

39 Sorte de Jeremias na queda de Jerusalém — 1No nono ano de Sedecias, rei de Judá, no décimo mês, Nabucodonosor, rei da Babilônia, atacou Jerusalém com todo seu exército, e sitiaram-na. 2No décimo primeiro ano de Sedecias, no quarto mês,' no nono dia, foi aberta uma brecha na cidade. 3E entraram todos os príncipes do rei da Babilônia e se estabeleceram na porta do Meio: Nergalsareser, Samgar-Nabu, Sar-Saquim, chefe dos eunucos, Nergalsareser, grande mago, e todos os outros príncipes do rei da Babilônia. 4No momento em que os viram, Sedecias, rei de Judá, e todos os seus soldados, fugiram e saíram da cidade, de noite, em direção ao jardim do rei, pela porta entre os dois muros, e tomaram o caminho da Arabá." 5O exército dos caldeus, no entanto, os perseguiu e alcançou Sedecias nas planícies de Jericó. Depois de aprisioná-lo, levaram-no a Rebla, na terra de Emat," diante de Nabucodonosor, rei da Babilônia, que o submeteu a julgamento. 6O rei da Babilônia mandou matar, em Rebla, os filhos de Sedecias, diante de seus olhos. Mandou, também, matar os nobres de Judá. 7Vazou, então, os olhos de Sedecias e pôs-lhe grilhões para levá-lo à Babilônia. 8Os caldeus incendiaram o palácio real e as casas particulares; destruíram os muros de Jerusalém. 9Nabuzardã, comandante da guarda, deportou para a Babilônia o resto da população deixada na cidade, os fugitivos que tinham se entregado e o resto dos artesãos. 10Nabuzardã, comandante da guarda, deixou no território de Judá aqueles dentre o povo que eram pobres e não possuíam nada, e, naquele dia, distribuiu-lhes vinhas e campos. 11Quanto a Jeremias, Nabucodonosor, rei da Babilônia, tinha dado esta ordem a Nabuzardã, comandante da guarda: 12"Toma-o, coloca teus olhos sobre ele, não lhe faças mal algum, mas trata-o como ele te pedir." 13Ele confiara esta missão a (Nabuzardã, comandante da guarda) Nabusezbã alto dignitário, a Nergalsareser, grande mago, e a todos os príncipes do rei da Babilônia. 14Mandaram retirar Jeremias do pátio da guarda e confiaram-no a Godolias, filho de Aicam, filho de Safã, para conduzi-lo à casa, e Jeremias permaneceu no meio do povo.

Oráculo de salvação para Ebed-Melec — 15Enquanto Jeremias estava fechado no pátio da guarda, a palavra de Iahweh lhe foi dirigida nestes termos: 16"Vai e diz ao cuchita Ebed-Melec: Assim disse Iahweh dos Exércitos, o Deus de Israel. Eis que vou cumprir contra esta cidade as minhas palavras, para desgraça e não para salvação. Naqueles dias elas se realizarão diante de teus olhos. 17Mas eu te livrarei neste dia — oráculo de Iahweh — e não serás entregue nas mãos dos homens, diante dos quais tu tremes. 18Sim, certamente eu te farei escapar e não cairás sob a espada, terás a tua vida como despojo, pois em mim puseste a tua confiança — oráculo de Iahweh".

40 Ainda a sorte de Jeremias — 1Palavra dirigida a Jeremias, da parte de Iahweh, depois que Nabuzardã, comandante da guarda, o enviou de volta de Ramá, donde o tinha retirado quando ele estava acorrentado no meio dos cativos de Judá e de Jerusalém, que estavam sendo deportados para a Babilônia. 2O comandante da guarda tomou Jeremias e disse-lhe: "Iahweh, teu, Deus, predisse esta desgraça para este lugar 3e a realizou. E fez Iahweh conforme falou, porque pecastes contra Iahweh e não escutastes a sua voz: assim esta coisa vos aconteceu. 4E agora, eis que eu te liberto, hoje, dos grilhões que tens em tuas mãos. Se te parece bom vir comigo para a Babilônia, vem e eu terei os meus olhos sobre ti. Se não te parece bom vir comigo para a Babilônia, deixa. Vê: tens diante de ti toda a terra, vai para onde te parecer bom e justo ir." 5E como ele não se voltasse ainda (acrescentou): "Podes voltar para junto de

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Godolias, filho de Aicam, filho de Safã, que o rei da Babilônia nomeou governador das cidades de Judá, e ficar com ele em meio ao povo, ou então podes ir para qualquer lugar que te pareça bom". Depois de dar-lhe víveres e um presente, o comandante da guarda despediu-o. 6Jeremias foi então para Masfa, onde estava Godolias, filho de Aicam, e permaneceu com ele, entre o povo que ficara na terra.

Godolias governador; seu assassínio — 7Todos os oficiais do exército que, com seus homens, estavam no campo, souberam que o rei da Babilônia tinha instituído Godolias, filho de Aicam, como governador da terra e lhe tinha confiado homens, mulheres e crianças, e os do povo humilde que não tinham sido deportados para a Babilônia. 8Foram a Godolias em Masfa: Ismael, filho de Natanias, Joanã e Jônatas, filhos de Carea, Saraías, filho de Taneumet, os filhos de Ofi, o netofatita, Jezonias, filho de Maacati, eles e seus homens. 9Godolias, filho de Aicam, filho de Safã, lhes fez um juramento a eles e a seus homens, dizendo: "Não temais servir aos caldeus, permanecei na terra e servi ao rei da Babilônia, e será bom para vós. 10Quanto a mim, eis que fiquei em Masfa, responsável diante dos caldeus que vêm a nós. Mas fazei a colheita do vinho, das frutas e do azeite, enchei vossos jarros e permanecei em vossas cidades, que ocupais". 11Da mesma forma, todos os judeus que estavam em Moab, entre os filhos de Amon e em Edom e em todas as regiões ouviram que o rei da Babilônia deixara um resto em Judá e colocara à frente deles Godolias, filho de Aicam, filho de Safã. 12Voltaram, pois, todos os judeus de todos os lugares em que estavam dispersos e entraram na terra de Judá, junto de Godolias, em Masfa, e fizeram uma colheita muito abundante de vinho e de frutas. 13Joanã, filho de Carea, e todos os oficiais do exército, que estavam no campo, vieram até Godolias, em Masfa. 14Eles lhe disseram: "Sabes, porventura, que Baalis, rei dos amonitas, mandou Ismael, filho de Natanias, para te matar?" Mas Godolias, filho de Aicam, não acreditou neles. 15Joanã, filho de Carea, disse secretamente, a Godolias, em Masfa: "Irei matar Ismael, filho de Natanias, sem que ninguém o saiba. Por que atentaria contra a tua vida, e por que todos os judeus, que se reuniram em torno de ti, seriam dispersados? Por que seria destruído o resto de Judá?" 16Godolias, filho de Aicam, no entanto, respondeu a Joanã, filho de Carea: "Não faças isso, pois o que dizes sobre Ismael é falso!"

41 1No sétimo mês, Ismael, filho de Natanias, filho de Elisama, que era de linhagem real, veio com os grandes do reino e dez homens em busca de Godolias, filho de Aicam, em Masfa. E enquanto comiam juntos sua refeição, lá em Masfa, 2Ismael, filho de Natanias, levantou-se com seus dez homens e feriram com a espada a Godolias, filho de Aicam, filho de Safã. Assim mataram aquele a quem o rei da Babilônia tinha posto como governador da terra. 3Ismael matou, também, todos os judeus que estavam com ele, Godolias, em Masfa, bem como os caldeus — homens de guerra que estavam lá. 4No segundo dia depois do assassínio de Godolias, quando ainda ninguém estava ciente, 5chegaram homens de Siquém, Silo e Samaria, em número de oitenta, com a barba raspada, as vestes rasgadas e o corpo marcado por incisões; tinham em suas mãos oblações e incenso para apresentar na Casa de Iahweh. 6Ismael, filho de Natanias, saiu de Masfa ao seu encontro, e avançava chorando. Quando os alcançou, disse-lhes: "Vinde aonde está Godolias, filho de Aicam". 7Mas quando entraram no meio da cidade, Ismael, filho de Natanias, estrangulou-os, ele e os homens que estavam com ele, e ordenou que os atirassem no fundo de uma cisterna. 8Havia, contudo, entre esses homens, dez que disseram a Ismael: "Não nos mates, pois temos no campo provisões escondidas, trigo, cevada, azeite e mel". Ele parou e não os matou com os seus irmãos. 9A cisterna em que Ismael tinha lançado os cadáveres dos homens que matou era uma

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grande cisterna, aquela que o rei Asa construíra contra Baasa, rei de Israel. Foi esta que Ismael, filho de Natanias, encheu de homens assassinados. 10Depois Ismael aprisionou todo o resto do povo que estava em Masfa, as filhas do rei e todo o povo que permaneceu em Masfa e que Nabuzardã, comandante da guarda, confiara a Godolias, filho de Aicam. Ismael, filho de Natanias, levou-os como prisioneiros e se pôs em marcha para passar aos amonitas. 11Quando Joanã, filho de Carea, e todos os oficiais que se encontravam com ele tomaram conhecimento de todos os crimes praticados por Ismael, filho de Natanias, 12reuniram todos os seus homens e partiram para atacar Ismael, filho de Natanias. Alcançaram-no junto às Grandes Águas de Gabaon. 13Ao ver Joanã, filho de Carea, e todos os oficiais que o acompanhavam, todo o povo que estava com Ismael se alegrou. 14Todo o povo que Ismael trouxera de Masfa deu meia-volta, partiu e foi para o lado de Joanã, filho de Carea. 15Quanto a Ismael, filho de Natanias, escapou de Joanã, com oito homens, e foi para os amonitas. 16Então Joanã, filho de Carea, e todos os oficiais que estavam com ele, reuniram todo o resto do povo que Ismael, filho de Natanias, trouxera prisioneiro de Masfa, depois que matou a Godolias, filho de Aicam; homens guerreiros, mulheres e crianças, bem como eunucos, trazidos por eles de Gabaon. 17Puseram-se em marcha e fizeram etapa no refúgio de Camaã, perto de Belém, para chegar, depois, ao Egito, 18longe dos caldeus, que eram temidos, pois Ismael, filho de Natanias, tinha matado Godolias, filho de Aicam, que o rei da Babilônia pusera à frente da terra.

42 A fuga para o Egito — 1Então todos os oficiais, juntamente com Joanã, filho de Carea, Azarias, filho de Osaías, e com todo o povo, pequenos e grandes, foram 2dizer ao profeta Jeremias: "Que nossa súplica chegue a ti. Intercede junto a Iahweh, teu Deus, por nós e por esse resto pois de muitos sobramos poucos, como teus olhos comprovam. 3Que Iahweh, teu Deus nos indique o caminho que devemos tomar e o que devemos fazer!" 4O profeta Jeremias lhes disse: "Eu ouvi! Eis que vou interceder junto a Iahweh, vosso Deus, como pedis, e toda palavra que Iahweh responder eu vo-la farei saber, e não vos esconderei nada." 5E eles disseram a Jeremias: "Que Iahweh seja contra nós testemunha verdadeira e fiel, se não agirmos conforme a palavra que Iahweh, teu Deus, nos manda por teu intermédio. 6Se for bom ou se for mau, obedeceremos à voz de Iahweh, nosso Deus, a quem te enviamos: para que nos aconteça o bem, se obedecermos à voz de Iahweh, nosso Deus". 7Ao cabo de dez dias, a palavra de Iahweh foi dirigida a Jeremias. 8Então ele convocou Joanã, filho de Carea, e todos os oficiais que estavam com ele, assim como todo o povo, pequenos e grandes. 9Ele lhes disse: "Assim disse Iahweh, Deus de Israel, junto a quem me delegastes para apresentar-lhe a vossa súplica. 10Se, verdadeiramente, permanecerdes nesta terra, vos edificarei e não vos destruirei, vos plantarei e não vos arrancarei. Pois estou arrependido do mal que vos fiz. 11Não tenhais medo do rei da Babilônia, diante de quem tendes medo. Não tenhais medo — oráculo de Iahweh — pois estou convosco para vos salvar e vos livrar das suas mãos. 12Eu vos concederei a misericórdia, e ele terá misericórdia de vós e vos fará voltar à vossa terra. 13Mas se dizeis: 'Não permaneceremos nesta terra!', desobedecendo assim à voz de Iahweh, vosso Deus, 14dizendo: 'Não! É para o Egito que nós iremos, lá onde não mais veremos a guerra, nem ouviremos a voz da trombeta, nem nos faltará mais pão: é lá que queremos ficar', 15então, ouvi a palavra de Iahweh, ó resto de Judá! Assim disse Iahweh dos Exércitos, Deus de Israel. Se decidis partir para o Egito e se lá entrardes para ficar, 16a espada que temeis vos atingirá lá, na terra do Egito, e a fome que vos inquieta seguirá vossos passos no Egito: lá morrereis! 17E todos os homens decididos a partir para o Egito e lá permanecer, lá morrerão pela espada, pela fome e pela peste: não haverá entre eles nem sobreviventes nem fugitivos, diante da desgraça que atrairei sobre

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eles. 18Porque assim disse Iahweh dos Exércitos, Deus de Israel. Assim como minha ira e minha fúria se derramaram sobre os habitantes de Jerusalém, assim também se derramará a minha fúria sobre vós, à vossa entrada no Egito. Sereis objeto de execração, de estupefação, de maldição e de zombaria, e não tornareis a ver este lugar. 19Resto de Judá, Iahweh vos declarou: 'Não entreis no Egito!' Sabei que eu, hoje, vos adverti solenemente. 20Vós vos enganastes a vós mesmos quando me delegastes junto a Iahweh, vosso Deus, dizendo: 'Intercede por nós junto a Iahweh, nosso Deus, e tudo o que proclamar Iahweh, nosso Deus, anuncia-o para que possamos fazê-lo'. 21Eu vo-lo anuncio, hoje, mas não escutareis a voz de Iahweh, vosso Deus, em nada do que vos enviou por mim. 22E agora sabei com clareza: Morrereis pela espada, pela fome e pela peste, no lugar onde quisestes entrar e vos estabelecer".

43 1Quando Jeremias terminou de dizer a todo povo todas as palavras de Iahweh, seu Deus — todas essas palavras que Iahweh, seu Deus, lhe enviou, 2Azarias, filho de Osaías, Joanã, filho de Carea, e todos os homens insolentes disseram a Jeremias: "É mentira o que dizes. Iahweh, nosso Deus, não te enviou para dizer-nos: 'Não entreis no Egito para ali permanecer'. 3Mas é Baruc, filho de Nerias, que te instiga contra nós, a fim de nos entregar nas mãos dos caldeus para nos fazer morrer e para nos deportar para a Babilônia". 4Assim, nem Joanã, filho de Carea, nem nenhum dos oficiais, nem ninguém do povo escutou a voz de Iahweh, permanecendo na terra de Judá. 5Joanã, filho de Carea, e todos os oficiais do exército tomaram, pois, todo resto de Judá, aqueles que haviam regressado de todos os povos, em que estavam dispersos, para habitarem na terra de Judá: 6homens, mulheres e crianças, bem como as filhas do rei e todas as pessoas que Nabuzardã, comandante da guarda, deixara com Godolias, filho de Aicam, filho de Safã, e, também, o profeta Jeremias e Baruc, filho de Nerias. 7Eles entraram na terra do Egito, porque não escutaram a voz de Iahweh, e chegaram a Cáfnis.

Jeremias prediz a invasão do Egito por Nabucodonosor — 8A palavra de Iahweh foi dirigida a Jeremias, em Táfnis, nestes termos: 9"Toma em tuas mãos (algumas) pedras grandes e, na presença dos judeus, enterra-as no cimento do terraço que se encontra à entrada da casa do Faraó, em Táfnis. 10Depois lhes dirás: "Assim disse Iahweh dos Exércitos, Deus de Israel. Eis que mandarei buscar Nabucodonosor, rei da Babilônia, meu servo; ele insulará seu trono sobre estas pedras que enterrei e estenderá sobre elas seu dossel. 11Ele virá e ferirá a terra do Egito: Quem é para a morte, a morte! Quem é para o cativeiro, o cativeiro! Quem é para a espada, a espada! 12Ele ateará fogo nos templos dos deuses do Egito, queimá-los-á e os deportará; ele se envolverá com a terra do Egito como o pastor se envolve com o seu manto, e sairá dali em paz. 13Quebrará as esteias de Bet-Sames, que está na terra do Egito, e incendiará os templos dos deuses do Egito.

44 O Último ministério de Jeremias: Os judeus no Egito e a rainha do Céu — 1Palavra que foi dirigida a Jeremias para todos os judeus residentes na terra do Egito, residentes em Magdol, Táfnis, Nof e na terra de Patros. 2Assim disse Iahweh dos Exércitos, Deus de Israel: Vós vistes toda a desgraça que fiz vir sobre Jerusalém e sobre todas as cidades de Judá: ei-las hoje em ruínas e sem habitantes! 3Foi por causa das maldades que cometeram para me irritarem, indo incensar e servir deuses estrangeiros, que nem eles, nem vós, nem vossos pais conheciam. 4E eu vos enviei, constantemente, todos os meus servos, os profetas, para dizer: "Não façais essa coisa abominável que detesto!" 5Mas não escutaram nem deram ouvidos para se converterem de sua maldade e não mais incensarem deuses estrangeiros. 6Então minha fúria e minha cólera

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transbordaram e abrasaram as cidades de Judá e as ruas de Jerusalém, que se tornaram ruína e solidão, como hoje. 7Agora, assim disse Iahweh, Deus dos Exércitos, Deus de Israel: Por que causais a vós mesmos um mal tão grande? Iríeis exterminar do meio de Judá homens e mulheres, crianças e lactentes, sem que vos subsista um resto, 8visto que me teríeis irritado com as obras de vossas mãos, incensando deuses estrangeiros na terra do Egito, onde entrastes para nela morardes, trabalhando assim para o vosso extermínio e tornando-vos um objeto de maldição e zombaria entre todas as nações da terra? 9Vós vos esquecestes das maldades de vossos pais, das maldades dos reis de Judá e da maldade de vossos príncipes, de vossas maldades e das maldades de vossas mulheres, cometidas na terra de Judá e nas ruas de Jerusalém? 10Eles não se deixaram abater até o dia de hoje, não temeram e não caminharam conforme a minha Lei e conforme as prescrições que coloquei diante de vós e diante de vossos pais. 11Por isso, assim disse Iahweh dos Exércitos, Deus de Israel: Eis que volto minha face contra vós para vossa desgraça, para exterminar todo Judá. 12Tomarei o resto de Judá que decidiu entrar na terra do Egito para ali morar: eles perecerão todos, na terra do Egito eles cairão, eles perecerão pela espada e pela fome, do menor ao maior eles morrerão pela espada e pela fome, e serão objeto de escárnio, estupefação, desprezo e opróbrio. 13Castigarei aqueles que se instalaram na terra do Egito, como castiguei Jerusalém: pela espada, pela fome e pela peste. 14Não haverá quem escape ou fuja, do resto de Judá, daqueles que entraram na terra do Egito para lá morarem. Quanto a voltar para a terra de Judá, para onde eles desejam voltar, a fim de lá habitarem, certamente não voltarão, a não ser alguns fugitivos. 15Todos os homens que sabiam que suas mulheres incensavam deuses estrangeiros e todas as mulheres presentes — uma grande assembléia — (e todo povo que habitava na terra do Egito e em Patros) responderam a Jeremias, dizendo: 16"A palavra que nos falaste em nome de Iahweh, nós não a queremos escutar. 17Porque continuaremos a fazer tudo o que prometemos: oferecer incenso à rainha do Céu e fazer-lhe libações, como fazíamos, nós e nossos pais, nossos reis e nossos príncipes, nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém; tínhamos, então, fartura de pão, éramos felizes e não víamos a desgraça. 18Mas desde que cessamos de oferecer incenso à rainha do Céu e de fazer-lhe libações, tudo nos faltou e nós perecemos pela espada e pela fome. 19Por outro lado, quando oferecemos incenso à rainha do Céu e quando lhe fazemos libações é, por acaso, sem que saibam nossos maridos que lhe fazemos bolos que a representam e lhe fazemos libações?" 20Jeremias disse, então, a todo o povo, aos homens e às mulheres, a todo o povo que lhe tinha dado esta resposta: 21"O incenso que oferecestes nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém vós e vossos pais, vossos reis e vossos príncipes, assim como o povo da região, não foi dele que Iahweh se lembrou e lhe subiu ao coração? 22Iahweh já não se pôde conter diante da maldade de vossos atos, diante das coisas abomináveis que fizestes: assim vossa terra tornou-se uma ruína, um objeto de espanto e uma maldição, sem habitantes, como é hoje. 23Porque oferecestes incenso e pecastes contra Iahweh e não escutastes a voz de Iahweh nem andastes segundo a sua Lei, suas prescrições e suas ordens, por isso esta desgraça vos atingiu, como é o caso de hoje". 24Depois disse Jeremias a todo povo e a todas as mulheres: "Escutai a palavra de Iahweh, vós todos, judeus, que estais na terra do Egito:25Assim disse Iahweh dos Exércitos, Deus de Israel. Vós e vossas mulheres não só dissestes com vossas bocas, mas também realizastes com vossas mãos: 'Cumpriremos exatamente os votos que fizemos: oferecer incenso à rainha do Céu e fazer-lhe libações.' Pois bem, confirmai os vossos votos, cumpri, exatamente, vossos votos! 26Contudo, escutai a palavra de Iahweh, vós todos, judeus que habitais na terra do Egito; eis que juro por meu grande Nome, disse Iahweh, que em toda a terra do Egito meu Nome não será mais invocado pela boca de nenhum homem de Judá, dizendo: 'Pela vida do Senhor Iahweh!'27Eis que

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velarei sobre eles para a sua desgraça, e não para a sua felicidade: todos os homens de Judá que se encontram na terra do Egito morrerão pela espada e pela fome, até a sua extinção total. 28No entanto, os que escaparem à espada — um pequeno número — voltarão da terra do Egito para a terra de Judá. Então todo o resto de Judá vindo à terra do Egito para ali habitar reconhecerá qual a palavra que se realiza: a minha ou a sua! 29Este será para vós — oráculo de Iahweh — o sinal de que vos visitarei neste lugar: então reconhecereis que minhas palavras de ameaça contra vós se realizarão. 30Assim disse Iahweh: Eis que entregarei o Faraó Hofra,' rei do Egito, nas mãos de seus inimigos e dos que querem matá-lo, assim como entreguei Sedecias, rei de Judá, nas mãos de Nabucodonosor, rei da Babilônia, seu inimigo, que queria matá-lo".

45 Palavra de consolo para Baruc — 1 Palavra que o profeta Jeremias disse a Baruc, filho de Nerias, quando este escreveu estas palavras, ditadas por Jeremias, num livro, no quarto ano de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá. 2Assim disse Iahweh, Deus de Israel, a teu respeito, Baruc: 3Tu disseste: "Ai de mim, pois Iahweh acumula aflição à minha dor! Estou cansado de gemer e não encontro repouso!" 4Assim lhe dirás: Assim disse Iahweh. Eis que vou demolir o que construí, e o que plantei vou arrancar, e isto para toda a terra! 5E tu procuras para ti grandes coisas! Não procures! Porque eis que vou trazer a desgraça sobre toda a carne, oráculo de Iahweh. Mas a ti eu concederei a vida em recompensa, em todos os lugares para onde fores.

461Palavra de Iahweh que foi dirigida ao profeta Jeremias a respeito das nações.

V. Oráculos contra as nações

Oráculos contra o Egito. A derrota de Carquemis — 2Sobre o Egito. Contra o exército do Faraó Necao, rei do Egito, que se encontrava perto do rio Eufrates, em Carquemis, quando Nabucodonosor, rei da Babilônia, o derrotou, no quarto ano de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá. 3Preparai pequenos e grandes escudos, aproximai-vos para o combate! 4Selai os cavalos e montai, ó cavaleiros! Alinhai-vos, com os capacetes, afiai as lanças, vesti as couraças! 5Por que os vi tomados de pânico, voltando as costas? Seus guerreiros, derrotados, fugiram, sem olhar para trás. Há terror por toda parte — oráculo de Iahweh. 6Que o mais veloz não fuja e o mais valente não escape! Ao norte, nas margens do Eufrates, eles vacilaram e caíram. 7Quem era o que subia como o Nilo e como rios agitava as águas? 8É o Egito que subia como o Nilo e como rios agitava as águas. Ele dizia: "Subirei, cobrirei a terra, destruirei a cidade e os seus habitantes! 9Avante, cavalos! Correi a toda pressa, carros! Que os guerreiros avancem, Cuch e Fut que maneja o escudo, e os ludianos que retesam o arco!" 10Este dia é, para o Senhor Iahweh dos Exércitos, um dia de vingança, para se vingar de seus adversários: a espada devora e se sacia, ela se embriaga de seu sangue. Porque é um sacrifício, para o Senhor Iahweh dos Exércitos, na terra do Norte, junto ao rio Eufrates. 11Sobe a Galaad e toma contigo bálsamo, virgem, filha do Egito! Em vão multiplicas os teus remédios: não há cura para ti! 12As nações souberam da tua desonra, a terra encheu-se do teu clamor, pois o guerreiro tropeçou contra o guerreiro e ambos caíram.

A invasão do Egito — 13Palavra que Iahweh dirigiu ao profeta Jeremias, quando Nabucodonosor, rei da Babilônia, veio para ferir a terra do Egito.14Anunciai no Egito, fazei ouvir em Magdol, fazei ouvir em Nof e em Táfnis! Dizei: Levanta-te e prepara-te, porque a espada devora à tua volta. 15Por que Ápis fugiu? Por que o teu Poderoso não resistiu? Porque Iahweh o derrubou! 16Ele multiplica aquele que tropeça, cada um cai

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sobre seu companheiro; eles dizem: "De pé! Voltemos ao nosso povo e à nossa terra natal, por causa da espada devastadora", 17Eles chamarão ao Faraó, rei do Egito, com este nome:' "Barulho! Ele deixou passar o momento!" 18Por minha vida —oráculo do Rei — cujo nome é Iahweh dos Exércitos. Sim, como o Tabor entre os montes e o Carmelo sobre o mar, ele virá. 19Prepara para ti a bagagem da deportação, habitante, filha do Egito; porque Nof se transformará em desolação, destruída e sem habitantes. 20O Egito era uma gazela toda bela, mas um moscardo do Norte veio e pousou sobre ela. 21Também seus mercenários em seu meio eram como novilhos cevados: mas eles também viraram as costas, fugiram todos juntos, não resistiram. Porque veio sobre eles o dia de sua ruína, o tempo de seu castigo. 22Sua voz é como a da serpente que silva, porque marcham em massa e com machados vêm contra ela, como cortadores de árvores. 23Eles cortam a sua floresta — —oráculo de Iahweh — porque era impenetrável; pois eles são mais numerosos que gafanhotos, inumeráveis. 24Ficou envergonhada, a filha do Egito, entregue às mãos de um povo do Norte.25Disse Iahweh dos Exércitos, Deus de Israel: Eis que vou castigai Amon de No, o Faraó, o Egito, seus deuses e seus reis, o Faraó e todos os que nele confiam. 26Eu os entregarei nas mãos dos que procuram a sua morte, nas mãos de Nabucodonosor, rei da Babilônia, e nas mãos de seus servos. Mais tarde, porém, o Egito será habitado como nos dias de outrora — oráculo de Iahweh. 27Tu, porém, não temas, meu servo Jacó, não te aterrorizes, Israel!' Porque eis-me aqui para livrar-te do longínquo, e teus descendentes, da terra de seu cativeiro. Jacó voltará e habitará em paz, tranqüilo, sem que ninguém o inquiete. 28Tu não temas, meu servo Jacó, — oráculo de Iahweh — porque eu estou contigo: quando eu exterminar todas as nações nas quais eu te dispersei, não te exterminarei: eu te corrigirei conforme o direito, não te deixarei impune de lado.

47 Oráculo contra os filisteus — 1Palavra de Iahweh que foi dirigida ao profeta Jeremias sobre os filisteus, antes que o Faraó atacasse Gaza: 2Assim disse Iahweh. Eis as águas que sobem do Norte e se tornam uma torrente inundante; elas inundam a terra e o seu conteúdo, as cidades e os que nelas habitam. Os homens gritam, e gemem todos os habitantes da terra, 3ao barulho dos cascos de seus cavalos, ao ruído de seus carros, ao estrondo de suas rodas. Os pais não se voltam para os filhos, dado o enfraquecimento de suas mãos, 4por causa do dia que chegou para arrasar todos os filisteus, para cortar de Tiro e Sidônia todo resto de auxiliar. Porque Iahweh arrasou os filisteus, o resto da ilha de Cáftor. 5Impuseram a tonsura a Gaza, Ascalon foi aniquilada. Tu, que restas de seu vale, até quando farás incisões em ti? 6Ah! espada de Iahweh, até quando estarás sem repouso? Volta à tua bainha, basta, acalma-te! 7Como poderá repousar, se Iahweh lhe deu ordens? Para Ascalon e as margens do mar, para lá ele a convocou.

48 Oráculos contra Moab — 1A respeito de Moab Assim disse Iahweh dos Exércitos, o Deus de Israel. Ai de Nebo, porque ele foi devastado, Cariataim ficou envergonhada, ela foi tomada, ficou envergonhada a cidadela, ela está aterrorizada, 2Já não existe a fama de Moab! Em Hesebon eles tramaram a desgraça contra ela: "Vamos! Eliminemo-la de entre as nações!" Tu também, Madmena, serás reduzida ao silêncio, a espada te persegue. 3Um ruído de gritos de Oronaim: "Devastação! Um imenso desastre!" 4Moab foi esmagada, seus pequenos fizeram ouvir um grito. 5Sim, a subida de Luit em lágrimas ele a sobe; e à descida de Oronaim, ouve-se um clamor de desastre! 6"Fugi, salvai vossa vida, sede como o burro selvagem no deserto!" 7Porque confiaste em tuas obras e em teus tesouros, também tu serás tomada. Camos partirá para o exílio juntamente com seus sacerdotes e seus príncipes. 8Virá um devastador contra toda cidade e nenhuma cidade escapará: o Vale perecerá e o Planalto será saqueado, conforme disse Iahweh. 9Dai asas

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a Moab, para que possa voar! Suas cidades se transformarão em desolação, ninguém as habitará. 10(Maldito o que faz com negligência o trabalho de Iahweh! E maldito o que priva de sangue sua espada!) 11Moab estava tranqüilo desde a sua juventude e repousava em sua borra, nunca fora transvasado, nunca partira para o exílio; por isso mantinha o seu sabor e seu perfume não se tinha alterado. 12Por causa disso, eis que dias virão, — oráculo de Iahweh — em que lhe enviarei transvasadores que o transvasarão; esvaziarão seus vasos e quebrarão as suas ânforas. 13Então Moab se envergonhará de Camos, como a casa de Israel se envergonhou de Betel, que era a sua segurança. 14Como podeis dizer: "Somos heróis, homens aptos para a guerra"? 15Moab está devastado, escalaram as suas cidades, a elite de sua juventude desceu para a matança — oráculo do Rei, cujo nome é Iahweh dos Exércitos. 16A ruína de Moab está prestes a vir e sua desgraça vem com muita pressa. 17Condoei-vos dele, vós todos que estais ao seu redor, e todos os que conheceis o seu nome dizei: "Como está quebrada a vara poderosa, o cajado magnífico!" 18Desce de tua glória, assenta-te em solo sedento, habitante, filha de Dibon, porque o destruidor de Moab subiu contra ti, ele destruiu tuas fortalezas. 19Coloca-te no caminho e espreita, habitante de Aroer, interroga o fugitivo e àquele que escapou. Dize: "O que aconteceu?" 20"Moab está envergonhado, porque foi destruído; gemei e gritai! Anunciai sobre o Arnon que Moab foi devastado!" 21O julgamento veio contra a Planície, contra Helon, Jasa, Mefaat, 22Dibon, Nebo, Bet-Deblataim, 23Cariataim, Bet-Gamul, Maon, 24Cariot, Bosra e contra todas as cidades da região de Moab, as longínquas e as próximas. 25"Está abatida a força de Moab e seu braço está quebrado — oráculo de Iahweh". 26Embriagai-o, porque se exaltou contra Iahweh: que Moab se revolva em seu vômito! Que ele se torne um objeto de zombaria! 27Israel não foi para ti um objeto de zombaria? Acaso foi encontrado entre ladrões, para que meneies a cabeça cada vez que falas dele? 28"Abandonai as cidades, morai nos rochedos, habitantes de Moab! Sede como a pomba que faz seu ninho nas bordas do abismo!" 29Soubemos do orgulho de Moab, que ele é muito arrogante, de sua soberba, de seu orgulho, de sua arrogância e da altivez de seu coração. 30— Eu conheço — oráculo de Iahweh — a sua insolência, sua tagarelice sem consistência, seus atos sem consistência! 31— Por isso eu gemo sobre Moab, a respeito de Moab todo inteiro eu grito; pelos homens de Quir-Hares suspira-se. 32Por ti eu choro mais do que por Jazer, ó vinha de Sábama.Teus sarmentos ultrapassaram o mar, eles atingiram até Jazer. Sobre a tua colheita e a tua vindima caiu o devastador. 33Desapareceram a alegria e o contentamento das vinhas e da terra de Moab. Eu acabei com o vinho dos lagares, o pisoeiro não pisa mais, não ressoa mais o grito de alegria. 34Os gritos de Hesebon e de Eleale vão até Jasa. Eleva-se a voz de Segor até Oronaim e Eglat-Salisia, porque mesmo as águas de Nemrim estão destinadas à desolação. 35Eu farei desaparecer de Moab — oráculo de Iahweh — aquele que faz uma oferenda nos altos e aquele que incensa seus deuses. 36Por isso meu coração ulula sobre Moab como flautas, meu coração ulula sobre os homens de Quir-Hares como flautas, porque o ganho que ajuntou perdeu-se. 37Sim, toda cabeça foi raspada, toda barba cortada, em todas as mãos há incisões, sobre todos os rins um saco! 38Sobre todos os terraços de Moab e em todas as suas praças, tudo é lamentação, porque eu quebrei Moab como um vaso que não se quer mais — oráculo de Iahweh. 39Como está destruído! Gemei! Como Moab, vergonhosamente, voltou as costas! Moab tornou-se um objeto de zombaria e de espanto para todos que o cercam. 40Porque assim disse Iahweh: (Eis como uma águia que voa e estende suas asas sobre Moab.) 41As cidades são tomadas, as fortalezas capturadas. (O coração dos guerreiros de Moab será, naquele dia, como o coração de uma mulher em dores de parto.) 42Moab foi exterminado, não é mais povo, porque se exaltou contra Iahweh. 43Terror, fossa e rede contra ti, habitante de Moab! —Oráculo de Iahweh. 44Quem fugir diante do terror cairá na fossa, e quem

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subir da fossa será aprisionado pela rede. Porque eu trarei tudo isto sobre Moab, no ano de seu castigo —oráculo de Iahweh. 45À sombra de Hesebon pararam, sem forças, os fugitivos, quando um fogo saiu de Hesebon, uma labareda do palácio de Seon, que devorou as têmporas de Moab e o crânio dos filhos do tumulto. 46Ai de ti, Moab! O povo de Camos se perdeu! Pois os teus filhos foram levados para o exílio e as tuas filhas para o cativeiro. 47Mas eu mudarei a sorte de Moab, no fim dos dias — oráculo de Iahweh. Até aqui o julgamento de Moab.

49 Oráculo contra Amon 1Aos filhos de Amon. Assim disse Iahweh: Israel não tem filhos, não tem ele herdeiro? Por que Melcom herdou Gad e seu povo habitou em suas cidades? 2Por isso, eis que dias virão, —oráculo de Iahweh — em que farei ressoar em Rabá dos filhos de Amon um grito de guerra. Ela se tornará um lugar de desolação, suas filhas serão incendiadas e Israel herdará de seus herdeiros, disse Iahweh. 3Geme, Hesebon, porque Ar foi devastada. Gritai, filhas de Rabá, vesti-vos de saco, lamentai, errai pelos muros, porque Melcom irá para o exílio juntamente com os seus sacerdotes e os seus príncipes. 4Como te glorias de teu Vale, filha rebelde, que confiavas em teus tesouros! "Quem virá contra mim?" 5Eis que vou trazer contra ti o pavor —oráculo do Senhor Iahweh dos Exércitos — de todos os teus arredores; vós sereis dispersos, cada um diante de si, e não haverá quem reúna os fugitivos. 6(Mas depois disto mudarei a sorte dos filhos de Amon, — oráculo de Iahweh.)

Oráculo contra Edom 7A Edom. Assim disse Iahweh dos Exércitos. Não há mais sabedoria em Temã, perdeu-se o conselho dos inteligentes. desapareceu a sua sabedoria? 8Fugi! Dai as costas! Escondei-vos bem, habitantes de Dadã, porque a ruína de Esaú eu trarei contra ele, no tempo de seu castigo. 9Se os vindimadores vierem a ti, não deixarão sobras; se são ladrões à noite, eles destruirão à vontade. 10Porque eu mesmo desnudo Esaú, descubro os seus esconderijos: ele não pode mais esconder-se. Sua raça foi aniquilada, seus irmãos e seus vizinhos não existem! 11Deixa os teus órfãos, eu os farei viver, e que as tuas viúvas confiem em mim! 12Porque assim disse Iahweh: eis que aqueles que não deveriam beber da taça certamente beberão dela, e tu ficarás impune? Não ficarás impune, porque certamente beberás! 13Pois, por mim mesmo juro — oráculo de Iahweh — que Bosra se tornará um objeto de espanto, de zombaria, uma ruína e uma maldição; todas as suas cidades se tornarão ruínas perpétuas. 14Eu ouvi uma mensagem de Iahweh, um arauto foi enviado entre as nações: "Reuni-vos! Marchai contra ela! Levantai-vos para a guerra!" 15Porque, eis que te faço pequeno entre as nações, desprezado entre os homens. 16O teu terror te seduziu, a arrogância de teu coração, a ti, que moras nos cumes da Rocha, que te agarras ao alto da montanha! Ainda que construas teu ninho tão alto como a águia de lá eu te derrubarei — oráculo de Iahweh. 17Edom se tornará um objeto de espanto; todos os que passarem por ela ficarão estupefatos e assobiarão diante de todas as suas feridas. 18Como na destruição de Sodoma e Gomorra, e de suas cidades vizinhas, disse Iahweh, ninguém morará mais ali, homem algum habitará nela. 19Eis que como um leão que sobe da espessura do Jordão para os pastos sempre verdes, assim, de repente, eu os expulsarei dali e estabelecerei ali quem for escolhido. Quem é, pois, como eu? Quem poderá me desafiar? Quem é o pastor que resiste diante de mim? 20Por isso escutai o desígnio que Iahweh formulou contra Edom e o plano que formou contra os habitantes de Temã: Em verdade, serão arrastados como os menores do rebanho! Em verdade, se espantarão diante deles as suas pastagens! 21Ao ruído de sua queda, treme a terra. O seu grito se ouve até no mar dos Caniços.22Eis como que uma águia que sobe e paira e estende suas asas sobre Bosra. O

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coração dos guerreiros de Edom será, naquele dia, como o coração de uma mulher em dores de parto.

Oráculo contra as cidades sírias 23A Damasco. Emat e Arfad estão envergonhadas

porque ouviram uma notícia má. Elas se agitam de aflição como o mar, que não pode acalmar-se. 24Damasco está sem coragem, volta-se para a fuga, um terror se apoderou dela (angústia e dores se apoderaram dela como de uma parturiente.) 25Como não será abandonada a cidade famosa, a vila alegre? 26Por isso tombarão seus jovens em suas praças e todos os homens de guerra perecerão, naquele dia — oráculo de Iahweh dos Exércitos. 27Eu atearei fogo às muralhas de Damasco e ele devorará os palácios de Ben-Adad.

Oráculo contra as tribos árabes — 28A Cedar e aos reinos de Hasor, que Nabucodonosor, rei da Babilônia, derrotou. Assim disse Iahweh: Levantai-vos, subi contra Cedar, aniquilai os filhos do Oriente! 29Tomaram as suas tendas e os seus rebanhos, suas lonas, todos os seus utensílios; carregaram os seus camelos e gritaram contra eles: "Terror de todos os lados!" 30Fugi, apressai-vos, escondei-vos bem, habitantes de Hasor — oráculo de Iahweh — porque Nabucodonosor, rei da Babilônia, planejou contra vós, formou contra vós um plano: 31 "Levantai-vos! Subi contra uma nação tranqüila, que habita em segurança — oráculo de Iahweh — que não tem portas nem ferrolhos, eles habitam sozinhos. 32Seus camelos se tornarão presa e a multidão de seus rebanhos, despojo!" Eu os dispersarei para todos os ventos, esses têmporas-raspadas e de todos os lados eu trarei sua ruína, oráculo de Iahweh. 33Hasor se tornará um abrigo de chacais, um deserto para sempre. Ninguém morará mais ali, homem algum habitará nela.

Oráculo contra Elam — 34Palavra de Iahweh que foi dirigida ao profeta Jeremias, a respeito de Elam, no começo do reinado de Sedecias, rei de Judá: 35Assim disse Iahweh dos Exércitos. Eis que vou quebrar o arco de Elam, o melhor de sua fortaleza. 36Eu trarei sobre Elam quatro ventos, dos quatro cantos do céu. Eu os dispersarei na direção de todos esses ventos, de modo que não haverá nação aonde não cheguem os expulsos de Elam. 37Farei os elamitas tremer diante de seus inimigos, diante daqueles que atentam contra a sua vida. Eu trarei sobre eles a desgraça, o ardor de minha ira — oráculo de Iahweh. Mandarei a espada atrás deles, até que os tenha exterminado. 38Eu estabelecerei o meu trono em Elam e exterminarei ali reis e príncipes — oráculo de Iahweh. 39Mas no fim dos dias restabelecerei a sorte de Elam — oráculo de Iahweh.

50 Oráculo contra a Babilônia — 1Palavra que Iahweh falou contra a Babilônia, contra a terra dos caldeus, por intermédio do profeta Jeremias.

Queda de Babilônia, libertação de Israel 2Anunciai entre as nações, fazei ouvir, levantai um sinal, fazei ouvir, não o oculteis, dizei:Babilônia foi tomada, Bel envergonhado, Merodac arrasado. (Seus ídolos estão envergonhados, suas imagens arrasadas.) 3Porque subiu contra ela uma nação do Norte que fará de sua terra uma desolação; e não haverá mais habitante nela, homens e animais fugiram, foram embora. 4Naqueles dias, naquele tempo — oráculo de Iahweh — os filhos de Israel virão, (eles juntamente com os filhos de Judá),eles caminharão chorando e procurarão a Iahweh, seu Deus. 5Eles perguntarão por Sião, em direção a ela estará a sua face: "Vinde! Unamo-nos a Iahweh por uma aliança eterna, que não será esquecida!" 6Ovelhas perdidas era o meu povo. Seus pastores as fizeram errar, as montanhas as desorientaram, elas foram de

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montanha em colina, esqueceram o seu redil. 7Todos os que as encontravam as devoravam, seus inimigos diziam: "Não somos culpados, porque eles pecaram contra Iahweh, morada da justiça, e contra a esperança de seus pais, Iahweh!" 8Fugi do meio da Babilônia e saí da terra dos caldeus! Sede como bodes à testa de um rebanho. 9Porque eis que vou suscitar e fazer subir contra Babilônia um grupo de grandes nações; da região Norte elas se colocarão em ordem de combate contra ela; por lá ela será tomada; suas flechas são como as de um guerreiro hábil, que não volta de mãos vazias. 10A Caldéia será entregue ao saque, todos os que a pilharem serão saciados — oráculo de Iahweh. 11Ah! Ajuntai-vos! Triunfai, ó devastadores de minha herança! Saltai como uma novilha na relva! Relinchai como garanhões! 12Vossa mãe está profundamente envergonhada, aquela que vos gerou, coberta de vergonha! Ei-la, a última das nações: deserto, solo árido e estepe. 13Por causa da cólera de Iahweh ela não será habitada, será uma devastação total. Quem passar pela Babilônia se espantará e assobiará diante de todas as suas feridas. 14Ponde-vos em ordem de combate em redor contra a Babilônia, vós todos que manejais o arco! Atirai contra ela, não poupeis as flechas, porque ela pecou contra Iahweh! 15Gritai contra ela de todos os lados! Ela estendeu a sua mão, seus baluartes caíram, suas muralhas foram destruídas. Porque esta é a vingança de Iahweh! Vingai-vos dela! Fazei-lhe o que ela fez! 16Eliminai da Babilônia aquele que semeia e o que maneja a foice no tempo da colheita! Diante da espada devastadora, cada um se volte para o seu povo, cada um fuja para a sua terra. 17Israel era uma ovelha desgarrada, que os leões afugentaram. O primeiro que o devorou foi o rei da Assíria, e aquele que, por último, lhe quebrou os ossos foi Nabucodonosor, rei da Babilônia. 18Por isso assim disse Iahweh dos Exércitos, Deus de Israel: Eis que vou castigar o rei da Babilônia e a sua terra, como castiguei o rei da Assíria. 19Farei Israel retornar ao seu prado para que paste no Carmelo e em Basã; na montanha de Efraim e em Galaadele será saciado. 20Naqueles dias e naquele tempo — oráculo de Iahweh — procurar-se-á a iniqüidade de Israel: ela não existirá mais, e os pecados de Judá, mas não serão encontrados, porque eu perdoarei o que deixei como resto.

A queda da Babilônia anunciada em Jerusalém 21 "Contra a terra de Merataim! Sobe contra ela e contra os habitantes de Facud: massacra-os, extermina-os até o último oráculo de Iahweh — e age como eu te ordenei!" 22Ruído de guerra na terra! Um grande desastre! 23Como foi quebrado, feito em pedaços, o martelo de toda a terra? Como se tornou Babilônia um objeto de espanto entre as nações? 24Coloquei-te uma armadilha e foste presa, ó Babilônia, mas tu não percebeste. Tu foste surpreendida e dominada, porque te insurgiste contra Iahweh! 25Iahweh abriu o seu arsenal, e fez sair as armas de sua cólera, porque há trabalho para o Senhor Iahweh dos Exércitos, na terra dos caldeus! 26— "Vinde a ela de todos os cantos da terra, abri os seus celeiros, amontoai-a como feixes, exterminai-a, que ela não tenha resto! 27Massacrai todos os seus touros, que eles desçam para o matadouro! Ai deles, porque chegou o seu dia, o tempo de seu castigo". 28Voz dos que fugiram e dos que escaparam da terra da Babilônia para anunciar em Sião a vingança de Iahweh, nosso Deus, a vingança de seu Templo!

O pecado de insolência

29Convocai arqueiros contra a Babilônia, todos os que manejam o arco! Acampai em redor contra ela, que ninguém escape! Tratai-a conforme as suas obras, tudo o que ela fez, fazei-lhe. Porque ela foi arrogante contra Iahweh contra o Santo de Israel. 30Por isso tombarão os seus jovens em suas praças e todos os seus guerreiros serão destruídos, naquele dia — oráculo de Iahweh! 31Eis-me aqui contra ti, "Arrogância", — oráculo do

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Senhor Iahweh dos Exércitos — porque o teu dia chegou, o tempo de teu castigo. 32" Arrogância" tropeçará e cairá, e ninguém a levantará; eu incendiarei as suas cidades, e o fogo devorará todos os seus arredores.

Iahweh redentor de Israel

33Assim disse Iahweh dos Exércitos: Os filhos de Israel são oprimidos (e juntamente com eles os filhos de Judá), todos os que os deportaram os retêm, eles recusam deixá-los ir. 34Mas o seu Redentor é poderoso, seu nome é Iahweh dos Exércitos; certamente ele pleiteará a sua causa, para tranqüilizar a terra e fazer tremer os habitantes da Babilônia. 35Espada contra os caldeus — oráculo de Iahweh — contra os habitantes da Babilônia, contra os seus príncipes e os seus sábios! 36Espada contra os seus adivinhos: que eles se tornem insensatos! Espada contra seus heróis: que eles sejam aterrorizados! 37Espada contra seus cavalos e seus carros, e contra todo o amontoado de gente que está nela; sejam como mulheres! Espada contra seus tesouros: que sejam saqueados! 38Aridez sobre suas águas: que elas sequem! Porque é uma terra de ídolos, eles se agarram obstinadamente a horrores! 39Por isso os gatos selvagens ali morarão com os chacais, nela morarão os avestruzes. Ela não será nunca mais habitada, e de geração em geração não será mais povoada. 40Como quando Deus destruiu Sodoma, Gomorra e os seus vizinhos — oráculo de Iahweh — ninguém habitará mais ali, nem residirá nela um filho de homem.

O povo do Norte e o leão do Jordão

41Eis que um povo vem do Norte, uma grande nação e reis numerosos levantam-se dos confins da terra. 42Eles retêm firmemente arco e dardo, são cruéis e não têm compaixão; o seu ruído é como o bramido do mar; montam cavalos, estão preparados para o combate como um só homem, contra ti, filha da Babilônia. 43O rei da Babilônia ouviu a notícia, suas mãos desfaleceram, a angústia se apoderou dele, uma dor como a da parturiente. 44Eis que, como um leão, ele sobe do matagal do Jordão para a pastagem sempre verde. Porque em um momento eu os expulsarei de lá e estabelecerei nela aquele que for escolhido. Pois quem é como eu? Quem poderá me citar em juízo? Quem é o pastor que poderá colocar-se diante de mim? 45Por isso escutai o desígnio de Iahweh que ele formou contra a Babilônia, e o seu plano que ele montou contra a terra dos caldeus: Em verdade eles serão arrastados como os mais pequenos do rebanho! Em verdade serão devastadas diante deles as suas pastagens! 46Ao ruído da tomada da Babilônia, tremerá a terra e um grito será ouvido entre as nações.

51 Iahweh contra a Babilônia

1Assim disse Iahweh: Eis que vou suscitar contra a Babilônia e contra os habitantes de Leb-Camai um vento destruidor. 2Eu enviarei à Babilônia joeiradores para joeirá-la. Eles assolarão a sua terra, porque eles surgirão contra ela de todos os lados, no dia da desgraça. 3— Que o arqueiro não maneje o seu arco! Que ele não se vanglorie de sua couraça! — Não tenhais compaixão de seus jovens, exterminai todo o seu exército! 4Os feridos cairão na terra dos caldeus e os transpassados nas ruas de Babilônia. 5Porque Israel e Judá não são viúvas de seu Deus, Iahweh dos Exércitos, ainda que a sua terra esteja cheia de pecados contra o Santo de Israel. 6Fugi do meio da Babilônia (e salve cada um a sua vida); não pereçais por seu crime, porque é o tempo da vingança para Iahweh, ele mesmo lhe dará a paga! 7Babilônia era uma taça de ouro na mão de Iahweh:

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ela embriagava a terra inteira; de seu vinho bebiam as nações, por isso se tornaram loucas. 8Mas de repente caiu Babilônia e se quebrou: gemei sobre ela! Tomai bálsamo para a sua dor, talvez ela seja curada! 9— "Nós queríamos curar Babilônia, mas ela não foi curada. Deixai-a! Vamos cada um para a nossa terra!" — Sim, o seu julgamento atinge o céu, ele se eleva até às nuvens. 10Iahweh fez aparecer a nossa justiça. Vinde! Narremos em Sião a obra de Iahweh, nosso Deus. 11Afiai as setas, enchei as aljavas! Iahweh suscitou o espírito dos reis dos medos, porque contra a Babilônia é o seu plano de destruí-la: Sim, esta é a vingança de Iahweh, a vingança de seu Templo. 12Levantai a bandeira contra a muralha da Babilônia! Reforçai a guarda! Postai sentinelas! Armai emboscadas! Porque Iahweh não só planeja, mas também executa tudo o que disse contra os habitantes da Babilônia. 13Tu que habitas as margens das grandes águas, tu, rica de tesouros, teu fim chegou, o termo de tuas rapinas. 14Iahweh dos Exércitos jurou por si mesmo: Eu te encherei de homens como de gafanhotos, eles soltarão contra ti um grito de guerra. 15Foi ele que fez a terra por seu poder, estabeleceu o mundo por sua sabedoria, e por sua inteligência estendeu os céus. 16Quando ressoa a sua voz, há um barulho de águas no céu. Ele faz subir as nuvens dos confins da terra; ele produz os raios para a chuva e tira os ventos de seus reservatórios. 17Todo homem se torna estúpido, sem compreender, todo ourives se envergonha do ídolo porque sua escultura é mentirosa, não há nela sopro vital. 18Eles são vaidade, obra de zombaria no tempo de seu castigo eles perecerão. 19A "Porção de Jacó" não é como eles, porque ele formou o universo, e Israel é a tribo de sua herança. Seu nome é Iahweh dos Exércitos.

O martelo de Iahweh e o monte colossal 20Tu foste para mim um martelo, uma arma de guerra. Contigo martelei as nações, contigo destruí os reinos, 21contigo martelei o cavalo e o cavaleiro. contigo martelei o carro e o condutor, 22contigo martelei o homem e a mulher, contigo martelei o velho e a criança, contigo martelei o jovem e a virgem, 23contigo martelei o pastor e o rebanho, contigo martelei o camponês e a junta, contigo martelei governadores e magistrados, 24mas eu retribuirei à Babilônia e a todos os habitantes da Caldeia todo o mal que eles fizeram em Sião, diante dos vossos olhos — oráculo de Iahweh. 25Eis-me contra ti, montanha da destruição —oráculo de Iahweh — destruição de toda a terra! Estenderei contra ti a minha mão e te farei rolar dos rochedos, transformando-te em uma montanha queimada. 26Não tirarão mais de ti uma pedra angular nem uma pedra fundamental, porque tu te tornarás uma desolação eterna —oráculo de Iahweh.

Em direção ao fim! 27Levantai uma bandeira na terra, tocai a trombeta entre as nações!

Consagrai contra ela as nações, convocai contra ela reinos Ararat, Meni e Asquenez — estabelecei contra ela um oficial de alistamento. Fazei subir cavalos, como gafanhotos eriçados. 28Consagrai contra ela as nações: os reis da Média, seus governadores, todos os seus magistrados e toda a terra em seu domínio. 29A terra tremeu e se agitou, quando se realizou contra Babel o plano de Iahweh de transformar a Babilônia em desolação, sem habitantes. 30Os heróis da Babilônia cessaram de combater, eles se instalaram em suas cidadelas; esgotou-se a sua virilidade, eles se tornaram mulheres. Incendiaram as suas habitações, quebraram os seus ferrolhos. 31O estafeta corre ao encontro do estafeta, o mensageiro ao encontro do mensageiro, para anunciar ao rei da Babilônia que a sua cidade foi capturada de todos os lados: 32as passagens foram ocupadas, nos baluartes atearam fogo e os homens de guerra foram tomados pelo espanto. 33Porque assim disse Iahweh dos Exércitos, o Deus de Israel: A filha da Babilônia é como uma eira, no tempo em que se pisa nela: ainda um pouco, e chegará para ela o tempo da colheita.

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A vingança de Iahweh

34Devorou-me, consumiu-me, Nabucodonosor, o rei da Babilônia, ele me deixou como um prato vazio, engoliu-me como um dragão, encheu o seu ventre de minhas melhores partes, ele me expulsou. 35"Caiam sobre a Babilônia a violência e as feridas que eu sofri!",diz o habitante de Sião. "Caia sobre os habitantes da Caldéia o meu sangue!", diz Jerusalém. 36Por isso, assim disse Iahweh: Eis que eu pleitearei a tua causa e me encarregarei da tua vingança. Eu secarei o seu mar e estancarei a sua fonte. 37Babilônia se tornará um monte de pedras, um refúgio de chacais, um objeto de espanto e de zombaria, sem habitantes. 38Rugem juntos como leões, urram como filhotes de leão. 39Quando estão quentes, eu preparo as suas bebidas, eu os faço beber para que se tornem bêbados, durmam um sono eterno e não despertem mais — oráculo de Iahweh. 40Eu os farei descer como cordeiros ao matadouro, como carneiros e bodes.

Elegia sobre a Babilônia

41Como Sesac foi tomada, como foi conquistada, a glória de toda a terra? Como se tornou a Babilônia um lugar desolado, entre as nações? 42Subiu o mar contra a Babilônia, na torrente de suas ondas ela foi submergida. 43Suas cidades se tornaram um lugar desolado, uma terra seca, uma estepe, uma terra onde ninguém habita e onde não passa mais o filho do homem.

A visita de Iahweh aos ídolos

44Eu visitarei Bel na Babilônia e tirarei de sua boca o que engoliu. As nações não afluirão mais a ele. Mesmo a muralha da Babilônia cairá. 45Sai de seu meio, meu povo! Salve cada qual a sua vida diante do ardor da ira de Iahweh! 46Que o vosso coração não desfaleça! Não temais pela notícia que se propala na terra: em um ano tal boato, e outro ano, tal outro; a violência triunfa sobre a terra e tirano sucede a tirano. 47Por isso, eis que dias virão em que visitarei os ídolos da Babilônia. Toda a sua terra se envergonhará e todos os seus traspassados cairão em seu meio. 48Então soltarão gritos de alegria sobre a Babilônia os céus e a terra e todos os que estão neles, porque do Norte chegam a ela os devastadores — oráculo de Iahweh! 49Babilônia deve cair, ó traspassados de Israel, da mesma maneira que para a Babilônia caíram, os traspassados de toda terra. 50Vós que escapastes da espada, parti! Não vos detenhais! De longe pensai em Iahweh que Jerusalém esteja em vosso coração! 51"Nós nos envergonhamos, porque ouvimos o insulto, a ignomínia cobre o nosso rosto, porque vieram estrangeiros aos santuários da Casa de Iahweh." 52Por isso, eis que dias virão, — oráculo de Iahweh — em que visitarei os seus ídolos e em toda sua terra gemerá o ferido. 53Mesmo que a Babilônia suba até os céus, mesmo que ela torne inacessível a altura de sua cidadela, ao meu comando virão a ela os devastadores —oráculo de Iahweh. 54Um ruído de gritaria vem da Babilônia, de um grande desastre da terra dos caldeus! 55Porque Iahweh devasta a Babilônia e acaba com o seu grande ruído, ainda que suas ondas bramem como grandes águas e ressoe o fragor de sua voz. 56Porque veio contra ela, contra a Babilônia, um devastador, seus heróis foram feitos prisioneiros, seus arcos foram quebrados. Sim, Iahweh é um Deus de represálias, ele certamente retribuirá! 57Eu farei beber a seus príncipes e a seus sábios, a seus governadores, a seus magistrados e a seus heróis; eles dormirão um sono eterno e não despertarão mais —oráculo do Rei, cujo nome é Iahweh dos Exércitos!

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Babilônia arrasada

58Assim disse Iahweh dos Exércitos: A larga muralha da Babilônia será completamente arrasada e atearão fogo em suas altas portas. Assim em vão penam os povos e as nações se cansam para o fogo.

Oráculo jogado no Eufrates — 59Eis a ordem que o profeta Jeremias deu a Saraías, filho de Nerias, filho de Maasias, quando este partiu com Sedecias, rei de Judá, para a Babilônia, no quarto ano de seu reinado. Saraías era o camareiro-mor. 60Jeremias escrevera em um só livro toda desgraça que devia sobrevir à Babilônia, todas estas palavras que tinham sido escritas contra a Babilônia. 61Jeremias disse, pois, a Saraías: "Quando chegares à Babilônia, vê e proclama todas estas palavras. 62Tu dirás: 'Iahweh, tu mesmo disseste a respeito deste lugar que ele seria destruído, de sorte que não ficasse nele habitante, nem homem nem animal, porque devia tornar-se uma desolação perpétua.' 63Logo que acabares de ler esse livro, atarás a ele uma pedra e o lançarás nó meio do Eufrates! 64Dirás, então: 'Assim afunde Babilônia e não se levante mais, por causa da desgraça que eu fiz cair sobre ela.' " Até aqui as palavras de Jeremias.

VI. Apêndices

52 A catástrofe de Jerusalém e o favor concedido a Joaquin 1Sedecias tinha vinte e um anos quando começou a reinar e reinou onze anos em Jerusalém. O nome de sua mãe era Hamital, ela era filha de Jeremias, de Lebna.2E ele fez o que é mau aos olhos de Iahweh, como tudo que fizera Joaquim.3Assim aconteceu a Jerusalém e Judá, por causa da ira de Iahweh, a ponto de as rejeitar de sua presença. Sedecias revoltou-se contra o rei da Babilônia. 4E aconteceu no nono ano de seu reinado, no décimo mês, no décimo dia do mês, que Nabucodonosor, rei da Babilônia, veio, ele e todo o seu exército, contra Jerusalém. Eles acamparam diante da cidade e construíram uma trincheira ao redor dela. 5E a cidade ficou sitiada até o undécimo ano do rei Sedecias. 6No quarto mês, no nono dia do mês, a fome dominou na cidade e não havia pão para o povo da terra. 7E uma brecha foi aberta na muralha da cidade. Então o rei e todos os homens de guerra fugiram e saíram da cidade, de noite pelo caminho da porta entre os dois muros que está perto do jardim do rei — os caldeus estavam em volta da cidade — e tomaram o caminho da Arabá. 8Mas o exército dos caldeus perseguiu o rei e alcançou Sedecias nas planícies de Jericó, e todo o seu exército debandou dele. 9Aprisionaram, então, o rei e o fizeram subir ao rei da Babilônia, em Rebla, na terra de Emat, e este o submeteu a julgamento. 10E o rei da Babilônia matou os filhos de Sedecias diante de seus olhos; e também os príncipes de Judá ele matou em Rebla. 11Vazou então os olhos de Sedecias e atou-o com cadeias de bronze. E o rei da Babilônia o conduziu à Babilônia e o colocou no cárcere, até o dia de sua morte. 12No quinto mês, no décimo dia do mês — era o décimo nono ano do reinado de Nabucodonosor, rei da Babilônia — Nabuzardã, chefe da guarda, funcionário do rei da Babilônia, veio a Jerusalém. 13Ele incendiou a Casa de Iahweh, a casa do rei e todas as casas de Jerusalém. 14Todo o exército dos caldeus que estava com o chefe da guarda derrubou todas as muralhas em torno de Jerusalém. 15Nabuzardã, chefe da guarda, deportou (uma parte dos pobres do povo e) o resto do povo que tinha ficado na cidade, os desertores que tinham passado ao rei da Babilônia e o resto dos artesãos. 16Mas Nabuzardã, chefe da guarda, deixou ficar uma parte dos pobres da terra, como vinhateiros e lavradores. 17Os caldeus quebraram as colunas de bronze que estavam na Casa de Iahweh, os suportes e o mar de bronze que estavam na Casa de Iahweh, e carregaram todo o bronze para a Babilônia. 18Eles tomaram, também, as

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panelas, as pás, as facas, as bacias para a aspersão, as bandejas e todos os utensílios de bronze, que serviam no culto. 19E o chefe da guarda tomou, ainda, os copos, os braseiros, as bacias para a aspersão, as panelas, os lustres, as bandejas e as taças, tanto de ouro como de prata. 20Quanto às duas colunas, ao mar único, aos doze bois de bronze que estavam debaixo do mar e aos suportes que o rei Salomão fizera para a Casa de Iahweh, não se podia calcular o que pesava o bronze de todos esses utensílios. 21Quànto às colunas, uma tinha dezoito côvados de altura, sua circunferência doze côvados, sua espessura quatro dedos e ela era oca; 22um capitel de bronze estava sobre ela, a altura do capitel era de cinco côvados; tinha ao redor uma grade e romãs, e tudo era de bronze. Como esta, era a segunda coluna. 23Havia noventa e seis romãs dos lados; todas as romãs eram cem em redor da grade. 24E o chefe da guarda tomou, também, Saraías, o sacerdote chefe, Sofonias, o segundo sacerdote, e os três guardas da porta. 25Da cidade tomou um eunuco que era comandante dos homens de guerra, sete homens do serviço pessoal do rei que se encontravam na cidade, o escrivão-mor do exército que alistava o povo da região, bem como sessenta homens do povo da região que se encontravam no meio da cidade. 26Nabuzardã, chefe da guarda, tomou-os e os conduziu ao rei da Babilônia em Rebla, 27e o rei da Babilônia os mandou matar em Rebla, na terra de Emat. Assim foi Judá deportado para longe de sua terra. 28Este foi o povo que Nabucodonosor deportou. No sétimo ano: três mil e vinte e três judeus; 29no décimo oitavo ano de Nabucodonosor: oitocentos e trinta e duas pessoas; 30no vigésimo terceiro ano de Nabucodonosor, Nabuzardã, chefe da guarda, deportou setecentos e quarenta e cinco judeus. Ao todo: quatro mil e seiscentas pessoas 31Mas no trigésimo sétimo ano da deportação de Joaquin, rei de Judá, no décimo segundo mês, no vigésimo quinto (dia) do mês, Evil-Merodac, rei da Babilônia, no ano em que começou a reinar, concedeu graça a Joaquin rei de Judá, e o fez sair do cárcere. 32Falou-lhe com bondade e lhe concedeu um assento superior ao dos outros reis que estavam com ele na Babilônia. 33Ele trocou as suas vestes de preso, e ele comeu pão constantemente na sua presença, todos os dias da sua vida. 34Seu sustento lhe foi dado, constantemente, pelo rei da Babilônia, dia após dia, até o dia de sua morte, todos os dias de sua vida.