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    Uma narrativa cartogrfica do Porto da Barra e da Praa da Piedade. OFICINA DE EXPERINCIA METODOLGICA #3

    Wan-Dall Junior, Osnildo Ado [1984 - ]Oficina de experincia metodolgica #3: uma narrativa cartogrfica doPorto da Barra e da Praa da Piedade / Osnildo Ado Wan-Dall Junior. Salvador, inverno de 2012

    livreto 38 pp. com mini-CD + monculos-escape; caixa 4 x 28 x 36cm

    1. Cidade. 2. Experincia. 3. Narrativas urbanas.

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    Para quem apreende uma nova cidade possvel a cada dia.

    SUMRIO

    5 Prembulo

    6 PARTE 1

    9 Miolo: um Entrepossvel

    11 PARTE 2

    31 Quadro final

    34 Referncias35 Notas37 Crditos

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    PREMBULO

    Este trabalho apresenta um conjunto de micronarrativas urbanas de diferentes naturezas e est

    dividido em duas partes principais. A primeira uma introduo/apresentao que discorre

    sobre a ideia de narrativa cartogrfica tal como ela se configura aqui, tensionando a

    confluncia e entrelaamento de outros tipos de narrativas possveis: seria este trabalho uma

    narrativa literria e, ao mesmo tempo, tambm uma narrativa fragmentria, composta de partes

    e pedaos que constituem um todo cartogrfico possvel? Em seguida, essa mesma introduo

    pontua, ainda que de maneira breve, a experincia metodolgica que possibilitou essas

    narrativas, caracterizando-a como um protocolo de apreenso da cidade. A segunda parte, por

    sua vez, composta das prprias narrativas provenientes dessa experincia.

    Conectando essas duas partes, contudo, um Entre1 possvel se desdobra textualmente;

    um texto que se coloca entre a experincia e a narrao, permeando-as e costurando-as,

    indicando qual o papel do narrador dessa experincia, ou melhor, quem conta essa histria. Ao

    final do trabalho, outro breve texto compe um ltimo quadro dessa sequncia de

    cenas/situaes/ambincias urbanas, considerando o desfecho da narrativa apenas como umapausa, ao vislumbrar ainda outras linhas de fuga2 e possibilidades de continuidade da histria

    narrada.

    PARTE 1

    7 INTRODUO

    8 A Oficina / Protocolo metodolgico:Fazer corpo, tomar corpo e dar corpo s ambincias urbanas

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    PARTE 2

    12 NARRATIVAS

    14 Experincia metodolgica 1: Porto da Barra16 # Fazer corpo18 ## Tomar corpo20 ### Dar corpo21 Performance1: sobre a balaustrada

    23 Experincia metodolgica 2: Praa da Piedade25 # Fazer corpo26 ## Tomar corpo

    28 ### Dar corpo30 Performance2: sobre o galho de rvore

    NARRATIVAS

    O desvio justamente esse: misturar o que o

    protocolo colocou em etapas. Misturar a prpria

    sequencia das narrativas apresentadas fora do

    udio. Desviar.

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    A equipe francesa d o sinal para a primeira etapa da experincia: imerso no ambiente, a

    percepo da ambincia: observar o espao filmado, o que estava ali, c em cima, entre

    cmeras, atravs das lentes.

    # FAZER CORPO

    Tempo destinado para a etapa: 10 minutos.

    Aps: troca de impresses/relatos.

    Na experincia, o fazer corpo era quase um incorporar, no fosse o incorporar ser o

    requisito prprio da etapa seguinte, tomar corpo. Essa a primeira mistura entre as etapas e

    uma quase total impossibilidade de separ-las. A experincia nos conduzia a isso, incitavaesse mergulho profundo na incorporao. Os olhos videogrficos estavam j posicionados,ligados, recording. Os olhos videogrficos e os nossos se estavam cumpliciando ao

    impregnarmo-nos daquela ambincia. Nossos olhares percorriam as lentes e, atravessando-as,

    misturavam-se com os olhos das cmeras.

    Pelas lentes e ao redor delas: carros, muitos carros, como o Porto tem carros! A pista

    cinzenta se mostrava como um total contraponto com o lado de baixo (da areia e do mar). E a

    cor era acentuada pela sombra das rvores da Avenida, um sombrio quase mido, totalmente

    refrescante. Seria a ambincia asseptizada ou ser que ela provocava assepsia? A mobilidade

    era a dos carros; disso, no h dvida alguma. Para o pedestre atravessar, tem que implorar

    para os motoristas. Pedir licena no adianta nada.A experincia foi feita a p, caminhando nas caladas e na avenida. Tem ali perto uma

    sequencia de restaurantes. Um chama a ateno: o Restaurante Van Gogh. O autorretrato do

    pintor est estampado logo na fachada do restaurante, e l dentro as mesas tm toalhas muito

    coloridas. Esse o comrcio formal do Porto: restaurantes no trreo, embora tambm haja

    por ali uma ou outra academia, albergues. Tem gente que mora ali tambm, em casa e na rua.

    Se a gente for ao Porto de noite, muita gente dorme na rua. De dia tambm. Acho que no Porto

    as temporalidades se camuflam e se confundem.

    O comrcio formal quase no tem vitrines. Ou, se o Porto tem vitrines, estas so as

    pessoas e os comrcios informais j formalizados ali. Muita gente ganha a vida na

    informalidade formalizada: no Porto d pra comprar gua de coco, cerveja, cachorro-quente eat ficar apreensivo quando for comprar no bar ao lado do Macau, ali na praa junto da

    Princesa Isabel.

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    Tentei filmar com minha cmera pessoal de bolso o atrito constante das rodas dos carros e

    nibus e motocicletas junto ao asfalto sombreado pelas rvores da ambincia. >

    monculo-escape 2 < Movimento constante, sem faixas de travessia possvel, tudo parecendo

    uma aventura da mobilidade urbana.De fato, s era filmada pelo protocolo a parte alta do Porto. Claro, a mobilidade feroz

    do automvel impressiona. Mas a balaustrada... A balaustrada ponto enigmtico/crucial/que-

    impressiona-e-chama-a-ateno do Porto; o ponto preciso e precioso daquela ambincia.

    Mas parecia que a videografia metodolgica no queria conversar to eloquentemente com a

    balaustrada. Ser que ela (a balaustrada) no tem mobilidade, ou ser que ela no

    totalmente pacificada e, assim, passou despercebida pelo protocolo?

    ## TOMAR CORPO

    Tempo destinado para a etapa: 10 minutos.

    Aps: troca de impresses/relatos.

    Ah! Sim, a incorporao. Segundo o protocolo, tomar corpo seria incorporar tudo o que

    possibilitava aquela ambincia que estavam atravs das lentes dos dispositivos videogrficos.

    Mas, para mim, a questo toda estava na balaustrada. Para mim, o tomar corpo era

    incorporar tudo o que possibilitava a prpria balaustrada. Muitos a chamam de espinha dorsal

    do Porto. > monculo-escape 3 < Ela possibilita. Permite que as pessoas nela se encostem,num sentado-em-p ou se sentem sobre ela e a utilizem para variados fins, desde apoio para o

    copo de cerveja at vitrine para o comrcio de culos ou colares feitos de sementes. Ah! Sim,

    eis a verdadeira vitrine do comrcio do Porto! Como pude no pensar nisso antes?

    Olhar para a Ilha, olhar para o trapiche (quebra-mar) > monculo-escape 4 monculo-escape 5 < sentar-se

    para conversar e cantar brevemente com outro vendedor.

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    PERFORMANCE1: sobre a balaustrada

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    EXPERINCIA METODOLGICA 2Praa da Piedade, manh do dia 24

    Intro

    Claro, a Piedade fica no cerne daquilo que popularmente conhecido como Avenida Sete. No

    foi aleatoriamente escolhida como ponto para a segunda experincia da Oficina, pois,

    diferentemente do Porto, a Piedade no s um local de convergncia e permanncia, mas

    um local de disperso, talvez de ainda mais mistura e coexistncia. Ambos, em verdade, so

    espaos apropriados, espaos de lazer, de trocas, de comrcio. So espaos pblicos,propriamente lugares de trocas.

    *

    Encontramo-nos. A equipe francesa prepara a posio das cmeras no interior da Praa,

    escolhendo arbitrariamente os ngulos que lhes proporcionassem melhor o que o protocolo

    buscava. Decide, ento, por posicion-las do lado de fora, num dos extremos da Praa, junto Avenida Sete, em frente Rua da Forca. um lugar onde tem uns orelhes, muito prximo da

    venda de gua de coco, salgados, e de onde pessoas vestidas de jaleco medem a presso.

    > monculo-escape 6 monculo-escape 9 monculo-escape 10

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    Muitas histrias poderiam ser contadas com essa experincia, pois muitos so os corpos

    coletivos que nela fizeram, tomaram e ganharam intensidades como fora para a narrao de

    cartografias possveis. O meu territrio, coletivizado pelas ambincias ali instauradas, permitiu

    apenas alguns lados ou verses da experincia, sempre relacionadas pela multiplicidade de

    corpos coletivos que praticavam a cidade ali comigo.

    REFERNCIAS

    AGAMBEN, Giorgio. Infncia e Histria:destruio da experincia e origem da Histria. Belo

    Horizonte: Ed. UFMG, 2005.

    AMADOR, Fernanda; FONSECA, Tnia Mara Galli. Da intuio como mtodo filosfico cartografia como mtodo de pesquisa consideraes sobre o exerccio cognitivo docartgrafo. In: Arquivos Brasileiros de Psicologia, v. 61, n. 1, 2009.

    BENJAMIN, Walter. Experincia e pobreza. In: Obras escolhidas. Volume I. Magia e tcnica,arte e poltica: ensaios sobre literatura e histria da cultura So Paulo: Brasiliense, 1985.

    CERTEAU, Michel de. A inveno do cotidiano: artes de fazer. Petrpolis: Vozes, 2012.

    DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Flix. Mil plats:capitalismo e esquizofrenia, vol. 1. So Paulo:Editora 34, 1995.

    _____. Mil plats:capitalismo e esquizofrenia, vol. 3. So Paulo: Editora 34, 1996.

    GUATTARI, Flix; ROLNIK, Suely. Micropoltica:cartografias do desejo. Petrpolis: Vozes,2010.

    JACQUES, Paola Berenstein. Corpografias urbanas: o corpo enquanto resistncia. In: Ribeiro,Ana Clara Torres Ribeiro (org.), Resistncias em espaos opacos. Salvador: EDUFBA; PPG-AU/FAUFBA, 2007.

    _____. Elogio aos errantes. Salvador: EDUFBA, 2012.

    ROLNIK, Suely. Cartografia sentimental: transformaes contemporneas do desejo. PortoAlegre: Sulina; Editora da UFRGS, 2011.

    THOMAS, Rachel et al. Laseptisation des ambiances pietonnes au XXIe siecle:entre passivitet plasticit des corps em marche (2009-2010). 2010. Programa de pesquisa InterdisciplinarCidade e Meio Ambiente do CNRS MEEDDM. Disponvel em:. Acesso em: 30 jul. 2012.

    THOMAS, Rachel. Fazer corpo, tomar corpo, dar corpo s ambincias urbanas. In: Caderno deResumos Corpocidade, abr. 2012. Disponvel em . Acesso: 30 jul. 2012.

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    CRDITOS

    Projeto e Produo Grfica / Projeto e Produo de udio / Textos:

    Osnildo Ado Wan-Dall Junior.

    Monculos-escapes:

    Textos do autor e quadros de imagens extrados pelo autor de videografia prpria.

    Performances:

    Todos os quadros da Performance1: sobre a balaustrada foram igualmente extrados pelo

    autor de videografia prpria. Os quadros que compem a cartografia Performance2: sobre o

    galho de rvore, foram extrados da videografia de Giovana Dantas, gentilmente cedida pela

    artista.

    Agradecimentos:Maria Isabel Menezes, pela companhia na Oficina e em seus desdobramentos; Srgio Prucoli,pelas conversas que fizeram a diferena; e Tiago Schultz, pela leitura atenta do t rabalho.

    *

    Este trabalho foi realizado como requisito parcial de avaliao da disciplina ARQA30

    Apreenso da Cidade Contempornea, oferecida pela Prof. Dr. Paola Berenstein Jacques no

    primeiro semestre de 2012 no mbito do Programa de Ps-Graduao em Arquitetura e

    Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia.

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