3. a natureza essencial do homem

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Teologia sistemática II por: Joziran Vieira Cadeira ministrada no Seminário Teológico Evangélico Congregacional – STEC. Apodi – RN Disponível em: prjoziranvieira.blogspot.com.br

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Teologia sistemática IIpor:

Joziran VieiraCadeira ministrada no

Seminário Teológico Evangélico Congregacional – STEC.

Apodi – RNDisponível em:

prjoziranvieira.blogspot.com.br

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CONCEITOS HISTÓRICOSExistem pelo menos três linhas de pensamento com a natureza essencial do homem. Dicotomia, tricotomia e monismo. Vamos apontar cada uma delas no desejo de que cheguemos a um posicionamento com respeito ao assunto.

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3.1. PENSAMENTO TRICOTÔMICO.

Hoekema (2014, p.3) afirma que “Um dos proponentes mais antigos da tricotomia, é Irineu, que ensinava que enquanto os incrédulos possuíam somente almas e corpos, os crentes adquiriam espíritos adicionais, que eram criados pelo Espírito Santo”

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No terceiro século, Apolinário de Laodicéa (310 – 390 a.D) também defendeu a tricotomia e não é um dos melhores expoentes a ser citado em defesa desta doutrina por conta de ser apontado por diversos teólogos como criador da ideia de que o Logos ou a natureza divina de Cristo tomou o lugar do espírito humano na natureza humana que Cristo assumiu.

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No século XIX seu maior defensor foi Franz Delitzsch, acompanhado por

J. B. Heard, J. T. Beck, e G. F. Oehler.

Mais recentemente tem sido defendido por escritores como

Watchman Nee,  Charles R. Solomon

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a tricotomia é também defendida na antiga e na

nova versão da Bíblia de Referência de

Scofield

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Base bíblica dos tricotomistasOs que adotam esta linha de

pensamento apoiam-se nos seguintes textos

(I Ts.5:23; Hb.4:12; I Co.2:14 – 3:4; I Co.14:14; etc.).

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Argumentos tricotômicos 1) O argumento da experiência

pessoal. 2) Nosso espírito nos diferencia dos

animais.

3) O espírito é a parte do homem que permite seu relacionamento com Deus.

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1ª OBSERVAÇÃOos tricotomistas afirmam que o corpo é a parte material da natureza essencial do homem, a alma (do grego. ψυχή ‘psuche’) o princípio de vida animal de onde provém as emoções, e o espírito (do grego πνευμα ‘pneuma’) como o elemento racional e imortal que nos permite manter relacionamento com Deus.

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3.1.2. AVALIANDO OS TEXTOS.I Ts.5:23. Este texto não possui clareza necessária para que se afirme que Paulo esta falando de duas coisas distintas (alma e espírito). Isto porque é comum utilizar-se nos escritos bíblicos sinônimos a fim de dar ênfase ao que se está pronunciando (conf.Mt.22:37; Mc.12:30 Jesus não tem a intenção de dividir o homem em partes, mas de afirmar que tal homem ame a Deus com todo o seu ser)

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• Hb.4:12. Devemos observar aqui o mesmo argumento que acima foi exposto. O autor aos hebreus utiliza vários termos que falam da intimidade de nosso ser sem a intenção de particionar o homem. A ideia é que em todas as áreas de seu ser, o homem é impactado pela Palavra de Deus porque ela é “poder de Deus”.

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• I Co.2:14 – 3:4 Paulo aqui fala a respeito de colocar-se sob a influência do Espírito Santo e embora distinga o ser natural (grego Psychikos que significa ‘almal) do espiritual (pneumatikos, ‘espiritual’) não afirma em hipótese alguma quem possui espírito ou mesmo que o espírito em alguém é vivo ou morto.

GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática/Wayne Grudem. 1º Ed. São Paulo- Vida Nova, 1999. P.395

 

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I Co.14:14 aqui o conflito é gerado quando se entende que a mente faz parte da alma e não do espírito. Mas Paulo está na verdade afirmando que existe uma parte imaterial em seu ser e quando há este pleno relacionamento entre sua parte imaterial e Deus mesmo que ele saiba o que ocorreu sua mente nada compreendeu.

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3.1.3. AVALIANDO O ARGUMENTO PROPOSTO COM BASE EM Ec.3:19-21.

A palavra hebraica ruach, usualmente é traduzida como “espírito”. O significado da raíz desta palavra é “ar em movimento”; ela é frequentemente usada para descrever o vento. No entanto esta palavra possui mais de um significado

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“espírito”, “animação”, “disposição”, “espírito de vida e ser que respira morando na carne de homens e animais” (somente um exemplo deste último: Ec 3.21), “assento das emoções”, “órgão de atos mentais”, “órgão da vontade”. Ruach, portanto, sobrepõe-se em significado a nephesh

Hoekema (2014, p.9)

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Em conclusão concordamos com Grudem quando afirma:

Se definimos “alma” como “intelecto, emoções e vontade”, então nos vemos obrigados a concluir que ao menos os animais superiores têm alma. Mas se definimos alma como o elemento imaterial da nossa natureza que se relaciona com Deus (Sl.103:1; Lc.1:46; etc.) e que vive para sempre (Ap.6:9), então os animais não têm alma. O fato da palavra nephesh, “alma”, ser as vezes usada com relação a animais (Gn.1:21; 9:4) mostra que o termo pode por vezes significar meramente “vida” (Grudem. 1999, p.396)

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3.1.4. RAZÕES PARA SE REJEITAR A DOUTRINA TRICOTÔMICA.1. Primeiro, ela deve ser rejeitada porque ela parece fazer violência à unidade do homem.

A palavra em si mesma sugere que o homem pode ser separado em três

“partes”: a palavra tricotomia é formada de duas

palavras gregas,tricha, “tríplice” e temnein, “cortar. Alguns tricotomistas, incluindo Irineu, até sugeriram que certas pessoas tinham os seus espíritos cortados, enquanto que outras não.

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2. Segundo, devemos rejeitá-la porque ela frequentemente pressupõe uma antítese irreconciliável entre espírito e corpo.

3. O homem é descrito na Bíblia tanto como alguém que é corpo e alma como alguém que é corpo e espírito:

(Mt 10.28; 1 Co 7.34; Tg 2.25).

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4. A dor é atribuída tanto à alma como ao espírito:  

(1 Sm 1.10; Is 54.6; Jo 12.27; Jo 13.21; At 17.16; 1 Pe 2.8).

5. O louvor e o amor a Deus são atribuídos tanto a alma como ao espírito: (lc 1.46-47; Mc 12.30).

6. A salvação é associada tanto à alma como ao espírito: (Tg 1.21; 1 Co 5.5).

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7. O morrer é descritivo tanto como uma partida da alma como do espírito:

(Gn 35.18; 1 Rs 17.21; Mt 10.28; Sl 31.5; Mt 27.50; Lc 8.55; Lc 23.46; At 7.59).

8. Aqueles que já haviam morrido eram algumas vezes chamados tanto de almas e outras vezes de espíritos:(Mt 10.28; Ap 6.9; Hb 12.23; 1 Pe 3.18-

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