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Preço 1 $ 0 l Quinta (eira, 27 de Fevereiro de 1958 Ano III - N.o 154 mianaitú ■H U 3 a 3 © Proprietário, Administrador e fditor V. S. M O T T A P I N T O REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO - AV. D. NUNO ALVARES PEREIRA - 18 - TELEF. 026 467 ------------------------------------------------------- M O N T I J O ------------- COMPOSIÇÃO B UtfKtESSiO — TIPOGRAFIA «GRAFEX» — TELEF. 026 236 — MONTIJO Ciclo de homenagens a Fialho de ffflm eida A Sociedade de Escritores Portugueses, tendo à frente a figura aureolada de Aqui- lino Ribeiro, resolveu levar a efeito, na Casa do Alentejo, uma série de conferências tendentes a homenagear, no ano do Centenário do seu nascimento, o inesquecível escritor Fialho de Almeida. Tal propósito, coroado do maior êxito, foi justamente assinalado pela Im p re n s a diária, que ao assunto deu o devido relevo. Limitar-nos-emos, por isso, a descrever a última confe- rência realizada pelo Dr. Do- mingos Monteiro, que versou o tema «Fialho, narrador ins- pirado», e que constituiu, pela clareza da expressão e pela elevação do assunto, notável acontecimento. Falar sobre a personali- dade multiforme do consa- grado autor da «Vida Irónica», não é tarefa fácil. Se por um lado existe a faculdade de escolher o tema mais agra- dável à sensibilidade do con- ferencista, — dado que Fialho abordou quase todos os gé- neros literários— , por outro, há o inconveniente de, no meio dessa variedade de es- colha, se omitirem certos aspectos reveladores duma obra que ainda hoje exerce larga influência na mentali- dade dalguns intelectuais portugueses. Domingos Monteiro, por exemplo, não ocultou o facto de ser Fialho o seu mestre preferido, con- trariando assim aqueles su- postos mentores que vêem no autor da «Cidade do Vício» um escritor ultrapassado. A este respeito, Domingos Monteiro fez oportunas e ju- diciosas considerações, dan- do particular realce ao facto de ser Fialho um narrador exímio, dotado de particular agudeza de espírito e dum poder de síntese que fez dele um dos mais destacados Por A L V A R O PEREIRA novelistas de todos os tem- pos. Numa sociedade em que os homens de talento quase pedem desculpa de o possuir, como envergonhados, talvez, de ostentarem semelhante capacidade ao lado duma maioria que se confunde peia mesma imbecilidade e arro- gância, Fialho, adversário implacável dessa mediocri- dade, foi um ardoroso pan- fletário que jamais abdicou da sua independência de pen- samento. Muitos o conside- sideravam , por isso, um espírito dem olidor, esque- cendo-se lamentàvelmente de que nessa demolição ia muito de coragem, de desassombro e de verdade. Um escritor que preza a sua obra não tem a velei- dade de agradar a toda a gente, até porque não pode haver concordância absoluta quando se entrechocam ideias que fogem à vulgari- dade do dia a dia. O que tem de haver, e a obra de Fialho é exemplo flagrante, é uma coerência de princípios, uma identificação com o mesmo ideal, e nem uma nem outra coisa faltou ao ilustre autor do «País das Uvas». Quando um dia se fizer a história da crítica em Por- tugal, Fialho de Almeida !— INSTANTES DO MEU SENTIR ! Se esta vida tem revezes Também tem horas amigas: Uuvir meus versos, às vezes, Nas bocas das raparigas ! Na tua saia rodada De tafetá, tão comprida, Anda há muito enrodilhada A razão da minha vida. Os meus pecados aos teus Não se podem comparar! Eu nunca rezei pios meus, Tu andas sempre a rezar. Manuel Giraldes da Silva I \ * i há-de ocupar lugar de mere- I eido destaque, não apenas | pelo sentido estético que i sempre procurou imprimir a j todos os seus trabalhos, mas j ainda pelo desassombro de j afirmações que, muitas ve- j zes, abalavam o trapézio das | costumeiras louvaminhas. O seu amargor e o seu inconformismo, frutos duma natureza nevrópata, não o impediram, contudo, de ser justo. As páginas admiráveis que traçou sobre a morte de Camilo são duma nobreza de pensamento, e simultâ- neamente de revolta, que honram a literatura por- I tuguesa. É a dor dum Artista perante o insólito desprezo votado àquele que ainda hoje é tido como o j maior dos escritores da nossa ! terra. Não se pode falar, porém, da obra de Fialho sem nos I lembrarmos dos seus admi- ] ráveis contos, denunciadores ] dum espírito eleito do con- ; sumado Artista. O autor j dessas telas intituladas «A Ruiva», «Madona do Campo Santo» e «Ceifeiros», além de outras, faz em Fialho a mais «espantosa organi- j zação de emotivo e intelec- tual de todos os tempos». Bem andou por isso Do- mingos Monteiro ao fazer j viver, na voz maviosa de I Maria Barroso, alguns tre- chos duma obra que já ficou na história da nossa litera- tura como das mais pintu- rescas e empolgantes. DIRECTOR Á L V A R O V A L E N T S c 8 H CE 1 —— — , O 3 £ C C DA AUDACIA P o r A m aral Fra/ão A audácia é simultânea- mente defeito e virtude. Defeito, quando o indiví- duo, nas relações sociais, entra no campo do atrevi- mento, saltando por cima das conveniências e dos de- veres da honestidade e com autênticos golpes de mão alcança o que pretende, con- segue seus fins, quaisquer que sejam ; Virtude, se se manifesta por actos de Ver- dadeira coragem moral, em movimentos que vencem os mais fortes obstáculos, quando se trata de evitar uma desgraça ou salvar o indivíduo ou a colectividade de perigo iminente. A mais Vulgar, porém, é a primeira. E é a mais vulgar porque, quem tiver esúrú' pulos, não passa da cepa torta, e quem se importar com os outròs é olhado por esta sociedade como um asno que não sabe ou não quer viver... São de todos os dias de todas as horas, os exemplos. Os audaciosos mal intencio- nados são insolentes, aspi- ram a situações a que o seu Valor lhes dá direito; mas alcançam-nas quase sempre, e em regra com o sacrifício de legítimos direitos alheios. Não é raro Ver-se progre - dir o denunciante de seus próprios camaradas. Para isso é preciso audácia, im- pudor, descaramento, e tudo isso possuem para passar incólumes através desses ca- maradas. Metem-se em toda a parte e em toda a parte usam do sistema de nos fazer con- vencer de que é neles que reside a maior soma de in- teligência e saber, que são imprescindíveis, insubstituí- veis, que sem eles acabaria o mundo. E rastejando como répteis, rojando-se como ra - feiros, lambendo as mãos e as botas dos que lhes podem imbecilmente servir de esca- dote, sobem, grimpam, e de- pois de estarem em cima,mui- to repimpados, muito conche- gadinhos, abrem as ventas, resfolgam, espelem lama por todos os poros sobre os que ficam por baixo, ao alcance da suja pata. Para isto é preciso audácia, muita audácia, atrevimento, impudor, insolência. Tudo têm. Tudo possuem. Mãos limpas, almas honestas, cora- ção bondoso, espírito de jus- tiça, perfeito conhecimento das proporções não há, não existe, não sabem o que é, não é necessário mesmo. E para estes tais é que a Vida corre ligeira e bonan- çosa ! f «A Província» é um jornal regionalista que! defende os interesses de ; todas as regiões, mas; nomeadamente aquela onde vive. Se ainda não é assi- nante, assine-o hoje | mesmo. tyaituçal ASPECTOS DO RIBATEJO Nas imensidades agrestes, onde as urzes, giestas, rosmaninhos e tojos balsamizam os ambientes, esplendem os quadros mais carac- terísticos do riosso Por- tugal. A natureza viridente serve-lhes de moldura, o Sol vivificante polvi- lha e doira os porme- nores, e as longas ma- nadas, movendo-se através dos matagais, põem na paisagem a típica tonalidade do Ribatejo em flor. E que paisagem! Que Vi- Vacas turinas na charneca brante orquestração na luz e na cor, na graça castiça e na aspereza saudável das planícies! O pitoresco português tem aqui seus mais formosos painéis, as suas telas de mais fortes tintas.

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Preço 1$0 l Quinta (eira, 27 de Fevereiro de 1958 Ano III - N.o 154

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P r o p r i e t á r i o , A d m i n i s t r a d o r e f d i t o r

V . S . M O T T A P I N T O

REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO - AV. D. NUNO ALVARES PEREIRA - 18 - T E L E F. 026 467 -------------------------------------------------------M O N T I J O -------------—

CO M PO SIÇÃ O B U t f K t E S S iO — T IP O G R A F IA « G R A F E X » — T E L E F . 026 236 — M O N T IJO

Ciclo de homenagens a

F i a l h o d e f f f l m e i d aA Sociedade de Escrito res

Portugueses, tendo à frente a figura aureolada de A q u i­lino R ibeiro, reso lveu leva r a efeito, na C asa do A lentejo, uma série de conferências tendentes a hom enagear, no ano do Centenário do seu nascimento, o inesquecíve l escritor F ia lho de A lm eida.

Tal propósito, coroado do maior êxito, foi justamente assinalado pela Im p r e n s a diária, que ao assunto deu o devido re levo.

Limitar-nos-emos, por isso, a descrever a última confe­rência realizada pelo D r. D o ­mingos M onteiro, que versou o tema «Fialho, narrador ins­pirado», e que constituiu, pela clareza da expressão e pela elevação do assunto, notável acontecimento.

Fa la r sobre a personali­dade multiforme do consa­grado autor da «Vida Irónica», não é tarefa fácil. S e por um lado existe a faculdade de escolher o tema mais ag ra ­dável à sensib ilidade do con­ferencista, — dado que Fia lho abordou quase todos os gé­neros literários— , por outro, há o inconveniente de, no meio dessa variedade de es ­colha, se om itirem certos aspectos reve ladores duma obra que ainda hoje exerce larga influência na m entali­dade d a lg u n s intelectuais p o r tu g u e s e s . D o m in g o s Monteiro, por exem plo, não ocultou o facto de ser F ialho o seu mestre preferido, con­trariando assim aqueles su­postos mentores que vêem no autor da «C idade do V íc io» um escritor ultrapassado.

A este respeito, Dom ingos Monteiro fez oportunas e ju ­diciosas considerações, dan­

do particular realce ao facto de ser Fia lho um narrador exím io, dotado de particular agudeza de espírito e dum poder de síntese que fez dele um dos mais destacados

Por

A L V A R O P E R E I R A

novelistas de todos os tem ­pos.

Num a sociedade em que os homens de talento quase pedem desculpa de o possuir, como envergonhados, talvez, de ostentarem semelhante capacidade ao lado duma maioria que se confunde peia mesma im becilidade e arro ­gância, F ia lho , adversário im placável dessa m ediocri­dade, foi um ardoroso pan­fletário que jamais abdicou da sua independência de pen­samento. M u itos o conside- s id e r a v a m , por isso, um espírito d e m o lid o r , esque­cendo-se lam entàvelm ente de que nessa demolição ia muito de coragem , de desassom bro e de verdade.

Um escritor que preza a sua obra não tem a v e le i­dade de agradar a toda a gente, até porque não pode haver concordância absoluta quando se e n t r e c h o c a m ideias que fogem à vu lg a r i­dade do dia a dia. O que tem de haver, e a obra de Fia lho é exemplo flagrante, é uma coerência de princíp ios, uma identificação com o mesmo ideal, e nem uma nem outra coisa faltou ao ilustre autor do «País das U vas».

Quando um dia se fizer a h istória da crítica em P o r­tugal, F ia lho de A lm e id a

! — I N S T A N T E S D O M E U S E N T I R — !

Se esta vida tem revezes Também tem horas amigas:— Uuvir meus versos, às vezes,Nas bocas das raparigas !

Na tua saia rodada De tafetá, tão comprida,Anda há muito enrodilhada A razão da minha vida.

Os meus pecados aos teus Não se podem comparar!Eu nunca rezei pios meus,— Tu andas sempre a rezar.

M a n u e l G i r a l d e s d a S i lv a

♦I♦\*

i

há-de ocupar lugar de mere- I eido destaque, não apenas | pelo sentido estético que i sem pre procurou im prim ir a j todos os seus trabalhos, mas j ainda pelo desassom bro de j afirm ações que, muitas ve- j zes, abalavam o trapézio das | costum eiras louvam inhas.

O seu am argor e o seu inconform ism o, frutos duma natureza nevrópata, não o im pediram , contudo, de ser justo. A s páginas adm iráveis que traçou sobre a morte de C am ilo são duma nobreza de pensamento, e sim ultâ­neam ente de revo lta, que honram a l i t e r a t u r a por- I t u g u e s a . É a dor dum A rtista perante o insólito desprezo votado àquele que ainda hoje é tido como o j m aior dos escritores da nossa ! terra.

Não se pode falar, porém, da obra de Fialho sem nos I lem brarm os dos seus admi- ] ráve is contos, denunciadores ] dum espírito eleito do con- ; sumado A r t i s t a . O autor j dessas telas i n t i t u l a d a s «A R u iva» , « M a d o n a do Cam po Santo» e «C eife iros», além de outras, faz em Fialho a mais «espantosa organi- j zação de em otivo e in te lec­tual de todos os tempos».

Bem andou por isso D o ­mingos M onte iro ao fazer j v iv e r , na voz m aviosa de I M a r ia Barroso , alguns tre­chos duma obra que já ficou na h istória da nossa litera­tura como das mais pintu­rescas e em polgantes.

D I R E C T O R

Á L V A R O V A L E N T S c 8H CE1 — — — ,

O 3✓ £ C C

DA AUDACIAP o r A m a r a l F r a / ã o

A audácia é s im ultânea­mente defeito e virtude.

D efeito , quando o ind iví­duo, nas re lações sociais, entra no cam po do atrev i­mento, saltando por cim a das conven iências e dos de­veres da honestidade e com autênticos golpes de mão alcança o que pretende, con­segue seus fins, quaisquer que s e ja m ; Virtude, se se m anifesta por actos de Ver­dadeira coragem moral, em m ovimentos que vencem os mais fortes o b s t á c u lo s , quando se trata de evitar uma desgraça ou sa lvar o indivíduo ou a colectividade de perigo im inente.

A mais Vulgar, porém, é a prim eira. E é a mais vulgar porque, quem tiver esúrú ' pulos, não passa da cepa torta, e quem se im portar com os outròs é olhado por esta s o c ie d a d e como um asno que não sabe ou não quer v iv e r . . .

S ã o de todos os dias de todas as horas, os exemplos. O s audaciosos mal in tencio ­nados são insolentes, asp i­ram a situações a que o seu Valor lhes dá d ire ito ; mas alcançam -nas quase sempre, e em regra com o sacrifício de legítim os direitos alheios.

Não é raro Ver-se progre­dir o denunciante de seus próprios c a m a r a d a s . Pa ra isso é preciso audácia, im- pudor, descaram ento, e tudo isso possuem para passar incólum es através desses ca­maradas.

Metem -se em toda a parte

e em toda a parte usam do sistem a de nos fazer con­vencer de que é neles que reside a m aior soma de in ­te ligência e saber, que são im prescindíveis, insubstituí­veis, que sem eles acabaria o mundo. E rastejando como répteis, rojando-se como ra ­feiros, lambendo as mãos e as botas dos que lhes podem im becilm ente servir de esca ­dote, sobem, grimpam, e de­pois de estarem em cim a,m ui­to repimpados, muito conche- gadinhos, abrem as ventas, resfolgam, espelem lam a por todos os poros sobre os que ficam por baixo, ao a lcance da suja pata.

Pa ra isto é preciso audácia, muita audácia, atrevim ento, impudor, insolência. Tudo têm. Tudo possuem. M ãos limpas, almas honestas, co ra ­ção bondoso, espírito de jus­tiça, perfeito conhecim ento das proporções não há, não existe, não sabem o que é, não é necessário mesmo.

E para estes tais é que a Vida corre ligeira e bonan­çosa !

f«A Província» é um

jornal regionalista que! defende os interesses de ; todas as regiões, mas; nomeadamente a q u e l a onde vive.

Se ainda não é assi­

nant e, as s i n e - o h o j e | mesmo.

ty a i tu ç a lASPECTOS DO RIBATEJO

Nas im e n s id a d e s agrestes, onde as urzes, giestas, rosm aninhos e t o jo s balsam izam os am bientes, esplendem os quadros mais ca ra c ­terísticos do riosso P o r ­tugal.

A natureza viridente serve-lhes de moldura, o So l v ivificante po lvi­lha e doira os porm e­nores, e as longas ma­n a d a s , m o ve n d o - s e através dos matagais, põem na paisagem a típica tonalidade do R ibatejo em flor.

E que paisagem ! Que Vi-

V a ca s tu rin a s na charneca

brante orquestração na luz e na cor, na graça castiça e na aspereza saudável das p la n íc ie s !

O pitoresco português tem aqui seus mais formosos painéis, as suas telas de mais fortes tintas.

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E s c o l a s do meu tempo a U a - ieAs Mestras

( C o 11 t i n n a ç ã o d o n ú m e r o a n t e r i o r )

E ra seu d irector 0 profes- sor M anuel N eves Nunes de A lm eida, um dos mais seve ­ros na ap licação da palm a­tória, mas também no ensino. Suponho que a escola era s u b s id ia d a pela C âm ara M unicipa l, e 0 director ex­p lorava 0 internato por sua conta. No internato havia alunos de L isboa, Setúba l,

P o r

Luis M a r ia N o g u e i r a

e doutras terras dos arredo­res. D ev ia ter fam a esta escola, para ser assim tão concorrida. A d iscip lina era rigorosa. Nunca me esqueceu pela vida fora de m eia dúzia de palm atoadas que e le um dia me aplicou, logo nos pri­meiros dias da m inha entrada. P o r um motivo fútil, p reten­deu-me aterrorizar, e conse- guiu-o. Sem pre que me re ­cordo disto, Vejo na minha frente a sua figura, re co r­tada num bloco m aciço de carne de não menos de 120 q u ilo s !? , com as suas lune­tas de míope, fumando cons­tantem ente charutos de dez réis, e de palm atória na mão. Quando a prim eira palma- toada desabou sobre a m i­nha mão, tive a im pressão de que todo 0 edifício da esco la tinha derruído sobre m im ! E suportei m eia dúzia de las ! Sen ti uma revo lta estranha contra aquela se l­vajaria . Quando cheguei a casa chorando (e dois dias 0 andei fazendo), foi preciso a autoridade de meu pai para que lá voltasse. Desde esse dia 0 p r o f e s s o r A lm eida nunca mais me tocou.

EntraVa-se para esco la às9 da manhã, saia-se às 12 para alm oçar, entrava-se no­vam ente à 1, voltando-se a sair às 5 horas, — se por a l­guma leve falta não era pro­longada a nossa estadia por mais duas horas, 0 que já não era nada agradável visto que nós, os prisioneiros, ou­víam os na praça fronteira a b rincadeira dos colegas que jogavam à barra, dando la r­gas à sua alegria por se verem libertos.

Não esqueço também, neste momento, a figura bondosa do professor M o re ira , a ju ­dante do professor A lm eida, na escola. E sse era também sabedor do seu ofício, mas mais humano. Dava-nos a prim eira aula de manhã, que era matemática. T in h a uma grave fraqueza, pois abu­s a v a . . . das bebidas a lcoó li­cas ; e, quando aparecia para nos dar aula, vinha quase sem pre en fra se a d o nelas. En tão , para ir d isfarçando 0

seu estado, bebia constante­mente golos de água, dum copo que tinha na sua frente, e fum ava charutos, fazendo esforços sobreum anos para conservar os olhos abertos, visto que eles de vez em quando tentavam fechar-se... A pesar desta tendência v i­ciosa, que por certo tentava reprim ir, mas em que era impotente para 0 fazer, 0 p r o fe s s o r M o re ira conser­vava sem pre um certo apru­mo, para não ca ir no r id í­culo. É com saudade que também 0 recordo.

Num a d e p e n d ê n c ia da E sco la existia também uma aula de instrução prim ária, de era professor 0 filho (P e ­dro), do director.

N a Rua do C a is havia uma Esco la para m eninas, que julgo também era subvencio ­nada pela C âm ara M unicipa l. E , nos Pescadores, a do Conde Fe rre ira . Tod as estas e s c o la s e ra m largam ente concorridas, porque os nos­sos pais, já nesse tempo, com preendiam bem quanto é Vexatório e deprim ente ser analfabeto. Q uase todos que frequentavam a E sco la S e ­cundária eram filhos de gente endinheirada, e tinham um fito superior a atingir na vida social.

P o r essa época aparece ­ram quatro S rs . Drs., que por certo também a frequen­taram. Dois médicos, Sen h o ­res D rs. C ésa r Ventura e M anuel M oura, 0 1.° deixou0 seu nome vincu lado a uma obra altam ente hum anitária, que foi a fundação do O rfa ­nato, que com justiça con­serva 0 seu nome. O 2.®, pertencendo à fam ília Bo­checha, por isso se lhe cha­m ava 0 D outor Bochecha, era um rapaz alegre e fo l­gazão, que poucos anos so­breviveu à sua form atura.

D o is advogados, os Srs . D rs. Luciano M o ra e C ris ­tiano C ru z ; julgo que este último é 0 único sob revi­vente dos quatro m enciona­dos.

E ao term inar esta m inha recordação, nâo esqueço 0 meu pai, porque, como pobre que era, proporcionou-me um certo grau de instrução que me tem sido útil pela vida fora.

Valério da fonsecafabricante de apoios de borracha para todas as marcas de automóveis.

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L A V R A D I O

Ao passo que 0 progresso material de M ontijo se acen ­tua de dia para dia, com todos os melhoram entos u lti­mamente inaugurados, tam ­bém 0 aform oseam ento da v ila va i tomando notável incremento.“ E curioso e interessante, dentro deste capítulo, re latar0 que se tem feito para que M ontijo apresente cada vez mais um aspecto agradável.

Segundo inform ações o fi­cia is que possuím os, no ano de 1957 plantaram-se 187 árvores, sendo 123 na a v e ­nida C o r r e g e d o r , D ias na aven ida D . Nuno Á lva re s Pere ira 2 4 , no recreio da Esco la 2 0 , e no largo dos Pescadores 2 0 . E já no ano corrente mais 181 , 25 na avenida Corregedor Diars,18 na aven ida D . N uno Á l ­vares Pere ira , 30 na aven ida Jo ã o de Deus, 2 na aven ida Dr. O live ira Sa lazar, 13 na aven ida Lu ís de Cam ões,1 na aven ida D . A fonso Henriques, 20 no largo dos Pescadores, 58 na aven idaD. Jo ã o IV , e 14 no Parque M unicipal.

A o todo, 3 6 8 .Com o se vê , 0 esforço

tem sido digno de todos os elogios e, com a continuação destes trabalhos, dentro em breves anos a nossa terra será, toda ela, um verdejante jardim que serv irá para a tornar mais atraente e fo r­mosa.

A população tem com ­preendido este e s f o r ç o e colaborado dedicadam ente, respeitando e até defendendo as árvores plantadas, no­meadamente 11 a a v e n id a Corregedor D ias e no largo dos Pescadores.

J á o mesmo se não pode dizer da aven ida Jo ã o de Deus, onde alguns mal in ten­cionados têm cortado, por várias vezes, as árvores que ali se plantam.

É lam entável que tal se dê, 0 que denota incom ­preensão e falta de cum pri­mento dos deveres c ív ic o s !

Esperam os que, para bom nome da nossa terra e da nossa gente, esses factos se não repitam, como espe­ramos também não ter que vo ltar ao triste assunto.

O tempo primaveril Que tem feito, é um primor! Já parece 0 mès de Abril, — Mês de rosas... e do Amor!Apetece ir para 0 campo Mirar as favas e as batatas. Já se acabou o sarampo Dos choros e das cantatas Acerca do inverno.Já se foram as frieiras ,A samarra e 0 cobertor. Foram-se as «asiatiqueiras», Foi-se 0 espirro e mais a dor, Foi tudo para 0 inferno !Ê um gosto agora ouvir, Neste ano geo físico,Neste ano psicológico,O sábio a intervir E mais o jísico No caso meteriológico /

Estão fartos de anunciar \— Céu nublado,Vento moderado,Choviscos amiúdo.Desce a temperatura.E a gente a ver e a gozar \— Ceu estrelado,Vento sossegado,Tempo amorudoE 0 sol duma quentura..,Ora cebo prá ciência E pra estas previsões Oue até nos dão pena e mágoa! Pois se ê esta a previdência E estas são as conclusões, Antes quero 0 «Borda de

\ Agua» .., H o m e m a o m a r

P R A Ç A D E T O I R O S d é M o n t i j o

A Com issão organizadora das Festas de To iro s em fa­vor da nova P raça , proprie­dade da San ta Casa da Mi­sericórd ia, torna público que I já se encontram em venda cadernetas para as impo­nentes corridas a realizar nos dias 29 e 50 de Junho, por ocasião das grandiosas | Festas Popu lares de S. Pe­dro.

É posto em prática estel processo de m arcação para f a c i l i t a r mais a todas as classes 0 poderem ir aos To iros sem maior sacrifício.

A V I S A M O S T A M BEM | T O D O S O S B O N S A F IC I0- N A D O S E A M IG O S que I não queiram cadernetas, que desde já ta m b é m podem fazer as suaa encomendas com m arcação para evitar- -mos aborrecim entos da úl­tim a hora com preferência de lugares.

Es tas m arcações podeijl ser feitas na D R O G A R E I M O D E R N A , Rua Almirante] Re is, 8 0 , Telef. 026255 .

S A N F E R , L . D A

A R M A Z É N S mOflTUO, Rua da Bela Yista

S E D E LISBOA, Rua de S. Julião, 41—1.a

A E R O M O T O R S A N F E R o m o inho que re s is tiu a° c ic lone — F E R R O S para. construções, A R A M E S , A R C O S , etc.

C IM E N T O P O R T L A N D , T R I T U R A Ç A O de alim en­tos para gados

R IC IN Ó B E L G A para ad u b o de batata , cebola, etc.C A R R IS , V A G O N E T A S e todo o m a te ria l para Ca­

m inho de F e rroA R M A Z É N S D 7£ R E C O V A G E M

Page 3: 3 DA AUDACIA - mun-montijo.pt · Ciclo de homenagens a F ia lh o de ffflm eid a A Sociedade de Escritores Portugueses, tendo à frente a figura aureolada de Aqui lino Ribeiro, resolveu

27-2-958 A PROVINCIA 3

AGENDAELEGANTE

A n i v e r s á r i o sF E V E R E IR O

— No dia 22, o menino Manuel Carlos, filho do sr. Carlos de Melo e neto do nosso prezado assinante, sr. Carlos Gonçalves Tormenta.

__No dia 23, a menina MariaFernanda da Conceição Constan­tino, neta do nosso estimado assi­nante, sr. Jo sé Baptista Cardoso Júnior.

— No dia 28, a sr.* D. Natália Lucas Ferreira, mãe da nossa esti­mada assinante, sr.* D. Margarida Ferreira da Cruz.

__No dia 28, o inenino CésarManuel Nunes da Silva, filho de­dicado da nossa prezada assinante sr.a I). Joana Vicente da Silva.

— No dia 28, o sr. António João Cassus Pialgata, nosso estimado assinante.

— No dia 29, a sr.» 1). Margarida Rosa Dourado, esposa do nosso dedicado assinante, sr. António Martins Vintém.

MARÇO

__No dia l , o sr. António Ganiados Santos, filho do nosso prezado assinante, sr. Mário dos Santos.

— No dia 1, a menina Carmen Maria Ramos Dias Correia, filhi­nha estremosa do nosso estimado assinante, sr. Jo sé Alves Correia.

_No dia 1, a menina MariaFernanda Gouveia, filha do nosso dedicado assinante, sr. Carlos R a ­mos Sequeira.

— No dia 1, a sr.* D. Maria Ca­tarina Rosado Mora, esposa do nosso prezado assinante, sr. Ma­nuel Nepomuceno Mora, residente em Lisboa.

— No dia 1, o sr. João Gomes de Almeida Manhoso, nosso esti­mado assinante.

— No dia 1, o nosso dedicado assinante, sr. Francisco Conceição Cola, de Sacavém.

— No dia 1, completa as suas 15 radiantes primaveras, a gentil menina Carmen Tobias Simões, neta dos nossos dedicados assi­nantes, srs. João Augusto Tobias e Francisco Simões.

— No dia 2, a sr.a D. Maria Ca­rolina Clemente Berardo, nora do nosso prezado asiinante, sr. F r a n ­cisco Cola, de Sacavém.

— No dia 2, o menino Jo sé F e r ­nandes Pelirú, filho do nosso pre­zado assinante, sr. Francisco José Pelirú, residente na Atalaia.

— No dia 3, o sr. Emídio Au­gusto Tobias, nosso dedicado assi­nante.

— No dia 4, completa 17 anos a gentil menina Maria Aliete Guer­reiro Correia, filha do nosso esti- m*do assinante, sr. Manuel Lau- renço.

— No dia 4, completa 9 anos de idade a menina Maria Avelina Fernandes Grais, residente em Lisboa e sobrinha do nosso dedi­cado a s s i n a n t e , sr. Edmundo Duarte Grais.

S o c ie d a d e R e c r e a t i v a P r o g r e s s o A fo n s o e i r e n s e

Por dificuldades surgidas à úl­tima hora, foi adiado o espectáculo anunciado para o próximo do­mingo, 2 de Março, a cargo do Grupo Cénico da Sociedade Filar­mónica Progresso e Labor Samou- quense, da vizinha povoação do Samouco.

Nesse dia efectuar-se-á ali utna tsoirêe» dançante, a qual será abrilhantada por uui reputado Con­junto Musical da nossa região.

DoenteJá se encontra e\\ Montijo, após

a doença, e a opefjção a que foi submetido, como iiunciámos, o sr. .losé da Silva Leie, digno P re­sidente do nosso Muiicípio.

Congratulamo-nos inceramente com o facto e desejamvs-lhe o rá­pido e completo restabilecimento.

M O N T i O AGENDA

U TILITÁ R IAI n f o r m a ç ã o d o

Secretariado Paroquiald e M o n t i j o

SOBRE CINEMA

5.® feira, 27; « 0 MORDOMO DA ILHA D ESERTA ». País de o r i ­gem - Inglaterra. Género - Comé­dia. Principais intérpretes : Ken­neth More, Diane Cilento e Cecil Parker.

E n r e d o : — Um lorde inglês fracassa na sua tentativa de abolir todas as praxes aristocráticas. Em virtude dum naufrágio, consegue, com sua família, o mordomo e uma criada, aportar a uma ilha deserta. Aí, a filha do lorde apai­xona-se pelo mordomo, procla­mado chefe do grupo. Quando estavam para casar, avista-se um barco que os leva à Inglaterra. Tudo volta ao antigo. O mordomo casa, sim, mas com a criada.

A preciação esté tica : — Bom desempenho. Realização cuidada.

A p recia çã o m o r a l: — Sem in ­convenientes. PARA TO D O S.

Estreado nos Cinemas S. Luís e Alvalade em 17-12-57.

Sábado, 1 ; «SEM I-IIOM ENS». País de origem - Alemanha O ci­dental. Género - Drama. P r inci­pais intérpretes : Horts Buckhoiz , Karin Baal e Christian Doermer.

E n red o : — Foca a acção dum grupo de rapazes, chefiado por um que abandonara o lar. Lançam-se na violência e no roubo. A polícia descobre-os.

A p recia cã o estética : — Bom desempenho. Interpretação cui­dada.

A p recia çã o m o r a l: — Os des­regramentos dos rapazes fazem que se classique o f ilm e PARA A D U L ­T O S , COM R E S E R V A S .

Estreado no Cinema Capitólio em 7-10-57.

Domingo, 2 ; «A T A BE R N A ». País de origem - França. Género- Drama. Principais in térp re tes : Maria Schell e François Perier.

E n r e d o : — G e r v a i s e , adorava possuir uma pequena casa de ne­gócios e um amigo empresta-lhe o dinheiro. O marido, bêbado in cor­rigível, gasta todo o dinheiro que possue e morre vítiuia do seu próprio vício, enquanto Gervaise, desesperada, envereda pelo mesmo caminho.

A p recia çã o e s t é t i c a : — Boa interpretação, realização excelente e fotografia de óptima qualidade.

A p recia çã o m o r a l: — Sensua­lidade constante. Valor negativo. CONDENÁVEL.

Estreado no Cinema Eden em 15-11-57.

3.a feira, 4 ; « A C Ç Ã O IM E ­DIATA». País de origem - França. Género - Espionagem. Principais intérpretes : I lenry Vidal, Bárbara Laage e Nieole Maurev.

E n r e d o : — Um agente da polí­cia é encarregado de resgatar do­cumentos secretos, roubados no aeroporto de Orly. A sua acção decorre em diversos países, no­meadamente na Itália onde termina com êxito.

A p recia çã o e s té t ic a : — Bom desempenho. Realização cuidada.

A preciação m o r a l: — Algu­mas cenas de crime fazem que se reseVve o f i lm e PARA A D ULTO S.

Estreado no Cinema Capitólio em 2-12-57.

O b r a s d e A lv a ro V a le n t e— «Eu», livro de sonetos,

esgotado; « D a q u i . . .fala R i ­batejo», contos monográficos, 30 escudos; «Pedaços deste Ribatejo», folclore e costumes, 30 escudos; »A minha visita ao museu de S. Miguel de Ceide», folheto, 5 escudos; «Ilino a Almada», em verso, 10 escudos; «Grades Eternas», estudos sociais, 15 escudos; «Vidas Trágicas», romance, 15 escudos; «Viagem de Maravi­lhas», reportagem, 20 escudos.

Pedidos à Redacção de. «A Província».

Banda Democrática 2 de Janeiro

Está aprazada para o dia 4 de Maio próximo a deslocação da Banda Democrática à notável Vila Franca de Xira, a fim de ali dar um concerto, estando em vistas ser a c o m p a n h a d a pelo Grupo Artístico Montijense.

Igualmente está prevista a saída da referida Banda em 7 e 8 de Setembro deste ano a Aveiro e à sua vizinha povoação de Ribeira­dio, dando, a convite do sr. P re­sidente do Município local, um concerto no coreto do Jardim Público daquela cidade.

SiniitalD N. in Doerárias CorliielFDs do D in S e l a !

S e c ç ã o d e M o n H jo

A V I S OEm conformidade com a convo­

cação afixada nesta Secção, con­vido todos os sócios, em pleno uso dos seus direitos, a compare­cerem na reunião da A SSE M ­B L E IA G E R A L para efeitos de:

E L E IÇ Ã O DOS CORPOS G E R E N T E S

Para o triénio de 1958/1960, que se realizará no dia 27 de Março de 195S, pelas 21 horas.

Se ã primeira convocação não comparecer número suficiente de sócios para que a Assembleia possa funcionar, terá esta lugar uma hora depois com qualquer número. Montijo, 25 de Fevereiro de 1958 0 Presidente da lileso da Assembleia Geral

a) A n tó n io M anuel P ontes

«.X Província» - N.° 154 - 27-2-58

Anúnciol . a Publicação

Faz-se público que pelo Juízo de Direito desta comarca de Montijo e 3.a secção, nos autos de execução ordinária que António Pratas, ca­sado, comerciante, morador em Santiago do Cacém, move contra Sociedade Transformadora de Cor­tiças, Lda. (SOCOR), com sede em Montijo ; Antonio dos Santos Costa e Carlos Gonçalves Pinto, ambos industriais e residentes nesta vila de Montijo, correm éditos de vinte dias a contar da segunda e última publicação deste anúncio, citando os crédores desconhecidos dos executados, para no prazo de dez dias, findo o dos éditos, deduzirem os seus direitos na mesma execu­ção.Montijo, 21 de Fevereiro de 1958

V erif iquei:O Ju iz de Direito,

I l id io B o rd a lo Soa res

O Chefe da 3.* Secção,

A lfred o M aria P. R ibeiro

P E S C A D E S P O R T I V AA Casa do Ribatejo , de colabo­

ração com o seu associado, Grupo Desportivo de Azambuja, organiza o primeiro«GRANDECONCURSO DIi PESCA D E SP O R T IV A DA PROVÍNCIA DO R IB A T E JO » , em data ainda a designar (possivel­mente em Ju lh o ou Agosto do corrente ano), na magnífica Vala Real de Azambuja, onde, nos últi­mos tempos, se têm pescado algu­mas espécies piscícolas considera­das de bons pesos e grandes dimensões.

Este grande concurso e futuros destinam-se, tão sòmente, a dar a conhecer a Terra Ribatejana, em toda a sua plenitude, através do salutar desporto da Pesca.

Oportunamente será indicada a data deste concurso, e o número de prémios a distribuir pelos con­correntes.

O C arnaval na

S . f . 1 . ° d e D e z e m b r o

Decorreu com bri lhantismo a «Matinée» Infantil nesta prestante colectividade da nossa vila, à qual compareceram numerosas crian­ças, filhas de sócios.

Nessa «matinée» levada a efeito em 18 do corrente, obtiveram os seguintes prém ios :

P R É M IO S D E H ON RA

D o se x o m a s c u l i n o — 1.°, Alexandre Marques Vicente, «Ca­mões»; 2.°, Alvaro Luís Soeiro Aleixo, «Campino»; e 3.°, Américo Silva Leonardo, «Toureiro».

Do se x o fe m in in o — 1.°, Ana- bela Relógio Diniz, «Dama Antiga»;2.°, Maria Luciana Gaspar, «Fan­tasia Oriental» ; e 3.°, Maria Vir­gínia Marques, «Dama da Corte».

P R É M IO S D E S IM P A T IA

Do se x o m a s c u l i n o — 1.°, Francisco Afonso,«Pastor da Serra da E stre la» ; 2.°, Francisco Ma­nuel, «Palhaço».

D o s e x o fe m in in o — 1.°, Idália da Conceição Carmelo, «Espa­nhola»; e 2.°, Ofélia Maria Gervá­sio, «Espanhola».

f a r m á c i a s d e S e r v i ç o

5.1- f e i r a , 27 — D i o g o

6.” - f e i r a , 28 — G i r a i d e s

S á b a d o , 1 — M o n t e p i o

Domingo, 2 — M o d e r n a2 .* - f e i r a , 3 — H i g i e n e

3 ." - f e i r a , 4 — D i o g o

4.* - f e i r a , 5 — G i r a l d e s

Boletim Religioso

C u l t o C a t ó l i c o

M ISSA S

5.*-feira, às 9 e 10 h.6.a-feira, às 8,30 e 9 h.Sábado, às 8,30 e 9 h.Domingo, às 8 h. na Igre ja da

Misericórdia; às 10, 11,30 e 18 h. Terço e bênção às 17,30 h. na Igreja Paroquial; às 12,30 h. na Atalaia; e 18,30 h. no Afonsoeiro.

B A I L E D A P I N H A T A C u l t o E v a n g é l i c o

Realiza-se nesta Sociedade no próxim o domingo, 2 de Março, este sensacional baile, o qual pro­mete ser largamente concorrido.

Neste baile, que será de grande imponência, far-se-á a eleição dos «Reis da Pinha», para o ano de 1958/59, com damas de honor, pagens, bobos, e tc . , seguindo-se o coroamento dos Reis, com faustoso banquete, discursos e folia.

Dará a sua valiosa colaboração a esta festa o apreciado Conjunto Musical «Os Príncipes».

S o c i e d a d e R e c r e a t iv a d o f l l to d a s Vinhas G r a n d i s

Efectua-se nesta colectividade popular do v izinho bairro do Alto das Vinhas Grandes, no pró­ximo domingo, dia 2, em «so irée» o seu Baile da Pinhata, o qual será abrilhantado pelo Conjunto Mu­sical «Unidos do Jazz», do Alto Estanqueiro.

Neste baile será feita a coroação dos Reis e eleição das suas damas de honor e pagens, que consti­tuirão o seu séquito, com a res­pectiva distribuição de prémios.

Que esta atraente festa seja o incentivo de futuras prosperidades para tão útil agremiação, é o que lhe desejamos sincéramente.

Barbearia- A L U G A - S E ou trespassa-se.Informa na Rua do Gaio, 11 Sa-

Perdeu-se— Uma pequena carteira com

um molho de chaves, que fazem muita falta, no caminho do Ci­nema, rua do Hospital, praça 1.° de Maio, e rua João de Deus.

Dão-se alvíssaras a quem as tiver encontrado, na Casa das Vergas ou nesta Redacção.

Vendem-se- B A L A N Ç A S em F E R R O , força

de 500 e 1.5Ó0 quilos respectiva­mente. Trata Construtora de B r lanças Montijense, Estrada Nac0- nal, 51 Afonsoeiro - MONTIJ-'*

s q u in a s d e f o t u r ao ap are llia» élêclfico<, rep aram -se com g aran tia .

A ". í ’or'-f*'rc', ' ' r Dias 3 • 1 ° -Esq.° telefone 0260S2 - MONTIJO.

Horário dos serviços religiosos na Igreja Evangélica Presbiteriana do Salvador — Rua Santos Oliveira, 4 - Montijo.

D o m i n g o s — Escola dominical, às 10 horas, para crianças, jovens e adultos. Culto divino, às 11 e 21 horas.

Q u a rta s-fe ir a s — Culto ab re ­viado, com ensaio de cânticos re l i ­giosos, às 21 horas.

S e x t a s - f e ir a s — Reunião de Oração, às 21 horas.

No segundo domingo de cada mês, celebração da Ceia do Senhor, mais vulgarmente conhecida por Eucarística Sagrada Comunhão.

Ig reja P en teco sta l , R ua A le­x a n d r e H erculano, 5-A - M on­iijo .

D o m in g o s ; — Escola Domini­cal, às 11,30 h.; Prègação do E van­gelho, às 21 h.

Q uin ta s f e i r a s : — Prègação do Evangelho, às 21 h.

Espectáculos

CINEMA T E A T R O

JOAQUIM D E ALMEIDA

5.a feira, 27; (Para 12 anos), uma engraçada «charge» à alta Sociedade, cheia do mais fino es­pírito, «O Mordomo da Ilha De­serta».

Sábado, 1 ; (Para 17 anos), toda a capacidade do novo cinema ale­mão numa produção de alta cate­goria, «Os semi-homens».

Domingo, 2; (Para 17 anos), iní­cio das m a tin ées às 15,30 horas— s o i r é e às 21,15 horas. Um grande f ilm e extraído da célebre o b ra d eE m ilio Zola, «A Taberna», com Maria Schell e François Perier.

2.3 feira, 3 ; M atinée In fa n til às 18 horas (para maiores de 6 anos), com f-s f ilm e s «Aventu­ras de Bucba e Estica» e «Um Homem de Coragem».

3.a feir»> 4 ; (Para 17 anos), unia engraç--da c o m é d i a da Metro, «Est? noite ou nunca». Com Jean Siiroions e Paul Douglas.

Uma ligeira comédia que faz sorrir o espectador.

«A Província»a s s i n a t u r a s

Pagamento adiantado

10 n ú m ero s — 9$90 20 nú m eros — 20S00 52 n ú m eros — 5 OS00 (um a no ) Províncias Ultramarinas e Estran­geiro acresce o porte de correio.

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A PROVINCIA 27-2-958

( ~ f u i t e b & LCampeonato N acio­

nal da 2.a Divisão

Montijo, 4- - Estoril, 1Equipas:M O N T I JO : — R e d o l; S e r ­

ralha e B a r r ig a n a ; Santana, A ranha e André I I ; Rom eu, G arroa , Veredas, André I e Ernesto .

E S T O R I L : — B rand ão ; Bata lha e A lbino ; Jo sé F e r ­nando, M ota e Se rra A m aro ; Ru i, Pe ixoto , C araco l, Ferrão e U ria .

Cam po :— Lu ís de A lm eida Fidalgo, em M ontijo .

Arbitro : — Jo sé Nunes, de Faro.

O s golos de M ontijo (3 ) foram marcados, na prim eira parte do encontro, por A n ­dré I e por Ernesto.

A o s 28 m inutos, André I marcou o 1 .°, aos 32 e 4 2 , E rnesto marcou os outros dois.

N a 2 .a parte, os golos foram marcados por U ria, para o Estoril, aos 3 minutos, e ainda Ernesto o 4 .° golo aos 4 5 , para M ontijo .

E is o marcador.Quanto ao jo g o :A monotonia de entrada,

dos dois lados, foi quebrada pelo Estoril, por intermédio dos seus avançados.

No entanto, o certo é que o jogo animou e o ataque m ontijense tornou-se mais activo e mais eficiente.

A defesa do Desportivo esteve numa tarde feliz.

Contra ela esbarraram e jse desfizeram as tentativas estorilenses, aliás mal con-

iduzidas e mal rematadas.Com a saída de Caraco l,

lesionado numa vista , o E s ­toril ficou reduzido a 10 elem entos durante os últimos dez minutos da l . a parte, de que resultou, possivelm ente, o 3 . ° golo de Ernesto .

N a 2 .a parte, o Estoril com pletou a sua linha e o jogo voltou a animar. O s ataques sucederam-se de lado a lado, com as devidas res­postas, tornando-se o D e s ­portivo muito mais perigoso.

Brandão, guardião do E s ­toril, deu lugar ao 4 . ° golo de E r n e s t o , rematando-se assim a partida, com fraco interesse.

M ontijo ficou agora em 8 .° lugar, com 26 pontos, com pouca ou nenhuma esperança para as «finais».

Se rá que o futebol m onti­jense necessite de novos im ­pulsos nos prélios do ano futuro ?

Se rá porque os jogadores têm com plexos desiguais que desorientam ?

Se ja como for, o D espor­tivo , que tantas tardes g lo­riosas conta no seu activo , há-de recobrar-se e m arcar melhor e m ais decis iva po­sição no futuro.

Assim o esperam os adep­tos ; a s s i m o esperam os todos.

R. D.

B o m b e ir o s V. d a T r a f a r i aT e rm in o u a série de b a i­

les de ca rn ava l, e fectuada no parque de v ia tu ra s do q u a r t e l , em construção, desta p restim osa corpo ra ­ção.

Com o ba ile da P in h a ta findou o sétim o baile. M u ito concorridos e an im ados, fo­ram a a leg r ia esfusian te de adu ltos e crianças. O s fre ­quentadores desforraram -se nos «petiscos». F o i um a ve rd ad e ira a leg ria , trans- bordante e sã,

Esperam os que no p ró ­xim o ano os festejos ca rn a ­va lescos se realizem já no salão am plo do p rim e iro andar, onde se acen tuará o b rilhan tism o .

B e la s m áscaras, an im ado en terro do E n tru d o , e n tu ­s iástica con co rrênc ia para e le ição dos Re is do C a rn a ­va l, tudo isto, e o am b ien te fa m ilia r e popu lar destas festas, se rv iram para em be­lezar os folguedos, sem um a nota d isco rdan te — (C .)

Ci i n i i i ie Pnu ístitiiR e s u lta d o d o 21 .° c u p ã o p u b l i c a d o e m 1 3 d e F e v e r e i r o

Nenhum concorrente acertou em todos os resultados -- Entraram 123 cupões

A c e r ta r a m e m 1 0 r e b i t a d o s , 4 c o n c o r r e n t e sF o r a m p r e m i a d o s : A l y e d o R i b e i r o , T r i b u n a l J u ­

d i c i a l ; J o s é R o d r i g u e s d a C o ; f a ; P r a ç a 1 . ° d e M a i o , 1 - 2 . ° E . ; e L u í s L o p e s C o r r e i a , t r a v e s s a A n l ó n i o R o ­d r i g u e s P i m e n t e l , 1 7 , — I o d o s d t M o n t i j o .

Ecos d e S e t ú b a l(Por Rui Oliveira)

N o s a lã o paroquial da Anunciada desta cidade rea- l i z a - s e n o di a 2 7 d o corrente, pelas 21 ,30 horas, um espectáculo teatral de­sempenhado pelos com po­nentes do G rupo Fo lclórico da C asa A g r íc o la Santos Jo rge , de R io Frio . A receita destina-se à construção da nova igre ja desta freguesia .

O C lube de Cam pism o de Setúbal prom ove no dia 9 de M arço um passeio fluv ia l à T ró ia , a fim dos sócios e fam ílias adm irarem as g ies ­tas em plena floração.

O Futebol C lub e «Estre las do Sado» deSetúb a l, com eçou no dia 26 do corrente a fes­tejar o 1.° an iversário da sua fundação com o seguinte programa : D ia 26 — às 21 ,30 h. jogo de ténis de mesa entre as equipas representa­tivas do clube e do G rupo D esportivo «O s Ibéricos».

D ia 2 de M arço : às 7,30 horas — M issa na Igreja da Anunciada por alm a do sócio fundador sr. Calix to Fernan ­des, e em seguida romagem ao cem itério de N ossa S . a da P ie d a d e ; às 10 - Jo g o de futebol em cam po a desi­gnar entre a equipa do clube e dos Am arelos F . C ., às 20 — Jan ta r de confratern iza­ção dos directores e sócios.

R o g a - s e a o s c o n t e m p l a d o s d e M o n t i j o q u e v e n h a m à r e d a c ç ã o b u s c a r o s p r é m i o s .

No G rande Sa lão Recreio do Po vo realizou-se no pas­sado dia 23 a 2 2 ,H sessão prom ovida pelo C ine-C lube d eSe tú b a l dedicada aos seus associados e em que foi ex i­bido o f i l m e «Hum berto D .» e docum entários. E s te clube de cinem a prom ove no pró­ximo mês de M arço as se­guintes se ssõ es : D ia 14 — às 2 1 ,3 0 horas, no Ateneu Setuba lense ; D ia 16, às 17 horas, no C lube de C am p is ­mo ; e dia 23 às 11 horas, no G ran de Sa lão Recre io do Po vo , com o f i l m e «Dez Ré is de Esperança».

------- mN o Centro Ex tra-Esco lar

n .° 1 da M . P . de Setúbal realiza-se no próximo do­mingo 2 de M arço uma festa de despedida ao director deste Centro sr. M ário Ferro, que deixa o referido cargo. Esta festa é prom ovida pe­los antigos e actuais filiados deste Centro .

S P O R T L I S B O A - L A P A Corpos Gerentes eleitos para 1958 :

A s s e m b l e i a G e r a lPresidente, António Carlos J ú ­

nior; Vice-Presidente, Leonel Pe­reira Lúcas; 1.° Secretário , Alfredo X a v ie r ; 2.° Secretário, Joaquim Corsino.

D i r e c ç ã oPresidente, H e n r i q u e Simas;

Vice-Presidente, António da Costa;1.° Secretário, Pedro Pita da Silva;2.° Secretário, A rtu r do Espírito Santo Amil; T e s o u r e i r o , José Fernandes N ogueira; 1.° Vogal, Henrique Augusto de Je su s ; 2.° Vogal, João Pereira Ri.ldão; 1.° Suplante, Eduardo Rnldao; 2.° Suplente, Pedro Nogueira.

C o n s e l h o F i s c a l Presidente, José Pmt > Valente;

1.° Secretário, Constantino P ires ; Relator, Agostinh" Rolão. D e l e g a d o s à F e d e r a ç ã o d a s

S o c i e d a d e s £. R e c r e i o Henrique S i m a s e Henrique

Santos Moreira.

Montijo, T2-Pedrouços, <*4-0Jo g o a contar para o C a m ­

peonato Nacional da 2 .a D i­v isão .

Sob a arbitragem dos srs. Frederico Sobra l e Berardo Soe iro , as equipas a linha­ram :

M O N T I JO : (34 cestas e 4 lances livres transform a­dos em 15 tentados) E lis iá ­rio, ( 10), Luciano , F le ito r (6), Barre ias, T eodem iro (4 ), Jo s é M aria ( 20), Jo ã o Jo sé , T o ­más (26 ), Adriano (2 ), e Pinto (4 ).

P E D R O U Ç O S : (18 cestas e 4 lances livres transform a­dos em 17 tentados) Rui ( 10), M artins (8), Jo ã o ( 11), G i l ­berto (5 ), H é lio (4 ), e V i ­cente (2).

A o in te rv a lo : 37-15 .

Repetim os o que escreve ­mos quando da apresentação das equipas que fazem série com o C . D . M ., no C am ­peonato N acional da 2 .a D i­visão.

«Só por m anifesta in fe lic i­dade o M ontijo não sai ven ­cedor desta s é r ie . . . >.

Perante um Pedrouços, um dos favoritos, o M o n t i j o mostrou que na outra banda já se joga «menos mal» o Basquetebol, ao contrário do que pensam os lisboetas.

N a prim eira parte, que atingiu bom níve l, o M ontijo evidenciou uma nova rea li­zação dos métodos de jogo que convém à equipa ; p la ­neando o ataque ou contra- a tacan d o , fê-lo sempre com propósito.

E foi neste tempo que a superioridade se vincou de tal maneira que, para a s e ­gunda parte, os jogadores montijenses já não vinham com a mesma d isposição.

E foi pena, realm ente.T e r ía m o s assistido com

certeza à melhor exibição doC . D. M . se se tentasse se ­guir o mesmo ritmo.

O que foi no prim eiro tempo jogo de conjunto foi no segundo, jogo individual. O s m a rc a d o re s quiseram evidenciar-se e acabaram por tirar luzimento à partida.

É sempre assim quando se nota que o adversário é de­masiadam ente frágil.

A d iferença de pontos na2 .a parte, 10 sòmente, de­monstra que não é aconse­lhável esta maneira de actuar.

Aqui fica o av iso e o exemplo.

A arbitragem esteve em bom n íve l.

Em jun iores, no M ontijo ,o C . D . M . venceu a Cuf. por 22-16 .

L u c i a n o M o a h o

GRÂNDOLAFutebol

Paz-se ju s tiça ... pela mão

da injustiça I

No lastimoso piso do Estádio Municipal de Grândola, realizou- -se no passado domingo o derby local: Sport-Desportivo, cu jo en­contro foi esperado com ansiosa expectativa durante toda a semana pelos adeptcs de ambos os grupos, pois o que ganhasse era o prová­vel vencedor da série.

O árbitro foi da Associacão de Futebol de Setúbal e as equipas alinharam da seguinte m a n eira :

S P O R T — António J o s é ; A r­naldo II e Idalino; José da Costa, Augusto e Esperto ; Carlos, Ci­priano, Rafael, Arnaldo I e Martins.

D E SP O R T IV O - Correia ; Au­gusto e Jo sé Manuel; Armando, Espada e L ibânio; Abilardo, Hei­tor, Pereira, Reginaldo e Gameiro.

Aos 18 minutos, no seguimento de um pontapé de canto, Heitor rematou de cabeça, indo a bola embater na barra e sair pela linha de cabeceira.

Eram decorridos 23 minutos quando o Desportivo alcançou o seu golo, ‘por intermédio do seu centro-avançado, Pereira, com um magnífico remate de fora da grande área. Dois minutos depois, quando ainda mal se haviam extinguido os aplausos entre os adeptos dos azúis, os encarnados lograram em­patar, mercê de um flagrante des­lize do árbitro, que validou o golo em nítido fo ra de ju g o do m ar­cador, após a marcação dum livre.

Os jogadores azuis reclamaram a legalidade do tento; mas o árbi­tro, depois de consultar o fiscal de linha, manteve a sua decisão.

Até final, nada houve digno de registo e o encontro terminou com o resultado justo.

E. C .

Grupo Artístico MontijenseM ais um êxito indiscutível

a actuação deste G rupo, no espectáculo de segunda feira, 2 4 , organizado pela C o m is ­são das Festas Populares de S . Pedro a favo r de seu cofre de receitas.

Com a lotação do vasto C in e Teatro Jo a q u im de A lm eida com pletamente es­gotada, a récita decorreu num am biente de bela ex­pectativa, cada número do programa merecendo aplau­sos gerais e geral satisfação. O T r io M ontijense, apequena M aria Teresa , o cantor M o i­sés Soares, a O rquestra E l ­dorado, o declam ador Fran ­cisco C axe irinha, os am ado­res e as am adoras recitando e cantando, os lo cu to res ,—

todos, afinal, uns melhor, outros p io r— , tornaram o espectáculo atraente e digno.

Desta tribuna da nossa terra c u m p r im e n ta m o s o s . am adores e os autores H um ­berto de Sousa e Jo s é loa- f quim C aria , pelo esforço I dispendido a bem da cultura I local e do presíígio m onti-l jense, incitando-os a q u e l prossigam sem Jes fa le c im en - 0 tos. I

Sem sombras de lisonja o d izem o s : o arupo Artístico M ontijense está realizando uma obra rotável, pelo que lhe dispensamos toda a nossa simpatia f carinho.

Agrade-emos a gentileza do convie com que nos dis tinguiran.

i

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2 7-2-958 A PROVINCIA

d o M i n h o a o G u a d i a n a

Baixa da Banheira— C. T. T. — D esde os

primeiros d ias do ano em curso, que esta lo ca lid ade foi, por determ inação o fic ia l, dotada com m ais um a un i­dade, ( a c t u a lm e n t e duas) para d is tr ib u ição postal.

Confiam os agora nos res ­pectivos funcionários, para que as pro longadas e p re ju ­diciais deficiências^ na d is ­tribuição-postal ao domicí-

[ ijo surg idas até há pouco, tenham acabado por com-

: pleto.Po r ta l m otivo , m u itos pa ­

rabéns a nós e aos h u m il­des e ordeiros 12 m il h a b i­tantes da B a ix a da B a n h e ira , e bem assim , em nome dos

[mesmos, a p r o v e i t a m o s a !oportunidade para en v ia r, por in te rm éd io do nosso

ijornal, à E x .ma A d m in is tra ­ção G e ra l dos C . T . T ., e

[por tão im portan te e justo | melhoramento, os nossos «muitos e m uitos obriga-

[dos».— Novo edifício Escolar—

Em acertada esco lha de lo ­calização, a nascente e ju n to à rua 15 e ou tras em p ro ­jecção, continuam em ritm o acelerado os traba lhos da obra em construção, deste importante e fu tu ro m e lho ­ramento.

E já agora que estam os om a mão na m assa de elhoram entos, perm itim o-

nos em v o lta r a p ergun tar: -Q u an d o terão o seu in íc io ambém os traba lho s da

inesquecível e tão desejada obra de abastecim ento de

lágua a A . V edros , B a ix a da Banheira e ou tras povoações do c o n c e lh o ? . . .

— Património dos pobres -Tam bém , em bora a passos lentos e a expensas de al-uns am igos da caridade, o

mesmo que dizer, com a l ­guns aux ílios, continuam em curso as obras de co n s tru ­ção desta fu tu ra in s titu ição de beneficência. Bem ha jam !

— Em defesa do consu­midor — V o lta o disco e toca o m e sm o ... O mesmo su ­cede com a cam panha da vend a ileg a l de pão ao do­m ic ílio .

J á abordám os este assunto por m ais de um a vez, mas parece que in fe lizm ente o mesmo não chegou a inda ao in te iro conhecim ento das en­tidades resp ectivas , v is to que a «fa ina» con tinua a mesma.

Po rq u e as c ircunstânc ias assim o exigem , vo ltam os a r e p e t ir : — E n tre as d ive rsas c lasses a m b u la n t e s , que abastecem d iá riam en te es ­tes 12 m il e tantos h ab itan ­tes, todos vêm fazendo uso dos respectivos in s tru m e n ­tos de pesar ou m edir, ex is ­tindo porém , en tre estes, a classe dos padeiros de venda ao dom icílio , que não são assim tão poucos, atrop e ­lando as le is em v ig o r e não tendo o m ín im o res ­peito pe la bo lsa a lhe ia . C h e ­gam à porta dos c lientes, tiram dos cestos o pão n e ­cessário que os mesmos pe­dem p a ia seu consum o, e p r o n to ! . . . A g o ra pergun ­ta-se : P a ra que servem as balanças no fundo dos ces­to s ? . . . V ir á todo 0 pão com g a ran tia ou m ais do peso leg a l? N ão acred itam os, nem tão pouco, ta l a d m it im o s !

O u tro tan to sucede tam ­bém com os num erosos ve n ­dedores de le ite , um a das classes, de p rin c ip a is «mi- xordeiros», que não respe i­tando as le is e p r in c ip a l­m ente a saúde púb lica , con ­t in u a m a « im p in g i r » ao pobre consum idor toda a espécie de «gandaia» que

lhe vem à mão e sem a me- n o r 'an á lis e .

Po rq u e não usam estes senhores e senhoras, as com ­petentes batas e ou tros fa r­dam entos e as resp ectivas vaz ilh as dev idam en te se la ­das conform e m anda a le i, e v itan d o toda m aior espécie de abusos e ca lam id a d es ?

Em defesa do consum idor, e a quem nos for possíve l acu d ir, pedem-se p ro v id ên ­cias ! — (C .)

BombarralRelatório das actividades cama­

rárias de 1957,

O C onselho M u n ic ip a l, reun id o sob a p res idência do sr. dr. V asco Fu rta d o , d iscu tiu e ap rovou o re la ­tó rio das ac tiv id ades cam a­rá ria s da gerência finda, pelo q u a l se ve rif ica o saldo de 164.593500, a tin g ind o as rece itas 3.387.432$io e as despesas 3.222.839$i o .

Segun do o re fe rid o re la ­tório, dispenderam -se nas p rin c ip a is ru b r ic a s :

U rbanização da vila '. C om pra da propriedade «O C o rvo » , para pro longam ento do cam po onde se efectuam as f e i r a s e m e r c a d o s , 8o.ooo$oo; com pra da pro ­p riedade «O O liv a l» , para ed ificação do B a ir ro de C a ­sas para Pobres, xo5.ooo$oo; com pra de casas abarraca- das para dem olição na ru a p ara le la à M a ta M u n ic ip a l, 25.ooo$oo; com pra do te r ­reno, no V a le G a lin h as , para ab ertu ra da ru a de acessoaohosp ita l,84 .i20$oo.

Assistência'. L iq u id a ç ã o aos hosp ita is, pelo in te rn a ­m ento e tra tam en to de doen­tes pobres, 57.755$9°, ex is-

tindo a ind a um débito de 195.63119o.

Higiene e limpeza'. D iv e r ­sos serv iços, 69.631190.

Obras e melhoramentos diversos: C o n s t r u ç ã o do M ercado F e c h a d o e um B a ir ro dê 12 casas para Pobres, já conclu ído , es­tando em curso as obras de u rban ização das respectivas áreas, 1.068.237120; conser­vação de v ia s rodoviá rias , 44-i57$5o; construção de bebedouros para an im ais, la vad o u ros, in sta lação de ram ais, lim peza e restau ro de m inas, etc., i28.750$70; estrada de S, M am ede à B o a V is ta , i5i.677$oo.

Subsídios'. A d iv e r s a s co lec tiv id ad es, organism os de a s s i s t ê n c ia e outros, 2o8.27o$7G (in c lu in d o o su b ­s íd io de 25 contos p ro ve ­n ien te da Inspecção de In ­cêndios, para a com pra de m ate ria l, e i9-643$70 do Im posto de Incênd ios, e n ­tregues aos B o m b e iro s V o ­lu n tá r io s ); às Ju n ta s de F reg u e s ia do Concelho, para se rv iços de e x p e d ie n te , 6.i4o$5o.

Instrução'. Com escolas e outros serv iços re lacionados com esta ru b rica , 67.095$00.

A s rece itas in c luem a venda, nos dois ú ltim os anos, de 817 obrigações da herança de D . Ino cência da S i l v a C a ire l S im ão , que renderam 932.060^00, verba que foi u tiliz ad a no B a ir ro de Casas para Pob res e M ercado Fechado , e as com ­partic ipações do Estado , no to ta l de 553.407150.

In fo rm a a ind a o re la tó rio es ta r q u a s e con c lu íd a a e le ctr if icação do S a n g u i- nhal, a que se segu irão o u ­tras povoações, com o apoio de com issões loca is , e que fo i pedido sup erio rm ente

que o B o m b a rra l seja in ­c lu ído num a «Reg ião de Tu rism o» a c r ia r com os concelhos de C a ld a s da Ra inha , Pen ich e e Ó b idos. Reco rda, a te rm inar, o fa le ­c im e n to do C om endador Jo ão F e r re ira dos Santos, a quem presta sen tida hom e­nagem , c itan do a lgu ns dos ú ltim os actos de beneficên ­cia do ilu s tre e saudoso benfe ito r a favo r do B o m ­b arra l.

Pa rece apresentar-se este ano de m e lhor aspecto 0 prob lem a da colocação dos nossos v in h o s no m ercado. Com a p e rsp ectiva dum a saída ap re c iáve l de v in h o para o estrange iro , tem m e­lhorado consid eràve lm ente a sua cotação para o p rodu ­tor.

Pequenos produtores, que g u a r d a r a m até agora a co lhe ita do seu v in h o , m u i­tos deles nas A d eg as Coope­r a t i v a s , têm - n o vend ido , na lgum as regiões, a 2$6o o tinto , cada litro , isto é, à razão de 4$40 o grau.

O s produtores do B o m ­b a rra l acom panham , com v i ­s ív e l satis fação e in teresse, a p rev isão de m e lho ria de preços da p rodução v in íco la .

— E s tão e laborados e já foram env iad os para ap ro ­vação superio r, os estatutos do C ine-C lub e do B o m b a r­ra l, in ic ia t iv a c u ltu ra l dum grupo de c in ec lu b is tas desta v ila .

A s a c tiv id ad es do novo C ine-C lub e terão in íc io logo que se dê a ap rovação dos seus estatutos e depois da e le ição dos seus corpos d i­rectivos.

— O P a d re H o rá c io , co la ­borador do saudoso Pad re A m érico , que d irige 0 P a ­tr im ó n io dos Po b res no cen ­tro e su l do país, esteve no passado d ia 3 nesta v ila , onde, no C ine-Teatro , falou d esenvo lv id am en te da no ­táve l obra de ass istên c ia conhecida por P a tr im ó n io dos Pobres, sendo escutado com m u ito in te resse pela assistência . — (C .)

dcN^ 9 3 F o l h e t i m d e « A P r o v í n c i a » 2 7 - 2 - 1 9 5 8

f f í l d e i a d o f f f v e s s oc%e cÁtvaro Valente

E , finalm ente, ao despontar doutra curva, mostra-se a v ila em toda a lenitude, a 720 metros de altura, na cova que lhe pertence.

— M a is duas «ferraduras», mais uma rotunda, e a caravana poisa na Ja de entrada.

N o va paragem, novo descanso.1 Descalçam -se os sapatos, tiram-se as pedritas e a areia do trilho pas-

oa- N o , limpam-se as bagadas aos lenços tabaqueiros, e trocam-se impres- rço pões:ura I — C e b o ! Q ue mais parecia descer prós infernos !

or,0

io.;saos

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iti-:jueen-

a 0

— Já tenho as cardas dos tacões razinhas— Pois pró inferno é que vós ides não tarda um p a u lito ! — acrescenta

guia.— Pró inferno ?— É , p o is ? Daqui a nove quilómetros e meio esternos no «Poço do In-

:ico N o » , mê senhor.idoquessa

ezadis-

— E lá é que alm oçam os?— P o i’ tão ?— A i que desgraça ! — gemem os outros.— E eu que já estou a com ichar de fome há que tempos ! — diz 0 mais

oço.— Então , é seguirm os sem demora, — ordena 0 guia.— Se ja !, — concluem todos, resignadam ente.E a cam inhada continua.

A ve lha estrada rodeia a v ila e segue depois paralela ao ve io de água do Zézere e do regato das C arva lhe iras , que vem da serra e alim enta as fiações laterais.

A co lá e m ais além , moendas com seus «alveiros» e «burneiros» para os trigos e m ilhos da cercanias.

A estrada, até lá baixo à ponte, é a mesma que va i para a C ov ilh ã . N a ponte, bifurca-se. Para a d ireita, vinte e cinco quilómetros até a essa c i­dade, sempre nas faldas serranas, muito branca, muito estreita e cheia de panoram as v a r ia d o s ; para a esquerda, entrando nas matas nacionais, mais sete quilómetros e meio até 0 célebre poço.

A caravana marcha agora mais depressa. O terreno é menos acidentado da v ila à ponte, e a fome aperta. D a ponte para cima, pela estrada manei- rinha e perigosa, aparecem traços paradisíacos que lembram estradas de S in tra , arcadas de verdura, túneis de arvoredo, surpresas que provocam ê x ta se s !

À direita, novos mastodontes de pedra, outra vez a serra em ostenta­ções d iab ó licas ; à esquerda, va les e escapadas lind íssim os, aguarelas de encantar.

— O rap az es ! S e isto continua por muito tempo, fico pràqui sem poder m a is . . . , suspira um.

— Ó . . . Ó ! Então agora que esternos quase a chegar, é que fraquejam ?— exclama 0 guia.

— D os fracos não reza a H istó ria , hom em ! — diz outro que va i na mesma, mas que d isfarça para animar.

— Vam os, vam os que já falta pouco, — volta 0 guia. É pèrtinho, podem c r e r !

E entrementes, a paisagem torna-se mais agreste. A s serranias formam a la r ; descobrem-se cristas e píncaros por cim a das cabeças.

— Parece que se tornou atrás e que se cam inha outra vez a mil e du­zentos metros de a lt itu d e !

— A li ’stá, ali ’s tá ! — grita 0 guia da frente.

( C O N T I N U A )

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6 A PROVINCIA 27.2.958

« E o luar foi testemunha»if im n n n s T n H r o T O T r r r n r & T O T t f r r r f f C T n m n r r r r in n r õ T r r r i r i r F r a a r r a T ín ^ ^

Frente a Belém, todos os rçnos ouvem missa os nossos mais sim­páticos pescadores da Terra Nova, levando consigo a fé e o testemu­nho da sua crença cristã, para que meses depois nos venham prendar com o apetitoso «peixe relíquia», da mais retinta cozinha portu­guesa.

E que o seu óleo é poderoso fortificante, não só para crianças anémicas, como para adultos de­pauperados de energias.

Deixando este antigo estaleiro, de barcos de pesca, onde os fortes madeiros são transformados em pesqueiros de várias espécies por mãos hábeis de carpinteiros, for­ma-se ao mesmo tempo um en­troncamento ferroviário que, atra- vensando a principal avenida, toma o caminho dc Alcântara e Rossio e vai destes pontos às mais longín­quas terras do mundo.

Começa aqui e vai até Santos, junto das dezenas de armazéns de peixe e sua respectiva lota, uma cidade nova que muitos não conhe­cem. E uma cidade ribeirinha sem areal, mas com um sol abrasador, onde se encontram instalados ar­mazéns de toda a qualidade de produtos que entram ou saiem a barra do principal porto nacional. Os seus cais são duma importância de real valor, e neles os guindastes, que carregam e descarregam as frotas marítimas, se erguem como monumentos de labor e de prestí­gio, vincando a nossa epopeia marítima e como que lembrando a Cruz de Cristo, que as nossas caravelas levavain n o s séculos passados a afirmar que Portugal era um País de descobridores, com seus poetas e santos, cantando e espalhando sempre a civilização e o amor pelo próximo.

No outro lado da linha de com- bóios, na parte que confina com o rio, grande número de oficinas se espalham.

São cerca das 8 horas da manhã. Magotes de operários, envergando 11a sua maioria fatos de ganga ou zuarte, dum azul vivo, que repre­senta o esforço manual e que ao inesmo tempo parecem coloridos com a cor do firmamento, entram nas suas oficinas, (vestindo quase todos o fato de trabalho, isto é, no mesmo género do que vestiam, mas mais usado, pendendo no peito, como que indicando que cada deve ter um número — é bem verdade que desde que nascemos até à campa a nossa vida é com­posta por números — uma chapa com o nome da empresa patronal).

Construções navais, serralharias, depósitos de conservas de peixe, de gelos, etc.. E de facto uma c i­dade, onde parece faltarem, na maioria dos casos, refeitórios, pois que na hora do almoço grupinhos de simpáticos operários comem à beira do rio ou da linha férrea e outros em pequenas e humildíe* tabernas.

Dentre um grupo de companhei­ros de oficina, destaca-se um ra­paz alto, cabelo da cor de azeviche, largos ombros e peito satisfatoria­mente elevado que, alheio aos que jogam às cartas no intervalo da1 refeição com o toque de entrada,, dá explicações sobre determiaado* ponto de ensino.

— Sim — diz Raimundo, 0 nosse personagem —, era necessário que todos soubessem pelo menos ler, porque a instrução é necessária ai todos. Mas temos que ir mais além. Aprender, aprender sempre, para: que junto às nossas aptidões pro­fissionais estas sejam mais homo­géneas.

Ao tocar o sinal das 13 horas, como que um formigueiro volun­tário, que labuta de verão para com er no inverno, se dirige disci­plinarmente para os postos que lhe estão distribuídos.

A vida nas oficinas, onde se juntam filhos de tantas mães, teru de ser fecunda e proveitosa e até certo ponto alegre e jovial, para que o esforço dispendido seja aceitável e para que a disciplina, que não deve ser imposta nasça dentro de cada um, criando per­sonalidade, respeito e confiança mútuos.

Sempre deve ser esta, pelo me­nos, a ideia de todos aqueles que dirigem ou são dirigidos.

A tardinha, ainda o Sol se en­contra a caminho do poente, esses ateamos grupos, depois du espe­

T r e c h o d u m r o m a n c e , q u e R I B E I R O ( 1 U D E S v a i p u b l i c a rrado toque de saída, o mesmo for­migueiro, de rostos tisnados pelo astro rei e pelo calor das forjas, dirige-se para as suas residências, sendo quase sempre ponto de par­tida o Jardim das Albertas, hoje mais conhecido pel^ Rocha do Conde de Óbidos.

Raimundo, lesto como uma seta, desce a avenida até Santos e aqui tomou um eléctrico da Estrela, a fim de se dirigir a casa, onde uma vèlhinha, toda a sua família, o es­pera ansiosamente.

Um sorriso e um beijo é a rece­pção que todos os dias se repete, naquela humilde casinha que, em­bora pobre, tinha por única razão a candura da mãe e o asseio impe­cável duma boa dona de casa.

Depois de pousar a um canto da cozinha a la n ch e ira , companheira de todos os dias, Raimundo d ir i­ge-se para outro a p o s e n t o e, abrindo de par em par a janela que tinha por fundo um dos seus mais familiares monumentos, a Basílica da Estrela, ostentando as suas colunas monolíticas com uma série de estátuas e baixos relevos, uma carta, aberta nervosamente e lida àvidamente, deixa Raimundo pensativo e absorto, até que sua mãe o acorda desse êxtase, dizen-

-do-lhe que o jan tar está pronto eque poucos minutos lhe restavam para ir para a «Machado Castro»,— escola que frequentava à noite.

Abraçando comovido sua mãe, dirigem-se para a cozinha, na qual ordináriamente comiam, e ouve- -se então este diálago :

— Recebi mais uma carta d a . . .— Sim d a . . . imterrompeu a boa

velhota que leu nos olhos do filho a sua comoção.

Num dos jornais portugueses, certo dia, apareceu uma notícia em que uma senhora belga solici­tava corresponder-se com um ca­valheiro português, a fim de entre si trocarem opiniões e estudos so­bre as suas respectivas pátrias, dando-se a conhecer as belezas e encantos destes dois maravilhosos países,

Entre algumas dezenas de cartas recebidas, uma houve que chamou a atenção da estrangeira, e a que imediatamente respondeu.

Na vida de Raimundo, pois como o leitor adivinhou foi a pessoa escolhida, operou-se uma reacção nova, 9endo incansável em relatar as paisagens e monumentos mais em relevo, enviando-lhe, não só bilhetes postais ilustrados, como selos, jornais , revistas e outros

objectos que falassem de Portugal. Da Bélgica, todas as quinzenas chegavam i g u a l m e n t e missivas encantadoras, com longas descri­ções da vida e costumes desse povo m ártir e ordeiro.

Estas cartas, quase sempre im ­pregnadas num perfume ligeiro e agradável, causavam ao destinatá­rio uma felicidade até então nunca sentida.

O trabalho e o estudo pareciam- -lhe mais leves, fazendo-o sorrir, com aquele sorriso próprio duma mocidade perene de satisfação.

No mesmo prédio onde morava Raimundo havia determinada pes­soa a quem estas relações culturais em nada agradavam. Sim, Marga­rida, rapariga dos seus 18 anos, um palminho de cara engraçado e fresco que tinha pelo seu vizinho uma amizade não declarada. E sp e­rava sempre todas as manhãs que ele saisse para o ver, e à tarde lá estava à janela, envergando o seu melhor vestido e atirando-lhe um sorriso gaiato e travesso. Tanto se influenciou pelo seu pagem que, na sua ausência, visitava a mãe a propósito de ser necessário qual­quer serviço, enfim, ser útil a a lg u é m . . . mas mais a si própria.

Um dia, quando o correio trazia

a sua habitual encomenda para 0 1 vizinho, Margarida informou que não se encontrava ninguém em casa, podendo assim deixá-la na sua, que a entregaria logo qUe | chegassem. Um rolo de revistas cl uma cartinha de comprido sobres-1 cr ito ,fê - la estremecer de tal forma | que nesse dia quase não comeu!

A’s 17 horas, já Margarida, cotnol de costume se encontrava aguar. I dando a chegada de Raimundo,I não tardando que aparecesse como| de costume a largos passos.

— Boa tarde, Raimundo. Vem | assim,tão ofegante?

— E verdade, M a r g a r i d a . o| tempo é sempre pouco para os| meus afazeres.

— S a b e . . . tenho cá em casa ( seu correio, como sua mãe não| es ta v a . . . recebi e . . .

— Estou-lhe muito agradecidoll— Gostava de ver as revistas)

que me parecem coloridas, majl não torno a receber daquelas car.l tas, porque possuem um cheirol que empestam as mãos! — dissi| num tom de despeito.

— Como queira — afirmou Rai-I mundo — tenho lá bastantes ref vistas que lhe posso emprestar.

Entretanto, recebia a corresl pondência e, reconhecendo a letral soltava um profundo suspiro del alegria, o que não passou desper| cebido à sua v iz in h a . . .

Entrevistando o cantor A N T Ó N I O B A I Ã 1O cantor António Ba ião ,

que os nossos leitores já conhecem quando actuava em «O s Com panheiros da A leg ria» , é um rapaz sim pá­tico, cuja voz bem timbrada e m elodiosa o guindou ao prim eiro plano dos nossos artistas líricos, e com eçou, por assim d iz e r , naquela com panhia publicitária.

Nascido em Lisboa, de pais alentejanos, cursou no L iceu da Ilha do Fa ia l, na M adeira ; contudo, a arte de representar e do belo canto a t r a ía m - n o , desde tenra idade, tal como a luz da candeia atrai uma falena.

Encontrámo-lo, outro dia, no C a fé e logo assestám os 0 nosso estilógrafo e apron­támos 0 bloco, para uma entrevista ; ao que, o novel, mas já apreciado artista, gostosam ente aquiesceu.

— Diga-me, António Ba ião , onde cantou pela primeira vez ?

— N o Sporting C lube do Fa ia l, na Ilha do mesmo nome, com uma canção inti­tulada: «Noite ao luar», uma criação do tenor Lu ís Piçarra. M a s , verdadeiram ente, e em bora isto possa parecer- -Ihe um paradoxo, a minha carre ira artística começou no Sem inário de Santarém , onde me estreei como actor dramático em várias peças que os meus colegas daquele estabelecim ento de ensino representavam . Em público, representei, mais tarde, em 1955 , na peça «A filha do m aioral», numa récita reali­zada nos Bom beiros Vo lun ­tários de M oscav ide .

— E na R á d io ? — inquiri­mos.

— Fo i no Rádio G raça , tendo-me estreado em «Pa ­rada de êxitos e artistas», uma r u b r i c a do maestro C ru z e Sousa , tendo daí

transitado para o Rádio C lube Português.

— Qual foi a sua m aior alegria ?

— O meu prim eiro con­trato, para o «M ax im e», onde

«Calderon» e mais tarde o «Lopo de ia V ega» , o que me proporcionou percorrer toda a Espanha em « tournêe» artística.

M as a carreira triunfal-

ffor •*- Anibal Anjosme estreei na noite de 15 de Jan e iro de 1953 , como «atrac­ção» daquela «ósi/e». E dali aos «Com panheiros da A le ­gria» foi apenas um passo, terido então percorrido Por-

-artística de António Ba ião no país viz inho, prossegue cada vez com m aior êxito, o que o leva à Rád io In ter­continental e depois à Rád io Nacional de Espanha, can-

A N T O N IO B A IÃ O

tugal de lés a lés, integrado naquele agrupamento artís- tico-publicitário.

— J á actuou no estran­geiro ?

— Apenas em Espanha, onde actuei durante um ano, em Rádio-M adrid , no pro­grama, «C a lvagada Fim de Sem ana», com Bob y D eg lané e sempre como a tra cção ; s e g u id a m e n te , cantei na «S ilvan ia T é lév is io n » , por intermédio da qual fui con ­tratado para o «Teatro La L a t i n a » , depois para o

tando o «Fado H ilário» para o G enera líss im o F r a n c o , numa récita organizada pelo C o lég io dos M arian istas.

— Diga-nos o que pensa do público espanhol ?

— Q ue é muito espontâneo e sempre que um artista agrada, o aplaude com en­tusiasmo.

— Q uais foram as canções que mais o popularizaram na nação v iz in h a ?

— «G ranada», «Torna a Sorrento» e «Canção de uma noite», se bem que as minhas

gravações «M ar Blanco» «G itana», gravados em Mal drid, me tivessem já prepaj rado o cam inho do êxito.

E is , a traços muito largol a larga ca rre iia do cantoí António Ba ião , um artislj que já muito fez em prol arte lírica portuguesa e quem muito há ainda a e| perar.

Pela I n u— Com seu N . ° 2018 coit|

pletou 44 anos de vida nosso prezado C o lega «NI tícias de G o u ve ia » , de qif é D i r e c t o r Jo s é A lm eií M otta e que se publica nj quela v ila .

Felicitam os e desejamos -lhe, e a quantos nele trais lham , as maiores prospefl dades.

— Em 10 do corrente co| pletou também 41 anos existência o sem anário «V I R ibatejana», de que é Dmf tor, Ed ito r e ProprietáJ Fausto Nunes D ias, e publica em V ila Franca.

Cum prim entam os afectij samente e fazemos vot| pelo infinito e próspero turo.

— O nosso prezado Colej «Ecos do Funchal», que ne cidade se publica, tevel gentileza de transcrever] artigo «Fazer rir», do noí distinto colaborador Álvf Pereira.

Es te artigo foi publica| no nosso sem anário, no n .° 150, e só por mero lapj temos disto a certeza, aquj C o lega o não disse.

No entanto, como semi) os nossos sinceros agraf cimentos pela deferência]