31. Série Gênesis - Lutando com Deus (Gn 32.1~32)

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Série Gênesis – Passos tortos pelo Caminho reto – Mensagem 31 Paulo Sung Ho Won – www.sunghojd.blogspot.com Série Gênesis – Passos tortos pelo Caminho reto – Mensagem 31 1 Lutando com Deus. (Texto: Gn 32:22~32) 1. Introdução. Foram vinte anos servindo seu tio. Jacó tomou toda a riqueza que conquistara e partiu rumo à terra prometida, terra de seus antepassados. Porém o maior problema ainda estava por vir. Quando ele deixou a terra prometida, quase que fugindo, ele deixara para trás seu irmão Esaú, a quem trapaceara duas vezes, e que se tornara o seu pior inimigo. Esaú estava contando os dias para matá-lo. Agora era hora de enfrentá-lo. Chegara o momento de Jacó ter um encontro com os fantasmas do passado. Como fazer para que Esaú não viesse e o matasse? Como apaziguar um pouco da ira que ele sentira durante todos esses anos? Como transpor essa grande barreira chamada Esaú, levando em paz sua família e sua riqueza para a sua terra natal? Jacó enviou uma mensagem a seu irmão dizendo que ele estava voltando. Porém, a resposta que o mensageiro trouxe não foi nada animadora: Esaú estava vindo ao seu encontro com quatrocentos homens (Gn 32:6). Para que tantos homens? Ou era uma recepção calorosa, o que na cabeça de Jacó era muito improvável, ou ele estava vindo para matar a todos. Cheio de medo, Jacó traçou um plano: dividiu em dois o seu grupo para que se Esaú atacasse um, o outro grupo ainda teria a chance de fugir (32:7,8). O medo de Jacó ficou evidente na oração que ele faz a Deus (32:9~12). Ele pede, quase em um estado de desespero, que Deus o livre das mãos de seu irmão, embora ele tenha feito tudo aquilo que fizera no passado. Na frente de todo o comboio, Jacó enviou três servos com animais para presentear seu irmão na esperança de que sua ira fosse amenizada até que o primeiro grupo chegasse diante de Esaú. Todos atravessaram o vale e o rio Jaboque, mas "Jacó ficou sozinho" (32:24). É, a solidão pode ser um evento muito intenso na nossa vida, assim como foi no caso de Jacó. Pensem por um instante como estava o coração de Jacó: cheio de medo, temendo pela vida de seus familiares, mas também pela sua própria. Naquela noite, Jacó não tinha condições se quer para dormir. Porém, foi nessa noite que Jacó teve a sua segunda maior experiência na vida: o reencontro com Deus. Você deve lembrar que Deus apareceu a Jacó em Betel quando ele estava saindo da terra prometida. Agora que ele estava retornando para a essa terra, Deus apareceu a ele novamente, também de noite, mas agora, de uma maneira muito, mas muito real. Mais uma vez, quando temos um encontro marcante com Deus, a nossa vida muda radicalmente. Veremos hoje, algumas marcas que esse segundo encontro com Deus deixou na vida de Jacó. Que o Espírito Santo também deixe em você essas marcas através de um encontro real e verdadeiro com Ele. 1 Pregado no MEP dia 24 de outubro de 2010.

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A humildade é a marca de quem tem um encontro marcante com Deus!

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Lutando com Deus. (Texto: Gn 32:22~32)

1. Introdução. Foram vinte anos servindo seu tio. Jacó tomou toda a riqueza que conquistara e partiu rumo à terra prometida, terra de seus antepassados. Porém o maior problema ainda estava por vir. Quando ele deixou a terra prometida, quase que fugindo, ele deixara para trás seu irmão Esaú, a quem trapaceara duas vezes, e que se tornara o seu pior inimigo. Esaú estava contando os dias para matá-lo. Agora era hora de enfrentá-lo. Chegara o momento de Jacó ter um encontro com os fantasmas do passado. Como fazer para que Esaú não viesse e o matasse? Como apaziguar um pouco da ira que ele sentira durante todos esses anos? Como transpor essa grande barreira chamada Esaú, levando em paz sua família e sua riqueza para a sua terra natal? Jacó enviou uma mensagem a seu irmão dizendo que ele estava voltando. Porém, a resposta que o mensageiro trouxe não foi nada animadora: Esaú estava vindo ao seu encontro com quatrocentos homens (Gn 32:6). Para que tantos homens? Ou era uma recepção calorosa, o que na cabeça de Jacó era muito improvável, ou ele estava vindo para matar a todos. Cheio de medo, Jacó traçou um plano: dividiu em dois o seu grupo para que se Esaú atacasse um, o outro grupo ainda teria a chance de fugir (32:7,8). O medo de Jacó ficou evidente na oração que ele faz a Deus (32:9~12). Ele pede, quase em um estado de desespero, que Deus o livre das mãos de seu irmão, embora ele tenha feito tudo aquilo que fizera no passado. Na frente de todo o comboio, Jacó enviou três servos com animais para presentear seu irmão na esperança de que sua ira fosse amenizada até que o primeiro grupo chegasse diante de Esaú. Todos atravessaram o vale e o rio Jaboque, mas "Jacó ficou sozinho" (32:24). É, a solidão pode ser um evento muito intenso na nossa vida, assim como foi no caso de Jacó. Pensem por um instante como estava o coração de Jacó: cheio de medo, temendo pela vida de seus familiares, mas também pela sua própria. Naquela noite, Jacó não tinha condições se quer para dormir. Porém, foi nessa noite que Jacó teve a sua segunda maior experiência na vida: o reencontro com Deus. Você deve lembrar que Deus apareceu a Jacó em Betel quando ele estava saindo da terra prometida. Agora que ele estava retornando para a essa terra, Deus apareceu a ele novamente, também de noite, mas agora, de uma maneira muito, mas muito real. Mais uma vez, quando temos um encontro marcante com Deus, a nossa vida muda radicalmente. Veremos hoje, algumas marcas que esse segundo encontro com Deus deixou na vida de Jacó. Que o Espírito Santo também deixe em você essas marcas através de um encontro real e verdadeiro com Ele.

1 Pregado no MEP dia 24 de outubro de 2010.

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Depois de Betel, agora é a vez de vermos a marca deixada em Jacó em Peniel. 2. Exposição do texto. (Gn 32:22~32)

22 Naquela noite Jacó levantou-se, tomou suas duas mulheres, suas duas servas e

seus onze filhos para atravessar o lugar de passagem do Jaboque. 23 Depois de havê-los feito atravessar o ribeiro, fez passar também tudo o que possuía. 24 E Jacó ficou sozinho. Então veio um homem que se pôs a lutar com ele até o amanhecer. 25 Quando o homem viu que não poderia dominá-lo, tocou na articulação da coxa de Jacó, de forma que lhe deslocou a coxa, enquanto lutavam. 26 Então o homem disse: “Deixe-me ir, pois o dia já desponta”. Mas Jacó lhe respondeu: “Não te deixarei ir, a não ser que me abençoes”.

27 O homem lhe perguntou: “Qual é o seu nome?” “Jacó”, respondeu ele. 28 Então disse o homem: “Seu nome não será mais Jacó, mas sim Israel2, porque

você lutou com Deus e com homens e venceu”. 29 Prosseguiu Jacó: “Peço-te que digas o teu nome”. Mas ele respondeu: “Por

que pergunta o meu nome?” E o abençoou ali. 30 Jacó chamou àquele lugar Peniel3, pois disse: “Vi a Deus face a face e, todavia,

minha vida foi poupada”. 31 Ao nascer do sol atravessou Peniel, mancando por causa da coxa. 32 Por isso,

até o dia de hoje, os israelitas não comem o músculo ligado à articulação do quadril, porque nesse músculo Jacó foi ferido.

"Naquela noite Jacó levantou-se, tomou suas duas mulheres, suas duas servas e seus onze filhos para atravessar o lugar de passagem do Jaboque. Depois de havê-los feito atravessar o ribeiro, fez passar também tudo o que possuía. E Jacó ficou sozinho." (vss. 22~24a). Essa, talvez, foi a pior noite de Jacó. Vendo todos atravessarem o rio, imaginando talvez que dali a algumas horas, seu irmão Esaú abateria a todos com os seus quatrocentos homens... Isso deve ter deixado o coração de Jacó muito abatido. O que ele ficou fazendo sozinho enquanto todos estavam atravessando o rio e indo em direção de Esaú? Alguns dizem que ele estava com medo, por isso, ficou por último: no caso de seu irmão atacar, ele poderia se safar. Outros dizem que ele estava lá para pensar e refletir do que iria fazer em seguida. O texto não nos diz o por quê, mas diz que ele ficou sozinho. Não gostamos de ficar a sós. Detestamos isso. A solidão é um monstro que atormenta quase todas as pessoas. As pessoas tem amigos, se casam, vem na igreja, trabalham, porque não querem ficar a sós consigo mesmo. Porém, a solidão é importante em alguns momentos de nossa vida. Quando estamos sozinhos, no silencio de nossa própria existência, podemos perceber que o que somos e não somos por exemplo. É em momentos de solidão que Deus se revela muitas vezes na Bíblia. A voz da multidão, a voz daquilo que fazemos e corremos atrás, o som e o barulho da nossa vida agitada e de tudo aquilo que nos seduz e atrapalha podem nos fazer distantes

2 Lit. "Deus luta" 3 Lit. "Face de Deus"

1. Solidão na qual Deus se manifesta.

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de Deus. Quando estamos a sós, em silencio, muitas vezes escutando apenas a batida de nosso coração, pensando e refletindo, é nessas horas em que você poderá ouvir a voz de Deus. Isso não quer dizer que Deus só fale em meio ao silencio. Porém, o silencio e a solidão, às vezes, são santos remédios. Jacó estava só. Não tinha como escorar em ninguém. Foi nesse momento em que aconteceu a coisa maios formidável de toda a sua vida.

"Então veio um homem que se pôs a lutar com ele até o amanhecer" (vr. 24b). Que homem era esse? Será que era um inimigo, um dos homens de Esaú? Ou será que era um anjo de Deus? Imagine Jacó, naquela situação, tendo que lutar com uma pessoa. A última coisa que Jacó queria naquele momento era mais um problema. Quem era ele? Por que ela estava lutando com Jacó? A luta foi intensa, tanto é que ela se estendeu até o amanhecer. Será que Jacó era um daqueles "dou um boi pra nãos entrar numa briga, mas dou uma boiada para não sair de uma"? Jacó insistiu em lutar, não entregou as pontas. "Quando o homem viu que não poderia dominá-lo, tocou na articulação da coxa de Jacó, de forma que lhe deslocou a coxa, enquanto lutavam." (vr. 25). É irônico o que aconteceu: Jacó lutou com essa pessoa a noite inteira, o que poderia indicar que os dois estavam em pé de igualdade na disputa. Porém, bastou essa pessoa tocar na coxa de Jacó que a deslocou, tornando Jacó manco. Isso mostrou a Jacó que o seu adversário na luta não era uma pessoa qualquer. Por que acertar justo a coxa? A coxa era símbolo de força, por isso, quem estava lutando com Jacó queria atingir justamente no membro que simbolizava a força de Jacó. O relato continua: "Então o homem disse: “Deixe-me ir, pois o dia já desponta”. Mas Jacó lhe respondeu: “Não te deixarei ir, a não ser que me abençoes”. O homem lhe perguntou: “Qual é o seu nome?” “Jacó”, respondeu ele." (vss. 26,27). O homem já estava com pressa se ir embora. Ele viu que o sol já estava nascendo e pediu que Jacó o deixasse ir embora. Porém, Jacó queria receber a sua benção, em sinal de reconciliação talvez. O homem por sua vez pergunta pelo nome de Jacó e ele responde "Jacó", o trapaceiro.

Inesperadamente, o homem diz a Jacó: "“Seu nome não será mais Jacó, mas sim Israel, porque você lutou com Deus e com homens e venceu”." (vr. 28). Pronto! A primeira certeza que Jacó teve quando escutou isso era que aquela pessoa com quem estava lutando era Deus (El). Deus, apos essa luta, mudou o nome Jacó para Israel, que tem o sentido de "lutar com Deus e vencer". Da mesma maneira que Abrão e Sarai tiveram seus nomes trocados para Abraão e Sara, Jacó teve seu nome mudado para Israel. Isso tem um significado muito grande. O nome, na bíblia, carrega não somente a identificação da pessoa, mas a sua personalidade e muitas vezes a sua própria função na história. Deus estava tornando um "trapaceiro" em

2. Lutando com Deus, só que com força humana.

3. Mudança de nome, mudança da história de vida.

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um "vencedor", um simples servo no patriarca de uma nova nação que estava nascendo a partir dele. Quando Deus se revela e quando temos uma noção de quem Ele é, quando recebemos da parte dele a Graça, até aquilo que de mais íntimo que temos, que é a nossa própria identidade e essência, são transformados. Como uma pessoa sem nenhuma qualificação moral de liderança poderia se transformar em um patriarca? Como que um servo poderia lutar com Deus e vencer? Tudo isso é por causa unicamente da graça de Deus. Muito intrigado em saber a identidade de quem estava lutando com ele, "Prosseguiu Jacó: “Peço-te que digas o teu nome”. Mas ele respondeu: “Por que pergunta o meu nome?” E o abençoou ali." (vr. 29). Jacó, por sua vez, retrucou a pergunta. Mas isso não importava mais: Deus o abençoou ali mesmo naquele lugar. Quem é que tinha que ter o nome, a essência e o caráter mudados não era Deus, mas sim Jacó. Por isso que Deus não respondeu à sua pergunta. "Jacó chamou àquele lugar Peniel, pois disse: “Vi a Deus face a face e, todavia, minha vida foi poupada”." (vr. 30). Mas como Jacó viu a face de Deus e ele não morreu? Êx 33:20 diz assim: "Não me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá". Porém Jacó entendeu que ele permaneceu vivo unicamente por causa da graça de Deus: "minha vida foi poupada" (vr. 30b). Se eu perguntar a vocês quais são os lugares na terra que marcaram a sua vida, qual seria a sua resposta? Se eu perguntasse isso para Jacó ele me responderia rapidamente: Betel e Peniel. Em Betel (casa de Deus) ele sonhou com Deus, em Peniel (face de Deus) ele lutou com Deus. Temos uma intensificação do encontro com Deus, da experiência com o divino. Ambos os encontros transformaram radicalmente aquele que era trapaceiro e moralmente indigno. Foi nesses lugares em que Deus, apesar das falhas de Jacó, confirmou sua promessa a ele e transformou a sua vida para que pudesse assumir o papel reservado a ele na história da salvação de Deus. Conclusão: A coxa. "Ao nascer do sol atravessou Peniel, mancando por causa da coxa. Por isso, até o dia de hoje, os israelitas não comem o músculo ligado à articulação do quadril, porque nesse músculo Jacó foi ferido." (vss. 31,32). Meus irmãos, um encontro com Deus deixa marcas eternas da sua vida. A marca daquela noite no vale de Jaboque na vida de Jacó não foi uma vaga lembrança, mas sim, uma marca física: ele saiu mancando, e talvez, mancou durante o resto de sua vida. E mais, a lembrança desse encontro também foi lembrado e celebrado por todos os seus descendentes que passaram a não comer o músculo ligado à articulação do quadril. Que marcas podemos apresentar às pessoas como prova do nosso encontro com Deus? Talvez, a primeira marca que fica incrustada em nossos corações deva ser a humildade. A coxa foi tocada, o quadril, sustentação de todo o corpo foi tocado. Tudo aquilo onde Jacó se apoiava estava sendo retirado: Esaú estava chegando e ele não poderia faze nada. Ele lutou com Deus para ter a certeza de que ele seria livrado das mãos de Esaú, porém, a lição mesmo que Deus queria ensinar ao homem de Deus era que se havia alguém em que Jacó poderia e deveria se apoiar era Deus e ninguém mais.

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O que é ser humilde? É aceitar o fato de que dependo em todas as coisas da graça de Deus. Jacó experimentou isso profundamente. Meus irmãos, Jacó pode ter saído da história como aquele que lutou e venceu a Deus. Mas o seu coração não se jactou disso. Muito pelo contrario! Ele sabia que sua vida foi poupada por Deus. Ele descobriu que na verdade quem perdeu aquela luta foi seu orgulho e pretensão. O maior vencedor foi Deus. Semana que vem veremos mais algumas marcas deixadas por esse segundo encontro. Que eu e você possamos ter a marca da humildade diante de um Deus que tudo pode para aqueles que nada podem sem Ele! Amem!