3635-9029-1-SM

download 3635-9029-1-SM

of 11

Transcript of 3635-9029-1-SM

  • 8/6/2019 3635-9029-1-SM

    1/11

    Alfa . So Pau lo25:57-67, 1981

    A T E O R I A LINGSTICA E M ARISTTELES*

    M a r i a H e l e n a d e M o u r a N E V E S * *

    RESUMO: Como expresso de tudo o que , a linguagem merece grande alcno de Aristteles.Ele define a natureza dolgos (Poltica) e examina a sua funo em vistade uma concepo ontolgica^ C a t e g o r i a s , *e lgica (D a i n t e r p r e t a o , ) .Dintingue, tambm uma funo prtica da linguagem, e, as-sim, abre um campo especfi co para o exame da lxis, a elocuo retrica Retrica J e potica Poti ca).A ateno lxis pe em evidncia o significante, mas fica sempre em primeiro plano a eficincia da co

    municao, garantida pelo conveniente uso dos recursos de elocuo.

    UN1TERMOS: Aristteles; lgos; lxis; significao; conveno; proposio.

    I N T R O D U O

    Na vasta obra deAristteles h u m avar iedade mui to g rande de d i sc ip l inasacu jo es tudo o vemos ap l icado . Descrevendo desde os corposfsicos at as a t iv idades cr iadoras (apoesis ) d o s e r h u m a n o ,e le se move en t re quase todas as c inc ias ,e em todas elas examina aous a, vista nassuas vri as m o d a l i d a d e s , e a s s imtambmv a r i a d a m e n t e e x p r e s s a . A l i n g u a g e m aexpresso de tudo o que , eAristteles aes tuda onde quer queapar ea p o i s sarav s de seu exame quea " r e a l i d a d e " *p o d e s e r e x a m i n a d a .

    Na descr io dos corpos v ivos e lechega ao homem, an imal que se d i s t inguedos ou t ros por suas funes in te lec t ivas .O exame par t i cu la r dessas funes cont ido nos l iv ros cu jo con jun to formaoOrganon d e s t a c a u m f a t o e m i n e n t em e n t e h u m a n o q u e o exerccio da lin

    g u a g e m . E s p e c i a l m e n t e i m p o r t a n t e o es

    t u d o d as c a t e g o r i a s d e p e n s a m e n t o , q u e s eco locam em re laoproblemtica c o m a sc a t e g o r i a s lingsticas, d e s d e quekategoren " d i z e r a s c o i s a s " , " e x p o rarea l idadeat rav s d a l i n g u a g e m " . *

    1. A N AT U R E Z A D A L I N G U A G E MH U M A N A

    Aristteles e x a m i n ao s u p o r t ebiolgico da funolingstica q u a n d o , e s t udando os d i fe ren tes sen t idose seus rgos , fa la da voz co m o um som o uv ido .J reg is t ra que noh um rgo da fa la ,pois a p r o d u o d a v o z p e e m a orgos j do tad os de funesbiolgicas d ete rminadas . No fa la a inda ,a, da pa lavra , mas da voz , que no a t r ibu to exc lus ivo do homem, mas de todos os se res an im a d o s(Da alma II, 8, 420b 5 et seq.) . Avoz con dio pa ra a l ingu age m, m as n o a l i n g u a g e m . A c a p a c i d a d e d e a r t i c u l a rsons impl ica a capac idade de emi t i r sons ,

    mas arec proca

    n o v e r d a d e i r a .

    * Es t e t r aba lh o re su l t a da r e fo rmu lao de umtpico d e m i n h a t e s e d e D o u t o r a m e n l o .A emergncia da disciplinagramatical entre os gregos,a p r e s e n t a d a F a c u l d a d e d e F i l o s o fi a , L e t r a s e C i n c i a s H u m a n a s d a U S P ( D e p a r t a m e n t o d e L etrasCssi cas e Vernculas), em 1978 .

    * * P r o f e s s o r a A s s i s t e n t e - D o u t o r a d o D e p a r t a m e n t o d e L i n g u i s t i c a d o I n s t i t u t o d e L e t r a s , C i n c i a s S o c i a i s e F d u c a c o C a m p u s de A r a r a q u a r a , U N F. S P.

    * Na pa l av rarealidade h o pe r igo da i n t e rven o de um conce i to que mo de rno e que noest b e m d e a c o r d o c o mavivncia grega. O grego nopossua u m vocbulo p a r a e x p r i m i r o q u e c h a m a m o srealidade. " R e a l i d a d e " , p a t a o g r e g o s e r{ou^ia, gignomah. Ass im, po i s , s e en t en da aqu i e s se t e rmo .

    * Ver a no t a an t e r io r.

    57

  • 8/6/2019 3635-9029-1-SM

    2/11

    NEVES, M. H. de M. A teor ia l inguis t ica emAristteles. Alfa , So Pa ul o, 25:57 -67, 1981.

    na Poltica (1, 2, 1253) qu e vai serexpl icada a na tureza da l inguagem. O an imal pol i t ico(zon politikn) l iga-se necessar iamente facu ldade humana de falar, pois sem l inguagem no haveria socied a d e poltica. D iz Aristteles q u e o h omem um an imalpoltico mais do que asabe lhas ou os ou t ros an imaisgre gri os. Anatureza no faz nada em vo e , den t re osan imais , o hom em onico que e la do toude l inguagem. Semdvida a voz(phon) uma ind icao de prazer ou de dor, e t ambm se en co ntra nos ou tro s an im ais ;olgos*, por m tem por f im dizer o que convenien te ou inconvenien tee, c o n s eqen emen e o qu e jus to ou in just o. Isso , com efeito, o que cara cter st ico d ohomem em face dos ou t ros an imais : ques ele tenhao s e n t i m e n t o d o b e me d omal , do jus to e do in jus to ou o u t r os va lores semelhan tes . E a p o s e s s o c o m u mdesses valores que faz umafamlia e u mE s t a d o .

    O f ina l i smo expl ica , po is ,a l i n g u agem, como expl ica o Es tado . Se a na tureza no faz nad a em v o, e se o ho m em onico animal que e la do tou de l inguagem,isso s ignif ica que a l inguagemest n o h omem susc i tada pe la sua vocao de an im al poltico e o p e r a d a p e l a su a n a t u r e z a ,a f im de que essa vocao se possa cumpr i r. S a voz a r t i cu lada , a pa lavra hu m ana, tem um sen t ido , o q u ai d ad o p elaf a c u l d a d e e x c l u s i v a m e n t e h u m a n a d e d i st inguir o bem d o mal , o jus to do in jus to ,isto pe la condio de an imalpolticoque carac ter st ica d o h o m e m . A b a s e p ara as sociedades a p o s s i b i l i d a d e d e c omunicao dessas d i s t ines . E las q u e

    c a r ac t e ri z am o s a g r u p a m e n t o s h u m a n o se , p o r t a n t o , o E s t a d o .

    Essa assoc iao en t rea l i n g u a g e mc o m o carac ter st ica b i o l o g i c a m e n t e n a t ur al d o h o m e m e a li n g u a g e m c o m o c a r a cterstica n a t u r a l h u m a n a d e a n i m a lpolti

    c o o rg a n i z a - s e c o e r e n t e m e n t e e c o n v e rg epara uma teor ia da s ign i f icao .

    A p a r t i r d a f u n d a m e n t a obiolgic a, o h o m e m c a r a c t e r i z a d o c o m o c a p a zde, por n a t u r e z a , a r t i c u l a r s o n seorganz-l os n u m a l i n g u a g e m .A p a r t i rdas cons ideraes sobre c inc iapoltica, oh o m e m c a r a c t e r i z a d o c o m o c a p a z d e ,por meio da l inguagem, expr imir o convenien te e o incon venie n te , o jus to e o in justo e , desse m od o, o rga n iza r um a s oc ied a

    de po l i t i ca . Na assoc iao da c on ce p obiolgica c o m a c o n c e p o f i n a l i s t a d oh o m e m c o m o a n i m a lpoltico s e a s s e n t a mas concep es que vo se r dese nvo lv ida snas obras deAristteles em que olgos cp o s t o e m q u e s t o :

    1 a l i n g u a g e m n a t u r a l n o h om e m p o r q u e c o r r e s p o n d e s u a n a t u r e z ade an imal rac iona l e resp on de f in a l idad ede an imalpoltico a que e le des t inado;

    2 c o n d i o d a s o c i e d a d epoltica,a l inguagem e x a t a m e n t e u mexerc ci opoltico e, por isso, exis te acordo(nomos,synthkc) na base da l inguagem,o q u ea i n d a p r o p i c i a d o p e l a c a p a c i d a d e i n t e -lec t iva do se r humano, a qua l p rov a referncia da l inguagem s coisas;

    3 assim co m o ex is te um a form aacabada de soc iedade o Es tado , emque o ho me m cu mp re seu f im e sua na t ureza , d i s t inguindo o bem do ma! , o jus todo in jus to , ex i s te uma forma de l inguagem tambm a c a b a d a , q u e e x p r e s s a a v e rdade e a t ingea physis; esse o d i s c u r s oque refletea p o s s e s s o c o m u m d a s o c i ed a d e poltica perfei ta a q u e i m p l i c asynt hk , e x p r e s s a n d o a s d i s t i n e sque carac te r izam a na tu reza e a f ina l ida ded o h o m e m .

    O lgos t e m , a s s i m , p o r n a t u r e z a , u mcart er poltico. C o m o l i n g u a g e mprpriada cidade, e le , af inal , o discursoretricoe , p o r t a n t o , u m a l in g u a g e m d eexerc ci opoltico, u m a l i n g u a g e mprt ica H p o -

    A pa r i j i J a con s ide ra o in i c i ada po r P l a t o e com ple t ada e spec i f i came n te po rAristteles d o /eo s c o m o u n i l o d oq u e s e c o m p e d e p a r t e s a r t i c u l a d a s , o t e r m olgos a d q u i r e u m n o v o s i g n i f i c a d o , p a s s a n d o a n o m e a r o d i s c u r s o q u e e x p r e s s aosju zos iroDu inwrprctcioqu e, cor no teremos,Aristteles fala dologo* jpofnlco{4,12a*.

    58

  • 8/6/2019 3635-9029-1-SM

    3/11

    NEVES, M. H. deM. A teoria l inguis t ica emAristteles. Alfa , So Paulo, 25:57-67, 1981.

    rm, um a l ing uag em da cin cia , que ogos o n d e est a v e r d a d e o ua f a l s i d a d e .N a Retria, Aristteles o ver em sua funo prtica. N o Da interpretao ele visto em sua fun o repr esen ta t iv a de d i scurso do ser, disc urso q ue , p or exc eln cia , apropos io , a qua l reve la as co i sas porquerepresen ta a verdade de suas re laes* .

    2 O P R O B L E M A D A S I G N I F I C A O

    A s p r o p o s i e s s e c o m p e m d e p a l avras , as qua is , po rqu e tm um s ign i f icad o , diferem da s imples voz. Qual esse s ignif icado? Qual a visoaristotlica da re lao entre as palavras e as coisas?

    D u a s d e f i n i e s , a p a r e n t e m e n t e s o ltas no incio do l ivro dasCategorias, }apresen tam essa v i so : so as def in iesd e homnimos e de sinnimos.Homnyma so as coisas das quais som e n t e o n o m e c o m u m , e n q u a n t o a n oo des ignada pe lo nome d iversa (1 ,la1-3). Synnyma so as co i sas que tm co

    m u n i d a d e d e n o m e e i d e n t i d a d e d e n o o(1, l a 6 - 8 ) .

    N a s Refutaes sofst icas diz Aristte les que entre os nom es e as coisas n o hsemehana c o m p l e t a : o s n o m e s s o e mnmero l i m i t a d o , e n q u a n t o a s c o i s a s s oinfinitas emnmero. E m c o n s e q n c i a ,inevitvel que mui tas co i sas se jam s ign i f icadas por um mesmo enico n o m e ( 1 6 5 a10 et seq.) . Po uc o an tes ele disse ra n o serposs ve t razer discusso asprprias co isas, s e n d onecessr io que , em lugar de las ,n o s s i r v a m o s d o s n o m e s c o m o d esmbolos (165a 7)*.

    Ass im, os nomes sosmbolos d a scoisas , masa r e l a o e n t r eo c o n c e i t o(noma e o sinal(semeion) ou entre a coisa (prgm) e o n o m e(noma) i io sem

    pre de con gru nc ia . N o se cob rem sempre in te i ramente conce i toe p a l a v r a .Oqu e est no som smbolo d o q u eest n aa l m a , m a s n o n e c e s s a r i a m e n t e o c o n c e i t oq u e est n o s o m , o s ign i f icado , c o ngruente com o conce i to queest n a a l m a ,e m b o r a s sob as fo rmas de l inguagemp o s s a m s e r a p r e e n d i d o sos con edosm e n t a i s .

    E n t r e c o n c e i t o , p a l a v r ae o b j e t ohs e m p r e c o r r e s p o n d n c i a , m a s n o n e c e s

    s a r i a m e n t e c o n g r u n c i a ;a expresso l ingstica reve la a re lao conce i tua i e , pormeio dela , revela a coisa, mas entre a coisa e o nome noh r e l a o d e s e m e l h a na. A re lao que ex is te vem expl ic i t adano Da interpretao (16a 3) , onde se dizque o queest nos sons emi t idos pe la voz smbolo dos e s t a d o s de a l m a ,(pat hmat a ts psychs) e as pa lavras escr i tas sosmbolos d a s p a l a v r a s e m i t i d a spe la voz ; e do m esm o m od o qu e a esc r i tano a mes ma p ara to dos os ho m en s , aspa lavras fa ladas no sotambm as mesm a s , se bem que os es tados de a lma dosqua is essas expresses so s ignos imediatos se jam idn t icos pa ra tod os , co m o soidnt icastambm as coisas das quais esseses tados so as imagens .

    Ass im, o mesmo t ipo de re lao queexiste entre a l inguagem escri ta e a l inguagem falada exis letambm ent re a l inguagem fa lada e os es tados de a lm a: um a relao simblica, n o - n a t u r a l .A r e l a oent re a l inguagem e as co i sas media ta ,porque passa pe los es tados de a lma . Es tesso imagens(homoimata) das coisas e ,por tan to , como e las , so idn t icos paratodos . E nt re as co i sas e os es tados de a lm a

    a re lao ime dia ta , e am bo s so sub s t ituveis entre si. DaAristteles ter feito asubs t i tu io nas suasprprias f o r m u l aes: nasRefutaes sofst icas (165a 17) ,e le d iz que nos se rv imos dos nomes como

    * No Dainterpretao, Aristteles se am a o e s t u d o d a s p r o p o s i e s e d iz : " D e i x e m o s d e l a d o o s o u t r o s g n e r o s d e d i scu r so ; s eu exame p r e f e r e n t e m e n t e , o b r a d aretrica ou da potica" ( IV 17a , 5 e t s eq . ) . No te - se que o t e rmo po r tug usproposio i nd i ca com fe l i c idade ocar er poltico d o lgos.

    * No ta r o s en t ido p r imi t i vo desymbolon: o b j e t o c o r t a d o e m d o i s . d o q u a l d o i shs pedes c o n s e r v a v a m c a d a u m u m am e t a d e , q u e e r a t r a n s m i t i d a a o s f i lh o s ; a r e a p r o x i m a o d e s s a s d u a s p a r t e s(syniblo, "lanar j u n t o " ) f a z i a q u e o s p o r t a d or es s e r e c o n h e c e s s e m e p r o v a s s e m a s re l a e s d e h o s p i t a l i d a d e c o n t r a t a d a s a n t e r i o r m e n t e .

    59

  • 8/6/2019 3635-9029-1-SM

    4/11

    NEVES, M. H. de M. A teor ia l inguis t ica emAristteles. Alfa , So Paulo, 25:57-67, 1981.

    s mboos das coisas, e n q u a n t o no Daintepretao diz que os nomes sosmbolo s dos estados d e alma.

    As pa lavras , en to , no so as mesmas para todos porque e las no se assemelham s co i sas . A re lao de semelhana exis te entre os estados de alma e as coisas , mas en t re a l inguagem e os es tados dealma o que h uma relao de s ignif icao .

    D e f i n i n d oo n o m e , Aristteles diz,-n o Da interpretao que ele possu i um as i g n i f i c a o " c o n v e n c i o n a l "(katsynt hken) (2, 16a 19) . A me sm a ob ra exp l ic i t a : " s ign i f icao convenc iona l na medida em que nada por natureza u m n om e , m a s s o m e n t e q u a n d ose t o r n asmbolo, p o r q u e , m e s m o q u a n d o s o n sinar t i cu lados como os dos an imais manifes tam a lguma co isa , nenhum de les constitui, e n t r e t a n t o , u m n o m e " ( 2 , 1 6 a 2 6 -28) . Na verdade os sons inar t i cu lados dosan imais no se re fe rem s co i sas , apenasreve lam emoes ; as co i sass t m n o m e sse o s h o m e n s c o n v e n c i o n a m o s s i n a i s,t o r n a n d o - o ssmbolos. Smbolo , p o i s ,

    por def in io ,kat synt ken. U m a p r o v adisso que as par tes do s nom es n o n om e i a m a s p a r t e s d a s c o i s a s , p o i s n e n h u m apar te da pa lav ra tem s ign i f icao qu an dotomada separadamente (2 , 16a 19-21) .

    Ao def in i r d i scurso ,Aristteles a i n d aaf i rma , noDa interpretao, q u e t o d odiscurso tem uma s ign i f icao , no en t ret a n t o c o m o instrumento natural(organor), m a s , por conveno (katsynt hken) (4 , 16b 35-17a 1) . A opos ioorganon/kat synthken impl ica a opos io rganon/symbolon: n a d a p o r n a t ureza umsmbolo; um a form a sono ra s seerige emsmbolo m e d i a n t e a i m p o s i o d esen t ido e fe tuada pe loesprito. Isso s ignifica, alis, q u e a conveno de qu e falaAristteles no se opea u m a physis d a s

    coisas , mas n a t u r e z a d oprprio n o m e ,d e s u a f o r m a c o n v e n c i o n a d a . U m a p a l avra smbolo ( p o r t a n t o , e n t i d a d e i n t e ncional) de umcon edo m e n t a l ,e es tes e m e l h a n t e co isa s ign i f icada .A t e o r i ada s ignif icaoaristotlica p r e v , p o i s ,os igno , o conce i to e o re fe ren te . Es te no s implesmente a co i sa ind iv idua l , po i s o inte lec to pode represen ta rScrat es, p o re x e m p l o , c o m o h o m e m , c o m o a n i m a l , c om o bpede c o m o b r a n c o , c o m o u m a e spc e etc . Aravs desses conce i tos as palavras se referem a tudo o que exis te .

    H, po is , nos no m es , significao,a lgo que resu l ta de acordoe c o n v e n o ,algo queest na esfera dosimblico, n o ,por tan to , no re ino daphysis, o n d e s see n t r a q u a n d o v e m a c r e s c e n t a d oser o uno-ser, isto , n a p r o p o s i o * . E s t a aapphansi s, a " m a n i f e s t a o " , o n d eoq u e h n o a p e n a s s i g n i f i c a o . N oapphansi s t o d o d i s c u r s o , m a ss a q u e l eque suscep ve do verda de i r o e do fa l so ,aque le , por tan to , que faz vero q u e a sco ias so e o que n o s o* * .

    D iz Aristteles, n o Da Interpretao(1, 16a 10 et seq.) qu e assim c o m o existen a a l m a o r a u m c o n c e i t o i n d e p e n d e n t e d overdade i ro e do fa l so ora um c onc e i toaq u e p e r t e n c e n e c e s s a r i a m e n t e u m o u o ut ro , assim tambm c o m a p a l a v r a , p o rq u e n a c o m p o s i o(syntesis) e na diviso (diaresis q u e c o n s i s t e m o v e r d a d e i r o eo fa l so . Em s i me sm os os no m es e os verb o s n o s o v e r d a d e i r o s n e m f a l s o s ; u mn o m e , p o r e x e m p l o , s i g n i f i c a a l g u m a c o is a, m a s n o a i n d a n e m v e r d a d e i r o n e mfa lso , a menos que se ac rescen te queele

    ou queele no , f a l a n d o a b s o l u t a m e n t eo u c o m r e f e r n c i a a o t e m p o .Um con ce i to em s i n o verda de i ro

    nem falso,e s o m e n t e n a c o m p o s i o d e

    * N o gos aristotlico, s e r f i c a , po i s , em um es t a tu to d i f e r e n t e . D izAristteles que o s e r, a s s im como o no - se r, no s igno da co i sa , s e em pre gad o s: em s i me sm o e l e na da , m as ac re s cen t a a o s euprprio s e n t i d o u m a c e r t asn ese que imposs ve d e c o n c e b e r i n d e p e n d e n t e m e n t e d a s c o i s a s c o m p o s t a s{Da interpretao, 3 , 16b 22 -25 ) .

    ** Pa ra a v i s o he idegge r i ana d o s ignoaristotlico c o m oapofntico, e m b o r a e n c a m i n h a n d o p a r a a v i s o h e l e n i s t i c a d os i g no c o m o s i m p l e s m e n t e d e s i g n a t i v o , v e ja - s e B E A U F R E T ( 2 , p . 7 0 - 8 9 ). P a r a u m a r e f u t a o p a r c i a l d e s s a v i s o , v e j a - s eA U B E N Q U E(1 , p . 11 2 - 11 3 ). P a r a o q u e se t r a t a a s e g u ir , v e j a- s e A U B E N Q U E ( 1 ,op. cit., c a p . 2 , " t r e e t l a n g a g e " .

    6 0

  • 8/6/2019 3635-9029-1-SM

    5/11

    NEVES, M. H. de M . A teoria l inguis t ica emAristteles. Alfa , So Paulo, 25:57-67, 1981.

    um conce i to com out roest v e r d a d e o uer ro . A a f i rmao l igao dos conce itos r e t r a t o d a q u i l o q u e u n i d o n area l idade , re t ra to esse p roduz ido no pens a m e n t o ; a n e g a o s e p a r a o d o s c o nceitos , d a m e s m a f o r m a , r e t r a t o d aqui lo que sep ara do na rea l idad e , re t r a top r o d u z id o n o p e n s a m e n t o .

    N a Metafsica, Aristteles diz queaverdade ou a fa l s idade de pe nd em , do la dodos ob je tos , de sua un io ou de sua s eparao , de sor te que es ta r na verdade pensar que o que separado s e p a r a d o eoque un id o un ido , e es ta r na fa l s idad e p e n s a r c o n t r a r i a m e n t e n a t u r e z a d o s o bjetos . (10,1051 b 3). E assim como isso seproduz na a lma ,tambm se p ro du z na l inguagem, po is as pa lavras sos mboosd o s e s t a d o s d e a l m a . A p r o p o s i o v e r d adeira , p o i s , a q u e r e p r o d u za c o m p o s io das coisas .

    A o d e f i n i r d i s c u r s o ,no Dainterpretao, diz Aristteles q u e c a d ap a r te , t o m a d a s e p a r a d a m e n t e , a p r e s e n t a

    u m a s i g n if i ca o c o m o e n u n c i a o , n oc o m o a f i r m a o o u n e g a o . A s s i m , a p alavrahomem s ign i f ica a lguma co isa , no ,en t re tan to , que ou que no, p o i s n oh a f i rmao ou negao a no se r que seacrescente outra coisa (4,16 b 2 6 - 2 9 ) . O ste rmos i so lados so , por tan to , s ign i f ica t ivos, m a s n o s o n e m v e r d a d e i r o s n e mfa lsos , enquanto a compos io ou a d iv iso mani fes tama re lao en t re as co i sasp o r q u e , j u l g a n d o - a s , c o n s t i t u e mo l u g a rda verdade e da fa l s idade .

    N o , pois , nosmbolo (que convenc iona l ) , que se enc on t ra a reve lao da

    co isa ; na com po s i o e na sepa ra o dossmbolos, is to , na proposio, que a relao de s ign i f icao se muda em re laod e v e r d a d e . D e s s e m o d o ,h s i g n i f i c a o ,m a s " v e r d a d e " o u " f a l s i d a d e " n ohn a s p a l a v r a s , e n e m m e s m o n u m d i s c u r s oq u a l q u e r, a p e n a s n o d i s c u r s o q u e " a p o -fntico", a p r o p o s i o .

    A separao en t re osmbolo e a coisagaran te - lhe sua funo s ign i f ica t iva . A supresso dessadistncia s e f a z , e n t r e t a n t o ,arav s d a p r o p o s i o , l u g a r p r i v i le g i a d oonde seobtm a r e v e l a o . N o, p o i s ,afuno s ignif icat iva, mas a funo de expresso dosjuzos q u e g a r a n t e p r o p o s io uma re lao de verdade com as co isas .

    S e p a r a m - s e , a s s i m , e x p r e s s a m e n t e ,em Aristteles, o p r o b l e m a d a j u s t e z a d ad e n o m i n a o(orthtes) e o p r o b l e m a d a" v e r d a d e " .J n o s e t r a t a , m e s m o , d ed i s c u t i r u m a " j u s t e z a " d o s n o m e s , a q u a lse refer i r ia a um a rela o dire ta da for masonora coma c o i s a d e s i g n a d a o q u e ,alis, impl ica r iaa b u s c a d e u m a r e l a ocausal entre a coisa e a form a d a p ala vra ,c o n t r a r i a n d oa p r e o c u p a obsi ca deAristteles c o m a f i n a l i d a d e e , p o r t a n t o ,com a funo do nome nas re laes human as . O que h um a des ig na o da co isa aravs da pa lavra ; es ta umsmbolo( fo rma econ edo) q u e est pe la co i sa ,jq u e n o p o d e m o s u s a r a sprprias co isasna l inguagem. A seu s ign i f icado o nome s e m p r e a d e q u a d o , p o i s o s n o m e s ( f o r m asonora comcon edo semn ico) so institudos c o n v e n c i o n a l m e n t e .

    D e s s e m o d o ,tambm p a r a Aristteles (co mo j fora pa ra Pl at o ) n o se t ratas implesmente de dec id i r en t rephysis enomos na ver i f i cao das re laes en t re al inguagem e o que ela diz .

    3 A S C AT E G O R I A S

    Aristteles e l a b o r a u m s i s t e m ade

    c o n c e it o s p e l a l i n g u a g e m , e m b o r a t a mbm ape sar da l ing ua ge m,j q u e o lgosnem sempre dec la ra os se res s inonimica-m e n t e (synonymos).

    A p l i c a n d o - s e p r i m o r d i a l m e n t e a o e studo do real , c incia das coisas , por issomesm o ele se ap l ica espec ia lme nte ao m odo como as coisas so di tas *.

    * A U B E N Q U b ( 1 , p . 9 9 ) , e n t r e t a n t o , c h e g a a d i z e r q u eAristteles t em ce r t adesconfi an a e m r e l a o l i n g u a g e m ,eo fe rece exp re s ses como"raciocnios d e m a n e i r a v e r b a l e v a z i a "(tica a Eutiilcnio I , 8 , 12176 12) .

    61

  • 8/6/2019 3635-9029-1-SM

    6/11

    NEVES, MH de M A teor ia linguistica emAristteles Alfa , So Paulo, 25 57-67,1981

    O discurso jud ica t ivo faza d e c l a r ao dos se res que reve lao , porque ref lete a relao entre eles . O exame da propos io o exame do modo de d izer os seres segundo uma l igao(Categorias, l a .16-17) , e ne la se p em ,c om o v im os , se resg r a m a t i c a i s .

    En t re ta n to , os se res se dec la ra m tambm onto log ic am ente . H u ma p lu ra l idade de seres e cada um deles tambm d i t ofora da propos io . As co isas que se d iz e m " s e m n e n h u m a l i g a o "(Categorias,\b25) so ascategorias. E n q u a n t o o n ome apena s o s ina l so no ro da co isa , a categor ia a voz no ape nas c om o o s ina l ,mas como expresso da na tureza da co isa ,c o m o d e f in i o e c o m o c o n c e i t o .

    Por isso, nasCategorias, espec ia lm e n t e , p o d e - s e v e r u m e x a m e d o s q u a d r o sde l inguagem em para le l i sm o com o exam e d o s q u a d r o smeaf si cos *.

    Q u a l q u e r r e s p o s t a p e rg u n t aque ?(ti esti;) t em um lugar en t re as ca tegor ias .E l as c o m p r e e n d e m , p o r t a n t o , t o d a sasp a l a v r a s possv es ou d e c l a r a e sposs ves e , a s s i m , c o r r e s p o n d e n t e m e n t e ,c o m p r e e n d e m t o d o s o s c o n c e i t o s e t o d a sas coisas . So elas divididas em dez gneros, os gneros dos enu nc iad os , qu e so asd i fe ren tes mane i ras pe las qua is se a t r ib u e m p r o p r i e d a d e s s c o i s a s , r e p r e s e n t a n

    d o dferen as e x i s t e n t e s n o m u n d o r e a l(Metafsica, 49a 7, 225 b 5). Na base dac lass i f i cao dos modos de pred icaoede ser esta aidia d e q u e o m u n d ofsico compos to de co isas(subst nci as) que tmcer tas p ropr iedades (ac iden tes ) , que desencade iam ou sof rem cer tos p rocessos ,q u e m a n t m e n t r esi cer tas re laes ouque tm uma cer ta ex tenso ou loca l izao noespao o u n o t e m p o . A s s i m , d i zAristteles q u e a s categorias, is to asco isas que se d izem sem en t ra r em um ac o m b i n a o , s o :a subst nci a; o u q u a nto; ou qua l ; ou em re lao a qu ; ou onde ;ou quando; ou es ta r em pos io ; ou es ta re m e s t a d o ; ou f a z e r ; ou s o f r e r(Ca t ego rias, 4,1 b 25).

    O p o n t o f u n d a m e n t a l d a te o r i a a r istotlica d a s c a t e g o r i a s o p e n s a m e n t o d aes t ru tura dalngua c o m o c o r r e s p o n d n c i ad a e s t r u t u r a d o m u n d o .

    Na verdade , en t re agramtica e a lg ica as re laes so mui to complexas . Sea l g u n s a f i r m a m q u e a d o u t r i n aaristotlica das ca tegor ia s um re f lexo da es t ru tura g rama t ica l do grego** , ou t ro s , de ou t rolado , a f i rmam que as d i s t ines da gramtica t r a d i c i o n a l s o p u r a m e n t elgicas.Na verdade , essa pe t io deprincpio sfaz mos t ra r que as re laes sontimasentre as categorias de ser, de s ignif icared e c o m p r e e n d e r.

    * Tem os de cons id e ra r ma i s s i gn i f i ca t i vo a inda o f a to de se s en t i r e s se pa ra l e l i sm o qua nd o apa ren t em en t eest s e n d ot r a t ado a lgo que nada t em que ve r com a l i nguag em. Um ex em plo aFsica. J . M. LE B l .O ND (4 , c ap . 4 , i . " ) mos t r a com o , na Fsica, Aristteles ape l a pa ra o modo de d i ze r, f azendo umaanise d a s f o r m a slingsticas que exp re s sam as t e se s .

    * E m i l e B E N V E N I S T E ( 3 , p . 6 3 - 7 4 ) , q u e r e n d o d e m o n s t r a r q u e a s c a t e g o r i a s d e p e n s a m e n t o e as d e l i n g u a s o d i f e r e ntes , af i rma que as categoriasaristo licas so c a t e g o r i a s d elngua e n o d e p e n s a m e n t o . E s s e s p r e d i c a d o s n o c o r r e s p o n d e ma a t r i bu tos descobe r to s nas co i sa s , mas a umaclasificao q u e e m a n a d aprpria l i ngua . Ass im , a s s e i s p r ime i r a s ca t ego r i a sso n o m i n a i s :ous a ( s u b s t a n t i v o ) ,posn e poin (ad j e t i vos de do i s t i pos de t e rminados , com um es t a tu to n r rI i eo bem de f inido nalngua g rega ) ;prs / / ( ad j e t i v os de do i s t i pos ; um em que a fo rma ind i ca a r e l ao e ou t ro em qu e o conce i to qu e aindica) ;pou, pote ( c la s se d a s d e n o m i n a e s e s p a c i a i s e t e m p o r a i s , r e s p e c t i v a m e n t e , s e n d o q u e a m b a s s e m a n t m p e l a s i m e

    t r i a com fo rmas do quad ro dalngua). A un idad e des sa s se i s ca t eg o r i a s nom ina i s enc on t r ad a nas pa r t i cu l a i i dades da m orfo log i a g rega , po r t an to , l i ngu i s t i camen te . As ou t r a s qua t ro ca t ego r i a s s o ve rba i s :kchthai (voz mdia), echein (per fe i to) ,poicin{\oz a t iva ) ,pskhcin{\ol p a s s i v a ) .

    S e g u n d o B e n v e n i s t c , q u a n d oAristteles e s t abe l eceu e s sa s ca t eg o r i a s , t i nha em v is t a r ecensea r l odos o s p red i cad ospossve s sob a cond io de que cada t e rmo fos se s ign i f i can t e no s eu e s t ad o i so l ado , n o den t ro de uma com po s i o . Inconsc i en t emen te e l e t omou po rcritrio a neces s idadeemprica d e u m a e x p r e s s o d i s t in t a p a r a c a d a u m d o s p r e d i c a d o s .Oque encon t rou fo ram as d i s t i nes que aprpria lngua man i f e s t a en t r e a s p r inc ipa i s c l a s se s de fo rmas ,j que po r suas d iferenas que essas formas e essas c lasses tem s ignif icaolingstica. Ass im , pensa ndo de f in i r o s a t r i b u to s dos ob j e to s , e leps sereslingsticos, pois a l ingua que,graas s suasprprias c a t e g o r i a s , p e r m i t e r e c o n h e c - l a s eclassific-las.

    O que Benven i s t e que r p rov a r que o que po dem os d i ze r de l imi t a e o rga n iza o que pod em os pe nsa r ;a l i ngua fo rnece ac o n f i g u r a o f u n d a m e n t a l d a s p r o p r i e d a d e s d a s c o i s a s r e c o n h e c i d a s p e l oesptito. Aristteles n o s e s t a r i a d a n d o , a s s i m , p o rge ral e pe rm anen te , um qua d ro que n o s en o a p ro j e o con cep tua l de um es t ad olingis:ico d a d o .

    Deve - se obse rva r, po r ou t ro l ado que e s senmer o de dez ca t eg o r i a s s r eap a rece , emAristteles, n o s tpicos, ID3 / i23(outra de suasprovveis p r ime i r a s ob ra s ) . Nas ou t r a s ob ra s s h o i t o ca t eg o r i a s (no apa r ece m a pos i o e o e s t ad o ) , com ose fo rmassem uma l i s t a com ple t a . Ve ja - se aFsica V, 225 b5-9.

    6 2

  • 8/6/2019 3635-9029-1-SM

    7/11

    NEVES, M. H. de M. A teor ia l inguis t ica emAristteles. Alfa , So Paulo, 25:57-67, 198L.

    As ca tegor ias so as dec la raes maisgerais sobre o ser ou sobre os modos diferen tes em que o se r dec la rado . A ca tegor ia d i s t in ta da co i sa po rq ue um m odo de dizer a coisa , masest c o n g r u e nte com ela na me did a em q ue tambm om o d oarav s d o q u a l o h o m e m e l a b o r a oconce i to .

    A c o m b i n a o e n t r e o s m o d o s d e s e re os modos de dizer cr iaa c lass i f i caoqudr upa q u e Aristteles a p r e s e n t a n a sCategorias (cap . 1) e qu e leva a co mp ree nder por que essa obra inicia com as definies de homnyma, syn nyma eparnyma. S e g u n d oo m o d o d e s e re d eser di to , tudo o que se classif ica ou com o subst nca (o que noest e m n e n h u msuje i to ) ou como ac iden te (o queest e mum sujei to) ou como universal (o que sed iz de ou t ro ) ou co m o ind iv id ua l (o qu eno se diz de ou tro ) . Da resu l ta que tu doo,que ou subst nci a u n i v e r s a l(subst nc ia segunda , os gnerose espc es) o u ac iden te ind iv idua l ou ac id en te un ive rsa lou subst nca i n d i v i d u a l(subst nci a p r i

    mei ra , o indivduo). C o n f o r m ea classedaqui lo que d i to , def ine-se de d i fe ren temanei ra o d izer. Somente se o que d i to u m a subst nca segunda , o que se dec la ra o concei to, e , ento, o dizer se faz s ino-n i m i c a m e n t e :h i d e n t i d a d e d e n o m eelgos ( c o m o q u a n d ohomem atribudo a

    Scrat es o u animal atribudo a homem,predicaes que tm por sujei tos seja indivduos seja espc es) . Se o q u e d i t ono umasubst nca segu nda , o d izer sef a z h o m o n i m i c a m e n t e :h i d e n t i d a d e d en o m e m a s a p e n a s d e n o m e ( c o m oq u a n d o branco atribudo a corpo) o up a r o n i m i c a m e n t e ( c o m o q u a n d oalgum c h a m a d o gramtico p o r q u e p o s s u iagramtica).

    A p e n a s o " d i z e r s i n o n i m i c a m e n t e "

    r i g o r o s a m e n t e u m a d e c l a r a o d o s e r p o rque dec la ra nome elgos (2 a 22) . Como impossvel a c o r r e s p o n d n c i abiunvocaentre as coisa s , inf ini tas , e as pa lav ra s , emnmer o f ini to , inevitvel q u e u m n o m es ign i f ique necessar iamente uma p lura l idade de coisas , que o dizer sefaa m u i t a s v ezes ho mo nim ica me nte , i s to , se ja a dec lar a o d e u m m e s m o n o m e p a r a d i f e r e n t e sconce i tos .Aristteles c o m p r e e n d e q u eahomonma est n a n a t u r e z a d a l i n g u agem, e a te mo s a de fini o d ehomnymaa b r i n d o a sCategorias. da essnc ia dal i n g u a g e m q u e h a j a u m a p l u r a l i d a d e d ecoisas s ignif icadas(Refutaessofst icas,1, 165a 12) . Acidental eanm al a porm a exp lo rao qu e os sof i s tas faze m* daplura l idade de s ign i f icaes** .

    Ass im, ao d i scu t i ro s i s t e m a d e n oes, Aristteles faz umaanli se da l ing u a g e m * * * .

    * Obse rva r que , naRetrica (1404b 37 e t s eq . ) ,Aristteles diz que oshomnimos s o es ao so f i s t a po rque l he pe rmitem osartifcios e que ossinnimos s o es a o p o e t a .Homonmia no s ign i f i ca ,a, a p e n a sa s imi l i t ude dc nomes , mas aequ ivoc idade .

    Ver, Metafsica, Z, 1, 1028a 10: E, 4 , 1028a 5; A, 7 , 1017a 2;Tpi cos l, 18, 108a 18.

    *** J .M. LE B t .O ND (4 , p . 316 -9 ) mo s t r a co mo e s se pa ra l e l i smo se ev idenc i a na ap r e se n t a o da s t r scaracterst icas

    principais dasubst nca (Categorias, 5, 2a 11). As trscaracte r sti cas d a substnc a se r p r ime i ro ( e s snc i a ) , su j e i t o e i ndivduo s s o p l e n a m e n t e e x p l i c a d a s q u a n d o l i g a d a s a o j u l g a m e n t o e p r o p o s i o .

    A p r ime i r a a no t a fundam en ta l dasubstn ca a que vem s ign i f i cadaaravs d o t e r m oous a; subst nca o q ue c . S asubstn ca , s i m p l e s m e n t e . E n t o , t o d o o r e s t o q u a n t i d a d e , q u a l i d a d e , r e l a o a f i r m a d o c m r e l a o a es s e a b s o l u t o .Ais, t r a z e n d o m u i t o s e x e m p l o s d c p r o p o s i o q u eAristteles, n a s Categorias, exp l i ca e s secar er d a subst nci a O t ipona tu ra l e funda men ta ! de p rop os i o aque l e em que a a f i rm a o se f az em re f e r nc i a a umasubstn ca t o d o s o s o u t r o s s oder ivados desse e t i ram dele o seu valor.

    A s e g u n d acarac erst ica t em r e l aes ma i s e \ i den t e s com a l i ngua gem :substn ca o que no c s eno su j e i t o da p ropos i o . O t e rmohypokeirnenon s i g n if i ca " s u b s t r a t o " ; o q u e " s u s c e p t i v e l d e r e c e b e r p r e d i c a o " . E s s a s i g n if i c a o v e msuger ida naprpria de f in i oaristotlica d c substn ca: " o q u e n o atribudo a nenh um su j e i t o e no i ne ren t e a nen hu msu je i t o " .

    A terceiracarac er sti ca d e c o r r e d o e s t u d o d asubstnc a co mo su j e i t o : aqu i lo que nunca p re d i c ado . S oindivduo sujei toltimo; as co i sa s i nd iv idua i s no pod em se r p r ed i c ado .

    63

  • 8/6/2019 3635-9029-1-SM

    8/11

    NEVES, M. H. de M. A teor ia l inguis t ica emAristteles. Alfa , So Paulo, 25:57-67, 1981.

    4 LGOS E LX1S

    Aristteles n o e x a m i n a ,porm a p enas a funo delgos em v is ta de umac o n c e p oontolgica e d e u m a f o r m a l i z ao lgica. D e d i c a n d o - s e a t o d a s a s c i ncias , e le chega s cinciasprt icas. Class if icando as a t iv idades do homem, d i s t ingue de uma funoterica d a l i n g u a g e mh u m a n a u m a f u n oprtica por meio daqual no apenas se dizem as coisas ou se

    dizem as relaes entre as coisas , e , portan to , a verdade das co i sas .Dramos q u eAristteles se apl icaa o u t r a s f u n e s d al inguagemalm d a r e p r e s e n t a t i v ae e x am i n a a n a t u r e z aespecfica d o s d i s c u r s o sliterrios.

    N a Retrica se v a l inguagem na suaf u n o d e a p e l o . L i n g u a g e m d a v o n t a d e eno exc lus ivamente da razo , a l inguagemretrica c o m p o r t a p r e d o m i n a n t e m e n t eoconse lh o , e o fe rece a ex am e n o apen as asp r o p o s i e s m a s t o d o s o s e l e m e n t o s q u eservem aopropsito d a p e r s u a s o e c o mpem a a r teretrica. Por i s so o que sobreleva a p re ocu pa o de d izer com verd ade, mas dizer bem. NaPotica o dizer-bem se prende ar te dapoesi s, d e f i n i d acomo ar te da imi tao . A funo da a t iv id a d e potica i m i t a t i v a , c o n c e i t o q u evem de P la to e qu e , de ce r to m od o, degrada essa at ividade*, sea e x a m i n a r m o se m c o n f r o n t o c o m a c o n c e p o v i g e n t e n af o r m a o d o p e n s a m e n t o g r e g o , q u a n d oa p o e s i a e r a , e n t o , i n s t a u r a d o r a d a s c o isas.

    E m b o r a h a j a s e m p r e e mAristtelesu m a p r e o c u p a o m u i t o g r a n d e c o momodo de d izer, nas obras em que se examina a l inguagem na sua funoprticaque , na verdade , se abre um campo especfico para o exame daJxis**. Ela oobje to central e seu ex am e signif ica o e xame da na turezaespecfica d o a s p e c t opo

    tico eretrico d a l i n g u a g e m . A s e p a r a oent re lgos e lxis, q u e h de se r fun dam e n t al n o e n c a m i n h a m e n t o d o s e s t u d o slingsticos, l i g a - s e , p r i m o r d i a l m e n t e ,c o n s i d e r a o d a l i n g u a g e m m a i s s o b ongulo da ef icincia do que sob o da revelao das co i sas . A l inguagem ef ic ien te e rao cam po em que se mo via m os sof i s tas ,m as o c o n t e x t o a g o r a s e e n r i q u e c e p o rq u e , en qu ant o os sof i s tas faz iam de contedo e e l o c u o u ms c o r p o , p r i v i l eg i a n d o a e l o c u o ,Aristteles, q u a n d o s em o v e n o c a m p o d alxis, t e m c o m o a c e rtado que ex is te um campo dolgos, e temes tabe lec ida uma teor ia que re lac iona osdoisdomnios.

    N a Retrica e n a Potica o dizer oq u e est m a i s v i s i v e l m e n t e e m p r i m e i r op l a n o , e m b o r a e le s e m p r e r e p r e s e n t e u m aa r t i c u l a o d a s m o d a l i d a d e s d o s e r.Hum est i lo que se destaca, umalxis, q u eno tem as mesmascarac ter st icas d a q u ela l ingua gem cuja f inal id ade especif ic amente a expresso do se r. A e locuo oobjeto especial de exame e, a partir da,j

    se observa queh d i f e r e n t e scaractersticas na l inguagem em versoe e m p r o s a(Retrica III, 1404b 12e 1 4 ) , e m b o r aoenunc iado tan to se ja e fe t ivo em verso como em prosa(Potica, 6, 1450b 14) .

    4.1 ARETRICA

    N a Retrica, Aristteles e s t u d a alxis da a r teretrica. Da o int ere sse pe lac o m p o s i o , p e l o s r e c u r s o s d e l i n g u a g e m ,pe las qua l idades do es t i lo e seus defe i tos .A ordem de in te resse a con ven inc ia ao

    e s ti lo d a p r o s a . R e g u l a m - s e e m p r e g o s p ara que ha ja cor reo segundo oesprito d alngua (t helenzein, III , 5 , 1407a) , e levao (III , 6 , 1407b) e co nv en in cia (I II , 7 ,1407b) do es t i lo , adequao do es t i lo aog n e r o d o d i s c u r s o * * * . N o e s t u d o s o b r e a s

    * E n t r e t a n t o , r e l a t i v a m e n t e a P l a t o ,Aristteles r e s t au ra o va lo r da a t i v idadepoti ca

    ** En tende - se emlxis, a o m e s m o te m p o , " e s t i l o " e " e l o c u o " . N aPotica Aristteles de f ine lxs c o m o " e x p r e ss o " , " i n t e r p r e t a o(her menea )dos p e n s a m e n t o saravs das pa l av ra s " (6 , 1450b 15 ) .

    * * N o Cap i tu lo sob re co r r e o , I I I , 5 , 1407b .

    64

  • 8/6/2019 3635-9029-1-SM

    9/11

    NEVES, M. H. deM. A teor i alingstica em Aristteles. Alfa , So Paulo, 25:57-67, 1981.

    qua l idades do es t i lo , fa la - se : dos nomes edos verbos , para ver i f i ca ra p r o p r i e d a d ede seu emprego ( I I I , 2 , 1404b) ; doshomnimos e dossinnimos, p a r a e x a m i n a r asua u t i l idade ( I I I , 2 , 1405b) ; das pa lavrasc o m p o s t a s , p a r a c o n d e n a r s e u a b u s o c omo uma das causas da fr ieza de est i lo (III ,3, 1405b); dos d iminu t ivo s , com o um rec u r s o q u e p o d e s e r e m p r e g a d o c o m p r udnc ia e medida ; dametfora, p a r a j u l g a rde sua eficcia, c o n v e n i n c i ae i n c o n v e

    nincia (III , 2 , 1405a) , ou seu perigo (III ,3, 1406b); dosept eos (III , 2 , 1405b) e don o m e , e m c o n t r a p o s i o d e f i n i o , t a mbm pa ra julg ar das qu al i da de s do est i lo(III, 6, 1407b).

    Ass im, as observaes daRetricad izem respe i to ao e fe i to do d i scurso , espec i a l m e n t e q u a n t o a o c u m p r i m e n t o d e s u af ina l idade , i s to , espe c ia lm ente qu an to sua e f ic inc ia como d iscursoretrico. H aja vista a prpria n o o d e syndesmos( II I , 5 ), " c o n e c t i v o " , " c o n j u n o " , q u erepresen tao a p a r e c i m e n t o d e m a i s d eu m a p a r t e d o d i s c u r s o * e , n o e n t a n t o , n ov e m , a b s o l u t a m e n t e , c o m o f a t o d e g r amtica, mas como recurso de es t i lo : a funo da conjuno fazer de mui tas co i sasu m a u n i d a d e . H a j a v i s t a , a i n d a ,a refernc ia a nomes compos tos ( I I I , 2 e I I I , 7 )e a nomes inventados ( I I I , 2 ) , f e i t as depassagem e, e x c l u s i v a m e n t e , q u a n t oc o n v e n i n c i a d e e m p r e g o .

    Sem que ha ja , c la ro , um a e xpo s iog r a m a t i c a l , p o d e m o s d e s t a c a r,porm a lg u m a s o b s e r v a e s q u e c o n c e r n e m a p r ob lemas quecham ar amos gramaticais (gneros quedevem se r d i s t inguidos en meros III , 5 , 1407b) e , mais ainda, a lgu

    m a s p o s i e s q u e v i s l u m b r a m p r e o c u p aes e p ro ced ime nto s da c inc ia g ram at ical con empor nea:

    a s o b s e r v a e s s o b r ea c o r r e ono uso dos conec t ivos ( I I I ,5, 140.7a)referem-sea p r o b l e m a s d e d i s t r i b u i o :em que ordem edistncia devem ser co loc a d o s ;

    as o b s e r v a e s s o b r e s o l e c i s m o(III , 5 , 1407b) t razem o prob lema da sub-c a t e g o r i z a o p a r aa inse ro lex ica l ,refer indo-se seleo que se processa ent re o verbo t rans i t ivo e seu ob je to d i re to :h so lec i smo qu an do n o se a t r ibu i a du asp a l a v r a s c o o r d e n a d a so t e r m o q u e c o nvm a am ba s ; co m o, po r exe mp lo , qu and o som e co r s o const rudas, a m b a s , c o mo verbo ver, e n q u a n t o d e v i a m s e r c o n strudas com o verbo perceber;

    as re fe rnc ias p o s s i b i l i d a d e d esubs t i tu io de um nome pe la def in io , ev ice-versa ( I I I , 6 , 1407b) , mos t ram umaconsc inc ia doprincpio d e c o m u t a o e ,p o r t a n t o , d a s r e l a e spar adgmt icas n alngua, c o m p o s s i b i l i d a d e d e s u b s t i t u i o ,n o m e s m o p o n t o d o e n u n c i a d o , d e s i n t a gmas de igua l d i s t r ibu io : a def in io pode emp regar-se pe lo no m e, se se que r a mpliar o est i lo e vice-versa, se se quer obterc o n c i s o .

    4 .2 . APOTICA

    N a Potica, a lxis tambm constituium dos elementos** de um gra nde complexo que uma arte, a arte potica, qual, em Aristteles, definida como aarte da imitao***. Alxis q u e convm

    * N o rganon s ap a recem r econ hec id os o no me e o ve rb o (pa r t e1 e II do Da interpretao). A, a def ini o dessa spa r t e s do d i s cu r so s e f az , v i a de r eg ra , po r r e f e r nc i a ex i s t nc i a ou no de s ign i f i cao . S ign i f i ca t i vos s o apenas o nome eo ve rbo , e en t r e e s sa s duas pa r l e s do d i s cu r s o que , com o v imo s , s e ab r ig am as dez ca t ego r i a s (nom ina i s e ve rba i s ) . E l a s s oas duasncas pa r t e s que merecem f igu ra r nos l i v ros em que olgosesl e m e x a m e . P o r o u t r o l a d o , n aRetrica e n a Poticano r eapa recem aqu e l a s dez ca t ego r i a s que s e d i s t r i bu em en t r e o nom e e o ve r bo .

    * O s o u t r o s e l e m e n t o s s o : m i t o ,carter, p e n s a m e n t o ,especuo cn ico emelopia. N a h i e r a r q u i a , a e l o c u o oq u a r t o e l e m e n t o e d e f i n i d o c o m o o " e n u n c i a d o d o s p e n s a m e n t o s p o r m e i o d a s p a l a v r a s , e n u n c i a d o q u e t e m a m e s m a e f e t iv idade em ve r so ou em p rosa" . (Cap . 6 )

    *** Obse rva r que , naRetrica, Aristteles d i z que o s nomes s o imi t aes ( I I I , 1 , 1404a 21 ) . Es sa imi t ao se r e f e r e ,porm funopotica n o s i g n i f i c a n d o a d e s o t e o r i aiconogrfica platnica. p o r c o n v e n o q u e o s n o m e s s o i m i t aes .

    6 5

  • 8/6/2019 3635-9029-1-SM

    10/11

    NEVES, M. H. de M. A teor ia l inguis t ica emAristteles. A l f a , So Pa ul o, 25:5 7-67, 198 1.

    potica n o a q u e convm retrica,p o r q u e su a f u n o o u t r a .Tambm essalxis no um d izerfilosfico c o m p r o m et ido coma v e r d a d e d a s c o i s a s , m a s u mdizer que um a c r ia o daqu e le qu e imita .

    noscapt uos 20, 21 e 22 daPoticaq u e Aristteles t ra ta da e locuo na poes i a : C o m o " p a r t e s d a e l o c u o " , e l e a p r esen ta exa tamente as par tes da cade ia fa la

    da. Por issoest a d e s d e o f o n e m aat ap r o p o s i o , c o m p a s s a g e m p e l as laba ep e la s p a l a v r a s ( n o m e , v e r b o e c o n j u n o ) .Essa apresen tao daanli se d o q u e h o j ec h a m a m o ssignificante se faz em refe rncia ao s ignif icado. Fica bem claraa q u a n d o e le s e p r e o c u p a e s p e c i f i c a m e n t ecom um dos e lementos da a r tepotica,j u s t a m e n t eo q u e c o r r e s p o n d e l i n g u ag e m c o m o s o n o r i d a d e a s e p a r a o e ntre o real e a l inguagem. O sinif icante sedefine em referncia ao s ignif icado, e essal i g a o p r o v a d a s e p a r a o .J e m P l ato , e l e m e n t o s s e p u n h a m , c o m o f o r m a

    dores des labas; e s t as , c o m o f o r m a d o r a sd e p a l a v r a s ; e e s t a s , c o m o f o r m a d o r a s d odiscurso .

    A c o l o c a o e m c a d e i a p o n d o n am e s m ainstncia fon em a e pa l avr a sign i f ica o assen tamento da teor ia gera l sobre basesemn ica uma teor ia do sen t id o , que , por i s so mesmo, faz in te rv i rasignificao nas def in ies de cad a u m ad a s e t a p a s d a c o n s t i t u i o d a c a d e i a s o n or a . E n t r e n t a t o ,a, n e s s e c o n t e x t odaPotica, o que se pe em re levo no oproblema em s i do s ign i f icado , com o exame da reve lao das co i sas ou da re la o

    de s ign i f icao , mas , espec i f icam ente ,aprtica do emprego do s ign i f ican te , a e laborao da a r te dapoesi s, is to , da a r ted a c o m p o s i opotica

    C o m o n aRetrica, a s n o e s c o n c e rnentes lxis so , naPotica, alm de definidas o q u e o c o r r e m a i s c u i d a d o s a

    mente naPotica q u e n a Retrica a p r e s e n t a d a s n a t r a n s m i s s o d e u m a " a rt e " , e m b o r a s e m p r e se s u b o r d i n e ma u me x a m e terico. D e p o i s d e s e d e f i n i r e m ,por exemplo , asesp c es d e n o m e s , c o m oo s imples , o duplo (21 , 1457a) e , depois ,oc o r r e n t e ,o e s t r a n g e i r o ,o i n v e n t a d o ,oa l o n g a d o , o a b r e v i a d o , o a l t e r a d o e a m etfora ( 2 1 , 1451a-b), r e c o m e n d a - s e o u s odiscreto de todas asesp c es u m a m i s t u r an a m e d i d a c e r t a , e a p o n t a m - s e o s n o m e sm a i s a p r o p r i a d o s a o s d i fe r e n t e s v e r s o s .C o n s i d e r a m - s e , a i n d a , o s g n e r o s d o s n om es e i n d i c a m - s e o s g n e r o s d o s n o m e sg r e g o s , c o n f o r m ea t e r m i n a o ( 2 1 ,14576).

    A o e x a m i n a r a a r t eretrica e a par tepot ica Aristteles a c e n t u a , p o i s , a s q u al i d a d e s q u e d e v e m s e r p r o c u r a d a s p a r aoade qu ado mo do de d izer, i s to , c u id a d alxis. E n t r e t a n t o , o q u eest e m p r i m e i r op l a n o n o u m a l in g u a g e m o r n a m e n t a d a ,como s implesexerccio d e p a l a v r a s , m a s s e m p r ea e f ic i n c ia d e c o m u n i c a o g aran t ida pe lo convenien te uso dos recursosde e lou o . O in te resse pe la qua l id ad e d ae locuoest d i r e t a m e n t e l i g a d o a o i n t eresse na e f ic inc ia do modo de d izer.

    A a t e n o lxis pe em ev idnc ia os ign i fican te , mas ap on ta semp re pa raolgos, p o i s a l i n g u a g e m c o m q u a l i d a d e,ac ima de tudo , o que d iz bem o que temde ser di to .

    , p o i s , n u m a s i s t e m a t i z a o d e b a s en o c i o n a l , a s s e n t a d a s o b r eo f u n d a m e n t od a lgica, q u e v e m o sa c o n s i d e r a o d al inguagem preparar- se para se rabast ra dada f i losof ia , t r aba lho quelevar cons t ituio dagramtica, c inc ia quenascern o r m a t i v a , s o b r eo m o d e l o d a a r t e d eb e m - d i z e r, t a n t o n a p r o s a c o m o n a p o esia. Eat rav s d e t o d a a t r a d i o o c i d e n t a la gramtica procurar pr a s n o r m a s d ae fi ci n c ia n a c o m u n i c a o , b e m c o m o d aexce lnc ia na expresso .

    6 6

  • 8/6/2019 3635-9029-1-SM

    11/11

    NEVES, M. H . de M . A teor i a l ingu is t i ca emAristteles. A l f a , So Paulo, 25:57-67, 1981.

    NEVES, M.H. de M. The l inguis t ic theory in Aris tot le .A l f a , Sao Paulo, 25:57-67, 1981ABSTRACT: As an expression of everything that is,the language deserves Aris tot le 's great a t ten

    tion. He defines the nature oflogos (Politics) and examines its function in view of an ontological(Categories) and logical concept ion(On Interpretation). He also dis t inguishes a pract ical funct ion oflanguage, and, thus, opens a new field for examining thelexis, the rhetor ic(Rhetoric) and poet ic(Poetics) elocution. The attention given to the lexis emphasizes the significant but the efficiency of thecomunicat ion, garan teed by the convenie nt use of the elocut ion re sources a lway s l ies in the foreg roun d.

    KEY-WORDS. Aristotle;logos; lexis;meaning; convention; statement.

    R E F E R N C I A SBIBLIOGRFICAS

    Edies deAristteles

    A R I S T O T E .Les rfutations sophistiques. N o uvel le t raduct ion et notes par J . Tr icot . Par is , J .Vrin, 1950.

    . Mt aphysiques. Nouve l l e t r aduct ion et notes par J . Tr icot . Par is , J . Vrin, 1933.

    . Potique. Textetabli et t radui t parH. Ha ddy . 5 ,ed. Par i s , Les Bel les Let t res ,1969.

    . Politique. Textetabli et t radui t parJean Au bon net . 2 . ed. Par is , Les Bel les Lettres,1 9 6 8 . To m e l .

    . Rhtorique. Texte tabli et t radui tpar M. Dufour e t A. Wartel le . Par is , Les Belles Lettres, 1973.

    . Topiques. Textetabli et t radui t porJacque Brunschwig. Par is , Les Bel les Let t res ,1967.

    A R I S T O T E L I S .Categoriae et liber Deinterpretatione. Recognovi t b rev ique adno ta t io -ne c r it i ca ins t rux i tL . Min io -Pa lu e l lo . Oxford , E .Typograph eo Cla re ndon iano , 1956 .

    ARSTTELES Potica. T r a d u o ,prefcio e int roduo de Eud oro de Sous a . Por to Alegre . ,Globo, 1966.

    A R I S T O T L E . The Physics. With an Engl isht rans la tion by P. H . Wicks teed , M .A. and F .M .Cornford . Lon don , Loeb , 1929 . V. I .

    OBRAS A UXILIA RESA U B E N Q U E , P i e r r e .Le problme del'tre 3 . B E N V E N I S T E ,Emile. Pr oblmes d e linguis-

    chez Aristote. Par i s , PUF, 1972 . tique gnrale. Par i s , Ga l l im ard , 1966 .B E A U F R E T, J e a n .Dialogue avec Heidegger 4 . LE BL ON D, J . M.Logique etmt hode chez

    III. Paris , Minui t , 1974. Aristote. Paris , J . Vrin, 1973.

    6 7