3_Perfil_biografico_antonio_aleixo
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Biografia
Considerado um dos maiores poetas
populares algarvios de sempre pela crítica
sócio-filosófica que as suas quadras encerram,
António Aleixo deixou um vasto repertório
literário que continua por reunir numa obra
completa que faça jus ao seu talento e
contributo genuínos para o mundo das letras.
Nascido em Vila Real de Stº António, em
Fevereiro de 1899, no seio de uma família
operária, António Aleixo acabará por fixar
residência em Loulé, terra para onde se mudara
com a família, em 1906, devido ao ofício do pai
como tecelão. Em Loulé, frequenta a escola
primária e logo dá que falar, pois apenas com a
segunda classe, compõe e improvisa, para o
grupo de amigos, versos para cantar as
Janeiras, de porta em porta.
Com a escolaridade básica incompleta,
devido às dificuldades económicas da família,
começa a aprender e a trabalhar no ofício do pai
aos doze anos, apurando a arte de versejar em
festas, a convite de amigos. Assim se mantém
até 1919, data em que vai cumprir o serviço
militar, em Faro. Após a instrução militar
ingressa no exército, em 1920, como soldado
aprendiz de corneteiro.
Em 1922, alista-se na polícia de Faro.
Em 1924 casa-se e regressa a Loulé. O rápido
aumento da família obriga-o, em 1928, a
emigrar para França, onde trabalha como
servente de pedreiro até 1931, data em que
regressa a Portugal, estabelecendo-se
novamente em Loulé, agora como pastor,
cauteleiro e vendedor de gravatas.
Estas duas úlitmas actividades levam-no
a percorrer o Algarve à boleia com amigos e
conhecidos que o vão encorajando na sua
actividade literária. Alguns vendem folhetos
avulsos com quadras do poeta com o intuito de
o ajudar no sustento da família que é numerosa.
E Aleixo vai vendendo cautelas e cantando os
seus versos pelas feiras algarvias, o que lhe
valeu a alcunha de “poeta-cauteleiro”.
Em 1937, António Aleixo fica classificado
em 4º lugar nos jogos florais, organizados pelo
Ginásio Clube de Faro. Entre 1939 e 1940, José
Rosa Madeira, um dos amigos do poeta,
começa a reunir algumas quadras em folhas
soltas que serão o núcleo do seu primeiro livro
Quando Começo a Cantar. Mais tarde, entrará
em cena o professor e admirador do poeta,
Joaquim Magalhães, que se dedicará a
compilar, a rever e a passar os versos, muitas
vezes, ditados pelo próprio Aleixo. A partir desta
altura, Aleixo começa a ser divulgado e
apreciado no meio cultural algarvio e, em 1943,
é, finalmente, editado, pelo Círculo Cultural do
Algarve, o seu primeiro livro de poesia. Com
uma tiragem de 1.100 exemplares, o livro foi
muito bem acolhido pela opinião pública e
esgotou em poucos dias. Este sucesso editorial
não foi, no entanto, suficiente para poupar à
morte uma das filhas do poeta, com apenas 14
anos, que sofria de tuberculose em estado
avançado, devido à falta de meios económicos
para os tratamentos.
A tuberculose acabará também por
contaminar António Aleixo que, a 28 de Junho
de 1943, dá entrada no Hospital-Sanatório dos
Covões, em Coimbra. Aqui irá passar a maior
parte do tempo internado para tratamentos,
entre 1943 e 1949, apenas regressando a Loulé
para passar as festas – Natal e Páscoa - com a
família. Aqui também se inicia uma vida nova
para António Aleixo que descobre novas
amizades e admiradores, tais como o Dr.
Armando Gonçalves (director do Hospital), o
escritor Miguel Torga e António Santos
(Tóssan), o artista plástico e autor da mais
conhecida imagem do poeta algarvio, que se
tornou no amigo de todas as horas e se
manteve ao seu lado até ao fim.
Estilo literário
As suas quadras e sextilhas cumprem os
preceitos da tradição popular portuguesa.
Através de versos lapidares e incisivos, que
recorrem à rima e à redondilha maior, a poesia
de Aleixo é a expressão espontânea e sintética
de conceitos filosóficos profundos que revelam o
olhar atento e a sabedoria do poeta para fixar
pensamentos e refinar críticas, ditos ou
trocadilhos acerca da realidade.
A capacidade de improviso e de trabalho
com as palavras, bem como a sua visão do
mundo onde nos revemos como homens,
reflectem um intelecto único e poderoso, que
consegue ultrapassar a sua formação
académica rudimentar e enfrentar com
dignidade e humor as muitas limitações da sua
vida e saúde.
Sem que o discurso eu pedisse,
Ele falou; e eu escutei.
Gostei do que ele não disse;
o que disse não gostei.
Os que bons conselhos dão
Às vezes fazem-me rir,
Por ver que eles próprios são
Incapazes de os seguir.
Entra sempre com doçura
A mentira, pr’a agradar;
A verdade entra mais dura,
Porque não quer enganar.
Em não tenho vistas largas
Nem grande sabedoria
Mas dão-me as horas amargas
Lições de Filosofia.
Uma mosca sem valor
Poisa c'o a mesma alegria
na careca de um doutor
como em qualquer porcaria.
Obras publicadas
Quando Começo A Cantar … , 1943 Intencionais , 1945 Auto da Vida e da Morte , 1948; Auto do Curandeiro , 1949; Este Livro Que Vos Deixo … Volume I, Este Livro Que Vos Deixo … Inéditos – Volume II Inéditos , 1978
Bibliografia consultada:
http://www.fundacao-antonio-aleixo.pt/Quadras.asp
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Aleixo
[F13 Dezembro de 2009]
O homem sonha acordado;
Sonhando a vida percorre…
E desse sonho dourado
Só acorda, quando morre!