4. Necrose

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Necrose – Anatomia Patológica A necrose é o culminar das alterações celulares, sendo uma consequência comum de inflamações, de processos degenerativos e infiltrativos e de muitas alterações circulatórias. É a manifestação final de uma célula que sofreu lesões irreversíveis. A necrose é a morte celular ou tecidual acidental num organismo ainda vivo, ou seja, que ainda conserva as suas funções orgânicas. É natural que a célula morra, para a manutenção do equilíbrio tecidual. Mas nesse caso, o mecanismo de morte é denominado de "apoptose" ou "morte programada". Macroscopicamente a necrose tem algumas características histológicas bem definidas e que são comuns a todos os tipo de necrose. Assistimos a uma diminuição da consistência e elasticidade (devido à lise dos constituintes celulares). Este tipo de acontecimentos é bastante visível em órgãos parenquimatosos (ex: fígado e pulmões). Vamos observar alterações na coloração e aspecto geral das células, que vão ser diferentes nos diferentes tipos de necrose conforme vai ser dito mais à frente. Microscopicamente, as alterações são também bastante visíveis. Ao nível citoplasmático a célula vai ter um aumento da acidofilia. Vamos verificar a presença de granulações citoplasmáticas, devido à tumefacção e posterior ruptura de organitos. A célula vai sofrer alterações como um todo, vai haver desaparecimento dos limites celulares, dificultando a individualização da

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A necrose o culminar das alteraes celulares, sendo uma consequncia comum de inflamaes, de processos degenerativos e inf

Necrose Anatomia Patolgica

A necrose o culminar das alteraes celulares, sendo uma consequncia comum de inflamaes, de processos degenerativos e infiltrativos e de muitas alteraes circulatrias. a manifestao final de uma clula que sofreu leses irreversveis. A necrose a morte celular ou tecidual acidental num organismo ainda vivo, ou seja, que ainda conserva as suas funes orgnicas. natural que a clula morra, para a manuteno do equilbrio tecidual. Mas nesse caso, o mecanismo de morte denominado de "apoptose" ou "morte programada".Macroscopicamente a necrose tem algumas caractersticas histolgicas bem definidas e que so comuns a todos os tipo de necrose. Assistimos a uma diminuio da consistncia e elasticidade (devido lise dos constituintes celulares). Este tipo de acontecimentos bastante visvel em rgos parenquimatosos (ex: fgado e pulmes). Vamos observar alteraes na colorao e aspecto geral das clulas, que vo ser diferentes nos diferentes tipos de necrose conforme vai ser dito mais frente. Microscopicamente, as alteraes so tambm bastante visveis. Ao nvel citoplasmtico a clula vai ter um aumento da acidofilia. Vamos verificar a presena de granulaes citoplasmticas, devido tumefaco e posterior ruptura de organitos. A clula vai sofrer alteraes como um todo, vai haver desaparecimento dos limites celulares, dificultando a individualizao da clula, devido a alteraes na membrana celular. H ainda perda da colorao diferencial, uma vez que vai haver diminuio da basofilia nuclear. Assistimos a um desaparecimento das clulas como estrutura, podendo haver destruio completa das clulas e da estrutura tissular, produzindo uma massa homognea eosinofila (nas necroses de caseificao), ou haver preservao da estrutura tecidular, podendo assim reconhecer-se o rgo (necrose de coagulao). Ao nvel do ncleo h trs alteraes morfolgicas principais visveis: picnose, o ncleo torna-se menor devido condensao da cromatina; cariorrexe, o ncleo picntico vai romper-se formando muitos fragmentos menores que se vo distribuir pelo citoplasma; por ltimo temos a carilise, o ncleo picntico pode ser expelido da clula ou pode manifestar-se perda progressiva da colorao da cromatina. Para alm destas alteraes, a clula morta exibe retculo endoplasmatico dilatado, ribossomas desagregados, mitocondrias calcificadas e vesculas na membrana plasmtica.Estas caractersticas so comuns a todos os tipos de necrose, mas h outras caractersticas que nos permitem diferenciar cada um dos tipos de necrose. Distinguem-se assim quatro tipos de necrose: necrose de coagulao, necrose de liquefaco, necrose gordurosa e necrose caseosa.A necrose de coagulao o padro mais comum de necrose. Aps a sua morte o contorno da clula mantido, e ao corarmos com a soluo de hematoxilina-eosina, verificamos que o citoplasma fica mais eosinfilo que o normal. Portanto o facto de neste tipo de necrose a arquitectura se manter permite-nos distinguir dos outros tipos. Dependendo do tecido e das circunstncias, a clula fica sujeita actividade de enzimas lticas intracelulares e extracelulares, que vo provocar a desintegrao da clula.Relativamente necrose de liquefaco, afirmamos estar na presena desta quando a velocidade de dissoluo das clulas necrticas maior que a de reparao. Os leuccitos polimorfonucleares vo possuir a capacidade de digerir as clulas mortas atravs de hidrolases. Assim desta forma elas agem depressa na dissoluo do tecido morto. Obtendo-se muitas vezes um abcesso, que se define como uma cavidade formada por necrose de liquefaco num tecido slido. Com a evoluo do processo inflamatrio, o abcesso vai ser envolvido por uma cpsula fibrosa.A necrose gordurosa afecta especialmente o tecido gorduroso e resultante, com frequncia, de pancreatite ou de um traumatismo. Neste tipo de necrose o aspecto que mais se destaca a presena de triglicridos no tecido adiposo. Este processo inicia-se com a libertao de enzimas digestivas a partir das clulas acinares e ductos pancreticos lesados para os espaos extracelulares. Estas enzimas vo digerir o pncreas, os tecidos circundantes e as prprias clulas adiposas. As fosfolipases e as proteases vo atacar a membrana plasmtica das clulas adiposas, e libertam os triglicridos, que por sua vez vo ser hidrolisados pela lipase pancretica em cidos gordos livres, que por ltimo precipitam como sabes de clcio, e se acumulam em depsitos basfilos na periferia dos adipcitos necrticos. Macroscopicamente vemos esta necrose como uma rea irregular esbranquiada embebida no tecido adiposo.A necrose caseosa uma necrose caracterstica da tuberculose. Essas leses so denominadas de granulomas tuberculosos. No centro do granuloma esto as clulas mononucleares agressoras contra as micobactrias, que se encontram mortas. Estas clulas necrticas no vo conseguir manter a sua definio celular, mas apesar disso no desaparecem atravs da lise. O que vai acontecer que estas clulas mortas vo permanecer de forma indefinida como restos celulares eosinfilos e amorfos, com colorao branca acizentada (semelhante a queijo).