4. O estudo de caso
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O estudo de caso
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4. O estudo de caso
O estudo de caso
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4.1. O tema abordado: a gravidez na adolescência
Segundo as Estatísticas da Saúde (INE, 2001), no ano de 2001 o número
de partos de jovens menores de 20 anos foi 6,1% do total, o que corresponde a
6882 partos. Destes, 15,4% envolveram adolescentes menores de 17 anos.
Apesar do ligeiro decréscimo nos números, quando comparados com os dados de
1997 (7,2% e 22,1%, respectivamente), Portugal é o segundo país da União
Europeia com a maior taxa de gravidezes na adolescência (UNICEF, 2001). Este
facto, assim como a constante polémica sobre a interrupção voluntária da
gravidez (IVG), demonstram a importância e a urgência da EPS como forma de
prevenir estas situações.
Na raiz deste problema residem causas de natureza social, educacional e
relativas ao grau de maturidade dos adolescentes. Assim, é possível identificar
algumas características pessoais ou relacionais associadas aos casos de
gravidez na adolescência (Roque, 2001):
− Ausência de informação ou informação falsa acerca da sexualidade e
da contracepção;
− Não se reconhecer como sexualmente activo e, portanto, não aceitar a
sua própria sexualidade e a responsabilidade que uma relação sexual
implica;
− Falta de planeamento e orientação relativamente ao futuro;
“In the world’s rich nations,
more than three quarters of a million
teenagers will become mothers in the
next twelve months.”
(UNICEF, 2001)
− Porque se criou a actividade “Sexualidade Online”?
− Em que consiste a actividade ‘Sexualidade Online’?
− Como se desenrolou a actividade?
− Que resultados se obtiveram?
− O que se pode concluir desses resultados?
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− Agir negativamente em relação à sexualidade ou à contracepção;
− Ter sentimentos de culpabilidade relativos à actividade sexual ou à
contracepção;
− Desconhecer ou ter dificuldade no acesso às consultas de planeamento
familiar;
− Falta de competências sociais e de solução de problemas;
− Falta de competências de comunicação adequadas para poder falar
com o parceiro sobre o tema.
As acções de EPS devem ser planeadas e implementadas tendo em conta
que, para atingir os objectivos propostos pelos Ministérios da Educação e da
Saúde (v. Cap.1), não basta uma abordagem tecnicista e higienista da
Sexualidade. Como nos dizem Jacinta e João Paiva (2002), «A não convergência
das dimensões informativa/técnica com as questões dos afectos e da
personalidade são igualmente uma versão minimalista e perigosa da educação
para sexualidade!». As duas abordagens, uma mais informativa e técnica e outra
voltada para os afectos e emoções, devem estar presentes.
4.2. O estudo de caso
Um estudo de caso pode ser caracterizado por uma pesquisa empírica em
que (Carmo e Ferreira, 1998; Tuckman, 2000):
• se estuda uma entidade bem definida, como um programa, uma
instituição, um sistema educativo, uma pessoa, ou uma unidade
social, no seu contexto real;
• as fronteiras entre o fenómeno e o contexto não são claramente
evidentes;
• são utilizadas múltiplas fontes de dados.
Geralmente é utilizado quando as questões da pesquisa são da forma
‘Como’ ou ‘Porquê’; quando o controle que o investigador tem sobre os eventos é
muito reduzido; ou quando o foco temporal se encontra em fenómenos
contemporâneos dentro do contexto de vida real.
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Este estudo de caso incide sobre um programa de EPS e tem por objectivo
aprofundar o nível de compreensão de uma nova experiência vivida por um grupo
de alunos.
Trata-se de um tipo de análise qualitativa em que a nossa atenção recai
sobre os processos e sobre a compreensão dos acontecimentos e não sobre os
produtos. A unidade de análise é um grupo de alunos do ensino secundário que
será descrito mais adiante.
Procuram-se respostas às questões:
• Como se comportam os alunos face a esta nova metodologia de
EPS?
• Como se desenrola um debate on-line sobre Sexualidade?
• Como é que os alunos manifestam os seus sentimentos e opiniões à
distância e por escrito?
Pretende-se simplesmente levantar o maior número possível de dados, de
factos, de situações referentes ao desenrolar da actividade, que possam servir de
referenciais e que nos ajudem a compreender (e não a explicar) o
comportamento dos alunos. Os dados vão sendo interpretados e categorizados
ao longo da actividade.
Outro tipo de método, de cariz mais experimental, por exemplo, não iria ao
encontro dos nossos objectivos. Ao isolar e manipular variáveis, o fenómeno seria
retirado do seu contexto natural. Nesta situação isso não seria sequer possível na
medida em que o contexto é o caso em estudo; trata-se do estudo das
interacções entre os elementos de uma comunidade virtual e entre eles e o meio
de comunicação utilizado (a Internet).
4.3. A actividade “Sexualidade Online”
Este estudo de caso baseou-se numa actividade prática de análise crítica
de sites, mails, imagens, etc., e de exposição e debate de ideias entre alunos de 4
escolas secundárias – E.S. de Águas Santas, E.S. de Ermesinde, E.S. de
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Valongo e E.S. de Paredes – tendo como tema central a gravidez na
adolescência. O meio de comunicação entre os alunos das diferentes escolas foi
a Internet. Para que tal fosse possível, foi disponibilizado, pela Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto, o acesso à plataforma de ensino à
distância LUVIT. Criou-se um curso (Figura 4) – “Sexualidade Online” – ao qual os
alunos podiam aceder mediante uma palavra-chave que lhes foi atribuída e da
qual só eles tinham conhecimento; os alunos tinham como identificação um nome
à sua escolha, isto é, um nickname (existia, portanto, a possibilidade de
anonimato on-line).
Figura 4 – Homepage do “curso” Sexualidade Online
Em cada escola foram seleccionados 4 ou 5 alunos do ensino secundário
para participar nesta pesquisa; a actividade decorreu durante cinco semanas e,
para tal, bastava que os alunos tivessem acesso a, pelo menos, um computador
com ligação à Internet na escola. Os alunos de cada escola trabalharam em
conjunto formando um subgrupo por escola.
Árvore de navegação
Área de notícias
Identificação dos participantes on-line
Plano de actividades
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Ao longo da actividade, cada aluno respondeu, on-line, a um questionário,
em dois momentos diferentes.
Contudo, como será explicado mais à frente, na fase de avaliação dos
resultados optou-se por considerar os dois conjuntos de respostas como um só,
dado que as respostas praticamente não se alteraram.
Segue-se a transcrição de parte desse questionário. A consulta completa
(incluindo imagens) encontra-se nos Apêndices.
1. O que é para ti a Sexualidade?
2. O que significa “amar alguém”?
3. Existe uma idade ideal para iniciar a actividade sexual?
Consulta o seguinte site…
http://www.iie.min-edu.pt/inovbasic/edicoes/teia/2001-educ-sexual/carta.htm
e responde às questões que se seguem:
4. O que aconteceu, naquela noite, entre a Joana e o namorado?
5. O que é a fecundação?
6. Em que fase do ciclo sexual feminino se encontrava a Joana?
7. Quais seriam os métodos contraceptivos mais adequados para a Joana e o
namorado?
8. Que conjunto de factores permitiram que a Joana engravidasse?
Antes da gravidez:
9. Será que ambos estavam preparados para a primeira relação sexual?
10. Como é que eles poderiam saber se estavam, ou não, preparados?
11. Consideras que a Joana e o João estavam suficientemente informados para dar o
passo que deram?
12. De que forma poderiam obter essa informação?
Após a confirmação da gravidez:
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13. Que atitude é que a Joana deveria ter tomado?
14. Que atitude é que o João deveria ter tomado?
15. O que terá levado o João a afastar-se?
16. A reacção dos pais foi a correcta?
17. Consideras que os pais tiveram alguma responsabilidade na gravidez da Joana?
18. E os pais do João, porque é que não sabemos nada deles?
19. Como deveriam ter reagido os pais do João?
Após o parto:
20. A melhor solução será o casamento? Porquê?
21. A Joana deve continuar os estudos, arranjar um emprego, ou cuidar do bebé?
22. E o João, o que deve fazer?
As instruções e recomendações para a realização da actividade foram
transmitidas aos alunos presencialmente. Os encontros presenciais ocorreram em
três momentos diferentes: antes de dar início à actividade, a meio e no fim. Estes
encontros repetiram-se nas diferentes escolas, não tendo havido qualquer
contacto presencial entre os alunos das mesmas.
A observação foi feita, essencialmente, através do curso ‘Sexualidade
Online’, isto é, em regime não presencial. Para isso a nossa presença on-line teve
que ser quase constante, para não deixar escapar momentos de conversa
síncrona como chats ou quick messages. As participações dos alunos e dos
grupos foram sendo analisadas continuamente de modo a que a actividade fosse
sendo estruturada de acordo com a evolução. Alguma da observação relativa às
características pessoais dos alunos e à interacção dentro de cada grupo foi feita
presencialmente: no início, no meio e no fim da actividade.
4.3.1. As plataformas de e-learning
A universalidade da Internet confere-lhe capacidades únicas para a
implementação do Ensino à Distância, quer a partir duma plataforma de e-
learning, quer a partir de um site educacional. Os sites educacionais estabelecem
ligação com numerosas fontes de informação e conteúdos adicionais,
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respondendo assim às mais variadas necessidades dos seus utilizadores. As
plataformas de e-learning integram, num “curso” on-line, várias ferramentas de
comunicação, possibilidade de actualização dos conteúdos, acompanhamento e
registo do percurso e evolução dos alunos, administração de testes, revisões e
melhoramentos regulares dos materiais e métodos implementados (Barak e
Fisher, 2001).
A plataforma de e-learning LUVIT apresenta várias funcionalidades, as
quais se descrevem na Tabela 8, que se apresenta a seguir (Paiva et al, 2004) .
Ferramentas para os alunos Ferramentas para os autoresFerramentas para os
professores
• Pesquisa por palavra-chave
• Interface ergonómica
• Criação de bookmarks
• Agenda
• Página pessoal
• Definição de login e
password
• Fórum de discussão
• Sala de chat
• Acompanhamento do
progresso
• Importação/conversão de
materiais existentes
• Editor de quis
• Questões de múltipla
escolha
• Questões de resposta curta
• Definição de grupos de
trabalho
• Orientação assíncrona dos
alunos
• Orientação síncrona dos
alunos
• Acompanhamento dos
alunos pelos módulos
• Relatórios estatísticos
Tabela 8 – Funcionalidades da plataforma de e-learning LUVIT (Paiva et al, 2004)
4.3.1.1. Ferramentas disponíveis
A comunicação pode ser síncrona (salas de chat e serviço interno de
mensagens instantâneas) ou assíncrona (fóruns e e-mail interno).
Com a excepção do e-mail e das mensagens instantâneas, os debates dos
fóruns e das salas de chat podem ter a presença de um moderador. O moderador
é, neste caso, uma entidade que assegura o cumprimento da “netiqueta”. Por
exemplo, pode censurar mensagens ou editá-las da forma que achar adequada.
Na maioria dos casos o moderador pode relaxar e raramente elimina uma
contribuição. No entanto, a presença, mesmo virtual, de uma figura de autoridade
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pode ter um efeito calmante e até dissuasor, assegurando aos participantes que,
se surgirem disputas, haverá meios para os resolver (Wallace, 2001).
4.3.2. Estratégias
Durante o processo de planeamento da actividade “Sexualidade Online”,
procurou-se explorar as possibilidades que uma plataforma de e-learning oferece,
de modo a poder implementar metodologias que se encontrassem entre aquelas
que fazem parte das acções de EPS mais eficazes (v. Cap. 3.3.1.).
4.3.2.1. “Role-playing”
A acção baseia-se no conceito de role-playing (dramatização/desempenho
de papéis). Como se pode ver na Tabela 9, os alunos criaram a sua própria
personagem de acordo com o grupo a que pertenciam. Essa instrução foi-lhes
dada no Fórum “Apresentações” (Figura 5) e serviu de ponto de partida para a
actividade: «Olá a todos! Para dar início a esta actividade convido cada um a
fazer a sua apresentação, isto é, a apresentar a sua personagem:
- nome, sexo, idade
- profissão
-características pessoais (experiências pessoais/profissionais, tempos
livres, ...)».
Escola Grupo Ano /
Agrupamento(s)Nº de alunos
(rapazes+raparigas)
Personagens (nicknames)
Secundária de
Águas Santas Conservadores
11º / Científico-
natural
4
(2 + 2)
» Avô
» Papa Pinto
» Irmã Maria
» Gertrudes
Imaculada
Secundária de
Ermesinde Liberais
10º / Económico-
social e
Humanidades
4
(2 + 2)
» Der_LiBeRaLe
» Bill Clinton
» Open-minded
» Free Spirit
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Secundária de
Valongo
Profissionais da
Saúde
11º / Científico-
natural
5
(2 + 3)
» Dr. Lobo
» Dr. Magalhães
» Dra. Alice
» Dra. Ana
» Dra. Maria
Secundária de
Paredes Adolescentes
10º / Científico-
natural e Artes
4
(2 + 2)
» Betinho
» Teenager T
» Joãozinho
» Sweeteen
Tabela 9 – Perfil dos grupos e identificação dos elementos.
Figura 5 – Página do fórum ‘Apresentações’
Para poderem planear e construir a personagem que deviam representar,
os alunos tinham disponíveis links que os remetiam para sites externos,
agrupados por grupo (Figura 6). Estes links, que se encontravam na árvore de
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navegação, eram de acesso restrito, isto é, os participantes apenas podiam
consultar os sites indicados para o seu grupo.
Figura 6 – Página de visualização dos links (exemplo)
Com a excepção dos momentos de resposta ao questionário, qualquer
participação (por e-mail, fórum, chat, etc.) deveria corresponder à personagem
representada e o seu conteúdo deveria estar de acordo com o grupo a que
pertencia. Isto é, as opiniões e comentários sobre os temas em discussão
reflectiam o perfil da personagem e não do aluno, mesmo que este não estivesse
pessoalmente de acordo com o que escrevia.
4.3.2.2. O trabalho de grupo
Segundo as novas teorias da Cognição Distribuída (Fischer, 2003), a
mente humana é limitada, o que torna a colaboração com outros seres humanos e
com objectos (neste caso o computador e a Internet) uma necessidade. O
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conhecimento relevante para o trabalho e para a aprendizagem está distribuído
na nossa cabeça, na cabeça dos outros e no ambiente. Aprender faz parte da
vida, é uma consequência natural do facto de estar vivo e em contacto com o
mundo, e não um processo separado de todo o resto. A aquisição de
conhecimento não se pode restringir a um acto educativo levado a cabo num
determinado momento. Os alunos não precisam só de instrução, mas também do
acesso ao mundo que os rodeia.
Um trabalho de natureza cooperativa como o que é sugerido nesta
actividade permite o contacto com o mundo envolvente graças não só aos
problemas da vida real que são colocados (gravidez na adolescência), mas
principalmente devido ao contacto e partilha de informação e opiniões entre os
elementos de cada subgrupo e entre os subgrupos.
A opção pela divisão do grupo de trabalho em subgrupos (um por escola)
reside no facto de as vantagens do trabalho cooperativo serem mais visíveis
quando o número de elementos não é muito elevado, de preferência de 3 a 5
(Jaques, 2003):
− torna-se mais fácil o funcionamento como equipa e não apenas como
grupo;
− todos os elementos conseguem estar activamente envolvidos;
− a cooperação é mais fácil;
− os alunos apercebem-se melhor das diferentes características e formas
de aprendizagem dos seus colegas;
− definem-se e dividem-se tarefas mais facilmente;
− as decisões são tomadas por consenso, e não por maioria;
− cada elemento desempenha um papel importante para o sucesso da
equipa e sabe que a sua falta a pode prejudicar.
A variedade entre os elementos do grupo e dos subgrupos (sexo,
experiências, idade,...) contribui para a riqueza dos diálogos e discussões. É claro
que a possibilidade de conflito poder-se-ia tornar mais evidente, mas isso
contribui para a procura de um equilíbrio e estabilidade entre os elementos, com
vista ao sucesso da tarefa proposta. Segundo as teorias cognitivistas, cada
pessoa cria uma imagem interna do problema e, por isso, pode haver muitas
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formas de o representar (Sprinthall, 1993). Assim, é importante o diálogo entre os
vários elementos de cada subgrupo na tentativa de chegar a um consenso para
as participações, como é sugerido. A disciplina da Aprendizagem em Equipa ou
Team Learning de que nos fala Peter Senge (1990) começa precisamente com o
diálogo, a capacidade dos membros de uma equipa suspenderem o pensamento
individual e entrarem num esquema de «pensamento em conjunto». Piaget (1997)
falou do “pensamento perspectivista” que se desenvolve no “estádio das
operações formais” (entre os 11 e os 16 anos) e que está intimamente ligado com
a metacognição; surge uma nova consciência sobre o facto de pessoas diferentes
terem pensamentos diferentes sobre a mesma ideia ou situação. Os adolescentes
já são capazes de reconhecer que o ponto de vista dos outros é diferente do seu
e compreendem que as outras pessoas têm interesses, conhecimentos e formas
de pensar diferentes das suas (Sprinthall, 1993).
4.3.2.3. Debate on-line
Um debate on-line desenrola-se num espaço que se pode encontrar na
Internet, onde os participantes colocam as suas mensagens que poderão ser lidas
por todos os componentes do grupo – um Fórum (Figura 7).
A plataforma LUVIT disponibiliza este serviço, que tem um funcionamento
semelhante ao do correio electrónico, mas com uma diferença fundamental: as
mensagens enviadas por correio electrónico dirigem-se apenas ao(s)
destinatário(s), sendo de carácter privado; pelo contrário, uma mensagem enviada
para um Fórum fica disponível para qualquer participante. As mensagens podem
ser armazenadas, organizadas e colocadas à disposição de todos os alunos.
Um fórum:
− permite a discussão aberta acerca de um tema específico;
− suscita a motivação do grupo, que pode intervir permanentemente;
− mobiliza o grupo em torno de um objectivo concreto;
− tem uma organização dinâmica e permite a formação de subgrupos;
− possibilita a exposição e esclarecimento de aspectos mais ou menos
confusos de forma ultrapassar barreiras do ensino à distância;
− é um indicador do interesse que o curso/disciplina está a despertar nos
alunos.
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− destina-se, por exemplo, a actividades onde se desenvolvem técnicas
de debate, de negociação, de desempenho de papéis, etc.
Figura 7 – Página do fórum geral
As discussões on-line não são iguais às interacções face-a-face, mas têm a
suas próprias vantagens. Os impasses que se geram numa discussão em tempo
real, devido ao seu carácter instantâneo, podem ser evitados quando se escreve.
Com tempo para pensar e formular perguntas e respostas, os adolescentes que
têm dificuldade em expor as suas ideias face-a-face, acabam por fazê-lo na forma
escrita. Para além disso, a escrita impõe disciplina e ajuda a focar o pensamento
(Feenberg, 1999).
“A finalidade do Fórum é permitir a livre expressão de ideias a todos os elementos
de um grupo, num clima informal, para obter opiniões acerca de um tema, facto,
problema ou actividade; chegar a conclusões gerais, estabelecer os diferentes
pontos de vista sobre um mesmo facto e desenvolver o espírito participativo.”
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(Autor desconhecido)
4.3.2.4. A análise de problemas reais
Quanto à opção de usar a análise de problemas reais (gravidez na
adolescência) como forma de aprendizagem, segundo Jonassen (2002), «é a
forma mais autêntica de aprendizagem em situações do dia-a-dia e profissionais».
Na Educação para a Sexualidade, os alunos devem ser preparados para assumir
papéis de índole social e relacional e essa preparação requer a prática de
resolução de problemas e não apenas a recepção e memorização de informação.
Esta estratégia de ensino/aprendizagem vai de encontro à Aprendizagem
Baseada em Problemas (PBL – Problem Based Learning) defendida por Woods
(1996). Neste tipo de aprendizagem, a tarefa do aluno é descobrir o que precisa
saber para conseguir analisar o problema e encontrar as respostas. Ao tentar
resolver problemas da vida real, eles têm que saber qual é realmente o problema.
Assim, apontam-se várias vantagens no PBL:
− a motivação para aprender surge naturalmente;
− a integração e aplicação do conhecimento seguem em paralelo, de
modo que os alunos se apercebem da utilidade da informação que
adquiriram;
− os alunos conseguem, geralmente, ter uma visão mais alargada do
assunto;
− desenvolve capacidades de pesquisa, de análise crítica, de
comunicação e de trabalho em grupo;
− os alunos apercebem-se de que a aquisição de novos conhecimentos é
um processo que se prolonga por toda a vida.
O problema real em causa é descrito numa ‘carta’ on-line, «Carta inventada
de uma gravidez mais que verdadeira», escrita por uma adolescente
(http://www.iie.min-edu.pt/edicoes/teia/2001-educ-sexual/carta.htm). Trata-se, por-
tanto, dum caso de gravidez não desejada na adolescência. No entanto, esta
estratégia foi utilizada apenas no questionário: a partir da leitura da carta, cada
aluno respondeu a questões que apelavam à análise e reflexão sobre o caso
relatado, tendo que expressar, por escrito, as suas opiniões.
Deleted: papeis
O estudo de caso
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4.3.3. Caracterização dos participantes na actividade
Após a apresentação dos contornos e dos objectivos da actividade a uma
turma de cada uma das escolas15, optou-se pela escolha de alunos voluntários
para participarem na mesma. O carácter semi-presencial e extracurricular desta
acção de EPS exige um perfil de motivação e responsabilidade que não estaria
assegurado se a participação dos alunos fosse “forçada”.
Na Tabela 9 (v. Cap. 4.3.2.1.) encontra-se uma descrição do perfil dos
grupos participantes na acção, bem como a identificação dos elementos que os
constituem.
Eram, portanto, alunos da zona do Grande Porto, não havendo grandes
disparidades relativamente à condição social (a maioria pertencente à classe
média), nem às idades, situadas entre os 15 e os 17 anos.
A maioria dos alunos tinha possibilidade de acesso à Internet em casa. No
entanto, apesar de já terem navegado na web, nem todos demonstravam ter
hábitos de utilização regular da Internet (por exemplo, alguns não tinham conta de
e-mail pessoal).
Todos os alunos afirmaram ter conhecimentos prévios sobre os aspectos
biológicos e fisiológicos da reprodução, abordados no tema “Transmissão da
Vida” do 8º ano de escolaridade.
4.4. Métodos de recolha de dados
Para permitir a avaliação de resultados, foi colocado no curso “Sexualidade
Online” um conjunto de questões para os alunos responderem individualmente,
disponível on-line em dois momentos diferentes da actividade (Figura 8). Este
baseou-se na análise de um caso de gravidez não desejada descrito por uma
adolescente e disponível em: 15 Foi fácil encontrar, em cada escola, uma professora disponível para promover o primeiro
contacto com os alunos e para colaborar na gestão dos meios para implementar a actividade.
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http://www.iie.min-edu.pt/inovbasic/edicoes/teia/2001-educ-sexual/carta.htm.
Figura 8 – Página do questionário
Este método de recolha de dados tem características de um questionário
de resposta aberta ou, segundo Patton (1990), de uma entrevista estruturada de
resposta aberta. Não houve interacção presencial na fase de resposta, isto é, os
alunos responderam “à distância”. No entanto, as fases de apresentação do
investigador, de apresentação do tema e das instruções foram realizadas
presencialmente. É um questionário pouco estruturado para não condicionar
excessivamente os alunos eliminando informações eventualmente importantes.
Não houve hipótese de esclarecimento de dúvidas (Carmo e Ferreira, 1998).
Este instrumento foi organizado em perguntas:
• de identificação dos inquiridos;
• de informação – para recolher dados sobre factos e opiniões dos
inquiridos;
• de descanso – para fazer uma pausa / mudar de assunto;
O estudo de caso
A Internet e a Educação para a Sexualidade 67
• de controlo – para verificar a veracidade doutras respostas.
Contudo, ao fazer a análise das respostas ao questionário realizado no
início e no fim da actividade, verificou-se que as diferenças não foram
significativas. Resolvemos, então, considerar os dois como um só questionário.
Este teve como objectivo permitir a análise de conhecimentos, concepções e
valores relacionados com a Sexualidade.
O outro método de recolha de dados utilizado – os fóruns de discussão –
revelou-se bastante eficaz na medida em que o número de participações foi
considerável e o conteúdo muito interessante. Este método assemelha-se a uma
entrevista semi-estruturada ou, segundo Patton (1990), a um modelo de
entrevista-padrão, graças à flexibilidade que a interacção entre os alunos e o
investigador permite.
Para fazer a análise de conteúdo dos fóruns, dividiu-se as participações em
dois grupos: as que resultaram da representação de papéis (Tabela 10) e as que
reflectiram as reais opiniões dos alunos. Como é óbvio, para este segundo grupo
contribuíram essencialmente as participações do grupo ‘Adolescentes’, uma vez
que estes alunos se representaram a si mesmos. A análise destas participações,
em conjunto com as respostas ao questionário, conduziu às conclusões que se
encontram na Tabela 11.
4.5. Avaliação dos resultados
Sendo este um estudo de caso, o tratamento dos dados não foi de
natureza estatística, mas essencialmente pretendeu-se analisar a evolução dos
alunos em termos de capacidade de expressão de sentimentos e opiniões e de
desenvolvimento das atitudes e competências indicadas nos objectivos da
Educação para a Sexualidade no ensino secundário. Deste modo, fez-se uma
avaliação a partir dos dados recolhidos com o questionário, mas também a partir
da análise de todas as participações registadas no “curso”: mensagens dos
fóruns, mails, chats gravados, etc. (Tabelas 10 e 11).
O estudo de caso
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Perfil geral das personagens representadas
(por grupo)
Exemplos de afirmações que revelam o
perfil (retiradas dos fóruns)
Revelam uma forte ligação à religião.
- «Como a minha vida não poderia ser
completa sem a minha dedicação à religião,
decidi tornar-me freira.» (irmã Maria)
- «Uma das minhas irmãs é freira» (Avô)
São pessoas recatadas, de “boas famílias”,
socialmente respeitadas e cumpridoras.
- «Tenho como distracção cozinhar, fazer
docinhos (…) passear pelos pátios do
convento» (irmã Maria)
- «… sou uma xenhora com 59 anos, muito
bem casada e prestes a celebrar 30 anos de
fidelidade», «O meu marido é um homem de
óptimo nome» (Gertrudes Imaculada)
Utilizam uma linguagem cuidada e algo
formal.
- «Olá meus prezados colegas…» (irmã
Maria)
- «Venho por exte meio aprejentar-me a
vocemercês…» (Gertrudes Imaculada)
Prezam a educação, os valores e a moral
de antigamente.
Opõem-se à ideia de sexo antes do
casamento e não concordam com a
contracepção
- «(…) só quando se está casado e bem
casado é que se pode ter relações.» (Irmã
Maria)
- « tenho dois filhos bem formados (…)
criados na moral e bons costumes», «É
necessário terminar com certos mitos
relacionados com a contracepção (…) a sua
actuação não é, de facto, tão positiva»
(Gertrudes Imaculada)
Con
serv
ador
es
Dedicam-se exclusivamente à família.
- «(…) tento educar os meus netos da
maneira que os meus pais me educaram.»
(Avô)
- «Estimo muito pelo valor da família, é algo
sagrado que devemos preservar com todo o
coração e sacrifício.» (Gertrudes Imaculada)
O estudo de caso
A Internet e a Educação para a Sexualidade 69
Perfil geral das personagens representadas
(por grupo)
Exemplos de afirmações que revelam o
perfil (retiradas dos fóruns)
São pessoas adultas, normalmente de
meia-idade, com dificuldade em
compreender a juventude actual.
- «… sou uma xenhora com 59 anos», «(…) a
juventude de hoje está a levar a sociedade à
perdição e ao excândalo…» (Gertrudes
Imaculada)
- «Eu sou o Avô (…)» (Avô)
- « (…) tenho já 42 primaveras contadas»
(irmã Maria)
São prestáveis e mostram-se à vontade
para falar sobre Sexualidade.
- «(…) sinto-me preparado para falar de
gravidez.» (Bill Clinton)
- « adolescentes, se precisarem de um
conselho amigo, contem comigo!! lol»
(Der_LiBeRaLe)
- « (…) não tenham nenhum tipo de
preconceito em me fazer questões sobre o
que quiserem» (Open-minded)
Defendem a contracepção e opõem-se à
abstinência sexual
- «Sim, penso que deve ser usada (a pílula do
dia seguinte)», «Não, de jeito nenhum! Eu
não acho que este método (a abstinência
sexual) seja ‘eficaz’» (Open-minded)
São pessoas “maduras”, mas com espírito
jovem e divertido
- «Tenho 38 anos mas sou uma cota à
maneira!» (Der_LiBeRaLe)
- «Eu me chamo Adriano Borges, tenho 40
anos» (Open-minded)
- «Sou uma pessoa bastante simpática, muito
divertida, amiga dos amigos e extrovertida!!»
(Free spirit)
Libe
rais
São pessoas “vividas”, que gostam de
viajar e com gostos e conhecimentos muito
variados.
- «Já trabalhei em muita coisa (…) já viajei
pelo mundo fora, conheci muitas culturas,
muitas mentalidades diferentes»
(Der_LiBeRaLe)
- « (…) estou fazendo um tour pela Europa.
Adoro conhecer novas culturas, hábitos e
religiões» (Open-minded)
- «Adoro viajar e conhecer esse mundo por aí
O estudo de caso
A Internet e a Educação para a Sexualidade 70
Perfil geral das personagens representadas
(por grupo)
Exemplos de afirmações que revelam o
perfil (retiradas dos fóruns)
fora» (Free spirit)
Têm hábitos e filosofias de vida um pouco
excêntricos.
-« (…) estive envolvido no maior escândalo
sexual de todos os tempos» (Bill Clinton)
- «Já fui hippy, a minha morada já foram as
estrelas, mas agora assentei e vivo com o
meu companheiro» (Der_LiBeRaLe)
São adultos responsáveis, realizados
profissionalmente e muito activos.
Pertencem à classe média / média-alta e
têm uma vida familiar estável.
- «(…) sou uma psicóloga de 35 anos. De
momento tenho um consultório particular»
(Dra. Maria)
- «Sou a enfermeira Ana de 32 anos (…)
estou a trabalhar num hospital e num centro
de saúde de uma pequena aldeia», «(…) sou
casada e tenho um filho de 3 anos» (Dra.
Ana)
- «(…) tenho 50 anos e sou neurocirurgião»,
«Talvez por isso seja responsável por todo o
equipamento técnico hospitalar» (Dr.
Magalhães)
- «Sou professor catedrático no Porto» (Dr.
Lobo)
- «Trabalho como obstetra num hospital e
numa clínica particular» (Dra. Alice)
Aconselham a contracepção e consideram
que os pais devem ser a principal fonte de
informação dos adolescentes
- «(…) aconselhava a consultar um médico
para se informar melhor sobre a toma da
pílula» (Dra. Ana)
- «(…) os pais devem ser os primeiros a
informar os filhos acerca de questões sobre a
sexualidade» (Dra. Maria)
Pro
f. da
saú
de
Consideram-se conselheiros e orientadores
dos outros participantes.
- «Estou disponível para responder a
qualquer questão que queiram colocar» (Dra.
Maria)
O estudo de caso
A Internet e a Educação para a Sexualidade 71
Perfil geral das personagens representadas
(por grupo)
Exemplos de afirmações que revelam o
perfil (retiradas dos fóruns)
São prestáveis e preocupam-se com o
bem-estar dos adolescentes.
- «Espero poder ajudar-vos em algumas
dúvidas que possam ter» (Dra. Alice)
- «(…) caros pacientes, disponham para tudo
o que precisarem» (Dr. Lobo)
São estudantes entre os 15 e 16 anos
- «Tenho 16 anos. Sou estudante» (Betinho)
- «Sou a Teenager T e tenho 15 anos. Sou
estudante.» (Teenager T)
Gostam de se divertir e têm vários
passatempos
Ado
lesc
ente
s
Valorizam especialmente as relações
sociais, o grupo de amigos
- «Adoro praticar desporto, ler, passear com
os amigos(…) comer e dormir, dançar, sair à
noite…» (Teenager T)
- «(…) adoro uma boa futebolada, ir curtir a
noite, sair com os amigos (+ as amigas),
gosto de namorar» (Joãozinho)
- «(…) sou extrovertida», «tenho um bom
sentido de humor e adoro divertir-me com os
meus friends» (Sweeteen)
Tabela 10 – Análise das participações nos fóruns resultantes da metodologia de role-playing
A maior parte dos alunos enfatizou as características da sua personagem
adicionando, por vezes, um toque de humor. Para representarem e apresentarem
os papéis basearam-se em preconceitos sociais relativos a cada um dos grupos.
A criatividade e originalidade de algumas participações são surpreendentes
e reveladoras do empenho e entusiasmo dos alunos. Começando pelos nomes
das personagens (Tabela 9), surgiram participações muito interessantes pelo seu
conteúdo, linguagem e detalhe, principalmente no fórum ‘Apresentações’.
Transcrevem-se, a seguir, algumas das participações deste fórum, mas é
importante a consulta do conteúdo dos fóruns que se encontra nos Apêndices,
uma vez que as participações obedecem a uma sequência temporal e, por vezes,
estão relacionadas entre si.
Author: Irmã Maria . <[email protected]> Posted: 2003-04-30
O estudo de caso
A Internet e a Educação para a Sexualidade 72
Title: Gertrudes Imaculada (conservadores)
Content: Ora muito boa noite a todos!! Venho por exte meio aprejentar-me a
vocemercês...sou uma xenhora com 59 anos, muito bem casada e prestes a celebrar 30 anos
de fidelidade e muita felicidade, tenho dois filhos bem formados e miúdos de bem (32 e 25
anos), criados na moral e bons custumes.Fui toda vida fiandeira por conta própria, contudo
nos últimos anos deixei o ofício e decidi ajudar os meus filhos nas suas novas casas, o que
toda a dedicada mãe faria! Estimo muito pelo valor da família, é algo sagrado que devemos
preservar com todo o coração e sacrifício. Penso que a juventude de hoje está a levar a
sociedade à perdição e ao excândalo...já ninguém se dá ao respeito!!! Nos tempos livres,
organizo chás com as minhas amigas...divertimo-nos imenso nos nossos encontros!! O meu
marido é um homem de optimo nome e dedica-se aos negócios, viaja muito mas apoia
imenso as crianças e nunca me deixa desprevenida de dinheiro.Muita saudinha a todos,
especialmente à irmã Maria, cumprimentos sentidos aos senhores doutores...
Author: Sweeteen . <[email protected]> Posted: 2003-05-05
Title: Apresentação sweeteen
Content: Hello! Eu sou a sweeteen. Sou inglesa, mais precisamente de Londres e tou cá
em Portugal à dois years. De vez em quando escrevo words em inglês porque não me
lembro como se diz em português, mas vocês percebem. Não há grandes diferenças
between os teens de Inglaterra e vocês. Quanto à minha personality posso dizer que sou
toda para a frente (ainda não percebi muito bem o que é que vocês querem dizer com "toda
para a frente" mas parece que é bom :-). Vocês ainda me vão explicar melhor o que é isso,
mas o que eu quero dizer (olha acabei de me lembrar) é que sou extrovertida (acho que é
assim que se escreve, mas estão proibidos de se rirem de mim, ok?) Posso também dizer
que tenho um bom sentido de humor e adoro divertir-me com os meus friends. Para mim
não há limits. Acho que vai ser muito fixe (faz-me um bocado de confusão dizer fixe, ainda
por cima eu odeio peixe...) conhecer-vos e poder partilhar convosco as minhas ideias
acerca deste tema que nos interessa a todos. Bem, até para a próxima. Lots of love for
everybody. Sweeteen
Author: Der_LiBeRaLe . <[email protected]> Posted: 2003-05-14
Title: Apresentação (Der_LiBeRaLe
Content: Yoooo! What´s up?! Chamo-me Cristina mas o ppl trata-me por Cris.Tenho 38
anos mas sou uma cota á maneira!Já trabalhei em muita coisa,neste momento estou
O estudo de caso
A Internet e a Educação para a Sexualidade 73
desempregada mas sei fazer um pouco de tudo (se souberem de algum emprego eu
agradeço :p ).Já viajei pelo mundo fora,conheci muitas culturas, muitas mentalidades
diferentes, por isso estou à vontade para falar sobre tudo um pouco!Já fui hippy, a minha
morada já foram as estrelas, mas agora assentei e vivo com o meu companheiro.
Enfim, está feita a minha apresentação!
Paz e amor para todos.
P.S. adolescentes, se precisarem de um conselho amigo, contem comigo!!lol..
Author: Dra. Ana . <[email protected]> Posted: 2003-04-29
Title: Apresentação Dra Ana
Content: Olá a todos!Sou a enfermeira Ana de 32 anos, sou casada e tenho um filho de 3
anos.
Neste momento ando mais ocupada, pois estou a trabalhar num hospital e num centro de
saúde de uma pequena aldeia, e é aqui que me deparo com mais situações de gravidez na
adolescência. Nos meus tempos livres aproveito para passa-los com o meu filho e o meu
marido. E assim está feita a minha apresentação, Bjs fiquem bem!
A partir da análise das respostas ao questionário, identificaram-se alguns
conceitos dos alunos acerca do problema da gravidez na adolescência e do modo
como encaram a Sexualidade (Tabela 11).
Identificação de alguns conceitos
Exemplos de afirmações que revelam o conceito
Nº de alunos que referem
a ideia
1. ‘Sexualidade’ refere-se à
componente física de uma
relação
- «É a utilização do sistema reprodutor com o
objectivo de obter bem-estar físico e mental»
- «Tudo o que esteja relacionado com o acto
sexual»
9
2. As raparigas e os rapazes
vivem a sua Sexualidade
- «(…) os elementos do sexo masculino têm
tendência para se mostrarem mais à vontade 7
O estudo de caso
A Internet e a Educação para a Sexualidade 74
Identificação de alguns conceitos
Exemplos de afirmações que revelam o conceito
Nº de alunos que referem
a ideia
de forma diferente com a sexualidade do que os elementos
femininos»
- «Os rapazes encaram a procura da
sexualidade de uma forma aberta (…)
enquanto as raparigas são mais contidas»
3. Os adolescentes pensam
que os seus actos são
inconsequentes
- «(…) pensam sempre k as coisas só
acontecem aos outros e por isso é raro na 1ª
vez utilizar-se contraceptivos»
- (…) a Joana não estava ciente do que
poderia acontecer depois»
4
4. O contraceptivo mais
popular é o preservativo
- «Normalmente o que todos os jovens usam
(preservativo)»
- «Acho que qd falamos na contracepção
associa-se mais a rapazes… fala-se do
preservativo e pensa-se no preservativo
masculino»
17
5. ‘Amar alguém’ é uma
condição essencial para a
felicidade, implica
dependência, euforia
- «Só amando se é capaz de agarrar a vida e
compreender o sabor de todas as coisas que
ela nos traz»
- «Agimos feito estúpidos. Tudo o que a outra
pessoa faz e diz está óptimo!»
8
6. O diálogo é essencial para
promover a confiança e
cumplicidade numa
relação
- «(…) o diálogo é fundamental para cada um
conhecer as perspectivas e objectivos do
outro»
- «Eu acho que só se sabe se está ou não
preparada quando o casal fala sobre este
assunto»
8
7. Não existe uma idade
certa, mas sim um
momento certo para iniciar
a actividade sexual
- «Não! Actividade sexual inicia-se quando os
dois parceiros sentirem que estão preparados
para isso»
- «(…) a idade ideal para começar é aquela em
que o amor chega e faz ambos sentirem-se
responsáveis»
12
8. A gravidez na
adolescência ocorre
porque os adolescentes
- «(…) o não estar devidamente informada o
que conduziu a uma não utilização de métodos
contraceptivos»
15
O estudo de caso
A Internet e a Educação para a Sexualidade 75
Identificação de alguns conceitos
Exemplos de afirmações que revelam o conceito
Nº de alunos que referem
a ideia
estão mal informados e
não usam contraceptivos
- «Se estivessem (informados) teriam utilizado
um método contraceptivo»
9. Há muita informação
sobre Sexualidade
disponível para os
adolescentes
- «(…) isso hoje em dia é tão fácil e
evidente…»
- «Com os pais, farmácias e centros de saúde,
livros e enciclopédias, panfletos informativos,
professores…»
17
10. Os pais são a melhor fonte
de informação sobre
Sexualidade
- «Acho que primeiro devia ser em casa com
os pais»
- «À partida é ao longo da educação familiar
que certos valores e conceitos se vão
formando relacionados com a sexualidade»
10
11. Em caso de gravidez o
rapaz é tão responsável
como a rapariga
- «O João é tão pai como a é mãe a Joana»
- «(o João) deveria ter assumido a
responsabilidade que era igualmente sua»
12
12. Uma gravidez provoca
grandes alterações na
vida dum adolescente
- «(…) uma gravidez indesejada constitui uma
das maiores barreira na vida»
- «(…) não querer assumir uma
responsabilidade tão grande, como a de ter e
criar um filho»
11
13. Alguns alunos têm uma
opinião firme sobre a
questão do aborto
- «Em relação à decisão de ter o filho, foi de
louvar a sua atitude»
- «Consultar um médico (…) se havia algum
método para travar esse desenvolvimento»
-«Falar com os pais e seguidamente com um
médico para poder abortar»
- «Assumido de imediato a criança pois trata-
se de um ser»
4
Tabela 11 – Análise das respostas dos alunos ao questionário e das participações no fórum
‘Adolescentes’
É ainda possível observar a elevada quantidade de tempo que os alunos
despenderam na actividade (Figura 9) a partir da informação disponível para o
autor do “curso”.
O estudo de caso
A Internet e a Educação para a Sexualidade 76
Figura 9 – Gráfico representativo do tempo despendido on-line, por aluno
4.6. Algumas conclusões do estudo
No que diz respeito às metodologias utilizadas nesta actividade, pareceu-
nos que a representação de papéis ou role playing contou com um maior
entusiasmo e empenho por parte dos alunos, a avaliar pela qualidade das
apresentações de cada personagem e pelas intervenções nas discussões de
grupo (fóruns e chats). É interessante analisar a forma como a própria linguagem
O estudo de caso
A Internet e a Educação para a Sexualidade 77
se adapta à personagem que o aluno representa, em função dos estereótipos que
existem na sociedade.
Relativamente a esta questão verificou-se que, por vezes, os alunos do
grupo ‘Conservadores’ tiveram dificuldade em assumir inteiramente o seu papel.
Confundem-se afirmações e opiniões pessoais do aluno com as do respectivo
personagem.
Notou-se, em alguns casos, um certo individualismo nas participações
assim como um desequilíbrio no número e qualidade das mensagens entre
elementos do mesmo grupo.
Curioso (ou não) é o facto de a troca de mensagens e, por exemplo, a
organização de chats, se dar essencialmente entre elementos do mesmo grupo e
não tanto entre elementos de grupos diferentes.
Durante a implementação da actividade ‘Sexualidade Online’ não houve
necessidade de reprimenda por parte da moderadora em qualquer dos debates
que se foram desenrolando nos fóruns e nos chats que se organizaram.
Em termos de trabalho cooperativo, funcionaram melhor os grupos cujos
elementos eram da mesma turma do que os que tinham elementos de turmas e
agrupamentos diferentes. Segundo estes últimos, tornava-se difícil conciliar o
tempo livre que tinham para se poderem reunir e trabalhar.
Apesar de se ter planeado a actividade para decorrer na escola, vários
alunos acederam ao “curso” a partir de casa; aliás, o número de participantes on-
line ao mesmo tempo era mais elevado à noite.
A participação nas discussões de grupo foi elevada, sendo mais eficaz, em
contexto educativo, a utilização de fóruns graças à sua natureza assíncrona. Os
chats, apesar da vontade que os alunos demonstraram de os utilizar, exigem
sincronia, isto é, os participantes têm que estar ligados ao mesmo tempo para
poderem conversar em tempo real. Isso apenas foi possível com um planeamento
prévio em função da disponibilidade de cada um.
O estudo de caso
A Internet e a Educação para a Sexualidade 78
Relativamente à utilização da plataforma de ensino à distância LUVIT, não
surgiram dificuldades por parte dos alunos. Estes adaptaram-se rapidamente às
diferentes ferramentas e exploraram autonomamente a plataforma nos primeiros
acessos. A principal barreira com que nos deparámos prende-se com questões
técnicas e de gestão de recursos de cada escola. À semelhança de outros
estudos baseados na utilização da Internet em escolas (Antão, 2001), registaram-
se condicionamentos: horários, disponibilidade dos equipamentos, tempo de
acesso limitado, demasiado tempo de espera na ligação à net; problemas de
funcionamento da rede e problemas técnicos com o equipamento. Estes
problemas foram contornados com o alargamento do tempo destinado à
actividade e com a ajuda dos responsáveis de cada escola.
A importância de uma componente presencial mais acentuada entre a
dinamizadora da actividade e os alunos tornou-se óbvia a meio da implementação
da actividade “Sexualidade Online”. O e-learning, como forma de Ensino à
Distância, implica uma componente de auto-aprendizagem (Paiva et al, 2004) a
qual, por sua vez, exige capacidades de auto-disciplina e de gestão do tempo
pouco usuais entre aos adolescentes. Os encontros presenciais serviriam não
para esclarecer dúvidas ou resolver problemas técnicos, mas para motivar e
incentivar o trabalho de grupo e a cooperação.
A maioria dos alunos demonstrou, no questionário, facilidade de expressão
quando se referiam a sentimentos e afectos, bem como a valorização do diálogo
numa relação e um conhecimento razoável dos métodos contraceptivos. Como já
foi referido, não fizemos distinção entre os dois momentos de resposta ao
questionário. Todavia consideramos importante assinalar a diferença (ainda que
seja apenas uma) verificada numa questão relacionada com a fisiologia do
sistema reprodutor. Notou-se, neste caso, uma clara evolução (Tabela 12). Talvez
este facto confirme a hipótese de que a Internet é uma fonte de informação eficaz
no que diz respeito às questões morfofisiológicas da Sexualidade.
O estudo de caso
A Internet e a Educação para a Sexualidade 79
Em que fase do ciclo sexual feminino se encontrava a Joana?
1º momento de resposta 2º momento de resposta
• Período fértil • Na ovulação
• Na menstruação
• Normalmente é no 10º dia após a
menstruação que a facilidade de
engravidar é maior (chamado de período
fértil).
• Fase proliferativa (após a fecundação) • Ovulação
Tabela 12– Diferenças entre as respostas ao questionário, dadas no início e no fim da actividade
Quanto ao tema específico da actividade – a gravidez na adolescência –
funcionou como um incentivo à participação dado o interesse e curiosidade que
os assuntos relacionados com a Sexualidade normalmente despertam nos
adolescentes. Foi importante tentar manter e aproveitar esse entusiasmo inicial,
uma vez que é a motivação dos alunos, e não os materiais nem os
conhecimentos prévios, a peça fundamental do êxito da aprendizagem.