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  • 8AgriculturA de Preciso PArA culturAs Perenes | 235

    Unidades de Manejo Operacionais para o EucalyptusItamar Antonio Bognola1*, Lorena Stolle2*1 Pesquisador A, Embrapa Florestas, Estrada da Ribeira, Km 111, CP 319, CEP 83411-000, Colombo, PR, Brasil2 Mestre em Engenharia Florestal, Universidade Federal do Paran UFPR, Av. Seis, 1161, sala B,

    Chapado do Sul, MS, Brasil

    *e-mail: [email protected]; [email protected]

    Resumo: Foi feito um levantamento pedolgico detalhado, na escala 1:10.000, de uma propriedade rural com 4.660,70 ha, com o objetivo principal de se definir Unidades de Manejo Operacionais (UMOs) para o Eucalyptus sp., atravs do mtodo da Lgica Fuzzy. Os resultados obtidos por esta metodologia foram comparados com os previstos, de forma prtica, por especialistas em estudo dos solos, visando garantir a eficincia do uso desta tcnica. Para tanto, foram definidos valores de domnios da funo de pertinncia fuzzy para as variveis da rede fator limitante com seus respectivos pesos. A anlise para definio das UMOs propriamente dita, foi realizada atravs da extenso EMDS para o ArcGis 9.1, tendo-se, primeiramente, adicionado todos os planos de informao (mapas vetoriais) da rea de estudo e, em seguida, efetuado a leitura da base de conhecimento elaborada no software NetWeaver para finalmente executar esta anlise. Os resultados obtidos mostram que o mtodo proposto tem grande potencial como ferramenta para auxiliar, de forma prtica, o agrupamento das unidades de mapeamento de solos em classes de UMOs, uma vez que os resultados alcanados por esta tcnica foram bastante semelhantes aos resultados esperados para as condies do meio fsico para a regio de estudo. Foram obtidas as seguintes UMOs para o cultivo de eucaliptos na propriedade de estudo: II (0,6%), III (25,0%), IV (70,3%), V (1,4%) e VI (2,7%).

    Palavras-chave: lgica fuzzy, manejo florestal, mapeamento de solos.

    Operational Management Units for the Eucalyptus

    Abstract: A survey was detailed pedological, scale 1:10,000, a rural property with 4660.00 ha, with the main objective of defining Operational Management Units (UMOs) for eucalyptus trees by the method of fuzzy logic. The results obtained by this method were compared with expectations in a practical way, by experts in the study of soils in order to guarantee the efficiency of using this technique. For this, values were defined fields of membership function fuzzy to the variables of the network limiting factor with their respective weights. The analysis for definition of UMOs itself was accomplished through the extension EMDS for ArcGIS 9.1, and it was, first, added all the information plans (vector maps) of the study area and then made to read knowledge base developed in the NetWeaver software to finally perform this analysis. The results show that the proposed method has great potential as a tool to assist in a practical, all units of mapping soils in classes of UMOs, since the results achieved by this technique were very similar to the results expected for the conditions of the physical environment for the study region. We obtained the following UMOs for growing eucalyptus trees on the property of study: II (0.6%), III (25.0%), IV (70.2%), V (1.4%) and VI (2.7%).

    Keywords: fuzzy logic, forest management, soil survey.

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    1. IntroduoAs regies de cultivo de eucalipto apresentam uma infinidade de variaes ambientais em nvel microrregional, como pode ser facilmente constatado quando se observam as diferenas marcantes entre as produtividades f lorestais de cada rea. Para se avaliar um ambiente, no entanto, h necessidade de se identificar segmentos especficos dentro de uma paisagem geral, no nvel de propriedade agrcola, e, dentro desse estudo de paisagem, buscar a compreenso das interaes que a se processam. Desse modo, a disponibilidade de nutrientes, de gua, de oxignio, a suscetibilidade eroso, os problemas de mecanizao, as questes da radiao solar, temperatura etc., avaliadas em cada regio, mais o uso da espcie mais adaptada ao meio aliado s prticas de manejo adequadas, iro determinar a capacidade produtiva potencial de cada local, bem como os fatores limitantes ao seu uso.Segundo Ker e Novais (2003), h muitas formas de se ver e, ou de se avaliar os solos. As colocaes e respostas quilo que vemos e avaliamos depende da nossa rea de atuao, capacidade perceptiva, interesse etc., e podem ser to diversas quanto nossas personalidades, preferncias e experincias. O entendimento do solo na natureza, sua classificao e sua distribuio espacial, so decisivos na transferncia dos conhecimentos adquiridos ao longo dos anos de pesquisa, do uso e da ocupao das terras. No mnimo privilegia a relao acerto/erro.A pedologia, aqui contemplando levantamento e classificao de solos, tem se preocupado com este fato. Entretanto, em razo dos conceitos pedolgicos empregados na distino e subdiviso de classes de solos fundamentarem-se na quantificao de atributos permanentes dos solos, muito dos quais so avaliados nos horizontes subsuperficiais, no so raros os questionamentos a respeito do significado e aplicao de vrios destes atributos, tanto em termos agronmicos como ecolgicos.Desta forma, muitas vezes um levantamento detalhado de solos permite identificar, numa determinada propriedade, inmeras unidades de mapeamento pedolgicas que dificultam seu manejo operacional em vista da grande quantidade

    de tarefas que teriam de serem diferenciadas para cada unidade de mapeamento de solos. Assim, para que se possa tornar operacional e de fcil aplicao as atividades silviculturais necessrio reduzir de trinta a quarenta unidades de mapeamento de solos em cinco a seis unidades de manejo florestais operacionais numa propriedade rural.Da a importncia que teriam os tcnicos responsveis pelo planejamento e pela implantao dos povoamentos florestais, numa determinada regio, ao executarem a identificao e a separao dos diferentes ambientes, considerarem a interao dos fatores edafo-climticos com os fatores biofsicos, pois isso subsidiaria melhor no s a predio de produtividades como tambm a definio de tcnicas e de espcies e procedncias adequadas a cada ecossistema.Objetivou-se, portanto, com a elaborao deste trabalho, determinar as unidades de manejo florestal operacionais para o cultivo do eucalipto a partir de levantamentos pedolgicos detalhados em uma rea-piloto, de uma empresa do ramo florestal, no Estado de So Paulo.

    2. Material e mtodosA rea-piloto em estudo localiza-se no estado de So Paulo, no municpio de Araraquara, na Fazenda Fortaleza, da Empresa Suzano Papel e Celulose (antiga RIPASA S/A), com coordenadas aproximadas UTM 802.000 e 815.000E, e 7.575.000 e 7.592.000S (Datum SAD 69 Fuso 23Sul), e rea til de 4.660,70ha.De acordo com a carta geolgica desta regio, h predomnio de material sedimentar recente do Grupo Bauru, ou seja, as principais litologias encontradas na fazenda Fortaleza, correspondem s Formaes Pirambia ou Botucatu (CAVAGUTI; SILVA 1992).Quanto ao clima, segundo a classificao climtica de Keppen, est numa faixa de transio entre o grupo climtico Aw para o grupo Cwa, ou seja, apresenta caractersticas entre o clima tropical chuvoso (chuvas concentradas na estao de vero e com temperatura mdia do ms mais frio acima de 18C), e o clima tropical de altitude, ou seja, veres quentes e estaes secas de inverno,

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    observando-se, ainda, que a temperatura mdia do ms mais quente , para o municpio, superior a 10C e que, a temperatura mdia do ar dos trs meses mais frios esto compreendidas entre 3e18C.Com relao ao mapeamento de solos, foram feitos estudos preliminares no mapa planialtimtrico da fazenda Fortaleza onde se determinaram os locais a serem visitados no campo. Efetuaram-se prospeces por meio de tradagens (trado tipo holands) at 120cm (200cm quando fosse o caso) ou atravs de estudos em barrancos de estradas expostos, a intervalos regulares de 30 a 50 hectares, possibilitando o ajuste de uma legenda geral de unidades de mapeamento, de carter preliminar. Nessas prospeces teve-se o cuidado de registrar todas as variaes referentes s classes de solos, incluindo, entre outras, a cor, textura, gradiente textural, tipo e espessura dos horizontes A e B, profundidade do solum, posio do solo na paisagem, forma e comprimento das vertentes, altura do lenol fretico; profundidade efetiva dos solos (ocorrncia de material rochoso) etc.Para georreferenciamento do mapa de solos, foi utilizado o software ArcGis 9.1 da ESRI . Utilizando-se rotinas do aplicativo ArcGis, foram digitalizadas as classes de solos definidas com base nos trabalhos de campo. O mapa de declividade do terreno foi gerado a partir de curvas de nvel, com eqidistncia de 5m. Inicialmente, criou-se um modelo digital de elevao do terreno (MDE) com base nos conceitos de malha triangular (TIN). Para tal, utilizaram-se como feio as cotas das curvas de nvel, usando como forma de triangulao pontos em massa. A partir do MDE, definiram-se as classes de relevo: plano (0-3%), suave ondulado (3-8%), ondulado (8-20%) e forte ondulado (20-45%). Posteriormente, foi realizada sobreposio dos mapas das classes de solos definidas em campo e das fases de relevo, obtendo-se o mapa de unidade de mapeamento (UM) de solos. A partir das informaes contidas na legenda do levantamento detalhado de solos procurou-se determinar as Unidades de Manejo Florestais Operacionais UMOs para a rea em estudo.

    3. Resultados e discussoO levantamento pedolgico detalhado foi produzido na escala 1:10.000. As classes de solos mapeadas, com seus respectivos percentuais de rea de ocorrncia relativa ao total da rea da fazenda Fortaleza, so apresentadas na Tabela 1. Verifica-se, por esta legenda, uma grande variabilidade de solos existentes, resultantes, principalmente, da diversidade geolgica e das formas de relevo na rea-piloto em estudo. A rea til total de solos mapeada representa 4.660,70ha, o restante ocupado com vegetao nativa, estradas, cursos dgua e outros usos.Observa-se o predomnio da classe dos NEOSSOLOS QUARTZARNICOS. Esta classe apresenta mais de 80% da rea til mapeada, contribuindo, portanto, com grande percentual da frao areia na rea de estudo. Inclusive, para as classes dos Latossolos, quer sejam Amarelos ou Vermelho-Amarelos, elas apresentam muitas vezes o carter espessarnico, ou seja, apresentam classe textural areia ou areia franca, invariavelmente at pelo menos 100cm de espessura desde a superfcie do terreno. Desta forma, esta rea-piloto tem o predomnio de solos arenosos, o que pode prever classes de Unidades de Manejo Operacionais com baixa capacidade de reteno dgua e, por conseguinte, baixa capacidade produtiva para o eucalipto, uma vez que potencializada pelas condies climticas, ou seja, pela estao seca definida, que bastante longa para esta regio. Desta feita, os resultados obtidos para a determinao das Unidades de Manejo Operacionais pela tcnica da lgica fuzzy devero apresentar resultados semelhantes ao esperado, considerando-se as condies do meio fsico para esta rea de estudo.A definio destas Unidades de Manejo Operacionais UMO s pode, em muitos casos, contribuir de forma adequada para tal propsito. No entanto, outras razes interessam s empresas do ramo florestal, tais como: a)diminuir os custos com a manuteno e processamento da rede de parcelas permanentes, denominadas de Parcelas de Inventrio Florestal Contnuo que so significativos, tanto para as avaliaes efetuadas durante o ciclo da floresta, quanto nos

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    inventrios de pr-corte; b)aps o trabalho de

    definio das Unidades de Manejo Operacionais,

    que visa identificar reas com mesma capacidade

    produtiva, interessa s empresas como avaliar

    suas caractersticas, no sentido de fornecer

    subsdios para a definio de tcnicas de manejos

    operacionais mais apropriadas a cada situao,

    considerando os aspectos de sustentabilidade

    da produo e maximizao da rentabilidade da

    atividade florestal, em vista de algumas UMOs

    apresentarem produtividades bem abaixo do

    esperado para uma silvicultura de preciso.

    Com base na metodologia aplicada, foram feitos os agrupamentos das classes de solos e das caractersticas do meio fsico em Unidades de Manejo Operacionais Previstas (UMOPs) e as Unidades de Manejo Operacionais Geradas (UMOGs), por esta tcnica de lgica fuzzy para a rea-piloto em estudo (Tabela1).Ocorreram na Fazenda Fortaleza as seguintes UMOGs (Tabela1): UMO II (28ha=0,6%), UMO III (1.165,20 ha = 25%), UMO IV (3.276,50ha=70,3%), UMO V (65,20ha=1,4%) e UMO VI (125,85ha=2,7%), foram s nicas definidas para as classes de solos encontradas

    Tabela 1. Legenda Geral de Identificao das Classes de Solos da Fazenda Fortaleza, Municpio de Araraquara, SP, Propriedade da Suzano Papel e Celulose.

    Solo % Rel. rea Unidades de mapeamento de solos UMOP1 UMOG2

    PVAd3 1,2 ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrfico tpico, A moderado, textura arenosa/mdia leve, fase relevo ondulado.

    IV III

    LVAd1 5,5 LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrfico espessarnico, A moderado, textura mdia leve, fase relevo plano ou suave ondulado.

    III III

    LVAd2 0,2 LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrfico tpico, A moderado, textura mdia leve, fase relevo suave ondulado.

    III III

    LVd1 2,5 LATOSSOLO VERMELHO Distrfico espessarnico, A moderado, textura mdia leve, fase relevo plano.

    III III

    LVd2 1,3 LATOSSOLO VERMELHO Distrfico espessarnico, A moderado, textura mdia leve, fase relevo suave ondulado.

    III III

    LVd3 3,7 LATOSSOLO VERMELHO Distrfico tpico, A moderado, textura mdia leve, fase relevo plano.

    III III

    LVd4 1,6 LATOSSOLO VERMELHO Distrfico tpico, A moderado, textura mdia leve, fase relevo suave ondulado.

    III III

    LVd7 0,6 LATOSSOLO VERMELHO Distrfico tpico, A moderado, textura mdia pesada, fase relevo plano ou suave ondulado.

    II II

    RQgf 1,4 NEOSSOLO QUARTZARNICO Hidromrfico plntico, A proeminente, textura arenosa (

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    neste local. Elas esto descritas neste quadro, onde se pode comprovar a estimativa e a tendncia de diferenas em termos de produtividades das espcies do gnero objeto deste estudo, pelos possveis fatores limitantes associados s diferentes capacidades produtivas.

    4. ConclusesO levantamento pedolgico detalhado da rea-piloto de estudo permite identificar as propriedades que mais contribuem para suas potencialidades e ou limitaes para a definio das Unidades de Manejo Operacionais para a cultura do eucalipto.Verifica-se que a metodologia empregada neste trabalho um importante instrumento para determinao das UMOs.

    Agradecimentos

    Os autores agradecem empresa Suzano Papel e

    Celulose pelo grande apoio financeiro e logstico

    para que este trabalho pudesse ser desenvolvido.

    RefernciasCAVAGUTI, N.; SILVA, F. P. Gesto dos Recursos Hdricos

    Subterrneos na cidade de Bauru - SP, Face as Caractersticas

    Hidrogeolgicas Epeciais da Regio. In: CONGRESSO

    BRASILEIRO DE GUAS SUBTERRNEAS, 7., 1992, Belo

    Horizonte. Anais... Belo Horizonte,1992. p.74-79.

    KER, J. C.; NOVAIS, R. F. Fundamentos da pedologia e relao

    com a fertilidade dos solos. In: CONGRESSO BRASILEIRO

    DE CINCIA DO SOLO,29., 2003, Ribeiro Preto. Anais...

    Sociedade Brasileira de Cincia do Solo,2003. p.3-8.