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Quarta-feira, 29 de novembro de 2017 JOSÉ DE ARIMATHÉIA O município de Londrina foi criado em 10 de dezembro de 1934, mas foi meia década antes disso, em agosto de 1929, que foi estabelecido o marco zero do núcleo urbano, na zona leste, próximo de onde hoje fica a rodoviária. Como a igreja (hoje Catedral) foi erguida a cerca de 1,5km dali, em um ponto mais alto, o “centro” acabou se deslocando. A região do entorno do marco zero seguiu sua história, numa condição de periferia apesar da proximidade com a área central, até a atualidade e, na maioria do tempo, sem que a população tivesse ciência de sua importância. E de alguns anos para cá, empreendimentos imobiliários, comerciais e residenciais trouxeram de volta a região ao foco de interesse. São exatamente as transformações daquela região que foram objeto da tese da professora Ana Claudia Duarte Pinheiro (Departamento de Direito Público), dentro do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UEL, defendida no final de setembro passado, sob a orientação da profa. Nilza Aparecida Freres Stipp. Intitulada “Transformações paisagísticas da região do marco zero na cidade de Londrina-Paraná: uma análise hemeróbica”, a pesquisa aborda as mudanças causadas pela intervenção humana, em maior ou menor grau, conforme parâmetros da Geografia Física. Embora mais focada na Pesquisa mostra graus de intervenção tecnológica humana na área onde a cidade começou, cinco anos antes da criação do município As transformações do marco zero de Londrina paisagem atual da área, a professora levou em conta toda a História local, desde os anos 20, e enfatiza os últimos 32 anos com a delimitação e denominação oficial de “Marco Zero” que só aconteceu mesmo em 1984, no 50 o aniversário de Londrina, a partir de proposta de um grupo que visava preservar as origens da cidade. Um singelo monumento marca o local e a data. Uma análise hemeróbica nunca foi feita em Londrina, o que, segundo a professora, abre a possibilidade de novas pesquisas, inclusive na mesma região. Fundamental para realizar o estudo, Ana Claudia recorreu a mais uma área: a Fotografia, mediante trabalho de campo. Com quase 50, entre imagens históricas e outras produzidas por ela e com a colaboração do marido Edson, especialista em fotografia pela UEL, a pesquisadora registrou os diferentes graus de intervenção humana (baixa, média e alta hemerobia, ou seja, intervenção tecnológica) e seu impacto sobre o ambiente urbano na atualidade em parte da zona leste na área que engloba, o Córrego Água das Pedras, a Mata do Marco Zero e o Complexo Empresarial Marco Zero. Na mata que marca a chegada da primeira caravana da Companhia de Terras Norte do Paraná, mora uma família há mais de 50 anos, e a área de estudo é marcada por chácaras, pastos, córregos, uma favela, uma obra abandonada (teatro municipal) e áreas de especulação imobiliária que em Geografia são denominadas de “vazios urbanos”: espaços não construídos e não qualificados como áreas livres no interior do perímetro urbano e que aguardam a valorização imobiliária. Cabe ressaltar ainda que duas importantes artérias da cidade se cruzam bem ali perto, numa rotatória ao lado da rodoviária: as avenidas Dez de Dezembro (Via Expressa) e a conhecida Leste-Oeste, que justamente naquele ponto muda de nome, de Arcebispo Dom Geral Fernandes para Theodoro Victorelli. Quanto à população, dividida em bairros, conjuntos habitacionais e ocupações, basicamente é de classe média, classe média baixa e classe baixa. Mudanças - A tese revelou períodos de estagnação e mudanças no decorrer do tempo, alternados com investimentos púbicos e privados, como a rodoviária (1988), o campus da UFTPR (2007) e o Shopping Boulevard (2013). Atualmente, há uma incipiente tendência de verticalização das residências, com edifícios de até 20 andares. Para a professora Ana Claudia, a cidade possui muitos empreendimentos feitos sem o planejamento urbanístico adequado apenas para satisfazer o mercado imobiliário. Neste aspecto, ela aponta, alguns empreendimentos são mais consequência do que causa deste desrespeito. E concluiu que muitas mudanças foram negativas: “O que temos é uma fuga de áreas ocupadas já estranguladas para outras, dando continuidade a uma política agressiva que, muitas vezes, desrespeita o Plano Diretor, para atender mais o interesse econômico do que a sociedade como um todo”. Afirma ainda que a sustentabilidade do desenvolvimento econômico é condição fundamental para a qualidade de vida tanto no campo quanto nas cidades. Um exemplo está na situação do córrego Água das Pedras, que corta a área, iniciando próximo do Estádio Vitorino Gonçalves Dias, atravessa o Terminal Rodoviário José Garcia Villar e a avenida Dez de Dezembro e corre até depois da favela Pindorama. Há edifícios públicos e particulares construídos bem ao lado do curso d’água, em flagrante desrespeito às matas ciliares, e há pontos em que nem existem mais. Isso sem falar no lixo e nos trechos em que, a exemplo de outros tantos mananciais na cidade, o córrego corre subterrâneo por obra humana. “O manancial não é valorizado, nem pelo Poder Público, nem pela população, apesar de já vivermos uma séria crise hídrica em nosso país”, sintetiza Ana Claudia. Porém, do ponto de vista da pesquisa, ele agregou valor, enriquecendo o aspecto do encontro da Geografia Física com a Geografia Humana. “Foi importante na medida em que permitiu confrontar a metodologia proposta e identificar em espaços muito próximos entre si, a alta, a média e a baixa hemerobia, ao mesmo tempo em que foram analisadas as condições socioeconômicas da população local e a influencia dos empreendimentos para os cenários em questão, assim como o conjunto normativo que rege a cidade”, relatou. As mudanças ocorridas não são apenas geográficas e históricas, mas também sociais e frequentemente envolvem diretamente o Direito, que não raro colide com ações praticadas, muitas vezes pelo próprio Poder Público em desatenção às demandas e às necessidades da sociedade. A desobediência a normas ambientais, no caso do córrego, e da própria mata ilustra a afirmação. Há necessidade de estudos econômicos, sociais e antropológicos, dentre outras áreas, para adequar a ação estatal ao verdadeiro interesse público e atender às demandas particulares, sem prejuízo de outros interesses igualmente importantes. “A repercussão de ações pouco abalizadas cientificamente em desfavor da legalidade é inesperada e na maioria das vezes, é altamente prejudicial, não apenas aos diretamente atingidos, mas ao restante da sociedade. O poder público deve ser exemplo e respeitar o meio ambiente, as pessoas, o histórico do lugar, para que a população entenda a importância de proteger e preservar o meio ambiente natural, artificial, cultural e do trabalho”, afirma Ana Claudia. A região do Marco Zero, segundo a professora, tem mostrado esta tensão ao longo dos anos. Por isso, ela acrescenta: “O Direito é um instrumento de Estado. E para não se tornar um mero instrumento de poder, não basta a lei estar escrita, é preciso que todos estejamos atentos e façamos a nossa parte para que seja efetivamente cumprida e alcance os seus objetivos”. Contribuição - Ana Claudia espera que os resultados da pesquisa sensibilizem a sociedade para que reivindique e o poder público para que promova melhorias na área para uso comum, contra a tendência de mera especulação imobiliária, sem desprezo aos empreendimentos e a sua importância no cenário econômico. “Um estudo só se realiza e se completa quando é apropriado pela sociedade e não fica apenas no plano das ideias. Esta é mais uma pesquisa que pode contribuir com o desenvolvimento de nossa cidade, mas a Universidade tem que ser chamada a fazer isso, ou, direcionar ações para que os estudos aqui desenvolvidos sejam aproveitados fora das fronteiras acadêmicas. Aí a sociedade perceberá o valor que a instituição tem”, expõe a professora. E finaliza: “Esta tese é minha homenagem a Londrina, que nos acolheu a mim e a minha família”. Interdisciplinar – A professora Ana Claudia tem uma trajetória acadêmica interdisciplinar, por isso um Doutorado em Geografia não é estranho para uma docente do Direito. Graduada em Serviço Social e Direito pela UEL, ela fez Especializações em Direito Empresarial, em Administração e Marketing, e o Mestrado em Direito Negocial, todos também na UEL. Sua dissertação englobou as áreas de Direito Tributário, Internacional e Ambiental. Some- se ainda uma Especialização em Direito Tributário pelo IBET/ UNIFIL e em Educação e Gestão Ambiental, pela Universidade Federal Tecnológica do Paraná em Londrina. Após alguns anos estudando o Direito Ambiental e o Financeiro, e aplicando conceitos de várias áreas em sala de aula, Ana Claudia estava à procura de uma nova pesquisa quando chegou ao Doutorado. “O Direito se apropria da linguagem de outras ciências e sua atuação naturalmente propicia a interdisciplinaridade. A temática ambiental, por sua vez, nos iguala como pesquisadores e profissionais na medida em que percebemos a importância do conhecimento alheio para a realização do nosso trabalho”, descreve. Sua tese é um exemplo disso: nela, a pesquisadora recuperou um pouco de tudo o que já havia estudado antes. A Banca Avaliadora seguiu a mesma linha: havia pesquisadores das áreas de Geografia, Agronomia, Economia, Engenharia Ambiental e Direito. A Universidade Estadual de Londrina tem 11 novos doutores em seu corpo docente que obtiveram o título neste segundo semestre. A professora Catiana Leila Possamai Romanzini (Departamento de Educação Física) defendeu a tese “Relação entre o padrão e contexto ecológico do comportamento sedentário e biomarcadores metabólicos em adultos jovens”, dentro do Programa de Pós-Graduação em Educação Física da UEL. Cláudio Pereira de Sampaio , docente do Departamento de Design, doutorou-se na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, com a tese “Flows: modelo integrado de P&D em resíduos sólidos. Criação de valor com base em liderança, grupos criativos, design e sustentabilidade”. A professora Daniela Rudgeri Derossi (Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas) defendeu a tese “Análise do polimorfismo CCR5- DELTA32 e da expressão proteica de CCL5 em amostras de pacientes com carcinoma mamário”, no Programa de Pós- Graduação em Ciências da Saúde da UEL. Dirce Foletto de Moraes , docente do Departamento de Educação, obteve seu título no Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp/Presidente Prudente), com a tese “Os processos formativos de estudantes universitários paranaenses e suas relações com os artefatos digitais: uma proposta de mediação didática colaborativa baseada na cognição distribuída”. O professor Antonio José Mattos do Amaral (Departamento de Direito Público) doutorou-se na Faculdade Autônoma de Direito (SP) com a tese intitulada “O tribunal do júri sob o prisma do Estado constitucional e da Constituição Federal, especialmente o princípio da UEL tem novos doutores proporcionalidade e a inovação da tese defensiva”. A professora Adriane Maciel Gomes, do Departamento de Música e Teatro, defendeu a tese “Giorgio Strehler: apropriação e ressignificação de elementos da tradição teatral na formação do encenador”, no Programa de Pós-Graduação em Artes da Cena da Universidade de Campinas (Unicamp). Ana Cláudia Duarte Pinheiro , docente do Departamento de Direito Público, obteve seu título no Programa de Pós-Graduação e Geografia da UEL, ao defender a tese “Transformações paisagísticas da região do marco zero na cidade de Londrina- Paraná: uma análise hemeróbica”. O professor Jefferson Januário dos Santos (Departamento de Letras Estrangeiras Modernas) defendeu a tese “A qualidade e a qualificação no ensino de espanhol nos Centros de Línguas Estrangeiras Modernas do Paraná (Celem-PR): um estudo de caso”, na Universidade de São Paulo. A professora Cleide Marlene Vilauta, do Departamento de Ciências do Esporte, obteve seu título no Programa de Pós- Graduação em Educação Física da UEL com a tese intitulada “O esporte educacional na política de educação em tempo integral no Brasil: a questão da atividade física e saúde”. Sarah Beatriz Coceiro Meirelles Félix , docente do Departamento de Saúde Coletiva, doutorou-se pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da UEL com a tese “Momentos e movimentos da implantação de um núcleo de apoio à saúde da família (NASF) em uma cidade do sul do Brasil”. O professor Pedro Lanaro Filho, do Departamento de Ciências do Esporte, obteve seu título ao defender a tese “Análise cinemática e eletromiográfica em diferentes tipos de saída para prova de 100 metros rasos no atletismo”, no Programa de Pós-Graduação em Educação Física da UEL.- Parte sul do Complexo Empresarial Marco Zero. Uma das saídas na parte de trás do Londrina Boulevard Shopping Center. Os antigos galpões e os prédios em construção estão localizados na Av. Celso Garcia Cid Área do Marco Zero de Londrina (Fonte: Google) “Esta é mais uma pesquisa que pode contribuir com o desenvolvimento de nossa cidade”, afirma a professora Ana Cláudia Duarte Pinheiro

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Quarta-feira, 29 de novembro de 2017

JOSÉ DE ARIMATHÉIA

O município de Londrina foicriado em 10 de dezembro

de 1934, mas foi meia décadaantes disso, em agosto de 1929,que foi estabelecido o marco zerodo núcleo urbano, na zona leste,próximo de onde hoje fica arodoviária. Como a igreja (hojeCatedral) foi erguida a cerca de1,5km dali, em um ponto maisalto, o “centro” acabou sedeslocando. A região do entornodo marco zero seguiu suahistória, numa condição deperiferia apesar da proximidadecom a área central, até aatualidade e, na maioria dotempo, sem que a populaçãotivesse ciência de suaimportância. E de alguns anospara cá, empreendimentosimobiliários, comerciais eresidenciais trouxeram de volta aregião ao foco de interesse.

São exatamente astransformações daquela regiãoque foram objeto da tese daprofessora Ana Claudia DuartePinheiro (Departamento deDireito Público), dentro doPrograma de Pós-Graduação emGeografia da UEL, defendida nofinal de setembro passado, sob aorientação da profa. NilzaAparecida Freres Stipp. Intitulada“Transformações paisagísticas daregião do marco zero na cidadede Londrina-Paraná: uma análisehemeróbica”, a pesquisa abordaas mudanças causadas pelaintervenção humana, em maiorou menor grau, conformeparâmetros da Geografia Física.Embora mais focada na

Pesquisa mostra graus de intervenção tecnológica humana na área onde a cidade começou, cinco anos antes da criação do município

As transformações do marco zero de Londrinapaisagem atual da área, aprofessora levou em conta toda aHistória local, desde os anos 20, eenfatiza os últimos 32 anos coma delimitação e denominaçãooficial de “Marco Zero” que sóaconteceu mesmo em 1984, no50o aniversário de Londrina, apartir de proposta de um grupoque visava preservar as origens dacidade. Um singelo monumentomarca o local e a data.

Uma análise hemeróbicanunca foi feita em Londrina, oque, segundo a professora, abre apossibilidade de novas pesquisas,inclusive na mesma região.Fundamental para realizar oestudo, Ana Claudia recorreu amais uma área: a Fotografia,mediante trabalho de campo.Com quase 50, entre imagenshistóricas e outras produzidas porela e com a colaboração domarido Edson, especialista emfotografia pela UEL, apesquisadora registrou osdiferentes graus de intervençãohumana (baixa, média e altahemerobia, ou seja, intervençãotecnológica) e seu impacto sobre oambiente urbano na atualidadeem parte da zona leste na áreaque engloba, o Córrego Água dasPedras, a Mata do Marco Zero e oComplexo Empresarial MarcoZero.

Na mata que marca a chegadada primeira caravana daCompanhia de Terras Norte doParaná, mora uma família hámais de 50 anos, e a área deestudo é marcada por chácaras,pastos, córregos, uma favela,uma obra abandonada (teatromunicipal) e áreas de

especulação imobiliária que emGeografia são denominadas de“vazios urbanos”: espaços nãoconstruídos e não qualificadoscomo áreas livres no interior doperímetro urbano e queaguardam a valorizaçãoimobiliária. Cabe ressaltar aindaque duas importantes artérias dacidade se cruzam bem ali perto,numa rotatória ao lado darodoviária: as avenidas Dez deDezembro (Via Expressa) e aconhecida Leste-Oeste, quejustamente naquele ponto mudade nome, de Arcebispo Dom GeralFernandes para TheodoroVictorelli. Quanto à população,dividida em bairros, conjuntoshabitacionais e ocupações,basicamente é de classe média,classe média baixa e classebaixa.

Mudanças - A tese revelouperíodos de estagnação emudanças no decorrer do tempo,alternados com investimentospúbicos e privados, como arodoviária (1988), o campus daUFTPR (2007) e o ShoppingBoulevard (2013). Atualmente, háuma incipiente tendência deverticalização das residências,com edifícios de até 20 andares.Para a professora Ana Claudia, acidade possui muitosempreendimentos feitos sem oplanejamento urbanísticoadequado apenas para satisfazero mercado imobiliário. Nesteaspecto, ela aponta, alguns

empreendimentos são maisconsequência do que causa destedesrespeito. E concluiu quemuitas mudanças foramnegativas: “O que temos é umafuga de áreas ocupadas jáestranguladas para outras, dandocontinuidade a uma políticaagressiva que, muitas vezes,desrespeita o Plano Diretor, paraatender mais o interesseeconômico do que a sociedadecomo um todo”. Afirma ainda quea sustentabilidade dodesenvolvimento econômico écondição fundamental para aqualidade de vida tanto no campoquanto nas cidades.

Um exemplo está na situaçãodo córrego Água das Pedras, quecorta a área, iniciando próximo doEstádio Vitorino Gonçalves Dias,atravessa o Terminal RodoviárioJosé Garcia Villar e a avenida Dezde Dezembro e corre até depois dafavela Pindorama. Há edifíciospúblicos e particulares construídosbem ao lado do curso d’água, emflagrante desrespeito às matasciliares, e há pontos em que nemexistem mais. Isso sem falar no lixoe nos trechos em que, a exemplode outros tantos mananciais nacidade, o córrego corre subterrâneopor obra humana. “O manancialnão é valorizado, nem pelo PoderPúblico, nem pela população,apesar de já vivermos uma sériacrise hídrica em nosso país”,sintetiza Ana Claudia. Porém, doponto de vista da pesquisa, ele

agregou valor, enriquecendo oaspecto do encontro da GeografiaFísica com a Geografia Humana.“Foi importante na medida emque permitiu confrontar ametodologia proposta e identificarem espaços muito próximos entresi, a alta, a média e a baixahemerobia, ao mesmo tempo emque foram analisadas ascondições socioeconômicas dapopulação local e a influencia dosempreendimentos para oscenários em questão, assim comoo conjunto normativo que rege acidade”, relatou.

As mudanças ocorridas nãosão apenas geográficas ehistóricas, mas também sociais efrequentemente envolvemdiretamente o Direito, que nãoraro colide com ações praticadas,muitas vezes pelo próprio PoderPúblico em desatenção àsdemandas e às necessidades dasociedade. A desobediência anormas ambientais, no caso docórrego, e da própria mata ilustraa afirmação.

Há necessidade de estudoseconômicos, sociais eantropológicos, dentre outrasáreas, para adequar a açãoestatal ao verdadeiro interessepúblico e atender às demandasparticulares, sem prejuízo deoutros interesses igualmenteimportantes. “A repercussão deações pouco abalizadascientificamente em desfavor dalegalidade é inesperada e na

maioria das vezes, é altamenteprejudicial, não apenas aosdiretamente atingidos, mas aorestante da sociedade. O poderpúblico deve ser exemplo erespeitar o meio ambiente, aspessoas, o histórico do lugar, paraque a população entenda aimportância de proteger epreservar o meio ambientenatural, artificial, cultural e dotrabalho”, afirma Ana Claudia. Aregião do Marco Zero, segundo aprofessora, tem mostrado estatensão ao longo dos anos. Porisso, ela acrescenta: “O Direito éum instrumento de Estado. E paranão se tornar um meroinstrumento de poder, não bastaa lei estar escrita, é preciso quetodos estejamos atentos efaçamos a nossa parte para queseja efetivamente cumprida ealcance os seus objetivos”.

Contribuição - Ana Claudiaespera que os resultados dapesquisa sensibilizem asociedade para que reivindique eo poder público para quepromova melhorias na área parauso comum, contra a tendênciade mera especulação imobiliária,sem desprezo aosempreendimentos e a suaimportância no cenárioeconômico. “Um estudo só serealiza e se completa quando éapropriado pela sociedade e nãofica apenas no plano das ideias.Esta é mais uma pesquisa quepode contribuir com odesenvolvimento de nossacidade, mas a Universidade temque ser chamada a fazer isso, ou,direcionar ações para que osestudos aqui desenvolvidos sejamaproveitados fora das fronteirasacadêmicas. Aí a sociedadeperceberá o valor que a

instituição tem”, expõe aprofessora. E finaliza: “Esta tese éminha homenagem a Londrina,que nos acolheu a mim e a minhafamília”.

Interdisciplinar – A professoraAna Claudia tem uma trajetóriaacadêmica interdisciplinar, porisso um Doutorado em Geografianão é estranho para uma docentedo Direito. Graduada em ServiçoSocial e Direito pela UEL, ela fezEspecializações em DireitoEmpresarial, em Administração eMarketing, e o Mestrado emDireito Negocial, todos tambémna UEL. Sua dissertação englobouas áreas de Direito Tributário,Internacional e Ambiental. Some-se ainda uma Especialização emDireito Tributário pelo IBET/UNIFIL e em Educação e GestãoAmbiental, pela UniversidadeFederal Tecnológica do Paranáem Londrina.

Após alguns anos estudando oDireito Ambiental e o Financeiro,e aplicando conceitos de váriasáreas em sala de aula, AnaClaudia estava à procura de umanova pesquisa quando chegou aoDoutorado. “O Direito se apropriada linguagem de outras ciênciase sua atuação naturalmentepropicia a interdisciplinaridade. Atemática ambiental, por sua vez,nos iguala como pesquisadores eprofissionais na medida em quepercebemos a importância doconhecimento alheio para arealização do nosso trabalho”,descreve.

Sua tese é um exemplo disso:nela, a pesquisadora recuperouum pouco de tudo o que já haviaestudado antes. A BancaAvaliadora seguiu a mesma linha:havia pesquisadores das áreas deGeografia, Agronomia, Economia,Engenharia Ambiental e Direito.

A Universidade Estadual deLondrina tem 11 novosdoutores em seu corpo docenteque obtiveram o título nestesegundo semestre.

A professora Catiana LeilaPossamai Romanzini(Departamento de EducaçãoFísica) defendeu a tese“Relação entre o padrão econtexto ecológico docomportamento sedentário ebiomarcadores metabólicos emadultos jovens”, dentro doPrograma de Pós-Graduaçãoem Educação Física da UEL.

Cláudio Pereira de Sampaio ,docente do Departamento deDesign, doutorou-se naFaculdade de Arquitetura daUniversidade de Lisboa, com atese “Flows: modelo integradode P&D em resíduos sólidos.Criação de valor com base emliderança, grupos criativos,design e sustentabilidade”.

A professora DanielaRudgeri Derossi (Departamentode Patologia, Análises Clínicas eToxicológicas) defendeu a tese“Análise do polimorfismo CCR5-DELTA32 e da expressãoproteica de CCL5 em amostrasde pacientes com carcinomamamário”, no Programa de Pós-Graduação em Ciências daSaúde da UEL.

Dirce Foletto de Moraes ,docente do Departamento deEducação, obteve seu título noPrograma de Pós-Graduaçãoem Educação da Faculdade deCiências e Tecnologia daUniversidade Estadual Paulista(Unesp/Presidente Prudente),com a tese “Os processosformativos de estudantesuniversitários paranaenses esuas relações com os artefatosdigitais: uma proposta demediação didática colaborativabaseada na cogniçãodistribuída”.

O professor Antonio JoséMattos do Amaral(Departamento de DireitoPúblico) doutorou-se naFaculdade Autônoma de Direito(SP) com a tese intitulada “Otribunal do júri sob o prisma doEstado constitucional e daConstituição Federal,especialmente o princípio da

UEL tem novosdoutores

proporcionalidade e a inovaçãoda tese defensiva”.

A professora Adriane MacielGomes, do Departamento deMúsica e Teatro, defendeu a tese“Giorgio Strehler: apropriação eressignificação de elementos datradição teatral na formação doencenador”, no Programa dePós-Graduação em Artes da Cenada Universidade de Campinas(Unicamp).

Ana Cláudia Duarte Pinheiro ,docente do Departamento deDireito Público, obteve seu títulono Programa de Pós-Graduaçãoe Geografia da UEL, ao defendera tese “Transformaçõespaisagísticas da região do marcozero na cidade de Londrina-Paraná: uma análisehemeróbica”.

O professor JeffersonJanuário dos Santos(Departamento de LetrasEstrangeiras Modernas)defendeu a tese “A qualidade e aqualificação no ensino deespanhol nos Centros de LínguasEstrangeiras Modernas doParaná (Celem-PR): um estudode caso”, na Universidade de SãoPaulo.

A professora Cleide MarleneVilauta, do Departamento deCiências do Esporte, obteve seutítulo no Programa de Pós-Graduação em Educação Físicada UEL com a tese intitulada “Oesporte educacional na políticade educação em tempo integralno Brasil: a questão da atividadefísica e saúde”.

Sarah Beatriz CoceiroMeirelles Félix, docente doDepartamento de SaúdeColetiva, doutorou-se peloPrograma de Pós-Graduação emSaúde Coletiva da UEL com atese “Momentos e movimentosda implantação de um núcleo deapoio à saúde da família (NASF)em uma cidade do sul do Brasil”.

O professor Pedro LanaroFilho, do Departamento deCiências do Esporte, obteve seutítulo ao defender a tese“Análise cinemática eeletromiográfica em diferentestipos de saída para prova de100 metros rasos no atletismo”,no Programa de Pós-Graduaçãoem Educação Física da UEL.-Parte sul do Complexo Empresarial Marco Zero. Uma das saídas na parte de

trás do Londrina Boulevard Shopping Center. Os antigos galpões e osprédios em construção estão localizados na Av. Celso Garcia Cid

Área do Marco Zero de Londrina (Fonte: Google)

“Esta é mais uma pesquisa quepode contribuir com odesenvolvimento de nossacidade”, afirma a professoraAna Cláudia Duarte Pinheiro