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Quarta-feira, 29 de novembro de 2017

JOSÉ DE ARIMATHÉIA

O município de Londrina foicriado em 10 de dezembro

de 1934, mas foi meia décadaantes disso, em agosto de 1929,que foi estabelecido o marco zerodo núcleo urbano, na zona leste,próximo de onde hoje fica arodoviária. Como a igreja (hojeCatedral) foi erguida a cerca de1,5km dali, em um ponto maisalto, o “centro” acabou sedeslocando. A região do entornodo marco zero seguiu suahistória, numa condição deperiferia apesar da proximidadecom a área central, até aatualidade e, na maioria dotempo, sem que a populaçãotivesse ciência de suaimportância. E de alguns anospara cá, empreendimentosimobiliários, comerciais eresidenciais trouxeram de volta aregião ao foco de interesse.

São exatamente astransformações daquela regiãoque foram objeto da tese daprofessora Ana Claudia DuartePinheiro (Departamento deDireito Público), dentro doPrograma de Pós-Graduação emGeografia da UEL, defendida nofinal de setembro passado, sob aorientação da profa. NilzaAparecida Freres Stipp. Intitulada“Transformações paisagísticas daregião do marco zero na cidadede Londrina-Paraná: uma análisehemeróbica”, a pesquisa abordaas mudanças causadas pelaintervenção humana, em maiorou menor grau, conformeparâmetros da Geografia Física.Embora mais focada na

Pesquisa mostra graus de intervenção tecnológica humana na área onde a cidade começou, cinco anos antes da criação do município

As transformações do marco zero de Londrinapaisagem atual da área, aprofessora levou em conta toda aHistória local, desde os anos 20, eenfatiza os últimos 32 anos coma delimitação e denominaçãooficial de “Marco Zero” que sóaconteceu mesmo em 1984, no50o aniversário de Londrina, apartir de proposta de um grupoque visava preservar as origens dacidade. Um singelo monumentomarca o local e a data.

Uma análise hemeróbicanunca foi feita em Londrina, oque, segundo a professora, abre apossibilidade de novas pesquisas,inclusive na mesma região.Fundamental para realizar oestudo, Ana Claudia recorreu amais uma área: a Fotografia,mediante trabalho de campo.Com quase 50, entre imagenshistóricas e outras produzidas porela e com a colaboração domarido Edson, especialista emfotografia pela UEL, apesquisadora registrou osdiferentes graus de intervençãohumana (baixa, média e altahemerobia, ou seja, intervençãotecnológica) e seu impacto sobre oambiente urbano na atualidadeem parte da zona leste na áreaque engloba, o Córrego Água dasPedras, a Mata do Marco Zero e oComplexo Empresarial MarcoZero.

Na mata que marca a chegadada primeira caravana daCompanhia de Terras Norte doParaná, mora uma família hámais de 50 anos, e a área deestudo é marcada por chácaras,pastos, córregos, uma favela,uma obra abandonada (teatromunicipal) e áreas de

especulação imobiliária que emGeografia são denominadas de“vazios urbanos”: espaços nãoconstruídos e não qualificadoscomo áreas livres no interior doperímetro urbano e queaguardam a valorizaçãoimobiliária. Cabe ressaltar aindaque duas importantes artérias dacidade se cruzam bem ali perto,numa rotatória ao lado darodoviária: as avenidas Dez deDezembro (Via Expressa) e aconhecida Leste-Oeste, quejustamente naquele ponto mudade nome, de Arcebispo Dom GeralFernandes para TheodoroVictorelli. Quanto à população,dividida em bairros, conjuntoshabitacionais e ocupações,basicamente é de classe média,classe média baixa e classebaixa.

Mudanças - A tese revelouperíodos de estagnação emudanças no decorrer do tempo,alternados com investimentospúbicos e privados, como arodoviária (1988), o campus daUFTPR (2007) e o ShoppingBoulevard (2013). Atualmente, háuma incipiente tendência deverticalização das residências,com edifícios de até 20 andares.Para a professora Ana Claudia, acidade possui muitosempreendimentos feitos sem oplanejamento urbanísticoadequado apenas para satisfazero mercado imobiliário. Nesteaspecto, ela aponta, alguns

empreendimentos são maisconsequência do que causa destedesrespeito. E concluiu quemuitas mudanças foramnegativas: “O que temos é umafuga de áreas ocupadas jáestranguladas para outras, dandocontinuidade a uma políticaagressiva que, muitas vezes,desrespeita o Plano Diretor, paraatender mais o interesseeconômico do que a sociedadecomo um todo”. Afirma ainda quea sustentabilidade dodesenvolvimento econômico écondição fundamental para aqualidade de vida tanto no campoquanto nas cidades.

Um exemplo está na situaçãodo córrego Água das Pedras, quecorta a área, iniciando próximo doEstádio Vitorino Gonçalves Dias,atravessa o Terminal RodoviárioJosé Garcia Villar e a avenida Dezde Dezembro e corre até depois dafavela Pindorama. Há edifíciospúblicos e particulares construídosbem ao lado do curso d’água, emflagrante desrespeito às matasciliares, e há pontos em que nemexistem mais. Isso sem falar no lixoe nos trechos em que, a exemplode outros tantos mananciais nacidade, o córrego corre subterrâneopor obra humana. “O manancialnão é valorizado, nem pelo PoderPúblico, nem pela população,apesar de já vivermos uma sériacrise hídrica em nosso país”,sintetiza Ana Claudia. Porém, doponto de vista da pesquisa, ele

agregou valor, enriquecendo oaspecto do encontro da GeografiaFísica com a Geografia Humana.“Foi importante na medida emque permitiu confrontar ametodologia proposta e identificarem espaços muito próximos entresi, a alta, a média e a baixahemerobia, ao mesmo tempo emque foram analisadas ascondições socioeconômicas dapopulação local e a influencia dosempreendimentos para oscenários em questão, assim comoo conjunto normativo que rege acidade”, relatou.

As mudanças ocorridas nãosão apenas geográficas ehistóricas, mas também sociais efrequentemente envolvemdiretamente o Direito, que nãoraro colide com ações praticadas,muitas vezes pelo próprio PoderPúblico em desatenção àsdemandas e às necessidades dasociedade. A desobediência anormas ambientais, no caso docórrego, e da própria mata ilustraa afirmação.

Há necessidade de estudoseconômicos, sociais eantropológicos, dentre outrasáreas, para adequar a açãoestatal ao verdadeiro interessepúblico e atender às demandasparticulares, sem prejuízo deoutros interesses igualmenteimportantes. “A repercussão deações pouco abalizadascientificamente em desfavor dalegalidade é inesperada e na

maioria das vezes, é altamenteprejudicial, não apenas aosdiretamente atingidos, mas aorestante da sociedade. O poderpúblico deve ser exemplo erespeitar o meio ambiente, aspessoas, o histórico do lugar, paraque a população entenda aimportância de proteger epreservar o meio ambientenatural, artificial, cultural e dotrabalho”, afirma Ana Claudia. Aregião do Marco Zero, segundo aprofessora, tem mostrado estatensão ao longo dos anos. Porisso, ela acrescenta: “O Direito éum instrumento de Estado. E paranão se tornar um meroinstrumento de poder, não bastaa lei estar escrita, é preciso quetodos estejamos atentos efaçamos a nossa parte para queseja efetivamente cumprida ealcance os seus objetivos”.

Contribuição - Ana Claudiaespera que os resultados dapesquisa sensibilizem asociedade para que reivindique eo poder público para quepromova melhorias na área parauso comum, contra a tendênciade mera especulação imobiliária,sem desprezo aosempreendimentos e a suaimportância no cenárioeconômico. “Um estudo só serealiza e se completa quando éapropriado pela sociedade e nãofica apenas no plano das ideias.Esta é mais uma pesquisa quepode contribuir com odesenvolvimento de nossacidade, mas a Universidade temque ser chamada a fazer isso, ou,direcionar ações para que osestudos aqui desenvolvidos sejamaproveitados fora das fronteirasacadêmicas. Aí a sociedadeperceberá o valor que a

instituição tem”, expõe aprofessora. E finaliza: “Esta tese éminha homenagem a Londrina,que nos acolheu a mim e a minhafamília”.

Interdisciplinar – A professoraAna Claudia tem uma trajetóriaacadêmica interdisciplinar, porisso um Doutorado em Geografianão é estranho para uma docentedo Direito. Graduada em ServiçoSocial e Direito pela UEL, ela fezEspecializações em DireitoEmpresarial, em Administração eMarketing, e o Mestrado emDireito Negocial, todos tambémna UEL. Sua dissertação englobouas áreas de Direito Tributário,Internacional e Ambiental. Some-se ainda uma Especialização emDireito Tributário pelo IBET/UNIFIL e em Educação e GestãoAmbiental, pela UniversidadeFederal Tecnológica do Paranáem Londrina.

Após alguns anos estudando oDireito Ambiental e o Financeiro,e aplicando conceitos de váriasáreas em sala de aula, AnaClaudia estava à procura de umanova pesquisa quando chegou aoDoutorado. “O Direito se apropriada linguagem de outras ciênciase sua atuação naturalmentepropicia a interdisciplinaridade. Atemática ambiental, por sua vez,nos iguala como pesquisadores eprofissionais na medida em quepercebemos a importância doconhecimento alheio para arealização do nosso trabalho”,descreve.

Sua tese é um exemplo disso:nela, a pesquisadora recuperouum pouco de tudo o que já haviaestudado antes. A BancaAvaliadora seguiu a mesma linha:havia pesquisadores das áreas deGeografia, Agronomia, Economia,Engenharia Ambiental e Direito.

A Universidade Estadual deLondrina tem 11 novosdoutores em seu corpo docenteque obtiveram o título nestesegundo semestre.

A professora Catiana LeilaPossamai Romanzini(Departamento de EducaçãoFísica) defendeu a tese“Relação entre o padrão econtexto ecológico docomportamento sedentário ebiomarcadores metabólicos emadultos jovens”, dentro doPrograma de Pós-Graduaçãoem Educação Física da UEL.

Cláudio Pereira de Sampaio ,docente do Departamento deDesign, doutorou-se naFaculdade de Arquitetura daUniversidade de Lisboa, com atese “Flows: modelo integradode P&D em resíduos sólidos.Criação de valor com base emliderança, grupos criativos,design e sustentabilidade”.

A professora DanielaRudgeri Derossi (Departamentode Patologia, Análises Clínicas eToxicológicas) defendeu a tese“Análise do polimorfismo CCR5-DELTA32 e da expressãoproteica de CCL5 em amostrasde pacientes com carcinomamamário”, no Programa de Pós-Graduação em Ciências daSaúde da UEL.

Dirce Foletto de Moraes ,docente do Departamento deEducação, obteve seu título noPrograma de Pós-Graduaçãoem Educação da Faculdade deCiências e Tecnologia daUniversidade Estadual Paulista(Unesp/Presidente Prudente),com a tese “Os processosformativos de estudantesuniversitários paranaenses esuas relações com os artefatosdigitais: uma proposta demediação didática colaborativabaseada na cogniçãodistribuída”.

O professor Antonio JoséMattos do Amaral(Departamento de DireitoPúblico) doutorou-se naFaculdade Autônoma de Direito(SP) com a tese intitulada “Otribunal do júri sob o prisma doEstado constitucional e daConstituição Federal,especialmente o princípio da

UEL tem novosdoutores

proporcionalidade e a inovaçãoda tese defensiva”.

A professora Adriane MacielGomes, do Departamento deMúsica e Teatro, defendeu a tese“Giorgio Strehler: apropriação eressignificação de elementos datradição teatral na formação doencenador”, no Programa dePós-Graduação em Artes da Cenada Universidade de Campinas(Unicamp).

Ana Cláudia Duarte Pinheiro ,docente do Departamento deDireito Público, obteve seu títulono Programa de Pós-Graduaçãoe Geografia da UEL, ao defendera tese “Transformaçõespaisagísticas da região do marcozero na cidade de Londrina-Paraná: uma análisehemeróbica”.

O professor JeffersonJanuário dos Santos(Departamento de LetrasEstrangeiras Modernas)defendeu a tese “A qualidade e aqualificação no ensino deespanhol nos Centros de LínguasEstrangeiras Modernas doParaná (Celem-PR): um estudode caso”, na Universidade de SãoPaulo.

A professora Cleide MarleneVilauta, do Departamento deCiências do Esporte, obteve seutítulo no Programa de Pós-Graduação em Educação Físicada UEL com a tese intitulada “Oesporte educacional na políticade educação em tempo integralno Brasil: a questão da atividadefísica e saúde”.

Sarah Beatriz CoceiroMeirelles Félix, docente doDepartamento de SaúdeColetiva, doutorou-se peloPrograma de Pós-Graduação emSaúde Coletiva da UEL com atese “Momentos e movimentosda implantação de um núcleo deapoio à saúde da família (NASF)em uma cidade do sul do Brasil”.

O professor Pedro LanaroFilho, do Departamento deCiências do Esporte, obteve seutítulo ao defender a tese“Análise cinemática eeletromiográfica em diferentestipos de saída para prova de100 metros rasos no atletismo”,no Programa de Pós-Graduaçãoem Educação Física da UEL.-Parte sul do Complexo Empresarial Marco Zero. Uma das saídas na parte de

trás do Londrina Boulevard Shopping Center. Os antigos galpões e osprédios em construção estão localizados na Av. Celso Garcia Cid

Área do Marco Zero de Londrina (Fonte: Google)

“Esta é mais uma pesquisa quepode contribuir com odesenvolvimento de nossacidade”, afirma a professoraAna Cláudia Duarte Pinheiro