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O CURRÍCULO ESCOLAR NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: Campo de conflito entre o “normal” e o “anormal” Nágib José Mendes dos Santos (UFAL/Arapicara) [email protected] Resumo: Este artigo tem como finalidade abordar questões referentes ao currículo, sua relação com os conflitos entre a ideia binária de normalidade/anormalidade e o contexto da educação inclusiva. Uma vez que o processo inclusivo apresenta uma série de questões merecedoras de um pouco mais de atenção e exercício reflexivo, se faz necessário pensar no que há por trás da proposta da inclusão das pessoas com deficiência e quais as verdadeiras relações de interesse veladas nesse discurso. Para tal fim, essa temática será discutida fazendo relação com categorias sobre as relações sociais trazidas a tona por Michel Foucault e as concepções pós-estruturalistas acerca do currículo, da cultura, do homem e do conhecimento. Palavras-chave: Currículo; Normalidade/Anormalidade; Inclusão. SCHOOL CURRICULUM IN THE CONTEXT OF INCLUSIVE EDUCATION: FIELD OF CONFLICT BETWEEN “NORMAL”AND “ABNORMAL” Abstract: This paper addresses issues of curriculum, its relationship with conflicts between the binary idea of normality/abnormalty and the context of inclusive education. Once that the inclusive process presents a number of questions worthy of a little more attention and reflective exercise, it is necessary to think about what is behind the proposal of inclusion of people with disabilities and what is the true relationship of interests veiled in this speech. To this goal, this issue will be discussed relating categories about social relations brought by Michael Foucault and poststruturalist conceptions about curriculum, culture, man and knowledge. Key-words: Curriculum; Normality/Abnormality; Inclusion.

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  • O CURRCULO ESCOLAR NO CONTEXTO DA EDUCAO INCLUSIVA:

    Campo de conflito entre o normal e o anormal

    Ngib Jos Mendes dos Santos (UFAL/Arapicara) [email protected]

    Resumo:

    Este artigo tem como finalidade abordar questes referentes ao currculo, sua relao

    com os conflitos entre a ideia binria de normalidade/anormalidade e o contexto da

    educao inclusiva. Uma vez que o processo inclusivo apresenta uma srie de questes

    merecedoras de um pouco mais de ateno e exerccio reflexivo, se faz necessrio

    pensar no que h por trs da proposta da incluso das pessoas com deficincia e quais

    as verdadeiras relaes de interesse veladas nesse discurso. Para tal fim, essa temtica

    ser discutida fazendo relao com categorias sobre as relaes sociais trazidas a tona

    por Michel Foucault e as concepes ps-estruturalistas acerca do currculo, da

    cultura, do homem e do conhecimento.

    Palavras-chave: Currculo; Normalidade/Anormalidade; Incluso.

    SCHOOL CURRICULUM IN THE CONTEXT OF INCLUSIVE EDUCATION: FIELD OF CONFLICT

    BETWEEN NORMALAND ABNORMAL

    Abstract:

    This paper addresses issues of curriculum, its relationship with conflicts between the binary idea of normality/abnormalty and the context of inclusive education. Once that the inclusive process presents a number of questions worthy of a little more attention and reflective exercise, it is necessary to think about what is behind the proposal of inclusion of people with disabilities and what is the true relationship of interests veiled in this speech. To this goal, this issue will be discussed relating categories about social relations brought by Michael Foucault and poststruturalist conceptions about curriculum, culture, man and knowledge.

    Key-words: Curriculum; Normality/Abnormality; Inclusion.

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    Debates em Educao - ISSN 2175-6600 Macei, Vol. 3, n 5, Jan./Jul. 2011.

    Introduo

    Apesar da fora do apelo hodierno pr-incluso e a educao para TODOS ser

    considerada como uma meta, faz-se necessrio refletir sobre as nuances existentes por

    trs do discurso da educao inclusiva. Pois, promover a incluso implica em valorizar

    a diferena e a singularidade existente em cada sujeito, ou seja, valorizar a alteridade

    que cada sujeito apresenta. Porm, o temor do outro, isto , do que diferente, foi

    algo que sempre se fez presente no imaginrio dos que por se encontrarem dentro

    dos padres determinados pela sociedade se autodenominam como normais.

    Essa relao binria e conflituosa entre o normal e o anormal

    considerada por alguns autores como algo necessrio para o sistema vigente, ou seja,

    necessrio rotular um segmento da sociedade como anormal para que outra

    parcela de sujeitos se autodenomine normal. E o ato de incluir os que no se

    enquadram dentro da norma leva ao sentimento, como afirma Longman (2007), de

    ser bonzinho por permitir que os outros faam parte do meio social.

    No contexto da incluso escolar da pessoa com deficincia, faz-se mister

    pensar o currculo e a sua influncia nesse processo. Refletir sobre o currculo na

    contemporaneidade implica em se debruar sobre ele a partir de uma nova

    perspectiva: a perspectiva ps-estruturalista. Isso significa que, assim como o discurso

    e a identidade do sujeito contemporneo, o currculo produto de significaes sociais

    e culturais que forjam tambm identidades. E estas, por sua vez, so tecidas a partir da

    ideia da existncia do outro, em outras palavras, daquele que diferente.

    Logo, na busca de refletir a questo do currculo e sua relao com as

    diferentes produes de significados, o presente artigo se debruar sobre a questo

    do conflito da Normalidade versus Anormalidade no campo do currculo e sua

    relao com o discurso da incluso da pessoa com deficincia nas instituies de

    ensino regular.

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    1. O CURRCULO

    Mesmo havendo ainda na contemporaneidade pessoas que compreendem o

    currculo como mero guia de contedos a serem administrados aos estudantes, tem-se

    hoje a conscincia de que a real concepo de currculo est muito alm dessa

    perspectiva. Ou seja, entende-se currculo como um caminho a se percorrer muito

    alm do caminho meramente acadmico.

    O currculo, na verdade, compreendido como espao de produo de

    significaes onde habitam as diversas identidades que so forjadas em meio a um

    campo de luta e conflitos, pelo domnio do saber e do poder. Sobre isso, atesta Lunardi

    (2008), citando Silva (1999):

    [...] o currculo pode ser entendido como territrio de produo, circulao e consolidao de significados. Nesse sentido, ele tambm um espao privilegiado de poltica de identidade. A cultura, nesse contexto, um campo de lutas em torno da significao social. onde se define no apenas a forma que o mundo deve ter, mas tambm a forma como as pessoas e os grupos devem ser (p. 44-5).

    Isto posto, atravs da compreenso do currculo como espao de lutas onde

    significaes so produzidas, possvel vislumbr-lo como espao em que as

    identidades so formadas e, sendo assim, o currculo tambm considerado como um

    artefato cultural. Deste modo, considerar o currculo como um artefato cultural

    implica, segundo Lunardi (2008), em compreend-lo como um instrumento que se

    fabrica e se produz na medida em que tambm fabrica e produz os conhecimentos que

    fazem parte dele e que so, por sua vez, considerados como construes sociais e

    histricas.

    Destarte, por se tratar de um artefato cultural, o currculo fabricado, como

    j dito antes, nas relaes sociais e nas redes de poder. E nesse complexo, ou seja,

    nessa trama de poder e de sentidos que os diversos grupos sociais entram em conflito

    para fazer valer os seus significados. Nesse contexto, podemos tomar como acertada a

    afirmativa da autora supracitada quando esta concebe o currculo como um terreno

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    Debates em Educao - ISSN 2175-6600 Macei, Vol. 3, n 5, Jan./Jul. 2011.

    conflitivo, incerto, mutvel, um espao onde se travam diferentes lutas de poder e

    saber (LUNARDI, 2008).

    As concepes atuais acerca do currculo so oriundas da perspectiva ps-

    estruturalista, que concebe a ideia do sujeito como um ser centrado em sua

    subjetividade e individualidade. Esta tendncia se mostra contrria a de outrora, ou

    seja, a da modernidade quando se tinha a pretenso de mudar o mundo, mudar a

    sociedade e mudar o homem, tendo como suporte unicamente a razo , pois busca

    desvelar as relaes de poder que engendram o complexo mecanismo da sociedade

    contempornea. E este mecanismo, segundo S (2010), busca

    [...] pensar o sujeito em sua individualidade e subjetividade, inserido em seu contexto: enfatiza-se o gnero, a lngua, a cultura pessoal, enfim: a diferena. Se antes o tributo era dado igualdade, hoje se problematiza a diferena e mostra-se a desigualdade (S, 2010, p. 45).

    Ainda, sobre o ps-estruturalismo e o currculo, percebemos que este

    interpretado como prtica cultural e como produto de significaes, em que a cultura

    se configura como um campo de lutas em torno das significaes. Isto , a cultura no

    entendida nesta perspectiva como algo concludo, mas sim, como algo que se forja

    em meio a conflitos. Por isso, vale salientar, que mesmo sendo o currculo submetido

    s regras da instituio de ensino, ele compreendido como um espao de produo e

    criao de significados (SILVA, 2003).

    2. O CURRCULO E A EDUCAO INCLUSIVA

    Pensar a diferena tem sido o grande mote no meio educacional,

    principalmente em nossos dias, quando a elaborao de polticas pblicas em prol da

    educao inclusiva tem sido cada vez mais frequente. Como consequncia, o currculo

    e a sua relao com a questo da diferena, tambm tem sido objeto de estudos.

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    Quanto aos discursos em torno do processo da incluso da pessoa com

    deficincia, mostra-se, segundo alguns autores, como um discurso retrico que [...]

    parece refletir o modo pelo qual so representadas e expressadas, historicamente, as

    principais inquietaes das prticas de escolarizao desses indivduos,

    particularmente, quelas relacionadas escola e ao currculo (SILVA, 2010, p.2).

    As inmeras campanhas em prol da incluso escolar tem postulado por uma

    educao pblica e de qualidade para TODOS. A proposta fazer com que a escola

    realize o movimento contrrio ao da Integrao, isto , ao invs de exigir que o aluno

    se adeque escola, a incluso preconiza que a escola se adeque s diferenas

    apresentadas pelos sujeitos. Assim, no mais o que considerado diferente deve se

    adaptar ao que normal, mas, ao invs, a dita normalidade deve, segundo o prprio

    discurso inclusivo, aceitar e entender a diferena. Por isso, a discusso em torno da

    incluso educacional tem estreita ligao com a ideia da alteridade.

    Falar em incluso sem fazer a devida relao com a alteridade tornar o

    discurso inclusivo retrico e sem sentido. Todavia, de acordo com Gallo e Souza (2004),

    para a modernidade se faz mister eclipsar a figura do outro (alter), sendo isso

    considerado de suma importncia. Pois, h na sociedade contempornea a grande

    necessidade de produzir este sujeito, para que, com o ato de incluir, este sujeito

    tambm seja cooptado pelo sistema, aproximando-o dos considerados normais.

    Somente desta maneira a sua presena no mais poder perturbar a harmonia da

    identidade majoritria.

    Tal premissa remete-nos a refletir sobre a pessoa com deficincia nesse

    contexto educacional inclusivo, onde cada sujeito apresenta uma caracterstica

    peculiar que o discurso inclusivo, por tendncia, massifica. Desta forma, quando se

    defende a incluso sem a valorizao de fato da alteridade e das especificidades que a

    constitui, est se compreendendo o grupo das pessoas com deficincia de forma

    hegemnica, colocando estes sujeitos como seres que apresentam caractersticas e

    necessidades nicas e comuns.

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    Debates em Educao - ISSN 2175-6600 Macei, Vol. 3, n 5, Jan./Jul. 2011.

    nessa conjuntura que o currculo se configura como locus de importncia no

    que diz respeito discusso quanto questo da diferena e da alteridade, assim

    como, do conflito entre a dualidade normalidade versus anormalidade.

    3. O CURRCULO E O PARADIGMA DA NORMALIDADE/ANORMALIDADE

    Apesar das inmeras polticas pblicas criadas em favor da incluso da pessoa

    com deficincia na escola regular, encontra-se ainda na sociedade a relao binria

    entre normalidade e anormalidade. Em seu texto A Inveno do Normide, Liliane

    Longman (2007) argumenta que tanto a ideia de normalidade quanto a de

    anormalidade fazem parte de um nico sistema, isto , os considerados normais

    necessitam dos ditos anormais para se sentirem como tal.

    Nesse contexto, na busca de encontrar a origem desta relao, Michel

    Foucault atravs da prtica que ele denominou de arqueologia, descobriu que a

    normalidade nada mais do que o ato de se normalizar as diferenas. Evitando, desta

    forma, que os considerados diferentes no perturbem o modelo harmnico de

    identidade imposto pelo poder vigente.

    Este aspecto corroborado pela histria quando esta nos mostra que os

    sculos XIX e XX trouxeram consigo o surgimento de prteses corretivas. Estas tinham

    como principal objetivo fazer com que pessoas consideradas fora das normas se

    enquadrassem nos padres dos ditos normais.

    Foucault (2008) compreende a busca pela normatizao do sujeito como a

    expresso do poder institudo sobre os indivduos, denominando-a de biopoder. Ou

    seja, o poder que as instituies exercem sobre os corpos dos sujeitos que, atravs da

    disciplina, gera corpos dceis e perfeitos. Quanto aos que no se enquadram nesse

    padro restam-lhes, ainda segundo Foucault, a segregao da sociedade atravs do

    internamento em asilos ou em prises.

    O controle da sociedade sobre os indivduos no opera simplesmente pela conscincia ou pela ideologia, mas comea no corpo, com o

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    Debates em Educao - ISSN 2175-6600 Macei, Vol. 3, n 5, Jan./Jul. 2011.

    corpo. Foi no biolgico, no somtico, no corporal que antes de tudo investiu a sociedade capitalista. O corpo uma realidade biopoltica (FOUCAULT, 1998, p.79).

    Aps o discurso inclusivo nos anos 1990 ter ganhado foras com a Declarao

    de Salamanca (1994) que em suas linhas preconiza o acesso de TODOS a uma

    educao pblica e de qualidade houve, segundo Longman (2007), uma tendncia

    por parte dos educadores de fetichizar o movimento inclusivo. Sobre isto, considera da

    seguinte forma a autora:

    O fetichismo em que se assenta a ideologia da incluso, uma das faces da ideologia do normal, faz parecer que todos so incompetentes por no conseguir transformar todos em iguais, sem preconceitos, sem discriminao, sem luta de poder, sem traumas. Hoje, o cenrio das polticas pblicas, apesar dos discursos liberais do direito e da defesa de uma sociedade inclusiva permanece na

    ideologia do normal somos todos iguais (LONGMAN, 2007, p. 30).

    Percebe-se ento que os atuais discursos em prol da incluso vm, de forma

    velada, ratificando em nossos dias a relao binria normalidade/anormalidade, alm

    de servir de instrumento de homogenia para o sistema. Sobre isto, ainda a mesma

    autora afirma:

    Quando se defende a diversidade como princpio e a incluso como poltica pblica sem a ruptura epistemolgica reafirma-se a ideologia da normalidade, pois os sujeitos com deficincia vo ser sempre considerados como deficientes e os outros como no deficientes [];

    (LONGMAN, 2007, p. 30).

    Essa ruptura epistemolgica na qual a autora se refere, trata-se da

    compreenso do sujeito como um ser constitudo de subjetividade e singularidade.

    Somente a partir dessa compreenso acerca do sujeito, torna-se possvel vislumbrar a

    sua incluso de forma legtima. Do contrrio, estar o processo inclusivo

    homogeneizando as pessoas com deficincia colocando-as como pertencentes de uma

    mesma classe ou categoria.

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    O currculo, no contexto da perspectiva da incluso da pessoa com deficincia

    deve promover a alteridade, ou seja, promover o olhar sobre o sujeito com deficincia

    como o Outro. Somente, a partir da, a escola ser um real locus onde a diferena ser

    compreendida como algo inerente humanidade e o currculo, conforme Silva (2010),

    no mais ser entendido como:

    [...] um instrumento pedaggico neutro, ao contrrio (o currculo) um campo de conflitos, tenses e relaes de poder do qual resulta um conjunto de prescries sobre os contedos, as organizaes e as prticas que refletem (e reproduzem) as relaes sociais e polticas existentes em cada momento histrico, que so negociadas, efetivadas, construdas e reconstrudas na escola (SILVA, 2010, p. 06).

    Se no concebido da maneira supracitada, o currculo ser somente um

    instrumento a servio da monopolizao da diferena/deficincia (SILVA, 2010), isto ,

    seu objetivo ser to somente fazer com que o incmodo causado pela diferena

    (anormalidade) seja controlado e normatizado mesmo que o discurso inclusivo

    postule por uma escola para todos.

    CONSIDERAES FINAIS

    Apesar do atual discurso pr-incluso, podemos observar atravs do presente

    texto, que tambm por trs deste discurso h uma relao ideolgica e conflituosa

    entre saberes e poderes que permeiam a sociedade contempornea, assim como, os

    currculos escolares.

    Constata-se tambm, atravs do presente artigo, que hodiernamente ainda se

    faz muito presente ideias oriundas da modernidade, onde a bipolaridade

    normalidade/anormalidade constituinte de um mesmo sistema de relaes. E,

    debruando-se ainda sobre este contexto, percebemos que a figura do anormal para a

    modernidade se fez fundamental na manuteno da identidade daquele que

    considerado normal.

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    Debates em Educao - ISSN 2175-6600 Macei, Vol. 3, n 5, Jan./Jul. 2011.

    O currculo, por sua vez, deve ser compreendido como produto de

    significaes permeado por conflitos. E, este instrumento, idealizado para o sculo XXI,

    deve reconhecer os diferentes tipos de polticas culturais, sociais e econmicas que

    permitem encontrar identidades e valorizar as diferenas que no atentem contra os

    direitos humanos (SILVA, 2010, p. 03).

    Assim, no que se refere educao inclusiva, o currculo deveria ser

    considerado, de fato, ferramenta epistemolgica essencial para a descoberta do outro

    e no aprendizado do respeito diferena. Ao invs, o currculo somente tem

    proporcionado a libertao de uma forma de exceo tirnica ou intolervel para outra

    forma um pouco mais amena (ELIAS, 1993).

    Destarte, o conflito entre as ideias de normalidade e anormalidade se faz

    tambm no espao do currculo escolar, onde o mesmo se configura, no como meio

    de emancipao do sujeito por meio do conhecimento, mas como forma de alienao

    dos no considerados dentro da norma atravs do discurso de uma educao para

    TODOS.

    Por fim, percebemos ento que o currculo deve alcanar todos os sujeitos,

    independente das caractersticas apresentadas por estes, considerando todos os

    aspectos culturais que fazem parte do meio social onde os sujeitos habitam. Logo,

    podero ser derrubados dessa maneira, os paradigmas construdos sobre a pessoa

    com deficincia, assim como, a ideia binria de normalidade/anormalidade que ainda

    se faz to viva na escola e nos mais diversos espaos sociais.

    REFERNCIAS

    FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da priso; traduo de Raquel Ramalhete. 35 ed. Petrpolis, RJ: Vozes, 2008.

    GALLO, Silvio; SOUZA, Regina Maria de (orgs). Educao do Preconceito: ensaios sobre poder e resistncia Campinas, SP: Alnea, 2004.

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    Debates em Educao - ISSN 2175-6600 Macei, Vol. 3, n 5, Jan./Jul. 2011.

    LONGMAN, Liliane Vieira. Memrias de Surdos. Recife: Fundao Joaquim Nabuco. Massangana, 2007.

    PETERS, A.; BESLEY, Tina (orgs). Por que Foucault? novas diretrizes para a pesquisa educacional. Porto Alegre: Artmed, 2008.

    S, Ndia Regina Limeira. Cultura Poder e Educao de Surdos. So Paulo: Paulinas, 2007.

    SILVA, Fabiany de Cssia Tavares. Currculo sem Fronteiras, v.10, n.2, pp.214-227, Jul/Dez 2010 ISSN 1645-1384 (online). Disponvel em: www.curriculosemfronteiras.org 214. SILVIA, Tomaz da. O Currculo como Fetiche: a potica do texto curricular. 2. reimp. Belo Horizonte: Autntica, 2003.