55537233 TRI Teorias Critica e Feminista

8
TEORIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS Teorias críticas: Cox e Linklater As teorias críticas ofereceram importantes contribuições ao campo das Relações Internacionais, viabilizando abordagens alternativas às teorias dominantes do neo-realismo e do neo-liberalismo institucional a partir dos anos 80. No entanto, as perspectivas desenvolvidas por diferentes pensadores dentro desta corrente variaram significantemente. O presente ensaio busca, inicialmente, analisar as semelhanças e diferenças entre as abordagens da teoria crítica oferecidas por dois autores, Robert Cox e Andrew Linklater, para então desenvolver uma comparação entre a teoria crítica e o pós-modernismo levando-se em conta os argumentos de Richard Devetak. As teorias críticas defendidas por Cox (1983; 1986) e Linklater (1996) consistem em abordagens de inspiração marxista ao estudo das relações internacionais. Contrastando com as ditas problem-solving theories, que tomariam determinada configuração mundial como dada e buscariam formas de tornar o funcionamento do sistema internacional menos problemático, as teorias críticas pretendem compreender os processos e possíveis fontes de mudança na conformação desse sistema visando, em última instância, a emancipação. Uma premissa básica adotada por ambos os autores seria que “teorias são sempre para alguém e para algum propósito” (Cox, 1986: 207), sendo o conhecimento social dependente das circunstâncias e posições que definem os valores de seus autores. Nesse sentido, a própria teoria crítica assumiria idéias resultantes dos interesses e propósitos de seus formuladores, mas o faria de modo consciente, possibilitando uma perspectiva temporal mais ampla e uma menor relativização quando comparadas às problem-solving theories. Outra semelhança entre Cox e Linklater seria a rejeição às visões do mundo social como sendo uma realidade imutável, cujas características seriam adotadas como naturais e constantes. As teorias críticas desenvolvidas por esses autores, ao contrário, partem de uma visão histórica que enfatiza o caráter contingente das estruturas sociais, ressaltando a capacidade humana de problematizá- las e transformá-las. As abordagens de Cox e Linklater, no entanto, apresentem variações importantes. Apesar de ambas sofrerem influências marxistas, a teoria de Robert Cox desenvolve-se a partir da aplicação de uma perspectiva gramsciana às relações internacionais. O autor parte, assim, de um materialismo histórico baseado na noção de “relacionamento recíproco entre estrutura (relações econômicas) e superestrutura (a esfera ético-política)” (Cox, 1986: 216),

description

teoria critica e feminista

Transcript of 55537233 TRI Teorias Critica e Feminista

TEORIA DAS RELAES INTERNACIONAIS Teorias crticas: Cox e Linklater AsteoriascrticasofereceramimportantescontribuiesaocampodasRelaes Internacionais,viabilizandoabordagensalternativassteoriasdominantesdoneo-realismoe doneo-liberalismoinstitucionalapartirdosanos80.Noentanto,asperspectivas desenvolvidas por diferentes pensadores dentro desta corrente variaram significantemente.O presente ensaio busca, inicialmente, analisar as semelhanas e diferenas entre as abordagens dateoriacrticaoferecidaspordoisautores,RobertCoxeAndrewLinklater,paraento desenvolver uma comparao entre a teoriacrtica e o ps-modernismo levando-se em conta os argumentos de Richard Devetak. AsteoriascrticasdefendidasporCox(1983;1986)eLinklater(1996)consistemem abordagens de inspirao marxista ao estudo das relaes internacionais. Contrastando com as ditas problem-solving theories, que tomariam determinada configurao mundial como dada e buscariam formas de tornar o funcionamento do sistema internacional menos problemtico, as teoriascrticaspretendemcompreenderosprocessosepossveisfontesdemudanana conformaodessesistemavisando,emltimainstncia,aemancipao.Umapremissa bsica adotada por ambos os autores seria que teorias so sempre para algum e para algum propsito(Cox,1986:207),sendooconhecimentosocialdependentedascircunstnciase posiesquedefinemosvaloresdeseusautores.Nessesentido,aprpriateoriacrtica assumiriaidiasresultantesdosinteressesepropsitosdeseusformuladores,masofariade modoconsciente,possibilitandoumaperspectivatemporalmaisamplaeumamenor relativizao quando comparadas s problem-solving theories. Outra semelhana entre Cox e Linklaterseriaarejeiosvisesdomundosocialcomosendoumarealidadeimutvel, cujascaractersticasseriamadotadascomonaturaiseconstantes.Asteoriascrticas desenvolvidasporessesautores,aocontrrio,partemdeumavisohistricaqueenfatizao carter contingente das estruturas sociais, ressaltando a capacidade humana de problematiz-las e transform-las. AsabordagensdeCoxeLinklater,noentanto,apresentemvariaesimportantes. Apesardeambassofrereminflunciasmarxistas,ateoriadeRobertCoxdesenvolve-sea partirdaaplicaodeumaperspectivagramscianasrelaesinternacionais.Oautorparte, assim,deummaterialismohistricobaseadonanooderelacionamentorecprocoentre estrutura(relaeseconmicas)esuperestrutura(aesferatico-poltica)(Cox,1986:216), admitindoainteraoentretrscategoriasdeforas:idias,capacidadesmateriaise instituies. AabordagemdeCoxadmiteoEstadocomoentidadebsicadasrelaes internacionaiseolugarondeosconflitossociaisacontecemportanto,tambmolugar ondeashegemoniasdasclassessociaispodemserconstrudas(Cox,1983:113).Dessa forma,ashegemoniasmundiais,principalfocodosestudosdoautor,seriamestabelecidasa partirdeprocessosnacionaisdedominaodedeterminadaclassesobreasdemais.A ampliaodashegemoniasnacionaisaombitoglobaldependeriadacapacidadedopas dominante de estabelecer uma ordem mundial e a aquiescncia dos pases perifricos s suas normas. Isso resultaria da capacidade de traduzir a ordem em princpios de carter universais, comoolivre-comrcio,edecooptarosdemaispasesegrupos,emespecialoslderesde potenciasfontesdeoposio,aaceitaremaordemhegemnicaestabelecia.Osmecanismos paratanto,nocasodahegemoniadapaxamericana,estariamvinculados internacionalizaodoEstadoedaspolticasnacionais,agoravinculadosaregrase organizaes internacionais da corrente hegemnica, e dominncia dos pases centrais sobre os perifricos nos processos de produo internacionalizados. A emancipao, nesse sentido, seriaa oposio dosgrupos no-beneficiados oumarginalizados pelo sistema hegemnico,e que poderia resultar, em ltima instncia, na formao de uma contra-hegemonia que acabaria porderrubaresubstituiraordemhegemnicavigente.NavisodeCox,ogrupocapazde sustentar tal processo, e formar uma coalizo contra a dominao dos pases do centro seria o chamado Terceiro Mundo. AteoriacrticadeAndrewLinklater,poroutrolado,baseia-seemumacorrente proveniente da chamada Escola de Frankfurt e, em particular, das idias de Jrgen Habermas. Em sua obra, Linklater critica a viso tradicional marxista centrada nos processos de produo eclassessociais,marcanteemgrandepartedosargumentosdeCox.Estaperspectiva,de acordocomoautor:ignorariaoutrasformasdeopressoalmdaexploraocapitalista; sustentariaumasociologiahistricainadequadadevidoimportnciaexageradaatribuda produo;enoteriaoferecidoumavisoclaradoqueprescreviacomoordemsocialcapaz deasseguraraliberdadeforadaesferadaproduo(Linklater,1996:284).Emseulugar, Linklaterdefendeumateoriacrticasustentadanaidiadecomunicaono-distorcida,na noo de aprendizado social, e visando a democratizao da poltica. Assim, os debates moral e poltico legtimos deveriam basear-se em procedimentos universais capazes de garantir que o dilogo ocorresse em uma esfera comunicativa livre, sem sistemas de excluso ou incluso prvios,eguiadospelaforadomelhorargumentoedoconsenso.Comisso,Linklater problematiza sistemas de excluso que definiriam o ns em oposio a outros, dentre eles oslaosentrecidadoseEstados,equeserviriamdeobstculoaoestabelecimentodaquela esfera comunicativa livre defendida pela chamada tica do discurso. No plano internacional, a implicaodestateoriaseriaacrticanootradicionaldesoberania,querestringea possibilidadedeestrangeirosdeparticiparemnodebateemigualdadecomaqueles consideradoscidados.Aemancipao,portanto,sedariapelodesenvolvimentode concepes ps-nacionalistas de cidadania e pela reforma das relaes internacionais a partir da transformao do estado como comunidade moral restrita (Linklater, 1996: 295). AcomparaoentreasabordagensdeCoxeLinklaterpermite,portanto,identificar diferenas importantes. Em primeiro lugar, a importncia das relaes econmicas na anlise enaabordagemhistricadeCoxcontrape-seaumavisomaispluralistadefatores histricosvariadosdefendidaporLinklater.Esteltimoaindadesenvolveumateoria discursiva e democrtica cujo foco est centrado nos indivduos e nas inter-relaes dentro de umasociedadeglobalmaisampla,enquantoCoxenfatizaopapeldoEstadoedeclasses sociais distintas. Por fim, vale notar a diferena entre os projetos de emancipao enunciados pelosautores.Enquanto,emCox,estadecorreriadeumacontra-hegemoniaformadapor Estadosperifricos,oditoTerceiroMundo,quederrubariaaordemhegemnicavigente, LinklaterprescreveatransformaodoprprioEstadoenquantosistemadeexclusoe obstculoconcretizaodaemancipaopormeiodeumasociedadegloballivree comunicativa.RichardDevetak(1996)utilizou-sedasabordagensdeCox,Linklatereoutros pensadores para desenvolver uma viso geral da teoria crtica. Em seguida, o autor promoveu umensaiocompropsitosemelhante,dessavezbuscandocaracterizarops-modernismo. Partindo do que foi dito anteriormente e da anlise de Devetak, pretende-se agora demonstrar asprincipaisdiferenasentreasabordagenscrticaseps-modernasdasRelaes Internacionais. Ateoriacrtica,assimcomoops-modernismo,problematizaaepistemologia positivista tradicional ea noode neutralidadenas cincias sociais.Noentanto, enquanto a primeiraenfatizaainflunciadosvalorestemporaleespacialmentedefinidossobrea formulao terica, o ps-modernismo desenvolve sua crtica nos termos mais especficos de uma relao conhecimento-poder, utilizando-se da noo de regra da imanncia que defende a consistnciageral(...)entremodosdeinterpretaoeoperaesdepoder(Devetak,1996: 182). Alm disso, as duas teorias ofereceriam abordagens histricas distintas.A teoria crtica, porumlado,seriabaseadaemummaterialismohistricoque,apesardevariaes, comumentesustentariaumaperspectivaestruturalistaeanoodeevoluosocial,seja apoiada em relaes socioeconmicas de produo ou em processos comunicativos racionais. Ops-modernismodefende,diferentemente,umaabordagemgenealgicadahistria. BaseadaemFoucault,agenealogiaseriaumestilodepensamentohistricoqueexpee registra a significncia de relaes de poder-conhecimento (Devetak, 1996: 184), e buscaria descobrirsilncioserelaesdedominaosubjacentessnarrativashistricas.Ademais,a genealogia considera todo conhecimento historicamente contingente e relativizado, negando a existnciadeverdadesobjetivas,eutilizando-sedemtodostextuaiseinterpretativosna desconstruo de conceitos e idias tidos como naturalizados. Ateoriacrticaeops-modernismooferecem,portanto,abordagensdiversasao estudodasrelaesinternacionais.Noentanto,valeressaltarque,apesardosdiferentes pressupostostericoseperspectivasepistemolgicasadotados,ambasasabordagens convergememdiversascrticaseproblematizaodetemascomoasoberanianacionale questesticas,ebuscariamigualmentedemonstrar,mesmoquepormeiosvariados,as possibilidades de transformao e ampliao das liberdades no cenrio internacional. A Teoria Feminista nas Relaes Internacionais Aduplanaturezatericadognero,defendidaporvriasfeministas,consistena diferenciao entre gnero como questo substantiva e como categoria de anlise. O presente ensaiopartedeumaexposiogeraldealgumasnoesimportantesdasteoriasfeministas para,ento,explorarosargumentosemfavordaqueladistino.Porfim,segueparauma discussoquantosdiferentescontribuiesoferecidaspelofeminismosrelaes internacionais. Oconceitodegneroutilizadopelasfeministasrefere-seaumconjuntode caractersticassocialeculturalmenteconstrudasassociadassnoesdemasculinoe feminino.Estasseriam,nessesentido,mutveisenonecessariamentevinculadasa caractersticasbiolgicas.Narealidadesocial,einclusivenasrelaesinternacionais,as caractersticasassociadasaomasculino,comofora,racionalidadeeautonomia,seriam tradicionalmentevistascomopositivas.Poroutrolado,ascaractersticasfreqentemente atribudasaognerofeminino,comofraqueza,emotividadeedependncia,tenderiama assumirvaloresnegativos.Assim,ognerofeminino,vinculadocomumentesmulheres, seria historicamente excludo ou marginalizado nas atividades polticas, econmicas e sociais. Adistinoentregnerocomoquestosubstantivaegnerocomocategoriade anlise, defendida amplamente pelas feministas, deve ser entendida no como uma separao absolutadeduasesferasindependentes,mascomodoisaspectosqueserelacionamde maneira interdependente. Se o estudo da realidade social utilizando o gnero como categoria de anlise resulta, por um lado, na apreciao de questes substantivas; a anlise de questes substantivas especficas relacionadas ao gnero motiva, em contrapartida, a adoo do gnero como categoria de analise por parte do pesquisador. A defesa da dupla natureza terica do gnero encontraria sustentao no argumento da relao mutuamente constitutiva entre teoria e prtica, na medida em que o desenvolvimento deabordagenstericasapartirdequestessubstantivasteriaopotencialdetransformar(ou reproduzir)arealidadesocialvigente.nessesentidoqueCynthiaEnloe(2000)ressaltao papel exercido por mulheres na poltica e economia internacionais, defendendo a necessidade de se levar em conta as perspectivas e experincias femininas nos debates tericos no campo das Relaes Internacionais. Isso possibilitaria no apenas uma abordagem mais abrangente e emconformidadecomarealidade,masserviriacomoincentivoproblematizaode questessubstantivaseinserodasvisesdasmulheresnasteorias,comaaplicaodo gnero como categoria de anlise ao estudo dos fenmenos internacionais. Acompreensodasimplicaesdaseparaoentreesferapblicaeesferaprivada tambmdependedautilizaodognerocomocategoriadeanlise.Comoressaltamas tericas feministas, a distino no seria meramente funcional e aplicvel igualmente a todos osindivduosindiferenciadamente.Aocontrrio,aesferapblicaseriacomumente identificadacomascaractersticasatribudasaogneromasculino,predominandoa participaodehomensoudemulheresqueassumissempapismasculinizados,enquantoa esferaprivada,dafamlia,seriaidentificadacomascaractersticasfemininasevinculadas mulheres.Comisso,asmulheresacabamrestritasemsuasoportunidadesdeparticipao efetivanasdecisespolticasecoletivasqueocorremnaesferapblica.Nombito internacional,issosetraduznaquestosubstantivadaescassezdemulheresdentreos tomadoresdedecisoenosforosdedebateinternacionais,eondeasrarasexceesteriam assumidocomportamentosmasculinos,comoocasodeMargaretThatchercitadoporEnloe (2000).Asoluodesseproblema,portanto,nodependeriaunicamentedeaumentaro nmerodemulheresnaesferapblicadominadaporprincpiosmasculinos,masexigiria, como sugere Tickner (1997), a aplicao do gnero como categoria de analise para garantir a insero efetiva das mulheres e do gnero feminino nos domnios pblicos. Asabordagensfeministas,partindodosconceitosedaepistemologiabaseadosno gnero,levaramasignificativascontribuiesparaocampodeestudosdasRelaes Internacionais. Dentre elas, inclui-se a interpretao crtica e a redefinio por Tickner (1997) dos seis princpios do Realismo Poltico de Hans Morgenthau, que seriam fundamentados em umaperspectivaessencialmentemasculina,agorasubstitudospelaautoraporprincpios capazes de abordar cooperao, moralidade e justia juntamente com os temas do conflito, da realpolitikedaordemexploradosoriginariamenteporMorgenthau.Almdisso,oconceito tradicional de segurana tambm sofreu transformaes a partir de uma abordagem de gnero desenvolvidaporteoriasfeministas.Assim,anoorealistafundamentadanopoderio tecnolgico-militarenadefesacontraameaasexternasabreespaoparaumconceito fundadocomoausnciaenegaodaviolncia,compreendendoargumentoscontrrios estruturas hierarquizadas baseadas na diferenciao de gneros. Ofeminismoaplicadosrelaesinternacionaisresultou,ainda,emimportantes contribuiesparaabordagenssdiferenas,individuaisecoletivas,observadasnas interaessociais.Tickner(1996),porumlado,demonstraopapeldateoriafeministano desenvolvimento de princpios de tolerncia s diferenas culturais e diversidade no mbito internacional. Enloe (2000), por sua vez, defendeu que as diferenas de gnero devem deixar deserentendidasmeramenteemtermosculturais,ressaltandoocarterpolticodessas desigualdades e a sua importncia na conformao das relaes polticas internacionais. As teorias feministas, portanto, levantaram a importncia do gnero para o campo das Relaes Internacionais, e demonstraram a necessidade de uma abordagem que seja capaz de explorarsuaduplanatureza,comoquestosubstantivanoplanointernacional,ecomo categoria de anlise terica aos objetos de estudo da rea. As crticas de que o feminismo no consistiriaemumaperspectivaaplicvelecompatvelcomosassuntosinternacionais mostraram-sefalhas,namedidaemqueasrelaessociais,inclusiveaquelasanvelglobal, estariam sujeitas a desigualdades de gnero e, portanto, suscetveis a uma abordagem terica pautadapelognerocomocategoriadeanlise.Emltimainstncia,aaplicaodo feminismo s questes substantivas na esfera global visaria a superao das desigualdadesde gnero e a participao efetiva de mulheres nos assuntos internacionais. Referncias bibliogrficas: COX,Robert(1983).Gramsci,hegemony,andinternationalrelations.In:COX,Robert; SINCLAIR, Timothy. Approaches to World Order. Cambridge: Cambridge University Press. COX,Robert(1986).Socialforces,states,andworldorders:beyondinternationalrelations theory.In:KEOHANE,Robert(ed.).Neorealismanditscritics.NewYork:Columbia University Press. DEVETAK,Richard(1996).PostmodernismeCriticalTheory.In:BURCHILL,Scott; LINKLATER, Andrew. Theories of International Relations.ENLOE,Cynthia(2000).Bananas,BeachesandBasesMakingFeministSenseof International Politics. Berkeley: Berkeley University Press. LINKLATER,Andrew(1996).Theachievementsofcriticaltheory.In:SMITH,Smith; BOOTH,Ken;ZALEWSKI,Marysia(ed.).InternationalTheory:PositivismandBeyond. Cambridge: Cambridge University Press. SYLVESTER,Christine(1996).Thecontributionsoffeministtheoryofinternational relations.In:SMITH,Smith;BOOTH,Ken;ZALEWSKI,Marysia(ed.).International Theory: Positivism and Beyond. Cambridge: Cambridge University Press. TICKNER,Ann(1996).AcritiqueofMorgenthausprinciplesofpoliticalrealism.In: ART,Robert;JERVIS,Robert(ed.).InternationalPolitics:EnduringConceptsand Contemporary Issues. New York: Harper Collins College Publishers. TICKNER,Ann(1997).Youjustdontunderstand:troubledengagementsodfeministand IR theorists. International Studies Quarterly, n. 41.