68513-90431-1-PB

16

Click here to load reader

description

jj

Transcript of 68513-90431-1-PB

Estilos da Clnica, 2007, Vol. XII, no 23, 182-197 182ArtigoSOBREOFINALDAANLISECOMCRIANASEADOLESCENTESDani elKuper mannQuaseparececomoseaanlisefosseaterceiradaquelasprofissesimpossveisquantosquaisdeantemosepodeestarsegurodechegararesultadosinsatisfatrios.Asoutrasduas,conhecidashmuitomaistempo,soaeducaoeogoverno.(Freud,1937/1980a,p.282)1.IntroduoEmpregando a analogia com o jogo de xa-drez,Freudsugere,emSobreoinciodotratamento(1913/1980b), que somente a abertura e o final daspartidasadmitemumaapresentaosistemticaeexaustiva,enquantoodesenrolarmarcadopelaindeterminao;omesmoocorrecomumaexpla-nao, para os iniciantes, acerca do processo psica-naltico. Jacques Lacan (1968/2003, p.252), revendoessapassagem,sublinhaqueocomeoeofimdoRESUMOPretende-se,nesteensaio,umareflexoacercadosproblemasconcernentesaofinaldaanli-secomcrianaseadolescentes.Atravsdeumpercursohist-ricoabordandoalgumasdasprincipaiscontribuiesparaapsicanlise infanto-juvenil, comdestaqueparaasidiasdeD.W.Winnicott,sugere-sequetantoobrincar,compartilhadocomacriana,quantoacom-panhar, com humor, a luta doadolescenteapontamnadire-odacapacidadeparaestars.Descritores:clnicapsica-naltica;finaldaanlise;cri-anas;adolescentes;capacida-deparaestars.Psicanalista, docente do Instituto de Psicologia daUniversidadedeSoPaulo.182 - 197.pmd 29/04/08, 11:58 182Artigo183jogo psicanaltico coincidiriam com a instalao e com os desti-nos da transferncia, e que se pode constatar ser bem mais emba-raosodefinir,comoestefinaliza.FoiemAnliseterminveleinterminvel, de 1937, que Freud se dedicou ao tema do final dotratamento psicanaltico. Trata-se de um ensaio escrito em seus lti-mosanosdevida,emgrandepartecomorespostapublicao,em 1928, de O problema do fim da anlise por Sndor Ferenczi (1928/1992a), seu mais prximo interlocutor.Pretendemos,nesteensaio,percorreralgumasdasprincipaisquestes postas por Freud que tem como matriz clnica sua ex-perincia com adultos acerca da finalizao do processo analticopara, em seguida, delinear quais os problemas pertinentes ao finalde anlise com crianas e adolescentes. Em nenhum outro contex-to a epgrafe citada acima j gasta pelo excessivo uso que dela feitopelospsicanalistasnasmaisvariadassituaesparecetoapropriada, considerando as imbricaes que a anlise com crian-astemcomaeducao,eaquelasqueaanlisedeadolescentestem com a poltica, alm do fato de ambas as clnicas esbarrarem,recorrentemente,noslimitesdospossveis.Deimediatopode-sesugerirque,seadefiniodoinciodotratamentodecrianaseadolescentes parece ser mais complexa que a de adultos, graas participao decisiva da famlia no processo, refletir acerca do finaldessestratamentosseraindamaistrabalhoso,obrigando-nosadelimitar os principais desafios, mais do que a oferecer respostasprecisas e bem acabadas.Os argumentos apresentados por Freud acerca da terminabi-lidade das anlises detm-se em quatro aspectos principais: o fatortempo; as condies para um final satisfatrio da anlise; o carterprofiltico do tratamento; e os obstculos finalizao do proces-so psicanaltico. Vamos a eles.2. Freud e o problema do final das anlisesO fator tempoA primeira considerao freudiana acerca do fator tempo, ouseja, da durao do processo psicanaltico, a de que o problemadofimdasanlisesreferenteindagaoacercadascondiesadequadas para se avaliar o seu trmino no deve ser confundidocom a demanda da pressa (americana, diz-nos com franca ironia)para encurt-las (Freud, 1937/1980a). Claro que a questo do tem-po, no que se refere ao tratamento de crianas e adolescentes, temsuas especificidades. Caso contrrio, a julgar pela durao habitual182 - 197.pmd 29/04/08, 11:58 183Estilos da Clnica, 2007, Vol. XII, no 23, 182-197 184das anlises atualmente, qualquer tratamento de criana ou adoles-cente ir se transformar, depois de uma ou duas dcadas, em an-lise de adultos. Essa talvez seja a tendncia com adolescentes, cujafronteira com a definio de jovem adulto tnue, mas no comcrianas,quetmnoperododelatnciaenocasodeotrata-mento avanar atravs dela, na prpria adolescncia marcos sig-nificativos para os quais esto previstas modificaes tcnicas im-portantes no processo analtico. Um aspecto decisivo para a tem-poralidadedostratamentosdecrianasedeadolescentes,noentanto, a importncia detida nessas anlises pelos pais ou respon-sveis,quepodempretenderv-lasencurtadasporumasriedefatores.As condies para um final satisfatrio da anliseDo ponto de vista prtico, Freud (1937/1980a) sublinha queo tratamento se encerrar quando os parceiros deixarem de se en-contrar. Mas h duas condies para que se considere um trminosatisfatrio do processo analtico. A primeira, que o analisando noesteja mais apresentando os sintomas em funo dos quais buscouatendimento e que tenha superado a parcela restritiva das suas an-gstias e inibies; alm disso, preciso que o analista julgue que ograu de elaborao atingido justifique a no necessidade de temeruma repetio do mesmo processo que originou o sofrimento quetrouxe o sujeito anlise. Se esses critrios no estiverem presentes,oprocessoconsideradointerrompido,masnofinalizado.Socritrios bastante razoveis, mas convm considerar que bastantefreqente, no caso de crianas e adolescentes, os tratamentos se-rem interrompidos antes que essas condies sejam atingidas, jus-tamente pelo fato, j sublinhado, de que os responsveis legais pelacriana ou pelo adolescente podem decidir pela sua interrupo aqualquer momento.O carter profiltico do tratamentoO fato de se esperar que as condies para um trmino satis-fatrio da anlise sejam atingidas no garantia de que um novosofrimentopsquiconovenhaaacometerosanalisandos,masindcio de que dificilmente haver uma repetio dos mecanismospsquicos j elaborados. O tratamento psicanaltico no profilti-co, portanto, nada garante um equilbrio permanente da economiapsquicadosujeito,etampoucosepodeprever,deantemo,asdificuldades e sofrimentos que o analisando ter que atravessar aolongo da vida. Apenas se pode oferecer, aps um tratamento bem182 - 197.pmd 29/04/08, 11:58 184Artigo185sucedido, um arranjo psicodinmicomaisadequadoparaqueosujeitopossa enfrentar seu prprio destino.OexemploadotadoporFreudpara ilustrar os limites profilticos daanlise, apresentado no segundo ca-ptulo de Anlise terminvel e inter-minvel,noentanto,polmico:refere-seanliseempreendidaporFreudcomFerenczi(comosesabe,apesar de a identidade do analisandonotersidoreveladanaocasiodapublicao do ensaio). Freud faz alu-soaocasodeumpsicanalista(Fe-renczi)muitobemsucedidoprofis-sionalmente e afetivamente que, anosapsasuaanlise,queixa-sedequeseu analista (Freud) no havia analisa-doasuatransferncianegativa.Seuargumento baseia-se no fato de que,na ocasio, no havia sinais de trans-ferncia negativa, e s se pode tratardo que est presentemente ativo. Poroutrolado,provocarpossveisin-dcios de transferncia negativa arris-cariacomprometeratransfernciapositivaprincipalaliadadotrata-mento,nasuaconcepoe,por-tanto,aanlisecomoumtodo.Adespeito de serem conhecidas as di-ficuldadesdeFreudnomanejodosafetos nas anlises de seus discpulos,sobretudo no que concerne trans-ferncianegativa,hostilidadeeagressividade(Kupermann,1996),esse episdio ilustrativo dos obst-culos para se atingir um final de an-lise satisfatrio; e ganha uma impor-tnciaaindamaiornoqueserefereaoprocessocomcrianase,sobre-tudo,comadolescentes,comoserdesenvolvido adiante.Em relao clnica infanto-ju-venil,entretanto,apreocupaodeFreuderamenosadealertarqueaanlise no profiltica, do que a decomprovarque,paraascrianas,aanlise no iatrognica, no iria rou-bar sua inocncia, como se encon-tranoPs-escritoaocasoHans(Freud,1909/1980c),redigidoem1922.Nadcadade1920,Hansjeraumjovemhomeme,comoen-fatiza Freud, saudvel, apesar do di-vrciodospaisedacomplexidadede sua vida familiar, o que o deixarabastanteisolado1.Onicofatoqueintrigou Freud nessa ocasio foi queHansdeclarounoselembrardenada do que se passou durante o pe-rodoemquefoianalisado(porFreud, atravs das interpretaes vei-culadas por seu prprio pai). A am-nsia, tpica da latncia, ocorrera, ape-sardaanlise.Freudaproxima,en-to,oprocessoanalticodeumso-nho, que nos acorda noite, anali-sado,masesquecidopelamanh.Nesse ponto, convm perguntar: se-ria a amnsia um dos destinos privi-legiados do final da anlise com cri-anasqueaindanoatravessaramoperodo da latncia?Um ltimo aspecto referente aocarterprofilticodeumaanlisepodeserabordadoretomandooepisdio da queixa de Ferenczi de queFreudnolheanalisaraosaspectoshostis da transferncia a transfern-cianegativa.Pode-seperguntarseareclamaodeFerenczieramesmoinjustificada, ou se remetia a um pro-blemadamaiorimportnciaparaodesfecho satisfatrio da anlise: o danecessria disponibilidade sensvel dopsicanalistaparaqueotratamentochegue a bom termo. Mais explicita-mente:atransferncianegativano182 - 197.pmd 29/04/08, 11:58 185Estilos da Clnica, 2007, Vol. XII, no 23, 182-197 186estava mesmo presente, ou o analistano pde suport-la, evitando se ofe-recer como seu legtimo destinatrio?Justamente essa questo ocupou parteimportantedaobradeFerencziemseus ltimos anos de vida, levando-oa formular uma segunda regra fun-damental para a psicanlise, junto associao livre: a anlise do analista(Ferenczi, 1928/1992b). Questo se-melhante ocupou o pensamento, d-cadasdepois,deJacquesLacan(1968/2003), conduzindo ao concei-to de desejo do analista, e de Do-nald Winnicott (1975), sempre aten-to necessidade de o analista poderse oferecer para ser usado pelos anali-sandos sobretudo no que se refereao papel de destinatrio da sua agres-sividade.Os obstculos finalizao doprocessopsicanalticoAosereferiraoproblemadacuraempsicanlise,Freud(1937/1980a, p.252) sugere que mais im-portante perguntar-se pelos obstcu-los a ela do que se indagar sobre osseus critrios, suficientemente conhe-cidos.Claroque,nessapassagem,havia um cuidado na abordagem doproblemadacura,paraevitarsejaapressaamericana,jmencionada,seja a padronizao de supostos cri-trios de normalidade que poderiamservir como seu indicador.Quantoaosobstculoscura,Freud descreveu os graus de altera-o do ego do analisando, a reaoteraputica negativa e a resistncia melhora; no entanto, no final do en-saioapresentouaqueleque,desdeento, considerado o principal obs-tculoanlise,seulimitederradei-ro: o rochedo da castrao, que semanifesta em ambos os sexos comorepdiofeminilidade(1937/1980a).Assim,naleituradeFreud,osobstculoseoslimitesparaumaanliseesto,privilegiadamente,dolado do paciente.Porm, no que se refere ao tra-tamentodecrianaseadolescentes,os obstculos seriam os mesmos? Ointransponvel rochedo da castrao,ou o repdio feminilidade, tambmse imporia, nesses casos, como a prin-cipalbarreiraparaosucessodeumfinal de anlise? Para responder a es-sasquestes,encontramostrsver-tentes a serem investigadas. Em pri-meiro lugar, as dificuldades, por partedos analistas, no manejo da transfe-rnciacomcrianaseadolescentes;alm disso, as resistncias anlise doladodospais;finalmente,escutaroqueseriaprprioaotratamentodacriana e do adolescente. Passemos criana.3. Compartilhar com crianasRaspem o adulto, eencontraro a criana(Ferenczi,1909/1991)Osentidoimediatodamximaempregada por Ferenczi poderia serinterpretado de acordo com a avali-ao freudiana do trmino do trata-mento de Hans. Apesar de conceberqueossintomasfbicostofre-qentes em crianas que atravessamocomplexodedipo,devidoan-gstia de castrao (Hans tinha 5 anos)tendemapassarcomotempo,Freudconsiderouqueosesclareci-182 - 197.pmd 29/04/08, 11:58 186Artigo187mentos acerca das teorias sexuais infantis e as interpretaes sugeri-dasparaelucidaraformaodossintomashaviamlivradoHansdas inibies do recalque; inibies prprias das neuroses dos adul-tos.Nops-escritoaocaso,encontra-searevelaodequenoaprenderanadadenovocomaanlisedeHans(Freud,1909/1980c, p.152). Ou seja, toda anlise , em ltima instncia, anlise doinfantil; basta raspar o adulto, e mesmo a criana, e o que se encon-tra sempre o infantil.A prtica clnica com crianas, porm, floresce apenas a partirdos anos 1920, graas dedicao das psicanalistas que se dispuse-ram a ser as pioneiras da nova modalidade de atendimento e que,aobotaremamonamassaaorasparemacrianaencontra-ram especificidades inegveis, referentes ao emprego da regra fun-damental da associao livre, ao estabelecimento do enquadre e aomanejo da transferncia. recorrente, na histria da psicanlise, a concepo de que osmaiores obstculos para a anlise de crianas so justamente o em-prego da associao livre e o estabelecimento de uma transfernciadirigida ao analista (Arfouilloux, 1983). Quando iniciou os atendi-mentos infantis, ainda em 1921, von Hug Hellmuth visitava as cri-anas nas suas prprias casas, assimilava suas brincadeiras e jogoscomo material de anlise, mas considerava que a transferncia que acriana estabelece do tipo ideal, como se o psicanalista ocupas-se efetivamente o lugar de um dos pais, notadamente da me. VonHugHellmuthfoiquemprimeiropercebeuaimportnciaefetivadamenotratamentoe,tambm,seupapelcomoobstculoaomesmo, sobretudo pelo cime e pela angstia de separao quea relao da criana com o analista pode suscitar.Alguns anos depois, Anna Freud e Melanie Klein, em Viena eBerlim,respectivamente,desenvolveramenormementeaprticaclnica com crianas. As controvrsias que tiveram lugar na Soci-edade Britnica de Psicanlise (ambas emigraram para a Inglaterra)em torno das divergncias entre as suas idias repercutem at hoje,e muitos dos problemas a suscitados continuam a instigar as pes-quisas na comunidade psicanaltica (King & Steiner, 1998).Em O tratamento psicanaltico de crianas, Anna Freud (1971) afir-ma que as crianas no estabelecem uma neurose de transferncia,umavezqueseusobjetosprimriosdeamorospaisaindadetm papel crucial no seu processo de constituio subjetiva. Dei-xam, assim, de configurar imagens, cujos contornos bem defini-dos poderiam ser reeditados na transferncia analtica. Nesse senti-do, os contedos dos jogos infantis no so considerados smbolosdasrelaescomobjetosinternalizados,nocaracterizandoumaverdadeira associao livre; portanto, no deveriam ser interpreta-182 - 197.pmd 29/04/08, 11:58 187Estilos da Clnica, 2007, Vol. XII, no 23, 182-197 188dostransferencialmente.Freud(1932/1980d) acompanhou os argu-mentosdeAnna,acreditandoqueaanlisecomcrianasesbarranosli-mites da pedagogia, j que a crianapersistesubmetidaautoridadepa-rentale,assim,noestabeleceumatransferncia legtima com o psicana-lista. Essa posio contribui efetiva-mente para situar a clnica com crian-as entre dois dos ofcios considera-dosimpossveis:opsicanalisareoeducar.Porseuturno,MelanieKlein(1932/1997), criadora da tcnica deanlise atravs do brincar, apostavaqueoprimeirodosobstculosen-contradosnaclnicacomcrianasoempregodaassociaolivrese-ria superado ao se considerar a brin-cadeira da criana a via rgia para oinconsciente,domesmomodoqueo sonho o na anlise de adultos. Naconcepokleiniana,abrincadeirainfantil expresso autntica das an-gstias e dos conflitos decorrentes daambivalnciaedaculpaexperimen-tadapelacrianae,nessesentido,podeedeveserinterpretadacomoqualquerformaodoinconsciente.Em contrapartida, a inibio do brin-car merece interpretaes ainda maisprecoces, sobretudo da transferncianegativa,demaneiraaarrefeceran-gstiaseameaasmuitoprimitivas,possibilitandooestabelecimentodeumenquadreadequadoanlise.Para Klein, a transferncia na clnicainfantillegtima,umavezqueosobjetos,bemcomoosuperegoar-caico, so fantasiados precocementepela criana.Se Klein adotara como ponto departida para a psicanlise com crian-asomtodopsicanalticotradicio-nalmodificando-o,claro,masmantendo seus critrios de analisabi-lidade,aquestoimediataquesecolocouparaocampopsicanalticofoiadosefeitosderetornodessaexperincianaconcepomaisam-pla do que psicanalisar. Dessa ma-neira, encantado com o que assistia apartir das experincias de Anna Freude, sobretudo, de Melanie Klein, Sn-dor Ferenczi adotou um estilo clni-co inspirado na anlise de crianas baseado na regresso dependnciaenojogoldicotambmparaaanlisedeadultos.Seuobjetivoerabuscar atingir a linguagem da ternuraadequadaparasecomunicarcomoinfantil presente em cada analisando,como se encontra no ensaioAnlisesde crianas com adultos (Ferenczi, 1931/1992c).Comisso,apsicanlisecomcrianasmereceuumadignidadeatento indita, passando efetivamentea influenciar o entendimento geral so-bre a prxis psicanaltica.Oprincipalherdeirodoestiloclnico nomeado por Ferenczi an-lise atravs do jogo foi o pediatra epsicanalista britnico D. W. Winnicott.Coube a Winnicott (1975), que respi-ravaumaatmosferafortementein-fluenciadapelasidiaskleinianas,adenncia segundo a qual os analistasocupavam-semaisdocontedodabrincadeiradeinterpret-ladoque do brincar como atividade aut-noma de produo de sentido. E foimritoseuoreconhecimento,pelocampopsicanaltico,daimportnciado brincar compartilhado com crianas.Aotambmbotaramonamassa,tornandomaisheterogneaa linhagem at ento exclusivamente182 - 197.pmd 29/04/08, 11:58 188Artigo189femininadosanalistasdecrianas,Winnicotttevesucessoemtocaropontonevrlgicodoprocessodeconstituiodasubjetividade.Antesdodestacamentoentreasexperin-cias do mundo interno e do mundoexterno, preciso a vivncia suficien-temente boa da continuidade do ser.Noentanto,sublinhaWinnicott,ocentro de gravidade do ser no sur-ge no indivduo, mas na dupla ama-mentante. Ou seja, ao raspar a criana,Winnicott deparou-se no com qual-querncleoirredutvelquepoderiaser considerado a sede do desejo oua verdade do sujeito, o qual a anlisedeveria atingir regressivamente, mascomumaunidadedefinidapelocontextoambiente-indivduo(1952/2000,p.165).Dessaunidadeprimordial,pro-porcionadapelafiguradamesufi-cientemente boa, emerge a experin-cia de iluso e o sentimento de oni-potnciaquepermitirocrianaconstituirumaregiointermediriaentre o seu self e a realidade que gra-dualmente a ela se apresenta. Nessesentido,asubjetividadeseengendraatravs de um espao de experimen-taonomeadoporWinnicott(1975) espao potencial , no qual oselfinventaomundonamedidaemque o mundo convoca o self, em umprocesso criativo. Essas experinciasilusrias criadoras de si e do mundocompemocampodosfenmenostransicionais, do qual derivam as fa-culdades do fantasiar, do sonhar e dobrincar.A orientao winnicottiana paraaclnicacomcrianasencontra-se,assim, com a kleiniana, no sentido deconceberqueaprincipaltarefadeumaanlisefazercomqueumacriana inibida em sua expresso l-dicapossabrincar.Edelaseafastana medida em que concebe o trata-mentocomoumprocessonoqualduaspessoasbrincamjuntas;paraWinnicott (1975), o brincar compar-tilhadodefinenoapenasaclnicacomcrianas,masapsicanlisedeformageral.De fato, essa idia fora apresen-tadaporFerenczinosmomentosderradeirosdasuaobra,quandoaneocatarse e o jogo se impem, noplano da clnica, para o sucesso dosprocessosdeelaborao(Ferenczi,1930/1992d, 1931/1992c). Mas noDirioclnico(1932/1990,p.91)quenosdeparamoscomasuaformula-omaisdecisivae,tambm,maisembaraosa:adequeemcertosmomentos da anlise a impresso quese tem a de duas crianas que tro-camsuasexperincias,amparam-semutuamentee,configurandoumacomunidadededestino,podemtambm brincar juntas.A concepo de que uma anli-se qualquer anlise, de adultos bemcomo de crianas pressupe o en-contro de duas crianas o anali-sando e o analista aparece tambmem Winnicott, para quem a terapu-ticaefetua-senasuperposiodeduas reas ldicas, a do paciente e adoterapeuta.Entretanto,aconse-qnciadessasformulaesaexi-gncia de uma implicao com o so-frimento do analisando e de uma es-pecial sensibilidade afetiva por partedo psicanalista que, se no puder brin-car, simplesmente no se adqua aotrabalho(Winnicott,1975,p.80).Afinal, ser afetado pelo impacto trau-182 - 197.pmd 29/04/08, 11:58 189Estilos da Clnica, 2007, Vol. XII, no 23, 182-197 190mtico e pela intensidade ldica da criana requer uma grande dis-ponibilidade psquica, o que torna a prtica clnica com crianas, namaioria dos casos, mais difcil e mais delicada do que a psicanlisecom adultos (Dolto, 1985).No que se refere ao final de anlise, apesar de Anna Freud eMelanie Klein no terem se dedicado reflexo acerca da sua espe-cificidadecomcrianas,umaspectoprivilegiadoporambasarelao estabelecida pelas crianas, aps o processo analtico, comseu ambiente imediato, ou seja, com os pais. Nesse sentido, malgra-do suas divergncias, tanto Anna Freud quanto Klein ressaltaram aimportncia do acolhimento e do manejo dos conflitos, angstias,expectativaseculpabilidadesdospaissobretudodasmes.Emuma nota de rodap de A psicanlise de crianas, Klein (1932/1997,p.32) indica que, ao trmino do tratamento, deve-se esperar, almdo resgate da possibilidade de brincar e elaborar situaes traum-ticas,queacrianapossarestabelecerumaboaconvivnciacomseu ambiente e com seus pais2.Apesar de ter se dedicado anlise de adultos, Jacques Lacan(2003) circunscreveu com bastante preciso essa problemtica, aopostular na sua contribuio psicanalista Jenny Aubry que asintomatologia da criana est referida ao lugar que ocupa na fam-lia, privilegiadamente no fantasma materno. Sua primeira hiptese,deprognsticomaisfavorvel,adequeosintomadacrianaexpressaaverdadedocasalparental.Trata-sesempredeumasituao complexa, j que implica a constituio desejante de cadaum dos pais, e de difcil abordagem clnica, uma vez que a escutados pais se impe como condio sine qua non do tratamento, con-siderando os riscos de boicote e interrupo a implicados. A alter-nativa, de prognstico mais sombrio e mais prximo da instalaode uma psicose, a de que a criana ocupa um lugar irredutvel nofantasma materno, podendo-se dizer, nesse caso, que a criana setorna o objeto da me, sem outra funo que no a de revelara verdade desse objeto (2003, p.369).A escola francesa de psicanlise com crianas, que tem Fran-oise Dolto e Maud Mannoni como principais expoentes, adotoucomo ponto de partida a orientao lacaniana, manifestando a ten-dncia a escutar o sintoma da criana como efeito da constituiodolaoparental,privilegiadamentedodesejodame.Essacon-cepo parece sugerir uma passividade radical da criana frente aodesejodoOutro,representadopelafamliaemqueseencontrainserida. Algumas crticas se fizeram nesse sentido (Poulain-Colom-bier, 1986; Zornig, 2000) e, no limite, poder-se-ia de fato pergun-tarhumoristicamente,comoofazMariaCristinaKupfer(2002):pais, melhor no t-los?.182 - 197.pmd 29/04/08, 11:58 190Artigo191No entanto, para alm das caricaturas, a questo crucial que secoloca a do que se pode esperar do final de uma anlise de crian-a, considerando sua efetiva dependncia do desejo materno e doambiente familiar. A abordagem dessa questo remete-nos de vol-taaotextofreudiano,noqualorochedodacastraoimpe-secomo obstculo derradeiro para um trmino satisfatrio do trata-mento.Reconhecendo que a clnica com crianas tem especificidades;que o tratamento psicanaltico na infncia no se confunde com aanlise do infantil, presente tanto nas crianas quanto nos adultos; e,sobretudo,considerandoolugardacrianafrenteaofantasmamaterno,pode-seconceber,acompanhandoSilviaZornig(1999),que a questo do fim da anlise com crianas remete ao confrontocom a castrao materna e possibilidade de a criana no respon-der,comoseuprpriocorpo,aogozomaterno.Odesafioim-posto para a criana no percurso da sua anlise , assim, o de cons-tituirseuprpriofantasmae,nomenosimportante,seuplanosingular de criao. Essa operao exige, decerto, uma temporali-dade especfica, como sugerido pela amnsia de Hans. Afinal, umtrmino satisfatrio de anlise de criana s pode, efetivamente, seravaliado a posteriori, com as vicissitudes da adolescncia.Assim, se a questo do final de anlise com crianas remete aoperododelatnciaeamnsiaquesganharnovosentidonaadolescncia,passemosreflexoacercadofinaldotratamentocom adolescentes.4. Acompanhar adolescentesNo sabemos o que queremos, mas sabemos o que no queremos(murosdeParis,maiode1968)O jovem de hoje sente que a psicanlise est nas mosda gerao dos seus pais e , assim, suspeita(AnnaFreud,1968/1974)Em alguns ensaios da dcada de 1960 marcada pelas rebe-liesjuvenisemtodoomundoede1970,Winnicottindicoucom preciso o paradoxo vivido pelo adolescente: a necessidadede poder rebelar-se em um contexto ambiental que acolha, conte-nha e detenha essa mesma rebelio (Winnicott, 1961/2005, 1964/2002, 1975).Octave Mannoni, em um artigo bastante esclarecedor intitula-doAadolescnciaanalisvel?(1996),sublinhaaimportnciadasidias de Winnicott para a clnica com adolescentes, e auxilia-nos a182 - 197.pmd 29/04/08, 11:58 191Estilos da Clnica, 2007, Vol. XII, no 23, 182-197 192organizar essas mesmas idias, apre-sentadasdemodonemsempresis-temtico.Achamadacrisedaadolescncia foi concebida pelo psi-canalista ingls como sinal de sade,nodevendosertratadaouanalisa-da,masacompanhadaeconfron-tada. Assim, tanto a sociedade de ummodo geral quanto o psicanalista nosettingclnicodeveriamsedisporaacompanh-laativamenteparaquepudesse ganhar consistncia afetiva naexperinciadoadolescentee,dessamaneira, possibilitar alguma elabora-o. Mannoni sugere, alm disso, queas patologias que afligem os adoles-centessocrisesimpedidasdesemanifestar e de ganhar expresso.Etimologicamente,Krisisindicaestado agudo, mas tambm momen-todejulgamentoededeciso;nocaso da medicina, julgamento e deci-so entre a vida e a morte. SegundoWinnicott(1961/2005,1964/2002,1975), a crise da adolescncia tem umtempo de durao, e demanda que asua temporalidade seja acolhida peloambiente. Os distrbios que acome-temgravementeadolescentesde-presso,esquizofreniaeparania,compulses,bemcomooriscodesuicdio podem indicar efetivamen-te um no vivido, seja pela falta de sus-tentao dos pais, seja pela intolern-cia do meio social.A crise de adolescncia marca-da,sobretudo,pelaproblemticaidentificatria(Mannoni,1996).Oadolescente encontra-se frente a duastarefasqueexigemumenormetra-balhopsquico:desligar-sedospri-meiros objetos de amor infantil paie me para poder constituir novosobjetosdeinvestimentolibidinaleposicionar-secomoadultoemumaculturaque,noentanto,impe-lheuma moratria (Erikson, 1976) quetende a ser tanto decepcionante quan-to agonizante. Nesse sentido, Winni-cott (1975) insiste em que a luta doadolescente caracteriza-se pela agres-sividadeepelanecessidadedeas-sassinarospais,suportandoaan-gstiadodesamparoeaculpaporessas mortes e assassinatos. A deside-alizao e a desidentificao por quepassaoadolescenteremetemne-cessidadedeumtrabalhodeluto,condioparaacriaodenovosobjetos de satisfao ertica e para asublimao, que possibilitar o ingres-so no universo dos adultos e o des-frute das satisfaes e realizaes hmuitoprometidas.Pode-seconsiderar,acompa-nhando os problemas anteriormenteexpostos,queacontribuiomaisoriginal de Winnicott para o vislum-bredeumtrminosatisfatrionaclnica de adolescentes est na noode uso do objeto (Winnicott, 1975). Defato, na concepo winnicottiana datransferncia, o psicanalista, alm derepresentarimagoscomasquaisoanalisando se relaciona de modo con-flituoso, deve tambm poder se ofe-recer para ser efetivamente usado. Parao analisando, o uso do analista impli-cadestruirseusobjetossubjetivosparaencontrarumnovoobjeto,doqualopsicanalistaosuporte,nomaiscomofeixedeprojeesfan-tasmticas,pormcomoalteridaderadical,apartediferente-de-siquehabitaosujeito(p.131).Acondionecessria para essa operao crucial a de que o psicanalista sobreviva asua destruio; o que pressupe, alm182 - 197.pmd 29/04/08, 11:58 192Artigo193da sua presena sensvel, que no hajaretaliao da agresso sofrida; deixar-semorrer,pararenasceremoutroespaoetempo.Assim,resgatandoaanalogiafreudiana com o jogo de xadrez, per-cebe-se que a clnica com adolescen-tes impe ao psicanalista o enfrenta-mento de desafios radicais tanto emseulancedeaberturaquantonodofechamento.Deincio,trata-sededecidir se h sofrimento e dor legti-mosparaseremacompanhados,ouse a demanda dos pais e da socieda-depelotratamentodoadolescenterevelaasuaprpriadificuldadeemacolherpositivamenteosmovimen-tos agressivos e em conter com dig-nidade a luta do adolescente. Quantoao final, este implica a disponibilida-desensveldopsicanalistaparaseoferecercomodestinatrioadequa-doparaaagressividadecriadorae,tambm, para a transferncia negati-va,cujomanejosempreprovocoudificuldadesaolongodahistriadapsicanlise.A noo de luta, atravs da qualWinnicott nomeia a crise de adoles-cncia,explicita,portanto,adimen-so de embate poltico embutido naproblemtica do adolescente o quefazdaclnicadoadolescenteolocusprivilegiadoondesecruzam,demodomaisdecisivo,astrsprofis-sesnomeadasporFreudimposs-veis(psicanlise,educaoegover-no).Almdisso,permiterelativizarasdificuldadesencontradasnotra-tamento dos adolescentes, o que foiintudomasnosuficientementeelaborado por Anna Freud (1968/1974),justamenteem1968,anoemque as revoltas juvenis inflamaram oOcidente; isto , talvez essas dificul-dadesresidamnotantonocartersupostamente intratvel do sofrimen-to adolescente, mas sobretudo na in-compreensodosprpriospsicana-listas com respeito questo impos-ta socialmente pela adolescncia.Contudo,mesmoentendendo-sequehumaefetivademandadetratamentoporpartedoadolescen-te, persiste o impasse delineado porWinnicott(1961/2005):analisarquem no quer ser compreendido.O psicanalista precisaria contar, nes-se caso, com o despojamento que lhepermite evitar colocar-se no lugar dedetentor do saber, para jogar comseuanalisandoadolescente.ComoescreveMannoni:noopondooimaginrioaosimblicoquesevaicurar...oimaginrioemnomedaverdade... O analista no ganha nadasepermanecerdoladodosaber(1996, p.34).Noentanto,oquesignificajo-gar/brincar3 com o adolescente? Vi-mos de que maneira a brincadeira seimps no setting psicanaltico a partirdascontribuiesdeFerencziedeWinnicott,caracterizandoumnovoestilo de psicanalisar, no qual impor-ta menos a interpretao desvelado-ra do contedo inconsciente dos jo-gos,doqueacirculaodosafetospromovidapelobrincar.Seguindoessa pista, uma sugesto para a clni-ca com adolescentes seria dispor dohumorabrincadeiradoadulto(Freud, 1908/1980e) compartilha-do entre analista e analisando. Ao rirde si mesmo, o psicanalista facilita otrabalho de desidealizao e de desi-dentificaoaoqualoadolescentese dedica em seu longo e penoso tra-182 - 197.pmd 29/04/08, 11:58 193Estilos da Clnica, 2007, Vol. XII, no 23, 182-197 194balhodeluto.mesmonotrioocultivodohumoraoqualosadolescentes se dedicam nas suas modalidades de lao social. Aomesmo tempo, a circulao do humor entre analista e analisandopoderiacontribuirparaumescapedasfobias,dopnico,edasfalsassoluesparanicasparaaangstiadodesamparo,mar-cadamenteasdaadesoaprojetosfundamentalistasdeexis-tncia e as da violncia dos grupos delinqentes, bastante freqen-tes no contemporneo (Winnicott, 1964/2002).A atitude humorstica , como j suficientemente demons-trado (Kupermann, 2003, 2005), avessa a toda e qualquer idea-lizao superegica, e remete ao inevitvel estado de orfandadeaquenosvemossubmetidosdesdeoadventodamodernida-de,semleno,semdocumento,mascomapossibilidadedeviverdemodocriativo.Umacondiodecisiva,noentanto,para se poder rir de si mesmo quando se est sendo permanen-temente atacado em sua posio de saber/poder, como no casodaclnicacomadolescentes,comoalertaWinnicott(1964/2002), evitar a inveja que o adolescente nos provoca. Isso im-plica que o analista tenha sucesso ao se remeter a sua histria devida,asualoucura,aosofrimentoeliberdade,experimenta-dos na prpria adolescncia.O que parece, enfim, haver de comum no final das anlises decrianas e de adolescentes a aquisio, pelos analisandos, do queWinnicott(1958/1990)nomeoucapacidadeparaestars.Sejapara conquistar alguma autonomia em relao verdade do casalparental e ao fantasma da me, no caso da criana; seja para per-correr a penosa travessia rumo independncia, no caso do ado-lescente.Compartilhar com a criana e acompanhar o adolescente , assim,dispor-se a uma comunicao direta com seu silncio e sua solido,estabelecendo uma ressonncia afetiva que lhes permite ficar ss,mas no traumaticamente abandonados.ABSTRACTThisessayintendstoleadtoreflectionontheproblemsconcerningtheendofanalysiswithchildrenandadolescents.Bytakingahistoricalpaththroughsomeofthemostimportantcontributionstoinfanto-juvenileclinicalpractice,especiallytheideasof D.W.Winnicott,wesuggest that playing together with the child, as well as accompany, with humour, the fight oftheadolescent,leadtothecapacitytobealone.Indexterms:psychoanalyticalclinic;endof analysis;children;adolescents;capacitytobealone.182 - 197.pmd 29/04/08, 11:58 194Artigo195RESUMENEnesteensayo,sepretendereflexionarsobrelosproblemasvinculadosalfinaldelanlisisconniosyadolescentes.Apartirdetrazarlatrayectoriahistricadelasprincipalescontribuciones para el psicoanlisis de la infancia y la adolescencia, con especial destaque paralasideasdeD.W.Winnicott,sesugierequetantoeljuegocompartidoconelnio,cuantoacompaar, con humor, la lucha del adolescente, apuntan en la direccin de la capacidad paraestarsolo.Palabrasclave:clnicapsicoanaltica;finaldelanlisis;nios;adolescentes;capacidadparaestarsolo.REFERNCIAS BIBLIOGRFICASArfouilloux, J.-C. (1983). Entrevista com a criana: A abordagem da criana atravs dodilogo, do brinquedo e do desenho(A. Ribeiro, trad.). Rio de Janeiro: Zahar.Erikson,E.(1976).Identidade,juventudeecrise(A.Cabral,trad.).RiodeJaneiro:Zahar.Dolto,F.(1985).Seminriodepsicanlisedecrianas(VeraRibeiro,trad.).RiodeJaneiro:Zahar.Ferenczi,S.(1990).Dirioclnico(A.Cabral,trad.).SoPaulo:MartinsFontes.(Trabalho original escrito em 1932).(1991).Transfernciaeintrojeo.InS.Ferenczi,PsicanliseI(A.Cabral,trad.,pp.77-108).SoPaulo:MartinsFontes.(Trabalhooriginalescritoem1909). (1992a). O problema do fim da anlise. In S. Ferenczi, Psicanlise IV (A.Cabral,trad.,pp.15-24).SoPaulo:MartinsFontes.(Trabalhooriginalescritoem1928).(1992b).Elasticidadedatcnica.InS.Ferenczi,PsicanliseIV(A.Cabral, trad., pp. 25-36). So Paulo: Martins Fontes. (Trabalho original escri-toem1928). (1992c). Anlises de crianas com adultos. In S. Ferenczi, PsicanliseIV (A. Cabral, trad., pp. 69-83). So Paulo: Martins Fontes. (Trabalho origi-nalescritoem1931).(1992d).Princpioderelaxamentoeneocatarse.InS.Ferenczi,PsicanliseIV(A.Cabral,trad.,pp.53-68).SoPaulo:MartinsFontes.(Tra-balho original escrito em 1930).Freud, A. (1971). O tratamento psicanaltico de crianas (M. A. Moura Matos, trad.).Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original escrito em 1926).(1974).Difficultssurvenantsurlechemindelapsychanalyse.Nouvellerevuedepsychanalyse,10,Paris:Gallimard.(Trabalhooriginalescritoem1968).Freud, S. (1980a. Anlise terminvel e interminvel. In S. Freud, Edio standardbrasileira das obras psicolgicas completas de Sigmund Freud(J.Salomo,trad.,Vol.23,pp.239-288).RiodeJaneiro:Imago.(Trabalhooriginalpublicadoem1937).182 - 197.pmd 29/04/08, 11:58 195Estilos da Clnica, 2007, Vol. XII, no 23, 182-197 196(1980b).Sobreoinciodotra-tamento. In S. Freud, Edio standard brasi-leiradasobraspsicolgicascompletasdeSig-mund Freud (J. Salomo, trad., Vol. 12, pp.164-192).RiodeJaneiro:Imago.(Traba-lho original publicado em 1913). (1980c). Anlise de uma fobiaem um menino de cinco anos. In S. Freud,Ediostandardbrasileiradasobraspsicol-gicascompletasdeSigmundFreud(J.Salo-mo,trad.,Vol.10,pp.15-158).RiodeJaneiro: Imago. (Trabalho original publi-cadoem1909). (1980d). Novas conferncias in-trodutrias sobre a psicanlise confern-ciaXXXIV.InS.Freud,EdiostandardbrasileiradasobraspsicolgicascompletasdeSigmundFreud(J.Salomo,trad.,Vol.22,pp. 167-192). Rio de Janeiro: Imago. (Tra-balho original publicado em 1932).(1980e). Escritores criativos edevaneio. In S. Freud, Edio standard bra-sileiradasobraspsicolgicascompletasdeSig-mund Freud(J.Salomo,trad., Vol.9,pp.149-162). Rio de Janeiro: Imago. (Traba-lho original publicado em 1908).King,P&Steiner,R.(Orgs.).(1998).AscontrovrsiasFreud-Klein1941-45.(A.M. Spira, trad.). Rio de Janeiro: Imago.Klein,M.(1991).Sobreoscritriosparaotrmino de uma psicanlise. In M. Klein,ObrasCompletasdeMelanieKlein.Vol.III.Inveja e gratido e outros trabalhos 1946-1963(B. H. Mandelbaum et alii, trad., pp. 64-69). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho ori-ginalpublicadoem1950).Klein,M.(1997).Apsicanlisedecrianas(LianaP.Chaves,trad.).RiodeJaneiro:Imago.(Trabalhooriginalpublicadoem1932)Kupermann,D.(1996).Transfernciascruza-das.Umahistriadapsicanliseesuasinsti-tuies.RiodeJaneiro:Revan.(2003).Ousarrir.Humor,cria-oepsicanlise.RiodeJaneiro:Civiliza-o Brasileira. (2005). Perder a vida, mas noa piada. O humor entre companheiros dedescrena.InA.Slavutsky&D.Kuper-mann(Orgs.),Seriatrgico...senofossecmico. Humor e psicanlise (pp. 21-49). Riode Janeiro: Civilizao Brasileira.Kupfer,M.C.(2002).Pais:melhornot-los?In A.M. S.deRosenberg(Org.),Olugardospaisnapsicanlisedecrianas(pp.99-119).SoPaulo:Escuta.Lacan,J.(2003).Proposiode9deoutu-brode1967.InJ.Lacan,Outrosescritos(Vera Ribeiro, trad., pp. 248-264). Rio deJaneiro:JorgeZahar.(Trabalhooriginalpublicadoem1968).(2003).Notasobreacriana.InJ.Lacan,Outrosescritos(VeraRibeiro,trad., pp. 369-370). Rio de Janeiro: JorgeZahar.(Trabalhooriginalescritoem1969).Mannoni, O. (1996). A adolescncia anali-svel? (Telma Queiroz, trad.) In A. I. Cor-ra (Org.)Mais tarde agora! Ensaios sobreaadolescncia.Salvador:Agalma.Poulain-Colombier, J. (1986). Historique desconceptsetdestechniques.Littoral,18,Paris: Ers.Winnicott,D.W.(1975).Obrincareareali-dade. (J. Abreu e V. Nobre, trad.). Rio deJaneiro:Imago(Trabalhooriginalpubli-cadoem1971).(1990).Acapacidadeparaes-tar s. In D. W. Winnicott, O ambiente e osprocessosdematurao(IrineoOrtiz,trad.,pp.31-37).PortoAlegre,RS:Artesm-dicas.(trabalhooriginalpublicadoem1958).(2000).Ansiedadeassociadainsegurana. In D. W. Winnicott, Da pedi-atriapsicanlise.Obrasescolhidas(DavyBogomoletz,trad.,163-167).RiodeJa-neiro: Imago. (Trabalho original publica-doem1952).(2002). A juventude no dor-mir. In Privao e delinqncia (A. Cabral,trad.,pp.177-182).SoPaulo:Martins182 - 197.pmd 29/04/08, 11:58 196Artigo197Fontes,(Trabalhooriginalpublicadoem1964).(2005).Adolescncia,trans-pondo a zona das calmarias. In A famlia eodesenvolvimentoindividual(M.B.Cipolla,trad.,pp.115-128).SoPaulo:MartinsFontes.(Trabalhooriginalpublicadoem1961).Zornig, S. (1999). A questo do desamparona clnica psicanaltica com crianas. Pul-sionalRevistadePsicanlise,(12)126,63-69.(2000).Acrianaeoinfantilempsicanlise.SoPaulo:Escuta.NOTAS1 A questo do isolamento na clnica de ado-lescentes e sua diferena para com a capaci-dade para ficar s ser examinada na ltimaparte deste ensaio.2 VertambmSobreoscritriosparaotrminodeumapsicanlise(Klein,1950/1991).3 No alemo (spielen), no ingls (to play) e nofrancs (jouer), uma nica palavra utilizadapara os sentidos que atribumos a jogar e brin-car. Entre ns no Brasil, jogo est mais refe-rido a atividades ldicas e esportivas adultas,enquanto o brincar reservado principalmen-te s atividades [email protected]/2007.Aceitoemnovembro/2007.182 - 197.pmd 29/04/08, 11:58 197