6992134 Bogdan Suchodolski a Pedagogia e as Grandes Correntes FilosOficas

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5/10/2018 6992134BogdanSuchodolskiaPedagogiaeasGrandesCorrentesFilosOficas-s... http://slidepdf.com/reader/full/6992134-bogdan-suchodolski-a-pedagogia-e-as-grandes-corrente a pedagogia e as grandes correntes filos Ficas bogdan suchodolski disciplina: fundamentos filos ficos da educa o �� professor: gilmar livro: a pedagogia e as grandes correntes filos ficas autor: bogdan suchodolski editora: livros horizonte, lda ano: 1978- 2 edi o �� capa: a pedagogia e as grandes correntes filos Ficas bogdan suchodolski pedagogia da ess ncia e a pedagogia da exist ncia livros horizonte 2 edi o- 1978 �� autor: bogdan suchodolski copyright by: agencia autorska- warszawa tradu o de: dr . liliana rombert soeiro �� capa de: moura - george reservados todos os direitos de publica o total ou parcial para a l ngua ��  portuguesa por livros horizonte, lda. rua das chagas, 17, 1 .-dto.- lisboa- 2 que reserva a propriedade sobre esta  tradu o. �� p gina: 1 bogdan suchodolski- nasceu em 1907, em sosnowiec, na pol nia. doutorou-se em  filosofia pela universidade de vars via (1925), aonde, ap s algum tempo no ensino  secund rio, veio a ser, depois da guerra, professor titular de pedagogia geral. e desde 1958, diretor do instituto de ci ncias pedag gicas da mesma universidade. membro de academias cient ficas  polacas, da academia internacional da hist ria da ci ncia, do conselho diretivo da  associa o �� internacional das ci ncias da educa o, foi um dos fundadores da comparative ��  education society in europe, criada em londres em 1961. durante a ocupa o alem de 1939 a ��  1943, foi um dos corajosos animadores da universidade clandestina. as obras que publicou (algumas traduzidas na europa ocidental), constituem um testemunho de interesse que vota s quest es filos ficas da pedagogia nas suas rela es com ��  as situa es �� sociais. neste livro, suchodolski defende o que poss vel discernir na hist ria  do

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a pedagogia e as grandes correntes filos Ficas�bogdan suchodolski

disciplina: fundamentos filos ficos da educa o� ��professor: gilmarlivro: a pedagogia e as grandes correntes filos ficas�autor: bogdan suchodolskieditora: livros horizonte, ldaano: 1978- 2 edi o� ��

capa:

a pedagogia e as grandes correntes filos Ficas�

bogdan suchodolski

pedagogia da ess ncia e a pedagogia da exist ncia� �

livros horizonte

2 edi o- 1978� ��autor: bogdan suchodolskicopyright by: agencia autorska- warszawatradu o de: dr . liliana rombert soeiro�� �capa de: moura - george

reservados todos os direitos de publica o total ou parcial para a l ngua�� �  portuguesa porlivros horizonte, lda.rua das chagas, 17, 1 .-dto.- lisboa- 2 que reserva a propriedade sobre esta�  tradu o.��

p gina: 1�

bogdan suchodolski- nasceu em 1907, em sosnowiec, na pol nia. doutorou-se em�  filosofiapela universidade de vars via (1925), aonde, ap s algum tempo no ensino� �  secund rio, veio a�ser, depois da guerra, professor titular de pedagogia geral. e desde 1958, diretordo institutode ci ncias pedag gicas da mesma universidade. membro de academias cient ficas� � �  polacas,da academia internacional da hist ria da ci ncia, do conselho diretivo da� �  associa o��

internacional das ci ncias da educa o, foi um dos fundadores da comparative� ��  educationsociety in europe, criada em londres em 1961. durante a ocupa o alem de 1939 a�� �  1943,foi um dos corajosos animadores da universidade clandestina.as obras que publicou (algumas traduzidas na europa ocidental), constituem umtestemunhode interesse que vota s quest es filos ficas da pedagogia nas suas rela es com� � � ��  as situa es��sociais. neste livro, suchodolski defende o que poss vel discernir na hist ria� � �  do

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pensamento pedag gico duas tend ncias fundamentais: uma, a da pedagogia firmada na� �  

ess ncia do homem, outra na sua exist ncia. esta perspectiva abre para uma nova� �compreens o e uma nova leitura das grandes doutrinas pedag gicas. partindo, ele� �  pr prio, de�uma teoria da natureza social do homem, vem a preconizar a instaura o de um��  sistema socialde escala humana em que a educa o criadora deve desempenhar um papel essencial.��

a tradutora- liliana rombert soeirolicenciada em ci ncias- filos ficas e curso de ci ncias pedag gicas pela� � � �  universidade delisboa. desde logo se interessou particularmente por psicologia e pedagogia, tendo

freq entado o laborat rio egas moniz- centro de psicologia cl nica da faculdade de� � �  medicinade lisboa. durante alguns anos foi professora do ensino secund rio, em especial,�  na escolahelen keller, onde trabalhou com invisuais- e na escola de artes decorativasant nio�arrolo.

atualmente exerce as fun es de psicot cnica no fundo de desenvolvimento da m o�� � �  d obra.�

p gina: 7�

pref Cio�apresentar o autor, professor polaco bogdan suchodolski e o seu livro a pedagogiae asgrandes correntes filos ficas, para mim uma grande honra.� �b. suchodolski realizou os seus estudos superiores nas universidades de crac via e�  vars via,�depois em berlim e em paris. foi professor liceal at 1939, em seguida professor�  agregado

na universidade de vars via. durante a ocupa o alem , foi um dos corajosos� �� �  animadores dauniversidade clandestina. ap s a guerra tornou-se professor de pedagogia geral na�universidade de vars via, diretor do instituto de ci ncias pedag gicas e membro da� � �  

academia polaca de ci ncias.�a sua brilhante carreira foi acompanhada por uma importante obra. publicou j , em�  polaco,tr s trabalhos que o seu interesse pelas quest es filos ficas da pedagogia,� � �  relacionadas comas situa es sociais. primeiramente publicou para uma pedagogia Escala da nossa�� �  poca,�onde critica as teorias educativas que j n o correspondem s condi es do homem� � � ��  

moderno.a sua obra teoria materialista da educa o uma an lise da filosofia de karl�� � �  marx, em quesalienta o aspecto pedag gico da pol mica que marx travou com autores tais como� �  hegel eproudhon. finalmente, educa o para o futuro define as perspectivas do��desenvolvimento do mundo moderno, as

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transforma es revolucion rias verificadas na sociedade e as responsabilidades da�� �  

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educa o��do futuro.conheci suchodolski em 1959, no decurso da quinzena polaca organizada pelauniversidadede paris. tive novamente o prazer de o escutar este ano, ao ser encarregado de umcurso defilosofia polaca do s culo xviii na escola pr tica de altos estudos. foi-me dado� �  apreciar a

sua grande curiosidade de esp rito, servida pelo conhecimento de nossa l ngua e de� �  v rias�outras l nguas estrangeiras, o seu gosto de historiador fil sofo da educa o,� � ��  felizmenteassociado a um sentimento profundo das realidades pedag gicas e preocupa o em� � ��corresponder s necessidades da juventude da nossa poca.� �a leitura do seu manuscrito a pedagogia e as correntes filos ficas provocou em mim�  umvivo prazer intelectual, do g nero que nasce em contacto com uma interpreta o das� ��  coisasem que nunca se tinha pensado at esse momento. b. suchodoski descobre, com�  efeito, nahist ria pedag gica duas tend ncias fundamentais, uma pedagogia baseada na� � �  

ess ncia do�homem e uma pedagogia baseada na exist ncia do homem, cada qual correspondendo a�  umagrande corrente do pensamento filos fico. a primeira destas duas doutrinas, que� � tamb m a�mais antiga, assenta numa concep o ideal do homem, racionalista em plat O, crist�� � � 

p gina: 9�

em s. tom s de aquino. a segunda, mais tardia percept vel j em rousseau e� � �seguidamente em kierkegaard, toma o homem tal como e n o como deveria ser. o� �autor acompanha pormenorizadamente o desenvolvimento destas concep es pedag gicas�� �  

fundamentais e o seu conflito, at a poca contempor nea. poder-se- pensar que� � � �  uma talinterpreta o geral n o explica tudo. se intent ssemos aplic -la excessivamente�� � � �  sistem tico,�esbarrar amos com s rias dificuldades, pois realidade humana sempre mais rica� � �  que aexplica o e a descri o que dela nos faz o espirito humano.�� ��n o obstante, fornece-nos um fio condutor precioso. atribui uma esp cie de� �  unidadeorg nica hist ria pedag gica, permite o esclarecimento de diversos aspectos e a� � � �  corre o��de abundantes id ias feitas. isso torna-se percept vel pelo lugar ocupado nesta� �  

perspectivapelas doutrinas de comenius, de durkheim ou de b. russell.esta chave abre sem d vida numerosas portas.�

um dos aspectos que mais me interessaram na tese nova e sedutora desuchodolski �a confronta o que estabelece, a prop sito do movimento da educa o nova entre as�� � ��pedagogias da evolu o da crian a e as pedagogias da adapta o as condi es do�� � �� ��  meio; ou asprimeiras correm o risco de cair na utopia ou as segundas tendem a refugiar-se noconformismo. h muito que sentia esta oposi o no que� ��

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respeita psicologia da crian a: primeiramente salientaram-se os processos de� �  evolu o,��hoje. ao contr rio. insiste-se cada vez mais nos processos de adapta o. de uma� ��  gera o de��psic logos a outra a transforma o manifesta. em minha opini o, n o h� �� � � � � contradi o. nem��mesmo conflito entre o estudo das condutas de crescimento e o das adaptativas. s o�  

complementares. mas a transi o de uma para a outra reflete uma diferen a de�� �  preocupa o��caracter stica e provoca uma mudan a de orienta o pedag gica. atrav s da leitura� � �� � �  destelivro ver-se- como o autor explica a oposi o entre os defensores da evolu o e� �� ��  os daadapta o, no conflito que se empenham as pedagogias essencialistas e�� �  existencialistas.

suchodolski n o procura um compromisso entre ess ncia e exist ncia: a obra� � �  queatualmente prepara sobre a hist ria do pensamento do homem pretende mostrar a�  

g nese de�uma concep o ativa que se situa para l das duas concep es tradicionais e�� � ��  segundo a qual ohomem criador do seu pr prio meio e de si mesmo. a segunda parte de a pedagogia� �  e ascorrentes filos ficas esbo a j claramente o sentido da sua reflex o. para evitar� � � �simultaneamente trair a liberdade , devido a um desejo de adapta o r gida, e� � �� �  trair a�realidade , devido a um desejo ut pico de desenvolvimento ideal, parte de uma� �  teoria da�

p gina: 11�

natureza social do homem . o objetivo da educa o moderna de contribuir para� �� � �  que aexist ncia humana possa tornar-se base da cria o da ess ncia humana . isto sup e� �� � � �  ainstaura o de um sistema social escala humana em que a educa o criadora�� � � � ��  dever�desempenhar um papel essencial.o autor n o oculta as suas convic es pessoais que j se expremiam mais� �� �  abertamente nassuas obras anteriores. em face do que designa por pedagogia burguesa>> da�  exist ncia e da�velha pedagogia da ess ncia do homem numa pedagogia socialista que coloca a� �  sua

esperan a. por m, para al m das ideologias, testemunha tal largueza de esp rito,� � � �  talsimpatia pela juventude atual, que exprime freq entemente a sua revolta confusa� �  em facedo mal, agindo mal, seria bem dif cil esquivarmo-nos a partilhar as suas�  aspira es que s o as�� �de todos os homens de boa vontade.por todas estas raz es, sinto-me feliz em acolher este apelo e penetrante estudo.�  vem de umpa s que sempre foi estimado pela fran a e de um autor cuja probidade e valor� �  intelectual

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inspiram estima e simpatia.maurice debesse � 

professor na sorbonne.

p gina: 12�(n o tem nada)�

p gina: 13�

primeira parteaspecto hist Rico do problema�

p gina: 14�(n o tem nada)�

p gina: 15�

iess Ncia e exist Ncia.� �conflito fundamental do pensamento pedag Gico�

tentou-se variad ssimas vezes, como sabido, efetuar uma classifica o� � ��  do ricopatrim nio constitu do pelo pensamento pedag gico moderno. utilizaram-se v rios� � � �princ pios de classifica o, o que tornou poss vel agrupar de v rios modos� �� � �  autores, pontos devista, correntes e posi es. delinearam-se assim quadros muito diversos da��  pedagogiamoderna. esses quadros t m. sem d vida, valor did tico, pois ao classific -los de� � � �  modosdistintos evidenciaram-se m ltiplos aspectos das diferentes posi es pedag gicas;� �� �  isto podecontribuir para a compreens o de um fato hist rico, a saber: que as posi es� � ��  

pedag gicas�defendidas nunca foram homog neas; no entanto, quer pela genealogia, quer pelas�  suasrepercuss es, revelaram sempre numerosos elementos de contacto. assim, se�  percorrermos oextenso conjunto de pontos de vista e de posi es pedag gicas tomando como�� �  refer ncia�princ pios de classifica o diferentes, d -se uma boa li o de antiesquematismo e� �� � ��  depensamento anal tico que mostra em que medida a realidade, aparentemente�  homog nea de� �fato variada.

p gina: 16�

a pedagogia e as correntes filos Ficas�

mas n o basta ficar por aqui. os exerc cios ainda que intelectuais s o� � � � �  v lidos, mas o�que ao fim e ao cabo importa n o tanto a variedade dos aspectos poss veis do� � �  pensamentopedag gico com a compreens o da sua problem tica essencial , que condiciona quer a� � �  sua

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aquisi o quer os seus erros. as classifica es efetuadas a partir de princ pios�� �� �  exteriores aoprocesso hist rico de desenvolvimento n o servem para alcan ar esta finalidade.� � �  pelocontr rio , o que pode contribuir para atingi-la uma an lise capaz de revelar� � �  as dificuldadesinteriores que o pensamento pedag gico moderno enfrentou e capazes de revelar as�contradi es internas que se tornaram ponto de partida de luta de concep es. por�� ��  

esta viapodemos insistir quer sobre as fontes sociais do desenvolvimento e de complexidade

crescente da problem tica pedag gica, quer sobre as fontes sociais das� �  contradi es que se��revelam, ou ainda dar maior import ncia an lise desta mesma problem tica e� � � � � focagem doeixo central do seu desenvolvimento e das suas contradi es. evidente que estes�� �  doispontos de vista se devem completar; todavia neste trabalho limitar-nos-emos � an lise da�problem tica, renunciando an lise da problem tica, renunciando an lise dos� � � � � �  aspectos que

a condicionam.ao considerar a quest o, deste modo pensamos poder penetrar no aspecto profundo do�  

processo de desenvolvido pensamento pedag gico moderno e evidenciar as lutas�  crecentesque ocorrem entre o que se poder designar a pedagogia da exist ncia e a pedagogia� �  daess ncia. na base desta oposi o encontra-se a controv rsia filos fica a da� �� � �  filosofia daess ncia e da filosofia da exist ncia. contrav rsia que remonta aos tempos mais� � �  recuados eque se mant m at aos nossos dias. esta querela filos fica n o respeita unicamente� � � �  os

problemas metafisicos abstratos, toca o pr prio homem. a filosofia do homem� � elaborada

p gina: 17�

de modo totalmente diverso, conforme se tomam para ponto de partida a filosofia daess ncia�ou a da exist ncia.�esta diferen a conduz-nos justamente ao pr prio cora o das querelas pedag gicas.� � �� �

p gina: 18� ii

pedagogia de plat O�e pedagogia crist�

no processo hist rico de desenvolvimento do pensamento pedag gico moderno a� �prioridade pertence s concep es que atribuem educa o a fun o de realizar o� �� � �� ��  que emo homem deve ser. como deve ser o homem? a sua ess ncia que o determina ou, como� �  

foi exprimido com mais precis o, a sua ess ncia verdadeira ? a grande heran a do� � � � �idealismo antigo e crist o constitui a base destas concep es. o retorno constante� ��  a estas

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tradi es levou a distinguir o eu emp rico do homem e a sua ess ncia real.�� � � � �a filosofia de plat O foi uma das fontes principais destas concep es. a sua� ��import ncia capital na hist ria espiritual da europa resulta n o s de ter sido� � � �  por diversasvezes ponto de partida de v rias correntes filos ficas, desde a poca helen stica� � � �  aorenascimento, mas tamb m de algumas teses desta filosofia terem entrado por vezes�  no

dom nio p blico quase geral, tornando-se express o da posi o idealista mais� � � ��  vulgar emrela o realidade. isto revelou-se particularmente f rtil no campo da pedagogia.�� � �  

plat O ensinou a diferenciar o mundo da ideia perfeita,�

p gina: 19�

que n o mais que o mundo das sombras, n o t m de facto verdadeira, real, e o� � � �  mundo das�sombras , emp rico, imperfeito, inconstante, de facto irreal, que o terreno da� � �  vida humana;plat O distinguiu no pr prio homem o que pertence a este mundo das sombras o� � �  

corpo,o desejo, os sentidos, etc. e o que pertence ao mundo magn fico das ideias: o� �  esp rito na�sua forma pensante. estas distin es constitu ram o motivo cl ssico que conduziu a�� � �  

pedagogia da ess ncia a descurar tudo o que emp rico no homem e em torno do� � �  homem e aconceber a educa o como medidas para desenvolverem no homem tudo o que implica a��  suaparticipa o na realidade ideal, tudo o que define a sua ess ncia verdadeira,�� �  embora asfixiadapela sua exist ncia emp rica� �como sabido, o pr prio plat O no seu sistema pedag gico p s em relevo o papel da� � � � �  

educa o como factor que conduz o homem a descoberta da p tria verdadeira e ideal.�� �  aeduca o do pensamento, de acordo com plat O, pode recorrer a observa o sens vel�� � �� �  dascoisas e ao estudo dial tico das opini es; o que, todavia, n o d o conhecimento� � � �  verdadeiro; oconhecimento do mundo imut vel da ideia s poss vel como reminisc ncia da vida� � � � �  que opensamento observou nesse mundo, antes de animar o corpo e de surgir entre osreflexos dascoisas. de modo id ntico, a educa o moral atinge os desejos, os h bitos, a� �� �  vontade; mas as

decis es definitivas, relativas ao bem e ao mal, provem do mundo ideal, a que�  pertence opensamento. e, tal como na educa o do esp rito n o existe uma via que possa�� � �  conduzir daobserva o sens vel aos cumes do conhecimento, na educa o moral n o existe uma�� � �� �  via queconduza das experi ncias da vida quotidiana ao pleno desenvolvimento da�  personalidademoral. nos dois casos, estes n veis preliminares, ligados como est o ao mundo� �  emp rico,�

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import ncia pr pria. n o conduzem aos n veis mais elevados, mas a um determinado� � � �momento venturoso; o esp rito recorda a sua p tria verdadeira e dela emana uma luz� �  qua-litativamente nova, que nos mostra a verdade e o bem e que refor a o nosso dom nio� �  

sobre o corpo e os desejos. a educa o verdadeira , justamente, o aux lio�� � � � �  

prestado aestas for as do outro mundo que o homem tem em si.� � �o cristianismo manteve transformou e desenvolveu a concep o plat nica.�� �  real ou�ainda com mais for a oposi o de duas esferas da realidade: verdadeira e� � ��  eterna por umlado, aparente e temporal por outro. acentuou, ainda com mais intensidade, oconflitointerior do homem dilacerado entre o que o liga vida material e o que o une ao�  mundoespiritual. a teoria do pecado original e das suas consequ ncias duradouras�  constituiuunia advert ncia, de uma energia sem par, para o homem n o ceder ao que aparenta� �  

ser asua realidade e a do meio que o rodeia, pois n o representa mais que um estado de�corrup o e o lugar do seu ex lio. n o basta que a educa o se negue a apoiar-se�� � � ��  nestarealidade: deve tamb m venc -la. a verdadeira educa o cumpre ligar o homem sua� � �� �verdadeira p tria, a p tria celeste, e destruir ao mesmo tempo tudo o que prende o� �  homemsua exist ncia terrestre.� �verdade que esta concep o asc tica da pedagogia da ess ncia n o preencheu toda� �� � � �  

atradi o crist ; todavia, constituiu o seu sentido fundamental at mesmo onde os�� � �princ pios da pedagogia foram enunciados de modo mais moderado. assim o demonstra�  a

teoria de s. tom s de, aquino, que se liga filosofia de arist Teles. este n o� � � �perfilhava o idealismo plat nico e a sua filosofia incide na problem tica do mundo� �  

emp rico. todavia, as concep es de arist Teles constituem um dos fundamentos da� �� �pedagogia da ess ncia. arist Teles fez uma distin o que teve� � ��

p gina: 21�

grande import ncia na hist ria da filosofia: separou a mat ria da forma. de acordo� � �  com a suaconcep o, a mat ria passiva vari vel, neutra; a forma activa, duradoura, e d�� � � � � � um aspectoqualitativamente definido. a forma do homem a atividade, uma atividade� � �  

espec fica. n o� �a que possui semelhan a de plantas e animais, mas a actividade pensante. esta� �  forma� �molda a mat ria e cria o homem. h , portanto, uma forma para cada homem. a� � � � � �  tarefa daeduca o consiste em atuar da mesma maneira em todos. n o a partir da mat ria�� � � �  queconv m avan ar para a forma do homem; pelo contr rio, preciso moldar a mat ria� � � � � � �  com aenergia do sentido contido na no o de forma humana. a orienta o da ac o�� �� ��  educativa �

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assim id ntica de plat O, embora variem os seus motivos de justifica o.� � � ��inspirando-se embora nesta filosofia, s. tom S de aquino op s-se aos aspectos� �excessivos da interpreta o asc tica da pedagogia da ess ncia, mas conservou as�� � �  tesesprincipais tal como o fez arist Teles em rela o s teorias pedag gicas de plat O,� �� � � �  

cujos aspectos. extremos igualmente rejeitava. na obra de magistro, s. tom de�  aquino

definiu a tarefa e as possibilidades da educa o, baseando-se na distin o entre�� ��  potencial eactual. ao negar a concep o das id ias inatas, como reserva sempre dispon vel do�� � �  esp rito�do conhecimento, s. tom S considerou que o ensino era uma actividade em virtude da�  qualos dons potenciais se tornam realidade actual. este processo, quer pelo lado doeducador,quer pelo do pr prio aluno, implica uma actividade. alargando este ponto de vista�  a todo otrabalho educativo, s. tom s p s em relevo o papel da vontade para se assenhorear� �  danatureza fal vel do homem. mas esta actividade n o tem a sua origem no pr prio� � �  

homem,nem este que a dirige; as suas regras foram esta-�

p gina: 22�

belecidas definitivamente nas santas escrituras, no apelo de cristo para o ensinode todos ospovos; o seu xito est sempre ligado gra a da provid ncia. n o h cria o� � � � � � � ��  independente naactividade do homem; esta n o mais do que um meio pelo qual o ideal da verdade e� �  o idealdo bem, autorit rios e dogm ticos devem formar a natureza corrompida do homem.� �

p gina: 23�

iiiinicio do conflito entre a pedagogia da ess Ncia e a pedagogia da�exist Ncia�

na poca do renascimento, a pedagogia da ess ncia desenvolveu-se ainda mais. este� �desenvolvimento caracteriza-se pela sua liga o s tradi es laicas e�� � ��  racionalistas do mundoantigo, a concep o do homem ser pensante.��erasmo de roterd o, na obra de pueris nstituendis, exp s como deve ser entendida� � �  anatureza humana. e aquela propriedade comum a todos os homens cuja raz o a for a� � �  

queorienta a vida humana. em conformidade com este car cter fundamental da natureza�  humana,a educa o deve combater tudo o que se lhe op e e desenvolver tudo o que lhe�� � � pr prio.�todavia, a poca do renascimento, que herdou as tradi es antigas e crist s (tu� �� �  pedagogia daess ncia e as completou com a sua concep o pr pria do modelo do homem baseado na� �� �confian a na raz o e nas aquisi es culturais da antiguidade, foi tamb m a poca� � �� � �  que viunascer concep es de educa o absolutamente opostas.�� ��

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a grande corrente de seculariza o da vida n o p s em quest o unicamente a�� � � �  autoridade daigreja e o direito de

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essa mesma igreja ditar as normas das diversas orienta es da actividade humana.��  p s�igualmente uma quest o a princ pio receosamente e sem aud cia o pr prio� � � � � �  princ -�pio da autoridade a que o homem devia submeter-se. as criticas as concep es ent o�� �  emvigor, que surgiram no campo da filosofia, significavam que as experi ncias�  intelectuaisnovas podiam ter uma for a superior da tradi o transmitida. quando, no campo da� � ��  

vida social e pol tica, se puseram em d vida direitos at ent o imut veis do clero� � � � �  e daaristocracia feudal, isso traduzia que as necessidades e as aspira es��  caracter sticas de�certos grupos de popula o podiam ter for a superior das normas do direito e dos�� � �  

fun-damentos do regime em vigor.quando, no campo da moral, se submeteram cr tica tanto as soturnas pr ticas dos� � �ascetas da idade m dia, como a tica oportunista do clero, quando se exigiu uma� �renova o moral de acordo com as experi ncias morais profundamente pessoais, tudo�� �isto significava que estas experi ncias podiam conter uma for a superior dos� � �  c digos�de conduta transmitidos atrav s dos s culos.� �em todos estes factos amadurecia uma interroga o: o homem deveria obedecer aos��ideais, normas, mandamentos, exemplos e concep es que ent o vigoravam? ou noutros�� �

termos: ser a experi ncia interior do homem uma mat ria bruta que deve� � �  serseleccionada e formada por ideais seculares ou poder ser o homem considerado uma�  

fonteanimada de ideais novos?estas quest es como se sabe foram formuladas com espont nea for a no� � � � �movimento reformista. toda a hist ria do seu conflito com a igreja cat lica e das� �  suaslutas internas mostra justamente este dilema: o homem deve

ir buscar em si pr prio o sentido da sua f e as normas da sua vida?� �

p gina: 25�

a aud cia desta segunda alternativa perece habitualmente nas fogueiras ou�  extingue-se nos

labirintos das exegeses e das pol micas teol gicas est reis. mas, n o obstante,� � � �  era a que se�encontrava a coragem de confiar em si mesmo, nos seus pr prios pensamentos,�  experi ncias�e vontade. por influ ncia destas perspectivas, o passado perdeu o seu car cter de� �  reino emque rea1izaram as ideias absolutas e imut veis; come ou-se a destrin ar nele a� � �  luta aautoridade, a luta tr gica para obter o direito de viver conforme as suas pr prias� �  experi ncias.�as grandes heresias, as diversas orienta es m sticas inspiradoras de numerosos�� �  

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movimentosreligiosos, tomaram nova fei o: foram prova de que as experi ncias e as�� �  necessidades quecaracterizam os homens em um lugar e tempo determinados podem opor-se aos� �  princ pios�que devem vigorar em todo o lugar e sempre .� �os processos, de que acabamos de salientar os caracteres essenciais, significam na

perspectiva futura a matura o antropol gica dos grandes problemas do problema�� � �  dapr pria ess ncia do homem. convir conceb -la como um conte do ideal, eterno e� � � � �  universal,que deve ser encarnado em toda a sua extens o nos homens concretos, ou a ess ncia� �  dohomem consistir justamente na riqueza da diversidade ? assim nasceu o problema da� �  

individualidade. ter o homem uma ess ncia completa desde o in cio ou estar em� � � �  forma o,��em transforma o, pelo menos nalguns dom nio? assim nasceu o problema do�� �desenvolvimento do homem. estes dois problemas come avam t o-somente a esbo ar-se;� � �  

mas j a ideia de que o homem homem porque pode ser tudo e que a individualidade� �  uma�

forma preciosa de realiza o da ess ncia humana foi claramente formulada durante o�� �  

renascimento.em especial, os fil sofos italianos desta poca enrique-� �

p gina: 26�

ceram a concep o do homem com diversos elementos novos. para nos convencermos��da verdade desta afirma o basta lembrar os estudos de l. valli e de pic de la��mira n dole.em conex o com estas modifica es na concep o do homem surgiram alguns ind cios,� �� �� �

embora ainda modestos, de renova o do pensamento pedag gico. a cr tica da�� � �escolamedieval e da pedagogia medieval inspirou-se n o s na nova concep o do ideal,� � ��  mastamb m nos direitos e nas necessidades da crian a. este ponto de vista foi� �  defendido, emborasem grande ousadia, mas o que importa notar a sua exist ncia por vittorino da� �  feltre(1378-1446) na c lebre escola que dirigia em m ntua, a casa giocosa, primeira� �  escola alegree criadora adaptada s caracter sticas ps quicas da crian a, que desenvolvia os� � � �  seus dons emtodas as direc es. a ideia de da feltre n o foi seguida, mas na pedagogia�� �  

humanit ria�passou-se a tornar a crian a em considera o no decorrer do ensino e adaptam-se os� ��  m todos�ao n vel intelectual da crian a.� �erasmo de roterd o deu v rias indica es razo veis aos mestres na obra de pueris� � �� �instituendis; ao afirmar que o conhecimento imposto pelo verbo e a mem ria n o� � �proveitoso para o aluno preveniu-os contra uma ilus o nefasta. jean- louis (1492-�1540) manifestava as mesmas tend ncias; criou os alicerces de uma teoria�  psicol gica�do ensino; considerava que pode ser concebida uma did ctica justa e eficaz,�  baseada

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nas experi ncias com xito do mestre.� �quase simultaneamente, erguia-se uma verdadeira onda de revolta contra a pedagogia

tradicional. enquanto nas concep es dos humanistas se conservaram os princ pios�� �fundamentais da ess ncia, admitindo somente algumas concess es em rela o aos� � ��meios de a realizar, pelo contr rio,�

p gina: 27�

em certas correntes ideol gicas do renascimento, tentou-se enveredar com aud cia� �  por umaconcep o que outorga aos homens o direito de viverem de acordo com o seu��  pensamento.para al m de numerosas obras sobre vidas exemplares de uma rica literatura� � �  moralizante, epara al m de numerosos modelos, surgem livros sobre a vida humana, que descrevem�  n o o�que o homem deve ser, mas aquilo que na realidade. foi essa a caracter stica da� �  literaturaque, retomando as tradi es populares, descrevia her is populares tais como till�� �eulenspiegel. foi esse tamb m o cunho da obra de rabelais (1490-1553), que ao�

relatar as aventuras de pantagruel contava na realidade a hist ria da educa o de� ��  um homem.nesta mesma dire o caminhava montaigne (1553-1592); os seus ensaios s o na�� �realidade um grande <<ensaio de vida>> relacionado com o pr prio autor e as suas�experi ncias. montaigne criticou o car cter superficial e verbal da educa o quer� � ��escol stica quer humanista, mas nesta cr tica foi muito mais longe que os seus� �  predecessores.n o se tratava de lutar por melhores m todos de educa o, mas mostrar a� � ��  profundidadeignorada do processo educativo e revelar a sua liga o com a vida real do homem.��  as ideiasda pedagogia da exist ncia, ainda vagas, mas j Fortes e vivas, manifestavam na� �  obra de

m0ntaigne tend ncia para revoltar-se contra a pedagogia da ess ncia; esta revolta� �condenava n o somente os princ pios de adestramento postos em d vida pela maioria� � �  doshumanistas, mas tamb m as afirma es fundamentais da pedagogia da ess ncia, isto� �� �  , a�submiss o do homem aos valores e aos dogmas tradicionais e eternos.�o renascimento, como vemos por este curto resumo, foi uma poca em que a�  pedagogia daess ncia, continuando a procurar inspira o nas tradi es pedag gicas antigas e� �� �� �  crist s, criou�novas concep es de prot tipos e de normas�� �

p gina: 28�

que devem regular os homens e a educa o. mas este per odo de grandes�� �  transforma es��sociais foi uma poca em que o ataque contra a ordem hier rquica eclesi stica e� � �  feudal,estabelecida na pr tica e na ideologia, se transforma em revolta contra toda a�  autoridade,revolta realizada em nome das leis correntes da vida. a variedade de formas destarebeli o�dos grandes movimentos camponeses a aud cia dos reformadores religiosos� � � 

tornou-

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se fonte de novos conceitos do homem. em liga o com estas correntes, e a��  acrescentar-sediscuss o dos m todos utilizados pela pedagogia da ess ncia, estabeleceu-se um� � � �  

debatesobre os seus pr prios princ pios. iniciou-se uma grande controv rsia: qual deve� � �  ser oalcance da renova o da educa o?�� ��limitar-se ao conte do do ideal imposto e dos m todos para o inculcar, ou incluir� �tamb m a cr tica do pr prio princ pio do ideal? em vez de um instrumento que serve� � � �  paradar vida a algo de ideal, dever permitir conceber a educa o como fun o da vida?� �� ��

p gina: 29�

ivpedagogia da natureza

a querela entre a pedagogia da ess ncia e a pedagogia da exist ncia iniciada� �  durante orenascimento prosseguiu no decurso do s culo xvii. a pedagogia da ess ncia mant m� � �  

a suaimport ncia primordial e passa mesmo ao ataque. esta ofensiva apresenta dois�  aspectos: ummais tradicional e outro mais moderno. a orienta o tradicional foi, representada��  pelosjesu tas, que, com a publica o em 1599 da c lebre obra ratio studiorum, se� �� �  tornaramsenhores de uma grande parte da educa o europeia. enquanto, por um lado, faziam��  not veis�concess es no sentido de uma relativa adapta o do trabalho, do ensino e da� ��  educa o�� �juventude, os jesu tas real aram ainda com mais vigor o sentido religioso e� �  dogm tico da�

ess ncia pedag gica.� �como ordem combatente destinada a destruir o movimento reformista e a hostilizarnodom nio da ci ncia, da filosofia, da arte e na vida moral as tend ncias� � �  consideradas perigosas,dentro da perspectiva da igreja, os jesu tas desenvolveram a sua a o recorrendo a� ��  diversosmeios; um deles era a escola, que devia formar os jovens de modo a tornarem-sefi is e�obedientes filhos da igreja.

p gina: 30�

a orienta o moderna manifestou-se atrav s de uma filosofia que utilizava a no o�� � ��  denatureza. esta filosofia perfilhava a orienta o principal das investiga es no�� ��  dom nio das�ci ncias sociais. no s culo xvii e, ainda, no s culo xviii retornando as� � � �  tradi es��antigas, particularmente as est icas, e utilizando os resultados das modernas�  ci ncias da�natureza fez-se grande progresso no sentido de uma concep o laica e cient fica� �� �  dasleis da natureza; o intuito destes trabalhos era alcan ar uma compreens o da� �  

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natureza quepermitisse definir as bases quer da vida dos homens nas rela es entre si, quer da��  activi-dade humana em todos os seus dom nios. de facto, todos os esfor os feitos neste� �  sentidoformaram uma concep o geral designada mais tarde sistema natural da cultura .�� � �sistema natural da cultura era uma concep o intelectual que possibilitava a��  express o�moderna das teses fundamentais da filosofia que utilizavam a no o de ess ncia do�� �homem. no momento em que as variantes tradicionais desta filosofia plat nica e�aristot lico-tomista j n o eram de modo geral aceites, a concep o liter ria do� � � �� �humanismo parecia afastar-se cada vez mais das necessidades da vida social e dodesenvolvimento da ci ncia, a teoria do direito da natureza reuniu os elementos�tradicionais ainda defens veis e tornou-se express o das tend ncias que se� � �  propunhamfornecer aos homens uma defini o duradoura das normas de vida e de conduta. em��  nomedeste tribunal ideal da natureza podiam-se formular ju zos sobre as institui es� ��

concretas e sobre as leis em vigor, sobre os atos e os homens concretos; podia-sedistinguir o

que no homem e no mundo que o rodeia digno de ser respeitado e conservado e o�  que �contra a natureza devendo ser eliminado.a fun o desempenhada no sistema de plat O pelo mundo da ideia foi retomada pela�� �natureza , que se� �

p gina: 31�

tomou lei e modelo supremo, com a diferen a de que as decis es deste tribunal n o� � �punham em quest o a realidade emp rica do homem e do que o cerca, mas contribuem� �para a analisar, diferenciar, ajuizar e corrigir.o sistema natural de cultura englobava um conjunto de ideias e de normascom um

significado geral e permanente. devia ser um tribunal para condenar a viol ncia, a�  for a e�a injusti a; mas devia constituir tamb m um trav o ao relativismo, ao cepticismo� � �  aoate smo e libertinagem. edi o moderna da filosofia que concebe a ess ncia do� � �� �  homemde modo metaf sico e dogm tico, o sistema natural da cultura foi o ponto de� �  partida deuma luta que se concentrou nestes dois pontos: destruir o que na vida real doshomensviolava os princ pios da ordem natural e combater as aspira es audaciosas que� ��  punhamem duvida a exist ncia de tais princ pios e tendiam para a conquista da liberdade� �  

dodom nio do pensamento e da moral.�o sistema natural da cultura, al m de conter os princ pios da religi o natural, os� � �  princ pios da�pol tica de estado e de legislatura baseados no direito natural, os princ pios de� �  moralresultantes da ordem natural, etc., englobava igualmente os problemas pedag gicos.�  jeanamos comenius (1593-1670) foi precisamente o criador de um sistema pedag gico�dependente da natureza. o car ter deste sistema , ainda hoje, objecto de� �  confus es funda-�

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mentais. comenius continuou a tradi o do renascimento de tornar mais f cil e�� �  agrad vel�o ensino escolar; em conex o com a filosofia emp rica da poca, empreendeu um� � �  trabalhoimenso de transforma o fundamental dos programas e dos m todos de ensino.�� �  aproxima-seda crian a de modo incomparavelmente mais marcado do que qualquer dos seus�predecessores ou contempor neos. aconselha, com toda a l gica, e mais do que� �  

qualqueroutro, que o

p gina: 32�

mestre siga o exemplo do jardineiro, que trata das plantas conforme as suasnecessidades epossibilidades. mas tudo isto n o nos permite afirmar que comenius seja o criador�  donaturalismo pedag gico, concebido de modo moderno como uma adapta o da educa o e� �� ��  doensino natureza psicol gica da crian a e s tend ncias do seu desenvolvimento.� � � � �  pelo

contr rio, comenius defende com energia o�princ pio de que a educa o deve formar o homem de acordo com uma finalidade� ��previamente estabelecida. a no o de natureza do autor n o tem significado�� �  emp rico na�acep o em que se considera o homem tal como concretamente. escreve comenius:�� �por natureza n o entendemos a corrup o que,� ��a partir da queda, atingiu todos os homens... maso nosso sistema espiritual original e essencial, aoqual devemos ser conduzidos como a um estado

preliminarassim entendida, a natureza constitui a verdadeira ess ncia do homem que, embora� � �  

exista no homem emp rico, n o pode nas condi es da vida concreta desenvolver-se� � ��

plenamente, pois se encontra asfixiada pela corrup o que nos atingiu . a� �� �  educa o��deve, tal como o proclamava h s culos a pedagogia da ess ncia, dar a sua� � �  contribui o de��modo que a verdadeira ess ncia humana possa assenhorear-se dos homens concretos; a�  

educa o n o deve e desde h s culos que a pedagogia da ess ncia nos prevenia�� � � � � �  nessesentido escolher como ponto de partida o indiv duo emp rico, pois a sua vida e� � �  umavida de corrup o.��

p gina: 33�

embora comenius. herdeiro da audaciosa tradi o humanista do renascimento, diga��  que ohomem tudo porque capaz de tornar-se tudo a sua convic o fundamental que a� � �� �educa o, que faz do homem um homem, a que, apesar da sua vida de pecado, o�� �  reconduz �sua ess ncia mais profunda.�por esta raz o, a pedagogia de comenius, apesar das concess es que faz� � � compreens o�das necessidades da vida presente da crian a. insere-se no vasto campo da�  pedagogia da

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ess ncia. em rela o qual constitui uma forma moderna. porque se liga a an lise� �� � �  psicol gica�do homem, muito embora esteja ainda carregada de no es tradicionais e religiosas.��a concep o perfilhada por comenius teve outros defensores que na mesma poca.�� �refletiram no problema da pedagogia partindo de outros pontos de vista, j. locke,porexemplo, que estava longe de partilhar todos os pontos de vista de comenius e quetinha

horizontes pedag gicos muito mais modestos, desenvolveu na obra pens es sur� �  l ducation a��teoria da forma o moral do adolescente de acordo com as exig ncias do seu estado;�� �  estateoria constitui efetivamente uma variante da concep o tradicional. a posi o de�� ��  lockeera sintom tica de diversas orienta es pedag gicas, principalmente em inglaterra� �� �  e fran a,�que de h muito tomavam um certo tipo de homem o gentleman, o homem galante� ��como base e medida da educa o. foi nestas correntes que se revelou. de modo muito��  

evidente, a tend ncia caracter stica, nas sociedades divididas em classes daquela� �  poca, para�

estabelecer correspond ncia entre o estilo de vida das classes reinantes e as�  concep es sobre��a

p gina: 34�

ess ncia do homem. nestas condi es, a pedagogia da ess ncia encontrava-se sempre� �� �defendida por aquelas classes que se gabavam de que a ess ncia verdadeira, do�  homem serealiza de modo mais perfeito nos membros da sua pr pria classe do que nos membros�  dasoutras classes. a vida das outras classes parecia muito pouco humana , porque n o� � �  sofria

a a o da educa o. n o podia e n o devia ser elevada pela educa o a um n vel�� �� � � �� �humano , porque o principio fundamental da sociedade dividida em estados n o o� � �permitia.

p gina: 35�

perspectivas do desenvolvimentoda pedagogia da existenciano s Culo xvii�

no s culo xvii ser poss vel encontrar o que design mos por pedagogia da� � � �  exist ncia, isto� �uma continua o destes sentimentos de revolta contra a pedagogia da ess ncia? n o�� � �  

pareceque tenha havido progresso neste, evocar certas concep es filos ficas que, sem�� �  terem aindaimport ncia pedag gica direta, alcan ar o esse valor num per odo ulterior.� � � � �temos, em primeiro lugar as concep es que se referem a natureza emp rica do�� �  homem.al m das especula es filos ficas sobre a natureza do homem concebida� �� �  metafisicamentecomo sua ess ncia, come aram a avolumar-se considera es sobre caracter sticas� � �� �empiricamente acess veis aos homens. o pr prio comenius interessou-se� �  profundamente

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por esta quest o; esta atitude era uma consequ ncia inevit vel da concess o que a� � � �  pedagogiada ess ncia fez vida concreta com a revis o dos seus m todos tradicionais de� � � �  educa o e de��ensino. uma vez que se aceita tomar em considera o a crian a viva e espont nea,�� � �  pelomenos no dom nio dos m todos pedag gicos, o problema do conhecimento mais concreto� � �  da

sua natureza emp rica devia p r-� �

p gina: 36�

se de modo cada vez mais imperativo. pr ximo do fim da sua vida, comenius tentou�determinar as caracter sticas principais da natureza humana compreendida deste�  modo eformulou conclus es muito interessantes relativamente ao seu triplo car ter� �  (raz o,�palavra, m o).�o conhecimento da natureza real, ou melhor, emp rica do homem refor ado em� �  partepelas observa es dos viajantes e mission rios tomava-se um assunto cheio de�� �  

atrativos.os resultados obtidos eram muito variados; por vezes, salientavam-se a bondadenata danatureza humana, a sua intelig ncia e a sua capacidade de amor; outras vezes, pelo�  

contr rio, o seu car ter ego sta e feroz. mas em qualquer dos casos os problemas� � �  daeduca o foram focados com uma nova luz. se o homem bom por natureza, a educa o�� � ��  

n o deve ser concedida de modo a conduzir a destrui o de todo o seu eu emp rico e� �� �  aorenascimento da sua verdadeira ess ncia oculta; a educa o poderia apoiar-se sobre� ��  a

totalidade do homem emp rico, acompanhando o desenvolvimento das suas for as, dos� �seus gostos e aspira es. se o homem e naturalmente bom, a educa o�� ��

n o deve ir contra o homem para formar o homem. tal pensamento surge com o�renascimento, mas Rousseau que ir dar-lhe desenvolvimento.� �por m, que se h de fazer se o homem naturalmente um ser ego sta e mau? esta� � � �concep o, que at ent o era considerada pelos adeptos da pedagogia da ess ncia�� � � �  argu-mento para demonstrar a necessidade de dominar o homem,

teve no s culo xvii outra vers o, hobbes defendeu esta perspectiva: partindo da� �  suaobserva o que necess rio emendar o homem, mas sim que cumpre adaptar a�� � �  

organiza o��social natureza humana. esta conclus o cortava pela raiz at a necessidade� � �

p gina: 37�

de uma pedagogia da ess ncia, porquanto a obra que esta prometia efetuar se�  revelava in til.�no fundo, era esta a ideia que o ingl s b. mandeville exprimia no romance em que�defende que se pode organizar a sociedade tendo como alicerce indiv duos ego stas.� �  

mandeville tentou tira destas concep es conclus es concretas para a pedagogia na�� �  

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obrade 1724 intitulada an essay on charity and charity schools. mas s mais tarde se�  podeatribuir verdadeiramente pedagogia da exist ncia a concep o de que a vida� � ��  social pode edeve basear-se nos homens tal como existem realmente e n o requer de modo nenhum�homens reformados de acordo com os moldes de uma pedagogia da ess ncia.�a filosofia do s culo xvii debru ou-se sobre um segundo problema fundamental que,� �todavia, s foi explorado pelo pensamento pedag gico bastante mais tarde: o� � �  problema daindividualidade levantado por leibniz. a sua metaf sica, em que interv m as no es� � ��  dem nadas, de harmonia preestabelecida, exprimiu numa linguagem idealista teses�  cujasconsequ ncias pedag gicas coincidiam em determinados dom nios com o que acabamos� � �  demostrar relativamente a hobbes. as m nadas tinham em si mesmas o sentido do seu�desenvolvimento e visto que a harmonia entre elas foi garantida embora sem seremformadasnuma dire o definida de coexist ncia, a pedagogia da ess ncia n o necess ria.�� � � � � �  s se pode�

conceber uma pedagogia que ajude a desenvolver aquilo que cada m nada. uma� �  educa o��ao servi o exclusivo da individualidade um pensamento impl cito na filosofia de� � �  leibnizque pocas posteriores, ao pronunciarem-se categoricamente contra os objetivos da�pedagogia da ess ncia, n o deixaram de salientar.� �no entanto, s mais tarde se tiraram todas estas consequ ncias. na poca que nos� � �  interessa �o s culo xvii� �

p gina: 38�

imperava sob formas diversas a concep o da pedagogia da ess ncia. um forte�� �  

ataque a estapedagogia surge em meados do s culo xvii, ataque perfeitamente consciente, que�  alcan ou�sob certos aspectos grandes vit rias e que foi f rtil em repercuss es: o seu autor� � �  foi jean-jacques rousseau.

p gina: 39�

virousseau e pestalozzi

aparentemente, rousseau continua a pedagogia concebida por comenius porque, tal

como este, utiliza a no o de natureza da crian a. mas rousseau v -a de modo�� � �  puramenteemp rico, n o procura uma natureza com o sentido de ess ncia verdadeira do homem,� � �  pelocontr rio, ele nada quer impor ao homem. a realidade que interessa rousseau e o�  absorvea vida concreta, quotidiana e verdadeira do homem. o autor das confiss es� �  

reclama, demodo muito mais ousado do que j o fizera anteriormente montaigne, o direito a uma�  

vida liberta dos entraves da autoridade, da opini o, dos modelos e da moral�  

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convencional. aoatacar o regime feudal condena toda a sua cultura, o seu modo de viver e os seusideais. osincitamentos de rousseau para retornar ao estado natural eram um apelorevolucion rio�para abolir este regime, para confiar na vida que brota espontaneamente nos homenslivres deentraves, era uma afirma o de desd m pelas pessoas bem educadas.�� �o programa pedag gico desta revolta encontra-se no em lio, que a� �  aristocracia francesaquis destruir e queimar;

p gina: 40�

tornou-se o manifesto do novo pensamento pedag gico e assim permaneceu at aos� �  nossosdias. o autor pretendeu provar que bom tudo o que sai das m os do criador da� �  natureza etudo degenera nas m os do homem. posto isto, ser poss vel confiar aos homens o� � �  problemada educa o? n o ser conveniente dar crian a a possibilidade de um�� � � � �  

desenvolvimentolivre e espont neo? a educa o segundo rousseau n o deve ter por objetivo a� �� � �prepara o da crian a com vista ao futuro ou model -la de determinado modo; deve�� � �  ser apr pria vida da crian a. preciso ter em conta a crian a, n o s porque ela o� � � � � � �  objeto daeduca o a pedagogia da ess ncia estava pronta a fazer certas concess es neste�� � � �  sentido ,�mas, primordialmente, porque a crian a a pr pria fonte da educa o. e a partir� � � ��  dodesenvolvimento concreto da crian a, das suas necessidades e dos seus impulsos,�  dos seussentimentos e dos seus pensamentos, que se forma o que ela h de vir a ser, gra as� �  

ao aux lio�inteligente do mestre. os educadores n o podem ter outras pretens es; seriam� �  absolutamentenocivas. a exist ncia de homem tornou-se o fulcro da sua educa o.� ��deste modo, a pedagogia de rousseau foi a primeira tentativa radical e apaixonadadeoposi o fundamental pedagogia da ess ncia e de cria o de perspectivas para uma�� � � ��  

pedagogia de exist ncia. a influ ncia de rousseau foi enorme. muito embora os seus� �  

adeptos n o se tenham mostrado igualmente extremistas, as reflex es subsequentes� �constitu ram um desenvolvimento por vezes recheado de contradi es desta nova� � �� �posi o.��

foi esta a via seguida por pestalozzi (1746-1827) e froebel (1782- 1852); apesardasgrandes diferen as que os separavam, procuraram meios para aumentar e desenvolver�  asfor as espont neas da crian a, a sua atividade pr pria. pestalozzi dedicou toda a� � � �  sua vidaas crian as�

p gina: 41�pobres devia providenciar de modo que pudessem encontrar meios de subsist ncia ao�deixarem a inf ncia, mas fundamentalmente preocupava-se em desenvolv -las de� �  

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acordo comos seus dons, as suas possibilidades, a sua experi ncia do mundo e da sociedade.�  na sualinguagem, semim stica, froebel mostrou a unidade geral dos fen menos atrav s dos� � �  quaisa crian a no seu desenvolvimento espont neo se transforma num homem. tornando� �  interior oque era exterior e exterior o que era interior. nesta dial tica rom ntica,� �  

bastante especial daatividade salientou-se e desenvolveu-se o processo pelo qual a crian a se�  transforma naquiloque e vive aquilo em que se transformou. a concep o deste processo ultrapassava� ��  asanalogias biol gicas conhecidas pela literatura antiga e repetidas,�  voluntariamente, maistarde; tinha um reflexo da filosofia dial ctica de hegel... de acordo com o seu�  conceitosobre o desenvolvimento do homem em rela o primeira inf ncia. froebel,�� � �  consideravaprimordial o jogo que permite a express o, o conhecimento do meio, a cria o e a� ��  alegria;

que permite o curso dial tico do que interior e do que exterior. esta� � �  atividade tem valoreducativo. era a primeira obra sobre a pedagogia do jogo. como estamos longe dapedagogiada ess ncia!�a ideia que a educa o deve reativar-se a partir da pr pria vida da crian a e�� � �  contribuir para oseu desenvolvimento expandiu-se no mundo.r. w. emerson afirma:a educa o deve ser t o vasta como o pr prio; deve fazer emergir e refor ar tudo o�� � � �  

que se encontra no homem

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viiconcep o idealista��da pedagogia da ess Ncia�

as primeiras tentativas para conceptualizar uma pedagogia da exist ncia�  coincidiram comnovos prop sitos de elabora o de mais uma variante da pedagogia da ess ncia.� �� �  estesesfor os inspiraram-se na filosofia de kant. como se sabe, kant pretendia vencer�  aomesmo tempo o dogmatismo tradicional e o cepticismo, de origem mais recente;

propunha-sedefender a certeza e a objectividade do conhecimento humano, que lock e humetinhamposto em s ria d vida, mas n o queria nem podia voltar posi o do realismo� � � � ��  ing nuo ou a�posi es dogm ticas. a filosofia criticista devia justamente superar estas duas�� �  frentes decombate. na medida em que atribui a origem do conhecimento s leis do esp rito� �  humano,atribui a este um valor geral, ainda que limitado ao mbito do mundo dos fen menos� �  

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elaborados e apreendidos pelo esp rito. de modo an logo, no campo das quest es� � �  morais,kant propunha-se

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vencer quer o cepticismo moral, quer a tica religiosa dogm tica, recorrendo para� �  isso lei�moral fundamental, que devia ser obrigat ria para todos, muito embora s pudesse� �  interferirna conduta do homem no mundo emp rico e n o possu sse qualquer outro ponto de� � �  apoio.com base nesta filosofia, o problema da educa o do homem tomou um aspecto��  totalmentenovo. o modelo tradicional de ideal, que se imp e ao homem do exterior, n o podia� �  manter-se; mas tamb m n o era poss vel conceber que as normas e os modelos se� � �  fundamentassemna pr pria exist ncia concreta e vari vel. o homem era, em certo sentido, o seu� � �  pr prio�criador, tal como era o criador do mundo que apreendia. todavia, esta cria o era��  

realizadade acordo com as leis inflex veis e universais da raz o pura e da raz o pr tica;� � � �  n o era�id ntica nem diversidade emp rica dos homens, nem arbitrariedade da sua� � � �  actividade. oconhecimento e a conduta eram obra do homem e, segundo kant, era precisamente porissoque tinham um valor objetivo que se impunha em cada indiv duo sob a forma de�  necessidadee dever.o indiv duo n o pode pensar de modo diferente do esp rito humano, n o deve� � � �  desejar nadamais para al m daquilo que imp e o dever baseado na lei moral do homem.� �

cedendo talvez ao encanto de rousseau, kant tentou mostrar na sua pedagogia asconsequ ncias da sua filosofia, pondo em evid ncia a atividade da crian a no� � �  dom nio�intelectual e moral , assim como o seu acatamento dos princ pios que se imp em a� �  todos.todavia, s depois com os seus disc pulos foram realizadas tentativas de reflex o� � �  no dom nio�da educa o. tal foi, fundamentalmente, a obra de fichte e de hegel.��fichte ocupou-se diretamente dos problemas da atividade e do ideal; ao avaliar assuasrela es m tuas con-�� �

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venceu-se de que o ato n o pode ser a realiza o do ideal, pois nessa� ��  eventualidade n o�seria livre; necess rio admitir que o ideal prov m de actos que s o actos livres� � � �  do eu en o vice- versa. este ponto de vista de fichte n o deve sem interpretado como� �declara o partid ria da pedagogia da exist ncia, porque se refere aqui ao eu�� � �transcendental e n o o eu emp rico. esta distin o, que ali s mergulha� � �� �  profundamente nafilosofia de kant, constitui a base do que se designou por idealismo objectivo,separando a sua posi o de qualquer tipo de subjectivismo. considerar que o ideal��  

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nasceda actividade do eu e que n o lhe imposto como um modelo ou uma norma atinge� �unicamente o eu transcendental e n o pode ser aplicado aos homens concretos e�  emp ri-�cos, que s tiram proveito desse facto quando realizam na vida emp rica o eu� �transcendental. a teoria de fichete uma vers o nova, t pica da pedagogia da� � �ess ncia. todavia, o seu car ter espec fico consiste em que a objectividade e a� � �universalidade do ideal n o se fundamentam nem em dogmas religiosos nem em�concep es de direito da natureza verific veis pelo esp rito, mas na actividade�� � �  absolutado eu transcendental. este modo de fundamentar o ideal contem um grave perigo,caracter stico de toda a teoria que distingue o eu transcendental e o eu emp rico.� �  a quempertence o direito de falar em nome do eu transcendental? e, por consequ ncia,�  quempossui o direito de julgar o ideal?o fil sofo, que conhece as leis do eu, pode faz -lo; assim como os chamados� �  grandeshomens, que cr em que se elevaram, para l da m dia, acima do n vel emp rico.� � � � �hegel escolheu outra direc o. relacionou a objectividade e a universalidade do��  ideal

e das normas educativas com o desenvolvimento hist rico e com o desenvolvimento do�  

esp rito objetivo. analisando o decorrer da forma o da crian a, hegel salientou� �� �  ascontradi es e a sua supera o,�� ��

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no processo que consiste em dar-se realidade objectiva, perdendo-se de si mesmo,�  ereencontrar-se num n vel superior, gra as assimila o dos elementos dessa� � � ��  realidade. todoeste processo tem os tra os caracter sticos da pr pria actividade do aluno, mas� � �  

n o dirigido� �por factores subjectivos, nem marcado pela realidade emp rica. efetivamente,� �  hegel,distingue a realidade essencial que o esp rito objectivo em desenvolvimento, da� �  realidadedos factos, emp rica e ocasional. ao meesmo tempo, hegel separa a personalidade e�  a vidasuperficial do indiv duo. o processo educativo desenrola-se entre a personalidade�  e o esp rito�objectivo. o verdadeiro desenvolvimento da personalidade s poss vel com a� � �  participa o��no desenvolvimento do esp rito objectivo, portanto com a participa o na cultura e� ��  nas

institui es sociais, nomeadamente no estado.��nasceu, deste modo, uma nova vers o da pedagogia da ess ncia, severa e rigorosa,� �  emboraimbu da da compreens o do desenvolvimento e das contradi es da actividade. a� � ��  forterepulsa de hegel em rela o utiliza o do jogo na educa o reveladora desta�� � �� �� �  posi o;��em sua opini o, com efeito, o mestre desce com o jogo ao n vel da crian a em vez� � �  de elevaresse n vel. a pedagogia de hegel tornou-se ponto de partida de importantes�  correntes

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pedag gicas dos s culos xix e xx. particularmente com karl rosenkranz. que tentou� �fazer um sistema com as ideias e as reflex es bastante vagas de hegel e com�  dilthey,que interpretou, em certa medida, a sua filosofia.as filosofias de kant, de fichte e de hegel apesar das suas grandes diferen as,�constitu ram concep es bas-� ��

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tante homog neas da pedagogia da ess ncia. representam uma grande tentativa� �  moderna dedefesa desta pedagogia; uma tentativa que utilizava m todos novos e que n o se� �  ligavadiretamente a nenhuma das f rmulas em que at ali se tinha apresentado a pedagogia� �  daess ncia.�

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viiiinicios da pedagogia existencialista

a tentativa referida provocou rea es quase imediata. enquanto rousseau podia opor��  oem lio as variantes da pedagogia da ess ncia, como as que se ocupavam dos dogmas� �religiosos, ou as que faziam prevalecer o sentido humanista do renascimento, ouainda asque operavam por meio da no o de natureza humana, a r plica a dar doutrina do�� � �criticismo ou do idealismo objectivo tinha de ser de um g nero totalmente�  diferente.a r plica foi dada pela obra de kierdegaard, de stirner e de niertzsche. apesar�da grande diferen a que existe entre estes autores, citamos os seus nomes em�  conjunto paramostrar que no s culo xix come ou o processo de diferencia o da pedagogia da� � ��  

exist ncia.�at aqui foi poss vel observar v rias concep es da pedagogia da ess ncia, mas, em� � � �� �  

contrapartida, as tend ncias que se lhe opunham encontravam-se numa fase�  incipiente,marcadas ainda por um cunho de generalidade e homogeneidade; s a partir desta�  poca se�definem com mais exatid o as posi es da pedagogia da exist ncia e, em� �� �  consequ ncia disso,�inicia-se uma era de importantes diferencia es.��

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o racioc nio de kierkegaard tem como ponto de partida uma posi o religiosa� ��  eteol gica, por esta raz o poderia ser tomado como adepto da pedagogia da ess ncia.� � �  

todavia, a parte mais real e verdadeiramente dram tica desta filosofia, que ainda�  hojedesperta um interesse que n o s de natureza hist rica, tem justamente um� � � �  car cter�existencial. verdade que a exist ncia do homem analisada por kierkegaard na� � �perspectiva da teologia evang lica, mas esta an lise t o profunda que, em muitos� � � �  dom -�

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nios, mergulha nos problemas fundamentais da vida humana, independentemente docunho dogm tico que perpassa nalgumas das suas experi ncias.� �quando se l Kierkegaard numa perspectiva laica e humanista come a-se a� �compreender a grande import ncia filos fica geral da pol mica que travou com hegel� � �  

sobre o problema do indiv duo, que constitui ponto capital da pedagogia.�na sua an lise da vida do homem, kierkegaard distinguiu tamb m a camada� �superficial e a camada profunda da vida individual, a que deu as designa es de��  

planoest tico e plano tico. todavia, esta distin o n o estava relacionada com a� � �� �  separa o��do eu transcendental e do eu emp rico. pelo contr rio, visava precisamente este� �princ pio fundamental do idealismo alem o. para kierkegaard, nesta camada� � �mais profunda da sua vida que o indiv duo fica pessoalmente mais comprometido nas�decis es de escolha e responsabilidade, de risco e de esfor o; enquanto para� �  hegel, oindiv duo n o era de facto mais do que expoente do desenvolvimento objectivo do� �esp rito e podia sempre ser substitu do nesta fun o por outro indiv duo, pelo� � �� �  contr rio,�para kierkegaard, o indiv duo uma pessoa que n o se repete, nica, condenada� � � � �a ser ela devendo recome ar perpetuamente uma luta dram -� �

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tica para se tornar ela pr pria, porquanto aspira a algo de mais elevado do que�  ela. deixandode lado a vida superficial do indiv duo, kierkegaard- tal como hegel- formulou uma�  

teoria da personalidade constitu da n o por categorias de obedi ncia s� � � �  institui es sociais��objetivas e principalmente ao estado, ao qual cumpre porventura formar apersonalidadehistoricamente real, mas por categorias de risco pessoal e de comprometimento, emque a

possibilidade de buscar refer ncia. numa institui o objectiva mesmo que� �� �  seja a igrejaou o dogma seria a aniquila o desta tr gica liberdade e deste pavor dilacerante� �� �  em quevive a verdadeira personalidade humana.n o obstante n o tomar em conta o homem integrado na corrente real da hist ria e� � �  nosconflitos hist ricos, kierkegaard soube, todavia, nas suas perspectivas�  metaf sicas atrair�as aten es para este processo que se desenvolve durante a vida, este processo��  dram tico do�homem tornando-se interiormente um homem.embora tivesse car cter religioso, a sua pedagogia rejeitou tudo o que na� �  

religi o de� �acordo com as afirma es dos crentes tem significado objectivo: o dogma e a�� �  intui o da��igreja. a sua pedagogia devia ser a educa o do homem no sentido da coragem e do��  pavorrelativamente vida interior, ligada inevitavelmente ao reino solit rio da� �  escolha. nestaacep o constitui depois da not vel teoria de rousseau uma variante�� � � �  absolutamentenova da pedagogia da exist ncia, acrescida de determinados tra os metaf sicos que� � �  o

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existencialismo retomaria.h n tida diferen a em max stirner. lan ou uma luta radical contra a pedagogia da� � � �ess ncia partindo dos direitos ilimitados do indiv duo. al m de atacar a igreja e� � �  o estadopelas suas pretens es em educarem os homens, condena tamb m todas as formas de� �autoridade, todos os ideais,

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particularmente os ideais morais que dirigem o intimo dos homens. stirner atacadestemodo a pedagogia da ess ncia: procura mostrar que o erro desta consiste n o s em� � �  impor aosindiv duos um ideal ultrapassado que lhes estranho, uma religi o ao servi o da� � � �  sociedade edo estado, como tamb m de modo geral em tentar impor um ideal de vida que devia�  brotardo pr prio indiv duo. na opini o de stirner, a pior das servid es a provocada� � � � �  pelasujei o a imagens e conceitos morais que aconselham o altru smo, a dedica o, o�� � ��  respeito

pela opini o p blica, os interesses comuns, ele. para stirner, nem a humanidade� �  nem apr tica t m o direito de moldar e dirigir a vida do indiv duo, muito embora seja� � �  precisamentedestas inst ncias que o indiv duo tem mais dificuldade de se libertar.� �stirner defende o ego smo, o ego smo sagrado, incitando o indiv duo a opor-se� � �corajosamente s press es interiores e exteriores e, resolutamente, a s se apoiar� � �  em simesmo. porque concebe que nem todos ser o capazes de o realizar, divide sem�hesita o os homens em fracos e em fortes; p e margem os fracos, que cedem a�� � �diversas formas de ideal e faz a apoteose dos cones, que vivem de acordo com a sua

pr pria vontade, da qual extraem os crit rios de bem, de mal e mesmo, os de� �  

verdade eerro.a teoria de stirner, qual marx consagrou tantas reflex es penetrantes, tomou-se� �ponto de partida da corrente da pedagogia da exist ncia, que alcan ou notoriedade� �gra as sobretudo a o de nietzsche. com o seu grande talento liter rio,� � �� �nietzsche retomou e desenvolveu algumas das principais teses de stirnernietzsche atacou a pedagogia da sua poca, as tend ncias de democr ticas do� � �ensino e as tentativas realizadas para ligar mais intimamente a escola s�  necessidadesecon micas e sociais do pais; defendeu, assim, um ideal de escolas-�

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santu rios destinadas aos eleitos, nas quais seria administrada uma ci ncia alegre� �  e,portanto, livre de qualquer o em rela o verdade objectiva e moral humanista,�� � �  escolas-santu rios para almas nobres, capazes de viverem, da maneira e de se entusiasmarem�  pelassublimes conquistas da alma grega.ao analisar a genealogia da moral, tentou provar que o e as normas morais s o obra�  

dos homens fracos n o aptos para uma vida livre. quando se exige a liberdade,�  explica

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nietzsche, ambiciona-se de fato o poder, e quando se obt m o poder deseja-se o�dom nio; quem n o consegue alcan ar o dom nio exige a justi a. nietzsche rejeita� � � � �uma lista de preceitos morais que considera ser uma cria o da fraqueza e do��ressentimento, defendendo assim uma educa o que deveria formar a vontade de��poder, quer dizer a arte de saber viver acima do bem, do mal e, mesmo, acima doverdadeiro e do falso. o bem e a verdade s o para ele uma barreira erguida pelos�fracos contra a aud cia dos fortes. esta barreira devia ser abolida: somente a�  vontade

dos super-homens pode estabelecer por si a verdade e o bem. recorrendo de modomuito pessoal a filosofia de kant, interpretando na perspectiva do individualismoaconcep o de fichte sobre o eu transcendental, criador do ideal, baseando-se na��  teoriada vontade de schopenhauer a vontade for a actuante da vida determina o� �mundo objectivo , nietzsche desenvolveu na sua obra uma teoria muito especial�da pedagogia da exist ncia que, na poca, apaixonou a opini o; foi um dos� � �  precursoresda filosofia da vida e, igualmente, fonte de inspira o de uma revolta posterior��  dospedagogos contra a pedagogia da ess ncia.�no plano pedag gico, os pensamentos deste fil sofo foram utilizados com muita� �  

modera o:��n o se fizeram refe-�

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r ncias aos super-homens, aos fortes e aos fracos, s almas nobres , nem a� � � �  vontade de�poder . n o obstante, foi justamente por essa senda que enveredou uma das� �  correntes darevolta contra a pedagogia da ess ncia. a teoria radical da pedagogia colocada ao�  servi o�da individualidade, que foi defendida na alemanha por gaudig, tem a sua origem emnietzsche. deriva deste fil sofo tamb m� �

um dos argumentos fundamentais que defende a tese de que aos alunos mais dotadosdevemser dedicados cuidados especiais, em detrimento de todos os outros; o princ pio�  que imp e�que a escola se desligue das necessidades sociais e que se empenhe em cultivar aspersonalidades excepcionais inspira-se igualmente em nietzsche; o membro da elite,oumelhor, o homem aristocr tico, que desde h s culos se ligava na pedagogia a um� � �  idealdefinido, adquiriu na pedagogia da exist ncia de nietzsche um car cter novo� �  baseado naliberdade de impor de modo ego sta os objectivos pr prios e de realizar a sua� �  

vontadepessoal.a pedagogia da exist ncia, que rousseau defendia, tinha como mira a cultura da�aristocracia feudal, cultura a caminho de se petrificar, cultura superficial,cultura de elite,tinha por objectivo um ideal que prejudicava a vida de todos os outros homens; apedagogia da exist ncia preconizada por kierkegaard queria destruir todos os�ref gios objetivizados da vida religiosa, com o fim de suscitar o m ximo esfor o� � � � �  

pessoal de cada homem; pelo contr rio, a filosofia de stirner e de nietzsche�implica uma pedagogia da exist ncia segundo a qual a vontade ego sta dos eleitos e� �  

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domenor n mero devia ter a coragem de se opor a qualquer ideal comum, ou a qualquer�norma comum. era uma vis o muito especial da vida libertada que nem um nem outro� � �  

fil sofo colocavam nas perspectivas sociais reais; concebiam-na especialmente� �nietzsche, que era ini-

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implac vel do imperialismo prussiano, da burocracia do estado e das manifesta es� ��  de massacomo uma esp cie de santu rio n o terreno da cultura, id ntico a um reino de� � � � �  

almas. masesta vis o era excessivamente sedutora para os homens do mundo real que�  pretenderamnietzsche diria por certo que n o eram movidos pelo ler, mas por fraqueza e�ressentimento erguer este walhalla de semideuses na terra e dar-lhe a forma de�imperialismo fascista.

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idealismo objectivo n o constitui a nica tentativa paira modo formar de modo mais� �  

moderno os princ pios da pedagogia da ess ncia. surgiu uma outra tentativa de� �  defesadestes princ pios. aparentemente era um humanismo racionalista, ligado, certo,� �  s�tradi es humanistas europeias, mas, na verdade, estava empenhado fundamentalmente��  naluta contra o fanatismo e a intoler ncia, contra os preconceitos e o obscurantismo�  e contra aviola o dos direitos do homem. o centro deste humanismo racionalista foi a��  fran a, mas�teve colaboradores noutros pa ses. a concep o do homem, ser racional preocupava� ��  

osfil sofos, os escritores e at os poetas. o c lebre poema de pope sobre o homem� � � � umaprova disso. ao definirmos esta posi o como um humanismo racionalista n o temos�� �  emmente qualific -la do ponto de vista epistemol gico: o que pretendemos ao faz -lo� � �  �salientar algumas das suas caracter sticas gerais em que predominava a confian a� �  na raz o�e a oposi o em rela o a concep es religiosas e irracionais muito poderosas no�� �� ��  s culo�xviii, nomeadamente no plano da compreens o do homem e da sociedade. no aspecto�epistemol gico,�

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este humanismo tinha grandes variantes: basta citar o humanismo de voltaire. dehelvetius ou mesmo de kant. n o esque amos que kant n o foi somente criador� � �da filosofia criticista e isto ali s nos ltimos anos da sua vida pois foi� � � �  tamb m um�escritor burgu s que analisava os temas da sua poca partindo precisamente do� �  ponto devista de que a raz o ensaiava os primeiros passos. o pr prio kant foi, durante� �  algum

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tempo na pol nia, patrono dos republicanos militantes radicais da poca que� � � �  seguiuk0sciuszko e foi mestre de renouvier, autor do catecismo democr tico.� �este humanismo racionalista, que deu continuidade s aspira es dos autores do� ��  sistemanatural da cultura, procurava definir os caracteres universais e permanentes doser humano,com o fim de estabelecer os fundamentos da luta em defesa da igualdade de direitos

paratodos. encontrando estes tra os comuns e universais na raz o, formulou um,� �  programaeducativo que dava prioridade a forma o do esp rito e fazia desta forma o a base�� � ��  de toda aeduca o.��anunciada j nas concep es pedag gicas de escritores como condorcet e t. paine,� �� �autor de um livro sobre a idade da raz o que alcan ou grande repercuss o (the age� � �  ofreason), esta doutrina expandiu-se no s culo xix com o progresso da democracia e�  daci ncia. no variado leque de concep es que englobava cumpre citar a posi o� �� ��  defendida por

renouvier, renan e mais ainda, por thomas huxley (1825-1895) este apresentou noseu estudo sobre a ci ncia e a educa o a imagem do homem formado pelas� ��  disciplinas daraz o, um homem que por esse fato funciona como uma m quina, dirigindo-se� �  diretamente aoseu objetivo de acordo com determinadas regras. quando o desenvolvimento, dasociologiafez prever que poderia tornar poss vel a analise da sociedade e do homem alguns�

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autores tentaram determinar a motiva o sociol gica deste humanismo racionalista.�� �  foi esta,

nomeadamente, a a o de durkheim e da sua escola, que traduziram directamente em��linguagem pedag gica as teses sociol gicas da sociedade da poca e da sua moral.� � �  estaposi o acarretava j perigos caracter sticos a que nos havemos de referir.�� � �a tend ncia principal desta orienta o era uma concep o da pedagogia tradicional� �� ��  daess ncia que procurava negar conceitos perfilhados pelo idealismo antigo e pelo�  tomismomedieval, rejeitar o culto conservador da tradi o defendida pelo simples facto de��  representaro passado, repudiar as especula es filos ficas subjectivas e dificilmente�� �  verific veis.�impunha-se a conveni ncia de estabelecer um conjunto de ideais e normas que deviam�  

serinculcados juventude com o rigor apropriado, mas que teria um caracter racional,�  claro,convincente e bem fundamentado. esta variante da pedagogia da ess ncia. muito�  diferentedas antigas concep es, constitui apesar de grandes disparidades uma concep o�� � � ��  muitoimportante e particularmente atacada, gra as a este facionalismo que estabelecia�  osfundamentos da universalidade e da perenidade do conte do fundamental da educa o.� ��

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xteoria da evolu o��

estes ataques partiram de outras correntes da pedagogia da ess ncia, nomeadamente�  deconcep es religiosas, neotomistas e tamb m, da pedagogia da exist ncia. esta�� � �  

ltima foi a�mais insistente, pois, efectivamente, a pedagogia da exist ncia constitui, desde�  fins do s culo�xix, a corrente de maior import ncia da pedagogia burguesa, em virtude da sua�  energia ediversidade. ao passo que, at esta poca, s aparecia sob forma de concep es� � � ��  especiais etinha por vezes o car ter de simples conseq ncia secund ria dos sistemas� �� �  filos ficos, no�s culo xx- saudado no c lebre manifesto de ellen key como o s culo da crian a-� � � �  torna-se aprincipal escola de pensamento pedag gico, base de numerosos sistemas de grande�diversidade e reputa o.��

tentaremos esbo ar um quadro muito simplificado desta posi o e das suas� ��  ramifica es.��um dos principais fatores de fortalecimento da pedagogia da exist ncia foi a�  teoria daevolu o, formulada em meados do s culo xix por darwin no campo do�� �desenvolvimento da natureza e por spencer no dom nio do desen-�

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volvimento social. conv m dizer que o pensamento evolucionista teve a sua origem�  numapoca muito anterior; nas concep es historios ficas do s culo das luzes e, em� �� � �  seguida. na

primeira metade do s culo xix (ap s, nomeadamente, a filosofia da hist ria de� � �  hegel ede determinadas concep es dos rom nticos tornou-se evidente a sua import ncia�� � �  para ateoria da educa o, mas n o tinha ainda o papel decisivo que adquiriu mais tarde.�� �  as ideiasevoluc onistas antigas contribu ram sobretudo para a pedagogia da ess ncia, pois� � �revelavam Humanidade um patrim nio secular do qual devia extrair um� �  conjunto devalores educativos. esta heran a foi utilizada pelos pedagogos da revolu o� ��  francesa,como, por exemplo, condorcet, com a inten o de mostrar o progresso da raz o e das�� �  

ci ncias, ou pelos neo-humanistas, como, por exemplo, humbolt, com o intuito de�facilitar o contato pessoal com o grande patrim nio cl ssico. para herbart, a� �  odisseiaconstitu a ainda o melhor manual de moral para a poca. nestes dois casos, o� �desenvolvimento da humanidade devia ser estudado pelas crian as como um livro�pedag gico.�em meados do s culo xix a teoria da evolu o sofreu altera es. revelou o processo� �� ��  que. deacordo com certas leis, se desenrola por toda a parte, tanto na natureza como nasociedade, eem virtude do qual a vida atinge um n vel superior de desenvolvimento, colhendo�  

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beneficiodas aquisi es dos n veis precedentes, mas rejeitando o que j n o tem pr stimo.�� � � � �  nestaperspectiva, um valor s aparece uma vez no elo superior da cadeia da evolu o; os� ��  elosprecedentes desempenharam j o seu papel de etapa e, se os homens os guardam na�  mem ria,�como uma recorda o de pouca import ncia. a evolu o da humanidade, isto , a� �� � �� �  

evolu o��das sociedades, podia ser um importante objetivo de investiga o sociol gica- como�� �  oentendia spencer-

p gina: 59�

em principio, n o continha nada de importante educa o da jovem gera o. o que se� �� ��  tinhaconservado desta evolu o existia efetivamente como elemento no presente e podia��  serencontrado no presente: o que j n o fazia parte da composi o da etapa da� � ��  evolu o estava��

desatualizado, e n o merecia ser introduzido no sistema educativo. assim�  compreendido, oevolucionismo devia se por princ pio pedagogia da ess ncia e declarar-se a favor� � �  de umapedagogia que iria revelar o sentido e as necessidades do presente: a educa o��  seriaorganizada de acordo com esta concep o.��h. spencer (1820- 1903), efectivamente, tentou apresentar nestes moldes uma teoriadaeduca o. na obra que escreveu para responder pergunta: que conhecimento tem�� �  valor?(what knowledge is most worth) e no seu livro de l ducation op s-se ao ideal�� �  tradicional de

instru o e de educa o, atacando fundamentalmente o seu conservadorismo e o seu�� ��  car ter�de inutilidade pr tica. segundo spencer. at ao presente e de certo modo, a� �  educa o��serviu de ornamento ao homem que desejava brilhar na sociedade gra as a tal�  enfeite. n o�ensinou o homem a viver na vida real. na sociedade burguesa que deve liquidarcompletamente estes vest gios do estilo aristocr tico a educa o e a instru o� � �� ��  devem- naopini o deste fil sofo- desempenhar uma fun o diferente, de acordo, ali s, com as� � �� �  leis geraisda vida social.estas leis gerais eram as da luta pela vida. o valor da instru o e da educa o�� ��  

deve serconsiderado atrav s do prisma das necessidades biol gicas e sociais do indiv duo� � �  na sua lutapela vida. spencer salientou claramente cinco crit rios principais de escolha das�  mat rias de�ensino: o que serve para a manuten o da vida e da sa de, o que contribuiu para�� �  procurarmeios de subsist ncia, o que til para a� � �

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educa o das crian as, o que serve para manter os contatos sociais e necess rio�� � � �  do ponto devista do todo social e, finalmente, o que permite repouso e motivo de�  contentamento navida. deste modo, a educa o tornava-se a arma do indiv duo na luta pela�� �  conserva o da��vida, na luta pela sua exist ncia e pela exist ncia de seus filhos. como� �  consequ ncia disso�adquiria um car ter utilit rio e instrumental. spencer rejeitava toda a rica� �  tradi o��pedag gica que propunha que a educa o cultivasse na nova gera o os melhores� �� ��  ideais dopassado e que, neste sentido, tivesse uma a o normativa. de acordo com toda a sua��  filosofia,spencer n o concebe o ideal como uma for a que deve comandar a vida. considerava-� � �ouma inven o dos fracos e dos acomodat cios neste aspecto n o h diferen a entre�� � � � � �  esteautor e nietzsche que conduz desorganiza o da vida: esta dirigida do melhor� � �� �  

modo pelas suas pr prias leis, as leis severas da luta pela exist ncia e pela� �  

sele o dos mais��fortes. assim concebida, a pedagogia da exist ncia era uma pedagogia da luta pela�  vida.

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xiconsequ Ncias pedag Gicas� �da teoria da evolu o��

a teoria da evolu o de darwin e a filosofia da evolu o de spencer tiveram grande�� ��  

influ ncia no desenvolvimento pedag gico, embora este se tenha afastado cada vez� �  

mais dosseus princ pios fundamentais, era dif cil para muitos pedagogos aceitar a� �  severidade daconcep o de spencer, que suprimia a necessidade e o valor de qualquer inger ncia�� �  nodesenvolvimento social, que liquidava em especial o valor das medidas com car ter�  de tutelae prote o. spencer exprimiu atrav s da sua obra a ideologia do liberalismo que�� �  defende asitua o a situa o das classes possuidoras e dirigentes do liberalismo que se�� ��  op e s� �aspira es dos democratas. partindo deste ponto de vista, spencer considerava��  convenientes

quaisquer tentativas para controlar as conseq ncias anti- humanistas do��  capitalismo,considerava igualmente prejudicial organizar a assist ncia social e a instru o� ��  obrigat ria.�v rios pedagogos rejeitaram um conceito de evolu o que era uma aceita o da ordem� �� ��  

burguesa existente, a tal ponto que fazia da educa o um simples instrumento de��  luta nos seuslimites ditos naturais, mas procuraram utilizar a teoria

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da evolu o por raz es de ordem pedag gica ligadas a crian a.�� � � �isso n o significava que quisessem p r cm quest o as bases do regime capitalista,� � �  masestavam convencidos de que a teoria da evolu o poderia ser til para compreende�� �  avida ps quica da crian a e n o para definir a sua situa o do ponto de vista do� � � ��desenvolvimento social. n o obstante opor-se pedagogia da ess ncia. spencer n o� � � �se abeirava da crian a apesar da tradi o criada na pedagogia da exist ncia por� � �� �rousseau e pestalozzi pois essa sua oposi o era resultado de considerar� ��imperativa a necessidade de criar uma pedagogia subordinada s exig ncias da vida� �social. em compensa o, numerosos pedagogos tentaram retornar, embora sob uma��forma nova. uma pedagogia ligada vida da crian a. o seu mestre era rousseau,� �  cujonome foi dado ao instituto de ci ncias da educa o de genebra, um dos mais� ��importantes centros desta orienta o.��

regresso crian a, evidentemente, s na apar ncia era pol tico. dentro das� � � � �  condi es��sociais desta poca, este retomo realizou-se a partir de princ pios que admitiam o� �  regimevigente e, neste ponto de vista, a verdade que spencer se limitava a dizer�  

franca ebrutalmente aquilo que os outros autores deixavam completamente em sil ncio, muito�  

embora fosse a pr pria base das suas concep es. por outro lado, no entanto, n o� �� �  se podenegar que, enquanto a pedagogia de spencer deixou um conjunto de directivaseducativas do capitalismo vitorioso sem fazer progredir o nosso conhecimentoquanto aosprocessos da educa o, a atividade dos pedagogos e psic logos que tomavam a�� �  crian a�como ponto de partida de investiga es e de experi ncias contribuiu quer com�� �  f rmulas�gerais sob os novos princ pios da pedagogia da exist ncia, quer enriquecendo os� �  

nossosconhecimentos sobre a crian a e a�

p gina: 63�

a o. pela primeira vez na hist ria, a pedagogia da , al m de revolta contra a�� � �  pedagogia daexist ncia e programa geral da a o, um sistema determinado de investiga es, um� �� ��conjunto de m todos e aquisi es na via do conhecimento.� ��o inicio desta atividade , de fato, assinalado pelo de livro de stanley hall�  (1846- 1924),adolescente, consagrado an lise do substrato intelectual da crian a no momento� � �  em que

entra na escola. provocou uma avalancha de estudos para mostrar que o psiquismo da

crian a- e o seu desenvolvimento- deve ser a inst ncia norteadora da a o� � ��  educativa: estaa o, a partir deste momento, devia ter quando muito um car ter de assist ncia e�� � �  n o de�dire o ou autoridade. diversos psic logos de grande valor, reunidos�� �  principalmente nocentro de genebra do instituto jean- jacques rousseau, dirigidos por clapar De e�bovet, elaboraram os princ pios de uma pedagogia que n o apresentava, nem impunha� �  um

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ideal e normas, mas que devia ser uma pedagogia funcional , uma pedagogia a que� �  n o�cumpria estabelecer e impor um programa, mas unicamente despertar o interesse e acuriosidade da crian a; que n o devia exigir, recompensar e castigar, mas sim� �  organizar ocentro de atividade da crian a; que n o devia limitar e inibir, mas libertar e� �  sublimar; umapedagogia cujo objetivo n o era preparar para a vida, mas acompanhar a pr pria� �  

vida dacrian a.�este aspecto absolutamente cl ssico de car ter psicol gico, da pedagogia da� � �  exist ncia�constituiu-se numa poca em que o pragmatismo desenvolvia uma concep o do mesmo� ��g nero, embora com algumas diferen as. dewey (1859- 1952), partindo de concep es� � ��diferentes das de clapar De, ocupou-se como ele da quest o dos objetivos da� �  educa o.��de fato, os objetivos da educa o- tal��

p gina: 64�

como para a pedagogia funcional adv m do pr prio processo de desenvolvimento da� � �

crian a num meio ambiente. n o se pode escrevia dewey relacionar o desenvol-� � � �vimento da crian a sen o com a educa o posterior, quer dizer o processo� � �� �  educativo n o�tem qualquer objectivo fora de si mesmo . de acordo com este princ pio, a�� �  educa o deve��atuar como fator que organiza as experi ncias da crian a; no decurso do� �  desenvolvimentodestas experi ncias devem-se formar o esp rito e a moral.� �no mago da filosofia de dewey revela-se uma f profunda na evolu o, como a lei� � ��  maisgeral da vida; a sua concep o, que consistia em considerar o universo um grande��  processode evolu o, permitia-lhe incluir nele toda a realidade, dispensando-o de a��  

procurar noutrolugar, de invocar qualquer for a de alma oculta mas essencial ou de tentar�  descobrirfinalidades e valores permanentes. o idealismo tradicional procurou semprealcan ar� �permanente para l da mudan a, atingir para l do fen meno a sua raz o ou a sua� � � � �  finalidadeinterior; pelo contr rio o imanentismo evolucionista de dewey aconselhava a tomar�  o cursoda mudan a como a realidade nica e ltima, a aceitar qualquer novidade como um� � �  dos elosdo desenvolvimento fundamental e v lido, n o por aquilo que precede, mas pelo� �  facto de

existir. este ponto de vista fazia incluir a aten o no presente e valorizava-o,��  abolia o direitodo passado a impor os seus pr prios modelos e abulia o direito de a imagina o� ��  atribuir aofuturo o papel de dirigir a vida presente.car ter especial deste ponto de vista, adaptado por numerosos pedagogos que�  aderiram aesta filosofia, mani-

nota de rodap :�1 j. dewey, democracy and education, nova iorque, 1916, pp. 59- 60.

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festou-se em todos os dom nios da educa o. no plano do programa de forma o isso� �� ��tornou-se mais evidente. todos princ pios que residiam escolha e composi o das� � ��mat rias de ensino at ali em vigor foram reexaminados:� �exigiu-se uma adapta o precisa destas mat rias s necessidades em vias de�� � �desenvolvimento da crian a no plano intelectual; o programa de ensino deixou de�  

serescolha das mat rias para se tomar o curso das experi ncias intelectuais da� �  crian a.�analisando estes postulados podemos apreender claramente o que divorciava esteponto devista de cenas certas teorias da pedagogia da ess ncia, aparentemente muito�  pr ximas de�alguns destes postulados. estamos a pensar na teoria da instru o formal e na��  teoria darecapitula o.��a teoria da instru o formal tinha sido sugerida por quintaliano ao afirmar que o��  ensinoda geometria especialmente til para a forma o do esp rito, n o em raz o da� � �� � � �  

ci ncia com�que recheia o esp rito, mas pelo exerc cio com que o treina: tamb m locke tinha� � �  salientadoque a raz o tal como o corpo deve ser exercitada de modo especial. mas foi na� � �alemanha que herbart (1776-1841) o seu comentador ziller (1817-1883)desenvolveram a teoria da instru o formal recorrendo ao apoio da concep o�� ��  kantiana dopapel criador da raz o - a filosofia de kant, como se sabe, n o tinha car cter� � �  psicol gico.�embora analisasse o esp rito humano; as leis do esp rito deviam ter car cter� � �  transcendental en o psicol gico; eram condi o do conhecimento humano e sua forma, n o constitu am� � �� � �  

rela o do processo individual do conhecimento a teoria da instru o formal,�� ��  fundamentadanestas bases, era uma concep o especial da forma o do esp rito da crian a�� �� � �  segundoesquemas estabelecidos previamente e apesar do seu formalismo concordava� �perfeitamente com os princ pios gerais da pedagogia da ess ncia. muito embora� �

p gina: 66�

n o estabelecesse o conte do da instru o, era uma teoria muito pormenorizada que� � ��  impunhaas formas de desenvolvimento e de actividade do esp rito. evidente que dewey,� �  por

coer ncia com o seu pr prio ponto de vista, devia opor-se a esta teoria da� �  forma o do��esp rito e mostrar que a verdadeira forma o do esp rito se verifica de modo� �� �  absolutamentediferente, a saber: sob press o do interesse e das d vidas surgidas no decorrer de� �  quest es�subjectivamente interessantes, na formula o de problemas, nas reflex es�� �  suscitadas pelasdificuldades e pelas observa es pr ticas. o ponto de vista da pedagogia da�� �  exist ncia�opunha-se muito claramente neste aspecto aos princ pios da pedagogia da ess ncia.� �

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o mesmo acontecia com a teoria da recapitula o. esta teoria formulada por froebel��  deacordo com certas ideias rom nticas- afirmava que o homem, no decurso do seu�desenvolvimento, deve atravessar de modo sum rio as fases que a humanidade inteira�  

atravessou ao longo da sua hist ria; foi depois desenvolvida por ziller. que�  recorreu aosensinamentos de darwin sobre a evolu o. stanley hall (1846-1924) considerava��princ pio educativo fundamental para acelerar o progresso e permitir purificar o� � �  esp rito da�crian a de preconceitos que a dominavam h s culos. por m, as tentativas para� � � �  organizar oensino de acordo com este princ pio de recapitula o tornaram-se t o artificiais e� �� �  autorit rias�como todas as outras solu es, para os problemas de programa caracter sticos da�� �  pedagogiada ess ncia. por esta raz o que a pedagogia da exist ncia, embora tamb m� � � � �  utilizasse asteses evolucionistas e desse relevo a certos parentescos entre o desenvolvimentoda crian a e�o desenvolvimento pr -hist rico da humanidade, elaborou uma teoria totalmente� �  

diferente.isso evidente na concep o de decroly, que d teoria da recapitula o� �� � � ��

p gina: 67�

um sentido psicol gico: relaciona-a com as necessidades e interesse presente das�  crian as,�com a sua atividade e a sua express o. aquilo que para a pedagogia da ess ncia� �  devia serum programa para levar a crian a a conhecer sistematicamente as etapas do�desenvolvimento da humanidade torna-se na perspectiva da pedagogia da exist ncia a�  

organiza o e a satisfa o das necessidades atuais da crian a, no dom nio do�� �� � �

conhecimento e da ac o.��existe portanto uma diferen a fundamental entre a pedagogia da ess ncia e a� �  pedagogia daexist ncia no que respeita maneira como utilizam a ci ncia da evolu o para a� � � ��  teoria daeduca o.��

p gina: 68�

n o nas concep es da pedagogia da exist ncia que referimos at aqui, todavia,� � �� � �  que estadiferen a mais patente, mas nas correntes desta pedagogia que se ligam� �  diretamente a

filosofia de bergson. a concep o de evolu o criadora. que bergson contrap s as�� �� �teorias anteriores, teve grande influencia no pensamento pedag gico, orientando-o�  para umaposi o muito radical dentro da pedagogia da exist ncia. segundo este fil sofo,�� � � � necess rio�conceber a evolu o de modo a suprimir as falsas concep es mecanicistas e�� ��  finalistas. aevolu o n o um processo de adapta o, n o uma simples consequ ncia de causas�� � � �� � � �definidas; nem uma caminhada em dire o a qualquer objetivo, assim como n o o� �� � �processo de realiza o de determinadas finalidades. a evolu o o lan da cria o�� �� � � ��  e apenas�

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ex post do ngulo do ngulo da raz o a analisar o seu fluir passado, que pode dar� � �  ilus o de ser�dirigida por causas ou finalidades.esta concep o da evolu o tornou-se na pedagogia a base para tratar o�� ��  desenvolvimento dacrian a e da atividade educativa como uma cria o especial, cujo sentido� ��

p gina: 69�

deriva dela mesma e n o de objectivos a que se deve sujeitar. al m disso, a� �  distin o��bergsoniana entre a vida profana, onde tudo cria o viva e acto perpetuamente,� ��  renovado deescolha criadora, e a vida superficial, em que os nossos pensamentos e actos s o�consequ ncia da adapta o e da limita o era uma dissocia o que refor ava o ato� �� �� �� �  de vista dapedagogia da exist ncia. quer nas concep es da psicologia do desenvolvimento,� ��  quer nasteorias pragmatistas, a pedagogia da exist ncia, quando considerava a vida da�  crian a,�tomava em considera o em certa medida os elementos que fazem parte do seu mundo,��  

domeio social e do plano real da vida; pelo contr rio, na pedagogia baseada na�  teoriabergsoniana da evolu o est vamos em presen a de uma no o de vida que se�� � � ��  identificava aum impulso vital, de uma concep o do desenvolvimento concebido como uma cria o�� ��interior proveniente das camadas profundas da vida. esta pedagogia j se opunha�  apenas atodas as concep es est ticas dos objectivos da educa o e a todo o ideal imposto,�� � ��  opunha-setamb m a qualquer prop sito para definir com precis o os m todos de agir, porque o� � � �  actoeducativo deve ser um acto de cria o nica que n o se repete, pois caso contr rio�� � � �  

n o de� �modo nenhum um acto educativo. era esta a opini o de scharelman, assim como de�gentille, cujo neo-hegelismo estava fortemente influenciado por bergson.

p gina: 70�

xiiiexistencializa o��da pedagogia da ess Ncia�

esta expans o da pedagogia da exist ncia, que foi buscar inspira o a diversas� � ��  fontes, leveconsequ ncias importantes. constitu ram verdadeiros golpes assestados nas� �  

concep es��contr rias. nesta poca pode-se observar um processo muito interessante: certas� �  correntes dapedagogia da ess ncia adaptaram algumas teorias da pedagogia da exist ncia: pode-� �se falarde um processo de existencializa o da tradicional pedagogia da ess ncia.�� �este processo anunciava-se j h muito tempo. todas as tentativas de aproxima o� � ��  da crian a�a come ar pela pedagogia humanista podem ser consideradas em parte como� �  concess es�feitas vida pela pedagogia da ess ncia cl ssica. todavia tais concess es tinham� � � �  

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pequenaimport ncia, pois s diziam respeito a modifica es ali s de propor es� � �� � � ��  insignificantes- dat cnica da a o educativa sem alterar as concep es do pr prio processo da� �� �� �  educa o e as��suas caracter sticas. por vezes, o sentimento da import ncia da exist ncia� � �  introduziu-se maisprofundamente nos recessos da filosofia da ess ncia, como o caso de santo� �agostinho e de pascal. n o obstante, esse facto n o� �

p gina: 71�

chegou a ter consequ ncias em mat ria pedag gica. apenas s culo xix se nota o� � � �  come o�de uma altera o.��no mbito da pedagogia religiosa, que habitualmente leria pedagogia da ess ncia,� � �  surgemconcep es que avan am relativamente longe na via de uma vis o do homem como e�� � � �  n o�apenas tal como deve ser, j referimos a posi o perfeitamente excepcional de� ��kiergaard, que se mostrava quase mais atormentado pela sua inquieta o��  

existencialistado que pela sua f em dogmas e institui es objectivas. mas conv m lembrar que, e� �� �  formouuma corrente muito menos radical que, todavia, e afastava de modo not vel da�  pedagogiareligiosa cl ssica. os iniciadores dessa corrente s o schleirmacheer, na pedagogia� �  

protestante, e j. h. newman (1801-1890), na pedagogia cat lica. manifesta-se mais�energicamente no fim do s culo sob a designa o de modernismo. um dos seus� ��  criadores. a.loisy, interessa-se directamente pela problem tica da educa o e estabelece com� ��  precis o a�maneira de tratar os problemas morais.

o representante mais famoso da pedagogia religiosa, w. foerster, adaptou edesenvolveuquase toda a t cnica da dita educa o nova, afastando-se nitidamente dos m todos� �� �tradicionais de imposi o e repress o. nos estados unidos, georges-albert coer�� �  (nascidoem 1862) formulou um programa an logo de transforma o da pedagogia religiosa: no� ��  livrosocial theory of religious education aconselha a firmar a educa o no despertar��  dasesperi ncias religiosos da crian a, o que devia acontecer em situa es sociais� � ��  precisas. atentativa mais consequente de existencializa o da pedagogia religiosa verificava-��se nos c r-�

culos protestantes alem es, reunidos em torno de k. barth. todo movimento foi alvo�  

constante dos ataques dos tradicionalistas, que o acusavam de, pelas suas

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consequ ncias, levar sujei o da religi o ao homem, em vez de submeter o homem� � �� � � 

religi o, pois era esse o seu objetivo. na sua c lebre enc clica sobre a educa o� � � ��  crist da�juventude (1929) o papa pio xi condenou as aspira es dos modernistas, denunciando��  

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osperigos do naturalismo pedag gico.�pode-se distinguir um processo semelhante no mbito da pedagogia que recorre� � no o de��natureza humana. esta no o, como mostramos, com comenius ainda tinha claramente o��  

significado de ess ncia ideal, emanando de certo modo do homem emp rico e� �  assinalando as

tarefas fundamentais da educa o. verificamos o modo como esta no o da natureza�� ��  humanase tornou cada vez mais a descri o das propriedades emp ricas do homem. os�� �  fil sofos�franceses do s culo das luzes concebiam a natureza humana precisamente desta�  forma. afilosofia antipsicol gica de kant refor ou a teoria tradicional da natureza� �  humana deherbart inspirou-se consideravelmente em kant. mas no desenvolvimento subsequenteda psicologia- n o se seguiu por este caminho; evitando enveredar por reflex es� �  metaf sicas�sobre a natureza humana, a psicologia- em especial o associacionismo e ainda ocondutismo-

n o fazia qualquer refer ncia ao conte do ideal do homem. quando surgiu psicologia� � �  deorienta o mais filos fica que meditou na velha problem tica da natureza humana�� � �  encarouesta de modo muito diferente. com w. james (1842- 1910) e em seguida com macdougall,descobriu-se a grande import ncia dos instintos. no entanto, enquanto esta�  descoberta n o�alterava ainda a imagem tradicional da natureza humana e as perspectivas da suaeduca o, a��teoria psicanal tica criada por s. freud (1856- 1939) trouxe uma vis o totalmente� �  nova. ohomem j n o era concebido conforme aspirava ser, e nem sequer era descrito tal� �  

como

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se via luz da sua consci ncia. a psican lise mergulhava num n vel mais profundo,� � � �  para l�da pr pria consci ncia, modo a trazer para a claridade, espont neo e sem� � �  constrangimentos,todo o conte do obscuro da natureza humana.�a psican lise criou quase imediatamente uma pedagogia pr pria. cumpria-lhe tratar� �  eprevenir, devia resolver complexos e sublimar tend ncias. proclamava a convic o� ��  de que o

uso de modelos e o recurso a repress es trazem a infelicidade. o ideal deixou de�  dirigir otrabalho educativo para se tomar motivo de erros e fracassos. educar de acordo comanatureza era um m todo que tomava inteligentemente em linha de conta as aspira es� ��  

fundamentais do homem. eis-nos no p lo oposto da educa o segundo a natureza� ��  formuladapor comenius. com efeito, para utilizar as defini es de comenius, a natureza em��educa o, psicanal tica j n o significa a ess ncia original e ideal, mas uma�� � � � �  corrup o que se��

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lhe aderiu. e ela a natureza humana e n o existem quaisquer outras.� � �na pedagogia sociol gica verificou-se um processo semelhante. tamb m esta provinha� �  dastradi es do direito da natureza, quer dizer, de uma concep o que afirmava que a�� ��  vidasocial concreta se baseia na ordem natural, a qual pode violar em certa medida,mas queconstitui a norma suprema dos ju zos e ponto de partida da luta pelo respeito. a� �  

educa o��social devia precisamente ligar a juventude a este plano ideal para assim a tornarsens vel a�qualquer viola o desta ordem e para a incitar a lutar contra o fanatismo e a��  tirania. estaconcep o elaborada no s culo xviii recordemos h. kollontaj e a sua ordem�� � �  f sico-�moral foi retomada e desenvolvida no s culo xix pela ideologia democr tica.� � �por m, tal como sucedeu em rela o ao modo de conceber a natureza humana, deu-se� ��  umarea o contra os��

p gina: 74�

elementos ideais e normativos. deixou-se de procurar fora dos fen menos ps quicos� �  umsentido ideal identificado ess ncia ao qual eles poderiam ser comparados e ser� �  consideradosde acordo com um mesmo crit rio; deixou-se de buscar fora dos factos emp ricos da� �  vidasocial uma estrutura social ideal, adequada ao direito natural, qual se poderiam�  comparar asdiversas institui es e factos, e que serviria de modelo para os apreciar. a��  natureza dohomem devia ser id ntica dos seus fen menos; do mesmo modo a natureza da vida� � �  social

devia ser semelhante ao conjunto dos factos sociais reais. a supress o da�  sociedade ideal cor-respondia liquida o do homem ideal.� ��a sociologia adaptou cada vez mais uma atitude de investiga o descritiva e a��luta contra o que ela designava de ju zos de valor tornou-se a sua divisa�principal, o que devia provar o seu car cter cient fico. para muitos soci logos,� � �residia a de facto a garantia de uma n tida separa o em rela o ao jornalismo� � �� ��e as utopias; para outros, era justifica o para aceitar a ordem em vigor.��nestas condi es, a teoria da educa o social deixou de ser defensora de um�� ��ideal social tendente a alterar na realidade tudo o que n o lhe correspondia.�tomou-se uma teoria de adapta o s condi es existentes. surgiram doutrinas�� � ��deste g nero em grande n mero e variedade. mas em todas elas desde as� �concep es semim sticas da comunidade, a que o indiv duo deve fundir-se pelo�� � �

esp rito, at s concep es psicol gicas de adapta o situa o e aos seres que� � � �� � �� � ��o rodeiam era fundamentalmente o modo de vida da poca que se exprimia,� �como realidade nica e suprema realidade formativa. deste modo, a pedagogia�social, que outrora era um ramo da pedagogia da ess ncia, adquiriu tra os da� �pedagogia da exist ncia, tal como sucedeu com a pedagogia baseada na no o� ��de natureza humana.

p gina: 75�

esta existencializa o da pedagogia social que reduzia a educa o a um processo� �� � ��  de

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adapta o ao meio surgiu quer em conex o com correntes nacionalistas e com uma�� �  filosofiairracional, quer ligada a diretrizes da democracia burguesa e ao racionalismo.podem-seassinalar as v rias concep es comunit rias alem s como por exemplo a de� �� � � �  petersene igualmente a pedagogia de durkeheim. precisamente esta ltima, como pedagogia� �

social de cunho racionalista, constitui uma tentativa para conduzir o homem no

planointelectual a submeter-se ao regime que se encontra no poder. a ci ncia da moral,�  que a partirde durkeheim se expandiu em fran a, deve formar a juventude na disciplina social�  pormeio da an lise sociol gica dos la os sociais e das necessidades da sociedade� � �  contempor nea.�durkeheim, ali s, atacou directamente o conceito de educa o baseada no ideal. a� ��  seuver, era uma concep o falsa e perigosa efectivamente, o ideal afasta da realidade��  e prejudicaa realiza o das tarefas que se exprimem pelas necessidades actuais da sociedade.��este ponto de vista, que j caracterizava spencer suscitou em fran a cr ticas� � �  

contradurkeheim. criticavam a sua sociologia de fatos consumados - a qual consideravamumdisfarce de, pensamento de hegel, visto que o papel da alma objectiva assumido�  pelasociedade e a realidade presente tem o car ter de inst ncia suprema que apenas� �  exige doindiv duo submiss o.� �

p gina: 76�

xivexist Ncia individual�

e exist Ncia coletiva�

a existencializa o da pedagogia social levanta, como evidente, problemas muito�� �complexos. permite-nos apreender e distinguir duas grandes correntes da pedagogiadaexist ncia: uma op e-se pedagogia da ess ncia em nome da vida da crian a, a� � � � �  outra op e-se�tamb m a esta pedagogia invocando a vida dos grupos sociais. esta ltima teoria� �  cont m uma�antinomia interior.na medida em que combate uma concep o geral e ideal, em que colhem os princ pios�� �  daeduca o na realidade concreta existente, promete abeirar-se mais intimamente da��  

crian a�que a pedagogia da ess ncia; extrair os princ pios da educa o desta realidade� � ��  representatir -los do meio em que a crian a vive e cresce. mas, por outro lado, esta� �  pedagogia defineclaramente os seus princ pios., os quais imp e crian a. o livro de durkheim a� � � �educa o moral justamente um tratado sobre a disciplina e n o sobre o�� � �  desenvolvimentomoral da crian a. por este motivo trata-se de um livro que se filia na t cnica� �  elaborada pelapedagogia da ess ncia n o obstante ter uma forma muito� � �

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mais racional e n o, por exemplo, na t cnica aconselhada por dewey.� � �a existencializa o que conexiona a educa o com a vida dos grupos sociais, em vez�� ��  de aligar vida individual, por esse facto uma corrente de critica pedagogia da� � �  ess ncia que�cumpre distinguir com clareza. relacionar com a vida dos grupos e relacionar com avida doindiv duo s o processos que t m na verdade muitos la os m tuos e comuns a� � � � � �  pedagogiada poca rom ntica nomeadamente durante a primavera dos povos prova-o; contudo� �  existemantinomias profundas entre as duas concep es da rela o com a vida. no s culo xx�� �� �  estasoposi es manifestaram-se cada vez mais claramente.��punham em cheque um problema fundamental: a realidade da vida. que vida �verdadeiramente mais real? a vida do indiv duo ou a vida social? as principais�  correntes dapedagogia da exist ncia apoiaram a primeira concep o a qual constitu a a sua� �� �  

principal efundamental convic o.��adoptar a segunda alternativa significava tamb m oposi o pedagogia da ess ncia� �� � �  e aaceita o da corrente da exist ncia, contudo o sujeito desta vida era o grupo, o�� �  qual constitu a�uma base especial de pedagogia da ess ncia do grupo. o grupo tornava-se nesse caso�  centroda vida real e o indiv duo n o era mais que fen meno. como se sabe, eram estas� � �precisamente as ra zes da teoria de durkheim diviniza o do grupo social na� ��  qualidade derealidade fundamental que cria os homens, a sua raz o e a sua moral. na medida� �  em que

participa interiormente neste todo m stico que o homem se torna homem. sob esta�  formasociol gica, tinha ressuscitado a velha teoria idealista, a qual afirmava que a�  vida concreta ouemp rica do indiv duo n o mais que uma ilus o, comparada sua oculta vida real,� � � � � �  queconsiste em participar num mundo ideal.

p gina: 78�

nesta perspectiva, a relaciona o com a vida de grupo n o poderia ser considerada�� �  comoconducente a uma pedagogia da exist ncia. a concep o da simples realidade do� ��  

grupo e ano o do esp rito colectivo pr prio bastam para anular os princ pios mais�� � � �  importantes dapedagogia da exist ncia. era evidente que esta forma de acesso a vida n o permitia� �  melhorcompreens o da crian a do que a teoria da pedagogia da ess ncia: pelo contr rio,� � � �  distanciava-se ainda mais dela. levantou-se efectivamente uma interroga o essencial: que esta��  maispr ximo do homem? o grande ideal humano, universal e permanente, ou o ideal�  mut vel e�

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localizado? a revolta da exist ncia contra este primeiro ideal poder facilmente� �  aceitar osegundo? ou deve, ainda com maior motivo, ser tamb m uma revolta contra o segundo?�  

noutras palavras. invocar a vida do grupo e pretender colher nele os princ pios da�  educa o��ir contribuir para a revolta do indiv duo contra a pedagogia da ess ncia ou pelo� � �  contr rio,�ser um obst culo s suas aspira es de tornar a educa o um processo convergente� � � �� ��  com asua vida?estes problemas revelaram-se de modo dram tico na poca do fascismo. durante esse� �per odo nomeadamente na alemanha e na it lia, fizeram-se grandes esfor os para� � �  controlar aeduca o e para combater os princ pios at ent o em vigor. a luta contra todas as�� � � �  formas depedagogia da ess ncia adquiriu aspecto de ataque contra a teoria dos elementos�  permanentese universal da ess ncia humana, teoria que era esteio de um certo humanismo e�  universalismona educa o.��

lembr mos j que stirner e nietzsche empreenderam uma luta neste sentido. mas n o� � �passavam de esfor os individuais que, embora despertassem eco tal o caso da� � �  filosofiade nietzche , n o alcan aram for a social� � � �

p gina: 79�

institucional. durante o hitlerianismo e o fascismo a situa o modificou-se. a��  lutatransformou a sua envergadura e o car cter. todavia a sua orienta o principal era� ��  contra atudo o que nos homens permanente e comum, ia contra tudo o que humanista e� �  racional.

onde residia a vida verdadeira? na vida pol tica da na o organizada pelo� ��  fascismo? seriajustamente necess rio participar desta vida para o indiv duo se purificar da� �  carapa a liberal e�humanit ria imposta, reencontrando a sua vida pr pria, a verdadeira perdida at� � � quele�momento? residiria a vida precisamente nestas tend ncias e nestes pensamentos�  condenados?estaria no perigo da revolta e da luta talvez tamb m no risco do isolamento e da�  protesta o��interior? a pedagogia oficial aderiu primeira resposta e tentou demonstrar, tal�  como ofizeram gentile e krieck, e essa precisamente a aut ntica pedagogia viva. a� �  

segundaresposta foi expressa com discri o e s de tempos foi emitida abertamente na�� �  emigra o. a��dualidade destas duas correntes, correspondia justamente dualidade de destinos�  da filosofiaexistencialista, que se nessa poca se cristalizou como corrente especial do�  pensamento,muito embora as suas tradi es ascendessem a uma poca long nqua. perante a�� � �  interroga o��que a exist ncia do homem? uma das correntes do existencialismo concebia-a nas� �perspectivas dram ticas da entrada do homem na vida her ica da na o, separada do� � ��  

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mundo;enquanto a outra corrente via-a lia tr gica solid o do indiv duo que efetua uma� � �  escolhahumana numa exist ncia desprovida de sentido.�

p gina: 80�segunda parte

esfor Os contempor Neos� �para solu o do conflito��

p gina: 81�

n o tem nada escrito.�

p gina: 82�

ias esperan As da educa o nova� ��

se nos apercebemos de que a hist ria do pensamento pedag gico quadro de uma luta� � �  

travada entre as concep es da ess ncia do homem e da sua exist ncia, poderemos�� � �  determinarum ponto fundamental a partir do qual ser-nos- poss vel estudar a situa o� � ��  contempor nea�da pedagogia.tentaremos agora demonstrar que a educa o contempor nea, encarada deste ngulo,�� � �  cont m�uma contradi o antinomica entre a ess ncia e a exist ncia, antinomia que s se�� � � �  poderesolver dentro de condi es em que tanto a educa o como o sistema social sejam�� ��concebidos escala do homem.�ellen key saudou o s culo xx como o s culo da crian a. efectivamente� � �  

concretizaram-sealgumas esperan as, mas deram-se tamb m grandes desilus es. neste, contraste� � � �precisamente que se manifestava antinomia fundamental da educa o no mundo��  moderno.quase todas as tend ncias da pedagogia dita nova se caracterizam pela convic o� ��  comum deque conv m discernir no desenvolvimento ps quico das crian as e da juven-� � �

p gina: 83�n o tem nada escrito.�

p gina: 84�

tude, os caracteres espec ficos fundamentais no dom nio do pensamento, da� �  emotividade eda a o.��tentou-se demonstrar atrav s de numerosos estudos em que consistem os caracteres�espec ficos da vis o do mundo e da imagina o infantis, dos sentimentos da crian a� � �� �  e da suaatividade. pensou-se que a psicologia da crian a, que se tentava relacionar com a�  do homemprimitivo, s gradualmente se transforma no adulto na do adulto civilizado, n o se� �  lheidentificando sen o no termo da adolesc ncia.� �

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foi o que se procurou exprimir ao afirmar que a crian a n o o objeto da� � �  educa o, mas com��mais propriedade o seu sujeito. atribuiu-se uma decisiva import ncia atividade� �  da crian a,�s suas necessidades, e a tudo o que a interessa: sua curiosidade e sua� � �  sensibilidade,fatores fundamentais do seu desenvolvimento mental e moral. numerosos projetos dereorganiza o dos pr ncipios do sistema escolar e dos programas de estudos tiveram�� �  

porobjetivo concretizar estes postulados. considerou-se que a crian a se interessa�  pela realidadede modo global, que dizer que a sua aten o atra da pelo todo concreto que�� � �  encontra na vidaquotidiana; foi por essa raz o que o ensino tradicional, dividido em disciplinas�correspondendo em princ pio classifica o dos conhecimentos humanos, se tornou� � ��  alvo decr ticas. reclamou-se um ensino global, que contribu ra para enriquecer o� �  conhecimento quea crian a tem da realidade de modo universal, aprendendo a conhecer fen menos sob� �diversos aspectos simult neos.�pelo fato de se real ar a import ncia da atividade infantil passou-se a atribuir� �  

grande valor atudo o que desperta e desenvolve essa atividade. partindo deste ponto de vista, odecorrernormal da li es parecia particularmente est ril e aborrecido. pelo contr rio, as�� � �  ocupa es��que permitiam crian a manifestar os seus interesses e ex-� �

p gina: 85�

pandir a sua atividade eram valorizadas. os educadores deviam concentrar a suaaten o e os��seus esfor os em ocupa es tais como trabalhos manuais, desenhos, jogos, excurs es� �� �  e

teatros de fantoches, pois n o resta d vida de que com estes processos se obter� � � seguramentea colabora o das crian as.�� �chegou-se a outras considera es. a an lise da atividade da crian a revelava que�� � �  esta n o�pode ser encarada do mesmo modo que a atividade pr tica dos adultos, nem ser�  limitada auma atividade com objetivos produtivos determinados. a actividade da crian a�  cont m�importantes elementos funcionais e de express o: alimenta-se e satisfaz-se com o�  pr prio�processo da a o, com a pr pria express o do movimento, da palavra e do gasto.�� � � � sabido

que clapar De baseou toda a sua teoria pedag gica na no o de fun o e que decroly� � �� ��  

recorreu amplamente no o de express o. segundo clapar De, o educador deve, em� �� � �primeiro lugar, concentrar os seus esfor os de modo a levar a crian a a� �  desenvolver umaatividade que lhe seja verdadeiramente pr pria, quer dizer, que seja uma atividade�  funcional,que corresponda a necessidades definidas. se a atividade da crian a for exercida�  debaixo deconstrangimento ou com objetos impostos, n o tem valor educativo. decroly elaborou�  um

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sistema de processos pedag gicos destinados a estimular e a formar a express o, a� �  qual devesimultaneamente satisfazer as necessidades da crian a, contribuir para o�  conhecimento darealidade e transformar em aquisi o aquilo que ela tenha apreendido, por esta�� �  raz o que a�dan a, o desenho, o canto e a palavra se tornam elementos fundamentais da educa o� ��  e

instru o.��a aten o dirigida s diferentes particularidades da psicologia da crian a e a�� � �  tend ncia para�basear o esfor o educativo sobre a atividade da pr pria crian a deviam� � �

p gina: 86�

naturalmente contribuir para p r em relevo o problema da individualidade. ao passo�  que ateoria pedag gica tradicional era aplicada a crian a em geral, tentava-se agora� �  efectuar umadiferencia o levado ao m ximo. como dizia ci.apar De, a escola devia funcionar�� � �  por

medida. esta posi o deu origem a v rias sugest es para diversificar o programa e�� � �  oprocessamento do ensino. as mat rias foram divididas em duas partes: uma, geral e�obrigat ria para todos, a outra correspondendo escolha livre das crian as.� � �  estabeleceram-seestudos com diversos ritmos de acordo com as aptid es e a maneira de trabalhar de�  cadacrian a.�ao relembrar estes princ pios e recomenda es consideramos que se faz a justo� ��  t tulo a�afirma o de que esta tend ncia pedag gica parte da pr pria crian a e�� � � � � � pedoc ntrica. na�verdade, apresentavam-se a crian a e o seu mundo de modo distinto dos adultos e do�  

mundodestes, mas al m disso elas eram ponto de partida da atividade educativa. neste� �  sentido quese pode fazer refer ncia a uma revolu o coperniciana no campo da educa o. a� �� ��  partir destemomento o educador deixava de ser o centro de gravita o da vida da crian a pois�� �  aocontr rio, esta que se deve tornar sujeito do processo educativo, portanto o� �  ponto de partidada atividade educativa.por conseguinte, educa o cumpria ser express o da vida da crian a, assim como� �� � �  cuidardessa vida. como era imaginada a passagem deste mundo infantil para o mundo dos

adultos?de que modo se imaginava a concilia o entre esta vida, em que predomina a��  novidade, ointeresse, o esp rito criador, e a vida rotineira, banal, dos deveres impostos? de�  que modo eraconcebida a transi o desta rep blica de crian as para um estado de sistema�� � �  capitalista?tais s o os problemas essenciais. deram origem, nos�

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meios da educa o nova, mais a esperan as f ceis do que a an lises precisas. essas�� � � �  

esperan as fundamentavam-se na convic o de que as crian as cuja inf ncia decorre� �� � �  numaboa atmosfera educativa em casa e na escola se tornar o homens de valor, homens�equilibrados, capazes de reparar o mal deste mundo social onde ter o de viver.�  desempe-nhou aqui um papel decisivo o mito tradicional do nascimento social atrav s da�  

educa o��da nova gera o. este mito retomava vigor sob a forma de teorias psicol gicas e�� �pedag gicas modernas; propunham-se formar e sublinhar os instintos do indiv duo� �  paramelhor servirem a sociedade; prometiam suprimir os complexos e as frustra es que��despertam as tend ncias para o dio ou para a agressividade, bertrand russel,� �  exprimiutalentosamente estas esperan as. via com lucidez que o sistema social vigente est� � emcontradi o com o homem formado pela educa o nova, mas foi precisamente na�� ��  inten o��de reformar a sociedade que procurou divulgar a educa o nova.��havia que desenvolver a curiosidade e o esp rito critico da crian a, a fim de� �  

eliminar, maistarde, da vida intelectual dos adultos o t dio e o dogmatismo; devia-se cultivar�  ossentimentos de sinceridade e de coragem para libertar a sociedade ft,tura dahipocrisia e daservid o; cumpria tamb m desenvolver as tend ncias criadoras para que, mais tarde,� � �  otrabalho e a atividade dos adultos alcancem car cter individual e criador; o�desenvolvimento das tend ncias construtivas devia desvanecer os instintos�  agressivosorigem das guerras; os senti mentos de benevol ncia e de toler ncia, medida que� � �  seexpandiam, deviam fazer desaparecer o fanatismo das rela es entre os homens.��

ruller n o concordava em subordinar a educa o a cedas finalidades, propostas em� ��  geralpor diversas institui es e correntes ideol gicas da sociedade existente; opu-�� �

p gina: 88�

nha-se ideia de que a educa o fosse utilizada de modo a servir a igreja, o� ��  estado e a p tria.�reclamava uma educa o destinada pr pria crian a. esta educa o, ao servir a�� � � � ��  crian a,�serviria precisamente um futuro social renovado e melhor.as esperan as apontadas com clareza por russel exprimiam as expectativas de�  numerosos

adeptos da educa o nova; ofereciam resposta a interroga o perturbante que�� ��  preocupavaestes homens: que caminho escolher , no mundo moderno, este ser educado de acordo�  comos princ pios que eles consideravam justos?�poder-se-ia crer nestas esperan as? tinham sem d vida car cter ut pico e nem todos� � � �  sedeixavam tentar por elas. o modo como eram formuladas provocou protestos e novainquieta o relativamente forma o social das novas gera es. deste modo, no�� � �� ��  seio daeduca o nova esbo ou-se uma oposi o de princ pios que ao desenvolver-se,�� � �� �  

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constituiuuma das internas desta corrente. e a contradi o entre desenvolvimento e��  adapta o.��

p gina: 89�

ii

desenvolvimento espont Neo�e adapta o��

a princ pio, estas duas no es formavam um todo; o que se deve em parte heran a� �� � �  dagrande teoria da evolu o de darwin e spencer. a psicologia do desenvolvimento��utilizou a no o de crescimento, o qual acionado por fatores internos e�� �  externos, fatores dedesenvolvimento e de adapta o. no entanto, o progresso da sociologia revelava��  diferen as�que, at essa data, tinham passado despercebidas. alguns psic logos come avam a� � �  entreverum antogonismo entre o desenvolvimento, fator interno e espont neo, e a adapta o,� ��  

fatorexterno e imposto. a forma o do homem devia ser, em ltima inst ncia, fruto do�� � �  seudesenvolvimento. os soci logos viram esta oposi o de modo inverso: para eles, a� ��  forma o��do homem fruto da sua adapta o ao meio social, enquanto o chamado� ��  desenvolvimentointerior n o mais do que imagem desta adapta o. a concep o irracionalista da� � �� ��  evolu o��defendida por bergson, ao inv s de spencer, salientava mais ainda esta�  contradi o. a��evolu o, para bergson, n o um processo de adapta o, embora a intelig ncia�� � � �� �  humana a

conceba desse modo quando a analisa.

p gina: 90�

a evolu o um lan criador que provoca um caminhar em frente sob a impuls o da�� � � �  suapr pria for a interior. a adapta o n o o seu motor, mas apenas a sua imagem,� � �� � �  apreendidapelo nosso esp rito, a partir do conjunto dos resultados deste processo�  espont neo.�imaginemos diz bergson que a minha m o tem de atravessar limalha de ferro que� � �  secomprime e resiste medida que avan o. a dada altura, a minha m o ter esgotado a� � � �  

suaenergia e, nesse momento preciso, os gr os de limalha ter-se- o justaposto e� �  coordenado sobuma forma determinada. suponhamos agora que a m o e o bra o permaneceram� �  invis veis.�os espectadores procurar o nos pr prios gr os de limalha e nas for as interiores� � � �  amontoadasa raz odo fen meno.� �a influ ncia de bergs0n contribui para agravar a controv rsia sobre a rela o� � ��  m tua dos�factores internos e externos no processo de crescimento da crian a; agravou a�  

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contradi o��entre a concep o do desenvolvimento aut nomo espont neo e a concep o da�� � � ��  adapta o��social. enquanto numerosos adeptos da teoria da educa o nova se declaravam��  partid rios do�desenvolvimento interior e conquistavam aliados no campo da psican lise, outros,�  pelocontrario, salientavam de bom grado a import ncia da adapta o s condi es� �� � ��  

sociais; eramapoiados quer por soci logos, quer por alguns adeptos da chamada psican lise nova.� �  

pensavam que a educa o nova, uma vez estudado este problema. poderia sair do��  ut pico�beco sem sa da que a acusavam de ter criado.�a valoriza o do papel da adapta o n o se limitou a provocar a modifica o de�� �� � ��  algumascaracter sticas da edu-�

p gina: 91�

ca o nova, com efeito transformou-a completamente. anho mais se insistia na��  

teoria deque a forma o do homem resulta da sua adapta o ao meio social, tanto maior era a�� ��  

distancia em rela o aos princ pios iniciais da pedagogia pedoc ntrica.�� � �sup s-se durante algum tempo que a nova teoria s estaria a interpreta o das� � ��  fontes deorigem do que na lan a deve ser ponto de partida da educa o; mas tornou-se cada� ��  vez maisevidente que n o era poss vel limitar essa teoria a interpreta o das origens dos� � ��  instintos, dasnecessidades, dos interesses e das aptid es era cada vez mais evidente que se�  transformarianuma teoria explicativa de todo o processo de forma o da pessoa, apresentando��  

tamb m o�modelo normativo deste processo. foi o que efetivamente sucedeu; a pedagogia daadapta o��pelo contr rio, salientou o seu pr prio valor: n o s abrangia a genealogia social� � � �  da pessoahumana, como tamb m oferecia modelos concretos de vida pessoal numa sociedade�  concretaa que a crian a pertence ou h de vir pertencer.� �por conseguinte, agravava-se a contradi o entre estas duas posi es, a pedagogia�� ��  que parteda crian a e a pedagogia da adapta o.� ��bergson, no ltimo livro, as duas fontes da moral e da religi o, ao analisar a� �  vida social

do ponto de vista da teoria da evolu o criadora, nomeadamente a religi o e a�� �  moral,apercebeu-se com grande perspic cia da diferen a que separa a sua teoria da vida� �  aberta dateoria da vida fechada. precisamente esta diferen a que separa os partid rios da� � �  tend ncia�pedag gica pedoc ntrica baseada no� �

p gina: 92�

desenvolvimento espont neo da crian a da tend ncia que se fundamenta no principio� � �  

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daadapta o.��o princ pio da adapta o n o significava, no entanto uma rotura� �� �  relativamente as inten es��fundamentais da pedagogia pedoc ntrica. a adapta o era concebida como sa de� �� �  ps quica do�indiv duo; gra as a esta interpreta o estabelecia-se um elo com os princ pios do� � �� �desenvolvimento individual. e no pr prio interesse do indiv duo que o professor se� �  

deveempenhar n o s em cultivar as tend ncias umas interiores do desenvolvimento mas� � �  tamb m�em orient -las tendo em vista o futuro do aluno. verdade que o educador j n o� � � �  acreditavaque o desenvolvimento espont neo conduz a um futuro melhor; superava o plano�  puramentepresente da vida a partir do qual, apesar de n o lhe prestarmos nenhuma aten o,� ��  se forma ofuturo. mostrava os limites definidos dentro dos quais o aluno deve viver e oslimitesposs veis do seu devir. n o obstante, o educador mantinha-se como tutor do� �  indiv duo no�

pr prio interesse deste ltimo. de acordo com esta concep o, a adapta o devia� � �� ��  ser umcompromisso equilibrado entre as tend ncias do i indiv duo e do meio social, era o� �  pre o para�alcan ar um lugar real na vida.�a pedagogia americana ocupou-se em desenvolver especialmente a teoria da educa o��  doindiv duo atrav s da adapta o s condi es da vida. esta concep o da adapta o� � �� � �� �� ��  englobavaquer as condi es do momento presente, quer aquelas cuja imin ncia era previs vel.�� � �  falava-sede adapta o s condi es estabilizadas e s condi es vari veis; previam-se as�� � �� � �� �  situa es��

futuras que o indiv duo teria de defrontar, de modo a adaptar-se previamente;�  apontavam-semomentos de perigo no decorrer da vida, tais como a entrada da escola os ltimos�  exames, aescolha de uma profiss o, o come o do trabalho profissional, o casamento� �

p gina: 93�

o nascimento dos filhos, a morte de pessoas queridas, etc.. com o fim de prepararantecipadamente meios de adapta o.��combina o de an lises psicol gicas e de ensino de moral laica devia dar�� � � � educa o uma��t cnica de ac o de garantir ao indiv duo a maior seguran a ao longo da� �� � �  

exist ncia.�esta pedagogia da adapta o, apesar de oposta pedagogia pedoc ntrica. mantinha�� � �  todaviapontos em comum, n o apenas porque ambas prometiam defender o interesse do�  indiv duo,�mas tamb m porque se baseavam, na mesma concep o de natureza humana e em especial� ��  namesma teoria do instintos e da sua transforma o.��a pedagogia pedoc ntrica concebia a crian a como um conjunto de instintos e de� �  tend ncias�que mereceu a nossa confian a porque, pela sua pr pria natureza, s o bons e� � �  

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criadores, sobcondi o que uma educa o errada os n o tenha corrompido, e al m disso porque,�� �� � �  devido asua plasticidade, poss vel corresponder s sua solicita es de modo vari vel. a� � � �� �  educa o,��precisamente, deve procurar substituir as formas inferiores de satisfa o dos��  instintos porformas superiores. neste fen meno que reside a sublima o.� � ��a pedagogia da adapta o adaptou de bom grado esta t cnica da sublima o. a�� � ��  pedagogia daadapta o propunha-se aplanar os conflitos que ocorrem entre o indiv duo e tudo o�� �  que orodeia; o indiv duo cederia press o social por meio da sublima o, sem mesmo� � � ��  tomar dissoconsci ncia. assim a teoria da sublima o atenuava os rigores do postulado da� ��  adapta o e��levava a confiar na possibilidade de realizar com facilidade o que era normalmentefeito peloindiv duo com dificuldade e esfor o. deste ponto de vista, a adapta o j n o era� � �� � �  imposta demodo a esmagar as tend ncias do indiv duo, limitava-se a modificar as formas de� �  

satisfazeros instintos sem os violentar sem os violentar nem

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recusa-lhes satisfa o. nestas condi es, alguns adeptos da pedagogia da adapta o�� �� ��  

consideravam-na uma forma mais precisa de pedagogia do desenvolvimento livre.segundoestes autores, o princ pio de adapta o n o combatia o desenvolvimento livre do� �� �  indiv duo,�mas orientava o seu desenvolvimento atrav s da via da realidade na medida em que�  indicava

formas acess veis e concretas de satisfa o nas tend ncias.� �� �mas a verdade era bem diferente. muito embora a pedagogia da adapta o derivasse��  dapedagogia pedoc ntrica, cujas teorias utilizou, nomeadamente da teoria dos�  instintos e dasublima o, e que ambas se propusessem como objetivo velar pelo desenvolvimento��individual e assegurar uma boa integra o na vida social, ela era qualitativamente��  muitodiversa quanto aos seus resultados.o problema que russel descortinava muito claramente era o conflito entre oindiv duo�educado e acordo com os princ pios da educa o nova e a sociedade vigente; o� ��  indiv duo�

assim formado n o toleraria renunciar aos seus valores, embora a sociedade moderna�  n o os�reconhe a. russel resolveu este conflito refugiando-se numa f ut pica na� � �  transforma o��da sociedade. ora a pedagogia da adapta o n o admitia tal utopia. era uma�� �  pedagogiasensata que solucionava o conflito de modo radicalmente oposto. a seu ver, ointeresse doindiv duo estava no xito alcan ado durante a vida, no equil brio ps quico mantido� � � � �  entre oindiv duo e o meio e na sua capacidade de adapta o s exig ncias deste. tudo o� �� � �  

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que foraconquistado pela pedagogia com a finalidade de contribuir em proveito do indiv duo�  a umconflito com o meio em que o rodeia, em suma, tudo o que era v lido para russel,�  deviaser rejeitado. a pedagogia da adapta o tornou-se a pedagogia do conformismo.��

p gina: 95�

iiiconcep es da pedagogia social��

o problema n o teria solu o? seria inevit vel optar ou pelo principio do� �� �  desenvolvimentolivre da crian a, cuja vantagem para o indiv duo n o podia ser garantida se n o� � � �  por umautopia ou pelo principio da adapta o, que, apesar de prometer a realiza o desse�� ��desenvolvimento livre sob condi es sociais concretas, o anulava na pr tica por�� �conformismo?havia outra solu o: resolver os problemas fundamentais de modo totalmente��  diferente.

a concep o pedag gica que acabamos de descrever cava-se numa concep o particular�� � ��  dohomem: ser psicol gico, possuidor de um conjunto de instintos e necessidades, que�  medida�

que procuram satisfazer-se promovem o desenvolvimento do indiv duo. o modo de�interpretar esta concep o podia variar. de spencer a bergson ou freud h um feixe�� �  

de posi es diversas que t m todavia tra o um tra o comum entre o qual consiste na�� � � �  

convic o de que, para o homem, a hist ria social dos seres humanos n o tem�� � �  import ncia�constitutiva. o homem obrigado a viver no plano da hist ria, que n o mais que� � � �  o terreno

da sua vida,

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terreno frequentemente coberto de obst culos. visto que n o nos podemos esquivar,� �  n o�nos resta sen o ceder, adaptando-nos a hist ria. a perspectiva mais tentadora,� �  todavia, a�de libertar o homem do fardo da hist ria real; a vis o de uma liberdade ut pica� � � �  dohomem no mundo ut pico de um futuro indeterminado.�tais s o precisamente as teses fundamentais cujo valor podia ser posto em d vida.� �  o plano

da hist ria social n o atinge realmente a pr pria ess ncia da natureza humana? o� � � �  indiv duo�desenvolve-se unicamente por ac o das suas for as exteriores ou pelo contrario,�� �  pela suaparticipa o no mundo hist rico e social? a prefer ncia por esta ltima posi o�� � � � ��  foi pontode partida para uma grande corrente pedag gica que se op s firmemente aos� �  princ pios da�pedagogia pedoc ntrica e da pedagogia da adapta o. estas foram vivamente� ��  criticadaspelo seu individualismo, liberalismo, concep o atom stica da vida social e�� �  

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utilitarismoque preside determina o das rela es entre o indiv duo e o grupo.� �� �� �ao mesmo tempo que se fazia a critica destas tend ncias formulavam-se principias�contr rios. o ponto de partida era a ideia de que os conjuntos sociais s o� �  realidadesfundamentais das quais deriva a vida individual. erguera-se, ent o, uma grande�  controv rsia:�o todo simplesmente soma das partes ou, ao inv s, qualitativamente diferente� � �  

destas?optou-se por esta ltima solu o; e, assim, afirmou-se que as partes derivam do� ��  todo e n o�podem ser concedidas sen o em fun o do todo; por conseguinte, errado dizer que� �� �  as partesformem o todo e que basta a compreens o das partes para se alcan ar a compreens o� � �  do todo.no dom nio das ci ncias humanas esta perspectiva representava o desmoronar de� �  todas asteorias individualistas

p gina: 97�

que procuravam captar o homem pela an lise dos seus tra os individuais e conceber� �  oconjunto social como sua consequ ncia. assim, tentou-se conhecer e compreender o�  homempartindo do conhecimento e da compreens o do conjunto social a que pertence. esta�  tentativafoi empreendida de modos v rios por diversos sistemas sociol gicos. uns colhiam na� �  

tradi o spenceriana a ideia de representar a sociedade como um organismo e��  conclu am a�exist ncia uma analogia entre o indiv duo e a c lula. outros inspiravam-se na� � �  tradi o��rom ntica, que votava ao todo um culto especial, quase m stico. outros, ainda,� �  

reatavam astend ncias, nascidas no per odo da restaura o, de critica teorias sociais� � ��  racionalistas eutilitaristas do s culo das luzes em fran a.� �fazendo reviver de modo mais ou menos vivaz diversas correntes sociol gicas do�  passado,elaboraram-se teorias sociol gicas modernas. duas delas, em especial, revestiram�  grandeimport ncia no campo educativo, nomeadamente a sociologia de durkheim a teoria� �  detonnies. durkheim. aproximando-se de hegel e comte, descreve-se a sociedadecomo um todo espec fico que cria os indiv duos n o s porque lhes imp e regras de� � � � �  conduta,

mas fundamentalmente porque preside forma o do seu esp rito. ao consagrar-se em� �� �  

especial ao estudo das sociedades primitivas, durkheim e a sua escola tentavamdemonstrar que as formas da vida social modelam as categorias intelectuais. eraumatentativa de interpreta o sociol gica da filosofia kantiana. kant ao combater a�� �  tesetradicional de que as categorias do nosso esp rito prov m da observa o do mundo� � ��  real,demonstrou que estas categorias t m car ter a priori. durkheim, pelo contr rio,� � �  embora

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aceitasse a tese idealista de kant de que as categorias n o prov m da realidade,� �  tentavaencontrar com precis o a sua origem. se-�

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gundo este autor, tais categorias eram verdadeiramente apri ricas rela o a� ��  experi ncia, mas�n o se tinham formado por si, tinham sido criadas pela sociedade. as formas da�  vida socialcondicionam o modo como o indiv duo v toda a realidade, o seu modo de a conceber,� �  omodo de funcionamento do seu esp rito. durkheim tinha uma posi o semelhante no� ��mbito da moral. aceitava dois pontos de vista opostos: segundo um deles, a moral�  n o� �mais que o dever; para o outro, a moral associa-se no o de vantagem ou de� ��  prazer. tentavaconciliar estas duas posi es e explica- l , por meio da sua teoria que�� �  demonstrava serem aess ncia e a forma da moral obra social. segundo durkheim, por essa raz o que o� � �indiv duo sente as suas experi ncias morais sob a dupla forma do dever porque a� � �

sociedade mais poderosa que o indiv duo e do prazer porque o indiv duo uma� � � � � �  parteda sociedade e, ao sujeitar-se-lhe, trabalha em certo sentido para si mesmo. nodesenvolvimento desta teoria. durkheim demonstra que a divis o do trabalho�  transforma oindiv duo na sociedade, que as ideias colectivas e os per odos de excita o� � ��  colectivos podemexercer grande influ ncia nele, que as situa es sociais penetram no mago da vida� �� �  pessoal,regulando mesmo atitudes t o ntimas como o desejo de viver e a escolha do� �  suic dio.�com base na sociologia de durkheim elaborou-se, nomeadamente em fran a, um sistema�  

pedag gico que se ocupava principalmente dos problemas de educa o moral. este� ��  sistemafundamentava-se num princ pio oposto a pedagogia pedoc ntrica, a saber: a moral do� �  

indiv duo n o prov m do desenvolvimento e da sublima o dos seus instintos, mas da� � � ��  

compreens o intelectual das exig ncias sociais ditadas pelo sistema social e pelas� �  

necessidades sociais do momento; a tomada de conhecimento destas exig ncias�

p gina: 99�

deve portanto ser acompanhada pelo desejo de se lhes submeter, o que imp e a�  

pr tica de�uma disciplina estrita e severa.a concep o de tonnies, que teve grande influ ncia na alemanha, seguiu outra�� �  dire o.��tonnies, como sabido. distinguiu duas formas de vida social: por um lado, uma em�  quepredominam os elementos racionais, utilit rios, e o ator institucional e�  organizador, em que aparticipa o do indiv duo fragment ria; por outro lado, distinguia outra forma�� � � �  racionalistada associa o, quer para levar apoteose experi ncias vividas, com o car cter de�� � � �  

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comunidadeem que os membros participam diretamente, comprometendo-se assim a pessoa na suatotalidade.a distin o feita por tonnies foi utilizada pela pedagogia, quer para criticar os��  sistemassociais alicer ados na forma racionalista da associa o, quer para levar� �� � apoteose os sistemasde car ter comunit rio, fundamental, supra-individual da vida coletiva, que� �  

englobla oindiv duo por completo, sem que este tenha de tomar qualquer decis o, e constitui� �  a suaess ncia.�esta concep o afastava-se consideravelmente, como e evidente, da de durkheim. a��pedagogia deste autor tornou-se a arma da democracia burguesa durante o per odo do�  

imperialismo; contrariamente tradi o, liberal democr tica, ao mesmo tempo que� �� �  salientavao primado da sociedade sobre o indiv duo, esfor ava-se em salvaguardar at certo� � �  ponto osdireitos do racionalismo a determinar os deveres

p gina: 100�

sociais do indiv duo. a pedagogia alem , pelo contr rio, tirando as suas� � �  conclus es das�distin es de tonnies, evolu a cada vez mais claramente para uma concep o�� � ��  impregnadade nacionalismo e, por fim, de hitlerianismo, em que a concep o de comunidade de��  vida erao fundamento nico dos processos educativos.�

p gina: 101�

iv

pedagogia da cultura

as teorias pedag gicas que de um todo ou de outro, atribu am educa o o papel de� � � ��  integraro indiv duo na vida social enfrentaram diversas cr ticas provenientes dos adeptos� �  dapedagogia do desenvolvimento e tamb m dos partid rios da tend ncia para ver na� � �  pedagogiasocial uma concep o simplista do homem. a oposi o s concep es da pedagogia�� �� � ��pedoc ntrica. que considerava o homem como um ser ligado sociedade e hist ria,� � � �  revestiadiversas formas. al m do modo de interpretar esta rela o que descrevemos p ginas� �� �  atr s�

havia outra teoria que considerava a no o de cultura seu principio b sico e n o a�� � �  desociedade ou de grupo social.tentar encenar o homem na esfera determinada pela vida social de que participasignificavapara diversos pedagogos a diminui o das possibilidades e da tarefa da educa o.�� ��reconheciam que o homem n o pode ser obra da adapta o ou liberta o dos seus� �� ��  instintosfrente s resist ncias do que o rodeia. consideravam, todavia, que o principal� �condicionamento do homem e a sua forma o atrav s da heran a cultural da�� � �  humanidade,

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heran a pro-�

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veniente de v rias pocas e sem la os diretos com a situa o de uma sociedade em� � � ��  especial.surgiram grandes diferen as nas v rias correntes desta tend ncia pedag gica quanto� � � �  forma�

de conceber esta heran a cultural. n o obstante, tinham uma concep o comum: as� � ��  obras dacultura, ao contr rio do que pensavam os soci logos, possuem uma autonomia� �  pr pria, que se�manifesta, por um lado, pelo fato de que s o v lidas para um grande numero de� �  sociedadesdiferentes, por outro lado, pelo fato de que se desenvolvem, pelo menos at certo�  grau,espontaneamente e por si pr prias sem que este desenvolvimento decorra de fatores�  sociais.a filosofia de hegel desempenhou um papel importante neste dom nio. o seu�ressurgimento, no fim do s culo xix e no in cio do s culo xx, foi fonte de� � �  inspira o para��

alguns ramos da pedagogia da cultura.a filosofia de hegel permitia apreender, atrav s do evoluir da cultura, um�  desenvolvimentoimanente que se realiza a partir de contradi es internas; nesse desenvolvimento��  cada novaetapa prov m da precedente. a filosofia de hegel conduzia concep o do homem,� � ��  comoser no qual se realiza um processo objetivo de desenvolvimento da cultura, quedesperta neleum estado subjetivo de consci ncia de toda a aquisi o anterior este estado� ��  provoca a revoltae o descontentamento, a busca de novas vias. de acordo com esta filosofia, odesenvolvimento do homem devia efectuar-se do seguinte modo: o indiv duo�  

abandonaria asua pr pria subjetividade, dedicar-se-ia as obras do esp rito objetivo para se� �  enriquecer namedida em que se p e ao seu servi o, regressando depois a si mesmo a um n vel� � �  superior.assim, a pedagogia da cultura tornava-se um sistema pedag gico, incluindo solu es� ��  paratodos os problemas fundamentais. al m de constituir uma esp cie de tentativa geral� �  desele o dos valores culturais em torno��

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dos quais o processo educativo deveria concentrar-se, era simultaneamente umaesp cie de�teoria geral da cultura e ia concep o geral do homem. nestas teorias real ou-se�� �  car cter�objectivo e aut nomo da cultura e a estrutura espec fica da vida individual� �  constitu da por�dois planos. em rela o ao indiv duo, a cultura tornava-se algo de exterior,�� �  independentedeste, com um desenvolvimento aut nomo e objetivo; todavia, cumpria distinguir no�  pr prio�indiv duo dois planos de vida: o plano biol gico e ps quico ligado base material� � � �  

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e social daexist ncia, aos instintos e as necessidades; e o plano superior, espiritual, que�  devia constituiro equivalente subjectivo da cultura objetiva. as tarefas principais da pedagogiadeviamconsistir em analisar esta vida espiritual do indiv duo e elaborar o seu�  desenvolvimento, taisdeviam ser as tarefas principais da pedagogia. chamou-se a este processo passagem

daindividualidade personalidade, matura o da personalidade. era precisamente esse� ��  oobjetivo da educa o. a educa o devia cultivar na crian a tudo o que e profundo,�� �� �  espiritual;quer recorrendo aos instintos e aos sentimentos do n vel inferior da vida, quer�  utilizando asfor as intelectuais da crian a por vezes impedindo o saciamento das necessidades� � �  einteresses deste n vel a educa o devia construir a personalidade, que tanto era� � ��  umacontradi o da individualidade como a sua garantia de acesso, ao n vel superior da�� �  exist ncia�

espiritual.a pedagogia da cultura nesta acep o opunha-se pedagogia do grupo social; em�� �substitui o das teorias que pretendiam formar a crian a como membro de um grupo�� �  social;em substitui o das teorias que pretendiam formar a crian a como membro de um�� �  gruposocial propunham os seus princ pios de transforma o da individualidade da crian a� �� �  napersonalidade; em vez dos princ pios de subordina o do indiv duo vontade do� �� � �  grupopreconizava o direito a escolher os valores culturais mais

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conformes aos atributos da personalidade: aos princ pios de integra o do� ��  indiv duo nas�exist ncias da vida real da comunidade opunha o seu direito em participar na livre�  

comunidade das almas.atrav s das m ltiplas contradi es que se manifestaram entre a pedagogia do grupo� � ��  social e apedagogia da cultura revelou-se distintamente a dificuldade fundamental, que devia

justamente ser resolvida na luta contra a corrente da educa o chamada nova. tal��  comodissemos antes, tese fundamental desta teoria de que o homem n o mais que um� � �  

indiv duo�psicol gico que tende a desenvolver as suas for as interiores, saciar os seus� �  instintos esatisfazer as suas necessidades, seria oposta a tese sobre o car ter social e�  hist rico da�natureza humana, sobre a forma o do homem mediante a sua participa o no mundo�� ��humano. todavia, esta tese revela-se equ voca; podia ser interpretada, como�  afirma o de��que o homem obra do grupo social a que pertence, ou ent o levar a deduzir que o� �  homem �obra da cultura que assimila.

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por causa desta falha, a pedagogia da educa o nova n o conseguia resolver a�� �  dificuldadefundamental que minava interiormente a corrente da educa o nova e que devia ser��  superadagra as a uma concep o do homem radicalmente oposta. relembremos esta dificuldade:� ��  oconflito entre, por um lado o principio do pleno desenvolvimento do que na crian a�  humano�

e universal e, por outro, a necessidade de ter em conta as condi es da sua vida��  real. aeduca o nova podia optar pela pedagogia do desenvolvimento ou pela da adapta o.�� ��  emambos os casos, a escolha significava renunciar ao resultado conjunto que sepretendiaalcan ar traindo quer a liberdade, quer a realidade. n o se sabia de que modo� �  conciliar aliberdade do indiv duo e a sua vida real.�

p gina: 105�

seria alcan ada uma solu o para este dilema atrav s da interpreta o moderna da� �� � ��  

antigateoria de que o homem um ser social e que, por consequ ncia, a sua liberdade e a� �  sua vidareal podem conciliar-se. ao distinguir a falsa liberdade do indiv duo, a sua�  liberdadeaparente, que arbitr ria e destr i o indiv duo, da sua liberdade verdadeira,� � � �  criada noindiv duo pela vontade social, esta pedagogia prometia resolver estes dilemas. a�  liberdade doindiv duo consiste no seu direito ao desenvolvimento; contudo, como o homem e um�  sersocial, o desenvolvimento do indiv duo em dire o ao humano deve ser concebido� ��  como

desenvolvimento da participa o social. o grau de liberdade identificava-se ao��  grau destaparticipa o.��mas aqui surgiam novas dificuldades; que a participa o social. ser a perten a� �� � �  a um gruposocial ou a uma cultura? ao analisar estes problemas apercebemo- nos de que n o�  eramin ditos mas que constitu am simplesmente uma forma diferente das dificuldades que� �  

minavam a teoria da educa o nova. efetivamente, a pedagogia da cultura reatava de��  certomodo o ponto de vista da pedagogia do desenvolvimento, enquanto a pedagogia degrupo

social retomava o ponto de vista da pedagogia da adapta o.��e verdade que a pedagogia da cultura combatia a pedagogia do desenvolvimento, n o�  pordefender o princ pio do desenvolvimento, mas porque na opini o daquela concebia� � � �  omecanismo deste de um modo excessivamente naturalista, o desenvolvimento doindiv duo�n o devia reduzir-se sua individualidade, mas cultura que era a personalidade� � �  do homem.a for a das car ncias e dos instintos n o devia ser o motor do desenvolvimento,� � �  assim como

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a liberdade e a sublima o dos instintos n o deviam constituir a sua base; o motor�� �  dodesenvolvimento devia estar nos valores culturais e a forma o espiritual ser a��  sua

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ess ncia. partindo deste ponto de vista, poss vel censurar a educa o nova pela� � � ��  

no o��err nea que tem do desenvolvimento do indiv duo, mas n o por ter pretendido� � �  concentrar otrabalho pedag gico em torno do desenvolvimento. este pensamento era acenado e a�pedagogia da cultura propunha-se defender esta concep o precisamente elevando a��  pr pria�no o de desenvolvimento individual ao n vel superior cultural e espiritual.�� �do mesmo modo, a pedagogia do grupo social refutava a pedagogia da adapta o, n o�� �  porformular este principio, mas porque o entendia erradamente. concebia-o segundo umpontode vista individualista e utilit rio, como uma regra para o indiv duo organizar da� �  melhor

maneira a sua vida. esta pedagogia cometia o mesmo erro que fora praticado outrorapelosfil sofos do contrato social ao suporem que a sociedade fruto de contratos� �  interindividuais.a adapta o deve ser considerada de modo muito diverso; e necess rio esclarecer�� �  que n o� �uma t tica do indiv duo mas a trama constitutiva da sua vida. a pedagogia da� �  adapta o via��claramente o papel do meio social na vida do indiv duo, n o se apercebia todavia� �  da suaprofundidade a pedagogia do grupo social retornou este pensamento e, purificando-odequalquer individualismo, apresentou-o como princ pio fundamental da cria o do� ��  

homempela sociedade.assim, na controv rsia entre a pedagogia da cultura e a pedagogia do grupo social�  renascia oconflito que tinha minado o campo da educa o nova e que devia finalmente��  encontrarsolu o na teoria da natureza social do homem. a pedagogia do grupo social��  demonstrava asexig ncias concretas e objectivas do meio social; a pedagogia da cultura prometia�  libertar ohomem desta press o. enquanto a pedagogia do grupo social formulava as suas�  exig ncias�em

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a o ao indiv duo com uma insist ncia que ia ao ponto suprimir totalmente a sua�� � �  vontadepara o submeter vontade social, a pedagogia da cultura transportava o indiv duo� �  a regi es�espirituais t o long nquas que a sua personalidade cessava de participar no mundo� �  social real.repetia-se a alternativa da educa o nova, muito embora sob nova forma:��  conformismo ou

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utopia. o problema do conflito entre o desenvolvimento do car cter humano�  universalcrian a e o mbito real da sua vida mantinha-se sem solu o.� � ��

p gina: 108�

vpedagogia moderna da ess Ncia�

ter a pedagogia moderna empreendido outras tentativas para resolver este�  conflito? merecereferencia uma outra corrente. a educa o nova procurava encarar as perspectivas��  dapedagogia partindo do ponto de vista do curso presente da vida do indiv duo,�  propunha-seidentificar a educa o ao processo espont neo do crescimento e acreditava que o�� �desenvolvimento seria tanto mais satisfat rio quanto maior fosse o cuidado�  prestado vida�quotidiana do indiv duo; a pedagogia do grupo social e a da cultura utilizavam a�  no o de��mundo social e hist rico e definiam a educa o como atividade subordinada a esta� ��  

tarefa e aestes valores: a terceira corrente da pedagogia burguesa tentou formular umaconcep o��metaf sica do homem.�para esta corrente, a cr tica da educa o nova formulada pela pedagogia do grupo� ��  social e apedagogia da cultura, embora justa nas suas inten es, era insuficiente. com��  efeito, afirmava,n o se pode refutar o naturalismo apelando para a sociedade e para a cultura visto�  que, aofaz -lo, permanece-se no n vel da vida natural do homem.� � � �s poss vel derrubar o naturalismo e, ao mesmo� � �

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tempo, os seus advers rios passando do n vel natural da humana para o n vel� � �  metaf sico. e a�solu o apontada diversas correntes da pedagogia religiosa cat lica e�� � �  protestante que�regressam as concep es teol gicas tradicionais, assim como variadas tend ncias da�� � �  filosofiaidealista solidarizadas com as grandes tradi es da metaf sica ocidental e mesmo�� �  oriental.t m uma tend ncia comum: buscar a educa o nos princ pios imut veis que determinam� � �� � �  avoca o eterna e universal do homem. assim concebida, a educa o recusa tomar como�� ��  

ponto de partida quer o curso presente da vida individual, quer as exig ncias da�  hist ria social�ou da cultura; uma vez que se op e a estas duas tend ncias, interessa-se pelo� �  destino dohomem em sentido metaf sico. nesta ptica, o personalismo n o pode atribuir� � �  import ncia ao�desenvolvimento da personalidade natural, nem a nossa participa o na vida social,��  nemmesmo forma o da personalidade por meio da cultura.� ��procurar os fundamentos e as directivas da educa o nas leis eternas que��  

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determinammetafisicamente a voca o homem exprimir a convic o de que a ess ncia do homem�� � �� �  n o�pode ser concebida sen o de modo supratemporal. eis porque esta corrente pode ser�  definida,como o prop em alguns historiadores da pedagogia, pela designa o de� ��  essencialismo .�todavia, esta corrente n o e homog nea visto que a ess ncia do homem pode ser� � �  

concebidade modos diversos. certas correntes religiosas interpretam esta doutrina emsentidometaf sico e personalista. ent o, o destino metaf sico do homem que fica em� � � �  causa.

nota de rodap :�1 este termo tornou-se habitual na linguagem cient fica americana. cf. j. s.�  brubacher,modern philosophies of education, nova iorque, 1950.

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nesta perspectiva, todos os objectivos e princ pios da educa o nova resultantes� ��  dapreocupa o de desenvolver a individualidade natural, devem ser rejeitados, assim��  comoqualquer tentativa que tenha por objectivo a forma o do cidad o; as tend ncias da�� � �  pedagogiada cultura tamb m n o s o aceit veis, uma vez que esta pedagogia n o foca a pessoa� � � � �  humanaem sentido metaf sico, mas a personalidade formada por valores culturais. a�  an lise do�homem feita nesta perspectiva revela uma estratifica o ainda mais rica que a��  apresentadapor outras orienta es pedag gicas, discrimina quatro n veis do ser individual:�� � �

psicobiol gico, social, cultural e metaf sico. a verdadeira educa o deve ocupar-� � ��se destequarto n vel, o n vel mais elevado.� �os postulados desta educa o foram definidos, por exemplo, por j. maritain do��  ponto devista neotomista e por mounier na perspectiva do personalismo cat lico. numerosos�pedagogos protestantes cultivaram concep es semelhantes.��alguns educadores, como s. hessen, embora n o declarassem directamente as suas�  cren as�religiosas, seguiam todavia na mesma direc o e consideravam o personalismo��  entendidodeste modo o objectivo supremo da educa o.��todavia, n o era a nica solu o poss vel dos pedagogos do essencialismo. havia� � �� �  

outrasolu o, baseada nas concep es filos ficas que procuravam encarar o homem como�� �� �  serespiritual e dotado de uma raz o. as tradi es filos ficas idealistas e� �� �  racionalistascombinavam-se, surgiam afinidades ou contradi es. nestas ltimas podia-se�� �  destrin ar um�conflito grave entre a atitude para a qual a teoria da ess ncia duradoura do� � �  homemsignifica que o homem pode subsistir em todas as condi es sociais porquanto estas��  n o�

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atingem a sua ess ncia absoluta, e a atitude segundo a qual a teoria da ess ncia� �  duradoura

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significa uma critica da realidade social, sempre que esta a contraria.esta cr tica tinha contudo um caracter abstracto. o problema fundamental da�  pedagogia do

essencialismo reside na seguinte interroga o: ser poss vel e, em caso nativo,�� � � �  por quemeios passar dos princ pios v lidos em todo o lugar e sempre aos princ pios� � � � � �  v lidos�para a a o num dado lugar e num momento preciso? os escritores que tentaram��  realizar estatransi o foram acusados de trair a sua voca o de humanistas; todavia, os que n o�� �� �  provamuma transi o mantinham-se num ninho de guia cimo do qual deviam pensar que�� � �  ningu m�sobre a terra tem raz o nem defende o que justo. foi neste sentido que j. benda� �  falou datrai o dos intelectuais e que merleau- ponty defendeu argumenta o an loga. ao� �� � �� �

contr rio, sartre criticou os que tentavam formular um julgamento sobre a vida�colocando-se numa posi o supra- hist rica.�� �verifica-se, portanto, que o problema fundamental da ess ncia e da exist ncia n o� � �  foiresolvido de modo mais satisfat rio pela pedagogia do essencialismo .� � �

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vicontrov Rsia moderna�entre a pedagogia da exist Ncia�e a pedagogia da ess Ncia�

a contradi o entre as tend ncias da educa o t m por objetivo satisfazer as�� � �� �  necessidades doindiv duo e as correntes pedag gicas baseadas no princ pio da ess ncia permanente� � � �  surgecom especial nitidez na pedagogia moderna.esta pedagogia, como vimos, salienta a identidade da educa o e do desenvolvimento��  

individual, al m de criticar os sistemas educativos baseados no princ pio da� �  ess ncia; procura�provar que o desenvolvimento da vida cont m em si mesmo for as que formam o ser� �  futuro.de acordo com este ponto de vista, os nossos planos e o nosso ideal n o s o mais� �  que uma

proje o do nosso presente sobre o futuro e n o uma for a condutora que forme o�� � �  presenteem fun o dos objetivos do futuro.��nesta acep o, a pedagogia da exist ncia opunha-se fundamentalmente pedagogia da�� � �  

ess ncia. no entanto, na vida real a orienta o que dela provinha devia conduzir,� ��  comovimos, que evas o individual, que adapta o. n o levava a uma concep o que� � � �� � ��procurasse transformar as condi es existentes, nem a um ideal de vida individual��  ou

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social. a pedagogia moderna caracteriza-se quer por uma tend ncia para identificar�  a vidaindividual educa o, quer por uma tend ncia para defender as posi es� �� � ��  tradicionais dapedagogia da ess ncia.�contudo, da mesma forma que n o existe uma via de acesso da pedagogia da�  

exist ncia ao�ideal, nenhum caminho liga a pedagogia da ess ncia.�contudo, da mesma forma que n o existe uma via de acesso da pedagogia da�  exist ncia ao�ideal, nenhum caminho liga a pedagogia da ess ncia vida. o exemplo das diversas� �  correntesda pedagogia da cultura e da pedagogia metaf sica revela-o claramente. a cr tica� �existencialista a estas duas teorias justa: nenhuma delas concebe o homem�  concreto e vivo,um homem em carne e osso, pertencendo a um lugar definido e a uma poca�  determinada dahist ria. uma reduz o homem s propor es de recept culo e ve culo de valores� � �� � �  culturais, a

outra concebe-o como uma experi ncia contemplativa ou uma emo o m stica. em ambos� �� �  oscasos, a educa o incidia num dom nio limitado da vida humana e n o tinha qualquer�� � �  rela o��nem com a atividade real, social e profissional do homem, nem mesmo com atotalidade dasua vida individual. esta pedagogia preocupava-se unicamente com o que constituiumaesp cie de luxo intelectual ou espiritual.�unir educa o e vida de modo que n o seja necess ria- eis os dois extremos do�� � �  pensamentopedag gico da nossa poca. no entanto, esta alternativa encorajava n o s a� � � �  escolha de uma

de uma posi o pura, como tamb m tentativas de compromisso, as quais s o t o�� � � �caracter sticas da pedagogia moderna como a escolha radical.�qual era o sentido fundamental deste compromisso? devia ligar o princ pio da�  educa o��identificada vida, ao princ pio da educa o subordinada a uma ideal. o fulcro� � ��  principaldestas tend ncias encontrava-se nas teorias sociol gicas do homem e da educa o,� � ��  que, como aux lio da�

p gina: 114�

psicologia social, deviam demonstrar que a exist ncia do homem se forma a partir�  

deuma trama que a express o da realidade social existente; a vida do indiv duo,� � �  segundoesta concep o, consistia num fragmento da alma coletiva.��a no o individualista e liberal do princ pio da adapta o transformava-se em�� � ��  pr ncipio�de forma o do homem real, quer dizer do homem pol tico; o ideal humano geral e�� �humanit rio transformava-se em directivas determinadas em fun o da hist ria e da� �� �na o. assim se efectuava uma conex o muito caracter stica entre os princ pios da�� � � �exist ncia e da ess ncia; ao mesmo tempo, deixava de se considerar a exist ncia� � �  humana

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com a quest o pessoal e particular, reconhecendo a sua participa o na vida� ��  pol tica da�na o, come ava-se a dar-lhe uma determinada direc o e a associar-lhe um ideal.�� � ��  emvez de dedicar vida uma solicitude sem orienta o era guiada de modo a aceitar� � �� �  umdeterminado estilo de vida. ao mesmo tempo, a cr tica a cultura desligada das� �conting ncias e ao idealismo de car cter universal fazia do ideal a express o da� � � �  

vontadecoletiva, da vida pol tica da poca.� �numerosas correntes pedag gicas da poca contempor nea foram marcadas por esfor os� � � �  

tendentes a vencer tanto as concep es individualistas como as universalistas��  acerca davida e da educa o. estas tend ncias atingiram uma intensidade especial nas�� �  correntesnacionalistas de diversos pa ses e mais tarde com o fascismo e o hitlerianismo.�conquistaram adeptos mais pela sua critica as concep es individualistas e��  universalistasdo que devido a proposi es positivas. muitos pedagogos recusaram-se a aceitar o��  pro-

grama educativo fascista e hitleriano; todavia a critica ao naturalismo pedag gico�  e �pedagogia universalista pareceu convincente a vastas camadas de educadores. eraprecisamente este facto que dava urna for a perigosa a estas ten-�

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d ncias que pretendiam unir a pedagogia da exist ncia a pedagogia da ess ncia.� � �  beneficiaramda insatisfa o provocada pela aus ncia de qualquer direc o na pedagogia da�� � ��  exist ncia,�devido s suas tend ncias superficiais e naturalistas, e tiravam proveito do� �  descontentamento

suscitado pela pedagogia da ess ncia, devido ao seu car cter abstrato e� �  metaf sico, separado�das realidades.mas a s ntese assim concebida representava rio fundo o aniquilamento de tudo o� � �  quecontribu a para o valor da pedagogia da exist ncia e a pedagogia da ess ncia. como� � �  odemonstramos, a pedagogia da exist ncia revelava o conflito criado na sociedade�  burguesaentre as tend ncias para o desenvolvimento do indiv duo e as condi es sociais� � ��  existentes. aevas o do indiv duo da vida real provava claramente a exist ncia deste conflito,� � �  assim como

o demonstrava a necessidade de adapta o. a pedagogia da exist ncia n o dava�� � �  resultadospositivos nestas circunst ncias; n o mascarava as resist ncias reais, nem escondia� � �  o facto deque a realidade social se op e educa o organizada medida do indiv duo.� � �� � �a tentativa para a unir pedagogia da ess ncia sancionava este fato; tendia-se a� �  camuflarestas contradi es e a persuadir os indiv duos que ao submeterem-se s condi es�� � � ��  existentesrealizavam uma obra profundamente justa e criadora. apresentava-se como um deversagrado

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do homem aquilo que, do ponto de vista da pedagogia da exist ncia, era considerado�  comouma extrema e triste necessidade. assim concebida a pedagogia da ess ncia tornava-�senaquilo que marx designava por flores que servem para mascarar os grilh es do� �  homem .�ao analisar o papel social da religi o marx dizia:�

p gina: 116�

a critica desfolhou as flores imagin rias que cobriam os grilh es, n o o fez para� � �que o homem arraste a grilheta prosaica e desoladora, mas para que dela se liberteecolha a flor viva�

a pedagogia da exist ncia tra a assim os seus princ pios fundamentais de defesa do� � �  

desenvolvimento livre do homem e a pedagogia da ess ncia traia os princ pios� �  essenciais deuma educa o baseada em valores universais e permanentes. o que j. benda designou��  por

trai o dos intelectuais foi efetuado em grande, escala pela pedagogia burguesa,� �� �  que seempenhou em fazer que os ideais pedag gicos retomassem contato com o mundo terreno�  

desenvicilhando-os do seu car ter universalmente humano. simultaneamente, a�  pedagogia daexist ncia era transformada a fim de dar ao termo exist ncia era transformada a� �  fim de dar aotermo exist ncia um sentido de participa o numa comunidade pol tica nacional. a� �� �  cr tica ao�universalismo do ideal e a cr tica concep o liberal e individualista da vida� � ��  coincidiam nosseus resultados.

as contradi es reais que criavam na sociedade burguesa uma oposi o cada vez mais�� ��  graveentre a exist ncia humana e o seu ideal n o eram evidentemente atenuadas por esta� �  pedagogiade compromisso; minimizavam-nas ou tentavam ignor -las. para esta pedagogia, as�contradi es que se manifestavam n o provinham das m s rela es sociais, mas sim�� � � ��  de umano o err nea e nefasta dos direitos do indiv duo e do car ter do ideal. daqui�� � � �  resultava quese deviam transformar, n o as rela es sociais, mas a maneira de conceber a� ��  exist ncia�individual e o ideal, causas destas contradi es.��

nota de rodap :�marx, oeuvres philosophiques, t. i, trad. molitor, paris 1946, p. 84

p gina: 117�

recapitulemos: o pensamento pedag gico perde-se quando escolhe a pedagogia da�exist ncia, quando opta pela pedagogia da ess ncia e quando tenta unir estes dois� �  princ pios�em fun o das condi es hist ricas e sociais existentes. a pedagogia devia ser�� �� �simultaneamente pedagogia da exist ncia e da ess ncia, mas esta s ntese exige� � �  certas

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condi es que a sociedade burguesa n o preenche, exige tamb m que se criem�� � �  perspectivasdeterminadas de eleva o da vida quotidiana acima do n vel atual. o ideal n o deve�� � �  nemsancionar a vida atual, nem tomar uma forma totalmente alheia a essa vida.tentemos ver esta quest o pelo ngulo filos fico: a concep o da ess ncia humana� � � �� �  n o pode�dar origem a uma exist ncia do homem correspondente a esta ess ncia no entanto,� �  

nem toda aexist ncia humana d necessariamente origem ess ncia do homem. o que importa� � � � � facultarvida humana condi es e encorajamentos, garantias e organiza o tais que possa� �� ��  

tornar-sebase do desenvolvimento e da forma o, base da cria o da ess ncia humana.�� �� �

p gina: 118�

viieduca o virada para o futuro��e perspectiva de um sistema socialescala humana�

esta posi o filos fica n o se enquadra numa pedagogia que aceite o estado de�� � �  coisasexistente; n o ser respeitada sen o por uma tend ncia que assinale o caminho do� � � �  futuro, poruma pedagogia associada a uma atividade social que transforme o estado de coisasque tendaa criar ao homem condi es tais que a sua exist ncia se possa tornar fonte e�� �  mat ria prima da�sua ess ncia. a educa o virada para o futuro justamente uma via que permite� �� �  ultrapassar ohorizonte das m s op es e dos compromissos da pedagogia burguesa. defende que a� ��realidade presente n o a nica realidade e que, por conseguinte, n o o nico� � � � � �  

crit rio de�educa o. o verdadeiro crit rio a realidade futura. a necessidade hist rica e a�� � � �  realiza o do��nosso ideal coincidem na determina o desta realidade futura. esta necessidade��  permite-nosevitar a utopia, esta atividade protege-nos do fatalismo.o feiticismo do presente, que n o tolera a cr tica da realidade existente e que,� �  por essemotivo, reduz a atividade pedag gica ao conformismo, destru do pela educa o� � � ��  virada parao futuro.

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na concep o da educa o dirigida para o futuro o presente deve ser submetido a�� ��  cr tica, e�esta deve acelerar o processo de desaparecimento de tudo o que antiquado e�  caduco,acelerando o processo de desaparecimento de tudo o que antiquado e caduco,�  acelerando oprocesso de concretiza o do que novo, onde quer que este processo evolua de�� �  modo exces-sivamente lento e deficiente.uma tal critica pressup e um ideal que ultrapasse o presente: neste sentido, a�  

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educa o virada��para o futuro integra-se na grande corrente pedag gica que design mos por� �  pedagogia daess ncia. trata-se contudo de uma simples afinidade pois tem profundas�  diverg ncias,�consistindo a diferen a essencial no facto de este ideal se caracterizar por uma�  directriz deac o no presente, ac o que deve transformar a realidade social de acordo com as�� ��  

exig ncias�humanas. na medida em que o ideal que inspira a cr tica da realidade deve�  representar umadiretriz para a ac o no presente tem de organizar as for as atuais e deve�� �  encorajar o homema fazer a op o do momento atual. a educa o orientada para o futuro liga-se neste�� ��  sentido �segunda grande corrente do pensamento pedag gico, pedagogia da exist ncia.� � �  todavia,tamb m aqui n o encontramos sen o uma afinidade; a diferen a essencial consiste em� � � �  que,nesta concep o da educa o, a vida o aspecto presente da edifica o do futuro.�� �� � ��definindo deste modo os tra os particulares da pedagogia da educa o virada para o� ��  

futuro,indicamos a tradi o de que partiu. deriva das tend ncias pedag gicas que n o�� � � �  admitiam queo princ pio da adapta o ao presente fosse o princ pio capital da educa o e ainda� �� � ��  dascorrentes que concebiam a cr tica do presente n o como um convite para evadir-se� �  dopresente, mas como um apelo para melhor -lo.�este o nico caminho que permite resolver a antinomia do pensamento pedag gico� � �moderno.

p gina: 120� 

se queremos educar os jovens de modo a tornarem-se verdadeiros e aut nticos�  art fices de um�mundo melhor necess rio ensina-los a trabalhar para o futuro, a compreender que� �  o futuro �condicionado pelo esfor o do nosso trabalho presente, pela observa o l cida do� �� �  erros elacunas do presente, por um programa mais l gico da nossa atividade presente.�grande parte da juventude sente uma intensa necessidade de lutar por um futuromelhor parao homem; sobre este sentimento que deveria basear-se o programa educativo.�  permitamosque esta necessidade se manifeste mediante formas de cr tica e de revolta, severas�  

ou mesmobrutais, mas guiemo-la tamb m para a ac o concreta verific vel, que exige� �� �comprometimento e esfor o pessoais, em suma, a responsabilidade da pessoa. diz-se�  muitomal e muito bem da nossa juventude. todavia, estas defini es n o s o correctas�� � �  porqueexprimem acerca da juventude uma aprecia o est tica; a juventude tornar-se-�� � � melhor oupior consoante o modo como seremos capazes de organizar as suas atividadesconcretas nomeio em que vive, conforme a ajuda que lhe facultarmos para que se torne apta a

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realizar astarefas futuras e conforme o que soubermos fazer para facilitar o desenvolvimentointeriordos jovens. o nico modo de desenvolver as for as criadoras da juventude, de a� � �  libertar daspeias provocadas pela desilus o que a leva a afirmar nada se pode fazer, portanto�  n o vale a�pena fazer o que quer que seja; o nico processo para limitar as tend ncias dos� � �  

jovens abasearem a sua vida na exclusiva satisfa o das necessidades materiais, o nico�� � �  recursopara lutar contra um cinismo que hoje, na maior parte das vezes, uma forma de�  protestocontra o que est mal na vida, mas que corre o risco de se tornar o pior dos�  males.diz-se que o curso da exist ncia do homem, neste pe-�

p gina: 121�

r odo cr tico da nossa hist ria, deve ser modelado consoante as tarefas� � �  hist ricas, de modo�

que a nova realidade edificada pelos homens possa ser melhor e, por consequ ncia,�  tornar oshomens mais livres e melhores; se assim , este programa educativo torna-se�  indispens vel,�especialmente em face da juventude. compete pedagogia contempor nea assegurar a� �realiza o deste programa.��para tal imp e-se a resolu o de dois problemas fundamentais: o da instru o e o� �� ��  daeduca o. no que respeita instru o, devemos abandonar numerosos princ pios�� � �� �  tradicionaisque est o totalmente desadaptados s novas condi es da vida social e econ mica,� � �� �  assimcomo evolu o que prevemos. temos de introduzir muitas inova es. todos n s nos� �� �� �

apercebemos da necessidade da instru o polit cnica, mas ainda n o descobrimos que�� � �  aforma o social pelo menos de import ncia igual, muito embora seja completamente�� � �  

negligenciada. esta forma o social fundamental, n o s porque um numero�� � � �crescentemente vasto de trabalhadores ser utilizado no sector dos servi os em� �  detrimento dosector da produ o, mas sobretudo porque na sociedade do futuro cada profiss o�� �  ser�revestida de car cter social e cada cidad o tornar-se- respons vel da democracia.� � � �  oproblema da forma o social deve ser posto no primeiro plano das nossas��  preocupa es��

referentes aos programas de ensino, deve ser considerado em toda a sua vastid o e�  ir doconhecimento dos grandes processos sociais do mundo moderno capacidade de�compreender o meio concreto em que se age e se vive, o ensino polit cnico n o pode� �  darplenos resultados se n o for associado forma o social assim concebida; apenas� � ��  estacoopera o pode formar o pensamento aliado pr tica, produtiva e social, quer�� � �  dizer arealidade plenamente humana. enfim, no mbito da forma o do pensamento resta� ��  resolver

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outro

p gina: 122�

problema; a forma o dos outros tipos de pensamento, alheios ao pensamento t cnico�� �  esocial; a forma o destes outros tipos de pensamento devia ser sistematicamente��fomentada nas escolas. referimo-nos a certas concep es modernas da filosofia e da��  

l gica, em especial as no es de valor.� ��no dom nio da educa o, a tarefa mais importante consiste em transpor os grandes� ��  ideaisuniversais e sociais para a vida quotidiana e concreta do homem. no per odo que�  acaba defindar cometemos o grande erro de atribuir muito pouca import ncia vida� �  quotidiana dohomem, para real ar a sua participa o espectacular nos grandes momentos� ��  nacionais;cometemos o erro de menosprezar a vida interior do homem. para insistir naefectiva o��de determinadas fun es sociais. a educa o moral, justamente, diz respeito�� �� � 

nossa vidaquotidiana em situa es sociais concretas. a educa o moral o problema do homem�� �� �  nopleno sentido da palavra, do homem que vive e que sente.a ci ncia social deve-se tomar um instrumento da educa o moral assim concebida,� ��  poispermite compreender e justificar os deveres dos homens e auxilia-os a resolver osseusproblemas de consci ncia frente s op es dif ceis. e necess rio cultivar os� � �� � �  sentimentos quepermitem ao homem compreender o pr ximo e ensinar-lhe a prestar aten o a este� ��  para oajudar a organizar a sua pr pria vida interior. nestas duas linhas de ac o imp e-� �� �

se iniciar onosso trabalho quase do ponto zero; n o possu mos sequer o esquema preliminar de� �  umamoral laica e social para uso das escolas e da juventude, continuamos a descurar opapelimportante da forma o dos sentimentos na educa o moral.�� ��n o conv m, todavia, esquecer que a educa o moral n o uma educa o parcelar; s� � �� � � �� � resultase for fundamentada na educa o do homem considerado como um todo. a��

p gina: 123�

vida moral do homem mergulha as suas ra zes a um n vel mais fundo do que o plano� �  

dosmotivos de conduta bem fundamentados.n o basta saber como nos devemos conduzir, fundamental compreender tamb m qual a� � �  

raz o. al m disso, necess rio- e de certo modo em primeiro lugar- querer aceitar� � � �  

determinada conduta de valor moral. n o ser precisamente nesta interroga o� � ��  lancinante:porque ser moral? porque fazer o bem? que se dissimulam os conflitos interioresmaisdram ticos e mais dif ceis de resolver da juventude atual, desta juventude que viu� �  

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e sofreutanto, que foi testemunha de tanta grandeza e de tanta mesquinhez humanas; destajuventudeque exprime frequentemente a sua confusa revolta em face do mal agindo mal?eis porque a educa o moral deve fundamentar-se na educa o sistem tica do homem�� �� �  desdea sua mais tenra inf ncia, numa educa o que desenvolva e crie este impulso do� ��  cora o��impercept vel, de que fala a psican lise com tanta parcialidade e erro, mas que� � � todavia umdos mais importantes fundamentos da dignidade humana que se op e ao fasc nio de� �  uma m�conduta.uma juventude educada desta maneira fornecer cidad os a um mundo que, embora� �  criado h�v rios s culos pelos homens, n o foi at ao presente um mundo de todos os homens.� � � �  �somente atrav s da participa o na luta para criar um mundo humano que possa dar a� ��  cadahomem condi es de vida e desenvolvimento humanos que a jovem gera o se pode�� ��verdadeiramente formar.

tal a nica via que permitir resolver os conflitos seculares que existem entre� � �  a pedagogiada ess ncia e a pedagogia da exist ncia e superar as tentativas de concilia o� � ��  destas duaspedagogias. com efeito, somente quando se aliar a atividade pedag gica a uma�  atividade

p gina: 124�

social que vise evitar que a exist ncia social do homem esteja em contradi o com� ��  a suaess ncia se alcan ar uma forma o da juventude em que a vida e o ideal se unir o� � � �� �  de modo

criador e din mico.�

p gina: 125�

Ndice�

pref cio�  ..........................................................................................................7

primeira parte

aspecto hist Rico do problema�

i- ess ncia e exist ncia, conflito fundamental do pensamento� �pedag gico........................................................................�.....................................15ii- pedagogia de plat o e pedagogia�  crist .................................................................18�iii- in cio do conflito entre a pedagogia da ess ncia e a pedagogia da exist ncia� � �...............................................................................................................................23iv- pedagogia da natureza..................................................................................

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........29v- perspectivas do desenvolvimento da pedagogia da exist ncia no s culo� �  xvii.....35vi- rousseau epestalozzi.............................................................................................39vii- concep o idealista da pedagogia da��  ess ncia.......................................................42�viii- in cios da pedagogia�  existencialista........................................................................47ix- humanismoracionalista..........................................................................................54x- teoria daevolu o..........................................................................��.........................57xi- consequ ncias pedag gicas da teoria da� �  evolu o..................................................61��xii- no o bergsoniana de��  evolu o..........................................................................��

.....68xiii- existencializa o da pedagogia da��  ess ncia............................................................70�xiv- exist ncia individual e exist ncia� �  coletiva...............................................................76 #