7 Transformadores de Potência

91
ET720 – Sistemas de Energia El´ etrica I 1 Semestre 2011 Cap´ ıtulo 4 – Transformador de potˆ encia 4.1 Introdu¸c˜ ao Transformador elevador (step-up trans- former) Transformador abaixador (step-down transformer) Transformador regulador (regulating transformer) rela¸c˜ ao 1:1 defasagem entrada-sa´ ıda 4.2 Vantagens do uso de transformadores Considerar o diagrama unifilar do circuito trif´ asico e seu respectivo circuito por fase mostrados a seguir. 17,3 kV 0,/fase 900 MW fp = 1 V f R X I 300 MW V f = 17,3 3 = 10 kV –1–

description

7_Transformadores_de_Potência

Transcript of 7 Transformadores de Potência

ET720 – Sistemas de Energia Eletrica I

1 Semestre 2011

Capıtulo 4 – Transformador de potencia

4.1 Introducao

Transformador elevador (step-up trans-

former)

Transformador abaixador (step-down

transformer)

Transformador regulador (regulating

transformer)

relacao ≈ 1 : 1

defasagem entrada-saıda

4.2 Vantagens do uso de transformadores

Considerar o diagrama unifilar do circuito trifasico e seu respectivo circuito por fase

mostrados a seguir.

17,3 kV

0,2Ω/fase

900 MWfp = 1

Vf

R X

I300 MW

Vf =17,3√3= 10 kV

∼ ∼

– 1 –

Perdas de potencia ativa por fase na linha de transmissao:

Pp = R | I |2

Potencia ativa por fase fornecida pela fonte:

Pφ = | Vf | | I | fp (fp ≈ 1)

= | Vf | | I | → | I |= Pφ| Vf |

Note que considerou-se o fator de potencia visto pela fonte como unitario, ou seja,

o efeito da reatancia da linha foi desprezado.

Coeficiente de perdas:

η =PpPφ=R | I |2Pφ

=R (Pφ/ | Vf |)2

Pφ=RPφ| Vf |2

ou seja, o coeficiente de perdas e inversamente proporcional ao quadrado da tensao

→ quanto maior a tensao de transmissao, menor o coeficiente de perdas → asperdas se tornam proporcionalmente menos importantes em funcao do total de

potencia transmitida.

No caso do circuito trifasico:

η =0,2 · 300 · 106(10 · 103)2

= 0,6

logo, o coeficiente de perdas e de 60%.

– 2 –

Considerar agora que a transmissao e feita em um nıvel de tensao dez vezes maior:

17,3 kV17,3 kV 173 kV173 kV

0,2Ω/fase

900 MWfp = 1

∼ηT = 98%ηT = 98%

Coeficiente de perdas na linha de transmissao:

ηLT =0,2 · 300 · 106(100 · 103)2

= 0,006

ou 0,6%, ou seja, uma reducao significativa (100 vezes menor).

Os transformadores inseridos no circuito tambem tem suas proprias eficiencias.

Logo, sua utilizacao deve ser justificada se o coeficiente de perdas total (linha +

transformadores) for menor que os 60% calculados sem os transformadores.

Considerar P como a potencia por fase gerada na fonte de tensao e transmitida.

Devido a presenca do transformador elevador (cujo rendimento de 98% e tıpico para

transformadores de potencia), a potencia que entra na linha e:

P ′ = 0,98P

Devido as perdas de potencia ativa na linha, a potencia que chega ao transformador

abaixador e:

P ′′ = (1− 0,006) P ′ = 0,994 · 0,98 · P = 0,9741P

– 3 –

Apos computadas as perdas no transformador abaixador, a potencia entregue a

carga e:

P ′′′ = 0,98P ′′ = 0,9546P

O coeficiente total de perdas e:

ηtotal =

(P − P ′′′P

)

= 0,0454

ou 4,54%, que e bem menor que no caso da transmissao a baixas tensoes.

4.3 Transformador monofasico ideal

Descricao geral:

+

+

−v1 v2

i1 i2

nucleo laminado de Fe-Si

Primario SecundarioAlta/Baixa tensao Baixa/Alta tensao

N1 N2

φ

Fonte Carga

– 4 –

Hipoteses:

Nao ha perdas ohmicas – a resistencia dos enrolamentos e nula

Nao ha dispersao de fluxo magnetico – todo o fluxo φ esta confinado no nucleo

e e concatenado com ambas as bobinas

Nao ha perdas no nucleo – nao ha histerese nem correntes parasitas

A permeabilidade magnetica do nucleo e infinita (µnucleo →∞) – a correntenecessaria para criar o fluxo magnetico no nucleo e, portanto, a forca

magnetomotriz para magnetizar o nucleo, sao desprezıveis

Circuito equivalente:

+

+

V1 V2

I1 I2

N1 : N2

Tensoes e correntes sao senoidais → V1, V2, I1 e I2 sao fasores.

Relacoes:

Tensoes e correntes:

V1V2=I2I1=N1N2= a

em que a e a relacao de transformacao (relacao de espiras).

– 5 –

Potencias:

S1 = V1I∗1 = V2I

∗2 = S2

pois nao ha perdas (potencia de entrada igual a potencia de saıda).

Impedancias:

+

+

V1 V2

I1 I2

N1 : N2

Z1 Z2

A transformacao de impedancias (impedancias refletidas) e dada por:

Z1 =V1I1=aV2I2/a

= a2V2I2= a2Z2

– 6 –

4.4 Transformador monofasico real

Sao consideradas:

Perdas ohmicas nos enrolamentos

Perdas no nucleo (histerese e correntes parasitas)

Dispersao de fluxo

Corrente de magnetizacao

Circuito equivalente:

+

+

+

+

V1 V2V ′1 V ′2

I1 I ′1 I2

N1 : N2

r1 r2x1 x2

rcxm

Im Ic

Transformador ideal

r1, r2 – resistencias que representam as perdas ohmicas nos enrolamentos

(perdas cobre)

x1, x2 – reatancias que representam a dispersao de fluxo

rc – resistencia que representa as perdas no nucleo (perdas ferro)

xm – reatancia que representa a magnetizacao do nucleo

– 7 –

A relacao de espiras e valida para V ′1 e V′2 e para I

′1 e I2.

Em vazio:

I2 = 0 → I ′1 = 0

Nao ha queda de tensao em r2 e x2 → V ′2 = V2

A impedancia equivalente do ramo paralelo (rc e xm) e muito maior que a

impedancia equivalente serie (r1 e x1) → pode-se desprezar os parametros serie

O circuito equivalente para o transformador em vazio fica:

+

+

V1 V2

I1

I ′1 = 0

I2

N1 : N2

rcxm

Im Ic

Transformador ideal

A corrente no primario e:

i1 (t) = iϕ (t) = im (t) + ic (t)

e e pequena (da ordem de 5% da corrente nominal do transformador).

– 8 –

A tensao no secundario e :

V2 =V1a

Devido as nao-linearidades (saturacao do material ferromagnetico):

• A corrente de excitacao nao e senoidal → representacao fasorial nao pode serusada

• A corrente apresenta componentes harmonicas ımpares (3a., 5a. etc.):

iϕ (t) = I1 sen (ωt) + I3 sen (3ωt) + I5 sen (5ωt) + · · ·

• A componente de 3a. harmonica e da ordem de 40% da corrente total.

• Em geral, como iϕ e pequena, considera-se somente a componentefundamental (60 Hz) e pode-se entao utilizar notacao fasorial:

I1 = Iϕ

e o diagrama fasorial fica:

V1

Im

Ic

→ o transformador em vazio apre-senta um fator de potencia baixo

– 9 –

Com carga:

I2 6= 0 → todos os parametros do circuito equivalente sao considerados.

Pode-se eliminar o transformador ideal refletindo as impedancias do enrolamento

secundario e utilizando a relacao de transformacao para tensoes e correntes:

+

+

V1 aV2

I1 I2/a

r1 a2r2x1 a2x2

rcxm

Im Ic

Como Iϕ ≪ I1 pode-se desprezar os parametros shunt:

+

+

V1 aV2

I1 = I2/a

r1 + a2r2 x1 + a

2x2

– 10 –

Em geral para transformadores de potencia (a partir de centenas de KVA) as

perdas ohmicas podem ser desprezadas:

+

+

V1 aV2

I1 = I2/a

x1 + a2x2 = x

4.5 Autotransformador ideal

Considerar o transformador monofasico:

+

+

V1 V2

I1 I2

N1 : N2

V1 = 120 V I1 = 250 A

V2 = 240 V I2 = 125 A

A potencia aparente e:

S = V1 I1 = V2 I2 = 30 kVA

– 11 –

Se for feita uma ligacao fısica entre os enrolamentos primario e secundario tem-se o

autotransformador :

+

+

V1

V1 + V2

I1 + I2

I2

N1

N2

A potencia aparente nesse caso e:

S = V1 (I1 + I2) = (V1 + V2) I2 = 45 kVA

O autotransformador transmite mais potencia.

A potencia transmitida por efeito magnetico e a mesma do transformador.

O adicional de potencia e transmitido por meio da propria ligacao fısica entre os

enrolamentos.

Desvantagem: o autotransformador nao pode ser usado quando a separacao fısica

entre os enrolamentos for fundamental.

– 12 –

4.6 Autotransformador real

As perdas no autotransformador sao do mesmo tipo das perdas do transformador

(cobre, ferro etc.).

Como as perdas sao as mesmas (bobinas sao as mesmas, nucleo e o mesmo) →autotrafo apresenta maior rendimento (maior eficiencia).

O rendimento depende da relacao de transformacao, como mostra o exemplo a

seguir.

Exemplo

Na pratica, o autotransformador e composto por um so enrolamento:

+

+

V1 V2tap

Considere um autotransformador que alimenta uma carga de 800 V, 12,5 A a partir de

uma fonte de 800 V:

+

+

800 V800 V

12,5 A 12,5 A

Carga

I ≈ 0

Relacao 1:1

– 13 –

1. o autotransformador tem relacao de transformacao 1 : 1.

2. toda a potencia e transferida atraves da conexao eletrica e nada e transferido via

fluxo magnetico.

3. a corrente na bobina do autotrafo e a corrente de excitacao, que e muito baixa.

4. potencia de perdas ≈ 0 → eficiencia de ≈ 100%.

Considere agora a mesma carga sendo alimentada por uma fonte de 1000 V:

+

+

1000 V 800 V

200 V

10 A 12,5 A

Carga

2,5 A

Relacao 5:4

1. a relacao de transformacao agora e 1000/800 = 5/4.

2. a potencia na carga e de 800 · 12, 5 = 10 kVA.

3. a potencia na fonte deve ser tambem 10 kVA. Logo a corrente da fonte e

10000/1000 = 10 A.

4. a carga e conectada a 4/5 do enrolamento, sobrando 1/5 → as tensoes saodivididas em 800 V e 200 V.

– 14 –

5. perdas na porcao 1/5:

P1 =1

5R · 102 = 20R

em que R e a resistencia do enrolamento.

6. perdas na porcao 4/5:

P2 =4

5R · 2, 52 = 5R

7. as perdas totais sao de 25R.

Considere agora a mesma carga sendo alimentada por uma fonte de 1600 V:

+

+

1600 V

800 V

800 V

12,5 A

Carga

6,25 A

6,25 A

Relacao 2:1

1. a relacao de transformacao agora e 1600/800 = 2/1.

2. a potencia na carga e de 800 · 12, 5 = 10 kVA.

– 15 –

3. a potencia na fonte deve ser tambem 10 kVA. Logo a corrente da fonte e

10000/1600 = 6, 25 A.

4. a carga e conectada a metade do enrolamento, sobrando a outra metade → astensoes sao divididas em 800 V e 800 V.

5. perdas na metade superior:

P1 =1

2R · 6,252 = 19,53R

em que R e a resistencia do enrolamento.

6. perdas na metade inferior:

P2 =1

2R · 6,252 = 19,53R

7. as perdas totais sao de 39,06R → maiores que o caso anterior.

8. conclusao: quanto mais distante a relacao de transformacao for de 1 : 1, maiores as

perdas do autotransformador.

9. por isso eles sao mais usados como autotransformadores reguladores.

– 16 –

Exemplo

Considerar os autotransformadores mostrados a seguir.

+

+

+

+

Ve Vs

N1N1

N2N2

I1

Ie Is

I2 I2

Abaixador

Ie

Ve

Is

Vs

I1

Elevador

Para o autotrafo abaixador tem-se:

VeVs=IsIe=N1 + N2N2

= a > 1

Considerando que R e a resistencia total do enrolamento, as perdas sao dadas por:

P =N1

N1 + N2RI21 +

N2N1 + N2

RI22

=

(

1− 1a

)

RI2e +1

aR (Is − Ie)2

=

(a − 1a

)

RI2e +1

aR (a − 1)2 I2e

= RI2e (a − 1)

Para a = 1 nao ha perdas e estas aumentam a medida que a se distancia de 1 (neste

caso a > 1 sempre).

– 17 –

Para o autotrafo elevador:

VeVs=IsIe=

N2N1 + N2

= a < 1

As perdas sao:

P =N1

N1 + N2RI21 +

N2N1 + N2

RI22

= (1− a)RI2s + aR (Is − Ie)2

= (1− a)RI2s + aR(a − 1a

)2

I2s

= RI2s

(1

a− 1

)

Para a = 1 nao ha perdas e estas aumentam a medida que a se distancia de 1 (neste

caso a < 1 sempre).

– 18 –

4.7 Transformador trifasico

Banco trifasico (tres transformadores monofasicos) ou Transformador trifasico

(enrolamentos em um unico nucleo)

aa

b

b

c

c

A

A

B

B

C

C

H1

H1

H1

H1

H2

H2

H2

H2 H3

X1X1

X1

X1

X2

X2

X2

X2

X3

Ambos os transformadores mostrados apresentam ligacao Y-∆.

Normalmente utiliza-se:

H – enrolamento de alta tensao

X – enrolamento de baixa tensao

O transformador de um so nucleo tem a vantagem de ser mais compacto → menosmaterial → mais barato.

As ligacoes sao internas → nao ha meio de altera-la.

– 19 –

O banco trifasico tem a vantagem da possibilidade de mudanca das ligacoes.

Ligacao Y -∆:

E utilizada em transformadores abaixadores de tensao.

Se a relacao de espiras for a = N1/N2 – relacao de transformacao e a√3 e ha uma

defasagem de 30 entre as tensoes de linha do primario e secundario.

Ligacao ∆-Y :

E utilizada em trafos elevadores de tensao.

Se a relacao de espiras for a = N1/N2 – relacao de transformacao e a/√3 e ha uma

defasagem de 30 entre as tensoes de linha do primario e secundario.

Ligacao ∆-∆:

Permite a ligacao em ∆ aberto, ou V -V → caso em que se sabe que a carga vaicrescer no futuro → atende-se a carga atual em ∆ aberto e fecha o ∆ (acrescentaterceiro transformador ao banco) quando necessario.

Ligacao Y -Y :

Ligacao raramente usada pois terceiras harmonicas de correntes de excitacao

introduzem distorcoes nas formas de onda.

Este problema pode ser contornado com o aterramento fısico dos neutros dos

enrolamentos.

Pode-se contornar o problema tambem com a instalacao de um terceiro

enrolamento, que pode ser usado para outras tarefas, como alimentar a subestacao,

por exemplo.

– 20 –

Exemplo

Considere 3 transformadores monofasicos (1φ) com relacao de transformacao

Vp/Vs = a. Monte bancos trifasicos (3φ) de transformadores usando as varias ligacoes

possıveis e obtenha as relacoes de transformacao e defasagens entre tensoes do primario

e secundario. Considere a sequencia de fases ABC.

Tensoes nos enrolamentos primarios:

VAN = V ∠0 VAB =

√3 V ∠30 (pois VL =

√3 VF ∠30

)

VBN = V ∠− 120 VBC =√3 V ∠− 90

VCN = V ∠120 VCA =

√3 V ∠150

(a) Ligacao Y -Y

+ +

+

+ +

+

A B

C

a b

c

N n

1 12 2

3 3

VANVan= a → Van =

V

a∠0 → Vab =

√3V

a∠30

VABVab= a

S =√3 VAB I

∗A =√3 VabI

∗a →

(IAIa

)∗=VabVAB

→ IAIa=1

a

– 21 –

(b) Ligacao Y -∆

+ +

+

+

++

A B

C

a

b

c

N1

1

2

2

3

3

IA

Ia

Iab

Ibc

Ica

VANVab= a → Vab =

V

a∠0

VABVab= a√3∠30

As tensoes do primario estao adiantadas de 30 em relacao as do secundario.

S =√3 VAB I

∗A =√3 VabI

∗a →

(IAIa

)∗=VabVAB

→ IAIa=1

a√3∠30

A defasagem entre as correntes e a mesma das tensoes.

– 22 –

Trocando duas fases de alimentacao (equivale a considerar a sequencia de fases

ACB):

+ +

+

+

++

AB

C

a

b

c

N1

1

2

2

3

3

IB

Ib

Iba

Iac

Icb

VBNVba= a → Vab = −

V

a∠− 120 = V

a∠60

VABVab= a√3∠− 30

As tensoes do primario estao atrasadas de 30 em relacao as do secundario.

S =√3 VAB I

∗A =√3 VabI

∗a →

(IAIa

)∗=VabVAB

→ IAIa=1

a√3∠− 30

A defasagem entre as correntes e a mesma das tensoes.

– 23 –

(c) Ligacao ∆-Y

+

++

+ +

+

A

B

C

a b

c

n

1

1

2

23

3

IA

Ia

IAB

IBC

ICA

VABVan= a → Van =

√3 V

a∠30

Vab =3V

a∠60

VABVab=a√3∠− 30

As tensoes do primario estao atrasadas de 30 em relacao as do secundario.

IAIa=

√3

a∠− 30

A defasagem entre as correntes e a mesma das tensoes.

– 24 –

Trocando duas fases de alimentacao (equivale a considerar a sequencia de fases

ACB):

+

++

+ +

+

A

B

C

ab

c

n

1

1

2

23

3

IB

Ib

IBA

IAC

ICB

VBAVbn= a → Vbn = −

√3 V

a∠− 150 → Van =

√3 V

a∠− 30

Vab =3V

a∠0

VABVab=a√3∠30

As tensoes do primario estao adiantadas de 30 em relacao as do secundario.

IAIa=

√3

a∠30

A defasagem entre as correntes e a mesma das tensoes.

– 25 –

(d) Ligacao ∆-∆

+

++

+

++

A

B

C

a

b

c

1 1

2 23 3

IA Ia

IAB

IBC

ICA

Iab

Ibc

Ica

VABVab= a

IAIa=1

a

Para circuitos radiais, a consideracao da

defasagem de 30% entre tensoes de li-

nha introduzidas pelas ligacoes Y -∆ e ∆-

Y e irrelevante.

Y -∆138/13,8 kV

Para circuitos malhados, a defasagem

faz grande diferenca e deve obrigatori-

amente ser levada em consideracao.

Y -∆

Y -∆

138/69 kV

138/69 kV

– 26 –

Exemplo

Obter a potencia complexa fornecida por um gerador trifasico que alimenta uma carga

atraves de um banco de transformadores ideais e de uma linha de transmissao. O banco

de transformadores e formado por 3 transformadores monofasicos de 20 MVA,

20/200 kV, ∆-Y . O circuito equivalente por fase de linha de transmissao resume-se a

impedancia serie ZL = 0 + j 100 Ω. A tensao de linha na carga e de 340 kV e a carga

consome 30 MVA com fator de potencia 0,8 atrasado.

Diagrama unifilar:

Gerador Trafo LT Carga

∆-Y

Circuito completo:

Gerador Trafo LT Carga

60 MVA

20/200√3 kV

N

A

B

C

IA

IAB 1

1

2

23

3

n

a

b

c

Ia

ZL

ZL

ZL

a′

b′

c ′

Zc

Zc

Zc

n′

– 27 –

Tensao de fase na carga:

Va′n′ =340√3∠0 kV (referencia angular)

Potencia complexa por fase na carga:

Sc =30

3∠ cos−1 0,8 = 10∠36,87 MVA

Corrente pela linha de transmissao:

Ia =

(ScVa′n′

)∗= 50,94∠− 36,87 A

Tensao de fase no lado de alta tensao do transformador:

Van = Va′n′ + ZL Ia = 199,4∠1,17 kV

Potencia fornecida a carga e a linha de transmissao:

S = 3 (Sc + SL)

= 3 Van I∗a = 30,47∠38,04

MVA

Como o gerador e o transformador sao ideais, a potencia fornecida pelo gerador e S.

Tensao de linha no lado da baixa tensao do transformador:

VABVan=20

200→ VAB = 19,94∠1,17

kV

– 28 –

Tensao de fase nos terminais no gerador:

VAN =VAB√3∠− 30 = 11,51∠− 28,83 kV (seq. fase ABC)

Corrente no enrolamento de baixa tensao do transformador:

IABIa=200

20→ IAB = 509,43∠− 36,87 A

Corrente de linha pelo gerador:

IA =√3 IAB ∠− 30 = 882,35∠− 66,87 A

Potencia complexa fornecida pelo gerador:

S = 3 VAN I∗A = 30,47∠38,04

MVA !

Fator de potencia visto pelo gerador:

fp = cos 38,04 = 0,788

Tensao de linha no gerador:

VL = 11,51√3 = 19,94 kV

– 29 –

4.8 Transformadores de tres enrolamentos

Caso particular de transformador de multiplos enrolamentos.

Transformadores de tres enrolamentos sao bastante utilizados em sistemas de

potencia.

Estrutura basica:

E1

E2

E3

N1

N2

N3

I1 I2

I3

Terceiro enrolamento:

Baixa tensao

Pode ser conectado a fonte suporte de potencia reativa (condensador sıncrono)

Pode ser utilizado para a alimentacao da subestacao

Pode capturar componentes harmonicas e correntes de sequencia zero devido a

desbalanceamentos de carga

– 30 –

x

4

7 8

9

C

Rede teste IEEE 14 barras

Configuracao basica de um transformador de tres enrolamentos:

E1

E2

E3

N1

N2

N3

I1I2

I3

– 31 –

As relacoes entre tensoes e correntes sao obtidas utilizando-se o mesmo raciocınio

que para o transformador de dois enrolamentos.

Para as tensoes:

E1N1=E2N2=E3N3

Para as potencias, considera-se:

potencia de entrada = potencia de saıda (transformador ideal)

potencia no enrolamento 1 = potencia no enrolamento 2 + potencia no

enrolamento 3

N1 I1 = N2 I2 + N3 I3

Escrevendo de outra maneira:

E1 =N1N2E2 =

N1N3E3

= a2E2 = a3E3

I1 =N2N1I2 +

N3N1I3

=I2a2+I3a3

– 32 –

cujas equacoes sao atendidas pelo seguinte diagrama:

E1

a2E2

a3E3

I1

I2/a2

I3/a3

No caso de um transformador real → parametros serie e shunt sao acrescentados aodiagrama:

E1

a2E2

a3E3

I1

I2/a2

I3/a3

Z1

Z2

Z3rc xm

Todos os parametros sao vistos pelo lado 1, ou seja, as impedancias Z2 e Z3 sao

valores ja refletidos para o lado 1 de acordo com a relacao de transformacao.

– 33 –

Os parametros shunt podem ser determinados atraves de ensaios de circuito aberto

→ enrolamentos 2 e 3 em aberto, tensao nominal aplicada ao enrolamento 1.

Os parametros Z1, Z2 e Z3 sao determinados indiretamente. Os seguintes ensaios

de curto-circuito sao realizados:

Enrolamento 2 em curto, enrolamento 3 em aberto. Corrente nominal no

enrolamento 1 e determinacao da impedancia vista:

Z12 = Z1 + Z2

Enrolamento 3 em curto, enrolamento 2 em aberto. Corrente nominal no

enrolamento 1 e determinacao da impedancia vista:

Z13 = Z1 + Z3

Enrolamento 3 em curto, enrolamento 1 em aberto. Corrente nominal no

enrolamento 2 e determinacao da impedancia vista:

Z23 = Z2 + Z3

As equacoes acima formam um sistema de 3 equacoes com 3 incognitas, cuja

solucao resulta em:

Z1 =1

2(Z12 + Z13 − Z23)

Z2 =1

2(Z12 + Z23 − Z13)

Z3 =1

2(Z13 + Z23 − Z12)

– 34 –

4.9 Transformadores com tap variavel

A finalidade basica de transformadores e a conversao de nıveis de tensao.

Os transformadores pode ter funcoes adicionais, como por exemplo o controle de

tensao (potencia reativa) em circuitos.

Alguns transformadores tem relacao de espiras variavel:

V1 V2

posicao maxima

posicao mınima

posicao nominal (tap nominal)

– 35 –

Tomando novamente o exemplo do transformador da subestacao de distribuicao:

TransmissaoDistribuicao

Carga

Carga

Restanteda rede

Transformador

com tap variavel

– 36 –

Estrutura geral do transformador:

+ −

TC

TP

V

I

V ajuste

comutador de tap

retardo de tempo

rele regulador de tensao

Carga∼

TC, TP – transformador de corrente, transformador de potencial, para medicao

de corrente e tensao

V ajuste (tensao de referencia, ponto de ajuste, centro de banda) – tensao

desejada no terminal do regulador ou em uma barra remota do alimentador de

distribuicao

– 37 –

Largura de faixa – variacao de tensao permitida entre a tensao de referencia e a

tensao provocada pela carga. Exemplo: se a tensao e especificada em 127V e a

margem e de 2V, o regulador comutara o tap para que a tensao esteja na faixa

[125, 129] V. Isto evita o excesso de acionamentos do comutador de tap

Temporizacao (tempo morto) – tempo de espera (delay) para iniciar o

acionamento do comutador de tap. Com este ajuste evita-se a atuacao do

comutador para pequenas e rapidas variacoes de tensao

largura

de faixa

temporizacao

tempo

atuacao do

comutador de tap

referencia

– 38 –

Compensacao por queda de tensao na linha (line drop compensation – LDC) –

compensa a queda de tensao da linha entre o regulador de tensao e um centro de

carga determinado, localizado a uma distancia eletrica do regulador (RL + j XL)

+ −

TC

TP

V

I

V ajuste

comutador de tap

retardo de tempo

rele regulador de tensao

Carga∼

R X

RL + j XL

– 39 –

Autotransformadores reguladores de tensao:

banco de

capacitores

RT

RT

– 40 –

4.9.1 Transformadores reguladores

Diagrama:

+−a

b

c

n

Van

A

B

C

∆Va

VAn = Van + ∆Va

Nota-se que o transformador serie acrescenta ∆V ao valor da tensao V (valido para

as tres fases).

A variacao em geral e de ±10% → tap variavel.

A mudanca de tap pode ser feita com o transformador energizado → transformadorcom mudanca de derivacao (tap) sob carga ou TCUL – tap changing under load ou

LTC – load tap changing.

Em geral a mudanca de tap e automatica e operada por motores que atuam

acionados por reles ajustados para manter a magnitude de tensao em algum ponto

da rede no nıvel pre-estabelecido. Este ponto da rede e normalmente o lado da

carga do trafo.

– 41 –

4.9.2 Transformadores defasadores

Utilizado para o controle da defasagem entre as tensoes no primario e secundario.

Ideia: controlar o fluxo de potencia ativa por ele.

Diagrama:

Van

Vbn

Vcn

∆Va

∆Va

∆Vb

∆Vb

∆Vc

∆Vc

Van +∆Va

Vbn + ∆Vb

Vcn + ∆Vc

a

b c

n

αα

α

– 42 –

A tensao de saıda da fase a e igual a tensao de entrada somada a uma tensao ∆Vaque e induzida pela tensao de linha Vbc , que por sua vez e defasada de Va de um

angulo de 90.

O transformador defasador introduz uma defasagem de α entre as tensoes de

entrada e saıda.

4.10 Transformador monofasico em pu

A representacao do transformador monofasico em pu sera mostrada atraves de um

exemplo.

Exemplo

Considerar um transformador monofasico ideal de 4400/220 V, 22 kVA, que alimenta

uma carga nominal no lado de baixa tensao. Obter o circuito em pu.

O diagrama e:

+

+

V1 V2

I1 I2

Fonte Carga

4400/220 V

Primario e secundario sao eletricamente isolados → valores de base podem serescolhidos de maneira independente.

E vantajosa a escolha das tensoes de base Vb1 e Vb2 tais que Vb1/Vb2 = a onde a e a

relacao de transformacao.

– 43 –

Como a potencia de entrada e igual a potencia de saıda (desconsiderando as perdas) →a potencia de base deve ser igual para os dois lados. Escolhendo:

Vb1 = 4400 V

Vb2 = 220 V

Sb = 22 kVA

pode-se obter as correntes de base:

Ib1 = Sb/Vb1 = 5 A

Ib2 = Sb/Vb2 = 100 A

Como a mesma potencia de base foi escolhida para os dois lados, as correntes de base

dos enrolamentos tambem seguem a relacao Ib1/Ib2 = 1/a.

As impedancias de base sao:

Zb1 = Vb1/Ib1 = 880 Ω

Zb2 = Vb2/Ib2 = 2,2 Ω

Uma certa corrente no enrolamento de alta tensao pode ser expressa em pu como:

i1 =I1Ib1=I2/a

Ib1

=I2/a

Ib2/a=I2Ib2= i2

– 44 –

ou seja, as correntes em pu nos dois enrolamentos sao iguais. O mesmo vale para uma

certa tensao no enrolamento de alta tensao:

v1 =V1Vb1=aV2Vb1

=aV2aVb2

=V2Vb2= v2

ou seja, as tensoes em pu nos dois enrolamentos sao iguais.

Para as impedancias:

z1 =Z1Zb1

=a2Z2V 2b1/Sb

=a2Z2a2V 2b2/Sb

=a2Z2a2Zb2

=Z2Zb2= z2

ou seja, as impedancias em pu tambem sao iguais nos dois enrolamentos.

A conclusao e que em pu o transformador passa a ter uma relacao de transformacao

igual a um (grandezas iguais nos dois enrolamentos) → em pu nao ha o efeitotransformador, desde que os valores de base sejam escolhidos convenientemente.

– 45 –

Exemplo

Considere o circuito monofasico contendo um transformador mostrado na figura a

seguir.

G TR LT C

Os dados dos equipamentos sao os seguintes:

TR Transformador 13,8/220 kV, 1,5 MVA, rT = 3%, xT = 8%

LT Linha de transmissao rLT = 300 Ω, xLT = 900 Ω

C Carga 1 MVA, fp = 80% indutivo, 200 kV

G Gerador fonte ideal

A carga esta operando nas condicoes nominais. Calcule a tensao no barramento do

gerador, a corrente no circuito e a potencia fornecida pelo gerador.

O circuito em pu sera:

e

rT xT

i

rLT xLT

zc∼

O circuito e dividido em duas areas, referentes aos dois lados do transformador. Nota-se

que os parametros do circuito equivalente do transformador ja sao dados em pu (na

verdade, sao dados em valores percentuais), calculados na base nominal do mesmo

(tensoes nominais, potencia nominal).

– 46 –

Para o lado de baixa tensao do transformador (area 1) tem-se os seguintes valores de

base:

Vb1 = 13,8 kV

Sb = 1,5 MVA

Para o lado de alta tensao do transformador (area 2), escolhe-se convenientemente os

seguintes valores de base:

Vb2 = 220 kV

Sb = 1,5 MVA

Os valores de base de corrente e impedancia para as duas areas sao:

Ib1 = Sb/Vb1 = 108,6957 A

Ib2 = Sb/Vb2 = 6,8182 A

Zb1 = V2b1/Sb = 126,96 Ω

Zb2 = V2b2/Sb = 32266,6667 Ω

Os parametros do transformador sao:

rT = 0,03 pu

xT = 0,08 pu

Como a linha de transmissao esta na area 2, seus valores em pu sao:

rLT = 300/32266,6667 = 0,0093 pu

xLT = 900/32266,6667 = 0,0279 pu

– 47 –

A magnitude de tensao e potencia aparente na carga sao:

| vC | = 200/220 = 0,9091 pu| sC | = 1/1,5 = 0,6667 pu

E os respectivos valores complexos sao:

vC = 0,9091∠0 pu

sC = 0,6667∠36,87 pu

onde se levou em conta o fator de potencia da carga e assumiu-se a tensao na carga

como referencia angular.

A corrente pelo circuito e dada por:

i =

(sCvC

)∗= 0,7334∠− 36,87 pu

A corrente nos lados de baixa e alta tensoes do transformador sao:

Ibaixa = 0,7334 · 108,6957 = 79,7 AIalta = 0,7334 · 6,8182 = 5 A

A tensao no barramento do gerador e dada por:

e = vC + (0,03 + 0,0093 + j 0,08 + j 0,0279) i = 0,9807∠2,69 pu

ou 13,53 kV.

– 48 –

A potencia fornecida pelo gerador e:

sG = e i∗ = 0,7192∠39,56 pu

o que corresponde a 1,08 MVA com um fator de potencia visto pela fonte de 77%

indutivo.

Exercıcio

Repetir o exemplo anterior considerando como valores de base 1 MVA e 200 kV no lado

da carga. Calcular tambem o total de perdas de potencia no transformador e na linha de

transmissao. Observacao: os valores que ja estao em pu devem ser convertidos para as

novas bases.

Resultados: zT = 0,0242 + j 0,0645 pu; sG = 1,0787∠39,56 pu (1,08 MVA);

Perdas(T+LT ) = 32 + j 87 kVA (linha + transformador).

Exemplo

Considere o seguinte transformador monofasico:

20/440 kV

500 MVA

x = 5%

– 49 –

Os possıveis modelos para o transformador sao:

j X1

modelo 1

j X2

modelo 2

ou Xi em Ω

A reatancia do transformador (x = 5%) foi calculada com base nos valores nominais. Se

for escolhido o modelo 1 (X referido ao lado de baixa tensao), tem-se Vb2 = 20 kV e

Sb = 500 MVA. Entao:

X1 = x Zb1 = xV 2b1Sb= 0,05 · 20

2

500= 0,04 Ω

Caso seja escolhido o modelo 2, ou seja, com X referido ao lado de baixa tensao,

tem-se:

X2 = x Zb2 = xV 2b2Sb= 0,05 · 440

2

500= 19,36 Ω

A relacao entre as reatancias e:

X1X2=0,04

19,36= 0,002066 =

202

4402= a2

Logo X1 = a2X2 e os valores em pu sao os mesmos, desde que valores de base

convenientes sejam escolhidos. Caso sejam escolhidos valores de base que nao estejam

relacionados com os valores nominais do transformador, como:

Vb1 = 25 kV e Sb = 250 MVA

entao deve-se primeiro transformar a reatancia em Ohms usando a base original e voltar

para pu considerando a nova base. Assim:

– 50 –

xnovo = x velhoZvelhob1

Znovob1

= x velho(V velhob1

)2

Svelhob1

Snovob1(V novob1

)2

= x velho(V velhob1

V novob1

)2Snovob1

Svelhob1

Neste caso:

xnovo = 0,05 ·(20

25

)2

· 250500= 0,016 pu

4.11 Autotransformadores em pu

O procedimento de analise e identico ao do transformador.

Basta escolher como tensoes de base as tensoes nominais do autotrafo e a relacao

de tensoes em pu sera 1 : 1.

– 51 –

4.12 Transformadores trifasicos em pu

Dados de placa (nominais) do trafo monofasico: V1, V2, S, zT (pu ou %, base

nominal).

Dados de placa (nominais) do trafo trifasico: V1L, V2L, S3φ, zT (pu ou %, de fase).

Ideia basica: escolher os valores de base iguais aos valores nominais do trafo.

Considere um banco trifasico de transformadores ligado em Y-Y.

Para cada trafo monofasico do banco tem-se: V1, V2, S, zT .

Para o banco trifasico tem-se os seguintes valores de base:

Vb1 = VN1 =√3V1

Vb2 = VN2 =√3V2

Sb = 3S = S3φ

Para as bases escolhidas, a impedancia do

circuito equivalente do trafo trifasico em pu

e igual a zT .

Considere agora um banco trifasico de transformadores ligado em Y-∆.

Os valores de base para o banco sao:

Vb1 = VN1 =√3V1

Vb2 = VN2 = V2

Sb = 3S = S3φ

Novamente, a impedancia do circuito equi-

valente do trafo trifasico em pu e igual a zT .

– 52 –

Exemplo

Considere o diagrama unifilar do circuito trifasico a seguir.

Vg

∼Y-Y

10 MVA15/500 kV

xT = 2%

x = 1000 Ω

500 kV

9 MVAfp = 1

Calcule a tensao Vg no barramento do gerador e o fator de potencia visto pelo gerador.

Transformando o diagrama unifilar em um circuito trifasico tem-se:

XT

XT

XT

XL

XL

XL

Pc

Pc

Pc

11

22

3 3

Pc = 3 MW

XL = 1000 Ω

XT =2

100· 15

2

10= 0,45 Ω

– 53 –

O circuito por fase e:

+

XT

11

15/√3 : 500/

√3 kV

10/3 MVA

Area 1 Area 2

XL

PVc

Para esse circuito tem-se:

Vc = 500/√3∠0 kV (ref. angular)

Area 1 : Sb = 10/3 MVA →Vb1 = 15/

√3 kV

Area 2 : Sb = 10/3 MVA →Vb2 = 500/

√3 kV

Zb1 = 22,5 Ω

Ib1 = 384,9 A

Zb2 = 25 kΩ

Ib2 = 11,55 A

O circuito em pu fica:

+

+

xT xL

scvcvg

i

vc = 1∠0 pu

sc =3

10/3= 0,9∠0 pu

xL =1000

25000= 0,04 pu

xT =0,45

22,5= 0,02 pu

Portanto:

– 54 –

i = (sc/vc)∗ = 0,9∠0 pu (346,4 A no primario e 10,4 A no secundario)

vg = vc + j (xT + xL) i = 1,0015∠3,1 pu

fp = cos (3,1 − 0) = 0,9985 (indutivo)

A tensao no barramento do gerador e igual a 8,7 kV (fase-neutro) e 15,02 kV

(fase-fase).

Maneira mais direta de resolver o problema:

Vb1 = 15 kV

Vb2 = 500 kV

Sb = 10 MVA

→Zb1 = 22,5 Ω

Zb2 = 25 kΩ→

Ib1 =Sb√3Vb1= 384,9 A

Ib2 =Sb√3Vb2= 11,55 A

Circuito em pu (direto a partir do diagrama unifilar):

+

+

xT xL

scvcvg

i

xT = 0,02 pu

xL =1000

25000= 0,04 pu

vc = 1∠0 pu

sc =9

10= 0,9∠0 pu

e o procedimento de resolucao e o mesmo que o anterior. Logo, para problemas

envolvendo transformadores trifasicos nao e necessario obter o modelo por fase, etc.

Basta escolher os valores de base adequados.

– 55 –

Exemplo

Resolver o mesmo problema do exemplo anterior, considerando agora o transformador

com ligacao Y-∆ e sequencia de fases ABC.

O circuito e:

++

+

+

+

+

B

A

C

N

XT

XT

XT

B′

A′

C′

N ′

IB

IA

IC

11

2

2

3

3

Ica Iab

Ibc

a

b

c

n

Ib

Ia

Ic xL

xL

xL a′

b′

c ′

n′

Sc

Sc

Sc

em que Sc = 3∠0 MVA.

Va′n′ = 500/√3∠0 kV

Vb′n′ = 500/√3∠− 120 kV

Vc ′n′ = 500/√3∠120 kV

Ia = (Sc/Va′n′)∗ = 6

√3∠0 A

Ib = (Sc/Vb′n′)∗ = 6

√3∠− 120 A

Ic = (Sc/Vc ′n′)∗ = 6

√3∠120 A

– 56 –

Como, para a ligacao Y-∆ e sequencia de fases ABC, tem-se:

IL = If√3∠− 30 → If =

IL√3∠30

Iab = 6∠30 A

Ibc = 6∠− 90 AIca = 6∠150

A

Van = Va′n′ + jXLIa = 500,32/√3∠2,06 kV

Vbn = Vb′n′ + jXLIb = 500,32/√3∠− 117,94 kV

Vcn = Vc ′n′ + jXLIc = 500,32/√3∠122,06 kV

Vab = 500,32/√3∠32,06 kV

(VL = Vf

√3∠30

)

Vbc = 500,32/√3∠− 87,94 kV

Vca = 500,32/√3∠− 122,06 kV

A relacao de transformacao de cada transformador monofasico e(15/√3)/500, logo:

VA′N ′

Vab=15/√3

500→ VA′N ′ = 8,67∠32,06

kV

e:

VB′N ′ = 8,67∠− 87,94 kVVC ′N ′ = 8,67∠152,06

kV

VA′B′ = 15,01∠62,06 kV

VB′C ′ = 15,01∠− 57,94 kVVC ′A′ = 15,01∠− 177,94 kV

Para as correntes de linha no primario:

– 57 –

IAIab=500

15/√3

→ IA = 346,41∠30 A

e:

IB = 346,41∠− 90 AIC = 346,41∠150

A

As tensoes de fase na fonte sao:

VAN = VA′N ′ + jXT IA = 8,67∠33,1 kV

e:

VBN = 8,67∠− 86,94 kVVCN = 8,67∠153,06

kV

VAB = 15,02∠63,06 kV

VBC = 15,02∠− 56,94 kVVCA = 15,02∠− 176,94 kV

A relacao de transformacao para o transformador e:

VA′B′

Vab=15

500∠30 → defasagem entre tensoes do primario e secundario

IAIa=500

15∠30 → defasagem entre correntes do primario e secundario

– 58 –

Resolvendo o problema em pu tem-se o seguinte circuito:

+

+

+

+

xT xL

scvcv1 v2vg

i1 ic

1∠30

em que o bloco 1∠30 representa a defasagem introduzida em funcao do tipo de ligacao.

Logo:

sc = 0,9∠0 pu

vc = 1,0∠0 pu

ic = (sc/vc)∗ = 0,9∠0 pu

v2 = vc + jxLic = 1,0006∠2,06 pu

v1 = v2∠30 = 1,0006∠32,06 pu

i1 = ic ∠30 = 0,9∠30 pu

vg = v1 + jxT i1 = 1,0015∠33,1 pu

que equivale a 15,02 kV.

vg e i1 foram igualmente defasados de 30. Assim, tem-se os mesmos valores de

potencia complexa, fator de potencia, etc.

– 59 –

4.13 Transformadores em pu com relacao 1 : α

Procura-se escolher os valores de base convenientemente de forma a eliminar os

transformadores do circuito.

Na realidade elimina-se o transformador ideal, mantendo os parametros do mesmo.

Em alguns casos, no entanto, esta eliminacao nao e possıvel, como mostra o

exemplo a seguir.

Exemplo

Obtenha o circuito em pu referente ao diagrama unifilar a seguir.

Area 1 Area 2

11,9/34,5 kV

13,8/34,5 kV15 kVA

15 kVA

T1

T2∼

1 2

– 60 –

A ideia e dividir o circuito em duas areas e utilizar como valores de base os valores

nominais dos transformadores.

No entanto, nota-se que na area 1 ha dois valores nominais diferentes.

Tomando T1 como referencia, define-se:

Sb = 15 kVA

Vb1 = 11,9 kV

Vb2 = 34,5 kV

e T1 sera eliminado, pois Vb1/Vb2 = a1.

Observando o lado de baixa tensao de T2, nota-se que a sua tensao nominal e diferente

de Vb1, embora pertenca a area 1. Logo, T2 nao podera ser eliminado, sendo

representado como um transformador com relacao de transformacao 1 : α em pu!

Considere que v1 e v2 sejam as tensoes em pu nos barramentos 1 e 2. As tensoes em

Volts serao:

V1 = v1 Vb1 e V2 = v2 Vb2

– 61 –

A relacao entre as tensoes devera ser igual a relacao de transformacao de T2:

V1V2=v1 Vb1v2 Vb2

= a2 =13,8

34,5= 0,4

Logo:

v1v2= 0,4

Vb2Vb1= 0,4 · 34,5

11,9= 1,16 =

1

0,86ou v1 =

1

0,86v2

e o circuito em pu fica:

1 : 0,86

T2∼

1 2

Para transformadores reais, o procedimento e o mesmo.

– 62 –

Pode-se enxergar o problema sob outro ponto de vista, redesenhando o diagrama unifilar

como:

Area 1 Area 2

11,9/34,5 kV

11,9/34,5 kV

13,8/11,9 kV15 kVA

15 kVA

T1

T2∼

1 2

Utilizando os mesmos valores de base definidos anteriormente, mantem-se a eliminacao

de T1 e parte de T2, ou seja:

1 : 11,16 : 1

pode ser eliminado

T2∼

1 2

– 63 –

4.14 Transformadores com tap variavel em pu

Posicao do tap e alterada → relacao de transformacao e alterada.

Para a relacao de transformacao em pu continuar 1 : 1 os valores das tensoes de

base devem ser alterados → inaceitavel, pois implica em um novo calculo de variosparametros do circuito sendo estudado.

Ideia:

Escolher as tensoes de base supondo que o tap esta na posicao nominal (zero)

→ relacao de tensao nominal do autotrafo.

Manter as bases de tensao fixas e representar o autotrafo com tap fora do

nominal atraves de uma trafo com relacao de espiras 1 : α, onde α e variavel.

Considere um transformador com a seguinte relacao de transformacao:

a =N1N2=VN1VN2

em que N1 e N2 sao os numeros de espiras nos enrolamentos e VN1 e VN2 sao as

tensoes nominais nos dois lados do transformador.

Na representacao em pu, escolhem-se como tensoes de base:

Vb1 = VN1 e Vb2 = VN2

e a relacao de transformacao em pu e 1 : 1.

– 64 –

Se V1 e V2 sao tensoes nos dois lados do transformador e v1 e v2 sao os seus

respectivos valores em pu, as seguintes relacoes sao validas:

V2 =V1a

e v2 = v1

Considere agora que este transformador seja de tap variavel para o qual a situacao

descrita anteriormente e valida para o tap na sua posicao nominal.

Caso ocorra uma mudanca da posicao do tap tal que:

N2 → N2 +∆N2

+

+

V1

V2

N1

N2

∆N2ab

a nova relacao de transformacao

sera:

a′ =N1

N2 +∆N2

– 65 –

Para uma mesma tensao V1 em um dos enrolamentos, a nova tensao no outro

enrolamento sera dada por:

V ′2 = V1N2 + ∆N2N1

= V1N2N1+ V1

∆N2N1

= V2 + V1∆N2N1

(da relacao para tap nominal)

= V2 + V2N1N2

︸ ︷︷ ︸

V1

∆N2N1

= V2

(

1 +∆N2N2

)

= V2 (1 + t) ← t = tap fora do nominal (off-nominal tap)

= V2α

em que α leva em conta a mudanca da posicao do tap em relacao aos valores

nominais.

Transformando em pu:

V ′2Vb2=V2Vb2α

v ′2 = v2α

= v1α (pois v1 = v2)

– 66 –

O circuito em pu fica (trafo real com parametros shunt desprezados):

+

− −

+

V1V2

zT

1 : α

Exemplo

Considere o transformador de tap variavel mostrado a seguir.

100 MVA

220/69 kV

xT = 8%

1 2

O comutador de tap e localizado no lado de baixa tensao e tem 20 posicoes, com tap

variando de ±5%. Representar o transformador em pu na situacao em que o tap esta naposicao +2.

– 67 –

Considere os valores de base iguais aos valores nominais do transformador:

Sb = 100 MVA

Vb1 = 220 kV

Vb2 = 69 kV

De acordo com as especificacoes do comutador de tap:

• posicao central → tap nominal.

• 10 posicoes para variacao de +5% → cada posicao equivale a +0,5%.

• 10 posicoes para variacao de −5% → cada posicao equivale a −0,5%.

O comutador de tap esta na posicao +2 → corresponde a uma variacao no numero deespiras de +1%:

∆N2N2= t = 0,01

Logo:

α = 1 + t = 1,01

– 68 –

e o circuito do trafo em pu e:

v2

0,08 pu

1 : 1,01

v1Vb1 = 220 kV

Vb2 = 69 kV

Sb = 100 MVA

Exemplo

Considere o circuito mostrado a seguir.

Vs

j0,1j0,1

V1

120 MVA

500 kV

xT = 12%

V2 Vc = 500 kV

100 MVA

fp = 1

A tensao no barramento de carga e mantida constante em 500 kV. O transformador

regulador tem tap no lado da carga com 10 posicoes, variando de ±5%.

– 69 –

(a) Calcule a tensao Vs considerando que a posicao do tap e a nominal.

Os valores de base sao definidos como:

Sb = 100 MVA e Vb = 500 kV

Deve-se entao corrigir o valor da reatancia do transformador, pois o valor fornecido

foi calculado em outra base:

xT = 0,12 ·5002

120· 1005002

= 0,1 pu

E o circuito em pu fica:

vs

j0,1 j0,1j0,1

v1 v2 vc = 1∠0 pu

sc = 1∠0 pu

Dados da carga:

sc = 1∠0 pu

vc = 1∠0 pu (referencia angular)

Corrente pelo circuito:

i = (sc/vc)∗ = 1∠0 pu

– 70 –

No secundario do transformador:

v2 = vc + j 0,1 i

= 1 + 0,1∠90 = 1,005∠5,71 pu

No primario do transformador:

v1 = v2 + j xT i

= vc + j 0,2 i = 1,02∠11,31 pu

Na fonte:

vs = v1 + j 0,1 i

= vc + j 0,3 i = 1,044∠16,7 pu

que equivale a 522 kV. A potencia entregue na barra e:

s = vs i∗ = 1,044∠16,7 pu = 1 + j 0,3 pu

ou seja, 100 MW e 30 Mvar. Note que a carga nao consome potencia reativa (fator

de potencia unitario). Os 30 Mvar obtidos correspondem a perdas de potencia nas

linhas de transmissao e transformador.

– 71 –

(b) Calcule a tensao Vs considerando agora que a posicao do tap e +5%.

Tem-se a seguinte situacao:

V1

V2

+5%

posicao nominal (tap nominal)

Sendo N o numero de espiras do enrolamento na situacao de tap nominal, tem-se

na nova situacao:

V1V2=

N

N + 0,05N=1

1,05

Portanto o circuito em pu fica:

vs

j0,1j0,1 j0,1

v1 v ′1

1 : 1,05

v2 vc = 1∠0 pu

sc = 1∠0 pu

Corrente no lado da carga:

i = (sc/vc)∗ = 1∠0 pu

No secundario do transformador:

– 72 –

v2 = vc + j 0,1 i

= 1 + 0,1∠90 = 1,005∠5,71 pu

No primario do transformador:

v ′1v2=1

1,05

v ′1 =v21,05

= 0,9571∠5,71 pu

i ′

i= 1,05

i ′ = 1,05 i = 1,05∠0 pu

v1 = v′1 + j xT i

′ = 0,9732∠11,87 pu

Na fonte:

vs = v1 + j 0,1 i′ = 1,0∠17,77 pu

que equivale a 500 kV. A potencia entregue na barra e:

s = vs (i′)∗= 1,05∠17,77 pu = 1 + j 0,32 pu

ou seja, 100 MW e 32 Mvar. Note que a tensao na carga e mantida com uma

tensao Vs menor, porem, a injecao de potencia reativa e maior.

– 73 –

4.15 Operacao de transformadores em paralelo

Considerar dois transformadores conectados em paralelo:

T1

T2

1 2

chave

A B 11,9 : 34,5 kV

11,9 : 34,5 kV

Para calculos em por unidade, divide-se o circuito em duas areas para a definicao

dos valores de base:

T1

T2

1 2

area 1 area 2

Vb1 = 11,9 kV Vb2 = 34,5 kV

A B 11,9 : 34,5 kV

11,9 : 34,5 kV

– 74 –

Os valores das tensoes de base sao escolhidos de forma que a relacao entre eles seja

igual a relacao de transformacao dos transformadores. Em particular, foram

escolhidas as proprias tensoes nominais dos transformadores. Em por unidade

tem-se:

T1

T2

1 2

A B

1 : 1

1 : 1

Transformadores reais sao representados pelas suas respectivas reatancias1:

T1

T2

1 2

A B

j x1

j x2

1Para transformadores de potencia as perdas ferro e de magnetizacao sao desprezadas. As perdas cobre tambem sao em geral desprezadas.

– 75 –

Considere que o transformador T2 tenha a sua relacao de transformacao aumentada

para (12,5 : 34,5 kV), atraves de uma mudanca na posicao do tap:

T1

T2

1 2

A B

11,9 : 34,5 kV

12,5 : 34,5 kV

Pode-se representar T2 da seguinte forma:

T1

T2

1 2

A B 11,9 : 34,5 kV

11,9 : 34,5 kV

12,5 : 11,9 kV

– 76 –

Dividindo o circuito em duas areas:

T1

T2

1 2

A B 11,9 : 34,5 kV

11,9 : 34,5 kV

12,5 : 11,9 kV

area 1 area 2

Vb1 = 11,9 kV Vb2 = 34,5 kV

Em por unidade tem-se:

T1

T2

1 2

A B 1 : 1

1 : 1

1,05 : 1

12,5/11,9

– 77 –

Considerando as reatancias dos transformadores:

T1

T2

1 2

A B 1,05 : 1

j x1

j x2

Verifica-se que o transformador com a posicao do tap fora da nominal deve ser

representado em por unidade com uma relacao (1,05 : 1) ou (1 : 0,952). Considere

agora que a chave AB seja aberta:

+ − T1

T2

1 2

A B

V

vAB

v1 v2

vx1,05 : 1

j x1

j x2

– 78 –

Devido a alteracao na posicao do tap de T2, aparece uma tensao sobre os terminais

da chave:

vAB = vA − vB= v1 − 1,05 vx= v1 − 1,05 v2= v1 − 1,05 v1= −0,05 v1

A impedancia vista pelos terminais A e B e:

zvista = j (x1 + x2) = zloop

Logo, tem-se:

+

A

B

VvAB

zloop

– 79 –

Se a chave AB for novamente fechada, circulara uma corrente pelo circuito:

+

A

B

vAB

zloop

iloop∼

A corrente vale:

iloop =vABzloop

Voltando ao diagrama unifilar do circuito, tem-se:

1,05 : 1

j x1

j x2

T1

T2

1 2

A B

iloop

em que iloop e uma corrente de circulacao. Ao alterar-se a posicao do tap de T2,

apareceu uma corrente de circulacao, que e limitada pelas reatancias dos

transformadores.

– 80 –

Sistemas de potencia tıpicos sao malhados, ou seja, existem varios loops e caminhos

paralelos para os fluxos de potencia. Esta caracterıstica confere maior flexibilidade

de operacao e confiabilidade aos sistemas. Alem disso, as tensoes de transmissao e

nıveis de potencia tem aumentado ao longo dos anos, e os novos equipamentos sao

conectados e operam juntamente com os equipamentos existentes. Assim, e natural

que se encontre loops ou caminhos paralelos que incluem transformadores.

Cuidados especiais devem ser tomados durante a fase de projeto a fim de evitar as

correntes de circulacao. A configuracao que poderia ser chamada de normal

conteria transformadores em paralelo com as mesmas relacoes de transformacao.

No entanto, ha situacoes em que introduz-se alteracoes nas relacoes de

transformacao2 a fim de atender requisitos especıficos de operacao.

2Alteracoes na relacao de transformacao sao obtidas atraves da mudanca na posicao dos taps dos transformadores. Dependendo do tipo de transfor-

mador, essa alteracao pode resultar em diferentes magnitudes de tensao (transformador regulador) ou em defasagens entre as tensoes (transformador

defasador).

– 81 –

4.16 Representacao computacional do trafo com tap variavel

Em algumas aplicacoes e interessante classificar linhas de transmissao e

transformadores em uma mesma classe de equipamentos → ambos conectam doisnos (duas barras) da rede.

E conveniente representa-los por um mesmo modelo e trata-los de maneira identica.

Exemplo: problema de fluxo de carga → resolucao do circuito para obtencao do seuestado de operacao.

Como a linha e representada por um modelo π → deve-se representar o trafotambem por um modelo π.

Procedimento: considerar o seguinte trafo:

+

+

+

v1

i1z

v ′1 v2

i2

1 : α

s1 s ′1 s2

– 82 –

Tem-se as seguintes relacoes:

v ′1v2=1

α

s ′1 + s2 = 0

s ′1 = −s2v ′1 i∗1 = −v2 i∗2

v ′1 i∗1 = −αv ′1 i∗2i1i2= −α

As equacoes para as correntes sao:

i1 =v1 − v ′1z

=1

zv1 −

1

αzv2 (1)

i2 = −i1α= − 1αzv1 +

1

α2 zv2 (2)

– 83 –

Considere agora o modelo π do trafo:

+

+

v1

i1

z1

z2 z3 v2

i2is

ip2 ip3

Para o modelo π:

i1 = is + ip2

=1

z1(v1 − v2) +

1

z2v1

i2 = −is + ip3

= − 1z1(v1 − v2) +

1

z3v2

Reescrevendo de maneira apropriada:

i1 =

(1

z1+1

z2

)

v1 −1

z1v2 (3)

i2 = −1

z1v1 +

(1

z1+1

z3

)

v2 (4)

– 84 –

Deve-se igualar os coeficientes das equacoes (1) com (3) e (2) com (4):

− 1z1= − 1αz

1

z1+1

z2=1

z

1

z1+1

z3=1

α2z

que resulta em:

z1 = αz

z2 =

α− 1

)

z

z3 =

(α2

1− α

)

z

Exemplo

Um autotransformador trifasico com comutador de tap apresenta os seguintes dados de

placa:

220/22 kV 300 MVA

x = 6% Comutador no lado de BT, ±20%, 10 posicoes

Obtenha o modelo π equivalente do transformador para que se tenha tensoes de 220 kV

e 18,2 kV em vazio.

– 85 –

Considerando os seguintes valores de base:

Sb = 300 MVA

Vb1 = 220 kV

Vb2 = 22 kV

tem-se o seguinte modelo para o transformador:

+

+

v1 v2

x = 0,06

1 : α

em que α representa a posicao do tap. Para o tap na posicao nominal tem-se:

220/22 kV

Para as condicoes especificadas no problema, tem-se:

220/18,2 kV

– 86 –

que pode ser representado por:

220/22 kV 22/18,2 kV

Transformando os valores de tensao em pu:

1 : 1 1 : 0,82731 : 0,8273

Como o comutador apresenta posicoes de tap discretas, deve-se escolher o valor mais

apropriado:

0,80

0,8273

0,84

0,88

0,92

0,96

1,00

1,04

1,08

1,12

1,16

1,20

valor discreto mais proximo

– 87 –

O modelo π fica:

+

+

v1

j0,0504

−j0,3150 j0,2646 v2

Como a tensao no secundario e MENOR que o valor nominal, o parametro z3corresponde a um INDUTOR.

Exercıcio

Repita o exemplo anterior considerando que deseja-se ter uma tensao de 25 kV no

secundario do transformador.

Exercıcio

No caso do transformador do exemplo anterior, determine a maior tensao possıvel no

secundario (em vazio) e o obtenha o modelo π correspondente a essa situacao.

– 88 –

4.17 Fluxos de potencia ativa e reativa em transformadores

Considere o modelo π do transformador:

Ek = Vk ∠θk Em = Vm ∠θmIkm Imk

I1I2 I3

y/α

(α−1α

)y

(1−αα2

)y

As correntes sao dadas por:

Ikm = I1 + I2

=y

α(Ek − Em) +

α− 1αyEk

= (y)Ek +(

−yα

)

Em

Imk = −I1 + I3

= −yα(Ek − Em) +

1− αα2

yEm

=(

−yα

)

Ek +( y

α2

)

Em

– 89 –

Potencia saindo do barramento k :

S∗km = E∗k Ikm

= E∗k

[

yEk +(

−yα

)

Em

]

= (g + jb) V 2k −1

α(g + jb) VkVm (cos θkm − j sen θkm)

Pkm = gV2k −VkVmα(g cos θkm + b sen θkm)

Qkm = −bV 2k −VkVmα(g sen θkm − b cos θkm)

Potencia saindo do barramento m:

S∗mk = E∗m Imk

= E∗m

[

−(y

α

)

Ek +( y

α

)

Em

]

=1

α2(g + jb) V 2m −

1

α(g + jb) VkVm (cos θkm + j sen θkm)

Pmk =g

α2V 2m −

VkVmα(g cos θkm − b sen θkm)

Qmk = −b

α2V 2m +

VkVmα(g sen θkm + b cos θkm)

As perdas de potencia podem ser calculadas por:

Pperdas = Pkm + Pmk

Qperdas = Qkm +Qmk

– 90 –

4.18 Referencias

A.L.M. Franca, notas de aula, 1989.

C.A. Castro, M.R. Tanaka, Circuitos de corrente alternada – um curso introdutorio,

Unicamp, 1995.

A.J. Monticelli, A.V. Garcia, Introducao a sistemas de energia eletrica, Unicamp,

1999.

J.D. Glover, M. Sarma, Power system analysis and Design, PWS-Kent, 1989.

J.J. Grainger, W.D. Stevenson, Power System Analysis, McGraw-Hill, 1994.

I.L. Kosow, Maquinas eletricas e transformadores, Globo, 1972.

O.I. Elgerd, Introducao a teoria de sistemas de energia eletrica, Mc-Graw-Hill, 1981.

L.N. Padilha, Analise comparativa de estrategias para regulacao de tensao em

sistemas de distribuicao de energia eletrica na presenca de geradores distribuıdos,

Dissertacao de Mestrado, Escola de Engenharia de Sao Carlos/USP, 2010.

– 91 –