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#74 EDIÇÃO FOTOTECA FUNDAÇÃO CARTIER OÁSIS FENÔMENO EUREKA! Boas ideias chegam quando menos se espera CURIOSITY O robô dos recordes chega a Marte RICHARD SAINT JOHN Os 8 segredos do sucesso BRASILEIROS BRILHAM EM EXPOSIÇÃO HISTÓRICA EM PARIS HISTÓRIAS DE VER "Noivas do Jequitinhonha", Mestra Isabel Mendes da Cunha

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OásisFENÔMENO

EUREKA!Boas ideias chegam

quando menos se espera

CURIOSITYo robô dos recordes

chega a Marte

RICHARD SAINT JOHN

os 8 segredos do sucesso

BrasilEiros BrilhaM EM Exposição histórica EM paris

HISTÓRIASDE VER

"Noivas do Jequitinhonha", Mestra Isabel Mendes da Cunha

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É preciso descobrir novas fontes de inspiração, novas formas de

‘trabalhar com a hipersensibilidade do coração’, oferecer ao público e

aos próprios artistas ocidentais novos padrões de estética e de criatividade

por

LUIS PELLEgRINI

Editor

A Fundação Cartier, em Paris, é um dos mais pres-tigiosos centros mundiais da arte contemporânea. Suas exposições costumam lançar tendências,

separar o joio do trigo, marcar época. Foi assim, com certa surpresa e curiosidade, que fui visitar a exposição “Histó-rias de Ver”, que a Fundação Cartier organizou e manterá aberta até meados de outubro.A mostra é de arte naif, também conhecida como “primi-tiva”. São cinquenta e poucos artistas escolhidos a dedo pelo curador, o italiano Alessandro Mendini. Deles, quase a metade é composta por brasileiros. Confesso que foi uma alegria ver entre eles Mestra Isabel, célebre ceramista do Vale do Jequitinhonha, exibindo toda uma coleção das suas lindas noivas de barro, todas elas com olhar transcendental. E toda uma parede dedicada a grandes desenhos de outro mestre, o nordestino Francisco da Silva. E uma das estrelas da exposição, o pajé Ibã, da tribo acreana dos Huni Kui que, com seu grupo de jovens artistas índios, dedica-se a “desenhar a música tradicional da sua cultura milenar”. Alessandro Mendini explica bem qual o propósito dessa exposição. Diz que, num momento de profunda crise de valores – inclusive estéticos – que vive o mundo europeu e ocidental, é preciso descobrir novas fontes de inspira-ção, novas formas de “trabalhar com a hipersensibilidade do coração”, oferecer ao público e aos próprios artistas ocidentais novos padrões de estética e de criatividade. Nesse movimento, como mostra essa mostra da Fundação Cartier, estamos na linha de frente. Confira na matéria de capa deste número de Oásis.

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TEHISTÓRIAS

DE VER Brasileiros brilham em exposição histórica em Paris

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“Cavaleiro Medieval”, Alessandro Mendini

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s vezes, para se perceber o que existe de bom em nossa própria casa, é preciso visitar a casa do vizinho. Assim é

que, às vezes, para se saber de certas coisas boas que acontecem no Brasil, é preciso ir ao estrangeiro. A Paris, por exemplo, e visitar a exposição “Histoires de voir, show and tell” (Histórias de ver, mostrar e contar), atualmente em cartaz na Fundação Cartier, no bairro de Montparnasse. A mos-

A

Numa das mais importantes mostras de arte naif de todos os tempos, a Fundação Cartier de Arte Contemporânea, em Paris, reúne cerca de 50 artistas de qualidade excepcional escolhidos em todo o mundo. Mais da metade são brasileirosPor Luis PeLLegrini, de Parisimagens: Fototeca Fundação cartier

“Paisagem Urbana”, Mamadou Cissé

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tra, de proporções decididamente mega, toma todo o espaço expositivo dessa Fundação – considerada hoje um dos principais endereços da arte contem-porânea em todo o mundo.

O curador Hervé Chandés explica que “His-toires de voir” nasceu da curiosidade de ver e compreender em que consiste a assim chamada arte “naif”, “autodidata” ou “primitiva”. “Ir ao encontro de artistas que tomam outros caminhos distintos daqueles impostos pelos códigos visuais dominantes, de revisitar as relações entre arte contemporânea e arte popular, entre arte e artesa-nato”, diz Chandés.

Baseada, a princípio, em tais propósitos, a Fundação Cartier organizou uma verdadeira festa audiovisual. Nela se descobrem as obras e conta-

-se as histórias de mais de 50 artistas do mundo inteiro, escultores, pintores, desenhistas, cineastas e adeptos de técnicas mistas. São brasileiros, india-nos, congoleses, paraguaios, e também mexicanos, haitianos, europeus, japoneses, norte-americanos. Vivem em Paris, em Port-au-Prince, em várias loca-lidades do Nordeste brasileiro, em bairros da Cida-de do México, nos cantos mais remotos da Amazô-nia, na periferia de Mumbai. Praticamente todos se descobriram artistas e aprenderam a “ver” em circunstâncias e contextos singulares; considerados como “naifs” e de consequência vítimas do precon-ceito que entende essa visão como “arte menor”, eles raramente são convidados a apresentar suas obras nas instituições dedicadas à arte contempo-rânea. Esta iniciativa da Fundação Cartier é, nesse sentido, bem revolucionária, e seu poder de fogo logo se fez sentir: o público responde com entusias-mo e lota o espaço da mostra todos os dias.

Nesse grande e brilhante conjunto de formas e cores produzido por artistas “fora dos códigos visuais dominantes”, o Brasil canta de galo. Dos

“Ir ao encontro de artistas que tomam outros caminhos distintos daqueles impostos pelos códigos visuais”

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cerca 50 artistas convidados, quase a metade é de brasileiros. São eles: o paulista José Antônio da Silva, falecido em 1996; Antônio de Dedé, alago-ano de Lagoa da Canoa; o baiano Nilson Pimen-ta, de Caravelas, que agora mora em Cuiabá; o pernambucano Cícero José da Silva, morador de Caruaru; o baiano Aurelino dos Santos, morador da favela de Ondina, em Salvador, paupérrimo, esquizofrênico, de história comovente, que troca-va seus quadros por maços de cigarro – e agora é considerado tão valioso a ponto de a Fundação Cartier usar, para defini-lo como um mito vivo, uma frase do poeta Fernando Pessoa: “O mito é o nada que é tudo”. A lista dos brasileiros continua: o índio guarani Valdir Benites, que vive na reserva indígena Itaóca, em São Paulo; Ronaldo Costa, também índio, morador em Tiarajú, Santa Cata-rina; o incrível escultor sergipano Véio, morador em Nossa Senhora da Glória, Sergipe; o pernan-bucano José Bezerra, da cidade de Catimbau; o baiano Alcides Pereira dos Santos, que morreu em São Paulo em 2007; mestre Francisco da Silva, cujos sapos, borboletas, mariposas e pássaros fan-tásticos no passado decoravam até as paredes de botequins brasileiros, e agora ocupam um mural inteiro da Fundação Cartier; a fotógrafa Clau-

dia Andujar; o mineiro Neves Torres, que hoje vive em Serra, no Espírito Santo; Ciça, escultora de Juazeiro do Norte; o índio ianomami Joseca, da Comunidade Watoriki, no Amazonas; mestre Nino, cearense de Juazeiro do Norte, morto em 2002. Destaque para Isabel Mendes da Cunha, a maior ceramista do Vale do Jequitinhonha, moradora em Santa, Minas Gerais – suas noivas com flores e grinaldas de barro fazem suspirar as francesas. E a maior de todas as surpresas dessa mostra: o trabalho e as obras do pajé Ibã, da tribo Huni Kui, que vive na aldeia de Xiku Curumin, às margens do rio Jordão, no Acre. Os “desenhos musicais” produzidos pelo pajé Ibã e o grupo de jovens índios que trabalham com ele já correm mundo, despertando estupor de críticos de arte e

“Dos cerca 50 artistas convidados, quase a metade é de brasileiros”

6/14“Desenho de Música”, Grupo do Pajé Ibã, Tribo Huni Kui

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estudiosos de vários ramos da ciência.Ibã mereceu destaque tanto no âmbito da

exposição quanto no catálogo da mesma. Esse pajé amazônico herdou do pai parte substancial da herança cultural, linguística e espiritual do seu povo. No filme-documentário a seu respeito, também apresentado na mostra, ele afirma que “já é tempo, para nós, de reorganizar nosso saber e nossa cultura. Não se trata apenas de reunir o saber que recebemos, mas também de fazê-lo viver e se desenvolver”.

Na verdade, o pensamento e a postura de guer-reiro cultural do pajé Ibã é o verdadeiro denomi-nador comum entre todos os artistas escolhidos para compor “Histórias de ver, mostrar e contar”. A luta que ele representa começa a ser reconheci-da em nível internacional. A presença importante de seu trabalho e de seu grupo nessa mostra em Paris é prova disso. Com seu filho Cleiber, e mais uma dezena de jovens índios Huni Kui, Ibã partiu para uma empreitada que é, essencialmente, o sonho de muitos artistas plásticos: traduzir em desenhos no papel os ensinamentos, a poesia, a magia e o encantamento da música tradicional de sua tribo. O resultado desse esforço são desenhos muito ricos de elementos simbólicos e padrões

“Já é tempo, para nós, de reorganizar nosso

saber e nossa cultura”

“Desenho de Música”, Grupo do Pajé Ibã, Tribo Huni Kui

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“Bichos”, Francisco da Silva

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estéticos inovadores que, curiosamente, lembram as mais inventivas criações dos cartoons e dos mangás contemporâneos.

“A exposição responde ao desejo de liberar o olhar de se ver as coisas de um outro modo, de dar a palavra a artistas e a comunidades de ar-tistas que lançam sobre o mundo um olhar ma-ravilhado. Ela faz conhecer mulheres e homens para os quais a arte está em ligação estreita com a hipersensibilidade do coração”, diz o designer e arquiteto italiano Alessandro Mendini, cenógrafo da exposição.

Ele está certo. Mas há também um outro aspecto dessa mostra que é preciso destacar. Só quem a visita e vê o brilho no olhar dos visitan-tes europeus, parados diante dessas obras “pri-mitivas” pode entender. Essas obras os nutrem, de alguma forma preenchem o buraco provocado pela sua fome de renovação de valores culturais e de padrões estéticos. Do saco sem fundo da ima-ginação e da alma “ingênua”desses artistas estão saindo coisas que não existem nem sequer nas sacolas de Papai Noel. A Fundação Cartier, que tem bom faro, já descobriu isso. Resta aos nossos museólogos, críticos, galeristas e colecionadores não dormirem no ponto do bonde.

Serviço:

exposição “Histoires de voir, sHow and tell”

atÉ 21 de outubro 2012

Fundação cartier de arte contemporânea 261, boulevard raspail, 75014 paris

Ascesse:

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“Desenho de Música”, Grupo do Pajé Ibã, Tribo Huni Kui

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“Desenho de Música”, Grupo do Pajé Ibã, Tribo Huni Kui

http://goo.gl/JB8a8

Video 1

http://goo.gl/IBJYn

Video 2

http://goo.gl/f3QWw

Video 3: o espírito da Floresta

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onta-se que quando o fi-lósofo grego Arquimedes exclamou “Eureka!” (A luz se fez!) ele estava relaxando,

completamente nu, na banheira: a ideia inspiradora que iria revolucionar a física dos fluídos surgiu em sua mente quando ele tomava o seu banho.

É coisa bem sabida que as grandes in-tuições chegam quase sempre nos momen-tos em que não estamos particularmente

C

Deixar de vez em quando a mente livre para divagar não é uma simples perda de tempo: é um hábito comportamental mental que pode abrir caminho para o aparecimento de intuições geniais

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concentrados naquele problema específico. O que ainda não está claro é por que isso acontece dessa forma. Recente estudo norte-americano sugere que não são tanto os momentos de pausa que favorecem a criatividade e a intuição genial, mas sim os momentos em que deixamos que nossa mente divague, livre e solta. Exatamente aqueles momentos em que acreditamos estar perdendo nosso tempo...

a exPeriênciaPara estudar esse fenômeno, Benjamin Baird e

Jonathan Schooler, dois psicólogos da Universida-de da Califórnia, em Santa Bárbara, submeteram 145 estudantes a dois exercícios que consistiam fazer o elenco, em dois minutos, do maior número possível de usos alternativos para objetos de uso comum, como escovas de dente, cabides e caixas

de fósforo. Esgotado esse tempo, os estudantes podiam gozar de uma pausa de 12 minutos, duran-te a qual alguns simplesmente repousaram, outros se dedicaram a alguma atividade que demandava o uso da memória e a plena concentração, e os restantes foram envolvidos numa atividade pouco exigente que favorecia a divagação da mente. Um outro grupo de voluntários não desfrutou de ne-nhum momento de pausa.

os mais criativosAo final da pausa, os estudantes tiveram de fa-

zer novamente a tarefa inicial. Resultado: aqueles cuja mente tinha divagado obtiveram desta vez um resultado 41% melhor do que na vez anterior em relação a seus companheiros. Nos demais sujeitos não foi observada nenhuma melhora das perfor-mances, como explica em detalhes recente arti-go publicado na revista científica Psychological Science. Um momento análogo no qual a divaga-ção favorece a criatividade já tinha sido observado durante as fases de “rapid eye movements” que costumam acontecer durante o sono.

“Aqueles cuja mente tinha divagado obtiveram desta vez um resultado 41% melhor do que na vez anterior”

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eLogio da distraçãoFato importante, os estudantes que tiveram a

possibilidade de divagar com a mente não tinham alcançado nenhum resultado mais expressivo em relação a seus colegas na primeira parte do exercício. “A divagação mental parece funcio-nar apenas para as tarefas que nosso cérebro já tivera oportunidade de ‘mastigar”, explicou Banjamin Baird, “mas não parece trazer melhorias nas tarefas genéricas que envolvem a solução de problemas”.

O estudo poderá auxiliar na solução de um dos mistérios ainda não resolvidos do funcionamen-to da mente: por que nos desconcentramos? Do ponto de vista evolutivo, de fato, esse comporta-mento tipicamente humano é contraproducente. Ele compromete as performances física e mental dos indivíduos: se a evolução permitiu ao cérebro desenvolver esse mecanismo, tudo leva a crer que isso aconteceu para que seja deixado espaço para as intuições mais criativas.

Na história da ciência e ainda em nossas histórias pessoais, não são poucos os momentos em que alguém encontra a solução de um proble-ma quando já deixou de se empenhar na busca e quando cansado de dar voltas no assunto infruti-feramente, decide tomar um banho ou sair para caminhar ou realizar qualquer outra atividade que o mantenha longe do objeto de seus cuidados. Assim Arquimedes, assim Newton, assim Einstein. E curiosamente, foi nesse momento de distração

quando cada um destes descobriu a peça que falta-va no seu quebra-cabeças.

Por outra parte Baird assegura que estes resul-tados são válidos apenas para aquelas situações em que a mente lidou antes com um problema em específico, mas ao que parece não foi possível concluir que o vazio mental incremente por si só a habilidade criativa para resolver problemas.

Leia Mais:

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NOCURIOSITY

O robô dos recordes chega a Marte

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ua missão é encontrar água e indícios de vida. Curiosi-ty é um robô de 900 quilos equipado com baterias de

plutônio, vários instrumentos científicos nunca antes enviados ao espaço, 6 rodas capazes de fazê-lo percorrer 200 metros ao dia, além de um microship com duas obras de Leonardo da Vinci (o Autoretrato e o Codex do Voo) devidamente escane-adas para que algum eventual marciano

possa apreciá-las.“Vamos a Marte para saber se a vida

surgiu também lá”, diz o coordenador de pesquisa científica da Nasa, Michael Myer. Para que essa missão de cerca 3 bilhões de dólares (provavelmente a única que uma grande agência espacial que vive uma fase de parcos recursos econômicos poderá se permitir nos próximos anos) não se converta literalmente em fumaça ao entrar na atmosfera marciana, é necessário que a operação aconteça de forma irretocável. A descida até o solo de Marte durará apenas 7 minutos, mas este será um tempo de puro terror para os técnicos da Nasa que estarão acompanhando tudo nas telas de seus computadores.

“’É a fase mais delicada de toda a via-gem. Centenas de operações devem aconte-cer exatamente como foram previstas, com uma precisão de milésimos de segundo”, diz Peter Theisinger, o responsável pela missão. Como um mantra, a Nasa não para de repetir: “A margem de erro é zero”.

A partir do seu ingresso na atmosfera marciana, a 130 quilômetros de altura, previsto para o dia 6 de agosto às 12H31 (horário do Brasil), o módulo que trans-porta Curiosity deverá reduzir sua veloci-dade de 20 mil quilômetros horários para menos de um metro por segundo. Será

S

No dia 6 de agosto a sonda Curiosity chega a Marte com dois objetivos principais: descobrir água e indícios de vida. A missão é dificílima e não admite nenhuma margem de erroimagens: nasa

http://goo.gl/HlcaQ

Nesta sensacional animação da Nasa, você verá todos os lances da aventura científica que representa a ida e a chegada da sonda Curiosity a Marte.

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ajudado primeiro pela rarefeita atmosfera marciana, segundo por um escudo térmico capaz de resistir aos 800 graus gerados pelo atri-to. Depois, tocará a um paraquedas de náilon. Abrindo-se a uma velocidade de 1500 quilômetros horários, ele deverá suportar uma força de 65 mil toneladas. A um quilômetro e meio de altura, se-rão acionados os foguetes encarregados de reduzir a velocidade 288 a pouco mais de 2 quilômetros horários. Nesse ponto, como numa sequência de cinema, o módulo, com três cinturões de náilon com comprimento de 7,5 metros cada um, desce-rá o Curiosity e o apoiará delicadamente no solo. Logo em seguida ele se afastará para não atrapa-lhar os movimentos do robô.

Nos “7 minutos de terror”, depois dos 567 milhões de quilômetros percorridos em 9 meses, o robô da Nasa deverá fazer tudo sozinho, usando as cerca de 500 mil instruções armazenadas no seu “cérebro”. Como as transmissões por rádio a

partir de Marte levam 14 minutos para chegar à Terra, qualquer coisa aconteça só será percebida pelos técnicos depois desse tempo. Todos os robôs precedentes usaram um airbag para amortecer o impacto contra a superfície de Marte, mas as dimensões do Curiosity e a delicadeza dos seus instrumentos científicos obrigaram a Nasa a usar o guindaste e a força dos foguetes.

Se a vida existiu em Marte, afirma a Nasa, ela deve ter passado pela cratera Gale, local escolhido para a “aterrissagem” do Curiosity. O seu fundo impecavelmente plano provavelmente abrigou um lago, antes que – há milhões de anos e por causas desconhecidas – Marte se tornasse árido e inóspi-to. “Essa cratera é como o fundo de um panelão. É o melhor lugar para se procurar água”, explica John Grotzinger, técnico da Nasa. Após percorrer

“Depois dos 567 milhões de quilômetros percorridos em 9 meses, o robô da Nasa deverá fazer tudo sozinho, usando as cerca de 500 mil instruções armazenadas no seu “cérebro”” O módulo desce

suavemente o robô Curiosity na

superfície de Marte

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longas distâncias nessa superfície, o robô subi-rá as encostas do monte Sharp (Agudo) no centro da cratera, até quando suas baterias de plutônio aguentarem. A duração oficial da missão é de 23 meses, mas é provável que, como seus anteces-sores, o robô consiga sobreviver muito mais que isso. Subir o monte Sharp, atravessando as suas várias camadas sedimentares, que surgirão umas após as outras, será como percorrer novamente milhões de anos da história do Sistema Solar. Se ainda existem traços de vida em Marte, a cratera Gale é o melhor lugar até agora conhecido onde se poderá encontrá-los. E o robô Curiosity está perfeitamente equipado para fazer o serviço.

MArte, NoSSo irMão MeNor

A Cratera Gale, na foto, local escolhido para a descida do robô Curiosity

. a gravidade de marte equivale a um terço da gravidade terrestre.

. o dia marciano dura 24 Horas e 40 minu-tos.

. o ano marciano dura 687 dias.

. sua atmosFera É composta de 95% de anidride carbônica e apenas 0,1% de oxigênio. a atmosFera da terra É composta de 21% de oxigênio e apenas 0,03% de anidride carbônica.

. o diâmetro de marte É de 6.780 quilômet-ros (a metade da terra, o dobro da lua)

. sua temperatura na superFície oscila en-tre entre 128 graus centígrados negativos e 27 graus centígrados positivos.

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oásis . SABEDORIA2/2

ichard Saint John apresenta--se como um homem comum, que foi capaz de alcançar o sucesso fazendo aquilo

que ele gosta. Em seu estilo tipicamente franco, ele nos lembra que o sucesso não é uma via de mão única, mas uma jornada constante. Richard usa a história da ascen-são e queda do seu negócio para ilustrar uma lição valiosa - quando nós paramos de tentar, nós fracassamos.

R

Por que as pessoas obtém sucesso? Por serem espertas? Por sorte? Não. o analista richard Saint John condensa anos de entrevistas em duas imperdíveis apresentações de poucos minutos cada uma sobre os verdadeiros segredos do sucessovídeo 1: ted-ideas Worth sPreading. tradução Para o Português: denise Bem david. revisão: eduardo schenBerg.

vídeo 2: tradução de FáBio ceconeLLo. revisão de gustavo PuLcherio

http://goo.gl/ge3v3

Video 1

http://goo.gl/ge3v3

Video 2