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Redação Setor 1509 LÍNGUA PORTUGUESA Prof.: aula 1 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 248 aula 2 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 248 aula 3 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 251 aula 4 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 251 aula 5 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 254 aula 6 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 254 aula 7 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 257 aula 8 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 257 Texto teórico .................................................................................259

Transcript of 850420116 KAPA1 247a274 Redacao CA - Anglo...

Redação

Setor 1509

LíNGUA PORTUGUESA

Prof.:

aula 1 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 248

aula 2 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 248

aula 3 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 251

aula 4 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 251

aula 5 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 254

aula 6 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 254

aula 7 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 257

aula 8 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 257

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AULAS 1 e 2 DOMINAR COMPETÊNCIAS: UMA INTRODUÇÃO

Para alcançar sucesso numa apresentação de patinação artística no gelo, os atletas precisam, de antemão,

conhecer e dominar os aspectos técnicos que são comumente avaliados pelo júri. Para o sucesso de uma redação

no vestibular, é preciso conhecer e dominar as competências que são avaliadas pela banca examinadora.

A dissertação-argumentativa é um tipo de texto em que seu autor deixa clara sua opinião sobre um tema

polêmico ou uma situação-problema. Para dar mostras de que seu posicionamento é convicto e defensável,

ele apresenta outras ideias para lhe dar sustentação, os argumentos.

Ao propor a redação de um texto dissertativo, as bancas examinadoras avaliam se os candidatos dominam as

seguintes competências:

I – Adequar a redação ao tema e às instruções da proposta.

II – Ler com proveito os textos que integram a coletânea da proposta de redação.

III – Posicionar-se com clareza acerca da questão posta em debate.

IV – Argumentar com pertinência e detalhadamente.

V – Empregar recursos de linguagem adequados à dissertação.

VI – Fazer afirmações coerentes com a realidade.

VII – Revelar análise crítica do tema proposto.

No Enem essas expectativas são condensadas em cinco competências, cinco critérios que norteiam a

avaliação do texto dissertativo:

Competência 1 Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.

Competência 2Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.

Competência 3Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.

Competência 4Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.

Competência 5Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

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ExERCíCIOS

TexTo para as aTividades 1 a 4

A tribo que criou a primeira enciclopédia xamânica do mundo

Nos isolados confins da floresta amazônica, na fronteira entre Brasil e Peru, os índios Matsés passaram os últimos dois anos metidos em um projeto iluminista: escrever uma enciclopédia capaz de salvar uma cultura à beira da extinção. Para prosperar na região, sempre contaram com técnicas particulares de caça, pesca e remédios cultivados ao longo de séculos pelos xamãs. Cada um desses líderes espirituais possui um catálogo mental capaz de transformar a mata em uma farmácia viva. Depois de um dos principais curandeiros da tribo morrer sem passar adiante seu conhecimento, os líderes decidiram iniciar as mais de 500 páginas da Enciclopédia de Medicina Tradicional Matsés. Os verbetes trazem o nome da doença, sintomas e quais tratamentos devem ser usados. “A enciclopédia foi toda escrita pelos próprios índios, usando sua própria língua”, disse o médico Chistopher Herndon, presidente da Acaté, uma ONG norte-americana dedicada a ajudar os Matsés em projetos de desenvolvimento e sustentabilidade. “Nem mesmo as fotos mostram características facilmente identificáveis das plantas”, disse Herndon. O objetivo, segundo o médico, é proteger a cultura da biopirataria.

O roubo do conhecimento indígena por farmacêuticas e universidades estrangeiras tem longo histórico na Amazônia. Na região em que vivem os Matsés, é comum o uso da secreção da rã Kambô em rituais de caça. Aplicada sobre feridas na pele, ela causa enjoos e vômitos, mas os índios dizem que, depois que passa o piriri, ela dá mais vitalidade, coragem e força para o caçador. Recentemente a indústria farmacêutica confirmou que a secreção continha uma poderosa mistura de peptídeos com potentes propriedades antimicrobianas, vasoativas e narcóticas. Um dos genes da rã foi parar em batatas transgênicas, para protegê-las de infecções com fungos. Entretanto, as pesquisas não reconhecem em nada a contribuição indígena.

Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/vice/2015/07/1661433-a-tribo-que-criou-a-primeira-enciclopedia-xamanica-do-mundo.shtml>. Acesso em: 28 jul. 2015. Adaptado.

Revisão da enciclopédia.

Instrução: Levando em consideração a reportagem da Folha de S.Paulo, os conhecimentos acumulados durante sua vida escolar e suas reflexões pessoais, você defenderia que o conhecimento medicinal dos Matsés deva ficar restrito apenas aos membros daquela comunidade, ou ele deveria ser comparti-lhado com sociedades não indígenas? Para decidir com solidez por uma dessas teses e elaborar um esboço de dissertação acerca da polêmica, responda às questões a seguir, que ajudarão a organizar a reflexão sobre o tema.

1 Em sua opinião, por que o conhecimento medicinal dos Matsés deveria ficar apenas com os indígenas da-quela comunidade?

entre outras possibilidades de resposta, destacamos as seguintes:

• trata-se de patrimônio cultural da comunidade matsés, dos atuais membros e de seus antepassados;

• assim como o conhecimento medicinal dos xamãs é para a tribo, a enciclopédia também o deve ser;

• a restrição de uso da enciclopédia é uma maneira de reafirmar e preservar a identidade dos Matsés;

• a transmissão do conhecimento, pela via oral ou impressa, intensifica os laços entre as gerações;

• o conhecimento medicinal é visto pelos indígenas como parte da cultura local, não um bem vendável;

• a comercialização do conhecimento medicinal exporia a comunidade a valores estranhos à sua cultura;

• a difusão do conhecimento dos Matsés poderia aumentar a ameaça de biopirataria.

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2 Para aqueles que veem a polêmica com outros olhos, que razões poderiam justificar o compartilhamento da enciclopédia xamânica com outras sociedades?

entre outras possibilidades de resposta, destacamos as seguintes:

• a informação da existência da enciclopédia atiçaria os interesses da biopirataria;

• o conhecimento médico milenar poderá ser roubado ou contrabandeado da aldeia dos Matsés;

• compartilhar a enciclopédia intensificaria as irreversíveis relações com a sociedade não indígena;

• o lucro resultante das patentes científicas pode ser revertido em benefício da comunidade dos Matsés;

• o conhecimento científico em prol da humanidade se faz com cooperação entre diferentes sociedades;

• a ciência moderna pode aperfeiçoar o conhecimento xamânico ou dele derivar novos;

• inúmeros seres humanos podem se beneficiar dos conhecimentos de um grupo indígena;

• o compartilhamento do conhecimento não vai tirá-lo dos Matsés, que continuarão beneficiários dele.

3 Se o conhecimento medicinal dos Matsés deve permanecer em posse apenas dos indígenas, como garantir sua proteção?

Algumas sugestões:

• controle rigoroso do número de cópias da enciclopédia;

• elaboração, com auxílio da ONG, de sistema de proteção que garanta alguma segurança à obra;

• conscientização das novas gerações acerca da importância da restrição do conhecimento medicinal;

• amparo do Estado, garantindo legalmente a propriedade intelectual da enciclopédia.

4 Se o conhecimento medicinal dos Matsés fosse compartilhado com outras sociedades, de que forma isso poderia acontecer?

Algumas sugestões:

• convencimento da comunidade dos Matsés acerca dos benefícios da divulgação de sua sabedoria;

• benefícios econômicos resultantes da divulgação do conhecimento dos Matsés;

• garantias legais de propriedade intelectual do conhecimento medicinal;

• fiscalização pelo Estado do cumprimento dos acordos necessários ao compartilhamento.

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Leia o Texto teórico das aulas 1 e 2.

Tarefa Mínima Tarefa Complementar

Faça a proposta 1 da Tarefa.

ORIENTAÇÃO DE ESTUDO

ANOTAÇÕES

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AULAS 3 e 4 COMPREENDER A PROPOSTA DE REDAÇÃO

Real Gabinete Portugu•s de Leitura, Rio de Janeiro (RJ).

As modernas provas de redação apresentam uma coletânea de textos que dão suporte ao tema e à reflexão, uma espécie de biblioteca em que se pode (e deve) pesquisar para a construção do texto.

Para a coletânea de textos, são relacionados trechos de diferentes gêneros textuais, com diferentes ângulos do tema posto em discussão e diferentes opiniões. Por isso, um exame de redação se inicia por uma

prova de leitura, por meio da qual se avaliam competências de apreensão e compreensão de significados.

Assunto > tema > tese: de um assunto (publicidade, por exemplo), restringe-se um tema (publicidade infantil no Brasil), que, na maior parte dos exames, vem explícito. É sobre ele que a dissertação definirá uma opinião, um posicionamento, uma tese, que será sustentada pelos argumentos.

Por um lado, a coletânea de textos dá corpo ao tema, apontando-lhe as diferentes correntes de pensamento, os problemas e as possibilidades de intervenção (por isso, apreender os significados dos trechos agrupados na proposta é a primeira tarefa de leitura). Por outro lado, a coletânea deve ser o ponto de partida da reflexão: a partir dela se define a opinião e se constroem argumentos para a dissertação (por isso, compreender os textos da coletânea é fazer comentários, associações com outros textos do repertório pessoal).

É preciso observar com rigor informações sobre limites mínimo e máximo de linhas, sobre título, sobre como aproveitar os textos da coletânea, sobre fatores de anulação do texto.

ExERCíCIOS

o TexTo a seguir foi usado como base para o exame de redação da fundação geTúlio vargas

Insisto em comentar as vantagens e desvantagens do mundo virtual. Não perderei tempo em lembrar as vantagens, elas entram pela cara da gente, tornam-se dia a dia mais indispensáveis e mais fáceis de manuseio. Fico então com as desvantagens, e uma delas remete ao processo de pensar, de refletir.

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Desde que Aristóteles criou o método peripatético, os melhores pensamentos da humanidade vieram quan-do filósofos, inventores, matemáticos, músicos e poetas obedeciam àquele processo de pensar caminhando, ou caminhar pensando. Beethoven passeava na floresta quando voltou correndo, com a Sexta Sinfonia inteira na cabeça. Kant era metódico, todos os dias saía para seu passeio à tarde, os vizinhos podiam acertar o relógio pela hora em que ele percorria o bosque de Königsberg. E foi assim que ele criou seu monumental sistema dedi-cado à razão pura. Strauss compunha valsas passeando pelos bosques de Viena e Anchieta escreveu seu poema nas areias de uma praia.

Ficar “plugado” a uma tomada pode ser prático, mas não é criador... Viver “plugado” a uma corrente de pessoas e informações pode ser divertido e útil. Mas agride o que o ser humano tem de melhor e mais insubstituível: o seu gosto, o seu erro, a sua miséria e a sua glória.

CONY, Carlos Heitor. Folha de S.Paulo, 22 ago. 2000. Adaptado.

1 Em um exame de Redação, apreender o tema posto em debate é a primeira competência ava-liada de um candidato. Dissertações que discutem tema diferente daquele que é proposto pelas ban-cas examinadoras são severamente punidas. Entre as alternativas a seguir, assinale aquela que enun-cie, com mais precisão, o tema implícito no texto de Carlos Heitor Cony, sobre o qual o candidato deveria dissertar.a) Vantagens e desvantagens do mundo virtual.b) A importância da natureza para o ser humano.c) A relação entre mundo virtual, raciocínio e cria-

tividade.d) O empobrecimento das relações humanas cau-

sado pelo mundo virtual.e) Como o mundo virtual pode facilitar o cotidiano

das pessoas.

Instrução: Antes de redigir o texto, é preciso realizar uma leitura criteriosa dos textos que formam a prova. Na proposta de redação a seguir, você deverá exe-cutar os dois níveis de leitura: a apreensão (a captura dos sentidos dos textos e a paráfrase deles) e a com-preensão (a associação do sentido dos textos com o de outros, do seu repertório pessoal).

Bicicletas de bambu são a novidade nas ruas de

São Paulo

O projeto “Escolas de Bicicleta” é destinado a es-tudantes dos CEUs [Centro Educacional Unificado] que tenham entre 12 e 14 anos. O programa visa en-sinar e preparar os jovens a se locomoverem no per-curso casa-CEU-casa sem correr nenhum tipo de risco. Acompanhados por um monitor, os grupos são formados por cerca de 15 alunos. Depois de um mês de aula, eles recebem um certificado que os aprova a fazer o trajeto com os colegas. Além das bicicletas e do certificado, os alunos recebem um kit com capacete,

H-23

iluminação, colete refletivo, bagageiro e alforje (um tipo de sacola), buzina, retrovisor e cadeado. O dinamarquês Mikael Colville-Andersen, especialista em mobilidade urbana, é um dos responsáveis pelo sucesso da pro-posta. Ele criou o conceito em seu país natal e espera inspirar outras cidades do mundo. O desejo do projeto é equipar todos os CEUs da cidade e formar cerca de 4,6 mil novos ciclistas.

Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/folhinha/2012/06/1103253-bicicletas-de-bambu-sao-a-novidade-nas-ruas-de-sao-paulo.shtml>.

Acesso em: 30 jul. 2015.

Elabore um texto dissertativo-argumentativo de, no máximo, 30 linhas, discutindo o tema: Ampliação de vias para bicicletas: prioridade do poder público?

2 Uma leitura mais atenta da coletânea permite identificar ideias interessantes, potencialmente aproveitáveis na argumentação. Capture do tex-to as ideias que julgar importantes e parafraseie cada uma delas.

• O uso de bicicletas como meio de transporte em pequenas

distâncias deve ser incentivado pelo Estado; é o que acontece

com alguns CEUs da prefeitura de São Paulo.

• As crianças precisam ser treinadas por um adulto (da

iniciativa pública ou privada), a partir dos 12 anos, quando

atingem relativa maturidade.

• Depois de treinadas, as crianças ganham a bicicleta de

bambu e um kit com acessórios de segurança (capacete,

buzina, retrovisor, colete) para irem diariamente para a

escola.

• A ideia de treinar crianças não partiu do Estado, mas de

um indivíduo especialista em mobilidade urbana que pretende

estender o projeto a todas as unidades dos ceus e

a outras cidades do mundo.

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3 Considerando que um texto sempre dialoga com outros textos, com outras correntes de pensamento, com outros conhecimentos e informações, é sempre possível fazer comentários, acréscimos. Às ideias apreendi-das, associe outras do seu repertório pessoal.

Alguns exemplos de comentários:

• Segundo o texto, o projeto é destinado a unidades do CEU. Trata-se de um polo especial de educação, com prédios especiais

com complexo de esportes e instalações próprias para atividades culturais. As escolas “comuns“ municipais ficam de fora do

projeto? Uma explicação plausível seria o espaço físico das escolas: reduzido nestas; amplo naquelas.

• O projeto proporciona a socialização de pré-adolescentes e adolescentes: fazem o percurso de casa para a escola (e vice-versa)

juntos, oferecendo apoio uns aos outros em caso de problema com a bicicleta, acidente ou mesmo enfrentando em grupo o

risco de sofrerem com a violência urbana.

• O texto não aborda como é o treinamento, mas, além de ensinar a andar com a bicicleta num centro urbano, equilibrando-se

e carregando materiais escolares, o projeto deve também moldar cidadãos conscientes de seu espaço, das regras de trânsito,

das limitações e possibilidades de mobilidade urbana.

• O texto fala que o treinamento pretende que os alunos se acostumem ao trajeto feito de bicicleta “sem correr nenhum tipo

de risco“. Andar de bicicleta, em grupo, em vias públicas, junto ao trânsito pouco civilizado de uma metrópole como São Paulo,

não parece ser a situação de risco zero. O projeto deve enfrentar resistência de famílias preocupadas com a segurança de

seus filhos, as quais devem preferir os transportes públicos subsidiados pelo Estado.

• O poder público oferece as bicicletas e o kit de segurança, mas em nenhum momento se mencionou a construção de vias

específicas para o trânsito de bicicletas. Se o projeto der certo e todos os estudantes dos CEUs (e, por que não, das demais

escolas) pedalarem diariamente para seus estudos, a malha viária sofrerá e os acidentes tendem a crescer.

• Dar bicicleta de bambu e o kit de segurança deve ser muito mais barato que subsidiar transportes públicos gratuitos aos

estudantes de escolas públicas. O investimento é relativamente pequeno (treinamento, bicicletas e kits), perto da economia

mensal com os passes escolares que não precisariam mais ser usados no futuro.

ANOTAÇÕES

Leia o Texto teórico das aulas 3 e 4.

Tarefa Mínima Tarefa Complementar

Faça a proposta 3 da Tarefa.

ORIENTAÇÃO DE ESTUDO

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AULAS 5 e 6 DESENVOLVER ESTRUTURA DISSERTATIVA

Projetada por Oscar Niemeyer e construída entre 1959 e 1970, a Catedral Metropolitana de Brasília é considerada um dos ícones da arquitetura nacional. Sua beleza deriva fundamentalmente dos vitrais verdes e azuis e das 16 colunas de concreto que formam sua estrutura aparente e simples, leve e arrojada. Num texto dissertativo, a estruturação das ideias tem importância fundamental, como no prédio de Niemeyer: ela contribui para a construção de uma análise clara, organizada e profunda, e ajuda a conduzir o leitor por entre as ideias que serão apresentadas.

Partindo do princípio de que a dissertação se constitui de opinião e argumentos que lhe dão sustentação, três são as partes fundamentais do texto dissertativo: introdução, desenvolvimento e fechamento (ou conclusão).

O texto a seguir exemplifica e analisa cada uma dessas partes estruturantes da dissertação:

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Arnold Hauser, em sua História social da literatura e

da arte, caracteriza a modernidade como período domi-nado pela obsessão da mudança.

Introdução:

contextualiza o tema que será analisado;

explicita a opinião, a ideia central do texto.

Segundo o teórico alemão, o mutável se instaura nas relações humanas, devido à relatividade das modas e dos juízos estéticos, provocado pelo recrudescimento da Revolução Industrial, que imprimiu maior velocidade na produção de objetos de consumo.

Desenvolvimento (argumentação):

apresenta ideias que sustentam a opinião;

contém comentários para interpretar o tema;

cria efeito de verdade, desde que coerente;

constitui-se de raciocínios como causas e efeitos, comparações, números, autorida-des, refutações, etc.

Vivemos, portanto, um tempo marcado pela incons-tância, pela contínua renovação de bens e valores sociais e pelo consumo, o grande catalizador das mudanças.

Álvaro Cardoso Gomes. In: Exame de redação do Mackenzie, 2003. Adaptado.

Fechamento (conclusão):

por meio de síntese da tese e dos argu mentos;

por meio da apresentação de proposta de intervenção no problema analisado.

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ExERCíCIOS

Na proposta a seguir, a Fuvest solicitou aos can-didatos a redação de um texto dissertativo que analisasse o projeto de lei do deputado federal Aldo Rebelo que previa sanções contra o empre-go abusivo de estrangeirismos. Leia abaixo a pro-posta e a reprodução de uma das dissertações consideradas exemplares pela Fuvest. Analise as características de cada uma das partes que a estruturam.

Recentemente, o Deputado Federal Aldo Rebelo (PC do B Ð SP), visando proteger a identidade cultural da língua portuguesa, apresentou um projeto de lei que prevê sanções contra o emprego abusivo de estrangeiris-mos. Mais que isso, declarou o Deputado, interessa-lhe incentivar a criação de um ÒMovimento Nacional de De-fesa da Língua PortuguesaÓ. Leia alguns dos argumentos que ele apresenta para justificar o projeto, bem como os textos subsequentes, relacionados ao mesmo tema.

A Hist—ria nos ensina que uma das formas de do-minação de um povo sobre outro se dá pela imposição da língua. [...]

[...] estamos a assistir a uma verdadeira descarac-terização da Língua Portuguesa, tal a invasão indis-criminada e desnecessária de estrangeirismos Ð como ÒholdingÓ, ÒrecallÓ, ÒfranchiseÓ, Òcoffee-breakÓ, Òself--serviceÓ Ð [...]. E isso vem ocorrendo com voracidade e rapidez tão espantosas que não Ž exagero supor que estamos na iminência de comprometer, quem sabe atŽ truncar, a comunicação oral e escrita com o nosso ho-mem simples do campo, não afeito ̂ s palavras e expres-sões importadas, em geral do inglês norte-americano, que dominam o nosso cotidiano. [...]

Como explicar esse fen™meno indesejável, ameaça-dor de um dos elementos mais vitais do nosso patrim™-nio cultural Ð a língua materna Ð, que vem ocorrendo com intensidade crescente ao longo dos œltimos 10 a 20 anos? [...]

Parece-me que Ž chegado o momento de romper com tamanha complacência cultural, e, assim, cons-cientizar a nação de que Ž preciso agir em prol da lín-gua pátria, mas sem xenofobismo ou intoler‰ncia de nenhuma espŽcie. [...]

Dep. Fed. Aldo Rebelo, 1999.

Na realidade, o problema do emprŽstimo linguís-tico não se resolve com atitudes reacionárias, com es-tabelecer barreiras ou cordões de isolamento ˆ entrada de palavras e expressões de outros idiomas. Resolve-se com o dinamismo cultural, com o gênio inventivo do povo. Povo que não forja cultura dispensa-se de criar palavras com energia irradiadora e tem de conformar--se, queiram ou não queiram os seus gramáticos, ̂ con-dição de mero usuário de criações alheias.

Celso Cunha, 1968.

H-24

Um país como a Alemanha, menos vulnerável ˆ influência da colonização da língua inglesa, discute hoje uma reforma ortográfica para ÒgermanizarÓ expressões estrangeiras, o que já Ž regra na França. O risco de se cair no nacionalismo tosco e na xenofobia Ž evidente.

Não Ž preciso, porŽm, agir como Policarpo Qua-resma, personagem de Lima Barreto, que queria trans-formar o tupi em língua oficial do Brasil para recuperar o instinto de nacionalidade. No Brasil de hoje já seria um avanço se as pessoas passassem a usar, entre outros exemplos, a palavra ÒentregaÓ em vez de ÒdeliveryÓ.

Folha de S.Paulo, 20 out. 1998.

Levando em conta as ideias presentes nos três tex-tos, redija uma dissertação em prosa, expondo o que você pensa sobre essa iniciativa do Deputado e as questões que ela envolve. Apresente argu-mentos que deem sustentação ao ponto de vista que você adotou.

a) Parágrafo de introdução

Pela defesa racional da identidade linguísti-ca brasileira

Praticamente todos os idiomas modernos for-maram-se com a assimilação ocasional de palavras e expressões de outras línguas. Ante o poder de po-vos dominadores, desde os gregos e romanos atŽ os ingleses, não foi possível a quase nenhum idioma evoluir com base apenas nos seus elementos linguís-ticos pr—prios. Há, todavia, uma real necessidade de se minimizar a penetração dos vocábulos estranhos no Português do Brasil, pois a absorção passiva de estrangeirismos pode ser danosa, especialmente quanto ˆs implicações cultural, social e política.

Alguns comentários possíveis:

• contextualização em que conhecimentos como os de

história são direcionados para o tema;

• tese clara, muito bem delimitada no último período

do parágrafo;

• encaminhamento da reflexão, que abordará questões

culturais, sociais e políticas.

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b) Parágrafos de desenvolvimento

Apesar de a língua de um povo ser dinâmica, não é bom ela incorporar com avidez vocábulos de outros idiomas. No nosso caso, corre-se o risco de envenenar a Língua Portuguesa e descaracterizá-la graças à tro-ca de palavras portuguesas por outras do inglês, por exemplo. Com o tempo, pode ocorrer em dicionários a substituição de palavras de beleza intrínseca como “lembrança” por “recall” ou talvez “ricol”.

Se um idioma é tão mais rico quanto mais extensa for a sua utilização de forma integrada por seus falantes, passa a existir a implicação social da adoção de estran-geirismos. Em um país como o nosso, com 20% de anal-fabetismo funcional, é crueldade permitir a utilização de expressões estrangeiras que tornariam mais intensa a segregação social, privilegiando poucas pessoas com capacidade de ler e falar idiomas de outros países.

Embora seja a menos perigosa de fato, a impli-cação política devido ao abuso de estrangeirismos merece atenção. A paranoia por trás das ideias do deputado Aldo Rebelo nos conduz à verdade de que quanto mais familiar a um povo é um idioma estrangeiro, mais fácil é garantir o comércio (nem sempre justo) entre o país de tal povo e o de tal idioma. Talvez não seja dominação, mas exploração político-econômica.

Alguns comentários possíveis:

• o desenvolvimento revela pluralidade de visão de

mundo, ao focalizar do tema variados aspectos, como

os culturais, os político-econômicos e os sociais;

• cada parágrafo de desenvolvimento tem uma

identidade muito bem definida: o autor do texto optou

por delimitar bem cada reflexão, sem chamar a atenção

para inter-relações;

• ficou muito claro que cada um dos raciocínios é um

argumento favorável ao controle dos estrangeirismos

no português do brasil, medida que evitaria as implicações

apresentadas;

• cada um dos três parágrafos se relaciona com o

encaminhamento apresentado ao final da introdução,

garantindo coesão, coerência e progressão entre as partes;

• no parágrafo dedicado à segregação social, os

privilegiados não seriam apenas os que sabem ler e falar

outros idiomas, mas aqueles que apenas conhecem o

significado de termos estrangeiros mais difundidos, sem

conhecimento profundo de outro idioma;

• a terceira reflexão, dedicada ao aspecto político dos

estrangeirismos, abordou também questões econômicas,

o que levou a síntese do último período a fundir essas

duas vertentes, diferentemente do que havia sido

proposto na introdução.

c) Parágrafo de conclusão

O problema aqui discutido consiste na ampla e irrestrita assimilação de expressões estrangeiras – em especial, inglesas – pela Língua Portuguesa aqui falada. Assim, a melhor maneira de resolvê-la é aceitar que ocorra uma pequena absorção de tais ex-pressões pelo Português, ficando esta limitada àque-las palavras ou já consolidadas nos diversos jargões profissionais ou sem equivalentes em nosso idioma. Preservando a identidade do Português, salvaguar-damos parte de nossa própria identidade.

Disponível em: <www.fuvest.br/vest2000/provas/redac.stm>. Acesso em: 29 set. 2015.

Alguns comentários possíveis:

• o parágrafo começa reafirmando o tema discutido e a

tese defendida pelo texto;

• a proposta de intervenção revela maturidade, bom

senso ao propor aceitação de casos;

• a conclusão é encerrada com uma frase que sintetiza

o percurso argumentativo: as questões culturais, sociais

e político-econômicas implicadas no tema interferem na

identidade nacional.

Tarefa Complementar

Tarefa Mínima

ORIENTAÇÃO DE ESTUDO

Leia o Texto teórico das aulas 5 e 6.

Faça a proposta 5 da Tarefa.

ANOTAÇÕES

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KAPA 1 Redação Ð Setor 1509 257

AULAS 7 e 8FORMAR REPERTÓRIO: REFLExÕES SOBRE

O “TEMPO”

ExERCíCIOS

Os três fragmentos a seguir serviram de base para uma proposta de redação do vestibular do Mackenzie-SP. Leia-os para responder ao que se pede.

TexTo 1

Quem menos sente a necessidade do amanhã, mais alegremente se prepara para a alegria do amanhã. Re-cordemos que o futuro não é nem nosso nem de todo não nosso, para não ter que esperá-lo como se estivesse por vir, nem para nos desesperarmos como se ele não viesse de modo algum.

EPICURO. Antologia de textos. São Paulo: Abril Cultural, 1985. p. 58. (Os pensadores)

TexTo 2

Belo belo minha bela

Tenho tudo que não quero

Não tenho nada que quero

Quero quero tanta coisa

Belo belo

Mas basta de lero lero

Vida noves fora zeroBANDEIRA, Manuel. Belo belo. Libertinagem & Estrela da manhã.

Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.

TexTo 3

Eu tenho tanta alegria, adiada, abafada, quem dera [brincar

Tou me guardando pra quando o carnaval chegarBUARQUE, Chico. Quando o carnaval chegar.

Disponível em: <www.chicobuarque.com.br/construcao/mestre.asp?pg=quandooc.htm>. Acesso em: 29 set. 2015.

1 Epicuro (341-270 a.C.) foi um filósofo grego que de-fendia que a vida é a busca do prazer. Suas ideias deram origem a um ramo da filosofia, ao qual se convencionou chamar de epicurismo. Em Roma, pensadores como Tito Lucrécio Caro divulgaram os ideais epicuristas. De acordo com as palavras de Epicuro transcritas anteriormente, explique qual a tese que está sendo defendida pelo filósofo.

Epicuro crê que os que menos esperam o futuro são aqueles

que mais estarão preparados para aproveitar suas delícias.

isso porque, segundo ele, a esperança de um futuro grandioso

quase nunca se realiza, e os homens acabam se frustrando.

Não esperar esse futuro – e, mais do que isso, não sentir

necessidade dele – é uma garantia de que os dias que virão

serão bons. Quanto menos expectativas, melhor.

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2 Segundo o Houaiss, a expressão popular “noves fora“ é a “subtração de nove, ou de múltiplo de nove, do total ou das parcelas de uma operação matemática“. Essa expressão vem da famosa pro-va dos nove, que – segundo o mesmo dicionário – consiste em subtrair “nove ou qualquer múltiplo de nove, devendo o resto do número sobre que se opera ficar igual ao resto do resultado da opera-ção“. Com essas informações, procure interpretar o último verso do texto de Bandeira.

O que o eu lírico do poema de bandeira quer dizer é que,

aplicando a prova dos nove à vida, resta o zero. isso pode

sugerir duas interpretações: em primeiro lugar, pode-se,

numa perspectiva pessimista, imaginar que o resultado

da operação aritmética da vida é zero, é um nada; em

segundo lugar, pode-se pensar que, apesar de todas as

dificuldades, a vida é uma operação exata: no final das

contas, tudo dá certo e não há resto.

3 Na canção de Chico Buarque, o que significa a figura do “carnaval“?

O “carnaval“ representa o tema da “alegria adiada, abafada“.

O eu lírico reconhece que, no presente, ele não está alegre,

mas avisa que está apenas esperando o carnaval chegar.

O “carnaval“ representa, portanto, a esperança de um

futuro alegre.

4 Muitos outros textos da nossa cultura inscrevem-se no mesmo universo discursivo dos três fragmentos em questão. A seguir, transcrevemos alguns exem-plos disso. Cada um desses exemplos aproxima--se, mais decisivamente, da visão de mundo de um dos três excertos, o de Epicuro, o de Bandeira e o de Chico. Pensando nisso, assinale:

a) se o exemplo possuir uma visão de mundo se-melhante ao fragmento de Epicuro;

b) se o exemplo possuir uma visão de mundo se-melhante ao fragmento de Bandeira;

c) se o exemplo possuir uma visão de mundo se-melhante ao fragmento de Chico.

I. ( a ) “Um dia de chuva é tão belo quanto um dia de sol. / Ambos existem; cada um como é.“ (Fernando Pessoa)

II. ( c ) “Quem espera sempre alcança, / Três vezes salve a esperança!“ (Gilberto Gil e Torquato Neto)

III. ( b ) “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.“ (Machado de Assis)

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5 Qual é o tema comum aos três textos selecionados pela banca do Mackenzie?

O tema comum aos três textos é a relação entre passado, presente e futuro e, mais especificamente, o tema são as expectativas

criadas sobre o futuro.

6 Com base em sua resposta anterior, escreva uma dissertação em prosa sobre o tema colocado em debate pelos três textos lidos.

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Leia o Texto teórico das aulas 7 e 8.

Tarefa M’nima Tarefa Complementar

Faça a proposta 7 da Tarefa.

ORIENTA‚ÌO DE ESTUDO

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TEXTO TEóriCO

AULAS 1 e 2

Dominar competências

Conhecer as regras do jogo ajuda a venc•-lo. ƒ assim com a reda•‹o num exame vestibular; Ž assim, por exemplo, em competi•›es de esportes coletivos ou individuais, como a equita•‹o.

Aos olhos leigos de quem aprecia os saltos do ca-valeiro/amazona e seu cavalo sem conhecer a fundo as regras da competi•‹o, o sucesso depende de equil’brio, tempo de percurso e saltos perfeitos, com obst‡culos intactos. Os olhos tŽcnicos dos ju’zes, entretanto, ana-lisam a postura do cavaleiro/amazona, o alinhamen-to de sua roupa, a dist‰ncia do cavalo em rela•‹o ao obst‡culo no momento do salto: ela deve ser de, no m’nimo, 1 metro da barreira. Menor dist‰ncia, menor pontua•‹o.

Escrever, na sociedade contempor‰nea, Ž uma ati-vidade corriqueira. Nunca na hist—ria da humanidade tantas pessoas de diferentes lugares, idades e classes sociais escreveram tanto, gra•as ˆ internet, a compu-tadores, tablets, smartphones: diariamente, s‹o escritos milh›es de e-mails, mensagens via celular, posts em redes sociais ou sites.

Todavia, escrever num exame vestibular Ž uma atividade mais tŽcnica do que a reda•‹o de um co-ment‡rio no site de um jornal, por exemplo. A reda•‹o,

para fins de avalia•‹o, visa ˆ investiga•‹o do dom’nio de certas compet•ncias que precisam ser conhecidas, bem entendidas e treinadas, a fim de aumentarem as chances de sucesso no vestibular.

A maior parte das bancas examinadoras de exames vestibulares prop›e a reda•‹o de uma disserta•‹o, um tipo de texto por meio do qual o autor realiza, basi-camente, duas opera•›es mentais: exp›e sua opini‹o sobre um tema pol•mico ou uma situa•‹o-problema e aciona outras ideias para sustentar essa sua vis‹o de mundo: os argumentos.

N‹o se trata de julgar como correta ou errada esta ou aquela resposta, mas de avaliar se h‡ uma resposta clara, fundamentada em outras boas e coerentes ideias, redigidas com clareza e corre•‹o.

Para propor a escrita de uma disserta•‹o, vestibula-res e Enem selecionam um assunto que, por natureza, Ž bastante amplo (publicidade, por exemplo). Como um assunto comporta inœmeras compartimenta•›es, as ban-cas restringem a an‡lise que dever‡ ser feita a um tema espec’fico, dentre tantos poss’veis: publicidade infantil no Brasil, por exemplo (em vez de publicidade e massi-fica•‹o ou publicidade como alma dos neg—cios, etc.). Em mais um movimento de restri•‹o, o tema Ž proble-matizado pela banca, de maneira expl’cita ou impl’cita, ou pelo autor da disserta•‹o (por exemplo, a publicidade infantil no Brasil deve ser regulamentada pelo Estado?). Esse Ž o contexto a partir do qual ser‡ produzida a dis-

serta•‹o: o autor, ent‹o, define uma posi•‹o (ou opini‹o, ou tese), seleciona argumentos que lhe deem sustenta•‹o e, se a banca so-licitar (caso do Enem) e for coerente com o tema analisado, apresenta uma proposta de interven•‹o no problema analisado.

Com essas caracter’sticas, o exame de reda•‹o permite ˆs bancas avaliarem se o autor do texto desempenha bem algumas compet•ncias consideradas fundamentais na sua rela•‹o com textos escritos. A se-guir, analisamos sete principais compet•n-cias que as bancas costumam analisar nas disserta•›es.

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A avaliação crítica dos juízes na equitação – tal como a da banca em relação à redação – considera competências específicas, que precisam ser conhecidas para serem treinadas.

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Competência I – Adequação ao tema e à proposta de redação: espera-se que a dissertação aborde o tema proposto, respeitando a delimitação estabelecida pela banca. No caso do tema “Publicida-de infantil no Brasil”, a análise não pode ser centrada num caso específico (por exemplo, a publicidade in-fantil realizada nos canais pagos da TV por assinatura no Brasil) nem sobre uma ampliação comprometedora (por exemplo, sobre como é a regulamentação da pu-blicidade infantil no mundo). Também se espera que o texto seja estruturado conforme as instruções que constam da proposta de redação: a maioria dos exa-mes informa que tipo de texto deve ser produzido, o número de linhas mínimo e máximo, se é obrigatório elaborar título, etc.

Competência II – Leitura proveitosa dos textos que compõem a coletânea: a maior parte dos exames organiza coletâneas de textos de diferentes gêneros e opiniões. Esse conjunto de excertos tem a finalidade de construir os limites do tema a ser discu-tido e, acima de tudo, oferecer ao autor da dissertação ponto de partida para construir suas próprias reflexões. Por isso, toda prova de redação começa por uma prova de leitura. É preciso apreender bem, nesses textos, as diferentes visões sobre o tema não só para decidir que opinião norteará a dissertação e que outras visões de-verão ser combatidas, mas também que ideias podem ser aproveitadas na argumentação e que outras podem ser associadas às que compõem o mosaico de reflexões que integram a proposta de redação. São punidas as dissertações que copiam trechos dos textos subsidiá-rios, que apenas os resumem (como uma colcha de retalhos) ou que os ignoram por completo.

Competência III – Posicionamento diante da questão posta em debate: é da natureza do texto dissertativo-argumentativo a hierarquização das ideias que o formam. Ele deve ser escrito para informar a ideia principal do texto, a opinião de seu autor acerca de uma polêmica ou situação-problema: por isso se fala em “defender uma tese”, “tomar partido”, “posicionar-se ante o problema”. Todos os demais raciocínios serão construídos a serviço da tese, ou seja, com a finali-dade de lhe dar sustentação, veracidade. São defeitos fazer um inventário de diferentes opiniões possíveis sem se comprometer com alguma ou não apresentar posicionamento algum, optando equivocadamente pela imparcialidade – o resultado será um texto que mistura diferentes pequenas reflexões sobre o tema.

Competência IV – Argumentação pertinente e bem explicada: numa dissertação, de nada vale uma opinião sincera e clara se ela não for acompa-nhada por outras ideias que lhe atestem validade. Os

argumentos, portanto, são imprescindíveis para susten-tar o posicionamento do autor do texto. A expectativa das bancas examinadoras é que sejam selecionados, ar-ticulados e bem explicados raciocínios coerentes com a tese escolhida. Para isso, informações da atualidade, conhecimentos acumulados durante o Ensino Médio, experiências de vida e ideias da coletânea podem ser convertidos em argumentos que demonstrem a capa-cidade analítico-reflexiva do autor do texto. Não se trata de criatividade, mas de um exercício de razão, conhecimentos e articulação para dar brilho à opinião apresentada na dissertação.

Competência V – Recursos de linguagem adequados à dissertação: muitas vezes alvo prin-cipal da atenção de quem redige, os recursos de lin-guagem constituem um entre outros componentes avaliados por uma banca examinadora. Em nome da precisão na manipulação de noções abstratas, típicas da dissertação, espera-se que o registro linguístico pre-ze pela precisão conceitual das palavras, pelo sentido literal/denotativo, pela observação das regras da norma culta, pela boa conexão entre os enunciados (coesão frasal e textual), pela clareza das construções de frase e pela simplicidade – não se trata de “caprichar” na linguagem para impressionar, usando termos ou cons-truções pouco usuais, artificiais.

Competência VI – Coerência: a finalidade maior de qualquer texto é a produção de sentidos. Tudo o que se fala sobre recursos linguísticos e sobre a estruturação do texto dissertativo tem como objetivo a construção de significados que não se contradizem (coer•ncia interna) e que não contradizem o conhe-cimento de mundo socialmente difundido (coer•ncia

externa). As bancas, portanto, esperam que os textos façam afirmações de sentido íntegro, autônomo, que sejam verossímeis, coerentes e ponderadas – sem ra-dicalismos ou atentados à ética, aos direitos humanos, aos valores socialmente protegidos.

Competência VII – Análise crítica da reali-dade: além de uma prova de leitura e de escrita, o exa-me de redação avalia a competência de interpretação do candidato, ou seja, que tipo de análise da realidade ele sustenta sobre o tema posto em discussão e que ele não sabia previamente qual seria. Espera-se que os tex-tos se afastem de análises baseadas apenas em clichês, no senso comum e em impressões pouco refletidas. Também não se esperam textos com análise inéditas, “originais”. O texto acima da média, em linhas gerais, é aquele que, aproveitando elementos da coletânea, faz uma leitura autoral do tema, incorporando à reflexão conhecimentos que acumulou e que julga pertinentes para uma análise consistente.

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AULAS 3 e 4

a proposta De reDação

Imagine que, em viagem, voc• passe por uma cidade desconhecida e, perguntando a um pedes-tre onde haveria um posto de combust’veis, ouça a seguinte resposta: ÒO posto do centro Ž o pior da ci-dade: s— tem um funcion‡rio para abastecer, e a ga-solina Ž a mais cara daqui!Ó. Ou: ÒEsta Ž uma cidade pequena, com pouca gente, pouco comŽrcio, pouco carro. A maior parte do pessoal aqui se locomove usando bicicleta mesmo!Ó. Respostas assim não se-riam œteis para encontrar o posto de combust’veis e dariam mostras de que o informante ou não sabe o caminho para l‡, ou não entendeu bem a pergunta, ou a ignorou conscientemente para falar daquilo que queria. Se a pergunta sobre a localização do posto fosse um tema de redação, o pedestre teria se sa’do mal, porque fugiu ao tema ao falar do assunto Òposto de gasolinaÓ (ou de um assunto colateral, o meio de transporte mais usado na cidade), não do tema – sua localização.

Ao definir um assunto, uma proposta de redação direciona o olhar para apenas um foco, que pode ser atual/momentoso (reaproximação EUA e Cuba, por exemplo), atemporal/metaf’sico (amizade) ou social (redução da maioridade penal). Viol•ncia, publicidade, idosos, Amaz™nia, leitura, consumo, Žtica: a eleição de um assunto, alŽm de definir para o autor do texto gran-des limites para a sua an‡lise, tambŽm ajuda o cŽrebro a encontrar e organizar informaç›es compat’veis com os limites estabelecidos pelo assunto.

Um assunto como ÒamizadesÓ desencadeia uma onda de lembranças mentais que são reavivadas e amalgamadas para produzirem uma reflexão sobre o assunto: amigos que se foram, que se mant•m, amiza-des que mudaram, graus de amizade, o tempo neces-s‡rio ˆ manutenção das amizades, amizade e cumpli-cidade... Um assunto comporta um enorme nœmero de feixes de ideias diferentes, complementares ou mesmo antag™nicas.

Embora a eleição de um assunto defina limites para a dissertação, eles são ainda muito amplos e, portanto, pouco eficientes. Muitos alunos se sentem ÒperdidosÓ quando focalizam o assunto de uma pro-va de redação, porque são muitas as possibilidades de restrição, variados os encaminhamentos poss’veis. Dentre tantas possibilidades, a maioria das provas de redação elege um campo de an‡lise mais espec’fico que aquele emoldurado pelo assunto, mas ainda bas-tante amplo: por exemplo, a amizade Ž um fator de

felicidade? Embora mais espec’fico que o assunto, esse tema permite uma concentração mais refinada de ideias necess‡rias ˆ reflexão.

O tema, portanto, direciona a an‡lise para um ponto mais espec’fico, e adequar as ideias a esses muros mais restritivos Ž uma das compet•ncias mais importantes avaliadas pelas bancas. Prova disso Ž que um texto bem escrito, com tese clara e bons argumentos sobre um tema diferente do que foi estabelecido pela banca Ž cau-sa de nota zero em redação. A maior parte dos exames de redação explicita o tema numa frase destacada, a fim de esclarecer quais são os limites da an‡lise.

Em exames da Fuvest e da Vunesp, por exemplo, o tema vem explicitado numa frase, ao final dos textos que comp›em a colet‰nea da proposta. Assim, ap—s os textos da colet‰nea, a prova da Fuvest prop›e o tema da redação:

Os tr•s primeiros textos aqui reproduzidos refe-rem-se ˆ ÒcamarotizaçãoÓda sociedade – nome dado ˆ tend•ncia a manter segregados os diferentes estratos sociais. Em contraponto, encontra-se tambŽm reprodu-zido um testemunho, no qual se recupera a experi•ncia de um per’odo em que, no Brasil, a tend•ncia era outra.

Tendo em conta as sugest›es desses textos, alŽm de outras informç›es que julgue relevantes, redija uma dissertação em prosa, na qual voc• exponha seu ponto de vista sobre o tema ÒCamarotiza•‹oÓ da sociedade brasileira: a segrega•‹o das classes sociais e a democracia.

No Enem, o tema vem numa frase destacada no par‡grafo que antecede os textos de apoio. Exemplo:

Com base na leitura dos seguintes textos motiva-dores e nos conhecimentos constru’dos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma culta escrita da l’ngua portuguesa sobre o tema Valoriza•‹o do idoso, apresentando experi•ncia ou proposta de ação social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coe-sa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Temas de reda•‹o do Enem

2014 Publicidade infantil em questão no Brasil2013 Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil2012 O movimento imigrat—rio para o Brasil no sŽ-

culo XXI2011 Viver em rede no sŽculo XXI: os limites entre

o pœblico e o privado2010 O trabalho na construção da dignidade humana20091 O indiv’duo frente ˆ Žtica nacional20092 Valorização do idoso

1 Segunda versão do exame. 2 Exame cancelado.

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A frase que resume o tema costuma vir acom-panhada de uma coletânea de textos que, funda-mentalmente, servem para delimitar melhor o tema e servir de base para a construção de argumentos.

Um dos maiores equívocos numa prova de redação é acreditar que, delimitado o tema numa frase-síntese, são desnecessários os textos da coletânea organizada pela banca. Costumam ser relacionados excertos de diferentes gêneros textuais (charges, entrevistas, notí-cias, artigos de opinião, etc.) e de diferentes opiniões acerca do tema apresentado. Levar em consideração as reflexões propostas por estes textos permite refinar o tema e definir com precisão os limites da análise a ser feita. Além de contribuir para a delimitação do tema, uma segunda função da coletânea de textos é servir de base para a argumentação da dissertação. Por um lado, ao apreender (capturar) o sentido de dados estatísticos, argumentos de autoridade ou opiniões e reflexões apresentadas na coletânea, a banca exami-nadora oferece recursos argumentativos que podem (e devem) ser utilizados na dissertação.

Não se espera que a argumentação seja toda fundamentada na paráfrase das ideias presentes na coletânea, mas que algumas delas sejam mescladas a outras, do repertório pessoal de quem escreve. É bom ressaltar que muitas propostas de redação propõem que o tema seja discutido tomando como ponto de partida os textos que compõem a prova de redação (e,

em alguns casos, até mesmo os do exame de língua portuguesa).

Todo texto dialoga com outros textos, com conhe-cimentos circulantes em sociedade, com a cultura compendiada e socialmente valorizada. É natural, assim, que a dissertação dialogue com as reflexões dos textos que compõem a coletânea, ampliando-as, modificando-as, contrapondo-se a elas, emprestando delas a autoridade, a objetividade ou a pertinência de análise. Não se trata de cópia, mas de incorporação dessas ideias ao discurso desenvolvido na dissertação.

Partindo do pressuposto de que pensar é associar, uma terceira valiosa utilidade dos textos da prova de redação é servir de ponto de partida para a elaboração de novas ideias. A maioria das bancas examinadoras organiza coletâneas para serem compreendidas como provocações do pensamento: com base num dado es-tatístico, por exemplo, é possível deduzir causas para um fato social; a partir da análise feita por um es-pecialista, pode-se elaborar proposta de intervenção num problema; depois da leitura de uma entrevista que consta da coletânea, é possível perceber ser mais defensável a opinião X que a Y.

Em outros termos, todos os trechos apresentados pela banca funcionam como propulsores de reflexões; devem ser o ponto de partida para a construção da dis-sertação, seja pelo aproveitamento de algumas ideias parafraseadas e associadas a outras, seja pelo desen-cadeamento de novas ideias.

ANOTA‚ÍES

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a clarear a própria reflexão em meio a sua produção, a organizar o olhar do leitor (o examinador da banca de correção), que precisa entender os pensamentos de alguém que não estará presente para explicar melhor.

Conforme visto nas aulas anteriores, a dissertação é um tipo de texto em que, ante uma polêmica ou situação-problema, apresenta-se uma opinião, que será amparada por argumentos convincentes e, caso o tema permita e/ou a banca exija (caso do Enem), propõe--se alguma medida que intervenha na questão posta sob análise. Caracterizada assim, pode-se concluir que uma dissertação se constitui de três partes fundamen-tais: introdu•‹o, desenvolvimento e conclus‹o.

Embora pareça lógico e simples encadear as três partes num texto, há diversas formas de organizar e concretizar cada uma delas, umas mais simples, outras mais complexas; umas mais eficientes, outras, proble-máticas; umas mais frequentes em vestibulares, ou-tras que demandam maior intimidade com a escrita. Qualquer que seja a estruturação do texto dissertativo, ela cumpre um papel vital para a exposição clara das

Num programa de auditório ao vivo, convidados entram e saem, notícias de última hora entrecortam as atrações, o auditório se manifesta, o apresentador im-provisa, comerciais e “surpresas” conferem andamento ao show. Seria impensável a produção de um programa assim sem uma estrutura, tanto de pessoal de apoio, como de conteúdo: a escalação dos convidados, os as-suntos que serão abordados, a melhor sequência para apresentá-los, que empresas anunciarão no primeiro e no último bloco do show, quais são as perguntas que serão feitas aos convidados, que músicas serão toca-das... É a estrutura que ajudará a selecionar e organizar a vasta quantidade de conteúdos possíveis. Para o pú-blico, em casa, a estrutura também ajuda a entender a lógica do programa: sem um formato padrão, a atração seria um verdadeiro caos, e os índices de audiência fatalmente cairiam.

Num texto dissertativo, uma estrutura de compo-sição pode ajudar muito a organizar o pensamento com clareza numa atividade feita com tempo definido e sob pressão, a lidar com muita informação e argumentos,

Programas ao vivo: aparência de improviso, mas estrutura prévia pensada e seguida.

AULAS 5 e 6

estrUtUra DissertatiVa

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ideias: a organização. Para cumprir essa finalidade, a estruturação textual mais convencional e funcional é aquela que se dá da seguinte forma:

INTRODU‚ÌO: esta seção é dedicada, basica-mente, a apresentar a questão posta em discussão pela banca (o tema) e a posição assumida pelo autor do texto frente a ela (a tese).

Obs. 1: tradicionalmente, a introdução ocupa o primeiro parágrafo do texto, mas nada impede que ela avance até meados do segundo.

Obs. 2: em outras formas de organização da dis-sertação, a opinião é resultado de todas as refle-xões desenvolvidas e aparece, portanto, ao final do texto. Na estrutura padrão, ela é apresentada na parte inicial do texto, funcionando como um importante guia de leitura: é ela a ideia principal que guiará a análise das demais subsequentes.

Obs. 3: um arranjo bastante eficiente é aquele em que, ao final do parágrafo introdutório, enumeram--se os caminhos argumentativos que comporão o desenvolvimento. Essa estratégia, além de guia de leitura, ajuda a amarrar as partes do texto, estabe-lecendo coesão textual entre vários parágrafos.

Obs. 4: não se deve confundir tomar partido numa questão, explicitar uma opinião, assu-mir um lado na polêmica, com radicalismos ou postura intolerante. Com medo de parecer extremista, há quem escreva dissertações “em cima do muro”, ou seja, sem tomar partido, ex-plicando apenas cada um dos lados envolvidos na discussão. Uma competência avaliada pelas bancas é exatamente a de opinar, escolher um lado, inclinar-se por uma visão de mundo e defendê-la.

DESENVOLVIMENTO: nesta parte da disser-tação clássica, são apresentados os argumentos que darão sustentação à opinião expressa na introdução. Dados numéricos, comparações, pensamento de auto-ridades no assunto posto em discussão, exemplos, atua-lidades, causas, efeitos, informações das disciplinas escolares: existem diferentes recursos argumentativos que podem ser ajustados ao tema e à tese para produzir efeito de verdade, provando que a tese é coerente.

Obs. 1: por ser o coração de um texto dissertativo, o desenvolvimento precisa ser a parte da estrutura padrão mais densa: ele deve ocupar o maior espa-ço do texto. É claro que, por exemplo, se a contex-tualização da introdução for mais detalhada, ou se a proposta de intervenção final exigir mais fôlego, para ser mais bem explicada, ocorrerão alterações no tamanho das partes do texto.

Obs. 2: embora seja a parte da dissertação em que se encontram preferencialmente os argumentos, é verdade que eles também aparecem, e com bas-tante frequência, na introdução e no parágrafo de fechamento, no qual se apresentam propostas de intervenção. Até mesmo o título pode ser um argu-mento em favor da opinião defendida no texto. Ao contextualizar a questão posta em debate, o autor pode carregar nas tintas e produzir um cenário positivo ou negativo, adequado à sua opinião. Ao propor intervenções, elas podem ser acompanha-das de razões que lhe darão mais consistência. Em ambos os casos, teremos eficientes argumentos, mesmo que “fora” da parte do desenvolvimento.

Obs. 3: numa dissertação escolar, produzida em um exame vestibular, por exemplo, os argumentos organizados no desenvolvimento não têm a finali-dade de “convencer o leitor”, no sentido de fazê-lo adotar para si uma visão/opinião que antes não tinha. Os argumentos, nesse tipo de texto, nes-sa situação concreta de comunicação, devem ser bons o suficiente para convencer o leitor (exami-nador da banca corretora) de que o autor daquele texto tem uma opinião com fundamentos sólidos. Um bom desenvolvimento revela que o autor tem razões claras para defender aquela opinião, pois ela dá mostras de que ele é convicto.

Obs. 4: essa parte também costuma ser cha-mada de argumentação, a qual não se restringe apenas ao desenvolvimento – introdução e con-clusão também têm aspecto argumentativo, já que se direcionam para a persuasão. Chama-se desenvolvimento porque é aqui que são deta-lhadas as ideias que sustentam a opinião, onde são feitos comentários com mais profundidade para convencer o leitor de que a tese adotada no texto realmente merece crédito.

CONCLUSÌO: depois de desenvolvidos os argu-mentos que dão sustentação ao posicionamento do au-tor do texto, é preciso encerrar a discussão – e o último parágrafo fica a cargo de dar o tom de encerramento ao texto. Fundamentalmente, o fim do texto pode conter uma síntese do percurso argumentativo (reafirmam--se a opinião e as principais ideias que a sustentaram) ou, quando for coerente com o tema, uma proposta de intervenção para o problema posto em discussão (o que, no Enem, é uma exigência).

Obs. 1: novos argumentos não devem ser de-senvolvidas no último parágrafo, a fim de não descaracterizá-lo como lugar de encerramento da reflexão.

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Obs. 2: no caso de conclus‹o em que se ofere•a(m) ao problema analisado proposta(s) de interven•‹o, Ž natural que este œltimo par‡grafo fique um pouco maior que aquele que opta pela s’ntese. A necessidade de detalhamento das propostas exigir‡ mais linhas do œltimo par‡grafo.

Obs. 3: Ž poss’vel combinar as duas maneiras de encerrar a disserta•‹o: a proposta de interven•‹o n‹o precisa estampar necessariamente o œltimo par‡grafo, mas pode anteceder o de fechamento, que Ž indicado com uma s’ntese do percurso argumentativo constru’do no texto.

A reda•‹o transcrita a seguir Ž um texto eficiente estruturado conforme a estrutura padr‹o da disserta•‹o Ð tanto que, por causa disso tambŽm, obteve nota 1 000 no Enem. O tema sobre o qual o texto disserta Ž Viver em rede no sŽculo XXI: os limites entre o pœblico e o privado. Observe como cada parte foi estruturada e os coment‡rios relacionados a esse modo de organizar o texto.

Estruturação Dissertação Comentários

Introdução

A crescente populariza•‹o do uso da internet em grande parte do globo terrestre Ž uma das principais caracter’sticas do sŽculo XXI. Tal populariza•‹o apre-senta grande relev‰ncia e gera impactos sociais, pol’ti-cos e econ™micos na sociedade atual.

Introdu•‹o: o par‡grafo tem a inten•‹o de contextualizar o centro da discuss‹o Ð os limites entre o pœblico e o privado no universo virtual. Para isso, come•a falando da populariza•‹o da internet.

Desenvolvimento

Um importante questionamento em rela•‹o a esse expressivo uso da internet Ž o fato de existir uma linha t•nue entre o pœblico e privado nas redes sociais. Estas constantemente s‹o utilizadas para propagar ideias, di-vulgar o talento de pessoas atŽ ent‹o an™nimas, manter e criar v’nculos afetivos, mas, em contrapartida tam-bŽm podem expor indiv’duos mais do que o necess‡rio, em alguns casos agredindo a sua privacidade.

Recentemente, ocorreram dois fatos que exempli-ficam ambas as situa•›es. A ÒPrimavera çrabeÓ, nome dado a uma sŽrie de revolu•›es ocorridas em pa’ses ‡rabes, teve as redes sociais como importante meio de dissemina•‹o de ideias revolucion‡rias e conscien-tiza•‹o desses povos dos problemas pol’ticos, sociais e econ™micos que assolam esses pa’ses. Neste caso, a internet agiu e continua agindo de forma benŽfica, derrubando governos autorit‡rios e pressionando me-lhorias sociais.

Em outro caso, bastante divulgado tambŽm na m’dia, a internet serviu como instrumento de viola•‹o da privacidade. Fotos ’ntimas da atriz hollywoodiana Scarlett Johansson foram acessadas por um hacker

atravŽs de seu celular e divulgadas pela internet para o mundo inteiro, causando um enorme constrangimento para a atriz.

Desenvolvimento: no segundo par‡gra-fo, o texto exp›e o problema sobre os usos que exploram a linha t•nue entre pœblico e privado na internet e contextualiza, ainda de forma genŽrica, os bons e os maus usos, ligados ˆs esferas pœblica e privada.

Desenvolvimento: no terceiro par‡grafo, s‹o muito bem costuradas informa•›es sobre a Primavera çrabe, as redes sociais e seu car‡ter agregador e pœblico, consti-tuindo um primeiro coment‡rio bastante consistente sobre o tema.

Desenvolvimento: no quarto par‡grafo, outro caso da atualidade Ž comentado ˆ luz das no•›es de redes sociais e das esfe-ras privada e pœblica. O argumento Ž uma amplia•‹o do que se afirmou no segundo par‡grafo, quando se anunciou an‡lise so-bre agress‹o ˆ privacidade.

Conclusão

Analisando situa•›es semelhantes ˆs citadas an-teriormente, conclui-se que Ž necess‡rio que haja uma conscientiza•‹o por parte dos internautas de que aquilo que for uma utilidade pœblica ou algo que n‹o agrida ou exponha um indiv’duo pode e deve ser divulgado. J‡ o que for privado e extremamente pessoal deve ser preservado e distanciado do mundo virtual, que com-partilha informa•›es para um grande nœmero de pes-soas em um curto intervalo de tempo. Dessa forma, situa•›es realmente desagrad‡veis no incr’vel universo da internet ser‹o evitadas.

Reda•‹o sem t’tulo de autoria de Alline Rodrigues da Silva (Uberaba-MG). Dispon’vel em: <veja.abril.com.br/noticia/

educacao/redacao-do-enem-parte-5-textos-nota-1-000-comentados>. Acesso em: 30 set. 2015.

Conclus‹o: ao mesmo tempo que retoma as reflex›es sobre pœblico e privado, o pa-r‡grafo incita ao respeito ˆ privacidade e ˆ participa•‹o em quest›es sociais como direitos dos usu‡rios das redes sociais. N‹o se trata de uma proposta de interven•‹o concreta, pontual e inovadora, mas Ž coe-rente com o percurso argumentativo tra-•ado desde o primeiro par‡grafo do texto.

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AULAS 7 e 8

reFLeXÕes soBre o tempo

Leia o texto a seguir para complementar as refle-xões propostas sobre o tempo.

Uma história cultural do tempo

Em 1988, Stephen Hawking publicou sua hoje famosa Uma breve hist—ria do tempo (editada no Brasil pela Rocco), do ponto de vista de um físico teórico ou cosmólogo. No entanto, essa não é a única história do tempo possível. Uma alternativa é escrever a história do tempo do ponto de vista de um historiador cultural ou social, examinando os sistemas de tempo de acordo com nossas construções sociais ou culturais. À primei-ra vista, essa visão cultural do tempo pode parecer es-tranha, pois é difícil pensar nossa própria experiência de tempo ou percepção do tempo como algo que não seja natural, mas uma abordagem comparativa logo es-tabelece a variedade dessas experiências e percepções. A percepção do tempo de uma criança, por exemplo, é muito diferente da de um adulto. Lembro-me de minha mãe parando na rua para conversar com amigas durante o que para mim, com 4 anos, pareciam horas, enquanto pelo tempo do relógio a conversa provavel-mente durava apenas 5 minutos. Também há diferen-ças nas noções de pontualidade em diferentes partes do mundo. Como inglês, eu tive de aprender a não me surpreender com que uma conferência na Itália, digamos, ou no Brasil comece pelo menos meia hora depois da hora impressa no programa, em vez de 5 minutos depois, o que me parece normal e “natural”. O choque cultural é pelo menos tão grande no senti-do inverso, como os ingleses percebem ao visitar uma cultura ainda mais rigidamente pontual, como a da Alemanha! Como Gilberto Freyre gostava de dizer, o mundo anglo-saxão era governado pelo “tempo mecâ-nico”, ao passo que os ibéricos viviam de acordo com o “tempo telúrico”.

três grandes pontos

Como se escreve uma história cultural do tempo? Há pelo menos três grandes pontos a abordar, assim como inúmeros outros menores. Um desses pontos se refere à cronologia, o segundo, à geografia, e o tercei-ro, à sociologia. O primeiro ponto é sobre uma grande tendência na história humana, a mudança de um tipo de experiência do tempo que pode ser descrita, para resumir e simplificar, como “ecológica”, para outra que podemos chamar de “mecânica”. A experiência tradicio-nal do tempo depende intimamente do ambiente local, não apenas no sentido de que um “dia” pode se expandir no verão e se contrair no inverno, mas também porque o tempo é muitas vezes reconhecido em termos das tarefas necessárias para a sobrevivência.

O antropólogo britânico Edward Evans-Pritchard, es-tudando o povo nuer do Sudão, escreveu sobre seu “relógio do gado”. Para os nueres, cujas vidas giravam em torno dos animais de que dependia sua sobrevivência, o ciclo de tarefas pastorais era central para a percepção do tempo, em nível de hora, dia, mês ou ano. Esse “tempo orientado por tarefas” já foi universal. No entanto a invenção e a gradual disseminação dos relógios mecânicos permitiram que o tempo fosse dividido em partes iguais, enquanto a iluminação artificial das ruas e casas, primeiro a gás e depois a eletricidade, libertou as atividades humanas da dependência do Sol e da Lua, ou pelo menos substituiu as restrições naturais pelas culturais.

O segundo grande ponto a tratar é a geografia do tem-po. Culturas diferentes têm maneiras muito diferentes de dividir e descrever o tempo. A ideia de que uma hora se divide em 60 minutos e 1 minuto em 60 segundos é genera-lizada hoje, mas 7 000 anos atrás ela se limitava a um único povo do Oriente Médio, os sumérios. A semana de sete dias se disseminou a partir do antigo Israel ou possivelmente da Babilônia. Na década de 1930, Evans-Pritchard encontrou os nueres se levantando ao nascer do Sol e usando o “reló-gio do gado”, enquanto ele vinha de um país habituado aos relógios de pulso e à luz elétrica. No século XVI, quando os europeus estavam invadindo e explorando tantas outras partes do mundo, descobriram diversas “culturas do tempo” diferentes, como poderíamos chamar: chinesa, japonesa, asteca, maia e assim por diante. No Japão, por exemplo, as horas eram mais longas no verão do que no inverno, uma semana tinha dez dias e os anos eram descritos em termos de animais, como o macaco ou o cavalo. Os visitantes não devem ter ficado surpresos com essas descobertas, já que na Europa os católicos, cristãos ortodoxos, judeus e muçul-manos usavam calendários diferentes.

Ao longo dos últimos cinco séculos, porém, houve uma tendência para o estabelecimento de um sistema de tempo global, pelo menos em nível oficial. Em um país após o outro, os europeus incentivaram, quando não obrigaram, os habitantes locais a pensar em termos do tempo do relógio ocidental, considerado bom para a disciplina do trabalho, e na divisão dos “séculos” em antes ou depois de Cristo.

A hora de Greenwich, adotada na Grã-Bretanha em 1848, chegou aos Estados Unidos em 1873, ao Japão em 1888 e ao Brasil em 1914. Esse breve relato da divulga-ção do tempo ocidental e dos relógios ocidentais para o resto do mundo vem tratando a “cultura do tempo” europeia como se fosse homogênea.

Se examinarmos um pouco melhor a Europa, po-rém, logo descobriremos que não era o caso. Um dos pioneiros nesse campo, o historiador francês Jacques le Goff, escreveu sobre um conflito entre duas culturas do tempo na Europa medieval: “O tempo da igreja” e o “tempo dos mercadores”. A igreja enfatizava o tempo sagrado e o ano litúrgico, enquanto os mercadores viam o tempo de maneira mais secular. Eles gostavam de dizer que “tempo é dinheiro”, que o tempo pode ser calculado, usado sabiamente ou desperdiçado.

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outros tempos

Esse contraste entre dois tipos de tempo é esclare-cedor, mas certamente é necessário pensar em termos de ainda mais variedades, incluindo o “tempo campo-nês”, o tempo do ano agrícola.

Também existe o “tempo industrial”, não apenas a extensão do tempo do mercador às fábricas, primei-ramente na Inglaterra e depois em todo o mundo, mas também a padronização do tempo seguindo o surgimen-to de novas formas de transporte. O estabelecimento de uma rede de carruagens públicas na Europa do século XVIII dependia de um “horário”, um sistema de orga-nização que mais tarde se estendeu às viagens de trem e avião. Hoje, nosso “tempo livre”, “feriados” e lazer, assim como nossas horas de trabalho, são governados pelo relógio e pelo horário.

Em suma, a comparação de Freyre entre o “tempo telúrico” e o “tempo mecânico” deve ser situada num quadro maior de contrastes e convergências. Do ponto de vista das estrelas ou mesmo dos cosmólogos, essas diferenças e mudanças de atitude em relação ao tempo podem parecer extremamente recentes e até relativa-mente sem importância. Do mesmo modo, do ponto de vista dos seres humanos comuns, elas são profundas.

Peter Burke é historiador inglês, autor de Hist—ria e Teoria Social (Ed. Unesp) e O Renascimento italiano (ed. Nova Alexandria). Escreve regularmente na seção “Autores”, do “Mais!”. Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves.

Folha de S.Paulo, 13 out. 2002, Caderno “Mais!”.

ANOTA‚ÍES

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proposta 1

(UFPR) Leia as notícias abaixo:

Notícia 1

Escola secund‡ria nos EUA vai ter biblioteca digital

A Cushing Academy, uma escola secund‡ria privada do Massachusetts, EUA, decidiu que os livros são uma tecnologia ultrapassada e vai troc‡-los por vers›es digitais.

O novo centro de aprendizagem de 500 mil d—lares ir‡ oferecer dezoito leitores de e-book Amazon Kindle e Sony, televisores planos, uma cafeteria e cub’culos de estudo onde os alunos poderão usar os computadores port‡teis.

James Tracy, diretor da escola, disse: ÒQuando olho para os livros, vejo uma tecnologia ultrapassada, tal como os pergaminhos foram ultrapassados pelos livrosÓ. Tracy acrescentou que Ònão se trata de recriar o Fahrenheit 451. Não estamos desencorajando os alunos de ler. Vemos isto como uma forma natural de lidar com tend•ncias emergentes e otimizar a tecnologiaÓ.

O diretor espera que os 20 mil livros da biblioteca transitem para uma versão virtual, juntando-se a um cat‡logo muito maior a que os alunos terão acesso. Devido ˆs limitaç›es de espaço, a escola est‡ doando os antigos livros a escolas locais e bibliotecas.

Revista Exame Informática (Portugal), 7 set. 2009. Adaptado de: <http://aeiou.exameinformatica.pt/escola-secundaria-nos-eua-vai-ter-biblioteca-digital=f1003327>. Acesso em: 21 set. 2010.

Fahrenheit 451: romance de ficção cient’fica (de Ray Bradbury, 1953), que cria um futuro no qual todos os livros são proibidos.

Notícia 2

Lei exige que escola tenha biblioteca

O presidente Luiz In‡cio Lula da Silva sancionou uma lei que determina a instalação de bibliotecas em todas as instituiç›es de ensino do Pa’s em um prazo de dez anos. Atualmente, quase 100 mil colŽgios de ensino fundamental público e particular não contam com esses espaços.

Segundo o texto, publicado nesta terça-feira no Diário Oficial da União, cada biblioteca deve ter, no m’nimo, um t’tulo para cada aluno matriculado.

Segundo o Censo Escolar de 2009, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, s— 34,8% das escolas de ensino fundamental do Pa’s tinham bibliotecas atŽ o ano passado. Eram 99 896 colŽgios sem coleç›es dispon’veis para consulta dos alunos.

Estadão.com, 26 maio 2010. Dispon’vel em: <www.estadao.com.br/noticias/vidae,lei-exige-que-escola-tenha-biblioteca,556959,0.htm>.

Acesso em: 10 jul. 2015.

A polêmica decisão da escola americana foi comentada pelos jornais e revistas do mundo todo. Qual é seu ponto de vista sobre a decisão da Cushing Academy? Escreva um texto posicionando-se frente ao fato noticiado. Seu texto deve:

apresentar sua opinião e os argumentos que a sustentam;

relacionar o fato com a situação das escolas brasileiras, a partir da notícia publicada no Estadão.com;

ter de 10 a 12 linhas.

proposta 2

(Vunesp) Leia os trechos dos textos que se referem ao futuro do livro:

TexTo i

A possibilidade do fim do livro Ž traum‡tica porque o livro não pode jamais ser visto apenas como material inerte ou simples objeto de consumo. ƒ antes um objeto simb—lico e uma instituição aos quais a cultura p—s-Gutemberg confiou a tarefa de armazenar e fazer circular praticamente todo o conhecimento considerado relevante.

Enquanto institui•‹o, o livro representa uma forma de socialização que compreende todo um circuito de produ-ção e consumo: autores, editores, leitores, cr’ticos, comunidades interpretativas institucionalizadas. Como qualquer

TAREFA

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forma de socialização, a instituição do livro cria um espaço público, estabelece hierarquias e constitui identidades nos grupos e nos indivíduos que dela participam.

BELLEI, Sérgio Luiz Prado. O fim do livro e o livro sem fim. Universidade Federal de Santa Catarina. Disponível em: <http://lfilipe.tripod.com.bellei.html>.

TexTo ii

Com relação ao desaparecimento do livro, os dois [Umberto Eco e Jean-Claude Carrière] observam com razão que as tecnologias digitais ficam obsoletas muito mais rapidamente que o livro impresso. Carrière vai buscar em sua biblioteca um pequeno incunábulo em latim, impresso em Paris em 1498; com exceção de umas poucas palavras obscuras, é perfeitamente legível como linguagem e como tecnologia, cinco séculos depois. E ele cita o caso de um cineasta belga, seu amigo, que tem no porão de casa 18 computadores diferentes, para poder consultar trabalhos antigos, criados em programas de PC que não são mais usados hoje.

Os dois comentam que a possibilidade atual de armazenar quantidades imensas de dados não significa que tudo isto continuará armazenado (e acessível) indefinidamente, e observam que mesmo uma biblioteca gigantesca não passa de uma mera seleção, um filtro de escolha, de prioridades, aplicado a uma cultura. “O que devemos preservar?” – eis a questão, porque é impossível preservar tudo, tanto quanto é impossível consultar tudo quanto foi preservado (e que é necessariamente uma pequena parte desse todo).

TAVARES, Braulio. Não contem com o fim do livro. Disponível em: <http://jornaldaparaiba.globo.com/>.

TexTo iii

Ou seja, apesar de sua imagem idealizada – às vezes, sacralizada – de fonte de lazer, informação, conhecimento, fruição intelectual, o livro, enquanto objeto, é apenas “o suporte da leitura”, o meio pelo qual o escritor chega ao leitor. E assim permanecerá até que “alguma coisa similar” o substitua. Saber quanto tempo essa transição levará para se consumar é mero e certamente inútil exercício de futurologia. Até porque provavelmente não ocorrerá exatamente uma transição, mas apenas a acomodação de uma nova mídia no amplo universo da comunicação. Tem sido assim ao longo da História.

Tranquilizem-se, portanto, os amantes do livro impresso. Tal como “a colher, o martelo, a roda ou a tesoura”, ele veio para ficar, pelo menos até onde a vista alcança. E não se desesperem os novidadeiros amantes de gadgets.

Estes continuarão sendo inventados e aprimorados por força da voracidade do business globalizado. E é possível até mesmo que algum deles venha a se tornar definitivo e entrar no time do livro, da colher, da roda...

MORAES, A. P. Quartim de. É o fim do livro? Rir para não chorar. Disponível em: <www.estadao.com.br/>.

Proposição

Os e-readers, aparelhos de leitura de livros digitalizados, e os chamados tablets, que incorporam outras funç›es alŽm da leitura de livros e revistas, estão conquistando cada vez mais usu‡rios. Hoje j‡ Ž poss’-vel, com um desses leitores digitais, ter uma biblioteca de milhares de obras e, alŽm disso, acessar para leitura imediata jornais e revistas do mundo inteiro. Diante dessa nova realidade, caracterizada por uma competição muito grande entre empresas que pretendem criar o melhor aparelho eletr™nico de leitura, muitos estudiosos j‡ preveem o fim dos jornais e revistas e o fim dos livros. Outros, porŽm, questionam tais previs›es e afirmam que o livro não desaparecer‡. Que poder‡ acontecer de fato?

Com base nos textos apresentados na instrução escreva uma redação de g•nero dissertativo, empregando a norma-padrão, sobre o tema: O futuro do livro.

proposta 3

(Insper-SP) Reflita sobre as ideias apresentadas nos textos a seguir e desenvolva uma dissertação em prosa.

Sempre gostei de bicicleta, passei minha infância e adolescência em cima de uma, percorrendo longas distâncias e me arriscando, tentando não arriscar a vida dos outros. Mas agora, em plena obsolescência, tenho a impressão de que bandos de usurpadores roubaram-me o prazer de passear sobre duas rodas. Pior, e não é impressão, esses bárbaros que se apresentam como militantes não apenas impedem qualquer um de ser ciclista, como ameaçam quem tenta ser. Se isso ocorresse só no mundo concreto, já seria horrível. Mas eles vão muito além, e atacam seus alvos pelas redes sociais, blogs, fóruns de discussão e sites. Eles pedalam por todos os mundos possíveis. Os cicloativistas – os quais prefiro chamar de ciclochatos ou velobestas – tornaram-se uma ameaça à segurança e à dignidade do cidadão.

GIRON, Luís Antônio. Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/cultura/luis-antonio-giron/noticia/2012/06/parem-os-ciclistas.html>. Acesso em: 7 jun. 2012.

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A incivilidade nas vias decorre do stress dos congestionamentos. AtŽ morte por tiros j‡ ocorreu. Acidentes com ciclistas, motoboys ou pedestres decorrem da disputa do ex’guo espaço vi‡rio, que tem impedido destinar a eles um espaço segregado e protegido. Existem milhares de ruas com calçadas de apenas um metro de largura, onde postes, ‡rvores e inclinação lateral obrigam o pedestre e o ciclista a andar na rua. Carros cada vez maiores, que vão se asse-melhando a ve’culos militares de combate para impor respeito, proliferam na guerra di‡ria do tr‰nsito.

CAMPOS, C‰ndido Malta. Dispon’vel em: <www.estadao.com.br/noticias/suplementos,horizontes-urbanos,734252,0.htm>.

Utilize o pr—prio tema como t’tulo de sua dissertação.

Tema/T’tulo: Disputa de espaço nas ruas:

um problema de infraestrutura ou incivilidade?

proposta 4

Cidades engasgam com os automóveis

Leia uma parte da apresentação e da entrevista de Bill Mitchell, diretor do programa Cidades Inteligen-tes do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT/EUA), feita pelo jornalista Herton Escobar, para a revista Megacidades.

Cidades são como pessoas, podem ser burras ou inteligentes, doentes ou saud‡veis. As espertas são aquelas capazes de atrair talentos, de se reinventar diante das dificuldades e dotadas de pensamento inovador. ƒ o caso de Nova York, Londres, Paris. E as cidades burras? Bill Mitchell Ž elegante demais para citar nomes.

[...] Um de seus projetos, chamado City Car, Ž desenvolver um modelo de pequenos autom—veis elŽtricos comuni-t‡rios. Eles seriam compactados e encaixados em pontos estratŽgicos das cidades (sa’das de metr™ e grandes centros comerciais) e funcionariam como carrinhos de bagagem nos aeroportos: voc• pega em um lugar, usa, e devolve em outro. Esses ve’culos poderiam ser usados em percursos urbanos de pequena ou mŽdia dist‰ncia, como uma espŽcie de t‡xi descart‡vel, dirigido pela pr—pria pessoa. Nos pontos de coleta, cada ve’culo se acoplaria ao outro, como carrinhos de supermercado, e teria a bateria recarregada automaticamente. O usu‡rio pagaria por tempo de uso, com cartão de crŽdito.

Outro projeto Ž o RoboScooter, uma mobilete elŽtrica, superleve e dobr‡vel, pequena o suficiente para ser guarda-da debaixo da mesa do escrit—rio. A ideia geral, segundo Mitchell, não Ž substituir o transporte pœblico, mas oferecer um complemento de mobilidade que permita ˆs pessoas deixarem o carro na garagem na maior parte do tempo.

Quais são os aspectos indispensáveis de um sistema de transportes?

Est‡ claro para mim que estamos chegando ao fim da era do autom—vel. O carro particular foi uma das grandes invenç›es do homem; transformou a vida das pessoas e o funcionamento das cidades. Mas, claramente, as cidades estão engasgando com autom—veis neste momento. A demanda de energia Ž alt’ssima, as emiss›es de carbono são um problema enorme. Minha impressão Ž de que pequenos ajustes não vão dar conta do recado; precisamos repensar radicalmente todo o conceito de mobilidade urbana. [...]

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Quais são os erros que as cidades costumam cometer?

Duas questões fundamentais são o planejamento básico de uso do solo e dos padrões de transporte. [...] Muitas cidades cresceram de maneira pouco planejada, descoordenada, descontrolada, o que só acumula problemas para o futuro. O mais importante é olhar para o futuro e reconhecer que leva décadas ou séculos para se construir uma cidade. Não se pode pensar apenas no curto prazo, apesar de as pressões políticas e econômicas normalmente levarem a isso.

O ESTADO DE S. PAULO. Grandes Reportagens. Megacidades, agosto 2008, p. 106.

Proposta: Construa um texto dissertativo-argumentativo, concordando ou não com as ideias de Mitchell, usando argumentos para defender seu ponto de vista com base nos textos e nas imagens aqui apresentados e no seu conhecimento sobre o assunto.

IMPORTANTEPasse a sua redação a limpo, a tinta, no espaço a ela destinado. O rascunho não será considerado. Seu

trabalho será avaliado de acordo com os seguintes critérios:

1. Desenvolvimento do tema com espírito crítico.

2. Adequação da língua de acordo com a norma culta.

3. Construção textual e escolha do título compatíveis com o tipo de texto proposto.

Sua redação ser‡ anulada se voc• fugir do tema proposto.

proposta 5

(FGV-SP)

Vivemos numa época em que quase tudo pode ser comprado e vendido. Nas três últimas décadas, os mercados – e os valores do mercado – passaram a governar nossa vida como nunca. Não chegamos a essa situação por escolha deliberada. É quase como se a coisa tivesse se abatido sobre nós.

Quando a Guerra Fria acabou, os mercados e o pensamento pautado pelo mercado passaram a desfrutar de um prestígio sem igual, e muito compreensivelmente. Nenhum outro mecanismo de organização de produção e distribuição de bens tinha se revelado tão bem-sucedido na geração de afluência e prioridade. Mas, enquanto um número cada vez maior de países em todo o mundo adotava mecanismos de mercado na gestão da economia, algo mais também acontecia. Os valores de mercado passavam a desempenhar um papel cada vez maior na vida social. A economia se tornava um domínio imperial. Hoje, a lógica de compra e venda não se aplica apenas a bens materiais: governa crescentemente a vida como um todo. Está na hora de nos perguntarmos se queremos viver assim. [...]

Essa chegada do mercado e do pensamento centrado nela a aspectos da vida tradicionalmente governados por outras normas é um dos acontecimentos mais significativos de nossa época.

Michel J. Sandel, filósofo, professor na Universidade Harvard. O que o dinheiro não compra: os limites morais do mercado. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012. Adaptado.

Reduzir o valor da vida ao dinheiro mata toda possibilidade de idealizar um mundo melhor. Somente o saber pode fazer frente ao domínio do dinheiro, pelo menos por três razões. A primeira: com o dinheiro pode-se comprar tudo (dos juízes aos parlamentares, do poder ao sucesso), menos o conhecimento. Sócrates lembra a Agatão que o saber não pode ser transferido mecanicamente de uma pessoa a outra. O conhecimento não se adquire, mas se conquista com grande empenho interior. A segunda razão diz respeito à total reversão da lógica do mercado. Em qualquer troca econômica há sempre uma perda e um ganho. Se compro um relógio, por exemplo, “perco” o dinheiro e fico com o relógio; e quem me vende o relógio “perde” o relógio e recebe o dinheiro. Mas, no âmbito do conhecimento, um pro-fessor pode ensinar um teorema sem perdê-lo. No círculo virtuoso do ensinar, enriquece quem recebe (o estudante), enriquece quem dá (quantas vezes o professor aprende com seus estudantes?). Trata-se de um pequeno milagre. Um milagre – e essa é a terceira razão – que o dramaturgo irlandês George Bernard Shaw sintetiza num exemplo: se dois indivíduos têm uma maçã cada um e fazem uma troca, ao voltar para casa cada um deles terá uma maçã. Mas, se esses indivíduos possuem cada um uma ideia e a trocam, ao voltarem para casa cada um deles terá duas ideias. [...]

A ditadura do lucro e do utilitarismo infectou todos os aspectos da nossa vida, chegando a contaminar esferas nas quais o dinheiro não deveria ter peso, como a educação. Transformar escolas e universidades em empresas que devem produzir unicamente diplomados para o mundo do trabalho é destruir o valor universal do ensino. Os estudantes adquirem créditos e pagam débitos com a esperança de conquistar uma profissão que possa dar a eles o máximo de riqueza. A escola e a universidade, ao contrário, devem formar os heréticos capazes de rejeitar o lugar-comum, de re-pelir a ideologia dominante de que a dignidade pode ser medida com base no dinheiro que possuímos ou com base no poder que possamos gerenciar. A felicidade, como nos recorda Montaigne, não consiste em possuir, mas em saber viver.

Professor E. Ordine, sociólogo italiano – Universidade da Calábria, em entrevista a João Marcos Coelho. O Estado de S. Paulo, 15 fev. 2014.

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272 Reda•‹o Ð Setor 1509 KAPA 1

Com base nas sugestões contidas nos textos aqui reunidos e em outros conhecimentos que você consi-dere relevantes, redija uma dissertação em prosa sobre o tema ƒ desej‡vel e poss’vel limitar o poder do dinheiro?. Procure argumentar de modo a deixar claro seu ponto de vista sobre o assunto.

Instru•›es:

– A redação deverá seguir as normas da língua escrita culta.

– O texto deverá ter, no mínimo, 20 e, no máximo, 30 linhas escritas.

– Redações fora desses limites não serão corrigidas e receberão nota zero.

– A redação também terá nota zero, caso haja fuga total ao tema ou à estrutura definidos na proposta de redação.

– Dê um título a sua redação.

– A redação deverá ser redigida na folha de respostas, com letra legível e, obrigatoriamente, com caneta de tinta azul ou preta.

proposta 6

(Fuvest-SP)

Esta é a reprodução (aqui, sem as marcas normais dos anunciantes, que foram substituídas por X) de um anúncio publicitário real, colhido em uma revista, publicada no ano de 2012. Como toda mensagem, esse anúncio, formado pela relação entre imagem e texto, carrega pressupostos e implicações: se o observar-mos bem, veremos que ele expressa uma determinada mentalidade, projeta uma dada visão de mundo, manifesta uma certa escolha de valores e assim por diante.

Redija uma dissertação em prosa, na qual você interprete e discuta a mensagem contida nesse anúncio, considerando os aspectos mencionados no parágrafo anterior e, se quiser, também outros aspectos que julgue relevantes. Procure argumentar de modo a deixar claro seu ponto de vista sobre o assunto.

Instru•›es:

A redação deve obedecer à norma-padrão da língua portuguesa.

Escreva, no mínimo, 20 e, no máximo, 30 linhas, com letra legível.

Dê um título a sua redação.

fuVest

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proposta 7

Nos três textos a seguir, extraídos de uma proposta de redação da Fuvest, manifestam-se diferentes concepções do tempo; o autor de cada um deles expõe uma determinada relação com a passagem do tempo. Leia-os com atenção:

TexTo i

Mais do que nunca a História é atualmente revista ou inventada por gente que não deseja o passado real, mas somente um passado que sirva a seus objetivos. [...] Os negócios da humanidade são hoje conduzidos especialmente por tecnocratas, resolvedores de problemas, para quem a História é quase irrelevante; por isso, ela passou a ser mais importante para nosso entendimento do mundo do que anteriormente.

HOBSBAwM, Eric. Tempos interessantes: uma vida no século XX.

TexTo ii

O que existe é o dia a dia. Ninguém vai me dizer que o que aconteceu no passado tem alguma coisa a ver com o pre-sente, muito menos com o futuro. Tudo é hoje, tudo é já. Quem não se liga na velocidade moderna, quem não acompanha as mudanças, as descobertas, as conquistas de cada dia, fica parado no tempo, não entende nada do que está acontecendo.

Herberto Linhares, depoimento.

TexTo iii

Não se afobe, não,Que nada é pra já,O amor não tem pressa,Ele pode esperar em silêncioNum fundo de armário,Na posta-restante,Milênios, milêniosNo ar...

E quem sabe, então,O Rio seráAlguma cidade submersa.Os escafandristas virãoExplorar sua casa,Seu quarto, suas coisas,Sua alma, desvãos...

Sábios em vãoTentarão decifrarO eco de antigas palavras,Fragmentos de cartas, poemas,Mentiras, retratos,Vestígios de estranha civilização.

Não se afobe, não,Que nada é pra já,Amores serão sempre amáveis.Futuros amantes quiçáSe amarão, sem saber,Com o amor que eu um diaDeixei pra você.

Chico Buarque, Futuros amantes.

1. De acordo com o texto I,a) qual a visão que os “tecnocratas” têm da História?b) como o enunciador se posiciona diante dessa visão?

2. De acordo com o texto II,a) o presente é mais importante do que o passado?b) justifique sua resposta.

3. De acordo com o texto III, a) o presente é mais valorizado do que o futuro? Justifique com uma passagem textual.b) qual é a tese que está sendo defendida pelo enunciador?

4. Os três textos avaliam as relações entre passado, presente e futuro. Pensando nisso, explique como os três textos analisam essas relações.

5. De acordo com sua resposta no item anterior, cite três encaminhamentos possíveis para desenvolver o tema posto em discussão.

6. Redija uma DISSERTAÇÃO EM PROSA, na qual você apontará, sucintamente, as diferentes concepções do tempo, presentes nos três textos, e argumentará em favor da concepção do tempo com a qual você mais se identifica.

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RESPOSTAS DAS TAREFAS

3. a) Não. A repetição da expressão Ònão se afobe, nãoÓ reforça a ideia de que não devemos ter pressa em aproveitar o tempo, ou seja, no futuro, tudo vai ser como deveria.

b) O enunciador contraria o imediatismo do texto ante-rior, concentrando-se no futuro dos acontecimentos, mostrando a atemporalidade de certos valores, fatos e sentimentos, que, com o tempo, acabam por se revelar.

4. Texto I: afirma-se a import‰ncia da Hist—ria Òpara nosso entendimento do mundoÓ, ou seja, destaca o valor do passado.Texto II: descarta-se a import‰ncia do passado e en-fatiza-se a percepção do presente imediato como o fundamental para que não se fique Òparado no tempoÓ.Texto III: apresenta-se a import‰ncia de como o futuro

h‡ de ver o que se faz no presente.

5. Entre outras possibilidades, ter’amos:

pensar o passado para construir presente e futuro;

concentrar-se no presente, desconsiderando o pas-sado e o futuro;

pensar o futuro, que ser‡ constru’do, inevitavelmen-te, por passado e presente.

6. Resposta pessoal.

Proposta 7

1. a) Eric Hobsbawm defende a tese de que hoje os Òne-g—cios da humanidadeÓ são movidos por tecno-cratas, pessoas que praticamente desconsideram a Hist—ria, utilizando os fatos do passado ape-nas como um instrumento para atingir objetivos pragm‡ticos.

b) Contrariando essa visão, o enunciador destaca que atualmente, mais do que nunca, a compreensão do mundo depende do passado, do conhecimento da Hist—ria, atŽ como condição para desmascarar os desvios da tecnocracia.

2. a) Sim.b) O depoimento de Herberto Linhares apresenta

uma concepção imediatista do tempo. De acordo com ele, no curso da Hist—ria, o mais importante, nestes tempos de velocidade estonteante, Ž acom-panhar as constantes mudanças. Estas, por sua vez, não dependem dos acontecimentos do passado. O fundamental, portanto, Ž o hoje, o agora, o instante presente, independente da Hist—ria ou da passagem do tempo.

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