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» Minicontos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 » Contos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .91 › Despedaçada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .92 › Jorginho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .96 › O hotel dos sonhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .99 › A prova do crime . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .104 › Comprar coisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .106 Dietas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .112 › Tão velho quanto as ondas do mar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .115 › Os sonhos de liberdade de Conceição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .118 » Posfácio › O conto e o miniconto: algumas palavras, múltiplas leituras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .124 Sumáo Sumáo

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» Minicontos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9

» Contos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .91› Despedaçada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .92› Jorginho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .96› O hotel dos sonhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .99› A prova do crime . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .104› Comprar coisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .106› Dietas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .112› Tão velho quanto as ondas do mar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .115› Os sonhos de liberdade de Conceição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .118

» Posfácio

› O conto e o miniconto: algumas palavras,

múltiplas leituras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .124

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MicontosMicontos

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No parquinho, os quatro meninos brincavam juntos de futebol, bola de gude e pião.

Mas três deles olhavam com receio para o meninobranquelo, de boné surrado e cujos olhos azuis

lacrimejam ao sol. Era a única alma ali que tinha corpo e podia voltar para casa

quando anoitecia.

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MiniConToS

Capricorniana com ascendente em Capricórnio, ela não tinha tempo para o amor.

Ensinou-o logo a atravessar uma roda em chamas, a declamar poemas e a andar sobre espinhos.

A parceria fez sucesso. O lucro dos espetáculos jáconstruiu sete castelos. Eis a verdadeira história de

Bela, a domadora de feras.

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– Foi você, que eu sei! – Não! Foi Atlas!

– Mentiroso! Ele só me pediu pra segurar a caixinha, mãe!

– Da próxima vez que você roubar os fósforos pra colocar fogo na lenha do quintal, eu vou

arrancar seu fígado, Prometeu!

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MiniConToS

– Força! Força!– Puxa! Puxa!

– A gente vai ganhar!– Não deixa! Não deixa!

Foi só Dalila piscar que Sardento esqueceu o cabo de guerra, sendo o primeiro menino

a cair de cara por ela.

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Arthur James adentrou a pirâmide com seuscompanheiros. Como bom arqueólogo, ele se perdeu.

Mas encontrou o quarto do filho louco do faraó.Analisou as paredes, decifrando os delírios do

enclausurado: a lâmpada? O telefone? A bomba atômica? E...?! Aterrorizado,

golpeou o futuro para destruí-lo.

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MiniConToS

Moravam muito longe da praia. E Júnior queriaconhecer o mar. O pai disse-lhe que não poderiam ir.

O menino pediu que pintassem uma parede do quartode azul. Foi feito. Então, todas as tardes, Júnior

sentava-se diante dela para imaginar.

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À noite, na fazenda, iluminados pela fogueira ereunidos sob o baobá, os meninos escutavam

histórias de além-mar. Fechavam os olhos, imaginando cenas de liberdade, algo que,

desde o berço, só lhes era permitido sonhar.

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MiniConToS

Coincidentemente, a ocupação começou pelos Estados Unidos. Destruíram,

mataram e fizeram cobaias desde Washington aoEstado da Flórida. Só Hollywood escapou por pouco.

Lá se divertiam assistindo àqueles filmes sobre eles.

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ContosContos

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Saí do trabalho mais cedo. Faltou energia na escolae os alunos foram liberados. O diretor ainda tentousegurar as turmas o máximo que pôde, mas o calor

e as salas foram ficando cada vez mais escuras, obrigando-o a cancelar a última aula do dia.

Aproveitei isso e voltei para casa a pé.Estava cansado daqueles alunos que não queriam

nada, atrapalhavam ou perturbavam. No começo, aindame consolava, pensando na meia dúzia que se espalhavapelas primeiras carteiras e tentava prestar atenção ao que,com muito custo, eu explicava. Porém, meia dúzia eramuito pouco para me confortar.

Então, andar um pouco era minha terapia. Ao atravessar a avenida, vi do outro lado da rua e um

pouco mais adiante um caminhão quebrado. Ouvi umabuzina e um xingamento ao ser quase atropelado por terparado no meio da travessia. Subi a calçada e parei.

Um homem gordo, de camiseta branca, bermudapreta e boné surrado olhava alguma coisa no pneu tra-seiro. Mas não me aproximei. Não entendia nada de ca-minhões, nem carro popular eu tinha.

O que me chamou a atenção foi a cara colorida e riso-nha na carroceria: a cabeça de uma centopeia.

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Despedaçada Despedaçada

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ConToS

Meio verde, meio rosada, era o brinquedo de umparque de diversões. Daqueles que chegavam à cidadena época da festa do padroeiro ou nas festividades defim de ano.

A centopeia estava toda desmontada. Ou melhor,despedaçada.

Tão despedaçada quanto Maristela. Faz tempo. Uns vinte anos mais ou menos. Eu tinha

nove anos e Maristela dez. Era fim de ano. Dia 25 dedezembro. E nós nos encontramos no parque montadono lugar da feira livre da cidade. Estudávamos namesma classe havia uns dois anos. Tinham outros ami-gos da nossa sala espalhados pelos brinquedos também.Parecia que todos os pais da cidade combinaram de seencontrar ali.

Corríamos de um brinquedo para o outro, aprovei-tando os poucos ingressos que nossos pais compravam.Bate-bate, barca, carrossel, tentar derrubar chocolatesbaratos.

Depois de muito andar para lá e para cá, de comeralgodão-doce, pipoca e sorvete, Maristela me chamoupara ir à centopeia.

Achava um brinquedo meio bobo. Mas fui. Antes de nos sentarmos, vi alguns amigos subindo

para dar uma volta no brinquedo. E imaginava que, noano seguinte, quando as aulas voltassem, a turma aindanão teria esquecido esse fato. Iriam me zoar de “namora-dinho” dela. Mesmo assim, fiquei ao lado de Maristela.

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A centopeia correu pelos trilhos mais veloz que qual-quer centopeia de verdade.

E Maristela pegou em minha mão. Senti o rosto ficarvermelho. E não prestei atenção em nada ao meu redordurante todas as voltas. Minha atenção estava na mãode minha colega de sala sobre a minha. Antes da cento-peia completar a última volta, ela se aproximou de minhaorelha e pediu:

– Me dá um beijo. Não fiz nada. E a centopeia me imitando também

parou. – E então? Vai dar ou não? Gaguejei:– Atrás do bate-bate. Aqui tem muita gente da escola. Ela balançou a cabeça concordando e desceu rapi-

damente. Também desci, mas em uma velocidade muitoinferior.

Dois amigos perguntaram o que Maristela cochichouem minha orelha. Eles tinham visto.

– Ela me pediu um beijo – respondi. Eles riram. Um disse para eu ir lá, tascar um beijo e

meter a língua na boca dela; o outro falou que ela não erabonita, que tinha os olhos grandes e era melhor eu deixá-lasozinha esperando. Perguntaram para onde ela tinha ido.

– Atrás do bate-bate. Eles se afastaram. Fiquei pensando se eu deveria ir ou não. Vontade

tinha e não tinha. Achava Maristela bonita, não a menina

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ConToS

mais linda da escola, mas bonita sim. Mesmo com osolhos grandes. Até aquele momento, nunca tinha beijado.Mas não sabia se queria namorar. Nessa época, beijo enamoro eram quase a mesma coisa. Entre ir ou não ir, fui.Não iria deixá-la à espera.

Segui pelo lado esquerdo do bate-bate, olhando paratrás com medo, e vi do lado direito meus dois amigos seafastando, rindo. Meu coração bateu forte. Corri para oponto de encontro e lá estava Maristela chorando. Muito.

Os olhos dela me pareceram tão grandes quanto os dacentopeia do parque.

– Você contou pra eles o que eu lhe pedi! Não consegui responder.Ela saiu correndo e quase caiu ao tropeçar em um cabo

de energia. Decepção e vergonha. O choro aumentou. Minha barriga doía como se eu tivesse comido algo

estragado. Quando as aulas voltaram no ano seguinte, aturma não se lembrou de me zoar de “namoradinho” deMaristela. Ela se mudara de colégio.

Despedaçada, ela não queria mais me ver. Foi o queme contou uma de suas amigas no intervalo.

E descobri naquele 1o de fevereiro que queria quemeu primeiro beijo fosse dela.

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