8&túJa ~. JJffi000 · 2013-09-03 · Edson Lustosa de Poss(dio Cola boração: Francisco Zuza de...

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ISSN 0101-9147

"Publicação do Centro de Pesquísa Agropecuária do Trópico Semi-Árido (CPA TSA)

ARTE. CI ÊNCIA E TECNOLOGIA

NA FEIRA DO SEMI-ÁRIDO

Tendo como tema central o Semi.Árido bra.sileiro, a Universidade Federal do Rio G'andedo Norte promover<i, no per(odo de 19 a 23 demarço de 1984, uma Feira de Arte, Cibcia eTecnologia, como parte dos estudos sobre "AProblem<itica da Seca no Rio Grande do Nor.te", em desenvolvimento na UF RN desde í981.

Um dos objetivos da promoção f!sensi~i!izardocentes e departamentos daquela univet>;dadepara a inclusão, em suas disciplinas, de IoSrudossistematizados sobre o ft!nômeno da seeó abor.dando-o não apenas como um fenômeno 'c:im<i.tico, mas tambf!m como um problema de ordemeconômica, social e polf'lica,

A Feira pretende apresentar, ainda, al~mastecnologias passi\leis de serem aplieódas visandoa uma melhor convivência das populações como problema.

Para tratar desse assunto, o Pró.Reitor deExtensão da UF RN, professor Geraldo Q.,eiroze o Chefe do Depa-tamento de Solos, prc~essorDinarte Af!da, estiveram no Centro de PesquisaAgropeclJária do Trópico Semi-Árido, cf;~ 28e 29 de novembro, quando mantiveram conta.tos com o Chefe do CPATSA, Renival AI.:5 deSouza. Na oportunic:,de, foi entregue GOrnIiteformulado pelo Reitor da UFRN, professo' Ge.nibaldo Barros, para que o Cemro expor.'1a ai.gumas de suas tccnologias e faça a abertlra daFeira, no tocante à programação sobre Ciê'1ciae Tecnologia.

CONVÊNIO EMBRAPA/CNPq

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A Embrapa e o CNPq firmaram docum;nto. ~

no qual estabelecem a realização de um cv~!un.to de atividades compreendidas no Proj!:":; deDes"nvolvimemo de Pesquisas Relativas ..: Se.mi-Árido em Instituições do Nordeste, q~e fazparté do Programa de Des~nvolvimento C;~~(.fico e Tecnológico do Norueste (PDCT/NEI.

As atividades atribu (das à Embrapa SE-aoexecutadas p!:'loCentro de Pesqu isa Agro~<i.ria do Trópico Semi-Árido (CPATSA) G:'::>en.do..he participar da elaboração dos' P'=!10SAnuais de Trabalho e dos Planos de Exe::c::ãode Projetos, em articulação com a Cornissk ~e.9ional CNPq;SUDENE; participar de a-.!o;sejulgamento e ~1!:'Çãodos projetos de pe>+J;S;;apre~"ntados pelas universidades a serem i~c!u(.das no PDCT; a>sessorar as instituições exe!::cto.ras de v',quisa, quando solicitado; parti::;parda avali;,ção "ex.post" dos projetos de ~.:.isades!:'nvolvidos pelas universidades e part::'t:>ar

. das rt!uniões e encontros anuais a serem prc..-no.vidos pelo CNPq, envolvendo instituições p;:rti.cipantes do PDCT/NE.

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PESQUISA DISCUTE O QUE FAZ

(E O QUE FAZER) SOBRECONSÓRCIO

Pesquisadores, professores universitá-rios, técnicos da Extensão Rural e outrosprofissionais da área agr(cola participa-ram, em Teresina-PI, de 24 a 28 de outu-bro, da I Reunião sobre Culturas Consor-ciadas no Nordeste, promovida pela Em-brapa, através do Centro de PesquisaAgropecuária do Trópico Semi-Árido(CPATSA) e da Unidade de Execução dePesquisa de Âmbito Estadual - UEPAETeresina.

A solenidade de a~ertura contou coma presença de representante do Secretáriode Agricultura do Estado do Piau( e, anotes de iniciar-se a apresentação dos traba-lhos, foi proferida a palestra "Desenvolvera Agricultura ou os Agricultores? - AQuestão do Consórcio" (Ver pág. 10). pe-lo engenheiro agrônomo Evaristo Eduar-do de Miranda, pesquisador do CPATSA.

Além da oportunidade de intercâmbiotécnico-cientifico, a reunião possibi litoua discussão de novas propostas de pesqui-sa, visando a solução de problemas técni-cos inerentes ao sistema de consórcio. De

um modo geral, os pesquisadores reconhe-ceram a necessidade de incrementarem-se

estudos sobre população de plantas e ar-ranjo espacial, identificação de genótipospróprios para o consórcio, fixação de ni-trogênio, proteção de plantas, consórciocom culturas nativas, manejo de solo eágua, entre outros.

À reunião, foi enviado um total de 53trabalhos, versando sobre diversos aspec-tos do consórcio, como avaliação agro-econômica, metodologia de pesquisa, ava-liação de genótipos, controle de ervas,fertilidade do solo e nutrição vegetal,fisiologia, irrigação, população de plantas,arranjo espacial e sistemas de produção.Os resumos já estão publicados no volumeI dos Anais e, no volume 11,o~ trabalhosserão inseridos integralmente, juntamentecom as recomendações da reunião.

POPULAÇÃO E GENÓTIPOS

Um dos pontos ainda controvertidosno consórcio de culturas é a população

(é\ EMBRAPA "

r~ Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

de cada espécie componente do sistema.t: que isto depende, em grande parte, dosgenótipos e da disponibilidade de agua,sendo, portanto, inadequado afirmar queum determinado número de plantas porhectare seja ideal para todo o Nordeste.Devido a isto, foi proposto na reuniãoque as próximas pesquisas nessa áreaexa-minem um maior número de populaçõesde cada elemento, em um ou mais arran-jos espaciais.

Outra área que deve receber maioratenção é a identificação de genótiposapropriados para o consórcio. Segundo ospesquisadores, a avaliação dos genótiposé tão importante para o consórcio quantopara culturas isoladas, e talvez até mais,pelo fato de que a presença de mais deum componente no sistema pode modifi-car o comportamento das espécies culti-vadas.

FIXAÇÃO DE NITROGÊNIO

Os pesquisadores também defenderama necessidade de estudos que ofereçamalternativas para nutrição de plantas noconsórcio, uma vez que a adubação qu(-mica é uma prática bastante onerosa paraos agricultores que utilizam esse sistemade cultivo. A este respeito, lembram queas leguminosas exercem um papel signifi-cante [1os sistemas tradicionais de plantio,porém, nenhum dos trabalhos apresenta.dos na reunião considerou o efeito dasleguminosas no consórcio. Acrescentaramainda que é comprovado que o consórcioafeta a fixação simbiótica de Nitrogênio,mas é preciso determinar em que per(o.dos isto ocorre, quais os efeitos residuaise como fazer uso das leguminosas paraeconomizar esse elemento. Tais estudosexigem a participação de um microbiolo-gista de solo, especialista ainda hoje ine-xistente nos quadros das unidades depesql"isa do Nordeste.

JornaldoQ

8êtJ1Do 6)~a00

C/lefe:Renival Alves de Souza

Editor:Levy Soares de Lima

Asscs.soria de Imprensa cRelações Pú b/icasCaixa Postal, 23

Fone: (081) 961.0122Petrolina .1'E

Centro de Pesquisa Agropecuáriado Tropico Semi-Arido

Jornal do Semi-Arido

Chefe Adjunto Técnico:Edson Lustosa de Poss(dio

Cola boração:Francisco Zuza de Oliveira

José de Souza SilvaNorma Poss(dio

alefe Adjunto de Apoio:Pedro Mai. e Silva

Composição e Impressão:GRAFSET LTDA.

Rua Vigolt'ino fJ'and/'r/e)', 245Fone: (083) 321.2090

Campina GraI.de - fara(!,aTiragem:

10.000 ex/'mplares

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NORDESTE EXPORTA ASPARGOPARA ALEMANHA OCIDENT Al

Uma tonelada de aspargos, proáUzidos naregião do Sub-Médio São Francisco pelo Centrode Pesquisa AgropeCUáriado Trópico Semi-Ári-do (CPATSA), da EMBRAPA. está sendoexportada semanalmente para a Alemanha Oci-dental,através da AGROPEX, empresa exporta-dora de oler(colas e fruHcolas.

O aspargo é tradicionalmente cultivado emregiões de clima temperado, mas tem se com-portado muito bem nas condições do Semi-Ári-do nordestino. onde foi introduzido experimen-talmente em 1979, pelo CPATSA, em <1readoProjeto Bebedouro, em Petrolina.f'E. Cultivadpsob regime de irrigação por aspersão, o asp"rgotem alcançado produtividades em torno de 10toneladas/hectare/ano, muito superiores à mE!-dia registrada em Pelotas-RS (1.500 kg/ha/ano),única região do Brasil a explorar comercialmen-te essa cultura.

TESTE DE EXPORT AÇÂO

Através de memorando de entendimento firomado com o CPATSA, a AGROPEX colher<1,durante três meses seguidos, todo o aspargoproduzido no campo experimental do CPA TSA,pagando todas as despesas de colheita, conserva.ção, transporte e armazenamento. Em contra.partida, dever<1 fornecer ao CPA TSA um relató-rio circunstanciado de todas as etapas do ,estede exportação, com uma análise de custos emercado, que servirá de <;ubsrdio importdnepara a tomada de dl'cisão de produturps Inte.ressados em explorar o aspargo em larga pscala.nesta reqião.

Segundo o Chefe do CPA TSA, agrôr.ornoRenival Alves de Souza, esse tipo de anieulitÇãocom o setor privado pode fort"lecer o P"K~"SSOde geração, difusão e adoção de tecnol:'giaagropecuária no Semi-Arido, princiró': .,;r,tenas áreas de alta capacidade produtiva, (L';;1O oVale do São Francisco onde a a,;vid"de:," ,nodustrial ainda carece de um db,,~.ülvi,.,~. \TO àaltura da suas potencial idades.

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SEMENTES E MUDAS

No per(odo de 3 a 4 de outUbro. o CP/. TSAreal izou um cu rso sobre Produção de Se "c" "ese Mudas, para agrônomos do 1I:'il1;,t~ri<J.1. ";'d"aJltura que fiscalizam a prorluç,;o do "smos e estagiários do CNPq, fiun ,;lid! ,',- ..'~participantes.

O curso, que constou de aul"s leóric.5 c . r<1"ticas ministradas por pesqu;sad.:>resl'o C~A~ 5.0",foi patrocinado pelo Ministério e déle r~; ~,e ,.3ram técnicos da Bahia Ceará r/ato G; ü~,() ePernambuco. Durante ~ progr~n':;c;;o, lr C", rrU,também, uma visita às inslalaç&~s de SUj,,_ ,jeProdução de Sementes Básicas, em Petr::,'i,",-Pe.

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CISTERNA RURAL: Um novo modelo

A t~cnica de captação e annazenamen-to de água de chuva atrav~s de cisternas,para consumo humano, não é novidade.Existe há mais de quatro mil anos e foiuma das fornzas encontradas pelos antigoshabitantes do deserto de Negev, em Israel,para enfrentarem o problema de abasteci-mento de água potável. No Brasil, particu-larnzente, é utilizada desde o penado co-lonial, em especial na zona urbana. Nocampo, porém, seu uso ainda hoje é bas-t(lJ2fe restrito, até mesmo nos scrtões doNordeste, onde a escassez ou a falta deágua afeta milhões de pessoas todo ano.

Nas cisternas tradicionais constnddasno Brasil, a água é captada nos telhadosdas casas e escoa através de calhas até umtanque de al~'enaria.Para muitas proprie-dades rnrais, isto 1'f?presentauma limita-ção: o tipo de cobertura e o tamanho dasmoradias, em grande parte muito peque-nas, impedem a captação de um volumede água suficiente para abastecer a fam!'-lia durante todo o ano, probl~ma agrava-do quando a fam(lia é numerosa e o pe-r(odo sem chuva é muito prolongado, co-mo no Sem i-Árido.

Um /101'0 modelo de c:istema, desen-volvido pela CPA TSA, apresen ta-se comouma opção I'aliosa para superar este pro-blema, pois ncle a água é captada no pró-prio solo, dispensando a cobertura das ca-sas como área de captação. Isto ~ possz'-l'el porque, na região semi.4rida do Nor-deste, as chuJlas geralmente ocorrem numcurto espaço de tempo e de forma inten-sa, produ::indo grande escoamell1O super-ficial atra1'és do qual são desperdiçados,anualmente, cerca de 36 bilhões de me-tros cúbicos de água.

A água captada passa por um sistemade filtragem antes de ser c(lJzalizadaparao tanque de annazenamento, escavado no

No cisterna, a dgua fdcíl.

solo. O filtro ~ construrdo com camadasde pedra (brita ou seixo rolado), areia fi-na, areia grossa e carvão vegetal. No inte-rior do tanque também é poss(vel instalarum segundo filtro, para melhorar a quali-dade da água. Neste filtro, coloca-se verti-calmente um tubo, por onde aáguaé suc-cionada, atrav~s de uma bomba manual.

A área de captação, que del'e ter umadeclividade mz)zima de 3%, pode ser o so-lo apenas compactado ou com diferentestipos de cobertura - argamassa de cimen-to e areia, asfalto, lona impenneabilizan-te e outros materiais que aumentam o es-coamcnto superficial. Quando a área forrevcstid,~ com lona de polietileno, deJle-secobrir a lona com uma camada de britaou seixo rolado, para protegé-la dos raiossolares e aumentar sua durabilidade.

Já o tanque de arnzazenamento é cons-truÚlo com al1'enariaou com lona imper-meabilizante de polietileno + tela de ara-me + argamassa de cimento e areia, sendoque, no segundo modelo, a zinica utilida-de da tela é possibilitar a aderência da ar-gamaSsa à lona.

DIMENSIONAMENTO

As dimcnsõcs das cistemas são defini-das a partir das necessidadcsda famzlia,tcndo-se em conta que, em média, umadulto consome de 5 a 10 mil litros deágua por ano, para beber, cozer alimen-tos e para a higienecorporal,exceto o ba-nho.

Os cálculos para dimensionamento daárea de captação basciam-seno coeficien-tc de escoamento superficialda áreaesco-lhida. O coeficiente depende de l'áriosfatores, como topografia,teor de matériaorgânica,grau de compactaçãoe teor deumidade do solo; intensidade e freqüen-

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tIST~:IWÇ&O r.U'!'U!TA

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-.ICaminh50-Pipa: o oneroso e dif(Cl1 troo...uio

cia das chuvas, entre outros aspectos.Os valoresm~dios de coeficientes para

diferentes tipos de cobert11ra,bem comotodos os passospara construçãoe manejoda cisterna, são apresentadas peloCPATSA na arcular TécnicaaSTERNARURAL: Construçãoe Manejo.(no prelo).

TREINAMENTO

O modelo de cisterna com captação deágua no solo tem despertado o interessede produtores rurais, técnicos, dirigentesdo setor rural e lideranças de quase todosos estados brasileiros, como revelam cen-tenas de cartas recebidas pelo CPATSAapós a divulgação desse sistema atrav~sdos meios de comunicação de massa.

Diante da demanda, o CPATSA minis-trou treinamento intensÍ!'o para extensio-nistas ruraisde oito EMA TER:Sdo Nor-deste, para que possam orientar a constru-ção de cisternas em seus respectivos esta-dos. Do treinamento, realizado cm Petro-fina, de 4 a 12 de outubro, tamMm parti-ciparam pedreiros, que 1'f?ceberamtodasas instruçõcs necessárias para a execuçãodas obras e para fi/tura orientação a ou-troS' profissionais.

SERGIPE NA FRENTE

A construção dc cistcma com capaci-dadc para 50 mil litros custa aproximada-men te Cr$ 600 mil. Para a maioria dosprodutorcs rurais, principalmcnte no .Vor-deste, é imposs(J'el arcar COI/lessas despe-sas, o que suscita a necessidade de subs(-dias govemamentais, para que a tecnolo-gia deseIllJo/J'idatome-sc accss(l'el.

Nesse sentido, Scrgipe está na frcnte.Recentemente, o governo estadual deter-minou que, at~ o próximo aliO, sejamconstruzaas 4 mil cisternas,afimdo pcrdi-do, na região semi.4rida do seu Estado, Ostrabalhos já começaram, inicialmente comassessoramento técnico de pesquisadoresdo CPATSA e continuam sob a on'cnta-ção de tt!cnicosda EMA TER,sE.

A destinação de subsMios para obrasdesse tipo tem sido a alternativaadotadapor outros palSes,como México e EstadosUnidos por exemplo, para minorar os pro-blemas de abastecimcnto de água em suasregiões áridas.Nos EUA, um pais onde opovo tem alto poder aquisitivo, o Estadoda CalifónziaaproJlou lei, em 1980, crian-do uma linha de crédito subsidiadoparaincentipar a construção de cisternas nomeio rural. Pelo menos foi o que rel'Clouum dos trabalhos apresentados pcla Ame-17'can Society of Agricultural Engineers,na Conferência Intemacional sobre Oster-nas, realizada em junho de 1982, cmllo-nollilu, !lava".

No Nordeste, decisões selllclhaJlles àdo Estado dc Sergipe poderiam rarrcr dapaisagem scrtaneja a luta constantc dasfamzlias em busca de água, ou as diáriUJtravessiUJ dos caminhõcs-pipa: só erl/agos-to deste ano, 3.493 d.:sses comin!;f1/:) es-tavam mobilizados, para abas:ccer If/na

parcela do contingente atingido [-t'/aSl'i'a.E de junho de 1982 a maio de 1<;83,oScarros-pipa transportaram cercade 13 mi-lhões de metros cúbicos de água- mcnosque a milésimo parte dos mais de 36 bi-lhões que se perdem (lJl/iollllente na re-gião, por escoamento superficial.

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CAA TINGA

NEM SÓ DE CACTOS VIVEMAS CAATINGAS. . .

A partir destaedição, o Jornal doSemi-Árido abre espaço exclusivo epermanente para a caatinga, a vegetaçãoUpica do Nordeste semi-árido. A idéia,acatada de imediato, partiu do botân icoJosé Luciano Santos de Lima,pesquisador do CPATSA, colaborador doJornal e, sobretudo, apologista davetação na qual se sente "como seestivesse em casa".

Nesta seção, pretendf1,[T1osmostrar,principalmente, as potencial idades dascaatinQas do Nordeste. E tambémposs(veis manejos e os perigos do mau usodos recursos naturais existentes na vastaárea de ocorrência dessa formaçãovegetal. Enfim, nem s6 de cactos e defatalidades vivem (ou morrem) as

A FLORA DA CAATINGA

José Luciano Santos de Lima

A área do Nordeste brasileiro é ocupa-da por cinco formações vegetais, BRA-SIL. SUDENE (1979), cuja distribuiçãoespacial é apresentada na Figura 1. Dentreelas, as caatingas, sua formação vegetal

caracten'stic~ ocupam aproximadamente900.000 Km .Caatinga (Caa - mata; tinga - clara,

branca. cinza, rala) é uma formação le-nhosa, xer6fi1a, constitu(da de árvorese arbustos caducif61ios (perdem as folhasdurante o perrodo seco), além de ervase de muitas plantas suculentas.

Nesta seção, e de formá seriada, infor.maremos sobre diversos aspectos dasprincipais espécies componentes da floradas caatingas, enfatizando seus múltiplosusos.

Detalharemos também seus nomes ver-naculares e/ou vulgares. fam(Jias e respec-tivos gêneros e espécies, tendo em vista,principalmente, um público especial inte-ressado nesses dados - professores, estu-dantes, agrônomos e técnicos agr(colas,leitores do Jomal.

"'NC"'" uso&

o(ftCln

caatingas, como insinuam cartões postaise cinematográficos contra-luzes captadospelas câmeras. Há todo um jogo derelações - fauna, flora, homem, clima,etc - que precisa ser desvendado,analisado, compreendido e, sobretudo,respeitado.

Alem das colaborações da equipe dep'esquisadores do CPATSA, serão aceitos,t~bém, a.rtigos de técnicos epesquisadores de outras instituições.

Nesta edição, o botânico Luciano Limadestaca, a Utulo de introdução, asformações vegetais do Nordeste, detendo-se: em informações sobre algumasespécies da caatinga, entre as quais aaroeira recebe ênfase especial.

O espaço está aberto. Para informaçõesconcisas como as que agora publicamos,ou para análises mais amplas. Eacreditamos que as colaborações vãosurgir de forma compatfvel com aimportância do tema.

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Inicialmente, apresentamos um quadroinformativo sobre dez espdcies e um resu-mo espec(fico sobre a aroeira, Uma das es-pécies mais importantes da flora nordesti-na.

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Aroeira

AROEIRA

Nome vernacular: Aroeira (aroeira do $ertão)Nome cient(fico: Açtronium IIOJ;;.LJ\l [ngl.Fam(1ia : AnacardifJceae

Aroeira I! abreviatUra de araroeira, qJe seorigina de arara e da termind<yão eira .- ~'\Ioreda arara, por ser a planta em que, di: ,. c' ren-cia, essa ave pousa e vive.

t: sem dlJvida a aroeira umd d,':, ,llc'-,:c;s rr,aistl'picas e de maior importância -'as c..~1ingasnordestinas. Sua área de ocorrência (c,nv,'en-de desde o Estado do Ceara ate a A-ge.' infJ e oParaguai. Indo de formações m,l;s ,P,,* e aber-tas atl! muito lJmidas e fechadas.- coo::,.,,,a ,:el.rado e floresta ph;vial -, seu IXIrte \"a-ri~ emfunção de cada ambiente. Na caatinga, õ alueiraI! árvore de tronco alto e linheiro mej...,do c.:er.CB de 1,0 m de diâmetro e altur~ err :orno de15 m.

Sua madeira, pesada, muito d"ra E lJa I ~rapolimento, tem varios usos (ver quadro). tI.Ple.senta cor bege osada ou pardo.<hlerme' '<do.clara quando ainda fresca e, quando seca, variade pardo.avermelhada a roxo-escura,

A casca contém cerca de 15% de 1anino' oritidoma idoso tem espessura grossa (maior ~uigual a 5 mm) ,I! r(gido, acentu adamente áspero,com matizes de cinza.claro a negro, apresentan-do fendas irregulares, que limitam placas esca.miformes, elipto~blongas. A casca viva, de es.pessura grossa (maior ou i~al a 12 mm), I! ala-ranjada internamente e, por incisão, aprL~(.ntaexsudato resinoso transparente e levemente ama-relado:

O gênero Açtronium Jacq., I! ca.õcleriiddopor apresentar drupa sem asa, cOloadõ pelo cá.lice ampliado, seco e maior do que ela, comestilete terminal. A aroeira do sertão e ,ór c.cte.rizada por possu ir folhas com 3 a 7 pó.es de fo-!folos mais ou menos pilosos. cálice f.ull'f~rocom lac(nias obovadas com cerca de :: a 8 mmportanto, duas vezes maior que a dr.pa ~>fl!ri:ca eslJpera.

A copa da aroeira I! larga e fo,/"/,, 1-')1 ra.mos pendentes e flácidos. Estes, '1'J"cj" I'. .>s,são revestidos de pelos. As folhas s~_ ;,,', .r.asimparipinadas, com 3 a 7 fol(olos (t >:), 'oUovados, largos, com ápice arrerj~ d,,"'c )u eur.tamente acuminado, pubescentes e/~ é'! '.s asfaces. A inflorescência I! congesta '105 <,,,trem._dados dos ramos desfolhados. Rocen;;sa, 3S fio.res são hermafroditas.

A propagação da aroei/a ocorre ;.;v' -;,sou por sementes.

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Fungo contra fungo: Cpatsapesquisa controle microbiol6gico

o CPATSA pretende iniciar, a partirdo próximo ano, testes a n(vel de campoexperimental com microorganismos que,em laboratório e em casa de vegetação,têm se mostrado promissores para o con-trole microbiológico de fitopatógenosdo solo, caúsadores de doenças radicula-res das principais culturas exploradas nasáreas irrigadas do Nordeste Semi-Árido,como cebola, tomate, feijão, melão e me-lancia.

Segundo o fitopalogista MohammadMenhazuddin Choudhury, responsável pe-la pesquisa, foram iselados 49 microorga-nismos (cepas do fundo Trichoderma) eavaliados contra três principais fitopató-

genos fúngicos da região: PythÜim apha-nidermatum, Rhizoctonia solani e Selero-tium rolfsii. Os testes realizaram-se sobcondições de laboratório e, posteriormen-te, as cepas mais promissoras foram ava-liadas em casa de vegetação.

PRAZO INDEFINIDO

Ainda não é poss(vel definir o prazoem que poderá ser utilizado, em escala co-mercial, o controle microbiológico dessesfungos - três dos mais importantes daregião quanto aos danos econômicos quepodem causar. Entretanto, os pesquisado-res estimam em cinco anos o tempo m(ni-mo para se obterem recomendações práti-cas para uso dos agricultores.

Nesse per(odo, além de identificar ascepas mais eficientes para o controle, seránecessário determinar quanto tempo elasdevem permanecer incubadas e comomanter sua população no solo, entre vá-rios outros aspectos.

CONTROLE INTEGRADO

Os fitopatógenos podem causar sérios

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problemas às plantações, como podridãodas sementes, podridão do solo e das ra(-zes, tombamento, mu,rchamento etc.,convertendo-se em altos preju(zos para osagricultores da região, devido à perda degrande parte das lavouras, quando o soloestá muito infestado, ou perda total dassementeiras.

Aos preju(zos financeiros decorrentesdo desperd(cio das sementes (1 kg de se-mentes de cebola custa, atualmente, cercade Cr$ 60 mil); da compra e aplicação de

defensivos qu(micos, e da queda de P,ro,dutividade, somam-se outros problemas,como o aumento dos riscos de intoxica-ção humana, poluição ambiental com aaplicação dos defensivos e a possibilidadede que os microorganismos adquiram re-sistência aos produtos aplicados.

A utilização de variedades resistentesa esses fitopatógenos seria uma altemativapara o controle das doenças. Mas, no mo-mento, elas não existem e s6 seria poss(-vel obtê-Ias através de um programa demelhoramento genético a longo prazo. Jáo uso de rotação de culturas para controlede fitopatógenos do solo tem seu efeitoreduzido devido à grande quantidade dehospedeiros (plantas, matéria orgânica emdecomposição etc), que possibilitam are.produção do ciclo biológico desses micro-organismos. Por exemplo, o fungo Selero-tium rolfiii tem aproximadamente 500hospedeiros e, além disso, pode sobrevi-ver sem eles durcmte vários anos.

O ideal, segundo o pesquisador Menha-zuddin Choudhury, é combinar da melhorforma poss(vel os diferentes métodos, en-tre os quais o controle microbiol6gico.Este método, porém, ainda é pouco usa-do. Atualmente, s6 em Israel, França,Austrália e Estados Unidos. Na verdade, ointeresse pela utilização do controle miocrobiol6gico é recente e somente em1980 o tema veio a receber o destaquede um simp6sio internacional, nos Esta.dos Unidos.

, ..- < ~...;.., ; ~

No.I .ementeirru de tomate A e t, o .010 foi infe"ado com Trichodarma (antagônico) e Pythiumaphanidermatum; na B,apen~ com este dllimo.

Faveira, umalimento básico

A far)('ira ou faVl'ira-d('.bolota (Parkiaplatycephala Benth) f! uma dn'ol'(' <k [amr1iaLeguminosa c subfamr1ia MilllOsoiJeae degTal/dc impurtância na ali11j('lIlaçlio dus n'ba.II/IOS, prineipalmellle bOl'illo,da.. regiões deCerrado dos Estado.. do Piau(' .\faTan/llio.

Sua imporliincia na alimelltação lu,imalnCt'utua-se mais aitlda porqu(' o Ulnllclul1.lCiamellto e a queda das vagell.. ucorn'm empl"no per(udo seco, qualldo as forragens..ão (',«"L'W1.'(' d(' baixo valor l/utritivo.

Capa: d(' produ:ir em solus de IJ<lÍr(s.i_ma fertilidade l/aturol, a faveira (('m r""ela.do um potencial de produção anual de aU!201 kg de vagem por árvore. Es/as Vl1g('nSapn'sel//am alto oolor nu/riIÍl'O, cum umadi~'('stibilidad,. supcrior a 72% e tevr d.. mion<'Tai...<uperior ao grõo d" milho.

.YO$ últiTnos anos, a fat.'{>ira()(!"l -",.ndacada ve: mais m/ori:mla pdos crifJduTe3,pois sua produção f! mais ('s/d,...1 que a daspas/-agens cultivadas ou das culturas tlIwais.E já ('std sendo criado, inc/usil'e, um m('rca_do comercial para a espécie no Estado doPiau(, c/wgando ml'smo a h01'cr re11"'S.\(1.'pa-ra Qutros ('.<tados, ('onform(! n"'clam os pe.-quisadoTl's Jost:' Herculano de C",rvalllO eGonçalo Morcira Ramos.. da t"lIidude deExecução de Pesquisa de Ambito Estadua/ -

uEPAE Tercsina, pertenc('nte à Embrapa.Os dois agrôllomos ,>êm Tf'ali:alldo (,..tudassobre a composição qu(mica e a digestibili-dtJde das vagens dessa fom1g('ira e lia publi_cação l'('squisa em Andumell to, n? 23, apre-sentam a metodologia e os primeiros I'('sul.lados desse trabalho.

Alf!m das allálises das vag('ns in ll'Íras, fo.ram feilas delerminaçÕl's qu(micas e d(' di.gcstibilidad(' "in virro" da mat,<ria seca dasca.f;t;.ase da.t senlcntes, !t.rfJlJradnnJente, paradar uma maior infvrmação svbre o !>O/ornu.'ritirlo des.çtlS partes, f~mlJora as (1(J{.!cnsdafan'ira s('jam indeiscentes (nao se abrempor s; mesmus) e consumidas inteiras }lclos,mimais. Foram utili:ada.. vagells das duasmri('dlldes de flw.:ira que O(;orrem natural-nlf'ult!: u de l;(Jg{'11..SunW1f:lolLLS (~u de vagensescuros. .ALIMENTO ENERGETlCO

.4.. amo.<tms fOT<lm coldadas ao anl50 daprodU(,ão d.. dn.'ores do munic(pio de I'a.lença no Piuu(, em ..clembro di' 1981 e as(Ulál...{'.f foram rcali:adas ('m jullho de 1982,obt('ndo.,,' dl'l...,rnillações de matf!ria ,.<'co(em eSlufa a 1:>rfC),proldna bruta, fibrat'Tula, (~xtrato C'1t!reo, rninf.'rais (ciu:.as), c%.trativos ",io 11ilrog.'na dos, cálcio, fÓSforo,magné.\io (' Ji<:estibilidad(' in dlro da matl!.ria seca. COlL\ideruu..se fibra bruta '''jlJ<'ladetermillada pclo m,(lodo de J'un Soest (fi-bra por dderg"lIte lIt'utro).

O material amos/mdo apresentou ('1('00-do teor de matf!ria ..eca, tanto nas semelltes

(acima de 96%), como nas ca.<cas (92,83 c93,63%).

As l'<lg(,II.'int('iras de arllbas as vuried"dcsl'oHuem menos de 20% de proter'rra bruta emellO$ de 19% da fibra bruta, enquadrando.se, portan 10, na ea(('goria dos alimentosenergéticos ou básicos.

A dige..tibilidade in "itro da matl!ria ..ecoapreselltou miares el('oodos (acima de 70%P(JTIIas v'lJg('ns inteiras).

As c"scos da.. favas, que são menos fibro.SiJS flue a..e:de outrafi legurninosa!, aprcsC'nta.rum um (('ar de prote(na bruta de 5,69 e6,89%, n'sl'ecti"ament(', para 0.' vIJg('ns ama.relada.. c ,',.curas. Sua dig,'stihilidude in "itro(75,06 e ,6,90%) superou inclusive a das s('.mellt('s (63,08 1'64,31%).

Coml'amndo,.e os teores totais de mine.rais C011/os do grão de milho, para fins ilus./rotivos, ai" l'ageJlS inteiras de amhas lU mrie.dades lenderam a aprl'Sentar "alvres mais('levados. Com relação aoS /~orcs de cálcio,ft>sforo (' mo.."IIf!sio, n.'speclivamentc, t1Sat(,lId(~1Icia nas vi..rgens intcirtLS foi dt: ser ,"!'pe-nor, inferior (' aproximadamen/(' iprol.

O l'alor lIutritico das l)(Jgcns de [olA'ira,atH"''<S do d"SL'mpclI/'o do ijIJ1J11O.I. ,,,'S dehol'inos, u.u"IHfrn cstd selldo avaliado f rr)u", t'xpt'n'meuto atual,nelltc em ~'.\ í...;.}lU...tf(tlll desse, serão fritos outros ('rj\Iu",J.f . 1hrcsupostos efeitos das vCJg('ns de F-u.cir, ~...brt)as qunli,lades oTl'tJno/'<plic.JS do /'il(' (' <iacarne, IJTt'fcrPncia dos anirn,~.s .>oun' '~'uadas mrit.dadcs (' problema.< dto ir", I'i, ,fioqUi' jJodf'riam ocorrer com ('I./jjidco,'i " ::r.~J(.no.)', em d("termúlad(J~ sitlJa~'de.s.

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ALCAROBAvefrdem<agiavegetal

'"Para algumas tribos sulamericanas, a

algaroba é uma planta mágica, devido asua incrível capacidade de resistir à seca.Não é para menos. Esta leguminosa, ori.ginária das Américas Central e do Sul,consegue sobreviver e produzir normal.mente, por exemplo, no Pampa do Ta.marugal,um deserto chileno praticamentesem chuvas. Ali, numa série de dez anos,foram registradas precipitações pluviomé.tricas anuais de apenas 0,4 a 0,7 mm,caídos em um só dia.

A "magia" está no seu exccpcionalmecanismo fisiológico, que lhe permiteabsorver bastante umidade do ar, atravésdos estômatos - orifícios por onde osgases, inclusive o vapor de água, podemfacilmente circular. Naquele deserto, ànoite, quando a umidade normalmente seeleva, constatou-se uma pelfeita coinci-dência entre este aumento e uma maiorpercentagem de estômatos abertos. As-sim, roubando a umidade noturna do ar emetaboJizando-a, a aJgaroba faz Uma es-pécie de auto-irrigação ê amanhece sobreum solo surpreendentemente úmido, atéonde suas ralzcs absorventes conseguemchegar.

Na prática, a admiração por esta espé-cie é muito menos dcvido a suas excen.tricidades fisiológicas do que a suas múl.tiplas utilidades. São mil e. urna. Elaproduz frutos na época mais seca do ano,para alimentação animal e, em algunscasos, para o homem; é utilizada paraprodução de carvão, estacas. mamões,linhas, caibros, ripas, esquadrias e por-tas; conservação e melhoramento depastagens, arborização, suporte à apicul-tura, produção de álcool, tanino, go.ma etc.

Na alimentação humana, a a1garobafoi'muito utilizada pejos Indios do Peru,Chile e Argentina, quando os espanhóisaportaram na América. Em a1gumas ZOAnas, a época da c01heita da vagem era épo-ca de fest a. No Peru, atualmente, é muitoutilizada a "algarobina" como fortifican.te, sendo considerada uma bebida afrodi-s(aca; das vagens também se produz afarinha e o mel de algaroba. Na seca de1958, foi registrada ~ua utilização comoalimento na região dos Cariris Velhos doNordeste do Brasil. E hoje, várias receitasjá estão sendo testadas na zona rural doRio Grande do Norte.

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"... o engenheiro ficou chocado com a quanti.dade de espinhos que as mudas apresentavam e,pouco avisado, viu que mais espinhos estavamsendo tra:idos para ama região onde ser espionhento e agressivo eram a constante da drea deSerra Tal/wda. E somente pensou em um comi.nho: eliminar as planfa$. ASlim, a primeiratentativa de introdução da algarobeiro no Nor-deste, em 1942, mOTTeUno seu nascimento..."

Toda essa riqueza está plantada, hoje,em três continentes (Ásia, África, Améri.ca) e em 63 mil hectares do Nordeste doBrasil, onde a algaroba foi introduzida em1942, no municlpio de Serra Talhada,Pcmambuco. E a perspectiva é de umacada vez mais rápida expansão das áreascultivadas COm ésta espécie, a única queatualmente recebe incentivos fiscais doIBDF para projetos de re ilorestamento naregião semi-árida.

Nesta região, seu aproveitamcnto prin-cipal é como forrageira, sendo uma exce-lente fonte para suplementação protéica eenergética dos rebanhos na época seca,quando há grande escassez de forragensnativas, Em média, cada vagem de algaro.ba contém 13 por cento de proteÚJa bru-ta, 54,16 por .:cnto de carboidratos sol11-veis e 3,75 por cento de resíduo mineral,

além de outras substâncias. Este rico ali-

mento pode ser fornecido em forma devagens ou triturado, transformando-sr emfarelo que será consumido puro ou mis-turado a outras rações. Além disso, a fo-lhagem, tambt!m consumida pelos ani-mais, chega a atingir a,té 14 por cento deproteina.

PROPAGAÇÃO VEGETATIVA

Como toda espécie, a algaruba temtambt!m seus probJemas. E um dos prin-cipais é sua alta variabilidade g':l1ética,traduzjda por grandes diferenças l1a pro.dução de frutos entre árvores de um mes.mo povoamento. Há plantas que produ.zem mais de 60 kg de vagens pai ano eoutras que não chegam a 5 kg, numa mes-ma área. Isto ocorre porque a polinizaçãoda algaroba é cruzada - atlavés do wnto,de insetos etc - e sua propagação ft?itapor sementes. Assim, as caractellsticasde uma planta altamente produtiva po-dem ser inibidas quando cruzadas com asde outra com baixo potencial, resulLlIldoem plantas pouco produtivas.

Este problema pode ser superado. PL's.quisas realizadas pelo CPATSA *têm mdi-cada a possibilidade de aumentar e uni-formizar a produção de algaroba em cur-to espaço de tempo, através de métodosde propagação assexuada. O método tesotado foi o de propagação vegetativa pormeio de enraizamento de estacas, quepermite a obtenção de plantas com ca.racteres semelhantes aos de árvores.mãe.Assim, é possível induzir a reproduçãode p1antas levando em conta não apenasa produtividade, mas também o porte, oalinhamento, precocidade, ausência deespinhos, potencialidade para usos espe-cíficos etc.

Utilizando material proveniéntc debrotação de cepa, pesquisadl)fes doCPATSA obtiveram 70 por cento lJCcn-raizamento com estacas de 10 e 15 (111decomprimento e o diâmetro \ari '\do de2;37 a 4,39 mm. Entretanto, COI'1030b.tenção de estacas de brot ~ç;jo de 'c pa é

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A equipe do CP ATSA ~ composta reôo:. en-

genheiros florestais Helton Damin, r,maelEleotério, Jorge Ribaski, Marco Drumond,Paulo César lima e Sônia Maria de Souza,

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dift.il. ,!<'vido à pequena intensidade deb(l'l.l~J" <."mitida por cepa, testou -se tam-Ix:111,e"111bons resultados, o uso de esta-ca, I'r\\\ lIil'ntes de ramos de copa, COm15 em .I," comprimento e 4,39 mm dedi,j ill'r<'. Neste caso, quando as estacasfOLI';) nl.lntidas com 100 por cento defOi',j e tfJtad?s com 2.000 ppm de áci-dI) indolhutlrico, obtiveram-se 67 porce'l ilJ dl' l'nraiZlmen to.

Empola a..s'pesquisas do CPATSA con-tinlJ"m visando aperfeiçoar essa tecnolo-gia, 0' resultados preliminares já são bas-taf't..: promis:;ores, principalmente quan-do se recorda o sucesso obtido por outrospesquisadores com a propagação vegeta-tiva de eucalipto: enquanto uma florestadesta espÚie, plantada a~avés de semen-tes, teve JOSsete anos um incremento decercl de 36 m3 de madeira por hectare/ano, outra área,plantada com dones sele-cionados e propagados vegetativamen tepor estaca apresentou, em apenas trêsanos e meio,uma grodutividade de apro-ximad:unente 60 m3/ha/ano.

BENEFICIAMENTO DE SEMENTE

A obtenção de sementes beneficiadasem grande quantidade, para plantio emesc.lb comercial, é outra dificuldade naexploração de algaraba. Embora difícil eonl'fOSO, faz-se necessário remover o en-docarpo do fruto, pois, sem isto, a germi-na.;ão das scmentes é baixa, em tomo de20 por cento, e se processa demorada eirregu!Jrmcnte.

Testes ft.'Jlizauos no CPATSA, com di-

felen~~s métodos (manual, mec~niza~os,qu"n1I.;Oe coleta de sementes dlssenllna-das por animais) re~elaram ser posslvclobte r uma germinação superior a 70 porcento com sementes beneficiàdas em má-quina forrageira, com os frutos previa-mente secos ao so\. Neste caso, não foine..:-:,ssJrio qualquer tratamento pré-ger-mli ativo e o custo de beneficiamento porqu:lo (cada quilo equivale a cerca de 23mil sementes) foi baixo: CrS 4 mil, emnovembro de 1982. Utilizou-se. parat31ltO, Uma máquina tipo DP2 com penei-ra de 9) mm de malha, acoplada a ummotor estacionário, com 90 rpm.

, Outro método que apresentou bons re-sultados, apesar de mais trabalhoso e de.

morado, foi o manual, com um custo deCr$ 9 mil/kg. Porém, sem tratamentopré.germinativo (escarificação), a percen-tagem de germinação de sementes bene-ficiadas manualmente foi de apenas 32por cen to. Este índice elevou -se para 80por cento quando as sementes foram co-locauas em água quen te de I a 2 minu tos,o que possibilita, de forma simples, a uti-lização deste método para beneficiaIllentode pequenas quantidades de sementes.

FRUTIFICAÇÁO MAIS RÁPIDA

Além da propagação vegetativa e do -beneficiamento de sementes, o CPATSAvem estudando vários outros aspectosimportantes da cultura da algaroba noSemi-Árido, em projetos integrantes doPrograma Nacional de Pesquisa Florestal,mediante convênio EMBRAPA/IBDF.

Nos estudos sobre espaçamento, tem-se constatado que a floração e a frutifica-ção das plan tas, espaçadas de 10 x 10 m,Ocorrem a partir do segundo ano,enquan-to que no espaçamento 3 x 2 m isto sóacontece após o quarto ano. Mas este es-paçamento mais uenso não está descarta-do. Os pesquisadores consideram válidoseu uso, caso o cultivo seja feito com oobjetivo de também se produzir lenha.Para isto, seria feito um raleamento a par-tir do terceiro ano de cultivo,cortando-seas pl311tasaltemadamente.

No espaçamento 3 x 2, a algaroba temexpressado alto potencial madeireiro, su-perando outras espécies como leucena(Leucacna lCllcoccphala) e o próprio Eu-calyptus camaldulensis, mundialmenterecomendado para reflorestamento de re-giões áridas de países como Nigéria,Con-go, Sudão, Rodésia, Espanha, Paquistão,México entre outros. Enquanto a algaro-ba, aos três anos, produziu 7,8 m3 sólidosde lenha, a leucena produziu 7,4 e o euca-lipto 7,04 m3.

Visando melhor aproveitar a capacida-de produtiva do solo, o CPATSA estuda aviabilidade de consorciar algaroba comgramíneas tolerantes à seca. Neste caso, adefinição de espaçamentos e manejosadequados toma-se fator decisivo paraevitar.,se o máximo a concorrência entreas espécies e se conseguir produção satis-fatória, tanto de madeira como de forra-

Palmo IOfro{Jeiro 6ombreado com al(lUrooo

gemo No consórcio algaroba x capi.mbufTel, por exemplo, verificou-se a ne-cessidade de se fazer uma limpa em tomodas árvores, num diâmetro de no mínimo2 metros. Sem isto, a mortalidade da aI-garoba, aos seis meses, foi bastante alta,chegando a 80 por cento.

Outros consórcios estão sendo testados

pelo ePA TSA, como algaroba x palmaforrageira x cultura anual intercalada, masainda não há resultados conclusivos.

MÜL TIPLA ESCOLHA

No Nordeste,a espécie de algaroba atu-almente cultivada é a Prosopis juliflora.Entretanto, no gênero Prosopis há umagrande quantidade de espécies, muitas dasquais. pelas caracterlsticas apresentadasnoutros países, mereceriam estudos maisdetalhados no Serni-Árido brasileiro.

Com este objetivo, o CPATSA está in-troduzindo, no Banco Ativo de Cermo-pla..~ma(BAC) de plantas forrageiras e emáreas de pesquisa florestal, em Pe troli.na,Pemambuco, as espécies Prosopis chilen-siso P. alba, P. tamarngo. P. pallida e P.nigra'(Ver quadro pág. 8).

Além de tentarem definir os métodosmais adequados de estabelecimento, ma-nejo e aproveitamento da algaroba, emsuas diferentes espécies, as pesquisas doCPATSA convergem para quatro objeti-vos fundamentais, que certamente podemcontribuir para uma exploração racionalde uma planta COm tantas potencialida-des: o estabelecimento de áreas de produ-ção de sementes; a formação de bancoscIonais, para fornecimento de materialvegetJtivo; a propagação de mudas deárvores superiores para plantio em lar,;aescala e a conservação genética das espé-cies.

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Com todo esse acervo disponível, ha-veria uma importantCssima flexibilidadepara os produtores decidirem sobre comoe para quê cultivar algaroba. Com a pro-pagação seletiva, já viabilizada tecnica-mente, seria possível,por exemplo, orien-tar a concentração, numa determinadaárea, de árvorescom potencial nectaríferoou com alta tolerância a sais. No primeirocaso, além dos outros usos - madeira,forragem etc -, a algaroba serviria tam-

:'4'*'A frw tifiau;50 dG algruobeira oco,,., em pleno 'poro 6eCO.

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bém de suporte à apicultura. Há registros,em outros países, da possibilidade de seobterem rendimentos de 80 kg de melpor árvore/ano.

No segundo caso, a algaroba poderiaser utilizada para aproveitamento ou re.cuperação de solos sa1inizados,possibili.dade esta que vem sendo ratificada emexperimento do CPATSA, conduzido hIftrês anos no Perímetro Irrigado de SãoGonçalo, na Para1ba. Mas, de um modogeral, a vantagem maior seria mesmo umamaior estabilidade ou melhoria genéticadas espécies, a partir de matrizes de altaqualidade.

ALlMENTAÇÁO HUMANA

As vagensde algarobapodem ser apro.veitadas, também, na ~imentação hUma-na, a exemplo do que ocorre no Chile,Peru, Argentina, IÍldia e Oriente Médio.Seus principais nutrientes sâo proteínas,açúcares, gorduras, vitaminas e sais mine.rais. As proteínas, particularmente, temum valor nutricional que pode ser equipa-rado ao de outras proteínas de origemvegetal de uso comum na dieta humana,como milho, feijão e trigo, e são capazesde manter e formar tecidos, podendo,portan to, promover crescimento.

No Nordeste, porém, esta fonte alteronativa de alimento ainda carece de investi-gação mais sistemática, embora algumasinstituições comecem a despertar para is-to. Uma dessas raras exceções é a Univer.sidade Federal do Rio Grande do Norte.Ali, um grupo de professoresdo Departa-mento de Fisiologia(disciplina Bioquími-ca) realizou, com recursos do CNPq, umaavaliação nutricional de subprodutos davagem de algaroba para consumo huma-no, verificando a composição química eos efeitos biológicos.

Nessas pesquisas, foram' analisadas afarinha integral, a farinha proéessada (nãodoce) e o mel, obtido através de cocção.Em termos de proteínas, a farinha proces-sada foi o subproduto que apresentoumaior teor (21,8%), seguindo~~ea farinhaintegral (7,5%) e o mel (4 a 5%). A fari-nha processadaainda apresentou UJõ)coefi.ciente de eficáciaprotéica muito bom (1),equivalente ao da carne e do leite. maisalto que o do trigo (0,68), e um pouco in-ferior aos concentrados de feijão ou mi-lho (J ,4).

PROCESSAMENTO E RECEITAS

A equipe da U FRN, coordenada pelaprofessora Dilma Ferreira Lima ~ não sedeteve apenas nas determinações bioquí-micas dos subprodutos da vagem de alga-roba. Além de testar e definir métodos deplOcessamento desses frutos, a equipe mi-nistrou curso para extensionistas daEMATER-RN, de 10 municípios do Esta-do, no sentido de pa~sar a tccnoJogia de

* r,,,nbém INJrticil'mn dns l'c.çqui.<f" aç profes..çOTOSCr~u:a Remardo, Edda Lisboa, Cuae)".Ta GOlldim ,\1ir'Ulda, e Lue)" Francisco da Sil-va, al"m dos professores Alldr« I"ilton .,\'e.~n:'ir<Lf e Carlos 10s" de Lima.

fabricação do mel e da farinha para as po-pulações do interior, atingidas pela seca.

Ao final do curso, as extensionistaselaboraram todo um receituário, que estásendo difundido através de cursos realiza-dos em regiõesonde há maior ocorrênciade algaroba. Entre os alimentos fabrica-dos incIuem.sebiscoitos, doces, bolos,pu-dins, sopas, geléiasetc.

Conjuntamente, UFRN e EMATERinstituíram um concurso de receitas entreos líderes rurais de cada região, que cul.minará com um concurso final, a nfVeles-tadual, em março do próximo ano, a serrealizado durante a Feira de Arte, Ciênciae Tecnologia, promovida pela Pró-Reito-ria de Extensão da Universidade Federal.

Após essaprimeira rt apa de pesquisas,os professores da UFRN estão desenvol-vendo, atualmente, novos trabalhos sobrepossíveis suplementações alimentares commel e farinha de algaroba na substituiçãode dietas convencionais.

A FOME DOS DESERTOS

Além de suas possibilidades de uso nocombate à fome dos homens e dos ani-mais, a algaroba tem outro papel impor.tante que especialistas de vários parseslhe atribuem: ajudar a conter a fome dosdesertos, recuperando áreas em processode desertificação, um processo que assus.ta o mundo inteiro pelas dimensões atin-gidas. Atualmente, as regiões áridas assis-tem a um avanço anual de 70 mil km~ nadesertificação, sendo que apenas o deser.to de Saara avança 50 km todo ano emdir~ção ao Mali; Alto Volta e Nigéria.Mesmo com toda sua "magia", a algarobanão pode, por si só, impe dir ou revertereste processo. Mas pode se constituir umdos instrumentos valiosos para evitar (jueisto se repita noutras regiões. O Semi.Ari-do do Brasil é uma delas.

Fontes Consultadas:-.---

EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUARIA DO RIO GRANDE DO NORTE, Natal. RN. AIgaroha.Natal. 1982.407 p. il. (EMPARN.Documentos.71. Conferencias e trabalhos apresentados no ISimpósio Brasileiro sobre Algaroba, Natal, RN, 1982.

SOUZA, S. M. de; LIMA, P. C. S. & ARAÚJO, M. de S. Sementes de algaroba: metodos e custos debeneficiamento. R. Bras. Sem., Brasnia,5 (3: 51-61,1983),

SOUZA, S. M. de & NASCIMENTO, C. E. de S. Propagaç:lo \Cgl.'tati\õI de algaroba atra\C's de l'~ta.quia.~. n. t. n. p. Datilog.

AlGAROBANovas espécies para o Nordeste

A algaroba plantada no Brasil pertence à es-pE!ciePro.çopisjllliflora, sendo orign<!riado nor.te do Peru, na região de PilJra. Mas existemcerca de 40 espécies de algaroba distriburdas emtrês continentes: América, Asia e Africa.

Nas Américas, onde se encontram as maioresconcentrações e o maior mlmero dessas espé-cies, as l'rosopÜ se distribuem pelas regiões oci-dentais mais secas desde o sudoeste dos Esta-dos Unidos até a P~tagõnia.

Atualmente, o CPATSA está introduzindoem seus campos experimentais. algumas dessasespécies. a fim de identificar as que melhor seadaptam e produzem Aa região semi.árida doBrasil. A seg.Jir, são apresentadas as principaiscaracten'sticas de cinco das e: Jo1ciesintroduzi-das:

PrMupis IJlm Grisebah - Nativa de zonas áridas(250 a 500 mm de precipitação pluvial porano!. Tem grande importância nas planrciesda Argentina, Uruguai e Paraguai, no sul daBolf\tia e Norte do Chile e do Peru. E valiC'sapara formação de quebra..,entos e plantiosao longo de estradas. Também é util comoprodutora dI! forragem e madeira. adaptan-do-se a solos salinos e secos. Ap; esenta co-pa arredondada. alcançando 5 a 15 m deaitu ra e seu tronco chega atl! a um metrode diâmetro.

Pro$ol'is chilcnsis (Molina) - Stuntz ernend.Burkart - ~ uma árvore de copa arredonda-da. nativa do Peru. Bolf\tia, zonas Central eNorte do Chile e Noroeste da Argentina.Importante fornecedora de madeira, lenha,forragem e alimento humano, é encontradaatl! 2.900 m de altitude.

Prosopi.s lIigra (Grisebach) Hieronymus - Ar-vore muita valiosa como produtora de ma.deira do deserto do Chaco. é natural do Sulda Bolf\tia, Argentina e Paraguai. e Oeste doUruguai. Muito usada para móveis e barris;produtora de lenha, forragem e alimentohumano. Apresenta copa arredondada e ai.cança de 4 a 10 m de altura.

l'ro.wpis pai/ida (Hamboldt e Bonpland ex Wil-ceno W,t H. B. K. - t uma árvore de 8 a 20m de altura (arbustiva em solos pobres). na.tUral das zonas mais secas do Peru. Colôm.bia e Equador, especialmente ao longo dacosta. E mu ito importante para produçiiode madeira, lenha e forragem em condiç"5esáridas.

Prosopis tamarugo F. Philippi - Natural do nor.te do Chile. alcança altura média de 15,",com 15 a 20 m de diâmetro de copa. Seufruto I! uma vagem grossa e curta de 25 rr.mde comprimento, As flores são poliniz;irlaspor insetos himenopteros, como a abelhacomum, e o perrodo de m3xima pOlin,z"çãoI! do começo de setembro até nove>nbro.

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Produção de Senentes de Cebolano Sub-Médio São Francisco

A expansão da cebolicultura no Brasile a elevação do preço do d6lar têm COD-tribuído par.a um significativo aumentodo preço da semente, cuja oferta depen-de, quase que totalmente, da importaçãodo exterior. Somente na região do SuboMédio São Francisco, estima.se entre 3Se 40 toneladas as necessidadesde semen.tes de cebola (Allium cepa L.), que custa.vam, a preço de agosto/t983, de Cr$ 3Smil a Cr$ 40 mil/kg.

Sob as condições climáticas desta re.gião, seria impraticável a produção de se-mentes de cebola, já que se trata de umaplanta bianual que, para passar de fase Ye-getativa para a reprodutiva, necessita quebaixas temperaturas (6 a 140C) induzama diferenciação das gemas florais. Emcondiçõcs naturais, somente chegama flo.rescer, com bastante desuniformidade, ge.nótip05 pouco exigentes em frio, como al.gumas cultivares de bulbo vermelho.

A geração de uma tecnologia de produ.ção para as condições locais, capaz de suoperar os efeitos limitantes do clima, tor.nou-se nece5sidade cada vez maior, pois atecnologia inicialmente utilizada, além deter sido de5envolvidapara as condições deSão Paulo, exigia também um períodomuito longo de frigorificação dos bulbos,em tomo de 180 dias. Este período podeser reduzido para 100 a ]]0 dias, depenodendo da variedade, como constatamosem pesquisas realizadas na Estação Expe.rimental de Bebedouro, em Petrolina-PE.Nesses experimentos, foram analisadostrês aspectos fundamentais: eféito da ver-nalização; tamanho do bulbo x vemaliza-ção;época de plantio.

Efeito da vemaIização

Numa primeira etapa do trabalho, bul-bos de cinco cultivares de cebola foramsubmetidos a seis diferentes períodos devemalização visando identificar o tempoideal para indução do florescimento e Vla-bilização da produção de sementes nascondições tlimáticas do Sub-Médio SãoFrancisco. A análise estatística dos dadosrevelou diferenças entre cultivares, perío.dos de vernaJizaçãoe na interação cultivarx período. Como todas as cultivares mos-traram uma tendência de aumento da pro-dução de sementes com o aumento do pe-ríodo de vemalização, admitiu-se que operíodo máximo exigido por cada cultivarestivesseacima de 75 dias. (Figura 1).

Numa segunda etapa, utiJizando.seuma metodologia similar, bulbos de trêscultivares de cebola foram submetidas avemalização, sob temperatura de 8 a100C, durante 30, 60, 90 e 120 dias.Constatou-se, através da análise de regres-são, que o período máximo recomendado

Engenheiro Agrõnomo. Ph.D, Pesquisadordo CPATSA-EMBRAPA.

Paulo Anselmo A. Aguiar'

-....

Filjl.1 Influenci. do pe~lbdo de vemeli.zação dos bulb05 n. produçi;) desemen~ df' 3cuhivITn de cebola

.'" .aoPERfODO DE VERNALlZAÇAO DOS 8ULBOS

IOIAS)

para cada cultivarnormalmente está situa-do entre 100 e 110 dias, podendo sofrerpequenas variaçõespara mais ou para me.nos, dependendo da maior ou menor exi.gên\ia em frio pela cultivar. Com este re-sultado, identificou.se,po:1anto, o tempode frigorificação dos bulbos para produ.ção de sementes na região.

Tamanho do bulbo x vemalização

Um aspecto importante na produçãode sementes de cebola é a relação bulbo/semente. t considerada boa produçãoquando o peso das sementes obtidas re-presenta de 8 a 10% do peso dm bulbosplantados. Isto equivale a dizer que o au-mento do peso do bulbo plantado deverácorresponder, necessariamente, a umsubstancial aumento na produção de se-

,'""'

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1400 GRAI\IOEMEDIO ===--1.300 PfOUENQ-:- -~-=

~ 1.]OO~:

mentes para que haja uma compensaçãoeconômica na produção.

Os resultados indicados roa Figura 2comprovam esta hipótese, mostrando in.clusiveuma interação significativaentre otamanho do bulbo e o período de vemali.zação.

, ~poca do plantio( Apesar da cultura responder satisfato-

t, riamenteà induçãofloralatravésda ver-nalização artificial dos bulbos, existeainda o problema de devemalizaçãodosmesmos, quando plantados sob elevadastemperaturas. Daí porque todas estas ob-servações foram realizadas inicialmentenos meses frios do ano Gunho, julho eagosto), com produção em escala experi-mental de até 1.400 kgJha. Resta aindaobservar o plantio em épocas quentes(novembro, dezembro e janeiro) de modoa viabilizar ainda mais economicamentea produção, já que temos que diluir maisO custo adicionaJde produção com a fri-gorificação dos bulbos, que envolveinves-timentos iniciaiselevados.Pretende-se,in-clusive, associar o uso dehom1ônios\'ege.tais .(AG3) e vemalização para superar oefeito das altas temperaturas do final deano, possibilitandodois cultivosde c<:bolapor ano,para produção de sementes.

..

POTENCIAL CONFIRMADO-. .-.-

Os resultados até agora encontradosconfirmam que a região do Sub-MédioSão Francisco apresenta um grande po-tencial para produção de stmentes de ce-bola. Isto é ainda maisfavorecido,econo-micamente, pOlque as dificuldadesde im-portação são cada vez maiores e o pJinci-pal produtor n.acional,o Rio Grande doSul, vem sofrendo frequentes frustraç5esde safra, devido a problemas de doençase intempéries. Além disso, este estadotem apresentado uma produtividade de200 a 250 kg/ha, muito aquém da verifi-eada no Sub-Médio São Francisco, queatualmente está em tomo de 500 kg/ha,em esçalacomercial.

Considerando o alto potcnciaJ produ-tivo e os preços alcançadospor esse in-sumo, bem como as necessidades atuaisdos cebolicultores, concluiu.se que éplenamente viável, técnica e economica-mente, a produção de sementes de cebolanesta região, por um custo muito maisacessívelaos produtores.

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Fig.2 Influência do per(odo de vemalização e do tamanho do bulbo na produção de ~E'" .ntes de3 cultivares da cebola.

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Desenvolver a Agriculturaou os Agricultores?

o Brasil possui atualmente cerca -de70% ou mais de sua população nas cida-des. Essa urbanização sem precedentes,ocorrida sobretudo na última década, e~-teve ligada às grandes transformaçõesocorridas nesse per{odo no campo e, prin-cipalmente, nas cidades. Sem entrar naanálise do vasto com~xo de causas queinteragiram nesse processo, cabe assinalarque as regiões onde mais se modernizoua agricultura foram as que também obser-varam a maior redução da população agr(-cola, em muitos casos mesmo em termosabsolutos. Às vezes, essa diminuição dapopulação rural não se traduziu forçosa-mente pela redução da oferta de empregono campo pois, na realidade, o que ocor-reu foi uma proletarização dos pequenosagricultores, proprietários ou não, atravésdo aparecimento e da expansão do fenô-meno dos bóias frias.

Do ponto de vista econômico, a agri.cultura continuou a ser o grande financia-dor I(quido da economia urbana e os pre-tensos subs(dios para a atividade agr(colélraramente foram subs(dios para os agri-cultores e sim, direta ou indirp.tamente,subs(dios para o setor urbano~ndustrial.Em s(ntese, a modernização da agricultu-ra brasileira vem sendo definida para e pe.10 setor industrial-urbano ao qual ela pas-sou a ser associada e submetida de umaforma muito eficaz e detepminante naúltima década.

o Nordeste, a n (vel nacional, foi a re-gião onde esse processo se deu com me-nor intensidade, apesar de ser uma áreatradicionalmente agn'cola e com uma lon-ga h istória de ocupação. O Nordeste pos-sui cerca de 50% da população rural doBrasil e foi com a Amazônia uma dasáreas do pa{s onde a população ruralcresceu na última década em termos abso-lutos. Todavia, a fragilização de sua agri-cultura é flagrante a n(vel estrutural (a re-gião importa cada vez mais alimentosquando já foi exportadora) e conjuntural(fenômenos de seca, com intensidade aná-loga aos de 20 anos atrás, se traduzem porcrise~ sociais sem precedentes).

Diante desse quadro, cabe a seguinteinterrogação: em que medida o desenvol-vimento agra'cola buscado hoje no Nordes-te é socialmente e economicament.e poss(-vel? Ou ainda, em que medida ele deve seespelhar no que vem sendo realizado nasregiões sul e sudeste do pa{s?

A homogeneização do espaço econômi-co nacional leva cada vez mais a uma in-tegração desigual das economias regionaise não se vê hoje, na região Nordeste, umsinal evidente ou marcante de uma inicia-tiva de planejamento que vise claramente

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A Questão do Consórcio'Evaristo Eduardo de Miranda2

"Não se vê, no Nordeste, sinalevidente de um planejamento

que vise claramente odesenvolvimento de seus

agricultores"

o desenvolvimento de seus agricultores,muitas vezes apresentados como um ver-dadeiro peso social ou mesmo um empe-cilho ao desenvolvimento. A ausência deuma pol(tica fundiária que atenda à maio-ria da população rural que não tem aces-so à terra e, por consegu inte, ao créditoe à assistência técnica, é um dos fatos quemelhor ilustram a situação atual. Todavia,o objetivo desta intervenção é tratar aquestão do desenvolvimento dos agricul-tores numa perspectiva mais limitada: emque medida a pesquisa agropecuária, ou ochamado processo de geração e difusãode tecnologia agn'cqla, atende às necessi-dades técnicas dos pequenos produtores?~ claro que esse processo deve atendertambém à geração de alternativas tecnoló-gicas que permitam o aumento da produ-tividade nas áreas de grandes proprieda-des, nas áreas irrigadas e de monoculturade n(vel empresarial, etc. Mas, sem exigirexclusividade de atendimento, devemosconsiderar a questão dos fatores limitan-tes da produtividade e da produção a n (-vel dos pequenos agricultores de forma es-pec{fica e de,1tro dessa problemática aquestão das culturas consorciadas mereceuma atenção especial. Inverter o processo

seria falacioso pois a consorciação de cul-turas é uma prática tfpica, mesmo quenão exclusiva, da pequena propriedade.

Entre 1980 e 1983, o Centro de Pes-quisa Agropecuária do Trópico Semi-Ári-do desenvolveu uma série de pesquisas an(vel de produtor buscando caracterizar,de modo circunstanciado, o que limitasua produção e produtividade agr(cola.Essas pesquisas foram realizadas atravésde várias amostras de pequenos produto.res rurais da região de Ouricuri, no altosertão de Pemambuco. Inicialmente, fo-ram descritas e caracterizadas todas as ati.vidades produtivas dos agricultores. Nessaabordagem, durante três anos consecuti-vos constatou-se que na quase total idadedos campos cultivados praticavarnse oconsórcio de culturas. Devemos co, 5ide-rar cultura consorciada sensu stricto umtipo de associação cultural onde o re~ulta-do final é mais produtivo ou intue~santedo que esses mesmos cultivos plantadospuros. Nem sempre as associações cultu-rais praticadas pelos agricultores se t, ~du-zem por um consórcio no sentido agiUólÔ-mico. Todavia, as pesquisas 1(,'3li7..dasmostraram que o resultado era pO:.itivodo ponto de vista da utilização da rnijo-de-obra no tempo, ou no espaço, ou aindao resultado obtido permitia uma oferta decereais e legumes próximo do quocientede consumo familiar, etc.

Resposta a inúmeras limitaçõe~ de orodem agro-ecológica e sócio-econômica, osist~ma de cultivo em consórcio praticadopelos agricultores é extremarntnte defini-do por situações particulares. Se co iside.rarmos somente as plantas que intervêmna associação cultural, na região de Ouri-curi, foram identificados 27 tipos de con-sórcios importantes. A n(vel dos campos,os mais praticados são o consórcio milho/feijão (27%). milho/feijão/palma/mandio-ca (12%) e milho/feijão/algodão (12%). Apartir das medidas realizadas, constatou-se que o espaçarnento do milho pratica-mente não variava nos diferentes tiposde consórcio; 2,Om x 1,Om para as covasde milho, enquanto o feijão acusava umespaçamento crescente com o aumentodo número de plantas no consórcio. Fo-ram feitas observações sobre as retitiyõesexistentes entre a natureza e o número deplantas consorciadas e os rendi'l1entosdo milho e do feijão. Inclusive a IlI'veldesuas componentes de rendimento (n? va-gens/planta; n? grãos/espiga; peso rrJ/~Jiodos grãos; etc).

Resumo da palestra proferida na o:" T"J"r.daI Reunião sobre Culturas Cor ><:..,c",rli-.snoNordeste.

2 Engenheiro agrônomo, Doutor €:11 F("o;"9Ia.pesquisador do CPATSA-EMBRAPA.

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Se em muitos casos aparentemente oconsórcio permite uma maior produtivi-dade total do que o das culturas conside.radas individualmente, esse não foi, emprimeira instância, o objetivo do agricul.tor, que buscava otimizar outros fatoresde produção fisicamente limitados. Porexemplo, quase não se constataram capl.nas em campos de cultivo puro de algo.dão ou mamona, cujas produções eramirrisórias. Essas culturas só se beneficia.vam de capinas adequadas quando con.sorciadas C'om cultivos alimentares comoo milho e o feijão. Isso levanta uma série.de interrogantes sobre o interesse real depesquisas que buscam otimizar espaça.mentos e combinações ideais em termosde produtividade, ou pelo menos qual se.ria o interesse ou a chance real dos agri.cultores adotarem tais ~oluções, já quecada campo é hoje quase que igual a umtipo de consórcio. A consorciação de cul.tivos é tipicamente uma técnica e nãouma tecnologia. Responde a fatores lo-cais e circunstanciais de cada estabeleci.mento agn'cola. Seria importante que apesquisa na área de consórcio desenvol.vesse métodos e racioc(nios que pudessemapoiar a geração de soluções particularespor parte dos agricultores e da extensãorural, a exemplo do que tem sido feito naáred de alimentação animal, rotação decultivos, etc.

"PROMISCUIDADE CULTURAL"

Nesse sentido, cabe um interrogante fi.nal sobre a eficácia do atual sistema co-operativo de pesquisa, organizado basica.mente por produtos, em desenvolver taismétodos e raciocínios: o consórcio milho/feijão/algodão deve ser estudado em últi.ma instância em que centro de pesquisa,ou, se todos devem estudá-h, a quem re.verteria o papel de coordenação? Que va-riedades para o consórcio? Como intensi.ficar os c~ltivos consorciados? Que tipode mecanização desenvolver para superaros problemas do cultivo consorciado?

Durante muito tempo os agrônomo>

Tração animal

TREINAMENTOS CONCLUIDOS

o CPATSAconcluiu, em novembro.seu programade treinamentOem meca-nizaçãoagr(colaa traçãoanimal,levadoaefeito em 1983 mediante convênioEMBRAPA/EMBRATERe o CEEMAT,da França.Nesseprograma,foramcapacI-tados 75 técnicospertencentesa órgãosde ensino,pesquisae extensãorural, detOdasasregiõesdo Brasil.

Além da capacitaçãonousodemáqui-nase implementos,ostreinandosrecebe-ram ei1sinamentosteóricossobremecani-zaçãoa traçãoanimale tiveramoportuni-dade de conhecernovos equipamentosadaptadosno CPATSA.

A questão do consórcioé intratável de forma

reducionista .

quem faz o desenvolvilJ'entorural é o agricultor, e não a

pesquisa, a extensão ou ocrédito, em que pese sua

importância

-::00--- ---,

, .

==:mbateram os cultivos consorciados.'-vuve quem usasse em cátedra a expres.õJo "promiscuidade cultural". Hoje, as~"Sociaçõesculturais são utilizadas mesmo=, grandes empresas para baratear custos:J:: implan.tação de reflorestamento, de: ostagem e de cultivos perenes. Mas a n (-,,' dos pequenos agricultores o problema

= jiferente e os resultados ainda são bas-:.:r.te incipientes. Pode-se interrogar em

="sco climático

:JANDO PLANTAR

Jm modelomatemáticodesimulação,:2nvolvidopelaEMBRAPA,atravésdo

:: ~TSAe do DepartamentodeMttodos~ ::ntitativos(OMO)podecontribuir de..;:;amenteparadefinir quaisasmelhores

," :casde plantioparaasprincipaiscultu.~ exploradasno Nordeste, em áreas

:: :endentesdechuva.Em trabalhopublicadoconjuntamente

~ a SUDENE-ProjetoSertanejo(Docu-- 'tos, n~ 23, setembrode 1983),são- - ,ados os riscosda cultura do feijão: \seolusvulgarisU, para34 munic(." "S da região. Posteriormente, serão pu-- "3dos novos volumes, referentes a fei-;':-Je-corda, sorgoe milho.

que medida as notéiveis e louváveis pesoquisas desenvolvidas nos últimos anos nãoestão sendo feitas em moldes muito mar.cados pela pesquisa tradicional dos culti.vos puros.

A questão da cultura consorciada f!complexa e não complicada. Algo compli.cado pode ser resolvido em elementosmais simples, de forma reducionista. Aquestão do consórcio é intratável de for-ma reducionista. O pesquisador deve acei.tar essa complexidade como dada e irre-duHvel. Seu trabalho será o de conheceros principais componentes dessa estrutu-ra complexa com vistas a esclarecer seI.:funcionamento propondo alternativas deintervenção. Desenvolver o consórcio, au.mentar sua produtividade, valorizar seupapel nos equilfbrios biológicos, na prote.ção dos solos, garantindo uma certa pro.dução ou uma produção certa em qual-quer condição climática é o que os peque-nos produtores vem realizando desde ostempos históricos em vários continentes.Depois de contrariá-Ios durante muitotempo em sua grande maioria, os pesqui-sadores passaram a descobrir e descobremaif1da os interesses dessa prática cultural,apesar das crl'ticas e resistência de várioscolegas a esse tipo de abordagem. Serianecessário, nesse sentido, uma maior pro-ximidade dos pesquisadores com a reali-dade dos agricultores. Estes, por exem-plo, consorciam em geral três culturas oumais, porém a grande maioria dos traba.lhos de pesquisa estudam somente ~Qiscultivos consorciados. Essa aproxill.o,.ãofísica e de objetivos dos pesqu is;;rloresda área de consórcio com os agricul,oresdeve ser a meta da coordenação de esfor.ços nesse campo de ação. Esses esforços,na medida em que gerem novos métodose concepções de pesquisa, permitir ão re.sultados que se traduzirão em benef(ciosreais para os pequenos agricultores ,,,mgrandes resistências de adoção técnica,com grande beneUcio para a agricultura.Parece tautológico ou trivial afirmar, r"asquem faz o desenvolvimento rural é oagricultor e não a pesquisa, a extensão ouo crédito, no que pese sua importânciae contribuição.

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ÁGUA SALINA:É POSSlVEL IRRIGAR COM ELADosmaisde 20 mil poçosprofundos

que exploram águas subterrâneas do Nor-deste brasileiro, 85 por cento encontram-se em terrenos cristalinos. onde há umpotencial avaliadoem tomo de 50 a 250milhões de m3/ano. São poços com vazãomédia de 4 m3/hora e salinidade de 0.5a mais de 4 g/Iitro. Com o risco de salini-zação dos solose a indefiniçãode um ma-nejo adequado para uso em irrigação, es-sas águassão utilizadasapenas para consu-mo animal, o que deixa subaproveitadoscerca de 17 mil poços, desperdiçando-se,a cada hora. aproxil'fladamente 68 mi-lhões de litros de água.

Para maximizar o aproveitamento ra-cional desses recursoshr'dricos,oCPATSAdesenvolveestudosvisando definir umsistema de manejo de solo e águacapazde viabilizara irrigaçãode culturasparaconsumohumanoou animal,edemantero n(\I8ldesalinidadedosolodentrode li-mites aceitáveis.Inicialmente,procura-seavaliaro comportamentodo soloquantoà varia\:ãodos saisacumuladose lixivia-dosanualmenteemseuperfil.

Os experimentosestãosendorealiza-dos em Petrolina-Pe,utilizando-sedoispoçosprofundos:um, com 2,6gramas desais totais por litro, destina-sea irrigaçãosistemáticade forrageiras(capimelefanteepanirol/l coloratul/l); o outro,comsali-nidadetotal de 9.1 g/Iitro, é usadoparairrigaçõescomplementaresem cultur~comofeijãoe sorgo.

IRRIGAÇÃO COMPLEMENTAR

No casodairrigaçãocomplementar,ocultivo E!feito no pen'odo(!huvosoe airrigaçãosó se realizaquando ocorremdeficits h(dricos elevados,ao longo dociclo do cultivo, devidoà irregularidadededistribuiçãodaschuvas.Ossaisacumu.lados no perfil do solo, provenientesdairrigação complementar.são li~iviadospelas águaspara al~m.da profundidade

efetiva das ra(zes.em terrenosarenososcomboadrenageminterna.

A associaçãodessaalternativacom atécnica de captaçãode águade chuva"in situ" (sulcose camalhõesem curvasde nl'vel) pode reduzira necessidadedeirrigação.semcomprometera produtivi-dadedasculturasanuais.Comestacom-binação. em experimento realizado em1983, registraram-seprodutividadesde1.420 kg de feijão vigna/hae de 3_629kg de sor~o forrageiro/ha,com apenasduas e tres irrigaçõescomplementares.respectivamente.

SISTEMAS DE MANEJO

Os resultadospreliminarestendemaindicara possibilidadede aproveitamen-to do potencialde águasalinado Semi--Árido para irrigação.Contudo,aindaénecessário definirum manejoadequadodo sistema solo-água. principalmente

Quandosetratar da irngaçãosistemática.Como objetivodedefiniresse sistema

de manejo.o CPATSAvemtestandotrêsalternativas:drenagemnaturalcom lâmi-na de irrigação Li (aproximadamenteigual ao uso consuntivodas cuIturas);drenagem com manilhas,com a mesmalâminade irrigação;e drenagemcom ma-nilhas, com lâmina de irrigaçãoigual a1.2 Li' Nos testes,têm sidoutilizadososcapinselefanteePanicumcoloratum(VerTabela).

Periodicamente(antese depoisdo pe-ríodo chuvoso).sãoanalisadasas alteTa-çõesfr'sico-qu(micasno perfil do solo, aeficiência das lavagensprovocadaspelaschuvase por lâminasde irrigacãomaisal-tas, entre outros fatores,a fim de se de-terminar o sistemade manejomaisade-quadoparaa região.

Segundoos pesquisadoresJos~SoaresMonteiro e Gilberto Cordeiro,responsá-veispor essesestudos,tem-severificado,nostrês sistemasde manejo.umaelevadainfluênciadaschuvasno processodelixi-viaçãodos sais,o queabreboasperspecti-vas parao aproveitamen.todeáguasalinapara irrigação,nascondiçõesem que osexperimentosestãosendorealizados.

é..."

TABE LA 1. Sistemas de manejo de solo e água e produtividades alcançadas pelas forrageiras, por corte, em t/ha.

Sistema de manejo Produtividades Médias t/haForrageiras

de solo e água 1? corte 2 corte 3? corte 4? corte 5? corte 6? corte 7? .:orte

1. Drenagem natural com lã- - Capim elefante 144.3 '126.3 88,6 49,0 49,09 103,90 112.:'7

mina de irrigação Li' - Panicum colaratum 64,1 38,7 26.7 12.0 16,96 35,62 28,10

2. Drenagem com manilhas e - Capim elefante 114,3 120,8 67.1 59,2 59,33 135,42 11762

lâminas de irrigação Li - Panicum coloratum 64,1 46,0 26,3 17.5 11,79 35,04 i'. 33

3. Drenagem com manilhas e - Capim elefante 163,0 137,7 122.7 101,0 102,25 141 ,52 L'j 30lâminas de irrigação1. 2 Li - Panicum coloratum 72.8 42,5 38,9 17.0 17.67 36.76 :: .28

.L.: aproximadamente igual ao uso consuntivo das culturas.I

[L-12