A 2ª GUERRA MUNDIAL Cesar Augusto Nicodemus de...
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A 2ª GUERRA MUNDIAL
Cesar Augusto Nicodemus de Souza
Introdução
Qualquer estudioso da 2ª Guerra Mundial (2ª GM) pode concordar com aqueles que a
identificam como a “Guerra dos 31 Anos”. Afinal, o Tratado de Versailles, que deveria ser o
epílogo da última das guerras, foi, na verdade, o gérmen latente que despertou em uma
conflagração de proporções ainda mais vastas. Passado o impacto causado pela sua assinatura,
decorrente do cansaço que se apoderara dos alemães pela guerra, a miséria que suas cláusulas
leoninas levaram à população foi de tal ordem, que a reação militarista encontrou terreno fértil e,
passados alguns anos, desaguaria no estado onírico a que foram levados por Hitler e sua
ideologia.
Aos olhos do povo Hitler parecia um salvador. Ele próprio considerava os germânicos
uma raça superior, destinada a dominar o mundo. Sua doutrina é o "culto da força". Sua intuição,
que reputava infalível, o levava a improvisar sem respeito aos limites do possível. Como,
inicialmente, todas as suas previsões se concretizavam, mesmo aqueles que não concordavam
com suas atitudes ( e muitos generais estavam neste caso), tinham de se curvar diante dos fatos.
Só seus desejos tinham importância, sendo eliminados os opositores. Sua vontade brutal ignorava
limites e cautelas. Impulsionador vigoroso, ressuscitou a "Wehrmacht" (Forças Armadas) e
dotou-a de armamentos notáveis. No estudo dos erros passados, tinha, agora, as soluções para o
futuro da Grande Alemanha.
Em termos de psicologia de massas, conhecedores do espírito germânico de sempre
contra-atacar, poderíamos dizer que o desafio lançado às potências vitoriosas na 1º GM pode ser
visto como inspirador da 2ª GM. Esta nada mais seria do que “A” Grande Contra-Ofensiva,
que restabeleceria “a frente nacional”, invadida com o Armistício de 1918 e “conquistaria o
Objetivo Europeu não atingido em 1914-18”
Em termos estratégicos, as finalidades da guerra desencadeada pela ALEMANHA eram:
- conquistar maior espaço territorial (objetivo social);
- conquistar mercados para seus produtos (objetivo econômico);
- conquistar o domínio da Europa e do Mundo (objetivo político); a aliança consubstanciada
no “Eixo” Berlin-Roma-Tóquio seria apenas o passo inicial.
A Guerra Mundial de 1939-45 desenvolveu-se principalmente nos seguintes Teatros de
Operações (TO): da EUROPA OCIDENTAL, da EUROPA ORIENTAL, do
MEDITERRÂNEO, da ÁFRICA ORIENTAL, do ATLÃNTICO, ASIÁTICO e do PACÍFICO.
Para fins de estudo podemos dividir, a grosso modo, o desenvolvimento estratégico da 2ª
Guerra Mundial, em duas fases distintas:
1ª Fase: caracterizada pelo predomínio da Alemanha e seus aliados, que abrange o período
compreendido desde a Campanha da Polônia, até fins de 1942, início de 1943.
2ª Fase: com o seu início caracterizado pela virada dos ventos da guerra em favor dos Aliados,
balizado pelas vitórias de El Alamain (norte da África), Stalingrado (na Rússia) e batalha naval
de Midway (no Pacífico), que naturalmente se estendeu até o fim do conflito, com a rendição da
Alemanha e do Japão, em 1945.
Não nos demoraremos em analisar os múltiplos episódios deste conflito. São milhares de
livros, publicações, sites, filmes e documentários que podem ser consultados à exaustão.
Pretendemos abordar só três dos episódios emblemáticos acontecidos no transcurso dos 5 anos de
um guerra mundial e total – todos no TO europeu ocidental:
- “A Queda da França em 1940” ( a plena execução de uma estratégia ofensiva – à base da
“Blitzkrieg”1- empregada contra um país estratificado em uma política suicidamente defensiva –
atrás de pretensa barreira intransponível – e amortecido por uma “5º coluna” );
- “ O Desembarque e Batalha pela Normandia “ ( a mais complexa e volumosa operação
militar de todos os tempos, com exemplos e ensinamentos valiosos até hoje ); e
- “ A Batalha do Bolsão “ ( Expressão marcante do espírito germânico de sempre contra-atacar .
No caso, bastante inferiorizadas, as Forças Armadas alemãs, ainda assim, se tivessem obtido
sucesso, poderiam ter causado expressivo atraso na conclusão da guerra e, mesmo, modificado a
sua feição).
1 - Pródromos
Só para que fixemos a ascensão desenfreada da expressão militar alemã que levou ao
conflito generalizado, com a omissão dos oponentes que deveriam tê-la refreado:
- 1934 : Rearmamento do Reich, a despeito da proibição imposta pelo Tratado de Versailles.
- 1935 : Restabelecimento do Serviço Militar obrigatório e a ultrapassagem do teto limite de
efetivo de 100.000 homens.
- 1936: Remilitarização da Renânia e a participação na Guerra Civil Espanhola (onde testaram a
“Blitzkrieg”, seus novos equipamentos e treinaram seus pilotos).
- 1937 : Declaração unilateral de nulidade do Tratado de Versailles.
- 1938 : Anexação da Áustria e dos Sudetos ao III Reich, sem que as potências européias
reagissem. Neste ano, com a anexação , Hitler herdou todo o dispositivo militar austríaco. Além
disso, milhares de civis ingressaram nas SS (Tropas Especiais para enquadrar estrangeiros), na
Marinha e Luftwaffe. Neste mesmo ano as divisões alemãs foram organizadas em Corpos de
Exército e Exércitos. Nova leva de oficiais e graduados oriundos do exército tcheco juntar-se-
iam ao grosso do exército alemão com a anexação da Tchecoeslováquia, em março de 1939.
Alem disso, um importante pólo industrial tcheco veio reforçar a recém reativada indústria bélica
alemã.
1 Confira no anexo os detalhes mais importantes deste tipo de manobra ofensiva alemã.
As anexações nazistas de 1939 (ai incluída a ocupação de Memel, na Lituânia “alemã”)
levaram, finalmente, França e Inglaterra à mesa de negociações (ainda que de forma pouco
enérgica), visando impedir que o "Führer" se apossasse do "Corredor de Dantzig" e da Polônia.
Apesar da advertência dessas duas potências, Hitler não se deteve. Ao contrário; firmou com
Mussolini o “Pacto de Aço” (Nazi-Facista) e, na madrugada de 7 abril 1939, a Itália invadiu a
Albânia, para servir de base a futuras ações nos Balcãs.
Em agosto, o Ministro das Relações Exteriores da Alemanha – Ribbentrop - assinou em
Moscou, com seu equivalente soviético – Molotov - o Pacto Germano-Soviético, visando
afastar a possibilidade de guerra em duas frentes, como ocorrera em 1914 ( além de acertos
territoriais, como a futura restituição à Rússia dos Estados Bálticos e a repartição da Polônia, a
ser executada, entre os contratantes).
No dia 1° de setembro de 1939, forças motorizadas alemãs invadiram a Polônia,
executando com facilidade a Blitzkrieg. Por leste, a URSS apossou-se do que lhe tocava pela
partilha contratada com os alemães – mas a repercussão foi quase nenhuma.
No dia 3 seguinte, a Grã-Bretanha enviou um ultimatum a Hitler, declarando o estado de
guerra entre os dois países, “se o governo alemão não desse ordem para suspender a ação
agressiva contra a Polônia” (ainda contemporizava...). No mesmo dia a França também anunciou
o estado de guerra com a Alemanha. Só que nenhuma das duas fez um só movimento em direção
à nação que haviam se comprometido a defender. Pior: a França, vizinha, não deu um tiro sequer
em direção à Alemanha. “Eles podem revidar”, dizia a diretriz do Alto Comando (!) a seus
comandados na linha de fronteira2.
Também, talvez de caso pensado, nenhum dos dois decretou guerra à URSS, que também
invadira a Polônia...
Estava, assim, iniciada o que viria a ser a SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, com um
oponente ofensivo, ativo, e o outro estático, demonstrando pouca vontade de lutar.
Situação No Início Da Guerra
Em 1939, a Wehrmacht tinha a seguinte composição:
- o Exército de Terra (Das Heer), sob o comando do Mar Brauchitsch;
- a Marinha de Guerra (Die Kriegsmarine), sob o comando do Almte Raeder;
- o Exército do Ar (Die Luftwaffe), sob o comando do Mar-do-Ar Göring.
Os comandos das três forças estavam subordinadas ao "Oberkommando der Wehrmacht" (O
K/M – “Alto Cmdo das FA) ), encarregado da direção geral da guerra, sob a autoridade do Mar
Keitel, representante do Fürer (Comandante Supremo das Forças Armadas).
2- A Queda da França em 1940
2 O único gesto positivo dos franceses foi realizar uma loteria em prol da “Polônia Heróica”.
a. O quadro alemão
Por ocasião do ataque alemão à França (10 de maio de 1940), o Exército alemão
compreendia 175 divisões da ativa, das quais 10 blindadas (Panzer Divisionen). Além disso, para
cada unidade do Exército de Campanha correspondia uma da Reserva (Ersatz).
Quando a Alemanha trouxe seus meios mais modernos da Polônia, recém ocupada, para a
frente ocidental, veio com a determinação de evitar o que Hitler chamava de "outro milagre do
Marne" (referência à manobra que barrara a ofensiva germânica na 1ª GM), pois iria realizar,
com meios modernos, o velho plano “Schlieffen” – o que poucos acreditavam..
Para tal, dispunha de três elementos fundamentais, que vão dar à guerra de 1939 a 1942
um aspecto totalmente diverso do passado:
- a mecanização, configurada nas Divisões Blindadas (DB) para a ruptura;
- a motorização que permitiria o deslocamento de forças concentradas a tal distância da frente,
que o adversário não poderia deduzir em que ponto incidiria o peso do ataque; e
- a aviação, que isolaria a frente do campo de batalha de sua retaguarda.
Surpresa, velocidade e superioridade esmagadora aplicadas no ponto fraco do adversário,
eis as três regras básicas de que se valeu o exército alemão para o seu êxito.
b. O quadro francês
Depois da vitória de 1918 e da queda do governo Poincaré em 1924, a França foi
entorpecida pelas idéias de desarmamento, da segurança coletiva e do pacifismo.
A tendência de seus líderes militares mais influentes evidenciava uma regressão, não a
1914 nem a 1918, mas a 1870, para as concepções estáticas dessa época, com a sua mística das
"velhas posições" defensivas. Enquanto os ensinamentos de 1914-18 conduziam os germânicos
ao combinado carro-avião, os franceses mantinham o culto da defensiva que levaria à Linha
Maginot.
Por sua vez, o governo do socialista Leon Blum (do “Front Populair”, 1936-7 e, depois,
em 1938) foi incrivelmente nefasto ao país ao incutir na população o pacifismo difundido pelas
“Internacionais Socialistas” e no esvaziamento de medidas em prol da defesa nacional. Foi fraco
ou conivente quando a Alemanha passou a conduzir operações psicológicas junto à população
francesa, usando jornalistas e artistas locais.
Por conseguinte, em 1939, imperava em grande parte da nação a confiança na Linha
Maginot e o sentimento da superioridade do concreto sobre o carro de combate, além de um
grave pacifismo.
Por outro lado, desprezando os ensinamentos da Guerra Civil Espanhola, o exército
francês não se deu conta da importância capital do apoio aéreo no campo de batalha e ainda via
nos CC apenas o meio de abrir caminho para a Infantaria, pela neutralização das armas
automáticas inimigas. A principal voz destoante era a do Coronel De Gaule, que preconizava
novas Grandes Unidades (GU) blindadas, dotadas de adequados rádios para comunicações
durante as operações.
Além disso, aquela guerra havia demonstrado que a defesa linear, a que os franceses
ainda adotavam, já não resistia ao peso de um ataque moderno. Era preciso que ela fosse
planejada e organizada em todas as direções, inclusive contra os carros e os pára-quedistas.
Com este estado de espírito e doutrina obsoleta o exército francês apresentava-se, em
1939, diante dos alemães com 88 Div de Infantaria (DI), 3 Div Mecanizadas leves e 6 Divisões
de Cavalaria (DC). Seus carros de combate B-1 eram os mais modernos do mundo – e os tinha
em boa quantidade, assim com milhares dos R-35, Renault, mas eram todos previstos para serem
disseminados pelas DI. A maioria nunca foi distribuída. Quando, às vésperas da invasão, após
tantos meses de guerra declarada, mas inativos, os franceses decidem organizar as 3 DB para as
quais teriam material, só conseguiram criar no papel, em 15 de maio, já em curso das
operações, uma – a 4ª DCR, entregue ao seu grande propagador, o Cel De Gaule (logo
promovido a General). Ainda assim, ele teve que ir recolhendo aos poucos, no terreno, os CC -
bem como os oficias (alguns jamais tinha entrado em um CC) e praças que nunca tinham
realizado um só exercício de blindados. Diga-se que esta GU, apesar da inexperiência, será a
única francesa a realizar um contra-ataque em maio de 1940 !
A Força Aérea dispunha de 1.450 aeronaves, com expressivo número de caças e
bombardeiros modernos, só que nunca recebeu uma missão de combate. Alguns pilotos
decolaram por iniciativa própria, sem saber se teriam a mesma base para pousar em fim de
missão, quando da vertiginosa penetração alemã. A defesa antiaérea era quase inexistente.
O cerne da incapacidade esteve sempre na antiquada e limitada organização do Comando
Geral, pois o Gen Gamelin, Cmt-em-Chefe,era também chefe do EM da Defesa Nacional e tinha
sua autoridade limitada pelo "Comitê de Guerre"! Nunca organizaram, por exemplo, uma
“Reserva Estratégica” para intervir no combate. Algumas Unidades estavam com suprimentos
muito acima de suas necessidades, enquanto outras viviam à míngua. As informações eram
poucas e sem oportunidade. As comunicações beiravam o caos. A mobilização desastrosa,
como sempre aconteceu, desde 1870, levava os homens para locais onde não encontrariam suas
unidades, retiravam mão de obra especializada das fábricas e, quando estas se queixavam,
iniciava-se um longo ciclo para encontrar aqueles homens mal destinados. Quando uma unidade
começava a tomar pé no seu terreno, era logo transferida para outra frente. Os meios de
transporte chegaram, desta forma , a uma situação de colapso (e lembremos que a rede
ferroviária francesa era exemplar). Três Exércitos franceses (com um total de 24 Divisões)
foram postados atrás da Linha Maginot, sem qualquer serventia ! E, detalhe: os canhões desta
só tinham como atirar em direção à Alemanha, não podendo intervir em um combate durante o
qual fosse flanqueada.
c. O quadro inglês
As divisões inglesas, organizadas às pressas, não possuíam seu material completo. A
Marinha, ainda numerosa, era um tanto ultrapassada, se comparada com as novas belonaves
alemãs. Havia alguns aviões de projeto moderno ( Hurricanes, Supermarine Spitfires), mas boa
parte era de aeronaves pouco operacionais para os padrões que se impunham. Contudo, em
poucos meses começaram a sair de fábricas na Inglaterra e nos EUA, outros caças, caças-
bombardeiros e bombardeiros pesados, cada vez mais eficientes.
Os ingleses somente irão apresentar um excelente exército após a queda da França,
beneficiando-se do tempo que a incapacidade alemã para invadir as ilhas Britânicas lhes
proporcionará. Os alemães esperavam vencer os britânicos mediante um bloqueio naval e
recorreriam à guerra submarina. Para quebrar a vontade nacional e levar a Ilha, no mínimo, a
uma neutralidade, Hitler resolveu bombardear sistematicamente as principais cidades britânicas,
visando desestruturar a produção e quebrar o moral da população. Com isso imaginou,
paralelamente, desgastar e neutralizar a Royal Air Force (Real Força Aérea ou RAF) - o que deu
lugar à “Batalha (aérea) da Inglaterra”, na qual foi derrotado.
Paralelamente, houve a intenção de invadir a Ilha, tendo sido desenvolvido e iniciada a
preparação do plano “Leão Marinho” – que nunca chegaria à execução, por não terem
conquistado a
indispensável
superioridade aérea nos céus
britânicos e não
disporem de uma
Armada que lhes
garantisse os
movimentos no Canal da
Mancha.
Ainda assim, o
certo é que, como os
britânicos, as demais
nações que lutaram
contra a Alemanha nos
primeiros meses, não
estavam em condições de
enfrentar a máquina de
guerra nazista.
Desenrolar dos
Acontecimentos
Após o longo período de inação (3 de Setembro de 1939 a 10 de maio de 194), em que os
alemães chegaram ao requinte de enviar periodicamente aos franceses, através do Reno, botes de
borracha com “Equipes (militares...) de Confraternização” (sempre muito bem recebidas !), os acontecimentos
agora fluiriam com grande rapidez :
Em 10 de maio de 1940, na véspera do amplamente anunciado l icenciamento do
contingente francês das classes de 1912 e 1913, mobilizado para a guerra por eles declarada (!), a
Alemanha invadiu a Bélgica e os Países Baixos, com seu Grupo de Exércitos "B",do Gen
Block. Uma vez mais, nos moldes da “Blitzkrieg”, lançam pára-quedistas sobre pontos-chaves e
garantem a abertura do prosseguimento para o sul. Era o passo preliminar para a invasão da
França. Enquanto isso, o Grupo de Exércitos "A", de von Rundstead, precedido por três Corpos
Panzer, executa o esforço principal dos alemães entre Dinant e Sedan (mais uma vez as
ARDENAS!), onde rompe uma brecha nas linhas francesas e por um longo envolvimento isola
os exércitos aliados que combatiam em Flandres.
O exército holandês se renderia em 14 de maio. Os britânicos e os franceses, que haviam
acorrido para a região de Flandres, se viram obrigados a retroceder sob pressão e envolvidos pelo
sul e por leste, até uma praia vizinha a Dunquerque. Eles escaparam de uma grande destruição e
viriam a ser evacuados para a Inglaterra, de forma épica, por uma frota das mais variadas embarcações e
navios. Tudo graças à ordem de Hitler para que o Gen Guderian detivesse a sua vigorosa
progressão de blindados (pois temia que eles viessem a ter sua ligação com a retaguarda cortada)
. O rei belga, Leopoldo III, capitulou no dia seguinte.
Logo após a captura de Dunquerque, a invasão da FRANÇA em uma segunda fase. As
Div Panzer alemãs, que estavam voltadas para noroeste, roçaram, sem perda de tempo, para o
Sul, na direção de PARIS. O sistema de comando francês, por sua vez, estava totalmente
desmantelado, emitindo ordens para Unidades que não mais existiam ou determinando
movimentos que já não tinha razão de ser. As tropas francesas se rendiam sem combater,
bastando a chegada diante delas de frações alemãs, até menores em efetivo. Os prisioneiros eram
tantos que, se não estivessem tão estioladas suas vontades, não haveria efetivos alemães
suficientes para controlá-los. Houve casos de longas filas seguirem docilmente para a
retaguarda, sem qualquer guarda e com a recomendação para não atrapalhar a circulação de
viaturas alemãs !
Mas as ações germânicas não perdem o ímpeto diante daquela frouxidão. Há o intuito de
varrer do terreno todo e qualquer núcleo inimigo. Outro grupamento de forças blindadas de
Guderian toma a linha Maginot pela retaguarda, praticamente sem combater, e vai buscar a
ligação com o Grupo de Exércitos "C" de von LEEB, que atacava pelo leste.
A Itália declarou guerra à França e à Grã-Bretanha em 10 de junho, quando a
Wehrmacht já transitava livremente de Paris para o norte.
Em 14 de junho os alemães entram em Paris e o Mar Pétain, com seus exércitos em
colapso, é compelido a pedir armistício. Os nazistas já haviam atingido Bordeaux !
Em 25 desse mesmo mês de maio, o Marechal Henri Philippe Pétain assinou, em
Compiègne, no mesmo vagão ferroviário em que fora assinado o armistício de 1918, o
Armistício através do qual concordou que o Reich controlaria o norte e a faixa atlântica da
França. A esquadra francesa, de bastante expressão à época, deveria permanecer neutra.
(Veremos que os britânicos, temendo que ela viesse a ser empregada pelos alemães,
providenciarão a sua destruição3 – o que acabará por lançar alguns franceses nos braços nazistas,
tal a tradicional animosidade para com os britânicos).
Pétain estabeleceu a capital em Vichy. Durante todo o seguinte mês de junho, nenhuma
bomba é lançada sobre a Inglaterra e em julho a atividade aérea se reduz a ataques aos portos.
Hitler quer se mostrar, novamente, conciliador, pacifista; anuncia uma desmobilização parcial do
Exército alemão, através da dissolução de 35 Divisões. Todos os seus depoimentos para os
íntimos versam sobre o mesmo tema: “os ingleses vão negociar, a campanha do Ocidente
terminou”. A preocupação, agora, será com a frente oriental.
O Crescimento da Reação dos Aliados nos TO Mediterrâneo e Europeu
A vitória do Gen Montgomery sobre as forças de Rommel em El Alamein (Out 42)
permitiu aos ingleses iniciar uma grande contra-ofensiva e encetar a perseguição aos ítalo-
germânicos até a Tunísia. A esse tempo, as tropas do “Eixo” já estavam enfrentando também
franceses livres que do Sul (região do Lago Tchad), com o Gen Leclerc à frente, se juntariam às
tropas de Montgomery.
3 Vide anexo “C” a esta Unidade : “O fim da esquadra francesa de 1940”
Para completar a derrocada alemã, os EUA, que haviam declarado guerra ao “Eixo” em
dezembro de 1941, desembarcaram em Oran, Argel e Casablanca (Nov 42). milhares de
homens e muitos materiais e equipamentos novos que seriam testados em combate, vindos
diretamente dos EUA, sob o comando do Gen Dwight Eisenhower.
Após breves, mas árduos combates, as tropas norte-americanas fazem junção com as
inglesas, cooperando com a limpeza da África do Norte de todas as forças do “Eixo”.
Na etapa seguinte, em 9 de julho de 1943, os Aliados iniciaram a invasão da Sicília
com tropas do VIII Exército Inglês e do V Exército Americano. No dia 16, a conquista estava
terminada e estes Exércitos estavam prestes a invadir a Itália. Patton e Montgomery são
deslocados de seus comandos para participar na Inglaterra do planejamento do desembarque na
França.
A invasão da península por Taranto e Messina é concretizada em 3 setembro, data
em que Mussolini é deposto e preso. A Itália se rende, ainda que muitos de seus soldados
tenham ido engrossar as fileiras da Wehrmacht, que invade a Bota pelo norte e vai opor fortes
resistências à progressão aliada – inicialmente na “Linha Gustav” e, depois, na “Linha Gótica”,
última barreira antes do vale do Rio Pó. Nápoles, conquistada em 2 de outubro, torna-se
importante ponto de apoio às naus aliadas, enquanto Roma só cairá em 4 de junho de 1944,
dois dias antes do Dia-D na França.
A tropa da Força Expedicionária Brasileira (FEB) participará intensamente desta
progressão para o Norte, enquadrada pelo 4° C Ex do V Ex dos EUA. Não cabe aqui registrar
suas importantes vitórias durante os dez meses de sua atuação, mas deve-se destacar o
aprisionamento de 2 Divisões inimigas : a 148ª Divisão de Infantaria alemã e os efetivos
remanescentes da Divisão “Bersaglieri”, em uma única operação de alto movimento. ( Para
saber mais, vide Anexo “E” a esta Unidade)
3 - O Desembarque e Batalha pela Normandia
“Vocês estão para embarcar na Grande Cruzada.
Os olhos do mundo estarão sobre vocês." (Gen
Eisenhower a seus soldados, véspera do Dia-D)
a) Preliminares
Em abril de 1942, pouco depois da entrada dos EUA na Guerra, ficara acertada a invasão
da França. Na conferência de Trident (Washington), em maio de 1943 - convocada para decidir
sobre o desembarque na Sicília, Roosevelt e Churchill acabam definindo, também, a Operação
“BOLERO”, para desembarcar 29 Divisões em praias francesas do Canal Inglês (Mancha), em
maio do ano seguinte. Os planejamentos foram sendo incrementados por NA e britânicos,
inicialmente pelo Estado-Maior Conjunto do Comando Supremo Aliado. Enquanto isso, os
meios foram sendo concentrados no grande “porta-aviões” das Ilhas Britânicas – em abril
de1944, já eram 1,5 milhões de americanos, juntamente com 500 milhões de toneladas de
equipamentos e suprimentos diversos. Os britânicos concentraram 1,75 milhões de homens,
mais 175 mil de outras tropas do Commonwealth.
Os ingleses, durante esse período, realizaram numerosos reconhecimentos sobre as costas
inimigas, para avaliar o poderio das defesas, as condições do tempo e os níveis das marés. Foram
assim preparados informes detalhados sobre pontos do litoral (inclusive a Normandia), que eram
de essencial importância para o desencadeamento de futuras operações. Houve uma ação
fracassada de comandos britânicos e canadenses sobre o porto de Dieppe – de características
suicidas - que mais pareceu ter sido para chamar a atenção alemã para aquela região, desviando-a
do destino pretendido. Na verdade, o insucesso daquele incursão trouxe uma valiosa experiência.
Dirigido diretamente contra as poderosas fortificações do porto francês, demonstrou a
conveniência de não se atacar os portos, onde os alemães sempre concentravam seus meios de
defesa, mas sim as praias e zonas pouco povoadas, abertas. Revelou, também, a necessidade de
contar com apoio de fogo concentrado da esquadra e de aviação desde os primeiros momentos do
desembarque. A falta desse apoio custara aos aliados, em Dieppe, altíssimas perdas. Os estudos
realizados conduziram finalmente à elaboração do projeto definitivo, terminado a 15 de
julho de 1943, sob a denominação de Operação Overlord.
Como os comandantes da Luftwaffe no começo da guerra, alguns comandantes norte-
americanos e britânicos argumentavam que tal desembarque seria extremamente custoso em
vidas e em material. Diante do sucesso dos últimos bombardeios em massa à Alemanha, às suas
cidades e fabricas, tal operação era desnecessária e de sucesso duvidoso.
Contudo é indispensável registrar que, apesar dos milhares de toneladas de bombas
lançadas nas regiões de produção de artigos estratégicos, de munições e de gasolina sintética,
esses produtos saiam das linhas fabrís em quantidades maiores do que em 1941, quando da livre
expansão nazista. A Alemanha chegou a produzir durante a guerra 1.337 submarinos - a maioria
após 1942 ! (Só para comparar: em toda a guerra os EUA tiveram 422, o Reino Unido e o Japão
167 cada, a URR 52, e a Itália 28)
Aproximava-se o período escolhido e foi tomada a crucial e decisiva decisão: prosseguir
com a operação OVERLORD; agora faltava definir um Comando Supremo das Forças
Expedicionárias Aliadas (SHAEF) – bem como escolher seu comandante. Esta providência foi
da maior importância para o sucesso da operação. Definido que deveria ser um Oficial General
americano, a escolha recaiu sobre o Gen Dwight David Eisenhower. Para contrabalançar as
ciumeiras do Gen Montgomery (o britânico responsável pela derrota de Rommel no norte da
África), este foi nomeado Comandante Geral das Forças Terrestres de Desembarque,
subordinado ao SHAEF.
Do lado alemão, para opor-se aos quase 2 milhões de homens que preparavam-se para
atacar, estavam os 300 mil militares do Marchal-de-Campo von Gen Rundstedt,. Eles estavam
apoiados em mais de 15.000 pontos fortes e junto a eles havia várias Divisões Panzer (blindadas)
em Reserva. É interessante anotar que outros 300.000 soldados nazistas permaneceram inativos
na Noruega, até o final da guerra, aguardando o ataque esperado por Hitler em função de alguns
raids executados pelos aliados àquelas paragens4. O Gen Erwin Rommel (conhecido como “A
Raposa do Deserto”), Comandante do Grupo de Exércitos “B”, era o responsável pela “Muralha
do Atlântico5, a qual cobria exatamente toda a faixa onde os desembarques seriam executados. A
ele estavam designadas 7 Div Panzer – só que o emprego de 4 delas estava diretamente
subordinado ao Füher (!)
A Luftwaffe era dirigida de Berlim, diretamente pelo Mal Göring, naturalmente também
sob vontade pessoal de Hitler. Já não controlava mais o espaço aéreo.
4 A maioria foi realizada, não com efeito de preparar desembarques, mas sim por serem locais indicados pela Inteligência como
de produção de água pesada para a bomba atômica alemã. Mas fizeram, também, é certo, papel de fintas. 5 Conjunto de obstáculos em terra e submarinos e grandes barreiras em concreto, casadas com campos minados, fossos anti-
carros, além de incontáveis casamatas dotadas de armas as mais variadas – de ninhos de metralhadoras, varrendo as praias, até
foguetes e canhões de grandes calibres, capazes de afundar qualquer navio que se aproximasse da costa.
Dentro do plano estratégico geral aliado, a invasão da Europa Ocidental seria
conjugada com uma ofensiva russa de verão. Uma das maiores dificuldades era devida à
imperiosa necessidade de conquista e manutenção, no mais curto prazo, de um porto de bom
porte, suficiente para por ele escoarem as milhares de toneladas necessárias ao suporte da
empreitada, além do desembarque de viaturas de toda ordem.
A invasão da França comportaria: este desembarque de grande expressão ao norte (Op.
OVERLORD) e outro secundário ao Sul, na região de Cannes-Marseille (Operação ANVIL,
posteriormente denominada DRAGOON).
Após toda a longa preparação, ao invés do desembarque na região mais provável (Passo
de Calais) - que poderia ser escolhido até pelo menor exposição à ação inimiga durante um
trajeto marítimo mais curto, a partir de Dover – optou-se pela costa da Normandia, onde os
objetivos a conquistar, para a garantia do sucesso, ainda estariam dentro do raio de ação da
aviação de caça baseada no sul da Inglaterra.
A superioridade aérea (pelo menos local) teria que ser mantida a qualquer custo. Havia,
ainda, a grande probabilidade de isolar e conquistar, em curto prazo, o tradicional porto de
Cherbourg, na península de Contentin. Além do mais, o terreno era propício à instalação de
pequenos aeródromos, o que solucionaria o problema do apoio aéreo, quando a frente se
estendesse.
b) Preparativos
Algumas manobras de despistamento foram realizadas, particularmente quando espiões
informaram que “Hitler e seu Alto Comando estavam cada vez mais certos de que o
desembarque deveria ocorrer na faixa próxima a Calais”. As operações de simulação e
dissimulação foram centralizadas em um palacete isolado, a cargo de somente 13
especialistas, para que não houvesse interferência nocivas ou vazamentos. Além de
simulações pontuais e aparentemente banais (como aquela real, narrada em livro e transformado
em filme de sucesso: “O Homem Que Nunca Existiu”), outras de maior vulto foram orquestradas
empregando pletora de meios. Como exemplo, o famoso Gen Patton (muito conceituado entre
os militares alemães), foi deixado transparecer, “comandava o IV Exército de Campanha” (que
nunca seria constituído para uma forjada “Operação FORTITUDE”.. .), na região de Kent,
quase diante de Calais. Ali estariam sendo treinados cerca de 1 milhão de soldados . Milhares
de barracas em “áreas proibidas” ao público, de viaturas e blindados infláveis, de simulacros de
canhões de madeira, completavam o quadro do “Exército que Nunca Existiu”. Patton circulava
desenvolto pela região. Eisenhower também foi visto por lá...
Para melhor simular, os britânicos montaram naquela área quatro estações rádio de alta
potência que transmitiam diuturnamente, enorme volume de mensagens falsas, codificadas,
dando idéia de um tráfego de comunicações de alto nível, como era de se esperar em uma
ocasião de operação militar daquele vulto. E, como não poderia deixar de ser, a região de Calais6
recebeu duas vezes mais bombardeios aéreos do que a Normandia, até a noite que precedeu o
assalto.
Balões metalizados, conduzidos amarrados a lanchas no canal, simulariam nos radares
inimigos, navios de grande porte e folhas de papel alumínio lançadas por bombardeiros da RAF
apareceriam como uma grande incursão de aviões – tudo em direção a objetivos falsos. A
6 Até porque abrigava rampas lançadoras de bombas voadoras que atacavam Londres...
pantomima se completaria com o lançamento de milhares de miniaturas de bonecos pára-
quedistas que, iluminados por holofotes, davam perfeita idéia de realidade, fazendo acorrer para
seus locais de aterragem substancias efetivos e, depois, quando dos lançamentos reais,
estabelecendo confusão entre os defensores.
Naturalmente as medidas de sigilo tinham de ser extremamente rigorosas e até um
General do círculo de amizades pessoal de Eisenhower teve de ser por este destituído, por ter
falado demais quando bebia em uma reunião. Escapou da pena de morte, pelos altos serviços
anteriores, mas foi imediatamente rebaixado e enviado de volta para os EUA.
Além da todas as precauções com dissimulações, simulações e sigilo, por vezes o
imponderável –sorte, ou outro nome que se quiser dar – também influi decisivamente para o
efeito que se quer alcançar. Durante o mês de maio os reconhecimentos aéreos alemães
alcançaram mais de uma vez a costa sul da Inglaterra; ainda assim, no dia 4 de junho (véspera da
data inicialmente prevista) o Almte Krancke informava duvidar “que o inimigo já tivesse reunido
a frota necessária para a invasão”...
Visando a plena exeqüibilidade do planejamento, alguns materiais e equipamentos
tiveram que ser especialmente desenvolvidos para a operação:
* Dois portos artificiais, constituídos por uma série de grandes paralelepípedos ocos, em
concreto – alguns com ninhos de metralhadoras anti-aéreas – para serem rebocados através do
Canal e afundados em série no destino, próximo a duas das praias de desembarque (em Omaha e
Arromanches), para servirem de cais de atracação para navios de transporte ( eram os
“mulberries”). Para evitar a ação de vagas sobre eles, mais de 100 navios antigos seriam
afundados em amplos quebra-mares em forma de arco, na periferia.
* Grandes bobinas flutuantes seriam rebocadas, desenrolando simultaneamente dutos
de borracha ultra-resistente, destinados a levar para a Normandia, pelo fundo do Canal,
gasolina, óleo diesel, lubrificantes e água, diretamente da Grã-Bretanha.
* Jipes e Caminhões anfíbios, vindos diretamente dos EUA para a operação.
* As lanchas e os grandes Navios de Desembarque ( que abriam a proa para os
embarques e desembarques), especialmente desenvolvidos e/ou aperfeiçoados:
- Os LCR (Landing Craft Rocket, barcos de desembarque lança-foguetes), que
conduziam 780 foguetes, cada um dos quais com o poder destrutivo de um projétil de um canhão
de 4 polegadas (102 mm). Provaria sua utilidade pelo seu intenso poder concentrado de fogo e
pelo dano que causaria nas praias.
- Os LCT (Landing Craft Tanks, lanchas de desembarque para 5 CCs e 75 homens), de
excelente aproveitamento, pois os blindados acabariam sendo depositados em terra mais depressa
do que se esperava.
- Os LSI (Landing Ship Infantry, navios para transporte de18 a 24 embarcações de
assalto e 1.100 homens).
- Os LST ( Landing Ship Tanks, navios de desembarque para 30 CC, veículos e 175
homens, dotado de rampa.)...
... e os mais numerosos7, baratos e decisivos LCVP ( Embarcação de assalto, para um
veículo leve ou 36 homens). O “barco Higgins” , em madeira, com revestimento externo da
rampa em metal, para a proteção dos homens embarcados, era fácil de construir e de transportar.
Eisenhower costumava dizer que graças àquela invenção de Andrew Higgins, empresário de
New Orleans, fora possível realizar um desembarque daquele porte que os levara à vitória final
no Mediterrâneo, na Normandia e nas ilhas do Pacífico.
* Os CC Churchills com adaptação de morteiros de 290 mm (para neutralizar ninhos
de metralhadoras instalados em abrigos de concreto) ou Lança-chamas.
* Os CC Shermans, com rolos de correntes lançadas à frente quando da progressão,
para fazer explodir campos minados ; vários outros com dispositivos de lona que se
armavam em torno para proporcionar flutuação, para leva-los às praias durante o
desembarque. Destes, poucos tiveram sucesso, devido às terríveis condições de mar por ocasião
do desembarque. Outras adaptações, como lâminas de buldozers, dispositivo para socorro a CC,
obuseiro 105 mm e tudo mais que pudesse facilitar os trabalhos sob fogo.
Mais de 200 navios caça-minas fizeram a varredura de minas do canal e 63 balizadores
foram empregados para a segurança da frota de desembarque. Mas as condições atmosféricas
impediram que na data prevista – 5 de junho – a Operação fosse lançada, apesar de toda a frota já
estar embarcada. Mas o adiamento não poderia passar de UM DIA, sob pena de ter de
desembarcar o pessoal, fazer voltar as embarcações aos portos de origem, e esperar praticamente
um mês – o que, muito provavelmente, representaria a quebra de sigilo e da tão preservada
SURPRESA !
É preciso considerar que um eventual fracasso retardaria grandemente o fim da guerra e
traria um enorme custo em vidas e materiais – sem contar que poderia vir a resultar na divisão
da Europa entre duas ideologias ditatoriais e sanguinárias: a Nazista e a Comunista.
c) Finalmente, o Dia –D !
Na tarde de 5, Eisenhower obtém a informação de ligeira melhora nas condições
atmosféricas, exatamente na “janela” aberta para o dia seguinte, 6 de junho de 1944. Nada de
excepcional, mas bem melhor do que antes e seguramente do que se seguiria. “Vamos !”, foi a
palavra de ordem.
A grande invasão
foi iniciada
silenciosamente
naque la
madrugada, com
os saltos das 82ª e
101ª Div Pqdt
americanas e da
6ª Div Pqdt
britânica ( no
conjunto essas
ações constituíam
7 Com 11m de comprimento e 3,2 m de largura, foram construídos mais de 20.000 durante a guerra. O mais
importante é que seu desenho o capacitava a levar um pelotão inteiro para a praia de desembarque.
a Operação NEPTUNE) seguidos de incursões de planadores, nos aprofundamentos das praias e
falésias entre Cherbourg e o rio Orne. A costa do Contentin, já pantanosa, teve represas rompidas
pelos alemães para prejudicar operações dos Pqdt americanos.
A 6ª apossou-se das pontes sobre o canal de Caen e do Rio Orne, a leste. A 82º, sob o
comando do Ten Gen Matthew Ridgway, aterrou próximo a Sainte-Mère-Église, na base da
península de Contentin, enquanto a 101ª, comandada pelo Ten Gen Maxwell Taylor , foi
apossar-se das regiões que garantiriam o flanco esquerdo do desembarque em UTAH – região de
Carentan. (Confira no mapa as rotas adotadas pelas aeronaves americanas para iludir a
localização da área de salto)
Na iminência do alvorecer , desencadeou-se o maior bombardeio aeronaval jamais visto
até aquela data. Todas as belonaves - de destroyers a couraçados - despejaram milhares de
toneladas de granadas sobre as posições defensivas e seus aprofundamentos. Os aviões aliados,
por sua vez,
lançaram 76.000 t de
bombas .
Precedidos por
“comandos” que
procuraram neutralizar os
obstáculos
submersos, 176.000
homens iniciaram às
06:30 h o
desembarque,
transportados por
cerca de 4.000
embarcações
especializadas.
Felizmente para os
Aliados, os alemães,
pegos de surpresa,
tiveram um tempo de
reação limitado – em
parte porque os seus
principais chefes estavam fora de seus PC (inclusive Rommel, em visita de aniversário à esposa
em Berlim). Por outro lado, ainda acreditando no desembarque em Calais, quando notificado do
desembarque em outro ponto, Hitler recusou-se a autorizar o deslocamento e emprego das
Divisões Panzer solicitadas em reforço. No extremo oeste da faixa, nas praias UTAH, o desembarque
foi rápido e seguro. Os 23.000 soldados do VII CEx do Gen J. Lawton Collins progrediram
bem na substancial cabeça de praia conquistada no Contentin – parte pelos efeitos da preparação
aeronaval, e parte devido à confusão causada na retaguarda inimiga pelas incursões dos pára-
quedistas da 82ª. A junção ocorreu ainda naquela jornada, e as baixas limitaram-se a 197 feridos
no primeiro dia !
Já em OMAHA a história foi bem diferente. Ali, o V CEx do Ten Gen Leonard T.
Gerow desembarcou sob uma tempestade de fogos de Artilharia e de metralhadoras que
varriam a praia que, naquele instante, se alongava por cerca de 300m, cobertos
de obstáculos e minas, e onde aqueles que passavam incólumes (ou quase, pouco feridos) iam
se acumular ao sopé da falésia arenosa. E dali não conseguiam sair, seja pelo fogo vindo dos
flancos, seja porque a areia encobria, de fato, um contínuo paredão de espesso concreto.
Por toda aquela frente, várias centenas de militares do corpo de engenheiros deram suas
vidas para tentar impedir que o ataque fosse contido logo no seu desembarque. E as
vagas de homens vinham sendo jogadas naquela arapuca, agora misturados todos os postos e
graduações, quebradas a frações operacionais, naquela balbúrdia em que o principal era salvar a
própria pele. Os defensores alemães, ai pelas 15:00 h, começavam a baixar seu grau de preocupação quanto a
posição de OMAHA, pois era certo que haviam prendido os atacantes em uma armadilha da qual
não tinham escapatória. Mas justamente nesta ocasião, um coronel começou a percorrer aquele
ajuntamento e a constituir Grupos de Combate, Pelotões e Companhias, designando os
respectivos comandantes, enquanto os engenheiros recolhiam todos os explosivos disponíveis
para, finalmente, abrirem “uma porta” naquela formidável barreira, por onde aquela multidão
retida na praia começou a escoar.
Junto com munições e demais suprimentos, são desembarcados em segurança novos
carros de combate. As embarcações, ao retornar, levam os feridos graves.
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dade
no desembarque, em si, mas logo teve que enfrentar contra-ataques dos blindados que guarneciam
a região chave de Caen.
Também aqui houve o benefício proporcionado pela teimosia de Hitler em admitir que
deveria reforçar os defensores com suas Div Panzer mantidas em reserva. De nada adiantaram
os pareceres de Rundsteadt e de Rommel para que se fizesse um retraimento organizado para
concentrar os meios de defesa em posições mais favoráveis ao norte – agora que o inimigo
firmara o pé no continente e vinha trazendo cada vez mais Divisões, viaturas, blindados e
suprimentos para os combates, além de já contar, desde o dia 7, com inúmeros aeródromos
naquela zona de operações. A ordem de Hitler foi de que o retraimento estava proibido e seria
encarado como traição ao Reich.
Outro fator favorável aos atacantes foi que, apesar das sérias condições atmosféricas que
chegaram a desarticular, uma semana após, o “mulberry” de OMAHA, o de Arromanches, no
setor GOLD, continuou operando e proporcionando todo o apoio logístico e de
recompletamentos – inclusive, depois, também para os norte-americanos, até a liberação de
Cherbourg (29 de junho) e de todo o Contentin.
Naturalmente, esta história se fazia, também, sobre fatos dramáticos. A data de 13 de
junho não é celebrada na maioria dos relatos que encontramos nos livros, mas o resultado do
combate ocorrido, neste dia, em Villers-Bocage, entre um só CC Tiger e uma coluna de 25
viaturas mecanizadas e blindadas da 7ª Div Blindada britânica (os “Ratos do Deserto”), foi
assustador para os Aliados. Com o seu canhão de 88 mm, o Tiger atingiu o primeiro e o último
carro do comboio em segundos, e passou a destruir, um a um, todos os demais da coluna – o
que o fez em cerca de cinco minutos. De nada adiantou o revide com impacto direto de granada
lançada pelo canhão de um CC Cromwell britânico; o Tiger continuou seu trabalho – inclusive
neutralizando o CC inglês. Ao final do incidente, computada a ação do restante do esquadrão
de Tigers germânicos, foram destruídos naqueles cinco minutos 25 tanques, 14 blindados de
meia-lagarta e 14 auto-metralhadoras blindadas ! Muito havia que se fazer para contrabalançar
aquela deficiência em blindados8!
No Contentin, em meados de junho, três desgastados C Ex alemães ( o VII, o VIII e o
XIX ) haviam se recusado a ficar isolados pelos americanos na região de Cherbourg, como fora
decidido pelo Führer ( destruir o muitas vezes centenário porto e “resistir até o último homem
!”). Lutaram com extraordinária habilidade e bravura, mesmo sem apoio aéreo; o VII e o VIII,
com a cobertura do XIX, conseguiram abriram uma brecha junto à costa oeste, por Avranches, e
evadiram-se. Não adiantou muito escapar dali pois, em Falaise, formou-se um bolsão no qual
muitos deles ficariam cercados. O que ficou patente é que eram combatentes da melhor
qualidade e não aceitavam ficar passivamente diante de inimigo algum. Muito menos cumprir
ordens absurdas. A propósito: Cherbourg foi preservada.
No seu setor, os britânicos, logo após
desembarcar no dia 6 de junho, tinham de
marchar rápido sobre Caen (que abriria a rota
para Paris), mas, no caminho, os alemães
estabeleceram uma feroz resistência em
Bayeux. Esta é desbordada, sendo
conquistada pela manobra no dia seguinte; só
em 13 de julho canadenses e britânicos
conquistam Caen (cercada desde 29 de
junho!)
8 Já ficara patente que o principal CC americano, o Sherman, era bastante inferior ao CC alemão no canhão e na
blindagem, além de pegar fogo com facilidade (motor a gasolina). Foi necessário investir em novos CC e no
aperfeiçoamento de armas anti-carro – “bazookas” e, mais no final da guerra, canhões sem recuo.
Com St Lô nas mãos dos Aliados desde 18 de julho, o recém desembarcado (e novo) III
Ex, pôde evitar um grande contra-ataque alemão, garantindo a estratégica região de passagem
sobre importante obstáculo em Avranches. O Gen Patton assume o seu comando em 1º de
agosto e, ousadamente, faz passar pela única ponte ali existente todos os seus meios, lançando
simultaneamente colunas blindadas em várias direções para efetuar a limpeza de toda a
Bretanha9, no mais curto prazo, pois pretende voltar-se para o norte.
Após árdua troca de espaço por tempo com os aliados que marchavam para o norte da França,
Bélgica e Holanda, os alemães retiraram-se para defender as regiões de passagem sobre o
Mosel e o Reno. Enquanto isso, desde 15 Ago estava em franco desenvolvimento a Operação
Dragoon, com os aliados p r o g r e d i n d o rapidamente da costa do Mediterrâneo para o
norte, particularmente pelo leste da França.
Eisenhower concordou em que se retardasse um pouco a entrada em Paris, de molde a que
tropas francesas do Gen Leclerc, vindas do sul, fossem as primeiras, trazendo vibração patriótica
ao ato. A “libertação” da capital só viria a ocorrer no dia 24 de agosto, tendo o Gen Charles De
Gaule assumido a organização do governo provisório.
Àquela altura, os soldados norte-americanos em solo francês ultrapassavam o milhão,
rodando sobre mais de 150.000 veículos, acumulando cerca de 1 milhão de toneladas de
suprimentos. E o brado corrente era : “Rumo a Berlim!”
No norte, até o fim da primeira quinzena de setembro, já estavam nas mãos dos Aliados,
quase toda a França e a Bélgica .
4 - A Batalha do Bolsão
Os aliados vinham progredindo, desde que deixaram as complexas operações de limpeza
na Normandia e Bretanha, segundo duas visões diversas: Montgomery e Bradley viam como
mais eficiente estreitar suas frentes na Bélgica e Holanda, forçando os alemães contra a bacia do
Reno e Colônia, enquanto meramente iriam fixando o inimigo no restante da frente, para leste,
com o III Ex de Patton. Já este (e a quase totalidade dos Generais americanos) preferia que os
britânicos fossem se apoderando dos portos oceânicos pela esquerda, em sua zona de ação
estreita, em direção a Colônia, enquanto os Exércitos americanos deveriam atacar em larga frente
na faixa do interior para garantir a conquista, no mais curto prazo, das amplas regiões do Saar, do
Ruhr e da Renânia. Eisenhower ficou com esta linha de ação. Assim, o Exército britânico
conquistou Bruxelas e o magnífico porto de Antuérpia, enquanto os I e III Ex prosseguiam
vigorosamente pelo centro e pela direita. Com dificuldades de dominar a foz do estuário do Rio
Escalda, que controla o porto belga, e pelo litoral recortado da Holanda – muito bem defendidos
pelo inimigo – Montgomery perdeu a impulsão. Pior; o porto de Antuérpia, bastante danificado,
ainda não podia ser aproveitado para as movimentações logísticas. As conseqüências foram
dramáticas para os I e III Ex que, a 600 km de Cherbourg e com suas reservas de combustíveis
se extinguindo, tiveram que deter suas progressões, deixando de aproveitar a fraqueza do inimigo
em suas frentes. Agora, teriam de esperar a primavera para prosseguir; mas não tinham se
organizado materialmente para enfrentar o inverno – nem uniformes brancos para neve foram
distribuídos ...
9 Curiosamente Lorient e St Nazaire foram deixadas isoladas e, sem serem jamais tomadas, permaneceram em mãos
dos alemães, isoladas, até o final da guerra – em 8 de maio de 1945 !
Várias tentativas de ampliar o movimento pela esquerda do dispositivo pouco resultado
apresentaram (inclusive a malfadada e sangrenta Operação Market-Garden, que foi fruto de uma
insistência de Montgomery contra todos os pareceres da Inteligência aliada). O inverno se
aproximava e já era quase certo que a guerra não iria “acabar pelo Natal”, como fora anunciado.
No princípio de dezembro,
os Aliados ainda esperavam
romper a linha de obstáculos
Siegfried e avançar sobre o Reno,
quando os alemães, aproveitando-se de
condições atmosféricas adversas, com
fortes nevascas que tiraram a
aviação inimiga dos céus,
lançaram uma poderosa contra-
ofensiva com 250 mil homens,
mais uma vez através das
Ardenas. A operação, vontade
pessoal de Hitler, vinha sendo preparada há meses para desarticular os Aliados que ameaçavam
o território nacional (Será que os alemães buscavam, mais uma vez um armistício que o
preservasse, como na 1ª GM ?). O esforço seria a cargo das Waffen SS – o que de melhor havia
em termos de competência; muitos meios e pessoal experiente foram trazidos da frente russa.
Mas uma das idéias era que o sucesso da operação acabaria liberando importantes recursos para
serem lançados, outra vez, na frente oriental.
Do planejamento fez parte prever infiltrações na frente norte-americana, utilizando armas,
uniformes e equipamentos apreendidos, para confundir a reação que deveria vir das
retaguardas aliadas. Nesta atividade contariam com a exper iência e criatividade do calibre do
Ten Cel Otto Scorzenny (o homem que resgatara Mussolini de sua prisão nos Alpes, em ação
com pára-quedistas e um planador), o qual teria a seu dispor da ordem de 20.000 homens para
cometer sabotagens de toda ordem.
O objetivo f inal era conquistar o porto de Antuérpia, de i m p o r t â n c i a
fundamental para os Aliados que precisavam encurtar sua distância de apoio ( ainda em
Cherbourg !) e reforçar a capacidade de desembarque de suprimentos. A conquista de
abundantes suprimentos, que começavam a ser transportados para aquele porto, era um subproduto
nada descartável pelo Alto Comando alemão.
Em 16 de dezembro de 1944, 26 Divisões, sendo 10 Blindadas, com 970 CC (Muitos
Tiger IV, de última geração), os quais v inham sendo concent rados em segredo, durante a
noite, irrompem das Ardenas sobre posições do I Ex dos EUA. No caminho, isolam ou
apoderam-se de três pequenas cidades de grande importância para os americanos: Malmédi, St Vith
e Bastogne. Elas eram entroncamentos rodoviários e vitais Centros de Comunicações Tal Força teve 1.500
aeronaves alocadas a seu favor para obter superioridade aérea local quando o tempo melhorasse.
A disponibilidade de peças de Artilharia era espantosa para o momento vivido: 1900 ! As
péssimas condições do tempo, e a permanente bruma, davam plena liberdade de circulação às
vagas de blindados.
Talvez o único Estado-Maior que não fora surpreendido tenha sido o do Gen Patton, pois
que este, em 12 de dezembro, previra a possibilidade de uma infiltração na zona de ação do VIII
Corpo do I Ex, para isolar o I do III Ex, e ordenara que seu EM estudasse a forma do seu III Ex
atender a um pedido de contra-ataque sobre o flanco da penetração. Esta previsão iria encurtar
em muito o tempo de
reação à ação
alemã, pois as GU
previstas para este
emprego ficaram
alertadas e seus
planos preparados.
Os norte-
americanos viviam um
período difícil por
falta de
recompletamentos - 9.000 homens só no III Ex de Patton. Inicialmente, 5% do pessoal que
servia na burocracia dos quartéis-generais (QG) foi levado à frente para completar claros, apesar
de todos os protestos de seus chefes. Não sendo suficiente, outros 5% foram chamados. A rigor,
pela falta de experiência em combate, não se registraram grandes melhoras, mas mostrava que
todos estavam ali empenhados na vitória.
Nesta que foi a maior contra-ofensiva da 2ª GM, 83.000 homens fizeram frente a
250.000, em uma frente de 96 km. Em alguns pontos a vantagem foi de 6 para 1. Cumpriam a
ordem específica de Hitler para “espalhar ondas de susto e de terror” durante as quais “não se
deveria respeitar qualquer inibição humana”. Tal espírito determinou a matança de 140
soldados americanos, já aprisionados, por soldados da SS – no que ficou conhecido como “o
Massacre de Malmédi”.
No
meio da confusão
estabelecida
na retaguarda
americana,
os esforços
para trazer
reforços eram
perturbados
pelas
mudanças de
placas de
sinalização e
ordens
desencontradas
transmitidas
por uma falsa
“Polícia do
Exército” (MP) em alguns pontos. A desconfiança entre os homens atingiu grau inimaginável, até que senhas
específicas criadas pelo Comando começaram a identificar os infiltrados.
À falta de uma frente de combate definida, e com os recursos dispersos, por toda parte,
improvisaram-se grupos de combate e pelotões com mecânicos, cozinheiros e pessoal da
administração dos QG.
Três mil homens da 101ª Div saíram a pé, em 18 de dezembro, da área de repouso em
que se encontravam, diretamente para furar a linha de cerco alemã, sob o comando de seu Sub-
Cmt, Gen Anthony C. McAuliffe, e ir reforçar a tropa isolada em Bastogne. No dia 20 toda a
Divisão, com elementos da 10º DB , estava no interior do cerco, na firme esperança de que a 4ª
DB de Patton viria resgatá-los. Os episódios de iniciativa e heroísmo não cabem em relato tão
sucinto. Todos os oferecimentos de rendição feitos pelos alemães foram recusados, apesar da
grave situação adversa. O Gen McAuliffe celebrizou-se pela curta expressão aposta
pessoalmente no papel de uma dessas propostas: “Nuts!”10
Também a 82ª Div, mal se recuperando do desastre em que fora envolvida na Op Market-
Garden, foi deslocada às pressas para se auto-cercar em St Vith a fim de, junto com a 7ª DB que
para lá acorrera, garantir aquele importante centro de comunicações que estava sob assédio
continuado.
Em três jornadas, as 4ª e 9ª DB, além das 26ª,28ª(menos 2 RI) e 80ª DI do III Ex rocaram
seus meios e vieram em socorro. Com a chegada de meios da Artilharia do C Ex, tudo o que
podia atirar foi colocado em posição (por vezes roda-a-roda), apresentando tal volume de fogo
que o inimigo, conhecedor das táticas de Patton, julgou que já era uma preparação para um
grande ataque. Optou, então, por voltar meios para aquela direção e não continuar prosseguindo,
deixando tal flanco exposto. Os fogos de canhões de todos os calibres e dos CC continuaram dia
e noite, até que em 22/23 de dezembro a 4ª DB penetrou pelo flanco sul do bolsão, em ação
simultânea à da 2ª DB do I Ex. Mas os suprimentos escasseavam perigosamente.
10 Equivalente, na versão mais publicável, a “ vá para o inferno!” O seu intérprete explicou ao emissário
exatamente o seu significado e completou a mensagem implícita: “ E nós mataremos cada alemão ... que tentar
entrar nesta cidade!”
Na véspera da noite de Natal o céu abriu um pouco e o C-47 puderam, finalmente, lançar
suprimentos pelo ar para os elementos sitiados. Os caças voltaram ao ar, garantindo céu livre da
aviação alemã. Em decorrência desses apoios – e, também, porque os alemães já estavam
nitidamente à míngua de suprimentos11, os americanos iniciam diversos contra-ataques por toda a
frente, a partir de 26 Dez. Ao entrar em Bastogne nesta data, a 4ª DB havia perdido 1.000
homens em seu ataque e encontrara mais 2.000 americanos mortos no interior e na periferia da
cidade.
Em 30 de dezembro fechavam-se as pinças do I Ex, pelo norte, e o III Ex, pelo sul – o
que se concretizou em 16 de janeiro em Houffalize, logo ao norte de Bastogne. Em 28 de janeiro
de 1945 a batalha foi considerada oficialmente terminada, com baixas expressivas por parte
dos americanos (81.000), mas de um vulto bem mais marcante entre os nazistas (100.000) - não
propriamente em termos numéricos, mas porque haviam consumido suas últimas reservas de
homens, equipamentos e materiais.
Prosseguindo no seu avanço, em março de 1945, os Aliados atingem o rio Reno, e num
golpe de sorte conquistam a ponte de Remagen quase intacta, o que permite estabelecer, com
facilidade, uma cabeça de ponte além do obstáculo. Transposto o Reno em diversos pontos, a
derrocada alemã mais se acentuou e, em 25 Abr 45, foi feito o primeiro contato com os russos,
em Torgau, no corte do rio Elba.
No dia 30 Hitler cometeu suicídio, enquanto os russos combatiam de quadra em quadra,
dentro de uma Berlim completamente destruída, defendida por velhos e crianças fanatizadas.
Em 7 de maio de 1945: a Alemanha rende-se incondicionalmente. O fogo foi cessado
em todas as frentes no dia 8.
Finalmente, convém relembrar a “Batalha do Atlântico”, que veio ser a penosa
luta travada pelos Aliados para manter abertas suas comunicações marítimas no oceano
ATLÂNTICO, diante da campanha submarina desencadeada pelos italianos e, principalmente,
por numerosas matilhas de submersíveis alemães ( em conseqüência da qual o BRASIL se viu
envolvido diretamente na guerra – Vide Anexo).
5 -Considerações Sobre o Advento da Bomba Nuclear
Não podemos encerrar esta visão histórica de episódios da 2ª GM, mesmo que sumária,
sem apresentar algumas considerações sobre este armamento, nela surgido, que mudou as
condicionantes estratégicas e táticas dos conflitos. A possibilidade de indistinta destruição em
massa de áreas habitadas pela população civil, parques industriais ou por grandes concentrações
de tropas, tem sido considerada, desde então, como algo que não deve ser descartado. Mais
ainda: a contaminação das populações e do meio ambiente, por prazos extensos, destrói inimigos
11 No dia de Natal, a ponta da coluna blindada alemã que se dirigira a Antuérpia parou a menos de 50 km daquele porto por
absoluta falta de combustível.
mas, normalmente, leva prejuízos também para a tropa e populações amigas. O amadurecimento
da Humanidade com o passar dos tempos, diante do crescimento do poder de destruição dos
artefatos – seja pela invenção da bomba de Hidrogênio ou a de nêutrons , seja pela facilidade de
lançá-las até do espaço, com um simples apertar de botão de alguém que nem está presente no
TO - refreou a corrida nuclear. Por outro lado, seu alto poder de destruição não é proporcional à
força necessária para resolver querelas de menor vulto. Durante tantos anos as maiores
potências foram se dedicando a armas cada vez mais poderosas, e acabaram perdendo a
flexibilidade para fazer valer o que dizem ser seus interesses, ou de parceiros, diante de
oponentes menores. Tiveram que fazer uma volta a métodos e armamentos convencionais, ainda
que aproveitando-se de toda uma variada e nova tecnologia – particularmente eletrônica.
Seu poder de dissuasão é de tal ordem, que potências medianas têm feito esforços para
obter sua tecnologia e, com isso, garantirem-se regionalmente e, até, contra potências maiores.
Israel, Índia, Paquistão, por exemplo, mantêm razoável arsenal – com um poder de dissuasão
inconcebível antes da 2ª GM para países de tal ordem. Israel chegou a fazer um raid aéreo
específico para destruir instalações atômicas iraquianas que, a seu ver, viriam a colocar em risco
a sua segurança. A Coréia do Norte há tempos provoca negociações com os EUA, em ambiente
de chantagem “do fraco ao forte”.
Esse estado de coisas provocou a criação de blocos militares antagônicos, liderados
respectivamente pelos EUA e URSS: OTAN, OTASE, e CENTO de um lado, e PACTO DE
VARSÓVIA do outro, para citar apenas os principais, que se defrontaram por décadas. Seus
cabeças, contudo, mantêm um grande potencial de contenciosos.
De qualquer forma, pode-se afirmar, um desembarque como o do Dia-D, na Normandia,
nunca mais poderá ocorrer, pois tal concentração de meios para o ataque tornar-se-ia um
alvo altamente compensador. Em um caso desses, tudo leva a crer, nem mesmo as mais sólidas
considerações com o meio ambiente poderiam prevalecer. Ainda mais com a Bomba de nêutrons
(a que só causa destruição e não deixa radiação) disponível em “algumas prateleiras”.
( Para saber mais sobre o surgimento da Bomba A, ver o Anexo “D” a esta Unidade )
l Contribuições para a Arte da Guerra
A contribuição da 2ª Guerra Mundial para a Arte da Guerra se fez em todos os campos da
atividade humana. Mais do que nunca foi confirmado o caráter total que se pode dar à guerra,
envolvendo não só as atividades militares, como também as vidas das populações e seus
interesses políticos, econômicos e psicológicos. Nesta modalidade, a vitória final é a resultante
de todos os esforços, em todas essas frentes de luta, utilizando todos os meios disponíveis.
Por outro lado, é de ressaltar, ficou evidenciada a crucial importância da ciência e da
tecnologia na guerra, tanto na sua preparação, como na sua conduta. Ainda assim, frisamos
que, embora tenham ocorrido modificações na tática e evolução na técnica e nos materiais, os
princípios de guerra permaneceram imutáveis.
Os processos, entretanto, sofreram profunda influência da evolução dos meios
empregados para fazer a guerra. Assim é que, os alemães, desenvolvendo extraordinariamente
os meios blindados e mecanizados, e valendo-se de modernas aeronaves, puderam surpreender o
mundo com movimentos rápidos e envolventes sintetizados na Blitzkrieg. Por outro lado, o
envolvimento vertical foi amplamente utilizado empregando forças aeroterrestres, que
demonstraram possuir grande mobilidade estratégica e capacidade de obter a surpresa. Assim foi
no assalto a Creta pelos alemães e no decisivo apoio das 82ª e 101ª Div para o desembarque na
Normandia.
a. Tecnologias
A tecnologia bélica evoluiu rapidamente durante a 2ª GM e foi crucial para determinar o rumo da guerra. Ai vimos, pela primeira vez, a bomba nuclear, radares, fuzis de maior precisão
e cadência de tiro (os “de assalto” como, por exemplo, o SturmGewehr - StuG 44, alemão),
visores infra-vermelho (para observar e atirar com precisão durante à noite), mísseis balísticos
(V-1 e V-2), os primeiros modelos de computadores analógicos (para o desenvolvimento da bomba A e na decodificação de mensagens inimigas), meios eletrônicos de comunicações e os aviões a jato. Enormes avanços foram feitos em aeronaves, canhões (até sem recuo) e munições, navios (com uma gama de novas embarcações específicas para desembarques anfíbios ), submarinos e carros de combate ( anfíbios, destruidores de carros, lança chamas, etc). Muitos dos modelos usados no início da guerra se tornaram obsoletos mesmo durante o conflito, tal a rapidez da evolução.
Em decorrência da modernidade das viaturas, aeronaves e blindados, os grandes
envolvimentos puderam ser realizados por um e outro dos contendores. Outro aspecto a
considerar é que o domínio do ar tornou-se imprescindível para o êxito das ações de
superfície. Daí o aperfeiçoamento dos aviões e com ele o papel predominante das Forças Aéreas,
tanto nas ações estratégicas como nas ações táticas e logísticas.
Outra consideração prende-se à aplicação da tecnologia na evolução dos CC: potência
dos motores, suspensão, espessura das blindagens, rapidez através campo e poder de destruição
de seus canhões. Naturalmente verificou-se a luta permanente entre o valor da couraça e a
potência do projétil que visa penetrá-la: os canhões anti-carro aumentaram sua eficácia, e surgiu
o lança-rojão (“bazooka”, para tiros efetuados por um só homem, a curta distância); ao término
da guerra nasce o Can SR.
Na Artilharia os calibres são aumentados e surge a Artilharia autopropulsada ( sobre o
chassis de um blindado), para acompanhar os grandes deslocamentos dos carros de combate;
desenvolvem-se ainda os lançadores múltiplos de rojões na Alemanha, na Rússia (o famoso
“Katyusha”) e entre os NA (parte da grande barragem no Dia-D e para os desembarques no
Pacífico foi por eles proporcionada)
Finalmente, minas mais letais vão ser empregadas com densidade cada vez mais cerrada,
seja para deter os carros, seja para neutralizar a progressão de infantes.( A previsão, de Rommel
para a Barreira do Atlântico era de 200 milhões delas !). Em decorrência disso, passam a existir
tropas especializadas em aberturas de brechas em campos minados, utilizando um novo invento:
o detetor de minas. Modelos de CC são desenvolvidos para, à distância, de forma rápida e
protegida, explodir esses artefatos para abrir pistas seguras.
b. Procedimentos
Para fazer face aos grandes espaços que exigiam operações descentralizadas, os Aliados
desenvolveram o Grupamento Tático (GT), organizado, em princípio, à base de um Regimento
de Infantaria, um Grupo de Art 105 e uma Cia de Eng. Mas qualquer destes componentes podiam
ser alterados para mais ou para menos, saídos de uma mesma GU ou provindo de mais de uma.
CC poderiam ser incluídos, se a situação pedisse. Enfim, a flexibilidade na composição
temporária era a grande criação que priorizava eficiência e economia de meios.
Outro campo em que a 2ª Guerra Mundial ofereceu enorme contribuição foi no das
operações combinadas. Se as operações de blindados, meios aéreos e aeroterrestres foram
inicialmente idealizadas pelos germânicos – rapidamente adotadas pelos Alados, as operações
combinadas são de concepção e realização essencialmente anglo-americana.
Através da História Militar, as operações de desembarque apresentaram um impasse cuja
principal causa era a dualidade de comando. Os aliados entenderam e disciplinaram-se,
encontrando o equilíbrio para harmonizar as providências no mar, no ar, na terra.
Em termos de operações de desembarque, nunca antes tinham sido encaradas com tanto
requinte de planejamento. Não se tratava de meramente transportar efetivos para desembarcar
em praias ou ancoradouros. Os objetivos em terra deveriam ser conquistados como fruto de uma
progressão sobre eles que começava nas águas diante dos objetivos. Os NA, em sucessivas
operações anfíbias no Pacífico, iriam atingir a perfeição no domínio dessas operações
combinadas, culminado no desembarque na Normandia.
Na 2ª Guerra Mundial, pela primeira vez, o problema foi plenamente resolvido, com um
comando único, bem definido, e com Estados-Maiores multifuncionais.
A realização das operações anfíbias em largos espaços, a superação da idéia de atuação
independente das forças armadas e, finalmente, a exigência da unidade de comando, vão fazer
surgir na organização militar um novo e elevado escalão de comando: o Teatro de Operações
(TO), responsável por uma extensão considerável de território com características
próprias.
Comandos Logísticos de um porte nunca antes imaginado estiveram presentes. O
proprietário da maior empresa de transportes rodoviários dos EUA, por exemplo, foi mobilizado
diretamente como General (!) para resolver o problema do fluxo de suprimentos no Norte das
África. Os responsáveis pela logística deixaram de ser meramente informados de qual operação
apoiar. Passaram a opinar se tal ou qual ação poderia ser desencadeada, e se desta ou daquela
forma. Afinal, era extraordinário o número dos efetivos em luta, bem como imenso o
consumo de material que passou a exigir dos órgãos de suprimento uma tarefa árdua a executar.
As ações táticas e, principalmente, estratégicas ficaram, por isso mesmo, ainda mais
condicionadas ao apoio logístico. No Vietnam chegar-se-ia a um número espantoso: para
CADA HOMEM no combate, havia QUATRO à retaguarda !
c. Propaganda, Moral e Resistência
No campo psicológico, a contribuição da guerra foi de grande importância,
notadamente, devido ao desenvolvimento do rádio de ondas curtas que lhe deu uma nova
dimensão. Usaram-na, em larga escala, os alemães, nos anos que precederam a guerra,
principalmente 1938 e 1939, e na sua iminência, com uma técnica diabólica de cooptação de
mentes, antes de conquistar fisicamente os corpos. Tal como no campo militar, sua manobra
psicológica buscava o ponto fraco do dispositivo visado: fraqueza das alianças adversárias,
contradições internas nacionais, lutas sociais, etc.
Se a Propaganda foi uma arma magistralmente conduzida pelos alemães, as Guerrilhas
e os Exércitos Secretos (os "partisans" na Itália e Iugoslávia, a "resistência" na França, etc.)
formaram uma organização irregular que enquadrou resistentes e prestou poderosos serviços nos
países ocupados, em favor da causa dos Aliados. Tais atividades seriam ( e ainda são)
amplamente utilizados nos conflitos do pós guerra.
Por outro, para evitar os graves problemas de conduta com que ex-soldados da 1ª
GM haviam regressado aos EUA, passou a ser praxe a programação de shows com belas
artistas famosas, a poucos quilômetros da linha de frente, como forma de manter alto o moral
do soldado e fazê-lo pensar sadiamente. Aliás, delas eram distribuídas em profusão fotos em
revistas e calendários. Também showmen , bandas e orquestras foram ao front, inaugurando
uma tradição nas Forças Armadas que se mantém até hoje.
Conseqüências da Segunda Guerra Mundial
a. Materiais Os Aliados vencedores estabeleceram no Tratado de Paz de Paris pagamentos de
indenizações de guerra pelas nações derrotadas para a reconstrução e indenização dos países invadidos pelos exércitos derrotados. A URSS exigiu da Hungria, da Finlândia ( que ela própria invadira em 30 de novembro de 1939 !) e da Romênia cerca de 300 milhões de dólares (valor baseado no valor do dólar em 1938) . A Itália foi obrigada a pagar o correspondente a 360 milhões de dólares de indenizações cobrados pela Grécia, Iugoslávia e União Soviética. No fim da guerra, cerca de 70% da infra-estrutura européia estava destruída. Os países membros do Eixo tiveram que indenizar os países Aliados em mais de 2 bilhões de dólares. Com a derrota do Eixo, a Alemanha teve todos os recursos financeiros, científicos e materiais transferidos para os Estados Unidos e a União Soviética, além de ter todas as indústrias desmanteladas para evitar um novo rearmamento, como forma acauteladora.
No entanto, pretendendo evitar que os países europeus destruídos pela guerra viessem
a cair nas mãos do comunismo soviético, que tanto se aproveitava das misérias das populações, os EUA propuseram financiar suas reconstruções com o mais amplo plano de ajuda já concebido e executado no mundo; o Plano Marshall. Os russos, contudo, não autorizaram os países que haviam caído em sua órbita de aceitá-lo, por razões óbvias: perderiam o controle sobre eles. Plano semelhante de soerguimento nacional foi desenvolvido no Japão ocupado.
b. Para as populações Com a derrota, e posterior partição da Alemanha, cerca de 3 mil civis alemães viraram
prisioneiros de guerra, tendo que trabalhar em campos de trabalhos forçados nos Gulag, na Rússia. Apenas em 1950 os civis puderam ter a sua liberdade e voltar para a Alemanha Oriental. Muitos dos prisioneiros de guerra alemães e italianos foram trabalhar na reconstrução da Grã-Bretanha e da França. Cerca de 100 mil prisioneiros foram enviados para a Grã-Bretanha e cerca de 700 mil para a França. Além disso, os milhares de soldados presos pelos soviéticos continuaram em cativeiro, diferentemente dos aprisionados pelos ocidentais, que foram libertados entre 1945 e 1948. No início dos anos 50, alguns prisioneiros alemães foram libertados pelos russos, mas somente em 1955, após a visita de Konrad Adenauer à URSS, é que os restantes prisioneiros ainda vivos foram libertados e retornaram a sua terra natal, após até 14 anos de cativeiro.
c. Territoriais As transformações territoriais provocadas pela Segunda Guerra começaram a ser
delineadas pouco antes do fim desta. A Conferência de Ialta (4-12 de Fevereiro de 1945) teria como resultado a partilha entre os Aliados Ocidentais e a União Soviética de zonas de influência na Europa. Alguns meses depois a Conferência de Potsdam, realizada já com a derrota da Alemanha, consagra a divisão deste país em quatro zonas administradas pelas potências vencedoras. No lado Oriental, ficaria a administração sob incumbência da União Soviética e, no lado Ocidental, a administração ficaria sob incumbência dos Estados Unidos, França e Inglaterra (as quais, poucos anos depois, restituíram aos alemães a administração de seus territórios, sob a forma da República Federal da Alemanha). A Itália perderia todas as suas colônias; o território polonês deslocou-se para oeste, integrando províncias alemãs (Pomerânia, Brandemburgo, Silésia) e colocando a sua fronteira ocidental nos cursos do Oder e do Neisse. A URSS progrediu igualmente para oeste: apoderou-se da Estônia, Letônia e Lituânia; provocou a criação da República Socialista Soviética da Bielorússia (numa área de maioria étnica bielorussa, mas que havia sido concedida à Polônia), e também a ampliação da Ucrânia, que também havia perdido território, duas décadas antes, para a Polônia. O Japão teve que abandonar, de acordo com o estabelecido no acordo de paz de 1951 com os Estados Unidos, a Manchúria e a Coréia, além dos outros territórios que havia conquistado durante o conflito. Nos anos 70, os Estados Unidos devolveriam Okinawa ao Japão, mas a Rússia - que só declararia guerra ao Japão dias antes da Paz, invadiu e mantém até hoje as ilhas nipônicas de Karafuto (que chamam Sakalinas). As principais potências européias dotadas de império no além mar (França e Inglaterra) saíram da guerra completamente arrasadas, tornado insustentável a manutenção de seus vastos territórios coloniais. Foi durante essa época que iniciou-se o movimento de descolonização afro-asiática.
d. Políticas
Hitler não seguiu seu próprio conselho ao atacar a Rússia, já empenhado em outra frente
importante. O seu mais grave erro foi o de subestimar o adversário, apesar de nos seus escritos
ter enunciado: "É preciso sempre escolher inimigo mais fraco do que nós próprios; aí reside
todo o segredo do sucesso".
A DECLARAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (2 Jan 42), foi assinada por vinte e seis
nações; ulteriormente, mais quatorze outras a ela se solidarizaram. Aí está a origem da atual
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, fundada em Junho de 1945. Como não poderia
deixar de ser, apresentou como objetivos assegurar a paz e a cooperação internacional. Uma das razões apontadas para o fracasso da Liga das Nações fora a igualdade entre países pequenos e grandes, que bloqueava o processo de tomada de decisões. A ONU vai distinguir na sua organização interna cinco grandes países, tidos como detentores de maiores responsabilidades. Estes cinco países possuem assento permanente no Conselho de
Segurança12, principal órgão da ONU, onde exercem, a seu critério, direito de veto. Os
outros membros do Conselho de Segurança são seis países eleitos rotativamente.
Lamentavelmente, é forçoso admitir que, apesar de todas as conferências sobre os
destinos dos povos, a partir do final da guerra e da criação da ONU, as potências vencedoras não
lograram harmonizar seus pontos de vista no tocante aos princípios fundamentais da paz.
12 EUA, Rússia, Grã-Bretanha, França e China. Originalmente esta última cadeira ficara com a China nacionalista;
com a definição da mais alta expressão da China continental, nuclearizada, houve a troca de representação. A
Nacionalista – Taiwan, não tem sido mais reconhecida como emissária do povo chinês.
O mundo que saiu do cadinho fervente da 2ª Guerra Mundial, pouca semelhança tinha
com os sonhos expressos pelos idealistas durante a primeira fase do conflito. A Segunda Guerra
Mundial provocara o fim da hegemonia mundial da Europa e a ascensão de duas superpotências - os Estados Unidos da América e a União Soviética, que seriam os protagonistas da cena internacional durante o período seguinte, conhecido como “Guerra Fria”.
Infelizmente, parece, esta não terminou de todo. Está “Congelada”.
A Atividades de auto-avaliação
UNIDADE 5 1) Relacione 3 razões para a derrota francesa em 1940 em tão poucos dias.
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2) O que você aprendeu sobre a entrada da União Soviética (URSS) na guerra contra o
Japão ?
3) Se você tivesse que fazer uma lista dos principais eventos ocorridos a partir da noite do
dia 5 de junho de 1944 até a conquista de Paris, que fatos relacionaria ?
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4)Ao analisarmos a campanha do Bolsão:
a.Quais as intenções e o objetivo final determinado pelo Alto Cmdo alemão ?
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b. Que condicionantes favoreceram os sucessos iniciais germânicos ?
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