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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A ARTETERAPIA NO AMBIENTE DE TRABALHO Davi Vicente da Silva Orientadora Profª. Fabiane Muniz da Silva Cuiabá/MT 2008

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A ARTETERAPIA NO AMBIENTE DE TRABALHO

Davi Vicente da Silva

Orientadora

Profª. Fabiane Muniz da Silva

Cuiabá/MT

2008

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A ARTETERAPIA NO AMBIENTE DE TRABALHO

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Arteterapia no

Ambiente de Trabalho.

Davi Vicente da Silva

Cuiabá/MT

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2008

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AGRADECIMENTOS

Aos professores do projeto de

educação à distância A Vez do Mestre,

em especial a professora orientadora

Fabiane, ao Cerest Mato Grosso e a

minha família pela compreensão e

apoio durante a realização do estudo e

pesquisa no desenvolvimento deste

trabalho monográfico.

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DEDICATÓRIA

Aos meus saudosos pais, Benayr da

Rocha e Olindino Vicente da Silva, ambos

me ensinaram a ser uma pessoa melhor

pregando acima de tudo o amor, a ética, a

moral e o valor espiritual da fé.

Nunca lhes faltaram à coragem em suas

jornadas sempre cultivando a esperança

no melhor porvir geraram muitos frutos

que continuaram a produzir novos frutos

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LISTA DE ABREVIATURAS

ANVISA Agência Nacional de Saúde

EPS Empresas Psicologicamente Saudáveis

CAT Comunicação de Acidentes de Trabalho

CEIST Comissão Estadual Interinstitucional em Saúde do

Trabalhador

CEREST Centro Estadual de Referência em Saúde do

Trabalhador

CES Conselho Estadual de Saúde

CEST Comissão Estadual de Saúde do Trabalhador

CIPA Comissão Interna para Prevenção de Acidentes

CLT Consolidação das Leis Trabalhistas

CLST Comissão Local em Saúde do Trabalhador

CONASS Conselho Nacional dos Secretários de Saúde

CNS Conselho Nacional de Saúde

CNST Confederação Nacional em Saúde do Trabalhador

COSAT Coordenação de Saúde do Trabalhador

COSTRA/MT Coordenadoria em Saúde do Trabalhador de Mato Grosso

DIESAT Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisa de Saúde e

dos Ambientes de Trabalho

DRT Delegacia Regional do Trabalho

EJA Educação de Jovens e Adultos

E dos Ambientes de Trabalho

GECEST Gerencia do Centro Estadual de Referência em Saúde do

Trabalhador

GEVSAT Gerência de Vigilância em Saúde do Trabalhador

GLS Gays lésbicas e Simpatizantes

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

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INSS Instituto Nacional de Seguro Social

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação

LER Lesão por Esforço Repetitivo

MEC Ministério da Educação e Cultura

MPT Ministério Público do Trabalho

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

MS Ministério da Saúde

NR Normas Regulamentadoras

OIT Organização Internacional do Trabalho

OMS Organização Mundial de Saúde

ONG Organização não Governamental

ONU Organização das Nações Unidas

PCCS Planos de Cargos Carreiras e Salários

PESST/MT Plano de Segurança e Saúde do Trabalhador do Estado de

Mato Grosso

PNST Política Nacional de Saúde do Trabalhador

RENAST Rede Nacional de Atenção à Saúde do Trabalhador

REC Rede de Escola Continental

PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

SAT Seguro de Acidente ao Trabalho

SEDUC Secretaria Estadual de Educação de Mato Grosso

SES/MT Secretaria Estadual de Saúde de Mato Grosso

SINAN Sistema de Informação de Agravos e Notificação

ST Saúde do Trabalhador

SPC Sistema de Proteção ao Crédito

SUS Sistema Único de Saúde

SUVSA Superintendência em Vigilância à Saúde

VISAT Vigilância em Saúde do Trabalhador

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RESUMO

Neste trabalho deu-se como foco central a inserção da Arteterapia no

Ambiente de Trabalho, visando à diminuição e amenização dos problemas

relacionados à Saúde do Trabalhador, das Doenças Ocupacionais e a dos

riscos que acometem os trabalhadores nos seus afazeres. Que por meio de

instrumentos artísticos e dinâmicos da Arteterapia será um facilitador nas

atividades didáticas e pedagógicas em grupos terapêuticos. Possibilitando que

os trabalhadores possam expressar-se de forma espontânea e revelar suas

angústias e anseios, buscando a reflexão e a motivação da compreensão de si

mesmo, e dos outros; Articulando sua percepção do seu contexto social e

potencializando possíveis ações que busque contribuir para uma

transformação positiva sobre os processos. Envolvendo o trabalho e a sua

relação numa perspectiva de mudança do panorama vivenciado, onde

geralmente são desconsiderados e ignorados por muitos trabalhadores e

principalmente por gestores públicos e pela elite, que visualiza apenas o

capital. Onde se prioriza a exploração ao máximo os trabalhadores

assalariados e em alguns casos mais graves escravizando a mão de obra e

influenciando o poder econômico e político em nosso país. É fundamental que

os trabalhadores conheçam o histórico no processo das evoluções das

relações do trabalho na Saúde do Trabalhador, para que os mesmos

percebam que alguns direitos e amparos aos trabalhadores foram

conquistados com muita luta e mobilização da classe operária e trabalhadora;

para que tenhamos fatores positivos do bom ambiente de trabalho, é

necessário conhecer os instrumentos, procedimentos e conscientizar os

trabalhadores para a mudança de hábito e postura que também analisando os

prós e contras do progresso industrial e tecnológico. Assim sendo, perceberão

a importância do controle social e da cidadania, como aliados na construção de

uma sociedade mais humanizada, feliz e saudável sem muitos problemas no

que tangem a Saúde dos Trabalhadores.

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METODOLOGIA

Este trabalho partiu da premisse do processo do enfermar dos trabalhadores

nos diversos ambientes de trabalho. A forma de intervenção da arteterapia,

sendo adotada para tal uma metodologia qualitativa e estudo comparativo e

análise documental. Por meio de questionários, realizada também consultas a

artigos, revistas com temáticas sobre o assunto, por exemplo, o trabalho feito

por Lucca e Mendes, realizadas nos anos (1979-1989), na internet e

documentos presentes nos Centros de Referências. Durante o trabalho foram

utilizadas as seguintes fontes: Textos do MS /SINAN, (DATA-SUS), INSS

(DATAPREV), IBGE e manuais e publicações de organizações internacionais

como a OIT e OMS. Utilizamos como ponto inicial o estudo descritivo

delimitados nos ambientes de trabalhado através de um questionário

quantitativo fechado na delimitação do tema, com características empíricas,

porém embasado numa pedagogia de verificação e observação contínua,

através de pesquisa das seguintes palavras chaves: acidentes no ambiente,

arteterapia no ambiente de trabalho e a saúde do trabalhador, para tanto se

faz necessário o cruzamento dessas informações para possibilitar o

embasando e o foco do trabalho e inserção através de textos, citações,

tabelas, serão utilizadas medidas estatísticas quantitativas e qualificativas

contidas tais informações em nosso anexo. Sua abordagem teórica tem como

parâmetro o método da pedagogia da problematização criada por Paulo Freire

(1987), Segundo Freire, “toda ação educativa é um ato político, e o

conhecimento se processa por meio dos três elementos básicos construtores:

a tese, antítese e a síntese nas ações” assim buscaram-se hipóteses na

perspectiva de como a Arteterapia pode ser uma ferramenta útil nessa solução,

no caso incentivar mudanças desejadas de comportamento e hábito mais

saudáveis através de sua expressão e reflexão cultural dos trabalhadores que

realizam no seu cotidiano. Para uma reflexão que comprove e mostre até que

ponto realmente ocorreu mudanças previstas dos ciclos de atividades rotineiras

dos trabalhadores, permitindo visualizar problemas através de seu nexo causal

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e propor ações preventivas buscando um ambiente de trabalho salubre,

apropriado e digno. Reeducar os trabalhadores desde o primeiro momento à

equipe multiprofissional, visando torná-la perceptivas as formas adequadas de

manuseio, posicionamento e postura dos trabalhadores no seu ambiente.

Desta forma, o trabalho na oficina terapêutica terá o princípio de que cada um

irá construir sua própria aprendizagem no treinamento dar-se-á com os

trabalhadores de cada setor ou unidade a serem capacitados previamente,

para a posteriormente mensurar os resultados da agenda das oficinas e

conteúdos. Reunindo-se junto aos trabalhadores levantar dúvidas,

questionamentos e impasses das circunstâncias e experiências diárias dos

mesmos para incluir junto ao conteúdo básico a ser trabalhado na oficina

terapêutica. Partir da linguagem vivenciada por cada setor proporcionará maior

eficácia e eficiência da nossa atividade, alcançando proporções de maior

interesse e envolvimento de cada um dos participantes. Haja vista, que em

cada local nota-se uma realidade diferenciada da outra e também cada

trabalhador tem suas próprias características.

“Emprestando palavras do mestre Leonardo da Vinci “A experiência é a mãe da ciência”. Utilizamos também o

diário de campo como instrumento ao qual recorremos

em qualquer momento da rotina do trabalho que estamos

realizando. Ele, na verdade, é uma "memória escrita" que

não pode ser subestimada quanto à sua importância. No

diário podemos colocar nossas percepções, angústias,

questionamentos e informações que não são obtidas

através da utilização de outras técnicas como um

questionário. Assim foi realizada a observação das

experiências em loco, juntamente com as dinâmicas”

A partir de dados estatísticos e observações é possível agora traçar o

planejamento para o desenvolvimento da pesquisa da arteterapia no ambiente

de trabalho onde envolveu três fases, nas quais se procurou abordar o

problema da Saúde do Trabalhador de forma ampla. Primeiro realizou-se uma

socialização e contextualização histórica integrada do SUS, MS e MTE bem

como a evolução das relações de Saúde do Trabalhador. Possibilitando o

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resgate e situando desses fatos em nossa oficina com os trabalhadores de

diversas áreas ou perfil de produção, onde observamos que grande número de

acidentes de trabalho grave gera maior número de notificações contidas do

sistema SINAN, onde se recebe os questionários. Valendo-se dos dados

coletados, puderam-se caracterizar os agravos dos trabalhadores conforme

sua relação com sua atividade, desconhecimento dos seus direitos,

discriminação quando afastados do seu trabalho, inadequação em desvio de

funções. Segundo, buscamos trabalhar com a prática da arte e seu potencial

terapêutico no contexto do ambiente, a arte é um meio de comunicação que

tem o poder de sensibilizar as pessoas na mudança e na reflexão de seu ato

usamos como referências trabalhos e experiências de arteterapeuta de renome

nessa construção desafiadora do trabalhador crítico e consciente. Terceiro,

tendo em vista a necessidade da importância do controle social e da cidadania,

se faz necessário o empoderamento bem como a conscientização dos diversos

trabalhadores sobre a importância de uma participação efetiva nos problemas

de cunho coletivo como CIPA e CLST com objetivo de acolher de forma parcial

ou total essas realidades. O trâmite ideal seria que esse trabalhador que tenha

sofrido um acidente de trabalho preencha a CAT, receba o auxílio doença se

reabilite e posteriormente volte a exercer a função de origem. Entretanto,

existem casos de omissão do empregador aos direitos dos trabalhadores e

também, uma cultura de aposentadoria por invalidez que determinados

trabalhadores buscam por conveniência sem haver necessidade e o

preconceito ou medo que ocorre quando um trabalhador se encontra afastado

e não dispõe do apoio de colegas de serviço e do próprio sindicato em

questão. Por fim, a divulgação do projeto monográfico ocorrerá na

apresentação final do curso de especialização e nas próprias ações do local de

trabalho CEREST, sob forma de atividades realizadas como oficina, palestras

e boletins informativos na busca constante de conscientizar os diversos

trabalhadores.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 12

CAPÍTULO I A Evolução das Relações de Trabalho na Saúde do Trabalhador 15

1.1 - O Histórico da Saúde do Trabalhador no SUS 17

1.2 - O Panorama Atual 22

CAPÍTULO II A Arteterapia no Ambiente de Trabalho 27

2.1 - O Ambiente Interno 30

2.2 - O Ambiente Externo 33

2.3 - O Trabalho Individual e Coletivo 35

CAPÍTULO III A Importância do Controle Social e da Cidadania 38

3.1 - A Arte Como Fonte Crítica para a cidadania 42

3.2 - Movimentos Sociais dos Trabalhadores 44

3.3 - Exercendo a Nossa Cidadania 47

ANEXOS 51

CONSIDERAÇÕES FINAIS 58

REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS 62

FOLHA DE AVALIAÇÃO 65

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo a utilização da Arteterapia no

Ambiente de Trabalho, como elementos de apoio terapêutico na melhoria da

qualidade de vida, dos trabalhadores assalariados de diversos perfis do capital

Cuiabá, Mato Grosso. O interesse pelo tema do presente estudo surgiu da

vivencia no local de trabalho CEREST, à medida que realizamos os trabalhos e

estudos percebemos a real necessidade de se divulgar e da um enfoque no

assunto por meio da arteterapia, numa perspectiva pedagógica que incentive o

trabalhador a se expressar, criar e recriar formas de relação com o meio

ambiente pode-se perceber o interesse e a motivação dos mesmos com a

oficina e sua aprendizagem devido à própria arteterapia ser um grande

facilitador terapêutico e pedagógico, como também o seu poder de se trabalhar

o autoconhecimento estendendo-se a promoção e prevenção e sua forma

interdisciplinar e transdisciplinar de tratar os assuntos do ambiente e sua

relação com a Saúde do Trabalhador. Tal experiência despertou curiosidade e

levantou algumas hipóteses de como: a comunicação não verbal e a

expressão corporal realmente os motivaram; Tais atividades levam o

trabalhador a se perceberem, a refletirem sobre as diferenças nas expressões

artísticas produzidas e associando – as ao seu contexto durante a rotina de

trabalho. Como podemos utilizar dessas técnicas para transformar atitudes

comportamentais negativas em positivas convertendo descaso em atenção,

atitudes de riscos em atitudes preventivas? Para responder a essas e outras

perguntas, houve um aprofundamento nos estudos sobre tal tema com o

objetivo de entender melhor esse fenômeno da nossa sociedade. Buscou-se,

primeiramente, a realização de uma consulta bibliográfica que desse o suporte

e embasamento teórico para a compreensão das diferentes abordagens,

estabelecendo uma ponte de diálogo entre vários autores e o cotidiano do seu

universo de trabalho para entendermos como a arteterapia no ambiente de

trabalho pode constituir-se como elementos motivadores para a aprendizagem

e construção de novas perspectivas e práticas para os trabalhadores nos mais

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diversos contextos de ambientes e trabalho. Os indivíduos dessa pesquisa são

os trabalhadores de vários perfis que buscam o CEREST, na tentativa de suprir

suas necessidades e se informarem sobre a Saúde do Trabalhador, sendo que

a principal característica dos mesmos é falta de orientação e geralmente estão

alheios sobre seus direitos como trabalhadores, que após a jornada diária de

trabalho, ainda enfrentam, desrespeito por parte do empregador hoje chamado

de “assédio moral” e ainda preconceito e receio de colegas de serviço nesta

perspectiva, busca-se melhorar essa relação conflituosa presente ainda em

nossa sociedade através de um serviço de acolhimento. O desenvolvimento

da pesquisa envolveu três fases, nas quais se procurou abordar o problema da

Saúde do Trabalhador de forma ampla. Na primeira fase foi realizado um

histórico sobre A Evolução das Relações do Trabalho na Saúde do

Trabalhador, pois é necessário conhecermos como foi à relação de trabalho

nos diversos períodos da história da humanidade para termos um referencial

contextualizado e compreendermos de forma clara sua evolução e trajetória.

Na segunda fase, abordaremos sobre A arteterapia no Ambiente de Trabalho,

onde serão desenvolvidas oficinas dinâmicas expressivas e jogos cooperativos

que buscam a sensibilização dos trabalhadores e alertando sobre os perigos e

comportamento de risco no local de trabalho conforme as NR,s recomenda,

são grandes desafios, pois muitos trabalhadores desconhecem tais critérios e

a arteterapia, pode auxiliar e facilitar o conhecimento trazendo citações e

recomendando a leitura do PPRA e demais fontes que alertem e

proporcionarem a mudança de cultura e comportamento dos métodos e

práticas numa postura promoção e prevenção. Citamos ainda que o próprio

MEC está abordando os assuntos referentes aos trabalhadores dentro de seu

material pedagógico possibilitando ao estudantes da modalidade de ensino

EJA, o acesso a essas informações, que é a princípio uma clientela que já está

em sua grande maioria em atividade no mercado de trabalho, outro meio de se

alcançar essa visão holística na melhoria desse ambiente de trabalho é talvez

sob a forma de educação permanente ou continuada, onde num primeiro

momento, procederíamos o treinamento de aulas especificadas sobre os

conceitos de saúde e doença ocasionadas no ambiente de trabalho, as

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implicações sintomatológicas a título comportamental e vivencial (individual e

coletivo).No terceiro capítulo deste trabalho abordamos sobre: A Importância

do Controle Social e da Cidadania sabe-se que a formação do trabalhador não

se restringe apenas ao educadores e escolas é papel da sociedade como um

todo ajudar na formação dos trabalhadores com perfil crítico, competente,

participativo e consciente de seu valor social cabe ao poder público, a família

as organizações religiosas se mobilizarem e auxiliar a Educação e a Saúde do

Trabalhador nessa luta por melhoria das condições de trabalho como exemplo

parcerias do terceiro setor (ONGs) ou (OCIPs), e preservação da vida, sendo

assim, para a flexibilização dessa tarefa é necessário que o professor,

assistente social, técnico em segurança de trabalho, psicólogo, médico do

trabalho e o arteterapeuta pesquise e problematize constantemente para a

validade e eficácia dos seus processos de educador e auxiliar o aprendiz no

caso em questão os trabalhadores a mudarem o seu comportamento e cultura

segundo orientações desejáveis e especificáveis desses objetivos. Nós

trabalhadores somos responsáveis também nessa luta para a melhoria nas

condições de trabalho e ambiente, participando de CIPA, governos a

resolverem essa complexa problemática, e sim, auxiliar, propor mudanças e

fiscalizar e cobrar às conquistas e direitos já assegurados. Quando de fato

exercemos nossos direitos aprimorando e construindo o controle social, das

instituições públicas e privadas estaremos exercendo também nossa cidadania

e contribuindo com a nossa democracia, onde estão preconizados esses

direitos no próprio SUS (Equidade, Igualdade e Integralidade Acidentes) ou

através da CLST não devemos nos acomodar e deixar que essas questões

finquem a cargo somente dos sindicatos e gestores, não existe mudança sem

transformações de processo da mesma forma não há mudanças de rotinas

sem ações, pois a prática e a teoria necessitam de uma mão dupla e serem

refeitas de forma contínua. Assim aumentaremos a percepção do trabalhador e

seu empoderamento onde o mesmo possa utilizar uma pedagogia

problematizadora de sua realidade, ou seja, seu universo de trabalho onde

será protagonista no seu fazer sendo capaz de amenizar ou evitar futuras

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frustrações, stress e prevenir mutilações e riscos a sua vida no seu ambiente,

tornando mais agradável, saudável e seguro seu ambiente de trabalho.

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CAPÍTULO I

A EVOLUÇÔES DAS RELAÇÕES DO TRABALHO NA

SAÚDE DO TRABALHADOR

Desde o surgimento do homem vem ocorrendo a evolução das relações

do trabalho e suas implicações na Saúde do Trabalhador constatam-se um

longo caminho na história da humanidade, que na Pré-História (Períodos

Paleolítico e Neolítico antes da invenção da escrita) o homem se organizava

em grupo e dividia os trabalhos e juntos percorriam longos caminhos onde

desempenhavam as atividades de coleta que ficava a cargo das mulheres e

caça era feita pelos homens conhecidos por nômades, o grande desafio

daquela Era foi a de sobreviver aos riscos que a própria natureza oferecia para

sua subsistência. Mais tarde já na Antiguidade (Período em que o homem já

dominava a escrita) o trabalho tinha uma relação fixa com a terra nesse

momento o homem desempenhava as atividades de agricultura e criação

usando a força do trabalho animal e humano, nota-se que o trabalho era na

verdade um meio de subsistência para o homem ou servindo de punição ao

paraíso perdido numa conotação já religiosa As civilizações antigas, não

tinham ainda a concepção dos perigos e catástrofes naturais atribuíam esses

eventos a vontade de Deuses e oráculos não pensavam na idéia de

antecipação e prevenção dos perigos, porém na Idade Média se estabeleceu

um sistema de servidão entre o senhor feudal e o servo que posteriormente

veio a ser superado pelo mercantilismo com o ganho entre as trocas

comerciais. Na época do Renascimento, pela primeira vez o homem começou

seu potencial racional para antever situações indesejáveis de riscos,

entretanto, mundialmente um dos primeiros indícios do aparecimento do

cuidado com a saúde do trabalhador foi o aparecimento do profissional médico

no interior das empresas nos séculos XVIII e XIX, na Inglaterra durante A

Revolução Industrial, quando se desenvolveu a Medicina do Trabalho isto

porque com o êxodo do campo para cidade aumentou siguinificativamente o

adoecimento dos operários dentro das fábricas. O processo de industrialização

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mundial, de certa forma foi benéfico para a sociedade brasileira haja vista que

no “Período Imperial Brasileiro” o trabalho era na sua maioria desempenhando

por trabalho escravo institucional, onde o senhor de engenho era proprietário,

logo com as pressões externas os abolicionistas ganharam força política e com

isso em 1888 foi proclamada a abolição o que converteu os escravos em força

de trabalho assalariada onde os mesmos poderiam transformassem em

consumidores, com essa nova perspectiva surgiram outros problemas como a

falta de regulamentação das condições de trabalho (incluindo ambientes

insalubres) e extensas jornadas de trabalho começaram a afetar gravemente a

saúde do trabalhador; gerando um quadro de aumento das doenças infecto-

contagiosas e aparecimento de epidemias. Era preciso que tais processos

fossem repensados. SANTOS (2.003) cita que “.... marcos importantes foram a

criação de organizações como a Organização Internacional do Trabalho (OIT),

no início do século XX; depois da Organização das Nações Unidas (ONU) e

Organização Mundial de Saúde (OMS) no pós- II Guerra Mundial, o

desenvolvimento da Saúde Ocupacional à partir da metade do século XX, e a

Saúde do Trabalhador na década de 1970...” Atualmente existem uma política

clara do MS através da criação COSAT, RENAST e CEREST que tem em seus

quando profissionais como: Médicos do trabalho, engenheiros e técnicos do

trabalho, fonoaudiólogo, assistente social, psicólogo,enfermeiro e podendo

incluir o arteterapeuta e outros perfis nesta equipe multiprofissional.

Os movimentos sociais como ONG e Sindicatos estão atuando e fiscalizando

essas ações através de comissões conjuntas isto revela que a Saúde do

Trabalhador é uma construção coletiva e que a cada dia a sociedade está mais

atenta aos seus deveres e direitos. Como vivemos num mundo globalizado

compartilhamos experiências de diversos locais e infelizmente as conquistas

dos trabalhadores bem como seu acesso aos serviços de Saúde do

trabalhador, não é uniforme pelo mundo a fora, por exemplo, existem países

como a China onde a massa é explorada livremente e sua mão – de - obra são

muito desvalorizadas nos países da América do Sul a exemplo do Brasil existe

um grande número de trabalhadores informais alheios aos programas de

inclusão previdenciária e da Saúde como um todo, esse panorama complexo

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da evolução das relações de trabalho em saúde do trabalhador revela que as

conquistas e as mudanças ocorrem em estágios diferentes em cada lugar tem

suas características próprias, provavelmente com a revolução tecnológica, a

comunicação e principalmente o conhecimento proporcionará num futuro não

muito distante pra os diversos trabalhadores em nosso planeta melhores

condições de trabalho e qualidade de vida como exemplo destacamos a REC

que vem trabalhando em diversos países e recentemente no Brasil com o

objetivo de apoiar ações populares, e divulgando o trabalho de diversos perfis

buscando a lógica do intercâmbio essa iniciativa tem o apoio do MS/RENAST,

sua metodologia de se trabalhar em rede propicia a troca de experiências e o

conhecimento por parte dos Trabalhadores de sua profissão nas mais distintas

realidades. Tudo isso nos dá uma expectativa positiva na melhoria do diversos

cenários de trabalho onde falta um trabalho de parceria mais efetiva entre as

instituições a fins, aonde a sociedade já vem se mobilizando e cobrando

melhorias imediatas através de diversos movimentos sociais presentes nos

países ditos democráticos.

1.1 – O Histórico da Saúde do Trabalhador no SUS

No Brasil desde o período colonial o trabalho escravo foi adotado

juntamente com o sistema econômico de exploração baseado na monocultura

e apropriação das riquezas naturais como madeiras e minerais onde negros e

índios eram considerados pelo império, elite e fazendeiros como seres

inferiores sem direitos sendo considerados produtos e mercadorias apenas

existiam a preocupação de alimentá-los e cuidar de sua saúde para não terem

prejuízos já que essas etnias através dos trabalhos forçados lhes davam

lucros. Nos anos 30 com a escalada do populismo brasileiro surgiu no governo

de Getúlio Vargas conhecido como: “pai dos pobres” um avanço significativo

na relação entre patrão e empregados com a criação da CLT, entretanto, no

Brasil percorreu um longo caminho até estar garantida constitucionalmente a

Saúde do Trabalhador contemplada na Lei 8080. Até 1.988 a população

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brasileira que necessitava dos “serviços de saúde” tinha três alternativas:

utilizar-se dela através de um benefício previdenciário, restrito aos

contribuintes com carteira assinada; ou comprar o serviço através de

assistência médica particular, e, em último caso, os trabalhadores que não

tinham recursos, recorria à misericórdia oferecida por hospitais filantrópicos,

como as Santas Casas e instituições beneficentes. A saúde era então, um

serviço oferecido e regulado pelo mercado ou por meio de uma política

compensatória voltada aos trabalhadores contribuintes. As ações de caráter

coletivo eram executadas pelo Ministério da Saúde e tinham caráter preventivo,

como campanhas de vacinação ou controle de doenças endêmicas como

tuberculose. Segundo publicação do Ministério da Saúde, Renast (2.006) “... A

situação da saúde no país na década de 80 era crítica, com elevada taxa de

mortalidade infantil por diarréia, sarampo, meningite; elevados índices de

mortalidade materna e infantil Peri natal, refletindo baixa cobertura na

assistência à gestação e ao parto; índices recordistas de acidentes de trabalho

além de baixíssima capacidade diagnóstica e de registro das doenças

relacionadas “ao trabalho”, “Tais índices levaram a OIT- a pressionar o então

governo militar por providências em curto prazo...”

Na mesma década, com o fortalecimento dos movimentos sociais e a

redemocratização do país surgem vários movimentos paralelos. Um deles foi o

Movimento de Reforma Sanitária, que propunha uma nova concepção de

Saúde Pública integral, igualitária e de acesso universal, a toda a população.

Paralelamente aos movimentos sanitários, a década de 80 foi de grande

importância para a consolidação da luta dos trabalhadores. Em agosto de

1.980 foi criado o Diesat. LACAZ (1.983) cita que a criação do Diesat envolveu

dezenas de sindicatos e federações de trabalhadores de todo o Brasil, em

articulação com grupos técnicos de militância na esquerda, de caráter

suprapartidário. LACAZ (1983), ainda afirma que “... o papel do movimento

sindical na estruturação da saúde do trabalhador como proposta de política

pública em saúde teve fundamental importância e, de certa forma, foi reflexo

das grandes greves que se iniciaram no final dos anos 70 e balançaram os

alicerces da ditadura militar, ao mesmo tempo em que questionavam o

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despotismo da gerência na grande indústria e, depois, também nas médias e

pequenas empresas”...

Outro marco a se destacar foi à realização da VIII CNS que aconteceu

em março de 1.986. As propostas discutidas e “retiradas” da Conferência

salientaram a importância da saúde do trabalhador brasileiro. As deliberações

da VIII Conferência Nacional em Saúde foram tão enfáticas que culminaram

com a I CNST, que ocorreu em dezembro do mesmo ano.

O advento da reforma sanitária brasileira, os movimentos sindicais fortalecidos

(preocupados com os direitos e saúde dos trabalhadores) e o advento das

Conferências em Saúde e Saúde do Trabalhador foram importantes

instrumentos que demonstravam os anseios da população na época. Estes

anseios foram consolidados com a Seção da Saúde na Constituição Federal

de 1.988 e com as Leis Orgânicas da Saúde: Lei 8.080 de 1.990 e Lei 8.142 de

1.990. Para a execução de todas estas regulamentações, houve uma

necessidade de reforma em toda estrutura do setor da saúde, processo que

exigiria tempo e estratégias para a readequação aos preceitos garantidos pela

Carta Magna. A Constituição Federal de 1988 também determinou um sistema

político federativo constituído por três esferas de governo - União, Estados e

Municípios –, todos considerados entes com autonomia administrativa e sem

vinculação hierárquica. São 26 Estados e o Distrito Federal e 5.560 municípios

e Estados que vão desde Roraima, com apenas 279 mil habitantes, até São

Paulo, com mais de 36 milhões de habitantes. Municípios com pouco mais de

mil habitantes até o município de São Paulo com mais de 10 milhões de

habitantes (Brasil: CONASS, 2003).

O sistema federativo seria, em linhas gerais, adequado para países

marcados pela diversidade e heterogeneidade, por favorecer o respeito aos

valores democráticos em situações de acentuada diferenciação política,

econômica, cultural, religiosa ou social. Por outro lado, esse tipo de sistema

torna mais complexa a implementação de políticas sociais de abrangência

nacional, particularmente nos casos em que a situação de diversidade diz

respeito à existência de marcantes desigualdades e exclusão social, como no

Brasil. Nesses casos, acentua-se a importância do papel das políticas sociais

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de redistribuição, redução das desigualdades e iniqüidades no território

nacional e inclusão social (Brasil: CONASS, 2003).

A Constituição Federal foi extremamente inovadora em várias áreas. Cria

um capítulo exclusivo para a saúde extinguindo um Sistema ultrapassado que

privilegiava poucos e cria o SUS, cujos preceitos estão pautados na equidade,

integralidade e universalidade, destacando-se pela sua gestão democrática

(quando preceitua a autonomia administrativa nas esferas de governo). O

Sistema Único de Saúde é, por definição constitucional, um sistema público,

nacional e de caráter universal, baseado na concepção de saúde como direito

de cidadania e nas diretrizes organizativas de: descentralização, com comando

único em cada esfera de governo, integralidade do atendimento e participação

da comunidade. A implantação do SUS não é facultativa e as respectivas

responsabilidades de seus gestores – federal estadual e municipal – não

podem ser delegadas. O SUS é uma obrigação legalmente estabelecida.

As ações em Saúde do Trabalhador, competências do novo sistema,

tiveram seu pontapé inicial com a criação da Lei 8.080/90. O art. 6º desta lei

regula que “... estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de

Saúde (SUS) a Saúde do Trabalhador, e tem-se em seu parágrafo terceiro:

§ 3º (...) “Entende-se por Saúde do Trabalhador, para fins

desta lei, um conjunto de atividades que se destina, através das

ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à

promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como

visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores

submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de

“Trabalho”, (...)

A Política Nacional de Saúde do Trabalhador passou a se estruturar a

partir de movimentos organizados, desenvolvendo ações no Brasil inteiro.

DIAS E COSTA, 2005 citam que “... A resolutividade destas ações culminou na

implantação da RENAST, que se expressa através de Centros de Referência

no país inteiro. Esses Centros de Referência têm como finalidade capacitar,

desenvolver políticas e outras atividades que vão além da referência e contra-

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referência...”. Atualmente está instaurada, dentro da área de saúde do

trabalhador, no Ministério da Saúde, a COSAT.

Regulamentada, portanto, através da Portaria MS 1.679/2002 a RENAST

fortaleceu a política de ST no SUS, passando a ampliar e descentralizar suas

ações por meio da criação dos CEREST´s. Segundo Ministério da Saúde,

Renast, 2.006 “... A RENAST, tem como principal objetivo integrar a rede de

serviços do SUS, voltados à assistência e à vigilância, para o desenvolvimento

das ações de Saúde do Trabalhador...”. Os Centros de Referência são

compostos por uma equipe multiprofissional e têm o intuito de promover

assistência integral aos trabalhadores do setor formal e informal com

problemas de saúde relacionados ao trabalho rural e urbano, incluindo: ações

de vigilância, promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde dos

trabalhadores acidentados ou com doenças relacionadas ao trabalho; o

registro de todos os casos de acidentes e doenças do trabalho atendido nas

unidades do SUS; a garantia do encaminhamento para as providências

previdenciárias e trabalhistas. Portanto, as atividades dos CEREST´s devem

estar articuladas com os demais serviços da rede SUS, além de outros setores

do governo que possuem interfaces com a Saúde do Trabalhador como, por

exemplo: DRT,MPT e INSS.

A Portaria GM/MS 2.437/05 atribui algumas funções dos CEREST´s das

quais pode-se destacar: Suporte técnico adequado às ações de ST; recolher,

sistematizar e difundir informações de interesse para a ST; apoiar a realização

das ações de vigilância em ST; facilitar os processos de capacitação e

educação permanente para os profissionais e técnicos da rede do SUS e dos

participantes do controle social; elaboração dos Planos de Ação Estaduais e

Regionais de Saúde do Trabalhador, naqueles estados onde acumulam a

função de Coordenação Estadual ou Regional de Saúde do Trabalhador, e

seus respectivos Planos de Aplicação; articular e operacionalizar as estratégias

do Plano Nacional de Saúde do Trabalhador; implementar protocolos de

atenção à Saúde do Trabalhador e projetos estruturadores de ações

prioritárias; acolher, discutir e prover soluções às demandas institucionais e

dos movimentos sociais, relacionados com a situação da saúde e trabalho.

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Pode-se perceber que os anseios sobre a Política em Saúde do

Trabalhador vêm desde a promulgação da Constituição Federal, entretanto nos

anos 90, com uma política “Neoliberal” questões de saúde dos trabalhadores

tiveram tímidos avanços, mas a sua implementação e fortalecimento vem

ocorrendo com maior visibilidade nos últimos anos tendo como marco a

criação da RENAST e dos CEREST´s para se uma idéia só nos anos de 2007

e 2008 foram implantados no Brasil mais de 200 centros de referência (que

têm papel importante como pólos irradiadores e descentralizadores desta

política). É uma nova vertente dentro do Sistema Único de Saúde, que nesta

perspectiva vem gradativamente se adequando às diversas realidades e

necessidades regionais deste país.

1.2 – O panorama atual

De acordo com a OMS, os maiores desafios para a saúde do

trabalhador atualmente e no futuro são os problemas de saúde ocupacional

ligados com as novas tecnologias de informação e automação, novas

substâncias químicas e energias físicas, riscos de saúde associados a novas

biotecnologias, transferência de tecnologias perigosas, envelhecimento da

população trabalhadora, problemas especiais dos grupos vulneráveis (doenças

crônicas e deficientes físicos), incluindo migrantes e desempregados,

problemas relacionados com as crescentes mobilidades dos trabalhadores e

ocorrência de novas doenças ocupacionais de várias origens. A saúde do

trabalhador e um ambiente de trabalho saudável são valiosos bens individuais,

comunitários e dos países. A saúde ocupacional é uma importante estratégia

não somente para garantir a saúde dos trabalhadores, mas também para

contribuir positivamente para a produtividade, qualidade dos produtos,

motivação e satisfação do trabalho e, portanto, para a melhoria geral na

qualidade de vida dos indivíduos e da sociedade como um todo. Apesar dos

avanços do SUS nas questões de Saúde do Trabalhador constatamos que há

muito por se fazer ainda, isto porque muitos trabalhadores têm dificuldades

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quando necessita de atendimento ou amparo das instituições onde as mesmas

precisam ter um bom conhecimento para agilizar os processos e tramites dos

serviços garantindo assim seus direitos, mas o que se vê é trabalhadores sem

saber a quem recorrer. Como exemplo fechar os modos de avaliação e

notificação dos usuários acidentado através da rede SINAM, e integrá-las ao

sistema Data SUS de forma efetiva podendo avaliar com mais precisão o

número de trabalhadores que sofreu algum problema no ambiente de trabalho.

Uma das preocupações da arteterapia é conscientizá-los quanto à maneira na

realização de suas atribuições cotidianas, buscando humanizar as relações de

trabalho entre o capital “empregadores” e a mão-de-obra “assalariados” assim

valorizando a vida dos trabalhadores diminuindo as enfermidades e

desigualdades no ambiente de trabalho não se têm, por exemplo, a cultura de

prevenção doenças como stress e hipertensão não possuem ainda na ciência

uma cura definitiva o que afligi muitos trabalhadores que até inicia algum tipo

de tratamento, porém a porcentagem de abandono no programa de tratamento

é muito alta, aumentando conseqüentemente os custos da reabilitação bem

com o tempo de afastamento do serviço. Neste caso é oportuno um

arteterapeuta buscar estimular o usuário / trabalhador seguir o tratamento isto

porque, a cada dia surgem diversas profissões e a área da Saúde do

Trabalhador pode aglutinar novas atividades as quais podem gerar novos

problemas de saúde ocupacional e doenças relacionadas ao seu exercício.

Atualmente a Saúde do trabalhador compreende um campo de estudo das

relações de trabalho e ambiente. Segundo Tambellini (1986):

“Área do conhecimento e aplicação técnica que dá conta do entendimento dos múltiplos fatores que afetam a saúde dos trabalhadores e seus familiares independe das fontes de onde provenham das conseqüências da ação desses fatores sobre tal população (doenças) e das várias maneiras de atuar sobre estas condições (determinantes e doenças), no sentido de prevenir e identificar sua ocorrência e reparar seus resultados (ações terapêuticas, de reabilitação e de readaptação).” (Tambellini, ed. al. 1986)

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Dessa forma, as políticas públicas setoriais de Vigilância precisam enfocar

também ações em Saúde do Trabalhador, pois existe um trabalho bastante

estruturado na fiscalização e controle produção e distribuição de bens oriundos

da transformação da natureza e prestação de serviços, na agricultura, por

exemplo, os bovinos têm uma cobertura vacinal sofisticada e elogiável o

comércio recorre a bancos de dados interligados como SPC e Serasa S/A em

seus próprios controles de proteção ao crédito como bancos, comércio e

indústria, desenvolvimento de ciência e tecnologia para terem rendimentos e

produtividade não tem, vias de regras, levado em consideração as

conseqüências sobre as condições de vida e os perfis de adoecimento

relacionados ao trabalho. A mesma fragmentação se reproduz nas políticas

setoriais na esfera da Saúde, Previdência Social, Meio Ambiente e Trabalho

entre outras instituições. Para a mudança desse quadro, é necessário que as

políticas públicas privilegiem a construção de processos produtivos limpos e

saudáveis, de modo a diminuir os riscos de adoecimento e a degradação do

ambiente e garantir uma distribuição eqüitativa e justa dos benefícios e

problemas gerados nos processos produtivos. Um exemplo dessa nova

perspectiva e a OIT que vem trabalhando com a agenda “Trabalho Descente”,

A saúde ocupacional do trabalhador é uma condição de vida própria de

coletividades humanas em seus ambientes de trabalho, que sob a ação de

diversos fatores (ambientais, sociais, políticos, econômicos, ergonômicos e

outros) constituem um valor social público, que pode ser previsível em termos

estatísticos, possibilitando ações coletivas e individuais, objetivando o controle,

em especial, pela vigilância e interferência no ambiente de trabalho,

abrangendo a promoção da Saúde do Trabalhador, submetido aos riscos e

agravos advindos das condições de vida no trabalho, até a assistência e a

recuperação, física ou mental, mais complexas ao trabalhador vítima de

acidente e doença do trabalho. Área da Saúde Publica que tem como objetivo

de estudo e intervenção as relações entre o trabalho e saúde. Apresentam

dimensões sociais, políticas e técnicas, todas indissociáveis. Possui interface

com o sistema produtivo e a geração de riqueza nacional, a formação e

preparo da força de trabalho, as questões ambientais e a seguridade social.

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Em setores como Qualidade de Vida ligada ao RH, busca-se a ”Saúde e bem-estar do trabalhador”, sejam elas no plano pessoal ou profissional, estar ou

não satisfeito em relação ao trabalho, afetando diretamente o comportamento.

Incorre em conseqüências diversas. Essa afirmativa é baseada no modelo das

conseqüências da insatisfação no trabalho proposto por Henne & Locke

(1985), em que a insatisfação no trabalho pode gerar conseqüências na vida

individual, na saúde mental e na saúde física desse indivíduo. Com relação à

educação o próprio MEC já vem trabalhando o tema Saúde e Trabalho no

ensino da EJA, entretanto, muitos educadores das redes públicas e

principalmente da rede privada não utiliza tais metodologia talvez por

desconhecimento, mas certamente não é interessante para sistema capitalista

terem funcionários politizados que busque explicações sobre como ocorrem às

relações entre o ambiente e a saúde do trabalhador e apontam as

possibilidades de intervenção concreta consubstanciada em ações preventivas

para mitigação dos riscos, incluindo os programas sistemáticos de avaliação e

gestão crítica de riscos no trabalho ou ambiente, usando uma abordagem

necessariamente multi, inter ou transdisciplinar, ou seja, um macro elenco de

disciplinas ou áreas do conhecimento pode ser necessário para o

desenvolvimento de estudos sobre exposição dos efeitos complexidades

valorizando a teoria e a prática como, por exemplo, a poluição (física, sonora

no contexto ambiental) e suas várias faces nos diversos ambientes. Mas o fato

principal é que as mudanças sempre vão ocorrer e certamente veremos

transformações nessa coturbada relação entre trabalhadores a massa

assalariada e poder econômico os donos do capital, é necessário haver

equilibrio pois, a valorização dos trabalhadores passa pela implantação de

PCCS que de certa forma melhorará as espectativas do trabalhador com

relação ao próprio ambiente de trabalho e padrão mais digno de vida.

Costatamos ainda o movimento de várias intituições seja ela pública ou privada

mais consciêntes com relação as questões da Saúde do Trabalhador no seu

ambiente de trabalho muitos vem cumprindo os programas e regulamentos

previstos por exemplo nas NR. Atualmente o panorama da Terapia no geral,

está Centrada na Pessoa como uma terapia de relacionamento, implica uma

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psicologia do desenvolvimento que não vê apenas o desenvolvimento e a

mudança a partir da tendência actualizante, mas também das relações nas

quais se nasce, se é educado e com que se vive. Assim, os auto-conceitos,

problemas, crises e desordens não derivam só do facto de não se ser

suficientemente aceite, mas do processo de comunicação entre a criança e as

suas relações mais próximas – uma opinião que é bem fundamentada pelos

estudos fenomenológicos em crianças, levados a cabo nos últimos anos (quero

aqui chamar a atenção para os trabalhos de Ute Binder: 1994; 1998;

Binder/Binder 1981; 1991). É do estado da arte atentar e pesquisar uma

psicologia do desenvolvimento centrada na pessoa, em todas as fases da sua

vida levando este conceito aos trabalhadores. Felismente existem muitas

empresas e orgãos púplicos preocupados com essa situacão e implementando

novas práticas que buscam melhorar o ambiente e o próprio estado de saúde

de seus colaboradores.Cita-se como exemplo campanhas de vacinacão para

evitar o adoecimento diminuindo consideravelmente as faltas e atestados

médicos no seus servicos melhorando seu rendimento no trabalho.

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CAPÍTULO 2

A ARTETERAPIA NO AMBIENTE DE TRABALHO

Sabe-se que as pessoas ficam no ambiente de trabalho em média de

75% de suas vidas, daí a importância dessa terapêutica em loco segundo

estudiosos no local de trabalho se encontra “O mal do Século” conhecido por

estresse (físico e mental) também temos presente o assédio moral e demais

condições que prejudicam os trabalhadores tanto na questão do surgimento de

patologias que podem acompanhá-los pro resto de suas vidas ou lhes tirar-lhes

a vida. Mas afinal de contas como Arteterapia pode mudar está realidade?

Para responder está indagação destacamos: primeiro é um conjunto de ações

e informações e um campo vasto de atividades de pesquisa, podendo auxiliar

a criação de hipóteses educacionais no ambiente como um todo. Certamente a

Arteterapia no Ambiente de Trabalho, pode auxiliar os diversos tipos de

trabalhadores e administradores a adquirir atitudes e posturas e

conhecimentos necessários para prevenção de transtornos decorrentes do seu

cotidiano de trabalho. Sua função, também, é buscar maior compreensão do

processo e da situação atual vivenciada, assim as partes envolvidas numa

interação dinâmica valorizando o trabalho e seu ambiente como fonte de

realização pessoal, inclusão social e cidadania, pois ambos fora de tal prática e

contexto não têm sentido. Ficou claro que durante o trabalho monográfico

alguns trabalhadores relataram que em algumas atividades e dinâmicas da

arteterapia ajudaram a ter uma nova visão do seu “fazer” questionando suas

próprias atitudes e observando, ou melhor, vendo o que seus colegas de uma

forma até inconscientes estavam fazendo suas atividades rotineiras de

maneira perigosa e expondo-se a riscos desnecessários.

Outro problema grave é justamente a falta de investimento na educação

através da chamada “educação ambiental” que nosso país vem vivenciando ao

longo da história essa carência orçamentária na formação, até hoje não se

investe na educação como deveria ser um “investimento de base para o país”.

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Mas em contrapartida com a criação do Fundef, trouxe uma mudança na forma

de financiamento do ensino público do país, ao subvincular uma parcela dos

recursos constitucionalmente destinados à educação ao nível fundamental. O

artigo 212 da Constituição Federal de 1988 determina na LDB que Estados,

Distrito Federal e Municípios devem aplicar, no mínimo, 25% de suas receitas

de impostos em Educação. Porém, muitos Estados e Municípios não vêm

aplicando os recursos gerando um déficit na educação, conforme denúncia dos

sindicatos dos professores em diversas conferências no país a fora, no que se

refere ao ensino de Arte nas escolas a carência é colossal, pois falta estrutura

adequada espaço como salas de oficina, teatro, material pedagógico uma

carga horária adequada e sem falar da valorização necessária do professor. A

proposta de se trabalhar a arteterapia no ambiente de trabalho vem como

contra ponto a essas realidades citadas acima como uma forma de apropriar

os trabalhadores e motivá-los para mudança interior e transmitir para o

exterior, a seu uso conforme Mircea Eliade (1991), no seu livro “Imagens e

Simbólicos” traz a idéia do interior do pensamento simbólico:

“O pensamento simbólico não é a área

exclusiva da criança, do poeta ou do

desequilibrado: ela é consubstancial ao ser

humano; precede a linguagem e a razão

discursiva. O símbolo revela certos aspectos

da realidade os mais profundos que desafia

qualquer outro meio de conhecimento. As

imagens, os símbolos e os mitos não são

criações irresponsáveis da psique; elas

respondem a uma necessidade e preenchem

uma função: revela as mais secretas

moralidades do ser. Por isso, o seu estudo nos

permite melhor conhecer o homem, o homem

simples aquele que ainda não se compôs com

as condições da história .” (Eliade, 1991, p.8-9)

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A mudança do perfil das classes trabalhadoras começou a delimitar uma nova

demanda na história da educação no Brasil a partir da década de 30 onde

começou a industrialização gerando o crescimento das cidades devido ao

surgimento de grande número de indústrias e fábricas mudando o perfil do país

rural para urbano desta forma tornou-se o grande desafio para o poder público

quanto à erradicação do analfabetismo no país. Desde então, foram criados

suplência na tentativa suprir essa carência educacional com pouco tempo de

escolarização os números de analfabetos foram diminuindo e surgindo então

uma nova conotação o chamado “analfabeto funcional “onde posteriormente

buscou-se algo mais ligado a sua realidade deixando a “Educação Bancaria”

combatido por Paulo Freire, essa modalidade foi inserida dentro das políticas

educacionais com diversas denominações até chegar aos dias de hoje como

EJA. Uma educação ligada à pluralidade do trabalhador e a arteterapia busca

trabalhar essa ferramenta só existe transformação quando os mesmos são

protagonistas do seu aprendizado. A arte é parte integrante do ser humano

desde os tempos primitivos, estando presente em todas as formações

culturais. Podemos dizer que a arte é um fenômeno presente no

comportamento humano, resultante das experiências vivenciadas

demonstrando a capacidade de sensibilidade, necessidade de comunicação,

criatividade, percepção e imaginação. Através da própria arteterapia muitas

capacidades foram desenvolvidas como os trabalhadores a sua percepção, a

expressão, a criatividade, a imaginação, a motricidade, a auto-estima e a

confiança, a relação entre o mundo interno e externo, essas capacidades são

muito importantes para o profissional de hoje em dia. Assim a arteterapia no

ambiente de trabalho de certa forma favorece a socialização do trabalhador

com ambiente, provocando uma nova visão com relação ao trabalho não

ficando os mesmos alienados na sua rotina. Tudo esse potencial tem que ser

aproveitado e revertido na melhoria dos processos do trabalho, não basta

trabalhar por trabalhar é necessário que o trabalho seja digno para valorizar e

satisfazer o cidadão em todas as suas necessidades de vida.

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2.1 – O Ambiente Interno

É consenso que existem diversos ambientes dentro desse universo

“macro” coexiste com o “micro” e particularmente o ambiente interno ou

microambiente se refere ao ambiente imediato onde no caso cada trabalhador

interage, é justamente esse ambiente que vem apresentando diversos

problemas de natureza física (estrutura, iluminação, limpeza e materiais) entre

outros problemas talvez o mais grave seja o Stress denominado atualmente,

de assédio seja ele moral, físico, sexual e psicológico; Desta forma, a

consciência dispõe de suas formas de expor, representar e interpretar o mundo

achando tais ocorrências ditas como normais. Temos então o modo direto,

onde algo enquanto objeto de si está presente em nosso consciente seja pela

sua percepção ou sensação. Já no ambiente interno, através da própria

arteterapia podemos combater o stress, por intervenção terapêutica

diretamente ou por ações espontâneas, por exemplo, meditar sobre uma frase

de Gandhi: ”Sem resistência não há luta”, isto quer dizer que o indivíduo

(trabalhador) é tolerante, ou que aprende a desenvolver essas características,

não entra em conflito com os fatos que lhe acontecem e não desenvolve

facilmente o stress, ou seja, sem receio de enfrentar os próprios desejos e as

próprias frustrações, pratica a aceitação, a flexibilidade, o bom humor,

independente do que esteja acontecendo externamente, ajuda a diminuir

expressivamente esse problema da sociedade moderna. Outra situação é no

modo indireto o objeto não está presente fisicamente, ou seja, em “carne e

osso”, porém pode ser pode o objeto é representado por intermédio de uma

figura ou imagem feitas sendo possível resgatar com a arte esse sentimento

nos trabalhadores com problemas internos. Gilbert Durand (1988), em seu livro

“A Imaginação Simbólica”, relata que Paul Ricoeur aborda sobre as três

dimensões concretas da função do símbolo: “Cósmica – porque a imagem

representa toda a figuração do mundo visível”, “Onírica – porque a raiz da

imagem encontra-se nas lembranças e nos gestos que emergem dos sonhos”

e da “Poética – porque o símbolo e a imagem apelam a uma linguagem ou a

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uma necessidade de comunicação ou expressão concreta” (Durand, G.

1988:16).

“produzir um estado psíquico em que o

sujeito comece a fazer experiências com seu

ser, um ser em que nada é definitivo nem

irremediavelmente petrificado; é produzir um

estado de fluidez de transformação e de vir a

ser” (Jung, 1999, p. 44)

Os enfoques das relações trabalhador/ambiente/saúde propiciam,

facilita e legitima determinados encontros intersetoriais e interdisciplinares são

produtivos, pois cria novas perspectivas de diálogos e pontes metodológicas

teóricas para uma mesma questão, no que se refere à Educação e Saúde é

importante a oficina de arteterapia, pois, colabora com a educação continuada

ou permanente no desenvolvimento pessoal e coletivo dos trabalhadores

observamos que a arteterapia através, de suas dinâmicas e ações rompe

barreiras e deixa o trabalhador livre para expressar suas angústias e

sentimentos mais profundos, ou seja, cumpre seu papal de alívio e

amenizando o interior de cada participante. Quando algo lúdico os faz sair de

sua realidade logo percebemos o reflexo através de mudanças e

questionamentos antes não percebido pelos mesmos. Veja uma experiência

em seu livro “Pintando sua Alma” a autora Susan Bello (Bello, 1998), busca no

processo uma junção entre o processo educativo e criativo e,

conseqüentemente, o que desenvolve a autoria do pensar ou pensamento

metódico produtivo e assim desenvolver a singularidade bem como usá-la para

o bem estar do planeta, está observação é muito apropriada aos moldes que

trabalhamos como um todo conforme a visão holística. Havendo momentos ou

sessões para a aplicação e desenvolvimento dessas competências e

habilidades de prevenção e promoção no ambiente de trabalho por intermédio

do instrumento vasto recursos que dispõe a arteterapia nos diversos

ambientes.

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Para nossa reflexão sobre o próprio ambiente educativo questionemos o

seguinte: será que o nosso processo estrutural de educação foi realmente

pensado para as classes trabalhadoras? Ou para atender as necessidades do

mercado capitalistas neoliberal? Tudo depende do olhar que dermos a questão

como um processo de construção lutas e conquistas. O professor Carlos

Roberto Jamil Cury, do Conselho Nacional de Educação, diz: “A EJA, de

acordo com a Lei 9.394/96, passando a ser uma modalidade de educação

básica nas etapas do ensino fundamental e médio, usufrui de uma

especificidade própria” nesta perspectiva, o contexto social, intelectual de cada

indivíduo, ou seja, seu interior pessoal sendo valorizado como uma forma de

quitar uma divida social com os que não tiveram oportunidade de um trabalho

e uma vida digna. O campo educacional nas sociedades complexas configura

num espaço de lutas e contradições próprias das divisões de trabalho e

classificações sociais, ancoradas, de um lado, em desigualdades econômicas,

sociais, culturais e simbólicas e, de outro, num discurso emancipador e

igualitarista, que coloca a educação como condição de progresso material e

pessoal (aprendizagem sendo algo particular e único em cada ser). Outro

ponto a se pensar sobre o ambiente interno diz respeito aos seus objetivos de

se trazer vários benefícios para o indivíduo ou grupo. Atualmente existem

empresas preocupadas com a recepção dos clientes visando um atendimento

de qualidade com uma filosofia própria de acolhimento, gerando conforto,

salubridade e bem estar como diz certo ditado popular. “A primeira impressão

é a que fica”. Percebemos que a utilização pedagógica da arteterapia no

ambiente, facilitou o ingresso e a aceitação das diferenças individuais

possibilitando e viabilizando o sentimento de inclusão social, tão importante

para a estruturação de uma identidade.

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2.2 – O Ambiente Externo

Outro desafio é trabalhar com o grupo algo que foge de nossos

domínios porque quando pensamos em intervir no ambiente externo temos que

ter a consciência de que o ambiente externo interage direto ou indiretamente

com o trabalhador em questão, pois não somos uma pessoa em casa outra no

trabalho e assim por diante, não desligamos totalmente de nossos mundos

paralelos. Além de termos equilíbrio interno, contar com o apoio de outros

agentes “coletivo” sabe-se que nossa sociedade está muito individualizada

com isso se cria: (defesas, desculpas, desunião e medo) a chamada

“sociedade do consumo” onde o importante e vender e comprar logo, somos

tratados com um produto qualquer que se pode achar em qualquer esquina

porque os trabalhadores em sua grande maioria estão alienados a esses

fatores.A grande questão é como trabalhar a concepção da importância dos

riscos do trabalho bem como seu ambiente externo? Se muitos trabalhadores

vivem em condições sociais precárias e carência educacional, na realidade a

luta por um emprego de certa forma acaba deixando muitos trabalhadores sem

opção e aceitam certas condições impróprias como o trabalho informal,

terceirizado entre outros. Não existem garantias e direito o que prevalece é a

chamada “lei da oferta e da procura”. Outro exemplo para refletirmos sobre a

questão é como os países podem melhorar ou acabar com a degradação do

meio ambiente? Esse macro questionamento envolve na realidade todos os

países e sociedades, de fato constatamos através de diversos noticiários de

grande credibilidade a falta de políticas e ações concretas na busca de reverter

esse quadro caótico do efeito estufa no mundo. A cultura imediatista permeia

vários aspectos em nossa sociedade e potencializa o agora, o crédito,

aproveitar o momento sem importar-se com o amanhã.

O trabalho revela-se central em suas vidas, é o grande educador moral

e para esses jovens, com origens nas camadas populares, trabalhar é uma

obrigação até como parcela de retribuição dos filhos para com seus pais em

troca da vida que lhes deram e do sustento recebido até então. Para os jovens

o sentido do trabalho reproduz, em parte, a visão de classe de seus pais, com

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origem nas classes trabalhadoras, vinculada à ética convencional do trabalho,

acrescida dos valores típicos dos jovens na atual conjuntura, ligados à

realização de si e à satisfação dos desejos de consumo de determinados bens

simbólicos juvenis, que lhes garantem prestígio entre seus pares.

O quanto à visão de mundo dos jovens, sua postura perante o emprego e a

escola, sofre os efeitos das mudanças ligadas à crise da modernidade, aos

embates entre a nova e a velha organização do sistema produtivo,

coexistentes em nosso ambiente atual. Embora o modelo de causalidade

behaviorista seja claramente voltado para as relações do indivíduo com o

ambiente que se situa “fora de sua pele”, os eventos e acontecimentos

privados, compreendidos como respostas e estímulos que ocorrem “sob a

pele” do indivíduo, são objetivos de investigação. Skinner explicita a utilidade

prática dos eventos privados segundo ele: “São pistas para o comportamento

passado e as condições que o afetam, para o comportamento atual e para as

condições relacionadas com o comportamento futuro”. (SKINNER, 1974/ 1995,

p.31). Neste sentido os chamados “fenômenos mentais” ou “processos

psicológicos superiores” não são vistos como entidades mentais de uma

natureza espacial, mas como resposta que são diferentes apenas por

ocorrerem “sob a pele” no caso o indivíduo tendo acessibilidade limitada.

Além disso, em diversas obras de Skinner citadas por (TOURINHO, 1997). Nas

palavras de Skinner (1953/ 2003). “(...) o termo ambiente significa

presumivelmente qualquer evento no universo capaz de afetar o organismo.

Mas parte, do universo está circunscrita no interior da própria pele do

organismo” (p. 281).

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2.3 – O Trabalho Individual e Coletivo

Durante, o trabalho incluímos como ponto de observação as

atividades realizadas pelos trabalhadores que participaram dos treinamentos

oficinas e dinâmicas ficou claro que quando uma atividade envolve o grupo á

princípios existem barreiras e maiores dificuldades. Isto se deve ao fato que as

pessoas estão muito introspectivas, individualistas e com muita resistência ao

novo ao espontâneo; um exemplo disso é que em nossa sociedade moderna

se organiza de forma fragmentada, ou seja, existe especialistas para tudo que

se posa pensar como se fosse uma grande empresa dividida em setores onde

cada funcionário sempre desempenha as mesmas funções. Outro ponto para

refletirmos é conforme “Teoria do Valor-Trabalho” é uma teoria económica

associada maioritariamente a Adam Smith, David Ricardo e Karl Marx.

Segundo essa teoria, o valor económico de uma mercadoria (ou, mais

exactamente, de uma mercadoria "reproduzível" - grande parte dos teóricos do

valor trabalho deixam de lado mercadorias não reproduzíveis, como obras de

arte, etc.) é determinado pela quantidade de trabalho que, em média, é

necessário para a produzir, incluindo aí todo o trabalho anterior para produzir

suas as matérias primas, máquinas, etc.

Por esta teoria o preço de uma mercadoria reproduz a quantidade de tempo de

trabalho nela colocado, sendo o trabalho o único elemento que realmente gera

valor. Num exemplo clássico entre os teóricos do valor-trabalho, a razão

porque um diamante é mais valioso que um copo de água (mesmo que o copo

de agua possa ter mais utilidade) é porque dá, em média, mais trabalho,

encontrar e extrair um diamante do que um copo de água. Karl Marx, sem

dúvida foi o maior teórico do valor-trabalho. Com o valor sendo gerado pelo

trabalho, única e exclusivamente, logo se levou à idéia de que, se todo o valor

é gerado no trabalho, logo os trabalhadores eram quem gerava toda a riqueza

existente, sendo que os não-trabalhadores - os patrões - que acabavam por

ficar com grande parte da riqueza gerada pelo trabalho incorporado, estavam

na verdade usurpando a classe trabalhadora deste valor gerado pelo trabalho,

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através de um processo conhecido como mais-valia.Os economistas da Escola

Austríaca, como Carl Menger e Ludwig von Mises procuraram refutar esta

teoria, dizendo que o valor seria atribuído conforme a utilidade e raridade do

bem ou serviço em questão. Segundo a OIT e a OMS evidenciam que cerca

de 45% da população mundial é produtiva ou seja, trabalham para prover sua

subsistência e ter recursos, desse montante cerca de 58% da população acima

de 10 anos de idade faz parte da força de (trabalho formal e informal). O

trabalho desta população sustenta a base econômica e material das

sociedades que por outro lado é dependente da sua capacidade de trabalho

um dado preocupante é que aproximadamente 32% de mão de obra são

provenientes do trabalho infantil principalmente nos países e desenvolvimento

a exemplo citamos: Brasil, China e Índia. Com relação ao trabalho individual,

um aspecto que valorize o trabalhador é sua constante busca pelo

conhecimento e capacitações onde neste trabalho enfocamos essa busca pela

educação continuada, o comodismo de muitos precisa dar lugar à motivação e

ação de novas práticas. Como buscar a valorização do profissional? Esta

questão merece nossa atenção porque muitos querem ser reconhecidos, mas

sem estudo e competências fica difícil reivindicar e alcançar melhores

condições de trabalho. Vivemos numa sociedade cada vez mais complexa e

competitiva desta forma é necessário investirmos constantemente na melhoria

dos processos de trabalho individual e coletivo.

Outro a ser considerado é que, a saúde do trabalhador e a saúde ocupacional

são pré-requisitos cruciais para um trabalho que respeite o ser, mas ao mesmo

tempo melhore os resultados como a produtividade e são de suma importância

para o desenvolvimento sócio econômico e sustentável onde nos países

subdesenvolvido a carga horária de educação e cursos geralmente é maior,

logo a produção bem como os rendimentos e valores agregados são maiores.

Em contra ponto nos países em desenvolvimento ainda existem a ocorrência

de trabalho infantil, trabalho escravo, trabalho informal e ainda categorias não

amparadas pela CLT como no caso os moto taxistas e empregadas

domésticas entre outros profissionais. É extremamente preocupante esta

situação porque, afastam essas faixas etárias da escola diminuindo suas

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chances de acesso a um trabalho descente e mais promissor no futuro

mercado de trabalho. Assim, nos países em desenvolvimento falta ainda uma

carga horária maior que contemple a educação e demais cursos, pois a

carência de mão - de – obra especializada em determinados segmentos é

grande.

Desta forma, necessitamos de investimento na qualificação e

valorização do trabalho individual e coletivo, pois, essa prática facilita a

decodificação dos trabalhadores nos mais variados campos de trabalho,

através do confronto que o sujeito criador e gerador faz da realidade

possibilitando a consciência e entendimento de seus conteúdos, dado pela

análise dos elementos que a constituem sendo pré-requisito para a construção

de uma sociedade sem preconceito, democrática, justa e humanizada.

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CAPÍTULO 3

A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE SOCIAL E DA

CIDADANIA

A cidadania é conquistada através de muita luta e reivindicação

individual ou coletiva para garantia dos direitos sociais e humanos já

assegurados e estabelecidos em lei. Desta forma, a boa educação e o

conhecimento são pontes necessárias para praticarmos a nossa cidadania de

forma efetiva; seria necessário também um trabalho interdisciplinar entre as

próprias instituições e comunidades partindo desse pressuposto a educação

não se restringe tão somente na sala de aula é papel da sociedade como um

todo ajudar na formação de futuros trabalhadores mais críticos e conscientes

de sua função na sociedade. Cabem ao poder público, as empresas, as

famílias, as organizações religiosas e ONGs se mobilizarem e auxiliar a

Educação e Saúde numa ação educativa contínua e permanente garantindo

assim, um ambiente de trabalho salubre. Através da quebra de paradigmas de

vícios comportamentais se faz a transformação no relacionamento e

conseqüentemente a valorização da força de trabalho. Para que isso ocorra é

necessária uma flexibilidade do gestor ou empregador e uma versatilidade e

sensibilidade do professor/arteterapeuta pesquisar constantemente para a

validade dos seus processos o educador auxiliar o aprendiz na tarefa complexa

no caso em questão, mudarem o seu comportamento social segundo

orientações desejáveis e especificáveis. Conscientizar que eles são

responsáveis diretamente por essa mudança na melhoria nas condições de

trabalho e ambiente, participando e sendo membros de CIPA ou CLST. Não

devemos nos acomodar e deixar que essas questões finquem a cargo somente

dos sindicatos, gestores e governos a resolverem essa complexa problemática,

e sim, auxiliar, propor mudanças e fiscalizar e cobrar às conquistas e direitos já

assegurados como consta na própria CLT e NRs. Quando de fato exercemos

nossos direitos e aprimoramos o controle social, de nossas instituições

públicas e privadas estamos exercendo também nossa cidadania e

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contribuindo com a nossa democracia. Um grande exemplo de conquista e luta

da sociedade civil, foi a mobilização e construção dos direitos que estão

preconizados e assegurados no SUS através da (Equidade, Igualdade e

Integralidade), não existe mudança sem transformações de processo da

mesma forma não há mudanças de rotinas sem ações, pois a prática e a teoria

necessitam de uma via de mão dupla. Mas um fato crucial do valor do trabalho

recai no seu potencial social onde se constrói um cidadão saudável e

produtivo: Afinal, o que é ser cidadão? Ser cidadão é ter direito à vida, à

liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei: é, em resumo, ter direitos

civis. É também participar no destino da sociedade, votar, ser votado, ter

direitos políticos. Os direitos civis e políticos não asseguram a democracia sem

os direitos sociais, aqueles que garantem a participação do indivíduo na

riqueza coletiva: o direito à educação, ao trabalho, ao salário justo, à saúde, a

uma velhice tranqüila. Exercer a cidadania plena é ter direitos civis, políticos e

sociais, fruto de um longo processo histórico que levou a sociedade ocidental a

conquistar parte desses direitos. Cidadania não é uma definição estanque,

mas um conceito histórico, o que significa que seu sentido varia no tempo e no

espaço. É muito diferente ser cidadão na Alemanha, nos Estados Unidos ou no

Brasil (para não falar dos países em que a palavra é tabu), não apenas pelas

regras que define quem é ou não titular da cidadania (por direito territorial ou

de sangue), mas também pelos direitos e deveres distintos que caracterizam o

cidadão em cada um dos Estados-nacionais contemporâneos. Mesmo dentro

de cada Estado-nacional o conceito e a prática da cidadania vêm se alterando

ao longo dos últimos duzentos ou trezentos anos. Isso ocorre tanto em relação

a uma abertura maior ou menor do estatuto de cidadão para sua população

(por exemplo, pela maior ou menor incorporação dos imigrantes à cidadania),

ao grau de participação política de diferentes grupos (o voto da mulher, do

analfabeto), quanto aos direitos sociais, à proteção social oferecida pelos

Estados aos que dela necessitam. A aceleração do tempo histórico nos últimos

séculos e a conseqüente rapidez das mudanças faz com que aquilo que num

momento podia ser considerado subversão perigosa da ordem, no seguinte

seja algo corriqueiro, “natural” (de fato, não é nada natural, é perfeitamente

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social). Não há democracia ocidental em que a mulher não tenha, hoje, direito

ao voto, mas isso já foi considerado absurdo, até muito pouco tempo atrás,

mesmo em países tão desenvolvidos da Europa como a Suíça. Esse mesmo

direito ao voto já esteve vinculado à propriedade de bens, à titularidade de

cargos ou funções, ao fato de se pertencer ou não a determinada etnia etc.

Ainda há países em que os candidatos a presidente devem pertencer à

determinada religião um exemplo; (Carlos Menem se converteu ao catolicismo

para poder governar a Argentina), outros em que nem filho de imigrante tem

direito a voto e por aí afora. A idéia de que o poder público deve garantir um

mínimo de renda a todos os cidadãos e o acesso a bens coletivos como saúde,

educação e previdência deixam ainda muita gente arrepiada, pois se confunde

facilmente o simples assistencialismo com dever do Estado. Não se pode,

portanto, imaginar uma seqüência única, determinista e necessária para a

evolução da cidadania e de seus agentes de controle social, em todos os

países (a grande nação alemã não instituiu o trabalho escravo, a partir de

segregação racial do Estado, em pleno século XX, na Europa?). Isso não nos

permite, contudo, dizer que inexiste um processo de evolução que marcha da

ausência de direitos para sua ampliação, ao longo da história. A cidadania

instaura-se a partir dos processos de lutas que culminaram na Declaração dos

Direitos Humanos, dos Estados Unidos da América do Norte, e na Revolução

Francesa. Esses dois eventos romperam o princípio de legitimidade que vigia

até então, baseado nos deveres dos súditos, e passaram a estruturá-lo a partir

dos direitos do cidadão. Desse momento em diante todos os tipos de luta

foram travados para que se ampliasse o conceito e a prática de cidadania e o

mundo ocidental o estendesse para mulheres, crianças, minorias nacionais,

étnicas, sexuais, etárias. Nesse sentido pode-se afirmar que, na sua acepção

mais ampla, cidadania é a expressão concreta do exercício da democracia.

Apesar da importância do tema e do significado da discussão sobre a

cidadania não temos a vivência, e atitudes importante sobre o tema, razão pela

qual há cerca de dois anos começaram a organizar capacitações a fim de

conscientizar o controle social sobre a história da cidadania. Inicialmente

pensamos que a carência bibliográfica era apenas um problema brasileiro, mas

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aos poucos fomos percebendo que era um fenômeno mundial. Não havia,

simplesmente, um grande livro sobre a história da cidadania. Quem quer que

escreva sobre o assunto recorria ao sociólogo inglês T. H. Marshall, autor de

um texto básico, mas que não tinha a pretensão de ser uma história da

cidadania. Desta forma, é importante mostrar que a sociedade moderna

adquiriu um grau de complexidade muito grande a ponto de a divisão clássica

dos direitos do cidadão em individuais, políticos e sociais não dar um

panorama geral para os trabalhadores dificulta sua percepção do foco

trabalhado. É importante contextualizar esse assunto da história social, para

que os trabalhadores visualizam no sentido de não se fazer um estudo do

passado pelo passado, muito menos do passado para justificar eventuais

concepções pré-determinadas sobre o mundo atual. Queríamos isto sim,

estimular a produção de um novo contexto, mas que se propusessem a

dialogar com o presente. Não é por acaso que os textos dão conta de um

processo, um movimento lento, não linear, mas perceptível, que parte da

inexistência total de direitos para a existência de direitos cada vez mais

amplos. Sonhar com cidadania plena em uma sociedade pobre, em que o

acesso aos bens e serviços é restrito, seria utópico. Contudo, os avanços da

cidadania, se têm a ver com a riqueza do país e a própria divisão de riqueza

depende também da luta e das reivindicações, da ação concreta dos

indivíduos. Ao clarificar essas questões, incentivamos os trabalhadores a

participarem da discussão sobre políticas públicas e privadas que podem afetar

cada um de nós, na qualidade de cidadãos engajados. Afinal, a vida pode ser

melhorada com medidas muito simples e baratas, ao alcance até de pequenas

associações e movimentos populares com exemplo: a proibição de venda de

bebidas alcoólicas a partir de certo horário, controle de ruídos, funcionamento

de escolas como centros comunitários no final de semana, opções de lazer em

bairros da periferia, estímulo às manifestações culturais das diferentes

comunidades, e muitas outras. Sem que isso implique abrir mão de uma

sociedade mais justa, igualitária, com menos diferenças sociais, é evidente.

História da Cidadania já surge, portanto, como obra de referência. Ao organizar

a discussão sobre um assunto de que tanto se fala e tão pouco se sabe, ao

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estimular a produção de textos de intelectuais de alto nível, o trabalho dá

conteúdo a um conceito esvaziado pelo uso indevido, e propicia uma reflexão

sólida e consistente do próprio indivíduo trabalhador.

3.1 – A Arte com Fonte Crítica para a Cidadania

A arte é nada mais que a expressão da vida e através dela podemos

observar, refletir e interferir na construção da própria cidadania e das relações

que dela advêm, segundo Solange L’Abbate:”Todo indivíduo para se constituir

em sujeito e deve caminhar em busca de sua liberdade e autonomia, sempre

aberto ao novo e disposto a correr risco, com a percepção de seu papel

pessoal/profissional/social diante dos desafios cotidianos, engajado e

responsável pelo que passa ao seu redor”. Esta abordagem nos faz perceber

que através da própria busca do ser ele tem que criar seu ambiente e a arte é

um forte aliado nessa percepção de si mesmo e do mundo. Os trabalhadores e

as pessoas em geral têm sua própria expressão e ficou evidente para eles que

o artista se comunicação através dos próprios acontecimentos que o cercam e

perturbam contextualizando sua experiência para a sociedade. Vejam essas

novas preposições contemporânea para Juliana Monachesi,”As práticas

colaborativas na arte configurariam uma nova vanguarda no cenário da

produção contemporânea? Esta é a pergunta que muitos teóricos, críticos,

artistas e interessados em geral vêm se fazendo ao longo dos últimos meses

no Brasil e no mundo. Em artigo intitulado "The social turn: collaboration and

its discontents", Claire Bishop enumera experiências de "arte experimental

engajada no contexto público", tais como a Social Parade do artista Jeremy

Deller para mais de 20 organizações sociais em San Sebastian (2004), a

clínica de aborto flutuante A-Portable, do ateliê Van Lieshout (2001), o projeto

da artista Jeanne van Heeswijk de transformação de um shopping center

abandonado (Roterdã, 2001-2004) em centro cultural, entre outros. Bishop

relata a eclosão de práticas artísticas coletivas que ficam no limiar entre arte e

eventos sociais, publicações, performances ou workshops”. E coloca a

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pergunta: Talvez fosse os parâmetros ideais de se usar a arte como fonte

crítica para a cidadania?Esta questão é muito oportuna, mas vale ressaltar que

em nosso trabalho, o propósito constitui-se em possibilitar o indivíduo

trabalhador utilizar e administrar recursos expressivos que lhe possibilitem a

socialização de imagens, sensações e sentimentos que não conseguem ser

reconhecidas e comunicadas. No Brasil a arte entra como apoio educativo

como exemplo o “Projeto Axé” que visa o resgate social de meninos de rua da

Bahia.Para eles a arte é um lugar que produz sociabilidades específicas e as

práticas participativas na arte re-humanizam ou desalienam a sociedade

fragmentada pela instrumentalização repressiva do capitalismo.Obras que

aportam tal resistência (ao sistema da arte e ao sistema sócio-político e

econômico) estariam imunes a julgamentos estéticos? Bishop responde "sim":

O tipo de crítica séria que surgiu em relação à arte colaborativa demonstra que

a "virada social na arte contemporânea" produziu uma "virada ética na crítica

de arte", ou seja, artistas são "julgados" pela maneira com que trabalham junto

às comunidades que elegem. Eles exploram os envolvidos nos projetos ou de

fato promovem um trabalho colaborativo consensual? Para a curadora sueca

Maria Lind, o grupo turco Oda Projesi, que trabalha junto a comunidades

próximas diluindo ao extremo a "autoria" da obra ao delegar todas as decisões

aos participantes, configura uma prática mais ética do que aquela

protagonizada por Hirschhorn em seu Bataille Monument, em que os

participantes foram pagos para executar o "monumento" ao invés de co-

criarem a obra-o que, para Lind, configuraria uma espécie de "pornografia

social".Bishop segue então defendendo que as experiências do Oda Projesi

não são arte e que um trabalho como o de Phill Collins [They Shoot Horses,

2004, reproduzido na imagem acima], que em uma residência em Jerusalém

pagou nove adolescentes para protagonizar uma maratona de dança em

Ramallah, dançando durante oito horas ao som de pop hits das últimas

décadas. "Os adolescentes são hipnóticos e irresistíveis ao se moverem da

animação exuberante ao tédio e, finalmente, à exaustão. As letras banais da

trilha sonora adquirem conotações pungentes à luz da resistência dos jovens

tanto à maratona quanto à interminável crise política na qual estão presos. (...)

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A decisão de Collins de apresentar os participantes como adolescentes

globalizados tornam-se clara quando consideramos as questões ouvidas ao

assistir o vídeo em público: 'Como é que os palestinos conhecem Beyoncé?

Como é que eles estão usando Nike? ' Ao evitar uma narrativa diretamente

política, Collins demonstra como este espaço é repleto de fantasias geradas

pela disseminação midiática de imagens do Ocidente", escreve Bishop.

Acredita-se que esses diferentes olhares perante a crítica da arte, possam de

alguma forma revelar para os participantes e trabalhadores uma nova

possibilidade de se comunicar com seu universo de trabalho sem deixar de

lado questões cotidianas que possam ajudá-los nos seus afazeres.

3.2 – Movimentos Sociais dos Trabalhadores

Um ponto a ser destacado se refere ao conceito de movimento social,

como esses movimentos são analisados quanto a sua formação, dinâmica

interna e seu projeto de sociabilidade, pois variados são os critérios utilizados

pelos autores em sua caracterização, e como diferenciar um movimento social

de outras ações coletivas que não necessariamente possam ser consideradas

como movimentos sociais. O sindicato é sem dúvida a expressão máxima

desse movimento social de forma organizada em nossa sociedade moderna.

Os “novos movimentos sociais” compreendem-se, por exemplo: os movimentos

das mulheres, ecológicos, GLS contra, pastoral, a fome e outros, sinalizando

em princípio um distanciamento do caráter classista que se configurava nos

movimentos sindicais, operários em torno do mundo do trabalho, o que não

significa que em determinados momentos históricos possam assumir uma

contraposição com o sistema econômico e social vigente. Entretanto,

asseveram GOHN (1995) que os novos movimentos sociais se contrapõem

aos “velhos” e historicamente tradicionais movimentos sociais em suas práticas

e objetivos.Para GOHN (1995, p. 44), movimentos sociais são ações coletivas

de caráter sociopolítico, construídas por atores sociais pertencentes a

diferentes classes e camadas sociais. Eles politizam suas demandas e criam

um campo político de força social na sociedade civil. Suas ações estruturam-se

a partir de repertórios criados sobre temas e problemas em situações de:

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conflitos, litígios e disputas. As ações desenvolvem um processo social e

político-cultural que cria uma identidade coletiva ao movimento, a partir de

interesses em comum. Esta identidade decorre da força do princípio da

solidariedade e é construída a partir da base referencial de valores culturais e

políticos compartilhados pelo grupo. Os “novos” movimentos sociais

desenvolvem ações particularizadas relacionadas às dimensões da identidade

humana, deslocada das condições socioeconômicas predominantes, de modo

que suas práticas não se aproximam de um projeto de sociabilidade

diferenciada das relações sociais capitalistas, ou seja, não se voltariam para a

transformação das atuais formas de dominação política e econômica, no

sentido da construção de sociedade baseada na organização coletiva e no

desenvolvimento das potencialidades humanas na direção não-capitalista.

Segundo ILSE SCHERER-WARREN (1996, p.49/50) tem emergido

“novos” movimentos sociais que almejam atuar no sentido de estabelecer um

novo equilíbrio de forças entre Estado (aqui entendido como o campo da

política institucional: o governo, dos partidos e dos aparelhos burocráticos de

dominação) e sociedade civil (campo da organização social que se realiza a

partir das classes sociais ou de todas as outras espécies de agrupamentos

sociais fora do Estado enquanto aparelho), bem como no interior da própria

sociedade civil nas relações de força entre dominantes e dominados, entre

subordinantes e subordinados. Para MARX, os movimentos sociais, expressos

na luta dos trabalhadores e demais oprimidos pela lógica do capital, entram

freqüentemente em conflito com a sociabilidade dominante na medida em que

superam os mecanismos que os restringem aos interesses imediatos e

particularizados, dirigindo-se para a constituição de novas relações sociais e

econômicas. As aquisições no marco do capitalismo, como a emergência de

leis reguladoras da exploração social, são analisadas da seguinte forma por

MARX (1979, p.307) em O Capital. Quando se trabalha com movimentos

sociais estamos entrando propriamente num “campo social”, o trabalhador no

caso indivíduo é chamado a interagir com o seu meio, sofrendo influências do

mesmo na formulação de suas atitudes. Incorporando posturas e

comportamento que são modelos sociais, o que muitas vezes não corresponde

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diretamente com sua realidade objetiva. A atividade terapêutica, neste contexto

busca trazer através da expressão corporal e plástica de cada indivíduo, sua

percepção da realidade não sendo meros personagens determinados pelo seu

contexto social e sim se valer de sua autocrítica e real participação espontânea

e consensual.

“Campo Social: termo extraído da teoria de

Dinâmica de Grupo de Kurt Lewin e significa o

espaço onde se dão os comportamentos

humanos que são essencialmente

psicossociais, pois são resultantes de um

conjunto de interações que decorrem das

relações humanas. Por interação este autor

entende as tensões, conflitos, repulsões,

atrações, trocas, comunicações ou ainda

pressões e coerções.”

Os trabalhadores precisam entrar em cena, colocado e conduzindo sua

narrativa, sendo exatamente ele uma interpretação social de nossas próprias

experiências, daí a tradução da palavra personagem, como que significando “a

máscara que atua”, pois através dele são mostradas experiências, dramáticas

ou cômicas, com as quais buscam sua identidade e valor. A mobilização é o

ponto chave para qualquer tentativa de intervenção positiva na sociedade. E o

trabalho é um espaço dialético que sempre se transformará.

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3.3 – Exercendo a Nossa Cidadania

Ser cidadão é ter direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade

perante a lei: é, em resumo, ter direitos civis. É também participar no destino

da sociedade, votar, ser votado, ter direitos políticos. Os direitos civis e

políticos não asseguram a democracia sem os direitos sociais, aqueles que

garantem a participação do indivíduo na riqueza coletiva: o direito à educação,

ao trabalho, ao salário justo, à saúde, a uma velhice tranqüila. Exercer a

cidadania plena é ter direitos civis, políticos e sociais, fruto de um longo

processo histórico que levou a sociedade ocidental a conquistar parte desses

direitos. Cidadania não é uma definição estanque, mas um conceito histórico, o

que significa que seu sentido varia no tempo e no espaço. É muito diferente

ser cidadão na Alemanha, nos Estados Unidos ou no Brasil (para não falar dos

países em que a palavra é tabu), não apenas pelas regras que define quem é

ou não titular da cidadania (por direito territorial ou de sangue), mas também

pelos direitos e deveres distintos que caracterizam os cidadãos em cada um

dos Estados nacionais contemporâneos.

na história da humanidade. “Afirma Cagnin, (1975, p.27)”.

[...] aquelas maravilhosas primeiras expressões

do homem, imortalizadas nas pinturas das

cavernas, deixando para o futuro o seu

testemunho de sua época, não acreditando tão

somente no canto e na dança nos gritos

guturais de caça, nos choros e nos risos, mas

sentindo a necessidade de gravar, eternizar a

vida na pintura rupestre.

Ser cidadão é ter direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade

perante a lei: é, em resumo, ter direitos civis. É também participar no destino

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da sociedade, votar, ser votado, ter direitos políticos. Os direitos civis e

políticos não asseguram a democracia sem os direitos sociais, aqueles que

garantem a participação do indivíduo na riqueza coletiva: o direito à educação,

ao trabalho, ao salário justo, à saúde, a uma velhice tranqüila. Exercer a

cidadania plena é ter direitos civis, políticos e sociais, fruto de um longo

processo histórico que levou a sociedade ocidental a conquistar parte desses

direitos. Cidadania não é uma definição estanque, mas um conceito histórico, o

que significa que seu sentido varia no tempo e no espaço. É muito diferente

ser cidadão na Alemanha, nos Estados Unidos ou no Brasil (para não falar dos

países em que a palavra é tabu), não apenas pelas regras que define quem é

ou não titular da cidadania (por direito territorial ou de sangue), mas também

pelos direitos e deveres distintos que caracterizam os cidadãos em cada um

dos Estados nacionais contemporâneos. Mesmo dentro de cada Estado-

nacional o conceito e a prática da cidadania vêm se alterando ao longo dos

últimos duzentos ou trezentos anos. Isso ocorre tanto em relação a uma

abertura maior ou menor do estatuto de cidadão para sua população (por

exemplo, pela maior ou menor incorporação dos imigrantes à cidadania), ao

grau de participação política de diferentes grupos (o voto da mulher, do

analfabeto), quanto aos direitos sociais, à proteção social oferecida pelos

Estados aos que dela necessitam. A aceleração do tempo histórico nos últimos

séculos e a conseqüente rapidez das mudanças faz com que aquilo que num

momento podia ser considerado subversão perigosa da ordem, no seguinte

seja algo corriqueiro, “natural” (de fato, não é nada natural, é perfeitamente

social). Não há democracia ocidental em que a mulher não tenha, hoje, direito

ao voto, mas isso já foi considerado absurdo, até muito pouco tempo atrás,

mesmo em países tão desenvolvidos da Europa como a Suíça. Esse mesmo

direito ao voto já esteve vinculado à propriedade de bens, à titularidade de

cargos ou funções, ao fato de se pertencer ou não a determinada etnia etc.

Ainda há países em que os candidatos a presidente devem pertencer a

determinada religião (Carlos Menem se converteu ao catolicismo para poder

governar a Argentina), outros em que nem filho de imigrante tem direito a voto

e por aí afora. A idéia de que o poder público deve garantir um mínimo de

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renda a todos os cidadãos e o acesso a bens coletivos como saúde, educação

e previdência deixam ainda muita gente arrepiada, pois se confunde facilmente

o simples assistencialismo com dever do Estado. Não se pode, portanto,

imaginar uma seqüência única, determinista e necessária para a evolução da

cidadania em todos os países (a grande nação alemã não instituiu o trabalho

escravo, a partir de segregação racial do Estado, em pleno século XX, na

Europa?). Isso não nos permite, contudo, dizer que inexiste um processo de

evolução que marcha da ausência de direitos para sua ampliação, ao longo da

história. A cidadania instaura-se a partir dos processos de lutas que

culminaram na Declaração dos Direitos Humanos, dos Estados Unidos da

América do Norte, e na Revolução Francesa. Esses dois eventos romperam o

princípio de legitimidade que vigia até então, baseado nos deveres dos súditos,

e passaram a estruturá-lo a partir dos direitos do cidadão. Desse momento em

diante todos os tipos de luta foram travados para que se ampliasse o conceito

e a prática de cidadania e o mundo ocidental o estendesse para mulheres,

crianças, minorias nacionais, étnicas, sexuais, etárias. Nesse sentido pode-se

afirmar que, na sua acepção mais ampla, cidadania é a expressão concreta do

exercício da democracia. Apesar da importância do tema e do significado da

discussão sobre a cidadania não tínhamos, até agora, um livro importante

sobre o tema, razão pela qual há cerca de dois anos começamos a organizar

uma obra consistente sobre a história da cidadania. Inicialmente pensamos

que a carência bibliográfica era apenas um problema brasileiro, mas aos

poucos fomos percebendo que era um fenômeno mundial. Não havia,

simplesmente, um grande livro sobre a história da cidadania. Quem quer que

escreva sobre o assunto recorria ao sociólogo inglês T. H. Marshall, autor de

um texto básico, mas que não tinha a pretensão de ser uma história da

cidadania. De resto, achamos importante mostrar que a sociedade moderna

adquiriu um grau de complexidade muito grande a ponto de a divisão clássica

dos direitos do cidadão em individuais, políticos e sociais não dar conta

sozinha da realidade. Nossa proposta foi a de organizar um livro de história

social, no sentido de não fazer um estudo do passado pelo passado, muito

menos do passado para justificar eventuais concepções pré-determinadas

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sobre o mundo atual. Queríamos isto sim, estimular a produção de textos

cuidadosamente pesquisados, mas que se propusessem a dialogar com o

presente. Não é por acaso que os textos dão conta de um processo, um

movimento lento, não linear, mas perceptível, que parte da inexistência total de

direitos para a existência de direitos cada vez mais amplos. Sonhar com

cidadania plena em uma sociedade pobre, em que o acesso aos bens e

serviços é restrito, seria utópico. Contudo, os avanços da cidadania, se têm a

ver com a riqueza do país e a própria divisões de riquezas dependem também

da luta e das reivindicações, da ação concreta dos indivíduos. Ao clarificar

essas questões, este livro quer participar da discussão sobre políticas públicas

e privadas que podem afetar cada um de nós, na qualidade de cidadãos

engajados. Afinal, a vida pode ser melhorada com medidas muito simples e

baratas, ao alcance até de pequenas prefeituras, como proibição de venda de

bebidas alcoólicas a partir de certo horário, controle de ruídos, funcionamento

de escolas como centros comunitários no final de semana, opções de lazer em

bairros da periferia, estímulo às manifestações culturais das diferentes

comunidades, e muitas outras. Sem que isso implique abrir mão de uma

sociedade mais justa, igualitária, com menos diferenças sociais, é evidente.

História da Cidadania já surge, portanto, como obra de referência. Ao

organizar a discussão sobre um assunto de que tanto se fala e tão pouco se

sabe, ao estimular a produção de textos de intelectuais de alto nível, o livro dá

conteúdo a um conceito esvaziado pelo uso indevido, e propicia uma reflexão

sólida e conseqüente.

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ANEXOS

LEGISLAÇÃO DE SAÚDE DO TRABALHADOR LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990 Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.

LEI N° 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990.

Dispõe sobre o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais.

RESOLUÇÃO N.º 220, DE 06 DE MARÇO DE 1997- CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE

PORTARIA FEDERAL - MS Nº 3.120 DE 1º DE JULHO DE 1998 - Instrução Normativa de Vigilância em Saúde do Trabalhador no SUS

PORTARIA FEDERAL - MS N° 3.908, DE 30 DE OUTUBRO DE 1998 Estabelece procedimentos para orientar e instrumentalizar as ações e serviços de saúde do trabalhador no Sistema Único de Saúde (SUS).

PORTARIA 1339 GM/MS DE 18-11-99 – Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho

Portaria n.º 1679/GM Em 19 de setembro de 2002. Dispõe sobre a

estruturação da rede nacional de atenção integral à saúde do trabalhador no

SUS e dá outras providências.

PORTARIA 776 GM de 28 – 04- 2004 – Procedimentos relativos a Vigilância

em Saúde do Trabalhador exposto ao benzeno

PORTARIA Nº. 33, DE 14 DE JULHO DE 2005- Inclui doenças à relação de

notificação compulsória, define agravos de notificação imediata e a relação dos

resultados laboratoriais que devem ser notificados pelos Laboratórios de

Referência Nacional ou Regional.

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PORTARIA Nº 2.437/GM DE 7 DEZEMBRO DE 2005.

Dispõe sobre a ampliação e o fortalecimento da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador - RENAST no Sistema Único de Saúde - SUS e dá outras providências. PORTARIA Nº 2.362 DE 5 DE OUTUBRO DE 2006. Tornar público o Termo de Compromisso de Gestão Federal.

PORTARIA 1675 DE 06-10-2006 – Concessão de Benefícios

PORTARIA 6042 DE 12-02-07 – Regulamenta Previdência Social, FAP –Fator Acidentário Previdenciário e NTE – Nexo Técnico Epidemiológico.

Instrumentos para a investigação Relações –saúde –trabalho - doença

• Anamnese ocupacional: história clínica atual; investigação sobre os diversos sistemas ou aparelhos, os antecedentes pessoais e familiares; a história ocupacional, hábitos, estilo de vida; o exame físico; a propedêutica complementar.

• Literatura técnica especializada;

• Observação direta do posto de trabalho;

• Análise ergonômica da atividade; da descrição dos produtos químicos utilizados.

• Ouvir o trabalhador falando de seu trabalho:

o Qual é a sua profissão?

o O que faz?

o Como faz?

o Onde?

o Em que condições

o Há quanto tempo?

o Como se sente e o que pensa sobre o seu trabalho?

o Conhece outros trabalhadores com problemas semelhantes aos seus?

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o Quais às ocupações anteriores, particularmente aquelas às quais o trabalhador dedicou mais tempo ou que envolvem situações de maior risco para a saúde.

Palestra sobre o ambiente de trabalhador.

Grupo de trabalho multiprofissional

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MÊNDES

Pós Graduação em Arteterapia

Questionário utilizado com os trabalhadores

Identificação:

1) Data: / /2008.

2) Município/ Estado:

3) Nome do Entrevistado:

4) Função:

5) Formação:

Dados Sócio-demográficos e atuação profissional: 6) Idade: 7) Tempo na atual setor: 8) Escolaridade: ( ) Fundamental ( ) Médio ( ) Superior ( ) Outros. 9) Trabalha no setor:( ) Público ( ) Privado ( ) Outros

10).Jornada de trabalho atual: ( ) 20 h. ( ) 30 h. ( ) 40 h.

Política de Saúde do Trabalhador no Estado

11) Você sabe onde procurar os serviços de amparo ao trabalhador?

( ) Sim ( ) Não

12) Se sim, quais são elas?

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Dificuldades para o estabelecimento do nexo causal:

§ Ausência ou imprecisão na identificação de fatores de risco ou situações a que o trabalhador está ou esteve exposto, potencialmente lesivas para sua saúde.

§ Ausência ou imprecisão na caracterização do potencial de risco da exposição;

§ Conhecimento insuficiente quanto aos efeitos para a saúde associados com a exposição em questão.

§ Desconhecimento ou não valorização de aspectos da história da exposição e da clínica, já descritos como associados ou sugestivos de doença ocupacional ou relacionados ao trabalho.

§ Necessidade de métodos propedêuticos e abordagens por equipes multiprofissionais, nem sempre disponíveis nos serviços de saúde.

Ações decorrentes do diagnostico de uma doença ou dano relacionado ao trabalho

§ A orientação ao trabalhador e a seus familiares, quanto ao seu problema de saúde e os encaminhamentos necessários para a recuperação da saúde e melhoria da qualidade de vida;

§ Afastamento do trabalho ou da exposição ocupacional, caso a permanência do trabalhador represente um fato de agravamento do quadro ou retarde sua melhora, ou naqueles nos quais as limitações funcionais impeçam o trabalho;

§ O estabelecimento da terapêutica adequada, incluindo os procedimentos de reabilitação;

§ Solicitação à empresa da emissão da CAT para o INSS, responsabilizando-se pelo preenchimento do Laudo de Exame Médico (LEM). Essa providencia se aplica apenas aos trabalhadores empregados e segurados pelo SAT/INSS. No caso de funcionários públicos, por exemplo, devem ser obedecidas as normas especificas (ver capitulo 5)

§ Notificação à autoridade sanitária, por meio dos instrumentos específicos, de acordo com a legislação da saúde, estadual ou municipal, viabilizando os procedimentos da vigilância em saúde. Também deve ser comunicado à DRT/MTE e ao sindicato da categoria a que o trabalhador pertence.

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Durante a realização do trabalho, monográfico os trabalhadores analisaram as necessidades de superação e mudança nos processos de trabalho conforme esquema abaixo: Deficiência nos mecanismos de monitoramento e avaliação das ações de trabalho; Melhorar a comunicação sobre os tramites de trabalho com conceitos claros que tangem a saúde do trabalhador com o foco operacional;

PROVIMENTO MOVIMENTAÇO

MANUTENÇÃO

APLICAÇÃO DESENVOVIMENTO

MONITORAMNTO

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Gerenciamento de risco esquema contínuo:

Conceito atual do risco no ambiente:

“Consideração de previsibilidade de determinadas situações ou eventos por

meio de conhecimento - ou, pelo menos, possibilidade de conhecimento – dos

parâmetros de uma distribuição de probabilidades de acontecimento futuros

por meio da computação das experiências matemáticas” (FGV, 1987)

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Arteterapia no Ambiente de trabalho é uma ação complexa,

dinâmica, mutável e flexível como às próprias relações de trabalho. Ela varia

no tempo e no espaço, de acordo com a situação e o indivíduo. Varia no

mesmo indivíduo em épocas e situações diferentes. Seus fatores ou razões, ou

seja, os motivos humanos exibem forças diversas, tanto em pessoas e

situações diferentes, quanto na mesma pessoa em situação e época distintas.

Aquilo que é bom e valorizado hoje poderá ter efeito oposto amanhã,

dependendo da personalidade do trabalhador (sua inteligência, caráter,

valores, atitudes, expectativas e percepções) e da situação (com seus

inúmeros aspectos e influências ambientais, pessoais, financeiros, políticos,

econômicos, religiosos, sociais, psicológicos, culturais, educacionais,

científicos, tecnológicos, e filosóficos).

A motivação constitui o fator principal e decisivo no êxito da ação de todo e

qualquer indivíduo ou empreendimento individual ou coletivo. Só com o acaso

e a sorte é que se aproxima relativamente a esse êxito, mas com muito menos

força. Com este trabalho, visamos expor da importância e necessidade da

arteterapia no ambiente de trabalho como algo preventivo e até mesmo

reparador de danos sendo utilizada esta filosofia em algumas empresas.

A proposta da arteterapia vem se transformando significativamente em uma

alternativa na não só na educação como também em outros segmentos da

sociedade como função reparadora e terapêutica, pois a expressão é

importante ferramenta para todos os indivíduos e sociedades.

A expansão da Educação em Saúde por meio do campo artístico está

sendo utilizada freqüentemente tendo em vista a necessidade de valorização

social de si e do outro, pois possui a magia de nivelar e interagir em grupos

com perfis e objetivos diferenciados. Assim ocorreu a experiência e vivência

com os trabalhadores que participaram dessa oficina de arteterapia com

parceria e apoio do Cerest/MT.

A pergunta, a dúvida era por onde iniciar um trabalho que despertasse

interesse por parte dos trabalhadores, algo que os motivassem a participar das

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palestras e oficina sem conflitos com as diferenças já constatadas no local de

trabalho dos mesmos. Que conhecimentos prévios eles teriam sobre a

linguagem artística como expressão corporal com sua voz e tonalidades,

percepção de imagens etc.? E a coordenação motora com a possibilidade de

se conhecerem melhor, teriam eles a sensibilidade de perceberem: a

expressão corporal, a leveza nas mãos, a percepção implícita da arte em suas

vidas já que muitos trabalham em serviços braçais não excluindo as mulheres

que muitas trazem marcas e o cansaço pelos serviços rotineiros da dupla

jornada? E ainda, como romper o tabu de que arteterapia é tão somente coisa

de para pessoas doentes ou crianças com necessidades especiais?

Procurou-se então realizar um trabalho fundamentado MS/RENAST,

com assuntos que norteiam a ST na ótica da Arteterapia, como proposta de

ação e intervenção junto com o conhecimento de vida: produzir, refletir e

contextualizar. A produção deve ser realizada através do fazer a chamada

experimentação, a reflexão está ligada ao resultado da ação de cada um de

seus componentes no grupo e a contextualização é o conhecimento do

trabalhador, ou seja, sua competência em relação à própria criação e à arte

como produto sociológico e histórico-cultural.

Assim deu-se o início do trabalho com muito critério, mas firme, com o

propósito de melhorar relacionamentos e elevar o conhecimento valorizando a

auto-estima por meio da arteterapia e que os temas propostos os levassem a

uma aprendizagem prática e significativa para suas vidas.

Os materiais utilizados na oficina foram: lápis, giz de cera, folhas

brancas para desenho e anotações. Primeiramente foram trabalhados alguns

conceitos sobre a origem do trabalho sua evolução na história e suas

possibilidades de ascensão social. Através das obras e textos já existentes são

feitas são feitas análise do determinado período histórico da sociedade em que

foram produzidas as obras de arte, retratando a realidade do trabalhador

braçal e o início da mecanização como constatamos na escola literária e

artística do Realismo, com quadro e figuras mostrando a triste realidade

vivenciada dos trabalhadores da época. Realizada esta experiência com esses

trabalhos deu-se continuidade com o experimento das obras produzidas pelo

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grupo comparando os contextos e variações ocorridas, essa análise só foi

possível trazendo a eles obras de pintores realistas para apreciação e

concluindo comparando a visão do artista da época com os trabalhos

realizados pelo grupo. A técnica da escola realista foi utilizada pelo seu

silogismo, o que possibilitou o exercício da percepção e da observação da

realidade do ambiente entre os trabalhadores, pois a técnica de trabalhar com

risco do próprio ambiente requer atenção a todos os detalhes da realidade.

E para a terceira e última parte do trabalho, utilizaram o próprio corpo

como fonte de expressão, pois já tinham experimentado os demais meios de

comunicação como a escrita e a arte visual através dos quadros e trabalhos

feitos com lápis e giz de cera. O experimento deu-se com os movimentos,

gestos, posturas possíveis do corpo integrando o ser por completo em seu

ambiente.

Agora, integrar os conhecimentos do corpo com o ambiente não é uma

tarefa fácil isto porque, ambos precisam de espaço e promover a

sustentabilidade não como um modismo, e sim com critério próprio. Essa fusão

sempre existiu e existirá. Nós mesmos é que criamos as barreiras do nosso

mundo artificial. A observação entre o natural e o real sempre foi uma

constante no pensamento criativo de vários artistas para clarear e tornar mais

representativas e evidentes suas obras para seus contempladores. Esta

apreciação teve resultado positivo, para os trabalhadores participantes do

estudo, pois se sentiram aptos para criar formas diversas sem a preocupação

de desenhar figuras e formas que tenham sentido concreto a primeiro

momento, podendo ter várias interpretações dependendo do expectador.

Destaca-se ainda a importância quanto ao manuseio do lápis, do giz de cera e

principalmente a percepção do seu corpo como componentes plásticos e

expressivos que fora uma experiência única em suas vidas.

A arte tem um papel de destaque na construção de uma vida mais livre

e a prática da arteterapia tem se mostrado relevante para proporcionar riqueza

interior, vitalidade e qualidade de vida. Os estudos especificamente da área de

educação e saúde, apresentam necessidades fundamentais para o ensino-

aprendizagem, pois este deve contribuir para o desenvolvimento social por

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meio de práticas culturais que valorizam a pessoa enquanto ser individual em

constante construção de identidade, valor, cidadania e crítica.

O desenho, a escrita e o corpo como recurso motivador na oficina terapêutica,

foi um importante trabalho educativo, pois mostrou caminhos para a formação

do indivíduo trabalhador e contribuiu para estimular a mudança de postura em

relação ao seu trabalho, e deixá-los mais recptivos para conhecimentos de

outros assuntos pertinentes a sua vida estabelecendo um nexo entre esses

saberes. Com o trabalho criativo possibilitou aos participantes desenvolverem

a observação, pois a cada proposta eram levados primeiramente a muitos

questionamentos quanto às obras tornando-o mais atento aos fatos ao seu

redor aguçando sua curiosidade e ativando o seu raciocínio motivado pela

imaginação e estabelecendo uma prática aplicável.

Dentre todos os objetivos propostos para o trabalho o principal foi alcançado,

pois durante a realização das atividades foi sendo exercida a cada período de

palestra a aceitação do grupo. Passaram a se respeitarem gradativamente,

pois a necessidade do empréstimo de algum material durante o processo foi

facilitando a convivência e o respeito mútuo foi se firmando. Os conflitos

gerados pelas diferentes faixas etárias e perfis também foram gradativamente

cessados. À medida que o trabalho vinha sendo executado o potencial criador

de cada um a seu modo foi valorizado elevando a auto-estima, pois até então

se achavam inaptos para realizar devido ao simples fato de desconhecerem a

possibilidade de expressão por meio de figuras e gestos corporais que não

fossem concretas e por fim perceberam que através de suas próprias

preposições e exercendo de fato sua cidadania é possível amenizar e melhorar

as diversas situações e relações sociais que se encontram.

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