A Aula de Canto Em Um Projeto Social

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1 A AULA DE CANTO EM UM PROJETO SOCIAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Ruth de Sousa Ferreira Silva 1 [email protected] UnB – Tutora à distância Curso de Licenciatura em Música Resumo Este relato de experiência tem como foco questões pedagógico-musicais nas aulas de canto em grupo em um projeto social. O objetivo é refletir sobre a aula de canto em grupo, sua organização, a escolha do repertório, e as formas de ensinar/aprender. Com base nessa experiência, entende-se que as práticas musicais, nesse espaço, e a forma de ensino/aprendizagem do canto em grupo são complexas e transitam entre as ações do professor de música e dos alunos, enquanto participantes na composição da aula de canto em grupo. Introdução As aulas de canto em grupo aconteceram no primeiro semestre de 2013 em uma Organização Não-Governamental (ONG), chamada “Projeto Estação Vida”. Esse espaço é uma ONG localizada no bairro Shopping Park em Uberlândia-MG. São atendidas 150 crianças nos períodos alternados aos da escola, isto é, no contraturno, e incluem crianças e adolescentes. A filosofia desse projeto está pautada em quatro pilares: valores éticos e espiritualidade - (respeito e valorização do ser humano); apoio pedagógico, auxílio às crianças nas dificuldades escolares; desenvolvimento da sensibilidade através das oficinas, buscando estimular as potencialidades dos alunos, e preparação para o mercado de trabalho. Essas aulas de canto são uma extensão da oficina de percussão iniciada a aproximadamente dois anos pelo professor Zezinho (José Aparecido). Os alunos nesse período aprenderam, nessa oficina, a tocar música juntos, criando seus instrumentos, aprenderam a tocar e criar arranjos e músicas em suas aulas. Ele realizava as aulas em dois dias na semana para os alunos interessados em aprender os instrumentos. Os alunos, além de aprenderem instrumentos de percussão, aprenderam sobre a questão do tocar em grupo, o 1 Mestre em Artes pela Universidade Federal de Uberlândia.

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1 A AULA DE CANTO EM UM PROJETO SOCIAL:UM RELATO DE EXPERINCIA Ruth de Sousa Ferreira Silva1 [email protected] UnB Tutora distncia Curso de Licenciatura em Msica Resumo Esterelatodeexperinciatemcomofocoquestespedaggico-musicaisnasaulasdecanto emgrupoemumprojetosocial.Oobjetivorefletirsobreaauladecantoemgrupo,sua organizao,aescolhadorepertrio,easformasdeensinar/aprender.Combasenessa experincia,entende-sequeasprticasmusicais,nesseespao,eaformade ensino/aprendizagemdocantoemgruposocomplexasetransitamentreasaesdo professor de msica e dos alunos, enquanto participantes na composio da aula de canto em grupo. Introduo Asaulasdecantoemgrupoaconteceramnoprimeirosemestrede2013emuma OrganizaoNo-Governamental(ONG),chamadaProjetoEstaoVida.Esseespao umaONGlocalizadanobairroShoppingParkemUberlndia-MG.Soatendidas150 crianasnosperodosalternadosaosdaescola,isto,nocontraturno,eincluemcrianase adolescentes.Afilosofiadesseprojetoestpautadaemquatropilares:valoresticose espiritualidade - (respeito e valorizao do ser humano); apoio pedaggico, auxlio s crianas nasdificuldadesescolares;desenvolvimentodasensibilidadeatravsdasoficinas,buscando estimular as potencialidades dos alunos, e preparao para o mercado de trabalho. Essasaulasdecantosoumaextensodaoficinadepercussoiniciadaa aproximadamentedoisanospeloprofessorZezinho(JosAparecido).Osalunosnesse perodoaprenderam,nessaoficina,atocarmsicajuntos,criandoseusinstrumentos, aprenderamatocarecriararranjosemsicasemsuasaulas.Elerealizavaasaulasemdois dias na semana para os alunos interessados em aprender os instrumentos. Os alunos, alm de aprendereminstrumentosdepercusso,aprenderamsobreaquestodotocaremgrupo,o

1 Mestre em Artes pela Universidade Federal de Uberlndia. 2 respeito ao outro no momento de tocar, desenvolveramhabilidades musicais relacionadas ao ouvir e ao criar. Como resultado desse trabalho, o professor criou um grupo de percusso com os alunos, e eles j se apresentaram em atividades dentro e fora do projeto Estao Vida. Nesteanode2013,aequipedadireodoprojeto,juntamentecomoprofessor Zezinho, resolveu ampliar aideia da aprendizagem musical, oferecendo outros instrumentos, agorapensandoemumprojetomaior.Elesincluram ovioloeocantoparaosalunos,foi quando iniciei no projeto. Atualmente, as aulas de violo acontecem em grupo, no so todos os alunos que tocam percusso que esto aprendendo violo, e no so todos que tocam violo queaprendematocarpercusso.Elespodemescolherqualoinstrumentodesejamtocar. Quando escolhem o instrumento, eles vo criando responsabilidades na aprendizagem desses instrumentos. Uma das justificativas de oferecerem canto para os alunos foi para, alm de dar mais oportunidades, tambm para desenvolverem a parte vocal. Discusses sobre aprendizagens musicais em grupos vocais tm sido pesquisadas por autores como Alfonso (2011) que apresenta uma discusso sobre as experincias de coros, a trajetriadocantocoralcomoespao deeducaomusical(p. 127).Nesterelato, oespao ondeacontecemasaulasemgrupoumprojetosocial,oquedsaulasespecificaes, peculiaridades referentes este espao. Pesquisas tmsido realizadas em busca de conhecer o que acontece em relao aos processosdeensino/aprendizagemequaissoosdesafiosparaoensinodemsicana atualidade(SOUZA,2000,p.45).Essaautorarefletesobreosestudosdocotidianoque permitem uma atualizao da metodologia do ensino de msica. Esterelatodeexperinciabuscaaapresentaraauladecantoemgrupocomoalgo quetambmfazpartedavidadosalunos,osmodosdefazer(BROUGRE;ULMANN, 2012, p. 12), noespao do projeto, umacontecimento, queonocotidianoquesurgeno cotidiano(p.21).Asprticasmusicaisnasaulasestiveramrelacionadasaessasquestes metodolgicas e a essa forma de ver o cotidiano. Quandopensamosemaulasdecantoemgrupo,issonosremeteaocantocoral,ou seja, chegar a cantar em vozes, ou cantar um determinado repertrio. Em um projeto social, a ideia da aula de canto em grupo tem outro foco para alm de o de preparar um repertrio que define o grupo como coral. Entendo a partir das experincias nessas turmas que o repertrio do canto em grupo acontece como uma extenso das suas experincias em casa, na escola, etc. 3 Uma autora que discute sobre a aprendizagem musical em projetos sociais Kleber (2008). Ela discute em sua tese os processos pedaggico-musicais em ONGs, e menciona que esse espao uma multiplicidade de contextos conectados (p. 219). Apesar de a aula de canto em grupo abordar questes sobre o cantar, ela tambm tem outros objetivos relacionados diretamente aos alunos, aos seus gostos, s suas dificuldades, s suaspossibilidadesvocais.Osinteressesmusicaisecomoaequipedoprojetoproponente pensa em como esto sendo realizadas as aulas, tambm vo definir as prticas nas aulas.Nesterelato,discorrosobreaauladecantoqueacontecenesseespao,comoeles aprendem a cantar, como o repertrio pensado, como so preparadas as msicas, como so realizados os aquecimentos, as atividades para as vozes e as organizaes dos grupos vocais. Estrutura e organizao das aulas Neste projeto, em outras oficinas, os alunos so divididos por idade, os mais novos, com idade at 8 anos, fazem parte daturma A, os de idadede 9 at 10 e 11 anos da turma B, eosacimade12anosdaturmaC.Nasaulasdecantoemgrupo,bemcomonasaulasde percusso e violo, com o professor Zezinho, os alunos foram organizados de forma diferente. Aprincpioadireodoprojetopropsqueasaulasdecantoemgrupofossemrealizadas comasturmasA,BeCseparadamente.Inicieiasaulas,masentendiquenohavia necessidade de trs turmas, j que havia poucos alunos que se interessavam em fazer as aulas de canto em grupo. Mas houve algo peculiar nessa situao. Entendi que os alunos da turma A poderiam perfeitamente cantar com osalunos da turma B, assim com os da turma C, e vice-versa. A questo do cantar, e do aprendizado musical por meio da voz, no delimitada por umaidadeespecfica.Logo,osmaisvelhospuderamcantarcomosmaisnovos,eosmais novos com os mais velhos.Enxergar dessa forma levou a aula de canto em grupo a ser pensada em sintonia com aquelas crianas, com aqueles adolescentes. A escolha pelas aulas Na aula de canto em grupo muitos dizem eu no quero cantar e depois se envolvem aparecendonajanelaparaaprenderem,oquenaverdademuitasvezes,josabem.Em outros casos, alguns dizem eu j sei cantar, por j terem experincias em casa, ou na igreja, 4 mas, que no esto adaptados com o cantar em grupo, e que precisam de determinado tempo e trabalho musicalparacantaremjuntosnaaula.Dessaforma,osalunosdaauladecantoem gruposo,emsuamaioria,vozescomcaractersticasvariadas.Essascaractersticasvariam entreosabercantar,onoafinar,onuncatercantado,ealunoscomsonhosdeserem cantores.Ocontinuarousairdaauladependedelesmesmos,deseusinteresses,decomo lidam com o aprender, com o repetir, com a emisso da voz. Aospoucosfuientendendo queaescolhapelogrupo dealunosemcadaturmano eraapenasminha,adecisodequemiriaounoparticipardasaulas.Foramrealizadas algumas triagens, com perguntas: voc quer participar da aula? Tambm houve o momento de organizarosalunos,aquelesque deveriamficarjuntos.Mesmotentando organizaralistade participantes, para que eles ficassem juntos, eles tambm tomaram decises se iriam participar daaula.Durantetodoosemestrealistadeparticipantesfoimudando,enoteveuma definio final, at o momento.Algocaractersticonessasturmasfoiqueelescantavamjuntos,aquelesquesabiam emitiralturaseosqueaindanosabiamoqueseriaemitirouimitarumaaltura.Algoque separou os alunos e os selecionou, foi a questo da disciplina. Eles mesmos, falavam entre si, comentavamunsdosoutrossobreosquedeveriamounocontinuarnaturma.Nesse momento tentei intervir, pois ensinava que precisamos acreditar nas pessoas que, por sua vez, podem mudar, podem aprender a aceitar as pessoas novas, os novos alunos, os alunos que no tm boa disciplina, dando-lhes outra oportunidade de participar. Osalunosseorganizavam,epossuamsensocrticoentreeles,falandosobreeles mesmos,entreeles.Duranteasaulaspercebicomentriosquefaziamunsaosoutros.Em vrios momentos paramos as aulas para falarmos sobre determinadas temticas que surgiam e tambmparasepararbrigas,edesavenasporcausadoscomentriosquefaziamsobreas vozes.Quandoaconteciaalgumerrodealgum,oualgumaformadiferentedecantar,os prpriosalunoscomentavamsobreoqueestavaerrado.Ojulgamentodeleseraapuradoe, muitas vezes, severo. Aquecimento e preparao vocal Aauladecantoprecisavateralgoqueoslevassemaumsomcomafinao,eque cantassemjuntos.Resolvitrabalharsobreoar,realizandoexercciosderespiraoemuma 5 atividadecombales.Emumadasturmas,elesaindacobravamosexercciosnasaulas seguintes, e no deixam de realiz-los. Osexercciosdeaquecimentonotiveramo objetivode trabalharumaextensoou resistnciavocalpropriamente,masfazercom queelescantassemjuntos, de prefernciaem unssono, dentro de uma mesma afinao. Alguns dias eles cantaram as cirandas, outros dias cantarammsicagospel,outrosdias,umasequnciameldica.Nessesexerccios,eles adaptaram as vozes aos poucos, de maneira que foram experimentando alturas. No incio eles tinham dificuldades e, aos poucos, conseguiram uma realizao melhor. Eles experimentaram vriostonsdiferentesdemaneiraqueaquestomeldicafoitrabalhadae,comoresultado, puderam cantar um som mais uniforme. Decises pedaggico-musicais e a escolha do repertrio na aula de canto em grupo A aula de msica nesse projeto teve um misto de cantar, de descobrir o que precisava serensinado,deouviroqueelesjsabiam,dedividiromomentodocantarcomoutras aprendizagenseformasdeaprenderoscontedosvocais,comoporexemplo,quandoeles cantavam sozinhos, quando eles cantavam outras msicas.Nessasaulasdecantoemgrupo,asdecisespelorepertrioestiveramrelacionadas s opinies dos alunos durante as aulas. Por vrias vezes iniciei atividades, ou um repertrio e o deixei por fazer, sem acabamento, e muitas vezes apenas apresentei a msica para eles, mas nohouvecontinuao.Naverdade, o quefoisurgindo,enquantofomos descobrindo o que era cantar, e o que eles gostavam de cantar, foi o que permaneceu em termos de repertrio na aula. Compreendi que as aprendizagens dos alunos so acontecimentos ligados tambm s suasvivncias,criatividadesebrincadeiras.Assim,asdecisesmetodolgicasdaaulade canto em grupo, em um projeto social, esto em como lidar com o repertrio e como ensinar esse repertrio nas aulas. Muitas vezes percebi que a busca pela maneira de realizar a aula de canto esteve muito ligada com o repertrio.Nessas prticas vocais, a aula de canto em grupo, no foi apenas uma discusso sobre asformasdearticulao,afinao,entonao,mastambmreflexessobrecomoosalunos passariam a emitir as alturas de uma msica que ouviam, que conheciam, mas que ainda no elaboravam fisicamente, com o corpo, aquele som.6 Notei que muitos alunos das turmas, tanto da manh quanto da tarde, defendiam que gostavamdecantardeterminadasmsicas,porm,quandoiamcantar,apenascantavamse fosse ouvindo a msica gravada no celular, prximo ao ouvido. Ao cantarem, apenas ouvia a voz do celular, pois, muitos estavam dublando. Essa relao do que eu gosto, com o que euouoalgomuitoforteentreestesalunos.Ocantardemonstrouqueseriaalgoaser construdo para alguns. Dentro dessa discusso, podem-se incluir tambm as mudanas vocais dos alunos, e as inseguranas vocais decorrentes da prpria musculatura.Resolvi propor um desafio na aula, pois entendia que deveria tambm trabalhar com aconfianadeles.Umdosinteressesdaequipe detrabalho do projetosocialeraascrianas tambmcantassemamaisdeumavozcomtodososalunos,ecomasprofessorase funcionrios. Dentre outras msicas, propus cantarmos Cio da Terra, de Milton Nascimento e ChicoBuarque,emduasvozes.Assimqueosalunoscomearamacantarjuntasasduas vozes, senti que faltava alguma coisa. Fiz uma pequenaintroduo para a msica, para duas flautas,comnotassimples,masquerelembravaotomdecadavoz.Assim,elesjficaram mais seguros para cantarem. Percebi que eles estavam se sentindo sem referncia. A partir do momentoquecoloqueiessapequenaintroduoelesjpegaramotom.Mesmoosalunos no tendo aulas de flauta, eles fizeram as posies e conseguiram realizar a introduo a duas vozes na flauta. Oestudodasflautasnoestavanoprogramadasaulas,aprincpio.Emumadas turmas da manh, algumas meninas que no fazem aula regularmente pediram para aprender algumamsicanaflauta.Dessemodo,aflautafoiincludanoprocessodasaulasdecanto. Sabiam que estavam aprendendo a tocar e, em alguns momentos, falei sobre a importncia do ar,e queissotambmeraimportanteparaocanto. Nessaturma, em uma dasaulas,quando falvamossobreaimportnciadoarparacantarmos,eaindatocvamosflauta,umadas alunasviu um balo vazio na sala e teveaideiade ench-lo e encaixar o bocal da flautano baloesoltaroar.Logocriamosumapossibilidadedetocaraflautacomoardobalo. Falamos sobre isso e tive a oportunidade de explicar sobre a importncia de armazenar o ar, de organizar a sada do ar. A escolha do repertrio na aula de canto em grupo algo que a define. A escolha do repertrio aconteceu em alguns momentos, por meio de perguntas aos alunos durante as aulas, perguntas sobre o que eles gostavam de ouvir. Em algumas aulas, quando estvamos falando sobre msicas bonitas, eles me mostraram no celular uma msica que eu no conhecia.Era frequente eu no conhecer o repertrio deles, mas ouvia atentamente a msica.7 Em um desses momentos, ouvi uma msica sugerida por uma das alunas da turma C da tarde. Percebi que ela tinha muito a ver com o que estava propondo sobre as diferenas da voz falada e davoz cantada, era amsica Vagalumes, Pollo, tem uma parte cantada, e outra falada, um rap, uma msica para vozes masculinas. Falei com o outro professor que afirmou j estar trabalhando essa msica em outro projeto, e que seria uma boa opo para cantarem. Essa questo da escolha do repertrio, neste projeto, tambm tem um lado em conjunto com o outroprofessordepercusso,poisnossaideiaumtrabalhoemconjunto,edentrodas possibilidades, encontrar ummomento para realizar as prticas musicais em conjunto. Nessa msicafoipossveltrabalharotommaisgravedavozcantada,afalaemumrap,as respiraes, entonaes do rap, o movimento corporal de um rap.Essas questes sobre como quando eles afirmam que um funk no tem como cantar, eoqueseriaocantar,quepermeiamaauladecantoemgrupoemumprojetosocial.A decisopelaescolhadorepertrioimplicaemcompreenderoquevocquerensinar,oque voc deve ensinar, e como voc vai abordar essas questes musicais na aula. Muitas vezes, o contedo do que deve ser abordado na aula de canto em grupo vai sendo descoberto enquanto a aula vai acontecendo. No que o plano de aula no seja importante, acredito que precisamos trabalharcomum plano, porm o percurso o qued ocontornoaoscontedostratadosno acontecimento das aulas. Nasquestespedaggico-musicais,asprefernciasmusicaisdosalunosdefinem comoaconteceraaula.Ocantoemgrupoemumprojetosocialnoestfocado necessariamenteemumrepertrio,mas podeabrangervriasmsicasde diferentesestilose pocas. Acredito que o professor precisa estar atento essa diversidade de contedos que lhe apresentado na aula pelos alunos, pois eles esto, normalmente, apresentando uma sugesto derepertrio,equeestapodemudaracadaaula,acadahora/auladuranteasuaatuao. Algunsgostavamapenasderock,outrosapenasdefunk,outrosdemsicasertaneja,outros apenasdemsicagospel.Algunsafirmaramquenocantavamquenotinhamexperincia comocantoemoutrosespaos.Entendiqueasdiscussessobreasprefernciasmusicais esto relacionadas ao desenrolar do aprender/ensinar a cantar em grupo. Consideraes finais Neste relato de experinciahouve a busca por refletir sobre as prticas musicais em aulasdecantoemgrupoqueaconteceramemumprojetosocial.Ofatodenesseespaoas 8 aulas de canto em grupo acontecerem em forma de oficinas, de os alunos terem a liberdade de escolher participar das aulas ou no, de eles entrarem e sarem da aula, detomarem decises, tudo isso contribuiu para que as aulas de canto tomassem um rumo, uma forma de acontecer. Dentrodessecontexto,odeixarorepertrionocomoumfim,mascomoummeiodese chegar s discusses das temticas sobre a voz, foi algo que tambm tornou essas aulas com este perfil. Dessa forma, as aprendizagens musicais desses alunos, aconteceram em um misto defazer,brincar,refazeroquejsabiam,almdecantarcomoutroolharaquiloquejse cantou, e descobrir uma msica nova naquelas que eles compartilharam em/no grupo. Referncias ALFONSO, Neila Ruiz. Crianas cantando em grupo: currculo rizomtico na rede cultural do coro. In: SANTOS, Regina Marcia Simo. (Org). Msica, Cultura e educao: os mltiplos espaos de educao musical. Porto Alegre: Sulina, 2011, p. 127. BROUGRE. Gilles e ULMANN, Anne-Lise. Aprender pela vida cotidiana. (Org). Campinas: 2012 (Coleo formao de professores). KLEBER, Magali. Projetos sociais e educao musical. In: SOUZA, Jusamara (Org). Aprender e ensinar msica no cotidiano. Porto Alegre: Sulina, 2008, p. 219. SOUZA, Jusamara (Org). Msica, Cotidiano e Educao. Porto Alegre: Ps-Graduao em Msica, UFRGS, 2000.